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MÓDULO DE:

ECONOMIA

AUTORIA:

MOISÉS BRASIL COSER

Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: Economia
Autoria: Moisés Brasil Coser

Primeira edição: 2009

CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS

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A presentação

Essa apostila traz de forma sucinta e objetiva conceitos sobre Economia. Muitos alunos até
mesmo pessoas do cotidiano falam e vive Economia, seja nas faculdades, no lar no trabalho,
enfim, todo ser humano tem contato com o fascinante mundo da Economia.

O estudo da Economia, não como ciência, remonta-se aos gregos que definiam a Economia
como sendo a “administração da casa” e etimologicamente a palavra “OIKOS” (casa) e
NOMOS (normas, lei) e pode ser definida como: a ciência social que estuda a forma pela
qual o indivíduo e a sociedade decidem como alocar recursos produtivos cada vez mais
escassos na produção e distribuição de bens e serviços, como o objetivo de satisfazer as
necessidades humanas. Por outro lado, o crescente interesse pelo estudo da Economia pode
ser percebido a partir da eclosão dos grandes conflitos mundiais e com a crise econômica
que abalou o mundo capitalista nos anos 30, do século passado. Não se admite que nos dias
de hoje profissionais de praticamente todas as áreas deixem de conhecer os principais
conceitos de Economia como: inflação, investimento, déficit público, balança comercial,
índices de preços, para citar apenas alguns. Diversas são as ciências ou áreas de atividades
econômicas que se relacionam com a Economia, como a Administração, o Direito, as
Ciências Contábeis, a Matemática, a Sociologia e a Estatística. Tudo isso torna a Economia
estimulante e excitante; todavia, também a torna desafiadora e algumas vezes perplexa.

O bjetivo

Fornecer aos alunos os conceitos elementares da Economia e do funcionamento do sistema


capitalista, ressaltando, neste contexto, as relações existentes entre a Ciência Econômica e
as atividades empresariais.

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E menta

Conceitos básicos de Economia (definições, objetivos, metodologia e leis da Economia, a


evolução da Economia como ciência, problemas econômicos e objetivos da Economia, O
sistema econômico. Evolução do pensamento econômico: principais pensadores, breve
retrospecto (precursores da Teoria Econômica, teoria neoclássica, a era Keynesiana, o
período recente, os críticos).

Macroeconomia (o crescimento econômico e o meio ambiente, desenvolvimento e


subdesenvolvimento, o desemprego e o Plano Real, contabilidade nacional, consumo e
poupança, determinação da renda e do nível de emprego, Introdução à Teoria Monetária. O
crédito e o sistema financeiro, inflação, juros, Economia Internacional, Técnicas de Criação
de Cenários, Cenários Macroeconômicos). Microeconomia (Evolução da Teoria
Microeconômica, Teoria da Firma, Teoria Elementar da Demanda, Teoria Elementar da
Produção, o Mercado) e Economia Industrial.

S obre o Autor

Moisés Brasil Coser, 38 anos, Economista, Professor universitário, pós-graduado em


Controladoria Empresarial, Mestre em Controladoria e Finanças pela FUCAPE - Fundação
Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças do Espírito Santo

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S UMÁRIO

UNIDADE 1 ........................................................................................................... 8
Titulo 1 - Modelagem Econômica ...................................................................... 8
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 11
Titulo 1 - Aspectos Demográficos ................................................................... 11
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 16
Titulo 1 – As Definições da Economia: uma breve perspectiva histórica ........ 16
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 19
Título 1 - A Metodologia da Economia: Algumas observações gerais ............ 19
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 23
Titulo 1 – A Evolução da Economia Como Ciências ....................................... 23
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 28
Título 1 - David Ricardo ................................................................................... 28
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 32
Título 1 - Teoria do Valor de David Ricardo .................................................... 32
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 36
Título 1 - Karl Marx .......................................................................................... 36
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 38
Título 1 - Joseph A. Schumpeter. .................................................................... 38
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 42
Título 1 - Jean-Baptiste Say ............................................................................. 42
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 46
Título 1 - A lei dos Mercados (ou lei de Say) ................................................... 46
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 51
Título 1 - John Maynard Keynes ...................................................................... 51
UNIDADE 13 ....................................................................................................... 53
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Título 1 - O Problema Fundamental da Economia .......................................... 53
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 56
Titulo 1 - O Sistema Econômico ...................................................................... 56
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 61
Título 1 - A Evolução do Sistema Econômico Brasileiro ................................. 61
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 77
Título 1 - A Economia nos Fins do Século XVIII .............................................. 77
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 80
Título 1 - Macroeconomia e Microeconomia.................................................... 80
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 84
Título 1 - Agregados Macroeconômicos .......................................................... 84
UNIDADE 19 ....................................................................................................... 90
Título 1 - Componente do Consumo ................................................................ 90
UNIDADE 20 ....................................................................................................... 96
Título 1 - Introdução a Teoria Monetária ......................................................... 96
UNIDADE 21 ..................................................................................................... 102
Título 1 - Inflação ........................................................................................... 102
UNIDADE 22 ..................................................................................................... 106
Título 1 - Metas de Inflação no Brasil – estudo de caso no Brasil após Plano
Collor .............................................................................................................. 106
UNIDADE 23 ..................................................................................................... 112
Título 1 - Cenários Macroeconômicos ........................................................... 112
UNIDADE 24 ..................................................................................................... 118
Título 1 - Introdução a Microeconomia .......................................................... 118
UNIDADE 25 ..................................................................................................... 129
Título 1 - Teoria da Firma a Produção e a Firma .......................................... 129
UNIDADE 26 ..................................................................................................... 133
Título 1 - Lei dos Rendimentos Decrescentes ............................................... 133

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UNIDADE 27 ..................................................................................................... 138
Título 1 - Economia Industrial ........................................................................ 138
UNIDADE 28 ..................................................................................................... 144
Título 1 - Estudo de Caso no Setor Industrial – o caso do custo de ociosidade
no setor industrial. .......................................................................................... 144
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 160
Título 1 - Estudo de Caso e Análise dos Resultados .................................... 160
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 164

GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 169

BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 170

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U NIDADE 1
Objetivo: Entender como surgiram as primeiras modelagens econômicas. Compreender
como se definiu o conceito de Economia e evolução da mesma.

Titulo 1 - Modelagem Econômica

O homem tem uma série de necessidades - Individuais - respirar, alimentar, etc.


(necessidades biológicas) - Coletivas - educação, transporte coletivo, etc. (necessidades
coletivas) Para satisfazer estas necessidades as pessoas precisam consumir determinados
bens. Ex.: Pão, roupas, casas, etc. Essas necessidades não se da apenas através de objetos
materiais, mas também de serviços. Ex.: Segurança, atendimento médico, etc.

A satisfação das necessidades individuais e coletivas é feita com o Consumo de Bens e


Serviços Denominados:

 Produção Econômica - Que é obtida com a combinação de recursos naturais,


equipamentos e trabalho. Denominados:

 Fatores de produção:

o Trabalho - Contribuição do ser humano na produção

o Capital - Conjunto de equipamentos, ferramentas e máquinas, produzidos pelo


homem.

o Recursos Naturais - elementos da natureza utilizados pelo homem

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TRABALHO

CAPITAL

RECURSOS
NATURAIS

BENS E
SERVIÇOS

“O processo de combinação de fatores de produção para criar bens e serviços”

Boa parte desses bens é consumida, outra parte permanece muito tempo na sociedade,
formando um acervo ou estoque. Ex.: Instalações industriais, estradas, obras de arte,
edifícios, etc.

 Tais bens são produzidos através da combinação dos fatores de produção.

 Há fatores de produção que não são exauridos, não desaparecem no processo


produtivo.

Ex.: Terra.

 Com isso, podemos introduzir um novo conceito o de riqueza

o Riqueza de um país é formada pelos fatores de produção disponíveis, pelos


bens que estão sendo produzidos e pelos que já foram, mas ainda não
desapareceram;

o Compõem ainda pelos elementos como a população do país, os recursos


naturais e reservas minerais, petróleo e os mananciais de água, equipamentos,
estradas, etc.

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Agentes econômicos:

 São pessoas que desempenham diferentes papéis na economia. Ex.:

o Consumidor - Adquire bens e serviços;

o Empresários - Que organizam os fatores de produção;

o Trabalhador - Que vende sua força de trabalho.

Titulo 2 - Teoria Econômica

Ramo do conhecimento humano que procura estabelecer as leis que regem a produção, a
distribuição, o consumo e a circulação de bens e serviços produzidos numa sociedade.

Resumo:

 Bens - Mercadorias que resultam da produção econômica.

 Serviços - Atos executados por indivíduos ou empresas.

 Fatores de produção - Recursos empregado pelo homem para produzir bens e


serviços

 Agentes econômicos - São os indivíduos que fazem parte da Economia e


desempenham diferentes papéis.

 Teoria Econômica - É o ramo do conhecimento humano que estuda as leis que regem
a produção.

 Riqueza - É a soma dos recursos naturais disponíveis, mais sua população, mais tudo o
que foi produzido e preservado pela Economia do país.

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U NIDADE 2
Objetivo: Entender o principal fator de produção “O Trabalho” que denominamos mão de
obra.

Titulo 1 - ASPECTOS DEMOGRÁFICOS

Para entender o principal fator de produção “O Trabalho” que denominamos mão de obra,
deve-se destacar que o Governo tem inteira necessidade de controle e conhecimento desse
fator, pois é através das pessoas (consumidor) que se realiza este fator tão importante.

A produção econômica é obtida com a combinação dos fatores de produção. O trabalho


receberá um destaque especial.

Razões:

a) São as pessoas que organizam e executam a produção econômica;

b) A produção de bens e serviços reverte paras as pessoas, a fim de satisfazer suas


necessidades.

Titulo 2 - Demografia

Tem o objetivo de estudar as populações, de onde provém o trabalho. Atualmente preocupa-


se, também, com as causas e consequências dos fenômenos demográficos

A demografia estuda:

 Estado da população - Seu número, sua distribuição por sexo, idade, estado civil, grau
de escolaridade, etc.

 Fenômenos demográficos - Nascimento, casamento, os óbitos, etc.

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 Movimentos das populações - Tendência para o crescimento, os movimentos
migratórios e suas consequências, etc.

Demografia se preocupa com a população como elemento fundamental no fenômeno da


produção, dividindo em:

1. População dependente - É aquela que não tem condições de oferecer força de


trabalho - Crianças entre 0 a 14 anos e os anciãos com mais de 65.

2. População ativa ou produtiva - É aquela que representa o potencial da mão de obra do


fator de produção trabalho de uma Economia - Pessoas compreendida entre 15 a 64
anos

População economicamente ativa é aquela que está efetivamente integrada no mercado de


trabalho, sendo formada pela população ocupada e pelos desempregados.

O primeiro censo demográfico do Brasil foi realizado em 1872. Em 1940 foi iniciada a série
de censos decenais, (FIGE), conforme tabela e gráficos abaixo.

Titulo 3 - Exemplo da necessidade do estudo da Demografia.

População Total do Brasil (em milhares)

ANO POPULAÇÃO URBANO RURAL URBANO (%) RURAL (%)

1940 41236 12880 28.356 31,23 68,77


1950 51943 18782 33.161 36,16 63,84
1960 70070 31303 38.767 44,67 55,33
1970 93139 52084 41.054 55,92 44,08
1980 119002 80436 38.566 67,59 32,41
1990 146824 110990 35.834 75,59 24,41
1996 157069 123076 33.993 78,36 21,64
2000 169798 137953 31.845 81,25 18,75
2008 175250 142560 28.560 81,35 16,30
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População Total do Brasil (em milhares)

(Em milhares)
POPULAÇÃO
200000
175.250
169.798
157.069
146.824
150000
119.002

93.139
100000
70.070
51.943
41.236
50000

0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 1996 2000 2008

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Distribuição de Empregados

Distribuição de Empregados com 10 anos ou mais de Idade


%
120
100 100 100 100 100 100
100

64,4
80

60,6
55,2

48,4

47,7
45,5

60
42,3

39,8
39,4
36,3

28,4
32
40
15,1

12,5
9,3
8,5

20

7,4

7,2
0
Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste

Total Cart. Assinada Militar Func. Pub. Sem Cart Assim.

Distribuição Pessoas Rendimento


Salários Mínimos
%

30 27,4
24,4
25

20

13,8 14,2
15 12,5

10
5,1
5 2,6

0
Até 1 1a2 2a3 3a5 5 a 10 10 a 20 Mais de 20

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Titulo 4 - RESUMO

Demografia - Ciência cujo objetivo é estudar o movimento e o desenvolvimento das


populações.

a - População dependente

- População
• População
ocupada
• População economicamente ativa
- Desempregados
b - População ativa

• Pessoas que exercem


atividades não-remuneradas

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U NIDADE 3
Objetivo: Entender as principais definições da Economia e sua abordagem por vários
pensadores.

Titulo 1 – As Definições da Economia: uma breve perspectiva histórica

Primeiras Definições

Aristóteles (384 - 322 a.C.) - É considerado um dos primeiros pensadores econômicos. Sua
obra Política. Economia Política - Ciência que se ocupa do desenvolvimento, da inflação de
preços, do desemprego, do nível da renda social, das recessões e da plena utilização dos
escassos recursos do sistema econômico.

A História do Pensamento Econômico registra que a expressão Política Econômica começa a


aparecer no séc. XVII, com a publicação da obra: “Traité de L’économie Politique”, autor
Antoine de Montchrétien. Há autores que a atribuem a Aristóteles.

Em sua época a Economia era considerada como a Ciência da Administração da


comunidade doméstica. O núcleo central das ciências econômicas, seu campo de ação e
sua definição derivam, então, da própria etimologia da palavra Economia, do grego:

Oikonomia - Oikos = Casa, nomos = Lei

Economia – é a ciência social que estuda como o individuo e a sociedade, decidem


(escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de
modo a distribuir-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as
necessidades humanas.
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Titulo 2 - Definições de Economia: Três abordagens Distintas

A abordagem A perspectiva A sistematização de


neoclássica socilista Robbins
A economia é um As necessidades A sociedade tem objetivos
estudo dos homens humanas são múltiplos, ilimitados, mas
tal como vivem, determinadas pelo meios limitados. A conduta
agem e pensam nos estágio cultural da econômica consiste em
assuntos ordinários sociedade. escolher entre fins possíveis
da vida. e meios escassos para
alcançá-los.

Focaliza, Para satisfazer a A economia é um ramo que


principlamente, a um padrão de estuda as formas do
condução do homem necessidades o comportamento humano que
no trato com homem se dedica resultam da relação entre
questões que a um ato social:a necessidade ilimitadas e
interferem em sua produção. recursos escassos.
riqueza e bem-estar

O fim último de que A realização


cuida a economia desse processo se
consiste em completa com a
descobrir como as distribuição do
virtudes humanas e produto social.
a concorrência
podem conduzir ao
bem-estar social.
O estudo das leis Meios escassos, fins
sociais que alternativos, escolha e
regulam a alocação são os elementos a
produção e a partir dos quais se define o
distribuição campo de que se ocupa a
resume o campo economia.
de que se ocupa a
economia.

Titulo 3 - Objetivos da Economia: Evolução e Posição Atual

Wealth of Nations - O objetivo da Economia era o de empreender pesquisas sobre a


natureza e as origens da riqueza das nações. Prevaleceu até: David Ricardo - Um dos
maiores economista da escola clássica Inglesa, que procurou desviar o objetivo da Economia
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para o terreno da investigação sobre a repartição da riqueza. “Cada vez mais me convenço
de que o primeiro estudo é vão e ilusório e de que o segundo é o verdadeiro objetivo da
Ciência Econômica”. Para Adam Smith – O objetivo central era o estudo da formação da
riqueza.

Keynes - Procurou mostrar que o objetivo da Economia deveria centralizar-se na pesquisa


das forças que governam o volume da produção e do emprego em seu conjunto. Keynes
retomou um dos caminhos clássicos, ao tratar especificamente dos fatores determinantes
das flutuações da renda Nacional e do volume do emprego.

Com a crise dos anos 30, Keynes deslocou a partir de então, para a análise das flutuações
das atividades econômicas. Após a segunda Grande Guerra o objetivo da Economia sofreria
nova revisão. A posição central dos anos 30 cederia lugar ao exame das condições
necessárias à promoção do desenvolvimento econômico das nações. (em anexo histórico
dos principais pensadores econômicos, Adam Smith, David Ricardo, Karl Marx e Jhon
Maynard Keynes).

Em resumo:

 Século XVIII cuidaram da formação da riqueza.

 Século XIX - repartição da riqueza.

 Os modernos - Preferiram dedicar-se a um objeto duplo - estudo da flutuação das


atividades econômicas, promoção do desenvolvimento e investigação sobre a
repartição da riqueza.

 Os economistas contemporâneos - formação da riqueza e do desenvolvimento.

 Enfoque principal da análise contemporânea, principalmente nas economias


subdesenvolvidas, está voltado para o binômio Desenvolvimento - Repartição.

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U NIDADE 4
Objetivo: Compreender as metodologias para estudar Economia e os principais métodos que
os pensadores utilizavam nos séculos passados.

Título 1 - A Metodologia da Economia: Algumas observações gerais

Alguns aspectos da metodologia empregada no campo da Economia: Processos de


investigação: O Reconhecimento, Dedutivo e Indutivo.

 O reconhecimento - É a base do sistema metodológico de investigação científica. É


constituído pelo conjunto de operações mediante as quais os fatos reais são
adequadamente descritos e classificados

 Dedutivo - Procura estabelecer uma série de pressupostos gerais, porém lógicos e


coerentes entre si. Parte do geral para o particular.

Ex.: Todos os homens são mortais, eu sou homem, logo sou mortal.

 Indutivo - Segue o caminho inverso, já que parte da observação direta de aspectos


isolados da realidade. Parte do particular para o geral. Século XVIII - Método Dedutivo
usado pelos economistas ingleses. Século passado - foram introduzidas novas
técnicas para elaboração da Teoria Econômica. Devido à disponibilidade de dados
numéricos estimulou o uso da Matemática e da Estatística, por parte dos economistas.

Surge a Econometria - que é um método de investigação, que visa basicamente confrontar a


Teoria Econômica. Atualmente os dois métodos são praticados.

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Título 2 - Esquema Explicativo da Metodologia Usual da Economia

Hipótese sobre o
comportamento dos fatos
Indução conhecidos e observados
Observação
sistemática Hipótese sobre o
comportamento de fatos
da realidade não conhecidos ou sobre
Dedução as possíveis relações entre
estes e os observados

Validação, pelo
Formulação de princípios,
permanente
teorias, leis ou modelos
confronto com a
explicativos ou
realidade
interpretativos da
Reelaboração ou realidade
confirmação de
acordo com as novas
observações

Título 3 – As Leis Econômicas: Sua Concepção e Sua Natureza

As leis, as teorias e os modelos econômicos devem ser entendidos dentro dos limites
circunstancias das Ciências Sociais, onde, para cada uma das leis há a possibilidade de
evidências factuais ou de comprovações em nível de confrontação com a realidade.

O grau de certeza e exatidão com que os economistas formulam e controlam as suas leis,
não pode ser comparado com o que prevalece nas Ciências Experimentais. O
enquadramento da Economia no campo das Ciências Sociais, nem sempre os fatores que

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interferem em determinado sistema ou processo podem ser isolados e mantidos sob rigoroso
controle.

As Leis da Economia devem ser entendidas como menos imperativas que as ciências
experimentais. Na Física, uma ciência experimental, os propícios, as leis, as teorias e os
modelos explicativos do comportamento das forças da natureza, podem ser determinados
com um alto grau de certeza.

A Economia é considerada uma ciência social porque as leis econômicas são mutáveis no
tempo e no espaço, não atingem um rigoroso grau de precisão. O laboratório da Economia é
a própria sociedade humana.

As Leis da Economia são menos precisas devido à ação combinada de várias tendências e
decisões individuais independente. Isso não quer dizer que as Leis da Economia sejam
destituídas de maior fundamento. Seu grau de precisão não é equiparado ao alcançado
pelas ciências experimentais. Ex.: dilatação do sólido depende da temperatura ambiente.

No campo da Economia, há muita ocorrência que podem ser dada como funções de outra.
Entre os preços e as quantidades procuradas de determinado produto, existe uma relação
funcional de dependência: Sugere a formulação da Lei da Procura, ou seja, preços se
reduzem quantidade procurada tendem a aumentar.

 Condições Ceteris Paribus - Mantido inalterados todos os demais fatores.

 A lei da procura e a função consumo

QP = f(p)

 Renda pessoal disponível e o consumo agregado

C = f(y)

A Economia está estritamente ligada ao comportamento humano. Estuda as relações entre


as pessoas em uma sociedade Trabalha com propósito definido que é produção de Bens e
Serviços. A Teoria Econômica se divide em 2 parte:

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1. Economia Positiva - Se preocupa com a realidade, como ela é.

2. Economia Normativa - Se preocupa em como deveria ser.

Pontos em comum - Estabelecem esquemas teóricos que expliquem a realidade como ela é.
Nesse momento, a ênfase é a Economia Positiva.

Definições

 Economia Positiva - É o conjunto de métodos e esquemas teóricos que permitem


determinar e entender como se dão os fenômenos econômicos.

 Economia Normativa - Parte da constatação de como a realidade é, ou seja, do


entendimento dos mecanismos econômicos, para em seguida propor um estado de
coisas, considerado melhor pelo observador.

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U NIDADE 5
Objetivo: estudar os principais pensadores no campo da Evolução Econômica. Onde
viveram, o que estudavam, com pensavam e sua principais contribuições para a evolução da
Economia. “O Grande Adam Smith”

Titulo 1 – A Evolução da Economia Como Ciências

Os Principais Pensadores:

Adam Smith

Nasceu em Kirkcaldy, Escócia em 5 de Junho de 1723 e morreu em 17 de Julho 1790.


Economista inglês estudou em Glasgow e Oxford, onde se dedicou aos estudos das ciências
políticas e linguísticas. Em 1751 foi nomeado professor de lógica em Glasgow.

Afirmava uma série de ideias fisiocráticas: dizia que: “a política mercantilista impedia o
crescimento econômico das nações e devia ser suprimida” e que: “cada nação tinha que
dedicar-se a um tipo de atividade econômica”. Tais ideias agradavam extremamente à
burguesia inglesa, que desejava estabelecer o comércio livre, derrubando, as tarifas
alfandegárias e especializar-se na indústria, tornando a Inglaterra a "oficina do mundo".

Para Smith, existem três classes fundamentais da sociedade capitalista: o operário, os


capitalistas e os proprietários de terras. Salienta que, na sociedade capitalista, existe
comunidade de interesses, uma vez que os benefícios comuns resultam, sobretudo, do
choque de interesses das diversas classes sociais. Por isso defendia a livre concorrência.

No século XVIII, um momento pleno de ordenação da moral burguesa, Adam Smith priorizou
o sentimento de simpatia no esforço de explicar a vida em sociedade como harmoniosa, com
equilíbrio social. Buscou demonstrar, de inúmeras formas, que os homens, na vida prática,
mostram-se não só voltados para satisfazerem seus interesses pessoais como, também, são

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dotados de um sentimento involuntário para o interesse coletivo. Traduziu, nesse duplo
caráter do homem, a defesa de uma propensão do mesmo para a vida harmônica em
sociedade.

O autor, posto para estudo, viveu na Escócia e na Inglaterra quando a ordem produtiva
burguesa já mostrava a sua face no processo de produção da riqueza, naquela forma
constituída. Os efeitos de um grande desenvolvimento da ciência e da tecnologia deixavam
suas marcas diretamente nas atividades econômicas que estavam se consolidando sob a
forma de trabalho industrial manufatureiro. No terreno da Filosofia, seus estudos sobre ética
fazem parte as chamada “escola sentimental” produzida neste período. Através de uma nova
busca de combinação da razão e dos sentimentos os pensadores ligados a essa Escola
tomaram distância de uma posição predominante à época, marcada pelo puro Racionalismo,
em Teoria Ética e concentraram todo um esforço para localizar, não só no campo da
experiência humana, mas no plano dos sentimentos naturais. Através desses, o estudo da
Ética poderia chegar às proposições de leis morais, como generalizações indutivas da
experiência.

O fato de Adam Smith ter escrito a sua “Teoria dos Sentimentos Morais”, dezessete anos
antes de sua obra mais conhecida, “A Riqueza das Nações”, em 1776, não significa que as
duas estão desconectadas em seu pensamento. Pelo contrário, acenam para uma unidade,
revelando a compreensão e comprometimento do autor com as transformações em curso na
história do capitalismo. Defensor dos interesses ligados à classe que lutava pelo poder
político e econômico contra a velha ordem, ele fazia enfaticamente a defesa do valor da
liberdade para o progresso da humanidade.

No percurso desta defesa denunciou os governos absolutistas como “pouco naturais” e


propensos a tornarem-se opressores e tirânicos. Demonstrou que os homens, na vida
prática, mostram-se, tanto voltados para satisfazerem seus interesses pessoais como,
também, são dotados de um sentimento voltado para o interesse coletivo. Traduziu, nesse
duplo caráter, a ideia de um homem para a vida harmônica em sociedade. No terreno dessa
idealização, a busca da propriedade privada converte-se, para o autor, em benefício para
todos como uma “mão invisível”.

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No seio desta discussão, a dimensão atribuída à liberdade econômica impondo o interesse
pessoal como o comportamento mais adequado para o mercado livre traduz a contribuição
de Adam Smith, numa discussão desencadeada pelos filósofos de seu país de origem.

O cerne dessas questões está, principalmente, o ponto de partida para determinar a natureza
das relações de afeto e obrigações, tanto na família como na vida cívica, num exercício de
liberdade. Uma almejada unidade entre a solidariedade humana e a economia capitalista
elimina a tirania como fundamento da ordem em favor da liberdade como forma política da
vida.

Adam Smith explicou o homem natural não só como um ser portador de interesse egoísta
defendido por autores como Thomas Hobbes (1588 – 1679), mas, também, o explicou como
portador de um sentimento originário de simpatia pela sorte dos outros, marcando, de forma
acentuada, a relação social.

Num momento histórico, em que a ordenação burguesa da sociedade questionava e


eliminava os valores e a autoridade da Igreja, mostrando-os inaplicáveis na ordem social que
surgia. As ideias de Tomas Hobbes traduziam a luta que ocorria na sociedade, abrindo uma
polêmica, em torno da natureza humana, que não se esgotou no século XVII.

Foi, também, no final deste mesmo século, que pensadores e escritores da Universidade de
Cambridge expressaram uma reação contra o exagero calvinista da Doutrina Cristã do
“pecado original” e, juntamente, manifestaram-se contrários ao pensamento de Hobbes sobre
a questão dos homens serem, fundamentalmente, individualistas.

Esses filósofos produziram um ponto de vista, que veio a tornar-se a pedra fundamental do
Liberalismo do século XVIII, valorizando uma “bondade”, potencialmente perfeita, das
disposições “naturais” da humanidade.

Na discussão sobre a essência humana defenderam a fé jovial com uma forte atração para a
beleza e bondade, fundamento de uma “natureza” tanto racional como emocional. A defesa
de um sentimento natural identificado com a virtude se opunha ao traçado que Hobbes havia
dado ao homem.

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Este debate traduz duas linhas distintas no terreno da doutrina da ética. Smith conheceu
esta discussão durante os três anos passados como estudantes na Universidade de Glasgow
(1737-1740). Ali ele conviveu com personagens importantes ligados ao iluminismo escocês
e, não só se interessou pela Física e Matemática, newtonianas, mas dedicou atenção à
Filosofia Estóica, que enfatizava a autodisciplina como uma virtude cardeal.

Fez contato com o currículo das humanidades, iniciou o estudo dos clássicos greco-romanos,
de Teologia e de Filosofia. Seu pensamento expressa a grande influência exercida sobre ele
por Francis Hutcheson (1694-1746), à época, reconhecido professor de Filosofia Moral, em
Glasgow. Todo um debate filosófico, em torno do ser, fazia parte do conteúdo trabalhado
pelo seu professor.

Além deste conteúdo ele também teve acesso às obras do mestre lançadas postumamente
em 1747, pontuando a divisão clássica da Filosofia Moral em dois ramos da ética. No
primeiro grupo, voltado para o estudo à Filosofia da Virtude, há uma crítica acentuada à
teoria do egoísmo humano presente na “Fábula das Abelhas”, de Bernard de Mandeville
(1670-1733) e no segundo, a preocupação está voltada para a defesa da lei da natureza
como um princípio ontológico do ser que apontava para a questão da liberdade.

Estas influências filosóficas aparecem na obra moral de Smith. Outras ainda se fazem
presentes quando o autor, pelo caminho das ciências naturais, enfatizou o sistema imenso e
conectado do Universo operando harmoniosamente de acordo com a lei natural, a partir do
qual acena para a ideia de uma “mão invisível” no mecanismo do mercado, como forma de
regular a atividade econômica.

Na defesa destes princípios ele apresentou uma complexa ordenação de ideias. Para
organizá-las ele não se ateve só a um método. Fez par com os racionalistas e com a
Filosofia presente na escola do “sentimento”. Amigo de David Hume (1711-1776), Adam
Smith pautou-se, também, na lógica da ciência experimental inglesa. Muitos de seus
exemplos estão ligados a esta ciência. Vale lembrar, ainda, que na elaboração da sua teoria
moral ele colocou, no exercício da sua construção teórica, vários recursos (imaginação e

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observação) que tornaram possível a valoração da sociedade que emergia, como um
progresso em curso.

Defende-se que a análise dos fundamentos que formula a Teoria dos Sentimentos Morais, na
obra de Adam Smith ajuda a entender, não só como os homens de sua época traduziram e
explicaram a vida na gestação da sociedade burguesa, mas, também, possibilita a
compreensão dos avanços e limites de nossas próprias defesas, na atualidade, quando esta
sociedade se encontra amplamente desenvolvida e sua explicação se alicerça, ainda, nos
pressupostos do pensamento do autor, ou melhor, no limite da Filosofia Política e da
Economia Política clássicas.

À sua época, Adam Smith foi o homem que procurou mostrar que a ideia de bem púbico
traduzido como humanidade, ordem, coletividade e progresso, encontrava seu sentido maior
e melhor na própria essência do homem simpático. Entendemos que essa essência
subjetiva, captada por Adam Smith como uma lei natural, é expressão da própria produção
social em curso que se identifica com um espírito comercial e com a ideia de indivíduo.

Essa sociedade, para ele, deveria, em vez de representar discórdia e hostilidade, traduzir-se
num estado de plena harmonia “sem violência ou coação [...] efetuado com naturalidade e
regularidade”. O comércio representaria um lugar de concórdia, sempre trazendo “vantagem
para os dois lados”, sinônimo de amizade entre as nações e entre os indivíduos. (SMITH,
1996, V.I, p. 467).

No processo de gestação da sociedade regida pelo capital, a Teoria dos Sentimentos Morais
de Adam Smith ajudou a colocar a História a serviço de uma Economia regida pelos
interesses da acumulação privada. A elaboração dessa teoria, que na obra do autor se
confunde com a ideia de “mão invisível”, só pode ser plenamente compreendida no próprio
terreno histórico que, na chamada “acumulação primitiva”, destruiu os pequenos monopólios
para tornar mais livre e sem tropeços a defesa de um grande monopólio que aponta para o
imperialismo burguês.

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U NIDADE 6
Objetivo: Continuar estudando os principais pensadores no campo da evolução
econômica,onde viveram, o que estudavam, como pensavam e suas principais contribuições
para a evolução da Economia. “O Fabuloso David Ricardo”

Título 1 - David Ricardo

David Ricardo nasceu em Londres, no dia 18 de abril de 1772. Foi o terceiro de 17 filhos de
uma família holandesa de classe média, descendentes de judeus expulsos de Portugal.
Seguindo os passos do pai, tornou-se operador da Bolsa de Valores de Londres, onde
acumulou fortuna. Rompeu com a família (e com a religião judaica) aos 21 anos e se casou
com uma jovem “Quaker”. Morreu, prematuramente, em 11 de setembro de 1823, aos 51
anos de idade.

Um dos grandes pensadores da época, é muito difícil condensar a extraordinária contribuição


de David Ricardo para a Teoria Econômica (ou Economia Política, como certamente
preferem alguns) num texto com as características que devem prevalecer nestas Iscas
Intelectuais.

Um contra argumento a essa afirmação seria de que o mesmo pode ser dito a respeito de
qualquer outro grande economista. De certa forma, isso é verdade. Porém, com Ricardo a
dificuldade assume um nível mais elevado graças à abrangência de sua análise. Como bem
observou o Prof. Paul Singer, na apresentação dos Princípios de Economia Política e
tributação para a coleção Os Economistas, publicada pela Editora Abril:

Atualmente, quase não há problema teórico debatido pelos economistas, como o da Teoria
do Valor, da repartição da renda, do comércio internacional, do sistema monetário, que não
tenha como ponto de partida as formulações expostas, no começo do século XIX, por David
Ricardo.

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Apontado como o mais legítimo sucessor de Adam Smith, Ricardo não foi um acadêmico
como a maior parte dos outros grandes economistas. Descrito por Galbraith como “o único
rival sério de Smith quanto ao título de fundador da Teoria Econômica, Ricardo era judeu, era
um corretor da bolsa de valores, membro do Parlamento, dono de soberba inteligência e de
péssima oratória”. Ao contrário de Adam Smith e de seu grande intérprete francês Jean
Baptiste Say, que tinham uma visão geralmente otimista quanto às perspectivas da
humanidade, Ricardo e Malthus jamais foram considerados otimistas. “Foi graças à [Thomas
Robert] Malthus e Ricardo que a Economia se transformou numa ciência sombria”, sentencia
Galbraith em sua célebre obra: A era da incerteza.

Diante da completa impossibilidade de cobrir pelo menos parte da extensa contribuição de


Ricardo, serão abordados alguns dos aspectos mais relevantes, relacionados às teorias do
valor, da renda e do comércio internacional e, no final, será detalhado um pouco mais de sua
obra magna, através de uma série de considerações baseadas em um texto do professor a
amigo Élcio Moreira Alves.

Título 2 - Teoria da renda

É na elaboração da Teoria da Renda que se nota a forte influência de Malthus sobre o


pensamento ricardiano, uma vez que suas conclusões refletem claramente a preocupação de
Malthus decorrente da desproporção entre o crescimento da população e o da produção de
alimentos. Paulo Sandroni, no Dicionário de Economia do século XXI, descreve assim a
abordagem de Ricardo:

Em sua análise dos problemas econômicos, construiu um modelo teórico fundamentado


numa Economia predominantemente agrícola, procurando determinar as leis que regulam a
distribuição do produto entre as diferentes classes da sociedade e localizando no trabalho o
valor de troca das mercadorias. Apesar disso, acreditava que os custos do capital podem
influenciar os preços e que o aumento dos salários sobre os preços relativos depende da
proporção desses dois fatores de produção.

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Para Ricardo, a renda relaciona-se com o aumento da população. Acreditava que maior
demanda, acarretada por esse aumento da população, exige o cultivo de terras menos
férteis, nas quais o custo de produção é mais elevado do que em terras mais férteis. Mas
custos e lucros deveriam ser mantidos no mesmo nível, nos dois casos, pois, de outro modo,
as terras de pior qualidade deixariam de ser cultivadas. Mesmo com essas medidas, no
entanto, os arrendatários das melhores terras acabariam tendo uma maior receita,
independente do trabalho e do capital aplicados na produção. Essa diferença em seu favor
(ou o excedente sobre o custo da produção) constituiria a renda da terra apropriada pelo
proprietário. Assim, a renda de determinada terra seria a diferença entre o valor da colheita
dessa área fértil e da colheita de outras menos férteis. Com o inevitável crescimento da
renda diferencial da terra, os proprietários rurais iriam se apossando de maior percentual do
excedente econômico, em detrimento dos capitalistas.

Título 3 - O estado estacionário

Dando continuidade à sua análise, observa o Prof. Paulo Sandroni, enfatizando o caráter
liberal do pensamento ricardiano:

Ricardo previa a ocorrência de um “estado estacionário”, resultante do crescimento


populacional e responsável pelo cultivo de terras cada vez menos férteis. Ao chegar a
determinado limite, o lucro seria tão baixo que a acumulação de capital simplesmente
cessaria, prejudicando o desenvolvimento econômico. Para adiar esse “estado estacionário”,
seria necessária a aplicação de um programa econômico liberal.

Titulo 4 - A lei de ferro dos salários

O mesmo pessimismo subjacente à concepção do “estado estacionário” pode ser observado


na forma como Ricardo – novamente influenciado por Malthus – enxerga a tendência
permanente de queda nos salários. Reproduzindo Galbraith:

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Da mesma forma que seu amigo [Malthus], David Ricardo previa um contínuo aumento da
população, e a população de Malthus tornou-se o operariado de Ricardo. Entre os operários
haveria tamanha concorrência na procura de emprego ou trabalho, de um lado, e de comida,
de outro lado, que tudo ficaria reduzido a um simples processo de subsistência. Era o destino
da humanidade.

Numa “sociedade em evolução”, tal fato poderia ser adiado, mas, fatalmente, surgirá, na
Inglaterra do século XIX, essa era uma restrição importante. Mas as restrições de Ricardo
nunca alcançaram as suas generalizações majestosas. No mundo ricardiano, os
trabalhadores receberiam o mínimo necessário à subsistência, nada mais do que isso. Era a
chamada lei de ferro e fogo dos salários.

Essa tendência, de acordo com Marx, será mantida e até agravada em razão do contínuo
progresso tecnológico e do contingente de trabalhadores desempregados por ele gerado.
Denominado exército industrial de reserva; constitui-se num fenômeno inerente e
absolutamente necessário à própria produção capitalista.

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U NIDADE 7
Objetivo: Continuar estudando o fabuloso David Ricardo, enfocando a “Teoria do Valor”. Um
dos icnones da sua teoria, que hoje está estampado em qualquer negociação desde a
simples venda de uma carteira de ações a nega fusões e empreendimentos.

Título 1 - Teoria do valor de David Ricardo

Mesmo os mais ferrenhos defensores das ideias de Adam Smith admitem que, na análise do
valor, o grande economista escocês apresentou uma teoria caracterizada por ambiguidades.
A teoria do valor-trabalho, resgatada mais tarde por Marx, quando se torna o ponto de partida
da teoria da exploração (mais-valia), supõe que em toda e qualquer troca de mercadorias
tende a haver uma troca de quantidades iguais de trabalho, utilizado na sua produção.

Sendo assim, como explica Paul Singer, “um maço de cigarros vale vinte caixas de fósforos,
porque o tempo de trabalho necessário à produção do primeiro seria vinte vezes maior do
que aquele utilizado para produzir à segunda”.

Foi essa Teoria do Valor (e não a ambígua teoria de Adam Smith) que se consagrou como a
Teoria Clássica do Valor, cuja influência na Teoria Econômica foi absoluta até a segunda
metade do século XIX, quando ocorre a chamada Revolução Marginalista defendendo a tese
de que o valor de uma mercadoria não depende das horas de trabalho necessárias à sua
produção – uma medida objetiva –, mas sim do grau de satisfação que essa mercadoria é
capaz de proporcionar para o consumidor – uma medida subjetiva. Desde então, essas duas
concepções teóricas têm ocupado espaço destacado na arena do debate teórico da
Economia.

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Título 2 - A teoria das vantagens comparativas

Adam Smith havia desenvolvido a Teoria das Vantagens Absolutas para explicar o
funcionamento do comércio internacional. Em contraposição, Ricardo formulou a Teoria das
Vantagens Comparativas (ou dos custos comparativos), segundo a qual cada país tende a se
especializar nos ramos em que tem maiores vantagens, isto é, em que seus custos de
produção são menores do que os de seus concorrentes. Com isso, procurou demonstrar,
como bem observa Paulo Sandroni, “a vantagem de um país importar determinados
produtos, mesmo que pudesse produzi-los por preço inferior, desde que sua vantagem, em
comparação com outros produtos, fosse ainda maior”.

Encerrando essa breve análise da teoria das vantagens comparativas, segue um


interessante comentário de Todd Buchholz, no delicioso: Novas ideias de economistas
mortos:

Embora as teorias de Ricardo sejam ensinadas pelo mundo todo, são as nações europeias
da década de 1990 que melhor testarão o legado de Ricardo. Se elas cumprirem o seu
compromisso de 1992 de derrubar todas as barreiras comerciais remanescentes entre elas,
Ricardo conseguirá uma vitória parcial.

Para uma vitória completa, os países do Mercado Comum devem, também, manter o seu
segundo compromisso – não erguer fortalezas no seu litoral que impediriam países tais como
os Estados Unidos e o Japão [e os países da América Latina] de participar do seu dinâmico
programa de prosperidade. Até aqui os resultados estão misturados. Durante a última
metade da década de 1980, enquanto o comércio dentro do Mercado Comum deu um salto
de 15%, o comércio com os países não membros caiu em cerca de 10%. Ricardo ficaria
desapontado, mas esperançoso.

Título 3 - Princípios de Economia Política e Tributação

Escrevendo seu livro mais importante já no primeiro quartel do século XIX, Ricardo não vive
mais o clima cultural da ordem natural, pregado pelos fisiocratas, por Smith e por Say.

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Não é fácil entender o pensamento econômico de Ricardo. Seu livro Princípios de Economia
política e tributação, de 1817, apresentam uma série de dificuldades:

1º Por se tratar de um livro cujo conteúdo faz uma crítica à Riqueza das nações, de
Smith;

2º Porque diversos capítulos aparecem sem conexão uns com os outros, o que faz
pressupor tratar-se de um livro feito “à prestação”, ou seja, à medida que Ricardo vai
sentindo necessidade de aprofundar determinados assuntos, vai acrescentando
capítulos novos. Em função dessa dificuldade, a leitura de seu livro conduz muitas
vezes os leitores a duas conclusões de prismas diferentes. Uns pensam que a linha
básica da obra consiste em mostrar que a teoria do valor-trabalho explica todos os
fatos econômicos, já que esse fator é o mais elementar, do qual os outros parecem
derivar e, assim, o sistema de Ricardo seria a explicação de como o fator trabalho
subentende todos os outros fatores como seu princípio organizador.

Para outros, a linha básica da obra consiste em mostrar quais as leis que determinam a
distribuição da renda entre as classes sociais e sua relação com as circunstâncias gerais da
sociedade. As duas problemáticas acima se encontram presentes, a bem da verdade, do
princípio ao fim do pensamento ricardiano. Ocorre, porém, que para percebê-lo parece
necessário que se confronte sua obra com a riqueza das nações de Adam Smith. Isto
porque, contendo seu livro uma série de críticas à Riqueza, é preciso ter em mente a
estrutura do livro criticado para perceber o alcance do pensamento de Ricardo. Por esse
ponto de vista - ainda que isto não esteja especificado em seu livro - o seu pensamento deve
obedecer ao seguinte plano:

a. Enfoque sobre o capital em vez do trabalho como causa principal da riqueza


das nações;

b. Obstáculos ao crescimento das nações: a renda diferenciada e o trabalho;

c. Medidas para superar os obstáculos;

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d. O papel do Estado no direcionamento do capital e desobstrução dos
obstáculos.

Nessa sequência fica mais fácil entender como Ricardo, através de sua teoria econômica,
põe à prova a harmonia do Racionalismo.

De fato, ao se aceitar a teoria da renda de Ricardo torna-se discutíveis tanto a ordem natural
dos fisiocratas, como a harmonia entre os interesses privados e o geral. Assim, não haveria
harmonia, mas conflito. Aliás, na época em que seu grande livro foi publicado, o problema
preponderante era o conflito entre os interesses da indústria e da agricultura, razão pela qual,
em sua obra, Ricardo ia a auxílio à tese industrialista, em prejuízo daquela defendida pelos
proprietários rurais.

Com base nisso, pode-se afirmar que Ricardo concordava com Smith quanto ao conceito de
riqueza nacional: “o montante de bens e serviços à disposição dos consumidores” (quanto
maior esse montante, maior a riqueza).

Ricardo, no entanto, não vê o crescimento dessa riqueza como algo retilíneo e sem conflitos
como imaginava Smith. Para ele, esse crescimento não era retilíneo, mas sim passível de
obstrução.

Ricardo procura mostrar que a causa principal do crescimento da riqueza das nações é a
acumulação de capital. Essa acumulação, por sua vez, vai depender da taxa de juros, pois,
segundo Ricardo, tanto os agricultores como os industriais são, antes de tudo, investidores,
e, como tal, não podem viver sem lucros, da mesma forma que os trabalhadores não vivem
sem salários. O motivo que os leva a acumular diminui com a redução do lucro e cessará por
completo quando seus lucros forem tão pequenos a ponto de não lhes garantir uma
compensação adequada pelo esforço e risco que devem necessariamente correr pelo
emprego do seu capital numa atividade produtiva. O empresário estará, por conseguinte,
desviando-se constantemente de uma para outra atividade, procurando sempre melhor
rentabilidade pelo emprego do capital.

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U NIDADE 8
Objetivo: Continuar o estudo dos principais pensadores no campo da evolução
econômica,onde viveram, o que estudavam, como pensavam e suas principais contribuições
para a evolução da Economia. “O Maior entendido sobre Capitalismo” Quer compreender o
Capitalismo. Leia as suas obras.

Título 1 - Karl Marx

Já se disse que toda a conquista de igualdade com sacrifício da liberdade não valeria a pena,
pois acabaríamos perdendo esta última sem ter conseguido alcançar a primeira. O Manifesto
do Partido Comunista foi encomendado pela Liga dos Comunistas no seu congresso
realizado em Londres em 1848.

Marx e Engels partem de uma análise histórica, distinguindo as várias formas de opressão
social durante os séculos e situa a burguesia moderna como nova classe opressora. Não
deixa, porém, de citar seu grande papel revolucionário, tendo destruído o poder monárquico
e religioso valorizando a liberdade econômica extremamente competitiva e um aspecto
monetário frio em detrimento das relações pessoais e sociais, assim tratando o operário
como uma simples peça de trabalho ou fator de produção, alienando e reduzindo a liberdade
humana à simples liberdade de consumo e não a liberdade intrínseca como valor humanista.

Muito embora os desdobramentos históricos a partir deste texto, que se tornou um dos mais
lidos da Filosofia Social e política da humanidade; tem-se de compreendê-lo dentro de seu
contexto histórico-ideológico. O que, aliás, se trata de um postulado do próprio Socialismo
Científico marxista, ou mesmo da tradição do Materialismo Dialético da esquerda hegeliana.
E este contexto é, sobretudo, o da visão romântica do mundo, onde traços como: a História,
o sujeito e a voluntariedade do indivíduo são marcantes e extremados.

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Se a revolução conceitual e filosófica marxista irá marcar por mais de um século a luta
política da humanidade pela democratização das sociedades, dividindo o mundo entre as
esquerdas socialistas e as direitas liberais-conservadoras, o Determinismo da História pela
infraestrutura econômica da sociedade não irá prevalecer em face da determinação das
médias estruturas jurídicas e políticas ou mesmo das superestruturas ideológico-culturais,
como mais tarde indicarão Max Weber, a Escola de Frankfurt de Adorno, Habermas e
Benjamin e a Escola Austríaca de Von Mises e Hayek.

É preciso entender, também, que a determinação da história irá superar a própria ideologia
marxista que, na sua origem, era determinada por um capitalismo incipiente e cruel nas suas
relações sociais, sendo que o próprio capitalismo absorveu as críticas socialistas
reinventando-se no limiar do século XXI como sistema de organização social capaz de incluir
e fazer ascender socialmente grandes massas de trabalhadores, sem, no entanto sacrificar
os valores universais da humanidade que são, desde a Antiguidade Clássica, a legalidade, a
vida, a liberdade e a propriedade.

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U NIDADE 9
Objetivo: Continuar os estudos dos principais pensadores no campo da evolução
econômica,onde viveram, o que estudavam, como pensavam e suas principais contribuições
para a evolução da Economia. “O Grande Economista Industrial” Foi ele quem inspirou
Michael Port.

Título 1 - Joseph A. Schumpeter.

Na história do pensamento econômico, o ano de 1883 foi marcado por uma coincidência.
Nele ocorreram a morte de Karl Marx e os nascimentos de John Maynard Keynes e de
Joseph Schumpeter, três economistas que contribuíram significativamente, cada um a sua
maneira, para o avanço da Teoria Econômica. Schumpeter, talvez seja o menos famoso
entre esses autores, embora, sobretudo nas últimas duas décadas, sua obra tenha sido
objeto de estudo para se entenderem as profundas mudanças tecnológicas, econômicas e
sociais por que tem passado o capitalismo. Atualmente, quando o assunto é inovação,
destacam-se as suas contribuições e sua influência sobre as vertentes teóricas "neo-
schumpeterianas" ou "evolucionistas".

A obra de Schumpeter pode ser dividida em dois momentos. O primeiro corresponde aos
escritos realizados em sua juventude. Nele destacam-se A natureza e a essência da
Economia teórica, de 1908, e Teoria do desenvolvimento econômico (TDE), de 1911. Na
segunda fase destacam-se livros como: Capitalismo, socialismo e democracia, de 1942,
Ciclos econômicos, de 1939, e História da análise econômica, de 1954 (publicado
postumamente).

TDE foi a primeira obra de grande influência escrita por Schumpeter. Nela já estão
presentes, ainda que de forma incompleta, as principais teses defendidas pelo autor. Trata-
se de uma leitura fundamental para aqueles que desejam entender a dinâmica da Economia
capitalista. Apesar de em alguns trechos a leitura ser um pouco tediosa (sobretudo no
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capítulo referente ao fluxo circular), no geral, devido a frases bastante claras e diretas, as
ideias schumpeterianas são de fácil entendimento.

Para expor sua Teoria do Desenvolvimento Econômico, o autor faz um contraste com a
Teoria do Equilíbrio, que, explícita ou implicitamente, "sempre foi e ainda é o centro da teoria
tradicional". Schumpeter sustenta que o sistema de equilíbrio econômico geral proposto por
Léon Walras, destacado economista neoclássico, é indispensável para trazer à luz as
relações fundamentais que têm lugar em um sistema econômico. Ou seja, o livro começa
com uma visão da economia capitalista na qual o desenvolvimento está ausente por
completo.

Para tanto, Schumpeter supõe um Estado organizado comercialmente, no qual vigoram a


propriedade privada, a divisão do trabalho e a livre concorrência. A partir de tais premissas, o
autor supõe produzir-se uma tendência ao equilíbrio geral entre os agentes econômicos.

Nessa situação hipotética, as mudanças assumem um papel meramente adaptativo,


compatível com oscilações ocasionais, sazonais ou contínuas. Esse sistema de reprodução
econômica em equilíbrio estático é denominado fluxo circular, no qual a atividade econômica
se apresenta de maneira idêntica em sua essência, repetindo-se continuamente, seja no
campo da produção, seja no campo do consumo.

Por desenvolvimento, Schumpeter entende as mudanças da vida econômica que não lhe são
impostas de fora, mas que surgem de dentro, por sua própria iniciativa. "O desenvolvimento,
no sentido usual, é um fenômeno distinto, inteiramente estranho ao que pode ser observado
no fluxo circular ou na tendência para o equilíbrio”.

“É uma mudança espontânea e descontínua nos canais do fluxo, perturbação do equilíbrio,


que altera e desloca para sempre o estado de equilíbrio previamente existente". Ou seja, o
autor destaca o tipo de mudança que "emerge de dentro do sistema que desloca de tal modo
o seu ponto de equilíbrio que o novo não pode ser alcançado a partir do antigo mediante
passos infinitesimais. Adicione, sucessivamente, quantas diligências quiserem, com isso
nunca terá uma estrada de ferro".

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A ruptura do mundo estacionário e, também, o início de um processo de desenvolvimento
ocorrem precisamente no âmbito da produção. Para Schumpeter, é o produtor que, via de
regra, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário;
são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um
aspecto ou outro, daquelas que tinham o hábito de usar. Um entre os inúmeros exemplos
possíveis desse fenômeno diz respeito ao incrível avanço dos modelos de telefones
celulares. Atualmente, aparelhos sem display colorido, câmera fotográfica embutida e
comando e discagem por voz já estão, de certa forma, obsoletos.

No esquema proposto pelo autor, o fluxo circular é rompido pela ativação da capacidade de
transformação inerente à máquina capitalista. As inovações constituem o motor do processo
de mudança que caracteriza o desenvolvimento capitalista e resultam da iniciativa dos
agentes econômicos. Mesmo partindo de objetivos individuais, os efeitos da inovação são
amplos e levam à reorganização da atividade econômica, garantindo o aspecto instável e
evolutivo do sistema capitalista. Dessa forma, o desenvolvimento é definido pela realização
de inovações. As inovações caracterizam-se pela introdução de novas combinações
produtivas ou mudanças nas funções de produção. Schumpeter classifica essas
modificações da seguinte maneira. Em primeiro lugar, a introdução de um novo bem ou de
uma nova qualidade de um bem. Em segundo lugar, a introdução de um novo método de
produção, ou seja, um método ainda não verificado pela experiência naquele ramo produtivo
em que tal introdução é realizada e que não decorre necessariamente de qualquer
descoberta científica, mas que pode simplesmente consistir em um novo método de tratar
comercialmente uma mercadoria.

Em terceiro lugar, a abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo


particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer
tenha esse mercado existido antes ou não. Em quarto lugar, a conquista de uma nova fonte
de oferta de matérias-primas ou de bens semimanufaturados; mais uma vez independente
do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada. Finalmente, o estabelecimento de
uma nova organização de qualquer indústria, como a criação ou a ruptura de uma posição de
monopólio. Mesmo com o sistema capitalista sendo movido por inovações, Schumpeter

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ressalta que a lógica econômica prevalece sobre a lógica tecnológica. "E em consequência
se vê na vida real, em toda a parte, à nossa volta cordas rotas em vez de cabos de aço,
animais de tração defeituosos ao invés de linhagens de exposição, o trabalho manual mais
primitivo ao invés de máquinas perfeitas, uma desajeitada economia baseada no dinheiro em
vez de circulação de cheques, e assim por diante. O ótimo econômico e o perfeito
tecnologicamente não precisam divergir, no entanto o fazem com frequência, não apenas por
causa da ignorância e da indolência, mas porque métodos que são tecnologicamente
inferiores ainda podem ser os que melhor se ajustam às condições econômicas dadas".

O autor chama empreendimento à introdução de uma inovação no sistema econômico e


empresário ao que executa este ato. Ou seja, a função empresarial é característica do
desenvolvimento, não existindo no fluxo circular, pois nele não há inovações. O empresário é
definido por sua função no ambiente produtivo, e não pela posse do capital. Ao não dispor de
capital, o empresário tem que obter crédito para adquirir os bens de produção requeridos
para a inovação. O resultado da atividade empreendedora é o lucro.

No raciocínio schumpeteriano, o crédito é essencial ao processo econômico. Fornecer o


crédito necessário para a realização das inovações é função de uma categoria de indivíduos
denominada capitalistas. Esses recursos provêm dos fundos gerados por inovações bem
sucedidas e/ou da capacidade que os bancos têm de criar poder de compra, através do
multiplicador bancário. Vale destacar que nesta obra, Schumpeter exagera na importância
dada ao empresário inovador no processo de desenvolvimento. Em trabalhos posteriores,
Schumpeter torna sua análise mais realista ao considerar que outros atores, também, podem
introduzir inovações no sistema econômico, como os laboratórios de P&D das grandes
corporações ou mesmo órgãos governamentais, como o Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos. Sintetizando, para Schumpeter o impulso fundamental que inicia e mantêm
o funcionamento da máquina capitalista decorre das inovações. Dessa forma, percebe-se
que suas ideias permanecem bastante atuais, sobretudo neste momento de intenso avanço
científico e tecnológico, onde se discute, entre outras coisas, a implementação da Lei de
Inovação no Brasil.

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U NIDADE 10
Objetivo: Continuar os estudos dos principais pensadores no compra da evolução
econômica, onde viveram, o que estudavam, como pensavam e suas principais
contribuições para a evolução da Economia. “O Protagonista de Keynes”.

Título 1 - Jean-Baptiste Say

Nascido em 1767, cresceu num ambiente fortemente influenciado pelas ideias iluministas,
cujas ideias fundamentais eram o liberalismo, o individualismo e o racionalismo. Sendo
assim, acompanhou, na sua juventude, o fervilhante ambiente político que redundou na
Revolução de 1789. Ao mesmo tempo, testemunhou os primórdios da industrialização da
França, um dos países que mais cedo seguiram o caminho aberto pioneiramente pela
Inglaterra.

Jean-Baptiste Say nasceu em Lyon no ano de 1767. Foi o primogênito dos quatro filhos de
uma família protestante e é considerado um dos principais expoentes da Escola Clássica,
juntamente com Adam Smith, David Ricardo e Thomas R. Malthus. Faleceu em Paris, no ano
de 1832.

Título 2 - Alguns flashes e bibliográficos

Como afirma Georges Tapinos, no Prefácio da coleção Os Economistas, "os reveses do


destino de que seu pai foi vítima levam-no a arranjar o seu primeiro emprego, num banco
parisiense". Pouco tempo depois, foi para a Inglaterra, onde observou o funcionamento de
uma economia que iniciara seu processo de industrialização algumas décadas antes e, além
disso, pôde "descobrir Adam Smith, de quem fez uma leitura atenta ao regressar a Paris,

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graças às horas de folga que lhe proporciona o seu novo emprego, numa companhia de
seguros".

Após a Revolução Francesa, teve lugar a fase de jornalista liberal de Say. Esta fase se
iniciou com sua colaboração para o Courier de Provence, jornal que era dirigido por
Mirabeau. Em seguida, trabalhou no jornal La Décade Philosophique, Littéraire et Politique,
pour une Société dês Republicains, onde chegou a diretor e começou a divulgar as ideias
econômicas de Adam Smith. De acordo com Porto Carreiro, de 1799 a 1814, foi membro do
Tribunat, sendo demitido por ordem de Napoleão por se recusar a publicar algumas ideias do
imperador.

Say deixa então o jornalismo e a vida pública. Como diz Tapinos:

Troca as artes pela indústria, Paris por Auchy. Monta uma empresa têxtil que
dizem ter sido muito próspera (chegou a empregar 400 trabalhadores). Foi uma
experiência industrial sem dúvida exemplar, mas que serviu apenas para ilustrar
um pensamento definido.

Com o fim do império, Say se dedicou com grande afinco à atividade intelectual,
escrevendo suas obras mais importantes e dedicando-se à introdução e difusão
do ensino da Economia na França, primeiro no Athénée (1815-1816), em
seguida no Conservatório Nacional de Artes e Ofícios (1820) e, por fim, no
Collège de France (1831).

Título 3 - Principais contribuições à teoria econômica

Embora a contribuição de Jean-Baptiste Say seja muito mais ampla, aqui serão abordados
apenas três aspectos, por constituírem os mais relevantes para a evolução da Teoria
Econômica.

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Título 4 - Valor utilidade

Não há dúvida que Jean-Baptiste Say tem seu nome consagrado na história do pensamento
econômico graças à lei dos mercados (ou lei de Say). No entanto, para uma compreensão
mais precisa de seu pensamento - e da lógica inerente à própria lei dos mercados - é
fundamental que se conheça sua visão do processo de produção e da determinação do
valor.

Como bem observa Tapinos:

A análise do processo produtivo constitui o ponto de partida - e a parte mais elaborada


- do Tratado de Economia Política. Ultrapassando, simultaneamente, as confusões
metafísicas dos fisiocratas e a abordagem materialista de Adam Smith, Say propõe
uma definição nova, e particularmente fecunda, do conceito de produção: "A
produção", escreve, "não é uma criação de matéria, mas uma criação de utilidade".

Percebe-se, portanto, que Say antecede a John Stuart Mill na defesa da tese de que é
a utilidade, e não o trabalho, o principal fator determinante do valor de uma
mercadoria. Rompe, dessa forma, com a indefinição de Smith (que não se posiciona
claramente entre os valores de uso e de troca) e, principalmente, com a posição de
Ricardo, decididamente a favor da teoria do valor-trabalho, no que foi acompanhado
por Marx e seus seguidores.

A utilidade é o fundamento do valor. O preço é a medida da utilidade. Quando não existem


obstáculos à livre concorrência, nem intervenções estatais, os preços do mercado refletem
adequadamente os valores reais, ou seja, a utilidade dos diversos produtos. O custo da
produção não é mais do que uma limitação imposta ao produtor, um limiar aquém do qual ele
se absterá de produzir, mas que não determina, de modo algum, o valor dos produtos.
"Pouco importam as enormes dificuldades que tenhamos que vencer para produzir um objeto
inútil: ninguém vai querer pagá-lo". Trata-se, aqui, de uma total rejeição da Teoria do Valor-
trabalho, assim como, também, de toda a distinção entre o valor de uso e o valor de troca. O
valor de Say é um valor mercante que só se define pela troca.

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Feitas essas considerações preliminares sobre o pioneirismo de Jean-Baptiste Say neste
aspecto essencial da Teoria Econômica, nada melhor para encerrar este item, que as
palavras do próprio economista francês, transcritas pelo historiador E. K. Hunt:

O valor que a humanidade atribui aos objetos se origina do uso que deles se possa
fazer... Tomarei a liberdade de associar o termo utilidade à capacidade de certas
coisas satisfazerem os vários desejos da humanidade... A utilidade das coisas é a
base do seu valor e seu valor constitui riqueza...

Embora o preço seja a medida do valor das coisas e o valor delas seja a medida de sua
utilidade, seria um absurdo inferir que, aumentando-se à força seu preço, sua utilidade possa
ser aumentada. O valor de troca, ou preço, é um índice da utilidade reconhecida de certa
mercadoria.

Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 1 no “link” ATIVIDADES.

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U NIDADE 11
Objetivo: Entender o surgimento de Keynes,e porque as suas teorias foram usadas de forma
contrária por Keynes.

Título 1 - A Lei dos Mercados (ou Lei de Say)

A lei dos mercados, também conhecida como lei de Say, costuma ser apresentada com o
seguinte enunciado: "A oferta cria sua própria procura".

Trata-se de um enunciado simples e fácil de ser gravado, o que explica, em grande parte,
sua razoável popularidade. No entanto, é muito mais do que isso. Say conseguiu, através
desse enunciado aparentemente simples, tornar muito mais acessível à compreensão da
tendência ao autoequilíbrio do sistema econômico, que permanecia obscura na complexa
teoria da mão invisível de Adam Smith.

A Professora Nancy Gorgulho Braga foi muito feliz, em recente artigo elaborado para o jornal
O Economista, ao se utilizar da lei dos mercados como uma das bases de reflexão sobre o
capitalismo de nossos dias e o desafio que se apresenta ao economista contemporâneo.
Nesse artigo ela reproduziu um trecho relativo a mercados da segunda edição do Tratado de
Economia Política (1814):

Vale à pena notar que um produto, tão logo seja criado, nesse mesmo instante gera um
mercado para outros produtos em toda a grandeza de seu próprio valor. Quando o produtor
dá o toque final a seu produto, ele está ansioso para vendê-lo imediatamente, para que o
valor do produto não pereça em suas mãos. Nem está ele menos ansioso para se utilizar do
dinheiro que pode obter, porque o valor do dinheiro também é perecível. Mas o único modo
de se desfazer do dinheiro é pela compra de um produto ou outro. Assim, a mera
circunstância da criação de um produto imediatamente abre um mercado para outros
produtos.
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A figura que se segue, encontrada em diversos manuais de Economia, permite visualizar - e
assim compreender melhor - o significado da lei dos mercados, que é, em última instância, a
explicação do funcionamento de um sistema econômico simples, em que a sociedade é
dividida entre famílias e empresas. Na referida figura, observa-se que a Economia Funciona
como uma interação entre dois fluxos: o real, representado pelo fluxo externo; e o monetário,
representado pelo fluxo interno.

No fluxo real, as famílias fornecem às empresas os fatores de produção que serão


empregados na produção de bens e serviços a serem oferecidos para a satisfação das
necessidades da população: a terra (recursos naturais), a mão de obra (trabalho) e o capital,
que pode ser financeiro (dinheiro) ou empresarial (máquinas e instalações).

No fluxo monetário, as empresas remuneram os fatores de produção por meio de aluguéis


para os donos de terras, salários para os trabalhadores, juros e dividendos para os
capitalistas, gerando, assim, a renda necessária para a aquisição dos bens e serviços
oferecidos às famílias.

Nessa interação dos dois fluxos, a oferta, que corresponde à análise da produção, tem um
papel determinante. Se houver um aumento da produção de bens e serviços e, por
conseguinte, um aumento da quantidade de fatores envolvidos na produção, mais gente
estará empregada e, dessa forma, ao ser remunerada por sua participação no processo,
estará auferindo renda com a qual poderá comprar uma quantidade maior de bens e serviços
que estará sendo disponibilizada.

Por outro lado, se houver uma redução do volume de produção, as empresas poderão ser
obrigadas a desempregar fatores de produção, ocasionando uma redução do volume de
remuneração das famílias e, por extensão, menos renda para a aquisição de uma quantidade
menor de bens e serviços oferecida no mercado. A oferta, portanto, funciona como uma
espécie de termômetro do funcionamento da economia. Quando se expande, permite uma
expansão correspondente da demanda; quando se contrai, ocasiona uma contração
correspondente da demanda. Dessa forma, a economia tende naturalmente à situação de
equilíbrio.

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Vale ressaltar dois aspectos: o primeiro é que esse modelo representa o funcionamento de
um sistema econômico simplificado (que em Macroeconomia é tratado como sistema de dois
setores), que não considera nem o setor governo nem o setor externo (exportações e
importações); o segundo é que o modelo supõe que toda a renda recebida pelas famílias
será imediatamente utilizada na aquisição dos bens e serviços produzidos pelas empresas,
de tal forma que o que se constitui em renda para as famílias corresponde à despesa (custos
de produção) das empresas.

Nesse sentido, o dinheiro vai das empresas para as famílias sob diferentes formas de
remuneração dos fatores de produção, e retorna das famílias para as empresas quando cada
membro dessas famílias, exercendo papéis alternativos no teatro da economia, atua como
consumidor ou investidor, adquirindo os produtos oferecidos pelas empresas.

Esses dois aspectos conduzem a dois corolários que foram depois fonte de contundentes
críticas à lei dos mercados. O primeiro aspecto supõe que o mercado é capaz de evitar uma
crise geral da economia, já que o sistema econômico seria dotado da capacidade de se
autoequilibrar. A Grande Depressão da década de 1930 foi uma dura demonstração da
possibilidade do contrário. O segundo aspecto supõe que o dinheiro (ou moeda) é
simplesmente um meio de troca, não tendo influência direta no processo de produção e
circulação.

O grande economista inglês, John Maynard Keynes, já analisado nestas mesmas Iscas
Intelectuais, foi um dos que melhor demonstrou as limitações da lei dos mercados,
chamando a atenção para três vazamentos que impedem, na vida real, que a economia
funcione em equilíbrio automático, como supunha Say, a poupança, os impostos, e o
excesso de gastos com importações relativamente às receitas com exportações. A partir
desses vazamentos, propôs a mão visível do Estado para desempenhar o papel que a mão
invisível do mercado não foi capaz de desempenhar satisfatoriamente.

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Título 2 - Ênfase no papel do empreendedor

Outra enorme contribuição de Jean-Baptiste Say ao desenvolvimento da teoria econômica


pela qual ele também não costuma ser referenciado diz respeito à ênfase que ele deu ao
empreendedor para o bom funcionamento do sistema econômico.

Também nesse aspecto particular, Say se antecipou àquele que é reconhecido e


reverenciado como o grande teórico da Economia, Joseph Schumpeter, o austríaco que
acabou se notabilizando como professor da Universidade de Harvard e que, também, já foi
objeto de exame nesta mesma coluna.

Em sua edição de 15 de fevereiro de 2007, a revista francesa Challenges dedica sua


principal reportagem ao estudo da viabilidade das contribuições dos "pais da Economia" para
as condições prevalecentes à França dos dias de hoje. Um dos autores incluídos nessa
excelente matéria é justamente Jean-Baptiste Say. Ivan Best, responsável pela parte que se
refere à Say destaca exatamente esse aspecto, intitulando seu artigo de O empreendedor no
centro. No referido artigo, diz Best:

Jean-Baptiste Say costuma ser descrito como um seguidor das ideias de Adam Smith, mas
na verdade ele vai muito além. "É o primeiro economista da oferta", afirma Jean-Pierre
Potier, que dirigiu a coletânea universitária Jean-Baptiste Say, nouveaux regards sur son
oeuvre (Éditions Economica). Ele insiste nas condições da produção, valorizando o papel do
empreendedor. Para os clássicos do século XVIII, a sociedade se dividia em trabalhadores, e
capitalistas. Jean-Baptiste Say recusou essa visão. A seus olhos, cada um pode
desempenhar uma dessas funções num momento ou outro. Esse enfoque será retomado
posteriormente pela escola neoclássica.

Stanley Brue, em seu manual de História do Pensamento Econômico (Pioneira Thomson


Learning), também, realçou essa preocupação permanente de Say com a eficiência e o
empreendedorismo, afirmando:

Say contribuiu para a teoria moderna dos custos do monopólio ao apontar que os
monopolistas não apenas criaram o que atualmente chamamos de perdas de eficiência (ou

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perdas de peso morto), mas também usaram os recursos escassos na sua concorrência para
obter e proteger suas posições de monopólio.

Finalmente, Say contribuiu para o pensamento econômico ao enfatizar o empreendedorismo


como o quarto fator de produção, junto com os fatores mais tradicionais: terra, trabalho e
capital.

Título 3 - Considerações sobre a importância e a influência de Jean-Baptiste Say

Muitos historiadores colocam em dúvida a real importância de Jean-Baptiste Say para a


evolução da teoria econômica. Alegam, para justificar sua posição, que o economista francês
não passou de um divulgador das ideias de Adam Smith, não possuindo, por conseguinte,
nenhuma contribuição original para ser mencionado ao lado dos maiores nomes da ciência
econômica.

Say foi original em destacar aspectos da teoria econômica cujo reconhecimento acabou
sendo para economistas que o sucederam, como é o caso de John Stuart Mill.

No que se refere à introdução do utilitarismo na teoria econômica, de Joseph Schumpeter no


papel do empreendedor e até mesmo de James Buchanan no que se refere ao conceito de
rent seeking (busca de rendimento) Alguns não aceitam a ideia de que Jean-Baptiste Say
deva ser lembrado e reverenciado como um dos grandes economistas devido ao fato de que
ele conseguiu tornar mais fácil para a maioria das pessoas à compreensão do funcionamento
do sistema capitalista, corolário da visão liberal da Economia.

Se poucos tinham capacidade de absorver conceitos e princípios complexos como laissez-


faire ou mão invisível, isso se modificou acentuadamente a partir da disseminação das obras
de Jean-Baptiste Say e, particularmente, da repercussão da lei dos mercados. E, tornar
acessíveis para muitos, ideias antes consideradas obscuras e mal compreendidas, é por si
só, algo mais do que meritório em qualquer campo do conhecimento.

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U NIDADE 12
Objetivo: Continuar os estudos dos principais pensadores no campo da evolução
econômica. Onde viveram, o que estudavam, como pensavam e suas principais
contribuições para a evolução da Economia. “O Homem que devolveu o Gramuor da Amércia
do Norte.

Essa unidade será breve, pois será utilizada para trabalho de pesquisa, pois suas teorias são
as que mais se aproximam da realidade atual.

Título 1 - John Maynard Keynes

Nasceu em Cambridge, filho de John Neville Keynes. Estudou em Eton e no Kings College
de Cambridge. Graduou-se em Matemática e se especializou em Economia, tendo estudado
com Alfred Marshall e A. Pigou. Entrou como funcionário do Indian Office em 1906.
Permaneceu dois anos na Ásia, até que em 1908 ingressou como professor de Economia em
Cambridge, cargo que manteve até 1915. Em 1916 ingressou no Tesouro britânico onde
ocupou cargos importantes. Representou este organismo na Conferência de Paz de Paris,
cargo que renunciou em 1919 por ser contra o regime de reparações que estava sendo
imposto à Alemanha. Voltou a Cambridge como professor e trabalhou, simultaneamente,
com atividades privadas em empresas de seguros e investimentos, o que lhe proporcionou
rendas relevantes. Criticou a política deflacionista do governo e se opôs, inutilmente, à volta
ao padrão ouro.

Na década dos anos trinta os países do ocidente sofreram a mais grave crise econômica
conhecida até o presente momento: a Grande Depressão. A corrente marginalista não estava
capacitada para explicar esse fenômeno. Em 1936 J.M. Keynes publicou sua Teoria Geral do
Emprego, os Juros e o Dinheiro, o livro que, sem dúvida alguma, tem influenciado de forma
mais profunda o estilo de vida das sociedades industriais depois da Segunda Guerra
Mundial. As decisões de poupança são tomadas pelos indivíduos em função de sua renda,
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enquanto que as decisões de investimentos são tomadas pelos empresários em função de
suas expectativas de lucro. Não há nenhuma razão pela qual a poupança e o investimento
devam coincidir. Quando as expectativas dos empresários são favoráveis, grandes volumes
de investimentos provocam uma fase expansiva. Quando as expectativas são desfavoráveis,
a contração da demanda pode provocar uma depressão. O Estado pode impedir a queda da
demanda aumentando seus próprios gastos.

Durante a Segunda Guerra Mundial Keynes retornou ao Tesouro britânico. Em 1944 liderou a
delegação de seu país na Conferência de Bretton Woods, da qual surgiram o Banco Mundial
e o Fundo Monetário Internacional. Morreu dois anos depois, em 1946, em Sussex.

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U NIDADE 13
Objetivo: Entender os problemas fundamentais da Economia “Necessidade Ilimitadas e
Recursos Escassos. O que Fazer?

Título 1 - O Problema Fundamental da Economia

Atividade Econômica Produz

Bens Serviços

Satisfação dos Indivíduos

Coletivo Individual

Mesmo para as necessidades puramente biológicas surgem novos desejos. Pode-se dizer
que: As necessidades humanas são ilimitadas. A produção de Bens e Serviços exige a
organização e a combinação dos fatores de produção. Entretanto, esses fatores são
limitados, escassos:

O Problema Fundamental da Economia

Necessidades Ilimitadas
Fatores Limitados

Lei da Escassez
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A Teoria Econômica - Procura conhecer e sistematizar essas soluções, através da análise do
comportamento dos agentes econômicos. Objetivo - Propor soluções:

Título 2 - Quatro Perguntas Fundamentais da Economia (Escassez)

1. O que Produzir?

2. Quanto Produzir?

3. Como Produzir?

4. Para quem Produzir?

1. O que Produzir? - Significa identificar as necessidades e consequentemente o que irá


satisfazê-las. (A sociedade deve que precisa produzir). Ex.: Alimentos, roupas, casas,
estradas, escolas, etc..

2. Quanto Produzir? (Quantitativo) - É impossível produzir em quantidades ilimitadas.

Se todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados, atinge-se um limite de


produção. Se quiser aumentar a produção de um bem qualquer, tem que diminuir a
produção de outros.

3. Como Produzir? (Técnica)

Trabalho

Bens e Serviços Capital

Recursos Naturais

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A proporção em que esses recursos são combinados depende da abundância ou da
escassez.

4. Para quem Produzir? (satisfação)

Determina a questão da distribuição dos Bens e dos Serviços (produzidos) entre os


elementos da sociedade.

Título 3 - Curva de Possibilidade de Produção

Alimentos (Milhões de T)

P Curva de Possibilidade de Produção


10

7,5

Q
Vestuário
0 5 10 20
(Milhões de peças)

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U NIDADE 14
Objetivo: Continuar o entendimento dos problemas fundamentais da Economia “Necessidade
Ilimitadas e Recursos Escassos. O que Fazer?

Titulo 1 - O Sistema Econômico

Definições de sistema econômico

 O consumo de uma pessoa é composto por bens e serviços

 Produzidos em áreas de atividade econômica diferente

 Um operário metalúrgico produz chapa de aço, mas necessita de alimentos, etc.

 Ele troca sua força de trabalho por um salário, permitindo adquirir bens e serviços.

 Isso ocorre em razão do que se chama de Sistema Econômico.

 Sistema Econômico - Reunião dos diversos elementos participantes da produção de


bens e serviços que satisfazem as necessidades da sociedade

Os elementos integrantes de um sistema econômico não são apenas pessoas, mas todos os
fatores de produção.

Unidade Produtora - Instituição organizadora dos fatores de produção. Nem tudo que é
produzido e destinado diretamente ao consumo. Uma fábrica de chapa de aço, não tem as
pessoas como consumidores diretos. Da mesma forma uma empresa de informática. São
bens ou serviços que entram na produção de outros bens e serviços.

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Título 2 - A produção econômica pode ser classificada em três categorias:

1. Bens e serviços de consumo - São aqueles que satisfazem as necessidades das


pessoas, quando são consumidos no estado que se encontram.

2. Bens e serviços intermediários - Não atendem diretamente às necessidades das


pessoas, precisam ser transformados.

3. Bens de Capital - Destinam ao aumento da eficiência do trabalho humano

Título 3 - Composição do Sistema Econômico

No sistema econômico de uma nação, há grande número de unidades produtoras. Podem


ser agrupadas em três setores básicos:

1. Setor Primário - Unidade que utilizam, intensamente, os recursos naturais.

2. Setor Secundário - Unidades dedicadas às atividades industriais.

3. Setor Terciário - Unidades produtoras que prestam serviços

Título 4 - Os Fluxos do Sistema Econômico

Durante o processo de produção, as unidades produtoras remuneram os fatores de


produção. Pagam salários; aluguéis; juros pelos financiamentos; Distribuição de dividendos,
etc. Permitindo assim, adquirir os bens e serviços de que necessitam. Este é um aspecto
fundamental do sistema econômico, para garantir sua eficiência. Ex.: Uma pessoa que
trabalha em uma fábrica de roupas.

Num sistema econômico existem dois fluxos:

1. Fluxo Real - Formado pelos bens e serviços (Produto)

2. Fluxo Nominal ou Monetário - Formado pelo pagamento (Renda)

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Fluxo Real Oferta

Fluxo Monetário Demanda

Oferta e Demanda - São duas funções mais importantes do sistema econômico, essas
funções formam o Mercado.

Título 5 - O Mercado é a essência do sistema econômico.

Esquema dos Fluxos do Sistema Econômico

S. Primário
S. Secundário
S. Terciário

Alimentos
Salários Fluxo vestuários Fluxo Real
Juros Monetário serviços (Oferta)
Lucros (Demanda) equipamentos
Aluguéis
etc.

Mercado

A Circulação no Sistema Econômico

O funcionamento do sistema econômico se caracteriza pelo permanente trânsito do fluxo real


e monetário:

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Admitimos:

Sistema econômico fechado - Não mantém relações com outros sistemas (sem exportações
e sem importações). Não possui setor público, (Governo). Todas as rendas recebidas pelos
empresários são gastas em bens e serviços. Toda produção da empresa é vendida (sem
estoque). Exemplo:

Sistema simples formado por:

Empresas Famílias

Unidade Produtiva Pelas pessoas que consomem

Obs: Normalmente um sistema econômico é formado por mais duas entidades: O setor
público e o resto do mundo.

Consideremos apenas as empresas que chamaremos APARELHO PRODUTIVO e as


FAMÍLIAS:

Aparelho Produtivo Contrata Famílias

Organiza Fatores Fatores de Produção

Ofertas de Bens e Serviços Consumo

Mercado
Troca de renda pelo produto

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PROCESSO DE CIRCULAÇÃO

Fluxo Real
Aparelho produtivo
Fluxo Monetário

Famílias Mercado

Bens e
Serviços

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Objetivo: Estudar a evolução da economia brasileira. O que levou o crescimento do Brasil,
quais seus principais ciclos e o crescimento desordenado, causando um país
Subdesenvolvido.

Título 1 - A Evolução do Sistema Econômico Brasileiro

-Brasil Colônia até a Independência Política-(setor primário).

Até 1808 Portugal proibia qualquer atividade manufatureira

A economia brasileira baseou -se em ciclos

Cana-de -açúcar Minera ção Café (o mais importante ciclo)

Título 2 - Os Principais Ciclos da Economia Brasileira (Açúcar, Mineração e Café)

A expansão da cultura da cana-de-açúcar liga-se tradições culturais europeias e africanas.


Na verdade a cana-de-açúcar propiciou o confronto da cultura europeia com a africana,
sendo exemplo cabal disso as sociedades geradas em seu torno nas Antilhas e Brasil. Neste
último espaço, são evidentes os aspectos sincréticos da cultura que veio a dar origem à
designação de Afro-brasileira. Os estudos de Gilberto Freire e Roger Bastide são bastante
expressivos a esse nível.

Por outro lado, insiste-se que a expansão da cultura da cana-de-açúcar propiciou a


divulgação de determinadas tradições lúdicas: representações teatrais e festivas. Está neste
caso o "Tchiloli", nome dado a peça "A Tragédia do Marquês de Mântua e do Imperador
Carlos Magno", atribuída ao madeirense Baltazar Dias. Esta é uma peça teatral do ciclo

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carolíngio, muito representada no século XVI, que teria sido levada para S. Tomé pelos
plantadores e mestres de engenhos da Madeira.

No Brasil, a economia açucareira gerou uma dinâmica sociocultural diversa, que deixou
rastros evidentes na literatura: o caso mais evidente é o de José Lins do Rego (1901-1957),
que escreveu um conjunto de romances a retratar o ciclo da cana-de-açúcar: Menino de
Engenho (1932), Doidinho (1933), Banguê (1934), o Moleque Ricardo (1935), Usina (1936),
Fogo Morto (1943) e Meus Verdes Anos (1956).

Na Madeira, esta vivência não entusiasmou a veia literária dos seus protagonistas e apenas
na atualidade o tema despertou o interesse de Horácio Bento de Gouveia, em Águas Mansas
(1963), e João França em A ilha e o Tempo (1972).

Por outro lado, é de salientar que a safra açucareira teve também implicações na política de
urbanização do espaço rural, condicionando uma forma peculiar de ligação do espaço
agrícola-industrial com as estruturas de mando e controle social. A célebre trilogia rural, tão
bem definida por Gilberto Freire, teve o seu primeiro aparecimento aqui na Madeira, sendo
testemunho atual disso a célebre lombada de João Esmeraldo (Ponta do Sol). Mas outros
mais exemplos poderiam referenciar na ilha que, lamentavelmente, estão se perdendo.

Talvez por estas implicações do açúcar se defina ao espaço rural, ou por outras razões que
desconhecemos, se definiu para o Funchal epítetos pouco expressivos da realidade. Assim a
partir da publicação do livro de António Aragão sobre a cidade do Funchal ficou estabelecido
que ela fosse a "primeira cidade construída por Europeus fora a Europa" e dentro da sua
malha urbana de uma "cidade do açúcar" e outra do "vinho". Esta aventureira definição não
colhe argumentos a seu favor.

O pioneirismo aventureiro desta afirmação com a segurança e afirmações resultantes das


pesquisas promovidas nos Açores, Canárias, Brasil e Antilhas, onde ninguém, até hoje, teve
a ousadia de avançar com semelhante perspectiva reducionista da realidade arquitetônica e
urbana.

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Todos são unânimes em afirmar a adaptação do modelo europeu às condições geohumanas
dos novos espaços e a forte vinculação às diretivas régias e à mão de obra especializada da
península. O desenvolvimento econômico assentado na produção ou comércio de certos
produtos; surge em todas as áreas, não como fator definidor da traça urbana e arquitetônica,
mas sim como meio.

O açúcar e os vinhos surgem na Madeira como produtos catalisadores da atividade


socioeconômica madeirense e não como princípios geradores das cidades ou do espaço
urbanizado. Eles foram apenas os suportes financeiros necessários a este desenvolvimento
e embelezamento do espaço urbano. A maioria dos mestres que orientaram a construção do
espaço urbanizado é recrutada no reino e enquadram-se nos padrões peninsulares de
humanização do espaço.

Por outro lado, os monarcas intervêm com assiduidade nessa política arquitetônica, enviando
regimentos e planos sobre o modo porque se deverá proceder à construção. Tenha-se em
atenção às recomendações dadas por D. Manuel para a construção da cerca e muros
conforme o sistema delineado em Setúbal.

Por outro lado, o mesmo monarca - ao ordenar em 1485 a construção dos paços do concílio,
da igreja, alfândega e praça - pretendia dar ao Funchal uma dimensão peninsular. Terá sido
esse espaço urbanizado à custa dos proventos do açúcar que conduziu à errada formulação
dos princípios geradores do urbanismo funchalense.

Se levar em consideração que a economia açucareira madeirense não assumiu a mesma


proporção da brasileira ou mexicana e que nestas últimas áreas não se fala de uma
urbanização do açúcar, mas sim das implicações sociológicas e arquitetônicas deste produto,
se terá por anacrônica a definição no Funchal de uma cidade do açúcar.

Confrontados os estudos sobre a história das cidades das demais ilhas atlânticas e do Novo
Mundo, onde a cana-de-açúcar foi dominante, não se encontra qualquer definição deste tipo
para a malha arquitetônica urbana. Como por exemplo, o caso de Canárias, onde é evidente,
também, um extremo seguidismo aos cânones peninsulares.

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Por isso, não se entende a forma despropositada com que se tem defendido a existência no
Funchal de uma cidade do açúcar. Mas, do açúcar, a única coisa que se poderá dizer é que
a imagem do açúcar ficou apenas o registro nas armas da cidade a partir do século XVI, a
que se juntou a videira no século dezenove. Não obstante o fato daquele espaço, que é hoje
o centro da cidade, ter sido no século XV uma área de canaviais (o Campo do Duque), as
alterações que se produziram a partir da década de oitenta do século XV conduziram à sua
adequação aos modelos arquitetônicas peninsulares.

E a imposição lançada em 1485 sobre o vinho, surgiu única e exclusivamente com o intuito
de criar um fundo municipal para o "nobrecimento" da vila. Com isto, não se quer excluir a
função relevante dos proventos arrecadados pela economia açucareira na valorização do
patrimônio urbano, mas apenas referenciar que não houve uma ligação direta entre as duas
situações.

Em bem verdade se diga que o recinto urbano, que emerge a partir da década de sessenta
entre as ribeiras de João Gomes e Santa Luzia e, depois, para além desta última, foi o
princípio da futura cidade, dominada pelos mercadores do açúcar. As residências de João
Esmeraldo, de D. Mécia, do capitão do donatário, bem como os conventos (Encarnação, S.
Francisco e Santa Clara) e igrejas (Sé, Capela dos Reis Magos, Madre de Deus e matrizes
de Machico, Ponta do Sol, Calheta e Ribeira Brava) foram erguidas e embelezadas
artisticamente a partir dos proventos acumulados com a safra do açúcar.

Mas uma coisa é o açúcar ser fonte de receita, participadora deste processo, e outra é
resultarem daí implicações urbanísticas e plásticas. Na verdade, a vila que é elevada em
1508 à categoria de cidade deve apenas ser considerada como a cidade dos mercadores de
açúcar e nunca a cidade do açúcar.

Condicionantes da mineração – Até o século XVII, a economia açucareira era a atividade


predominante da colônia e o interesse metropolitano estava inteiramente voltado para o seu
desenvolvimento. Porém, a partir de meados do século XVII, o açúcar brasileiro sofreu a forte
concorrência antilhana, claro, os holandeses, uma vez “expulsos” passaram a produzir em

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suas colônias no Caribe, fazendo com que a Coroa portuguesa voltasse a estimular a
descoberta de metais.

Os paulistas, que conheciam bem o sertão, iriam desempenhar um papel importante nessa
nova fase da história colonial. Já em 1674, destacou-se a bandeira de Fernão Dias Pais, que,
apesar de não ter descoberto metais preciosos, serviu para indicar o caminho para o interior
de Minas. Poucos anos depois, a bandeira de Bartolomeu Bueno da Silva – o Anhanguera –
abriria caminho para o Brasil central (Goiás e Mato Grosso).

Descoberta do ouro e povoamento – A procura de metais preciosos no Brasil era bem antiga
e datava do início da colonização, sobretudo depois da descoberta da rica mina de prata de
Potosí, em 1545, na atual Bolívia. A criação do Governo Geral em 1548, e a sua instalação
no ano seguinte, foi um reflexo daquela descoberta.

De fato, diversas foram as “entradas” (expedições sertanistas oficiais) que partiram da Bahia,
Espírito Santo, Ceará, Sergipe e Pernambuco para o interior.

Os principais exploradores do sertão foram os paulistas. Com um irrisório apoio oficial,


Fernão Dias Pais partiu em 1674 para o sertão, onde permaneceu por seis anos, chegando
ao Jequitinhonha. Porém, não descobriu nada de valor. Em 1681 encontrou turmalinas
acreditando serem esmeraldas.

Contudo, durante os anos em que permaneceu no sertão, desbravou grande parte do interior
das Gerais e abriu caminho para futuras descobertas de importância.

Costuma-se atribuir o início da mineração à descoberta do ouro feita por Antônio Rodrigues
Arzão, em 1693, embora a corrida do ouro começasse efetivamente com a descoberta das
minas de Ouro Preto por Antônio Dias de Oliveira, em 1698.

Além de se difundir pelo Brasil, a notícia chegou a Portugal através da correspondência dos
governadores ao rei.

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De diversos pontos do Brasil começou a chegar grande quantidade de aventureiros, ávidos
de rápido enriquecimento. Mesmo de Portugal vieram, a cada ano, cerca de 10 mil pessoas,
durante sessenta anos.

A primeira consequência desse deslocamento maciço da população para as regiões das


minas foi a grave carestia, que se tornou particularmente catastrófica nos anos 1697 – 1698
e, novamente, em 1700 – 1701. O jesuíta Antonil, que viveu nesse tempo, escreveu que os
mineiros morriam à míngua, “com uma espiga de milho na mão, sem terem outro sustento”.

População das minas: paulistas e emboabas – A população era bastante heterogênea, mas
distinguiam-se claramente paulistas e forasteiros. Estes eram chamados, depreciativamente,
pelos paulistas, de “emboabas”, que em língua tupi queria dizer “pássaro de pés
emplumados” - referência irônica aos forasteiros, que usavam botas; os paulistas andavam
descalços.

Nesse tempo a população paulista era de mamelucos e índios que utilizavam como língua o
tupi, mais do que o português. Embora minoritários, os paulistas hostilizavam e eram
hostilizados pelos emboabas. Julgavam-se donos das minas por direito de descoberta. Mas a
rivalidade entre paulistas e emboabas tinha outros motivos mais significativos.

O comércio de abastecimento das Minas era controlado por alguns emboabas que auferiam
grandes lucros. Dada a sua riqueza e a importância da atividade que exerciam, passaram a
ter grande influência. Manuel Nunes Viana, português que veio ainda menino para a Bahia,
era um desses ricos comerciantes e principal líder dos emboabas. Era proprietário de
fazendas de gado no São Francisco e estava associado aos comerciantes da Bahia.

A Guerra dos Emboabas – O estopim da guerra foi o desentendimento entre Nunes Viana e
Borba Gato, que era guarda-mor das Minas e, portanto, representante do poder real. A fim de
combater o contrabando do ouro, a Coroa havia proibido o comércio entre as Minas e a
Bahia, com exceção do gado. Apesar dessa determinação, o comércio proibido continuou,
sob a liderança de Nunes Viana. Borba Gato determinou então a expulsão de Nunes Viana
das Minas, mas este não a acatou e foi apoiado pelos emboabas.

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Ora, a maior parte das Minas era ocupada pelos emboabas, e os paulistas estavam
concentrados no rio das Mortes, de onde os emboabas decidiram, então, desalojá-los. Sendo
minoritários, os paulistas se retiraram, mas um grupo deles, com maioria de índios, foi
cercados pelos emboabas, que exigiram a rendição, prometendo poupar-lhe a vida caso
depusesse as armas. Foi o que fizeram os paulistas. Mas, mesmo assim, foram
massacrados no local que ganhou o nome de Capão da Traição.

Expulsos das Minas, os paulistas penetraram em Goiás e Mato Grosso, onde novas jazidas
seriam descobertas.

A organização da economia mineira – Havia, basicamente, dois tipos de “empresas”


mineradoras: a lavra (grande extração) e a faiscação (pequena extração). A lavra consistia
numa exploração de dimensão relativamente grande em jazidas de importância e utilizava
amplamente o trabalho escravo. À medida que essas jazidas iam se esgotando e sua
exploração tomava-se antieconômica, ocorria o deslocamento das lavras para outras jazidas,
deixando o que restara da anterior para a faiscação, praticada por pequenos mineradores.

No Brasil, o ouro encontrava-se depositado na superfície ou em pequenas profundidades:


inicialmente exploravam-se os veios (nos leitos dos rios), que eram superficiais; em seguida,
os tabuleiros (nas margens), que eram pouco profundos; e, finalmente, as grupiaras (nas
encostas), que eram mais profundas. Por isso, se diz que predominou o ouro de aluvião, que
era depositado no fundo dos rios e de fácil extração, ao contrário das minas de prata do
México e do Peru, que dependiam de profundas escavações. A extração do ouro de aluvião
era, portanto, mais simples, mas de esgotamento mais rápido. Por essa razão, mesmo na
organização das lavras, as empresas eram concebidas de modo a poderem se mobilizar
constantemente, conferindo à atividade mineradora um caráter nômade. Por conseguinte, o
investimento em termos de equipamento não podia ser de grande vulto.

Seguindo as características de toda a Economia colonial, a mineração era igualmente


extensiva e utilizava o trabalho escravo. A técnica de extração, por sua vez, era rudimentar e
mesmo o número de escravos para cada lavra era reduzido, embora haja notícias de lavras
com mais de cem escravos. Na realidade, a manutenção de uma empresa com elevado e

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permanente número de escravos era incompatível com a natureza incerta das descobertas e
da produtividade das minas.

São Paulo – A descoberta das minas funcionou como um poderoso estímulo às atividades
econômicas em São Paulo. Porém, no início do século XVIII, a sua população mal
ultrapassava 15 mil pessoas e uma boa parte dela foi para as minas. Em compensação,
recebeu um acréscimo populacional proveniente de Portugal e já no final do século XVIII
tinha perto de 117 mil habitantes.

Assim, as lavouras foram se ampliando e multiplicaram-se as atividades manufatureiras. O


porto de Santos ganhou súbita importância como porta de entrada para escravos e produtos
importados europeus.

Como as minas necessitavam de animais de carga e transporte, alguns paulistas deslocaram


se para Paranaguá e Curitiba, onde dedicaram à criação. Outros foram buscar na região
platina (Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina) o gado muar, essencial para o transporte.

Os caminhos para as minas – Situadas no interior do centro-sul, as minas eram localidades


de difícil acesso. De São Paulo aos núcleos mineradores a viagem era de sessenta dias. Ha-
via três caminhos de acesso. O que foi aberto por Fernão Dias Pais passava por Atibaia e
Bragança e alcançava a Mantiqueira.

O outro, saindo de São Paulo, percorria Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes, Jacareí,
Pindamonhangaba, Guaratinguetá e Lorena para chegar às três principais regiões
mineradoras: Ribeirão do Carmo, Ouro Preto e rio das Velhas. Um terceiro caminho passava
por Mogi-Guaçu e correspondia, grosso modo, ao traçado da Estrada de Ferro Mojiana, hoje
desativada.

A Bahia possuía uma ligação com Minas muito anterior à descoberta do ouro. O caminho foi
aberto pelos bandeirantes paulistas no século XVII do sul para o norte. A vantagem dessa via
era a sua segurança e conforto. Não faltavam pastos para os cavalos, nem alimento para os
viajantes. As estradas eram mais largas e podiam ser percorridas sem medo de ataques
indígenas.

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A Bahia estava apta a se integrar à economia mineira por várias razões: era um centro antigo
de colonização e, como tal, tinha uma economia mais bem preparada para atender às
demandas de Minas; a sua pecuária havia se expandido para o sertão e pelo rio São
Francisco dirigindo-se para as minas; além disso, era um grande centro importador de
produtos europeus e tinha a vantagem de estar mais próximo de Portugal do que os portos
sulinos.

Como aconteceu com outras regiões, grande contingente de baianos foi atraído pelas minas.
Até senhores de engenho abandonaram tudo e se mudaram para lá com todos os seus bens
e escravos.

Mas as autoridades coloniais não viam a integração da Bahia na economia mineira com bons
olhos. Não interessava ao rei que os baianos abandonassem a economia açucareira. Havia
ainda a preocupação com a venda de escravos dos engenhos para as minas. Por outro lado,
o contrabando do ouro era difícil de ser controlado na estrada de Minas à Bahia. Por isso, a
Bahia foi proibida de fazer comércio com as Gerais, exceto no que se refere ao gado. A
proibição, entretanto, foi inútil. Contrariando as determinações, os baianos continuaram tão
ativos no comércio com as minas quanto os paulistas e os fluminenses.

De qualquer modo, para efeitos legais, o comércio muito intenso mantido pelos mercadores
baianos com as minas era considerado contrabando. E uma das maiores figuras desse
contrabando era, justamente, Manuel Nunes Viana, que teve um destacado papel no
episódio da Guerra dos Emboabas.

O Rio de Janeiro, no começo, não dispunha de acesso direto às minas, o que dificultava o
seu comércio. Mas rapidamente se beneficiou com a abertura do “caminho novo”, construído
em três anos (de 1698 a 1701) e aperfeiçoado entre 1701 e 1707.

Com a sua abertura, a viagem do Rio para Minas poderia ser realizada em doze ou
dezessete dias, conforme o ritmo da marcha. A vantagem do “caminho novo” era óbvia
comparada com o de São Paulo a Minas, no qual se gastavam sessenta dias. E essa
vantagem teve importantes consequências, pois transformou o Rio no principal fornecedor
das minas e na principal rota de escoamento do ouro. São Paulo sofreu os efeitos da nova

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situação, mas graças à descoberta de minas em Goiás e Mato Grosso as perdas foram
contrabalançadas.

Sendo uma economia essencialmente importadora, a mineração dependia do abastecimento


externo de alimentos, ferramentas, objetos artesanais, incluindo os de luxo, gado,
principalmente o muar, para transporte e tração e, finalmente, escravos. Três agentes se
encarregaram desse abastecimento: o tropeiro, que trazia alimentos e outras mercadorias; o
boiadeiro e os comboieiros, que chegavam com os escravos.

A articulação econômica – Ao abrir-se como um grande mercado, a mineração foi


responsável pela articulação econômica da colônia, integrando não apenas São Paulo, Rio e
Bahia, mas também, através de São Paulo, a região sulina como um todo.

O gado muar era essencial como meio de transporte. E o principal centro produtor estava
localizado na região platina, que, tradicionalmente, fornecia esse gado para as minas
peruanas. Com a decadência destas últimas, um novo estimulo para a sua criação veio de
Minas. Assim se intensificou a ocupação da região platina, que resultou, no final, na
incorporação do Rio Grande do Sul ao domínio português.

Minas era também um grande mercado de escravos. A crescente demanda de mão de obra
escrava provocou significativas alterações no tráfico. Na África, a moeda de compra de
escravos era o fumo. A Bahia e Pernambuco tornaram-se, ao mesmo tempo, grandes
produtores de fumo e agenciadores de escravos africanos, propiciando o aparecimento de
armadores e traficantes brasileiros.

Os traficantes nordestinos chegaram a superar a concorrência de nações poderosas como


Inglaterra, França e Holanda, batendo também os portugueses.

Beneficiados com a abertura do “caminho novo”, mercadores do Rio de Janeiro se dedicaram


intensamente ao tráfico, utilizando, como moeda de compra de escravos, aguardente (pinga),
açúcar e até ouro.

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A intensificação do tráfico teve efeitos internos importantes. Na Bahia e em Pernambuco
ocorreu à expansão da cultura do tabaco e, no Rio, do engenho de aguardente, destacando-
se Parati.

Assim, atuando como pólo de atração econômica, a mineração favoreceu a integração das
várias regiões antes dispersas e desarticuladas. Surgiu desse modo, um fenômeno antes
desconhecido na colônia: a formação de um mercado interno articulado. Outra consequência
importante da mineração foi a de ter deslocado o eixo econômico do nordeste para o sul,
valorizando principalmente o porto do Rio de Janeiro. Não foi por acaso que em 1763, na
administração pombalina, â capital da colônia acabou transferida da Bahia para o Rio de
Janeiro.

Contrabandeando – Portugal tinha, nesse quadro, uma posição parasitária. A Coroa


procurava extrair o máximo de benefício através da cobrança de impostos, adotando
medidas para evitar â sonegação e o contrabando. E não perdia nenhuma oportunidade para
carrear o ouro para os seus cofres. Ela cobrava imposto nas alfândegas portuguesas e
brasileiras, impunha taxas para â passagem de rios, estabelecia impostos para lojas e
vendas e, também, sobre â comercialização de escravos, sem contar os impostos que
incidiam diretamente sobre â mineração, como o quinto.

Porém, Portugal tinha um ponto fraco: â sua indústria manufatureira era muito pouco
desenvolvida, de modo que â maioria das mercadorias vendidas às minas era importada da
Inglaterra.

Os ingleses possuíam; só em Lisboa, cerca de noventa casas comerciais. Assim, lucravam


indiretamente com o comércio entre Portugal e o Brasil e, também, diretamente através do
contrabando. E esse contrabando era feito abertamente e, muitas vezes, com â cumplicidade
das autoridades coloniais portuguesas.

Os holandeses e franceses que não tinham esse mesmo acesso, conseguiam introduzir suas
mercadorias através do contrabando realizado com navios brasileiros na África, que, além de
escravos, traziam seus produtos para serem vendidos nas minas.

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Mineração e urbanização. A atividade mineradora era altamente especializada, de modo que
toda mercadoria necessária ao consumo vinha de fora. Por isso, ao lado dos milhares de
mineradores, foram se estabelecendo artesãos e comerciantes, dando à região das minas
um povoamento com forte tendência urbanizada. Também a administração, preocupada em
evitar o contrabando e a sonegação, favoreceu a urbanização. O agrupamento em cidades
facilitava o controle sobre a produção mineradora. Assim, rapidamente os arraiais de ouro se
transformavam em centros urbanos: Vila Rica do Ouro Preto, Sabará, Ribeirão do Carmo
(atual Mariana), São João Del Rei, etc.

Por serem grandes as incertezas, a atividade mineira não permitia a constituição de


empresas de grande vulto, em caráter permanente, salvo em casos reduzidíssimos dos
grandes mineradores. Para as empresas de menor tamanho, devido às incertezas e à
voracidade fiscal, a situação geral era a impermanência, o que resultou numa forma muito
especial de trabalho escravo.

Não podendo arcar com os custos da manutenção de uma escravaria numerosa, os


pequenos mineradores davam aos escravos, em geral, uma autonomia e liberdade de
iniciativa que não se conheceu nas regiões açucareiras. Muitas vezes trabalhavam longe de
seu senhor ou mesmo por iniciativa própria, obrigados apenas à entrega da parte de seus
achados. Essa situação possibilitou aos escravos acumularem para si um certo volume de
riqueza que, posteriormente, foi utilizado na compra de sua alforria (liberdade).

Apesar disso, não se deve concluir que a escravidão fosse menos rigorosa nas minas. Tal
como nos centros açucareiros, a desigualdade foi reproduzida com a mesma intensidade e a
pobreza contrastava com a opulência de uma minoria. Ao contrário do que se acreditava a
mineração não foi mais democrática. E mais, as grandes fortunas não tiveram origem na
atividade minerada, mas no comércio.

A administração das minas. Diferentemente das outras atividades econômicas da colônia, â


mineração foi submetida a rigorosa disciplina e controle por parte da metrópole. Aqui, as
restrições atingiram o seu ponto culminante.

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Desde o século XVII a mineração já se encontrava regulamentada. Os Códigos Mineiros de
1603 e 161 S, embora admitissem a livre exploração das minas, impunham uma fiscalização
rigorosa na cobrança do quinto (quinta parte do ouro extraído).

Com as descobertas do final do século XVII, a metrópole elaborou um novo código, que
substituiu os anteriores e perdurou até o final do período colonial: o Regimento dos
Superintendentes, Guardas-mores e Oficiais Deputados para as Minas de Ouro, que data de
1720.

Para a aplicação efetiva das medidas contidas no regimento, foi criada a Intendência das
Minas para cada capitania em que o ouro havia sido descoberto. A principal característica
desse órgão era a sua completa independência em relação a outras autoridades coloniais. A
intendência reportava-se diretamente ao Conselho Ultramarino.

O mais alto cargo da intendência pertencia ao superintendente ou intendente, que aplicava a


legislação e zelava pelos interesses da Coroa. Outro funcionário importante era o guarda-
mor, a quem competia a repartição das datas (lotes de jazidas auríferas) e a fiscalização e
observância do regimento em locais distantes; em certas circunstâncias cabia ao guarda mor
nomear, pára substituí-lo, os guarda-menores.

A fim de evitar as sonegações, outro elemento veio a se agregar à administração: a Casa de


Fundição. Na verdade, ela existia desde 1603 e, de acordo com o Código Mineiro da mesma
data, deveria ter uma função importante na arrecadação do quinto. Todo o ouro extraído
deveria ser levado a essa casa e fundido em forma de barra, da qual se deduzia,
automaticamente, o quinto da Coroa. Nas barras, assim fundidas, ficava impresso o selo real
e só assim o ouro podia circular.

Todas as descobertas deveriam ser comunicadas à intendência. Em seguida, os guardas-


mores delimitavam a zona aurífera em diferentes datas. Em dia, hora e locais previamente
anunciados, fazia-se a distribuição das datas: a primeira cabia ao descobridor, a segunda à
Coroa, que a revendia posteriormente em leilão, e, a partir da terceira, procedia-se por
sorteio, embora a dimensão das datas fosse proporcional ao número de escravos do
pretendente.

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A exploração das datas deveria iniciar-se num prazo de quarenta dias. Caso contrário, o
proprietário era obrigado a devolver o seu lote. Em caso de perda dos escravos, a data
poderia ser vendida.

Tributação em Minas – O objetivo da Coroa era garantir, por todos os meios, a sua renda.
Desde o século XVII, existia uma legislação minerada que estipulava o pagamento de 20%°
(1/5) do ouro descoberto e explorado. Com a descoberta do ouro em Minas, o primeiro
problema foi o de saber de que modo esse imposto - o quinto - deveria ser cobrado:

Utilizaram, basicamente, três formas: a Capitação, o Sistema de Fintas e as Casas de


Fundição.

A primeira a ser aplicada foi a Capitação, que era, na prática, um imposto que incidia sobre o
número de escravas de cada minerador, esperando-se, com isso, que a arrecadação
correspondesse ao “quinto”. Mas essa medida gerou revolta, pois os mineradores ficavam
sujeitos ao pagamento mesmo que seus escravos não encontrassem ouro algum.

Tentou-se, por isso, adotar o Sistema de Fintas, que consistia no pagamento, pela população
minerada, de 30 arrobas anuais fixas, que, teoricamente, corresponderiam ao quinto. Mas
quem não concordou dessa vez foi o rei, que obrigou a volta ao regime de capitação. Devido
a novas revoltas, ele recuou e aceitou o sistema de fintas, cujo pagamento foi garantido
pelas Câmaras Municipais locais. Esse sistema foi adotado em 1718.

O rei continuava insatisfeito. Secretamente fez os seus funcionários trabalharem para a


instalação das Casas de Fundição nas Minas. Segundo esse novo regime, os mineradores
seriam obrigados a enviar o ouro em pó para ser fundido e transformado em barras com o
selo real nas Casas de Fundição, onde o ouro seria automaticamente quietado.

Em 1719, o governador de Minas, o conde de Assumar, anunciou a instalação, para o ano


seguinte, das Casas de Fundição. A notícia deu origem a boatos, e os mineradores se
revoltaram em vários lugares. O governo de Minas, entretanto, contava com uma tropa
recém criada, os dragões, que foi imediatamente utilizada para sufocar as rebeliões.

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Em junho de 1720 eclodiu em Vila Rica um sério levante organizado por grandes
mineradores, ao qual aderiram, também, os setores populares encabeçados por Filipe dos
Santos. No processo, o movimento se radicalizou e acabou sendo controlado por este último.
Provavelmente por sua sugestão, os revoltosos chegaram a pensar em assassinar o
governador e declarar a independência da capitania.

Dezesseis dias depois da eclosão da revolta, Assumar ocupou Vila Rica com 1500 soldados
e pôs fim ao movimento. Filipe dos Santos foi sumariamente condenado e executado e o seu
corpo esquartejado.

Cinco anos depois dessa revolta, finalmente entraram em funcionamento as Casas de


Fundição (1725).

A Coroa e as autoridades coloniais achavam que o único modo de evitar o contrabando e a


sonegação era retirar o máximo das minas. Assim, o desvio do ouro, se continuasse, seria
menor. Por isso, dez anos depois, o rei ordenou o retorno ao sistema da capitação.

Em 1751, a capitação foi novamente abolida para se adotar um sistema conjugado: Casas de
Fundição e cobrança de cotas anuais fixadas em 100 arrobas (1500 kg). Além disso, ficou
estabelecido que, se as cotas não fossem pagas, toda a população ficaria sujeita à derrama
(cobrança forçada para completar as 100 arrobas). Esse recurso extremo e odiado pelos
mineiros foi um dos fatores que levaram à Inconfidência Mineira em 1789.

Distrito Diamantino – A opressão colonial havia se intensificado consideravelmente na


mineração do ouro. Mas foi na extração do diamante que se estabeleceu a forma mais
extrema dessa opressão.

Os primeiros diamantes foram encontrados em 1729, e o regime de extração era semelhante


ao do ouro até 1740. Dos diamantes extraídos pagava-se o quinto. Em 1740 alterou-se o
regime de sua exploração, mediante o regime de concessão e contrato, que consistia na
concessão de exploração a um único contratador, ficando este obrigado à entrega de uma
parte da produção diamantífera. O primeiro contratador foi João Fernandes de Oliveira,

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sucedido mais tarde por Felisberto Caldeira Brant. Esse sistema perdurou até 1771, quando
então se estabeleceu o monopólio real, com a instalação da Real Extração.

No tempo de Pombal (1750 - 1777), a extração ficou limitada ao Distrito Diamantino, atual
Diamantina, absolutamente isolado do resto da colônia. Sua administração era exercida pela
Intendência dos Diamantes, cuja criação data de 1734. No distrito, o intendente possuía
poder virtualmente absoluto, incluindo o direito de vida e morte sobre as pessoas de sua
jurisdição. Ninguém podia entrar ou sair do distrito sem sua expressa autorização. A fim de
evitar o contrabando, instalou-se um verdadeiro regime de terror, com estímulo à delação, o
que favoreceu a criação de um clima de medo e total insegurança.

O declínio da mineração. A partir da segunda metade do século XVIII, a atividade mineradora


começou a declinar, com a interrupção das descobertas e o gradativo esgotamento das
minas em operação.

O predomínio do ouro de aluvião, de fácil extração, não requeria uma tecnologia sofisticada.
Porém, à medida que esses depósitos aluvionais se esgotavam, era necessário passar para
a exploração das rochas matrizes (quartzo itabirito) extremamente duras e que demandavam
uma tecnologia com maiores aperfeiçoamentos. Chegando nesse ponto, a mineração entrou
em acentuada decadência.

A quase completa ignorância dos mineradores (o conhecimento que se tinha era fruto da
experiência) e a utilização pouco frequente de novas técnicas, por falta de interesse e de
capital, selaram o destino das minas no Brasil. A atividade se manteve porque a área de
exploração era grande e as explorações foram conquistando essa região até que ela se
exaurisse completamente nos inícios do século XIX. À Coroa só interessava o quinto. Assim,
a partir de 1824, já na época do Brasil independente, concedeu-se o direito de prospecção a
estrangeiros, que recomeçaram a explorar com melhores recursos técnicos e mão de obra
barata.

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U NIDADE 16
Objetivo: Continuar o estudo da evolução da economia brasileira. O que levou o crescimento
do Brasil, os seus principais ciclos, a um crescimento desordenado, causando um país
subdesenvolvido.

Título 1 - A Economia nos Fins do Século XVIII

O “Renascimento Agrícola” – A partir da decadência da mineração na segunda metade do


século XVIII, a agricultura exportadora voltou a ocupar posição de destaque na economia
colonial. Esse fenômeno foi chamado, pelo historiador Caio Prado Jr., de “renascimento da
agricultura”. Mas não foi apenas o esgotamento das jazidas que explica esse renascimento.
Outros fatores devem ser destacados.

O esgotamento do ouro ocorre no contexto da crise do Antigo Regime, motivada pelas pro-
fundas transformações na Europa. O renascimento agrícola esteve ligado, de um lado, ao
incremento demográfico do século XVIII e, de outro, à grande alteração da ordem econômica
inglesa em meados do século, com a Revolução Industrial.

Com isso, criou-se na Europa uma demanda intensa de produtos agrícolas para alimentar a
população em crescimento. Por outro lado, a Revolução Industrial, que se iniciou no setor
têxtil do algodão, ampliou consideravelmente a demanda por essa matéria-prima. O fornece-
dor tradicional do algodão era a Índia, agora incapaz de suprir satisfatoriamente a. crescente
demanda. No século XVIII, as colônias sulistas dos atuais EUA, importantes fornecedoras do
algodão, paralisaram suas remessas em virtude de seu rompimento com a Inglaterra e do
início da Guerra de Independência (1776 - 1781). As pressões das circunstâncias levaram a
Inglaterra a se voltar para outros mercados, favorecendo então o Brasil, que intensificou a
produção algodoeira.

A produção açucareira retomou, por seu turno, um ritmo acelerado de expansão, também, na
segunda metade do século XVIII, em virtude da Revolução Francesa (1789 - 1799), que

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estimulou as rebeliões coloniais antilhanas de dominação francesa, desorganizando a
produção açucareira e favorecendo a exportação brasileira. Importantes centros de produção
açucareira como o Haiti (colônia francesa) conheceram uma agitação sem precedentes. Em
razão disso, os engenhos do Brasil foram reativados, beneficiando-se da nova conjuntura.
Por fim, a neutralidade portuguesa diante dos conflitos europeus, desencadeados com a
Revolução Francesa, criou condições para o incremento de seu comércio colonial.

Todos esses acontecimentos contribuíram para alterar a fisionomia geoagrícola do Brasil. De


fato, a nova conjuntura estimulou a diversificação da produção. A produção do algodão teve
como centro o Maranhão. Outras regiões também se dedicaram ao seu cultivo, embora em
menor escala, como o extremo norte do Pará, Ceará, região do agreste nordestino, Minas e
Goiás. No caso do açúcar, além dos centros tradicionais nordestinos, novas áreas foram
ativadas no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Em São Paulo o quadrilátero do açúcar, formado pelas cidades de Mogi-Guaçu, Sorocaba,


Piracicaba e Jundiaí, iria preparar, no século XIX, o ingresso da cultura cafeeira.
Desenvolveu-se, também, o plantio do arroz no Maranhão e no Rio de janeiro, e de anil ou
índigo em Cabo Frio.

Nesse quadro de diversificação, a pecuária sulina teve um papel importante na definição de


fronteiras na Prata. Essa atividade teve a sua origem na destruição das missões jesuíticas
pelos bandeirantes paulistas. O gado criado pelos jesuítas se dispersou pelos campos do sul
e encontrou condições favoráveis para a sua multiplicação.

As primeiras atividades pecuárias no sul limitavam-se ao apresamento do gado solto para


dele extrair o couro, que era exportado (a carne não era consumida). Posteriormente, com a
mineração, a capitania de São Pedro (atual Rio Grande do Sul) ganhou vitalidade com a
exportação do gado, conforme já vimos.

Com o declínio da mineração, a região se integrou definitivamente ao resto da colônia com a


produção do charque (carne-seca), que será exportado para os centros urbanos e toda a
região litorânea do Rio à Bahia. Com as charqueadas consolidou-se o domínio português na
região platina.

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Título 2 - Período evolutivo da Economia Brasileira

 1957 a 1961 - Período de crescimento corresponderam ao Plano de Metas (JK)

 1968 a 1973 - Período de maior crescimento e endividamento na História do Brasil


(milagre econômico)

 1980 a 1983 - Período de maior crise brasileira (redução da atividades para ajustar as
necessidades de sua divida externa)

 1985 a 1986 - Crescimento em média 8 %

 1988 a 1990 - Nova crise, recessão.

 1990 a 1994 - Período Collor (abertura da economia e confisco)

 1994 a 2002 - Itamar e Fernando Henrique (Banda Cambial e Dólar flutuante)

Título 3 - Evolução do PIB Brasileiro

Produto Interno Bruto (PIB)


14,0
14 12,0
13 11,0
12 10,5 10,5 10,0
11 9,5 9,0 9,5 9,5
10 8,5 8,0 8,5 8,5 8,0
9 7,0 7,0 7,0 7,0
8 7,5
6,0 5,5 5,8
7 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0
6 4,5 4,5 4,2 4,4 4,24,5
5 3,7
3,0 3,0 3,0 3,0 2,7
4 2,5 2,5
3 1,5 1,0 1,5
1,0 0,8
2 0,0 -0,1
1 -0,5
0
-1
-2 -3,5 -3,5 -4,0
-3
-4
-5
1950 1965 1980 2000 20003

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U NIDADE 17
Objetivo: Entender como surgiram as necessidades de medir a evolução da economia,
através dos principais indicadores e a forma de contabilizar isso.

Título 1 - Macroeconomia e Microeconomia

A ciência econômica pode ser dividida em várias áreas, tais como: história do pensamento
econômico, teoria econômica, econometria, Microeconomia, Macroeconomia, economia
internacional, economia brasileira, e outras correlatas, tais como: custos industriais, mercado
financeiro e de capitais, cenários econômicos, conjuntura econômica, projeto de viabilidade
econômica, etc.

A distinção básica relevante se dá entre a micro e Macroeconomia. A Macroeconomia -


Estuda o conjunto de uma sociedade, tem como objetivo principal determinar os fatores que
interferem no nível total da renda e do produto de uma economia, já a Microeconomia -
Estuda os agentes econômicos individualmente (comportamento), como os consumidores e
as empresas.

Título 2 - MACROECONOMIA

CONTABILIDADE SOCIAL

RENDA E PRODUTO

Objetivo Fundamental da Macroeconomia - Determinar os fatores que influenciam o nível


total da renda e do produto do sistema econômico

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Para que medir a produção realizada no sistema econômico?

1º Deve-ser empregada de forma adequada, a fim de se conseguir maior quantidade de


Bens e Serviços.

Problema Fundamental da Economia

Escassez

a. A Crise econômica 1929 - Redução das atividades econômicas.

Resultado = Desemprego, dentre outros problemas.

b. Duas grandes Guerras mundiais

A partir desta época, os economistas e administradores passaram a sentir a necessidade de


criar meios para avaliar as atividades econômicas. Surgiu:

Contabilidade Nacional ou Social - Fornecer de forma quantitativa, o desempenho global de


uma economia. Fornece os meios para análise do conjunto da economia de uma sociedade.

Como medir a Produção? (Produção contínua)

Fatores Determinantes:

1º Período de Tempo Um ano (Jan a Dez)

2º Unidade de medida comum Termos monetário (preço)

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Produto
Duas Óticas
Renda

Produto de uma economia - Soma dos valores monetários bens e serviços, voltado para o
consumo final, e produzido em um período de tempo.

Renda de uma economia - Soma da remuneração para aos fatores de produção durante o
processo produtivo.

Renda = Salários + Aluguéis + Juros + Lucros

Produto - Total das vendas num determinado período de tempo mais estoques avaliados a
preço de mercado.

Vendas - Corresponde a receita dos empresários - vendas dos produtos

Vendas

Receita

Remuneração dos
fatores

Salários Juros Aluguéis Lucros

Esgotamento

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Título 2 - Identidade Fundamental da Teoria Macroeconômica

Renda = Produto (Economia simples)

Exemplo

Produto Renda
- Alimentos - Salários = 5 b
- Vestuário - Aluguéis = 3 b
- Habitação - Juros =1b
- Educação - Lucros =1b
- Transporte
10 Bilhões 10 Bilhões

Contabilidade Nacional - Método de mensuração e interpretação da atividade econômica.

Objetivo - Medir a produção que se realiza num sistema econômico, num determinado
período de tempo.

Contabilidade Nacional
(mede)

Produto da Economia

Agregados

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U NIDADE 18
Objetivo: Estudar os principais indicadores, denominados de agregados Macroeconômicos.

Título 1 - Agregados Macroeconômicos

Produto Interno Bruto (PIB) - Soma dos valores monetários dos bens e serviços finais,
produzidos a partir dos fatores de produção que estão dentro das fronteiras geográficas do
país.

Governo Federal Consumidores

Governo Estadual

Agentes econômicos

Governo Municipal Produtor

Como Consumidor - Aquisição de bens e serviços para as repartições.

Como Produtor - Fornece a população Serviços públicos.

Desempenho do Papel do Estado

Dinheiro
Tributação

Atividades econômicas

Consumidor final

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O Governo tem interesse que determinado produto tenha preços baixos, subsidiado os
mesmos - Subsídio - Visa à diminuição dos custos de produção.

Título 2 - Duas maneiras de medir o PIB

1. Produto Interno Bruto a Preço de Mercado (PIB p.m.)

É a soma dos valores monetários dos bens e serviços produzidos, computando os


impostos indiretos e subtraindo-se os subsídios

2. Produto Interno Bruto a Custo de Fatores (PIB c.f.)

Subtraindo-se os impostos e somando-se os subsídios

Presença do Governo

Possibilidade de Modificar

Sistema Econômico

PIB p.m. e PIB c.f. - São úteis na medida em que é necessário avaliar quantitativamente a
presença do Governo no sistema econômico.

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Em 1 ano esse país tenha apresentado:
Exemplo
- PIB p.m. - 250 Bilhões
Imaginemos:
- Impostos Indiretos - 50 Bilhões
País
- Subsídios - 40 Bilhões
- Consumidores
A partir destes dados podemos obter o PIB c.f. = 240 b.
- Empresas
- Governo
- Resto do mundo Resumo:
250 Bilhões (PIB p.m.)
- 50 Bilhões (impostos indiretos)
+40 Bilhões (Subsídios)
240 Bilhões (PIB c.f.)

Produto Interno Líquido (PIL)

Durante o processo produtivo, as máquinas, equipamentos etc. se depreciam.

Após a depreciação obtemos o Produto Interno Líquido a Custo de Fatores

Ex.: Anterior

240 Bilhões (PIB c.f.)

50 Bilhões (depreciação)

190 Bilhões (PIL c.f.) ou Renda Líquida

PNB (Produto Nacional Bruto)

É o valor agregado de todos os bens e serviços resultantes da mobilização de recursos


nacionais (pertencente à residente no país), independente do território econômico em que
esses recursos foram produzidos.

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PNL (Produto Nacional Líquido)

Integração entre Países

Deslocamento de fatores de
Fator Capital
produção

Transferência de Renda

Subtraindo do PIL c.f. a renda enviada ao exterior e somando a renda recebida do exterior,
teremos o Produto Nacional Líquido a Custo de Fatores (PNL c.f.) ou Renda Nacional
Líquida a Custo de Fatores (RNL c.f.) ou RN (Renda Nacional)

Ex.: Anterior

O país envia para o exterior 20 bilhões a título de remuneração dos fatores e recebe 15
bilhões como remuneração dos fatores que se encontra no exterior, mas que são
propriedades de seus cidadãos o PNL c.f. é 185 Bilhões

190 Bilhões (PIB c.f.)

-20 Bilhões (Renda enviada ao exterior)

+15 Bilhões (Renda recebida do exterior) = 185 Bilhões (PNL c.f.) ou (RNL c.f..) ou RN

Renda Pessoal (RP)

Agregado Macroeconômico destinados aos consumidores no país.

185 Bilhões (PNL c.f.)

- 70 Bilhões (Impostos renda das empresas e contribuição a previdência)

+ 50 Bilhões (benefícios prev. Social)

+ 5 Bilhões (Juros pagos pelo Governo) = 170 Bilhões (Renda Pessoal)

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Renda Pessoal Disponível (RPD)

Quantidade que permanece em poder das pessoas para ser consumido ou poupado

170 Bilhões (RP)

- 30 Bilhões (imposto renda pago pelas pessoas) = 140 Bilhões RPD

Título 3 - Distribuição de Renda

1º Aspecto.

 O problema das regiões

 a renda estará concentrada onde houver maior remuneração dos fatores de


produção.

2º Aspecto

 Distribuição entre as pessoas

 Renda Per Capita - É um indicador de quanto caberia a cada pessoa

3º Aspecto

 Distribuição da renda entre os fatores de produção (capital e trabalho)

 Contas Nacionais

Título 4 - Histórico:

 Quesnay - Preocupação de natureza quantitativa;

 Lovoisier 1791 - Avaliação qualitativa da renda nacional

 Somon Kuznets 1920 - Levantamento sistemático nos estados unidos.


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 URSS começa a divulgar os dados econômicos oficiais.

 Depressão 1929 - Necessidade de registros sistemático e contínuo da Economia

 Keynes 1936 - O mais importante publicação para o entendimento do sistema


macroeconômico

 II Guerra Mundial - Evidenciação da necessidade da intervenção do Governo na


Economia.

 Fim da Guerra 1945 - Necessidade de elaboração dos sistemas de contas nacionais,


apresentados em forma contábil.

 1953 ONU - Elaboração do sistema de contas nacionais, também utilizado no Brasil


(desde 1947).

 1953 FGV - Assimilação das contas nacionais brasileira

Contas Nacionais do Brasil 1980 / 1988 (R$ mil)

Especificação 1980 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988
1. Produto Interno Bruto
a custo de fatores 11.188 22.142 45.924 107.009 359.537 1.288.925 3.295.993 10.697.642 83.739.004
menos: renda líquida
enviada ao exterior 396 997 2.592 9.770 32.145 72.732 162.217 616.220 3.394.688
2. Produto Nacional Bruto
(Renda nacional) a custo
de fatores 10.792 21.145 43.332 97.239 327.392 1.216.193 3.133.776 10.081.422 80.344.316
mais: Tributos Indiretos 1.674 3.170 6.355 15.024 40.257 146.167 466.853 1.398.284 9.212.303
menos: Subsídios 460 658 1.254 3.106 6.147 21.780 53.897 196.015 998.817

3. Produto Nacional Bruto


a preço de mercado 12.006 23.657 48.433 109.157 361.502 1.340.580 3.546.732 11.283.691 88.557.802

menos: tributos diretos e


indiretos 3.058 6.048 12.771 29.394 84.247 311.471 928.330 2.640.816 18.161.335
menos: outras receitas
líquida do Governo (120) (265) (646) (1.809) (2.822) (12.019) (60.673) 257.651 2.939.420
mais: transferência e
Subsídios 1.106 2.455 4.721 12.364 34.450 166.716 268.301 1.993.299 23.211.547
Renda Disponível do
Setor Privado 10.174 20.329 41.029 93.936 314.527 1.207.844 2.947.376 10.378.523 90.668.594

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U NIDADE 19
Objetivo: Estudar as duas abordagens analisadas na unidade dos pensadores Say e Keynes
a aplicação prática..

Título 1 - Componente do Consumo

 Último agregado macroeconômico é a renda pessoal

 Montante que as pessoas têm a seu dispor para consumo ou poupar.

Pessoa

Salário Satisfação

Bens não Serviços de Bens


duráveis consumo duráveis
Alimentos Aluguel Eletrodoméstico

Roupas Saúde Automóveis

Etc. Transporte Etc.

Título 2 - Poupança e Investimento

 A renda pessoal é gasta com consumo de bens, duráveis, não duráveis e serviços.

 Entretanto, as pessoas podem realizar todas as suas despesas e ainda restar uma
parte e poupar.

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S= Y- C

Y= C+ S

S = Poupança (Saving)

Y = Renda (Yield)

C = Consumo

 A renda e composta pelo consumo e pela poupança

 O que as pessoas fazem com a parcela que não é consumida?

Fluxo Monetário = Fluxo Real

Remuneração Fatores Bens e Serviços

Renda = Produto

Volta a Pergunta:

 Uma parte do produto não será vendida.

 Variação nos estoques Bens ñ vendidos

Variação do Estoque = Poupança

 Do lado real a formação de estoque = Investimento

S = I

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S - Poupança

I = Investimento

O investimento, também, é formado pelas despesas realizadas pelo empresário

Ex.: Aquisição de Equipamentos e construção novas unidades

Determinação da Renda e do Nível de Atividade

O Princípio da Demanda Efetiva

Pleno Emprego - Situação da utilização de todos os fatores de produção.

Lei de Say - A oferta cria sua própria procura (teoria otimista dos Clássicos) ----- (Crises).

Princípio da Demanda Efetiva - Keynes e Kalecki - Era o inverso da lei de Say “A Demanda
determina o nível de produção”

SAY Keynes / Kalecki

Produção Produção

Renda Renda
Vazamento

Serviços Bens Serviços

Mercado

Vazamento - Sistema Financeiro

Bancos Juros

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Uma Economia Fechada e sem Governo

Trabalhadores
Economia Fechada e sem Governo
Empresários

Governo

Setor Externo

Empresários Trabalhadores

Capital Trabalho

Pleno Emprego
Produto desta Economia?

 Salários (W) - Trabalhadores

 Lucro (L) – Empresários.

Y = W + L
Y = Produto ou Renda (yields)

W = Salários (Wages)

L = Lucro

Trabalhadores

W = Cw
Cw = Consumo dos trabalhadores

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Empresário

L = C1 + S
C1 = Consumo empresários

S = Poupança (saving)

D = Cw + C1 + I

Título 3 - Princípio da Demanda Efetiva

O nível do produto é determinado pela Demanda

W + L = Cw + C1 + I

L = C1 + I

L - C1 = I

S = I

Igualdade fundamental da Economia

 Quando a poupança igual a investimento o sistema está em equilíbrio

S = I

Oferta = Demanda
 Tudo que é produzido é consumido - Economia de Say

 Obs.: Nada garante que os empresários apliquem suas poupanças na produção


(investimento).

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 Se eles estivessem pessimistas em relação ao futuro?

S > I
Título 4 - RESUMO:

O Fluxo Circular da Economia Capitalista

Fatores externos (crises,


Risco-Brasil etc.)

Mercado de
produtos e serviços G
to as
en to
s
m
ra $ $
tu
fa
pr
t os od
odu ut
os
pr

serviços serviços
Empresas $ Governo $ Unidade Familiares
tributos tributos
Cu
sto

o
lh
s
$

ba
tra
ins
um
os

$
lário

Mercado de fatores de produção


sa

(capital, trabalho...)

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U NIDADE 20
Objetivo: Entender a Teoria Monetária, surgimento da moeda como meio de troca. A Maior
descoberta da História”

Título 1 - Introdução a Teoria Monetária

 Moeda - É tudo aquilo que serve como meio de troca num sistema econômico.

 Breve Histórico: 2100 a. C.

Antes do surgimento da moeda, todos viviam a procura de novos instrumentos de troca


capazes de medir o valor dos bens. Entre os inúmeros meios de troca já testados antes da
criação da moeda, os animais têm lugar de destaque. Na Grécia, no século VIII a.C.,
faziam-se as contas tomando o boi como parâmetro: uma mulher valia de vinte a quarenta
cabeças de gado; um homem, cem.

Servindo como meio de pagamento, o sal circulava em vários países (dai vem o termo
salário), como exemplo a Libéria, onde trezentos torrões compravam um escravo. Entre as
versões primitivas de moeda, as conchas foram, sem duvida, as mais difundidas.
Especialmente os cauris (espécie de búzio), que nos séculos XVII e XVIII virou a moeda
internacional; metade do mundo entesourava e comprava cauris

As primeiras moedas gregas começaram a serem cunhadas a partir do século VII a.C.
Com figuras de animais verdadeiros, plantas e objetos úteis ao homem.
As moedas primitivas mais famosas eram a coruja, o pegasus e a tartaruga.
As tartarugas foram as primeiras moedas a serem cunhadas na Grécia, seus exemplares
mais antigos são de 625 a.C. e durante um século foram elas que ditavam as leis nas trocas

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comerciais. Essas moedas representavam Egina, florescentes empório comercial do
Peloponeso e eram mais valiosas que as corujas, valiam o dobro: 2 dracmas (dracma –
unidade da moeda de prata).

Por volta do ano 525 a.C., Atenas cunhou uma moeda esplêndida no valor de 4 dracmas, a
tetradracma. Estas moedas estão entre as mais fascinantes da Antiguidade e por quase dois
séculos não sofreram modificações. Após a vitória da batalha de Salamina, contra os persas
(480 a.C.), os atenienses cunharam uma moeda no valor de dez dracmas, o decadracma.

Aos poucos, todas as cidades gregas começaram a cunhar moedas com efígies divinas.

De simples instrumentos de troca, as moedas transformaram-se em obras de arte. Pelo bom


gosto, pelo requinte da cunhagem, pelo relevo acentuado por figuras em perfeita harmonia
com a espessura do metal, as moedas gregas são únicas partindo da Grécia, uma enxurrada
de prata inundou todos os países conhecidos da época com uma variedade de tipos de
moedas.

Em Acrópole de Atenas, no Partenon, criou-se uma coleção de moedas preciosas do mundo


inteiro (o "Tesouro de Delos").

Enquanto isso, o templo de Apolo em Delfos, transformava-se no primeiro banco


internacional do mundo. Nascia assim, a profissão de banqueiro, e com ela surgia o sistema
de empréstimo a juros.

Título 2 - As Modalidades da Moeda:

1. Moeda Metálica - Moeda cunhada em metal precioso que trazia no verso o seu peso.

2. Papel Moeda - Recibo emitido pelo cunhador assegurava a seu portador certa
quantidade de ouro expresso no documento.

3. Moeda Escritural - Criada pelo sistema bancário, ao emprestar ou aplicar uma


quantidade de moeda superior a que era depositada

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As Modalidades da Moeda

4. Moeda Fiduciária - Emitida pelos bancos centrais de cada país, tendo curso
obrigatório por lei,

5. Padrão Ouro - Sistema monetário em que o papel moeda emitido pelas autoridades
monetárias tem uma relação com a quantidade de ouro que o país possui (extinto).

6. Encaixe - Porcentagem dos depósitos feitos num banco, que não pode ser
emprestado. Determinado pelo BACEN.

Título 3 - AS Funções da Moeda

1. Meio de instrumento de troca;

2. Reserva de Valor - Valor estável (inflação)

3. Unidade de Conta - Necessidade das pessoas e das empresas registrarem suas


operações e transações econômicas, medidas comum a todos os bens e serviços.

4. Padrão de Pagamento - Realização no futuro.

Demanda por Moeda:

 Razão que leva as pessoas a demandarem moeda.

o Meio de maior Liquidez.

Razão que leva as pessoas guardarem moeda.

1. Demanda da moeda para transações - Quitar suas dívidas durante o mês.

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2. Demanda de moeda por precaução - Guardar para o imprevisto

3. Demanda de moeda para especulação -

A demanda por moeda tem um componente influenciado pela taxa de juros.

Md

0 A Md

Oferta de Moeda

Mo

0 B Mo

Determinação da taxa de Juros de Equilíbrio

99
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 Taxa de juros de equilíbrio - É determinada no mercado monetário, onde a oferta de
moeda se iguala à sua demanda.

io E

Md
0 Mo Mo ; Md

Taxa Juros de Equilíbrio

Variação da Taxa de Equilíbrio

io
i’o

0 Mo M’o Mo ; Md

100
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Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.

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U NIDADE 21
Objetivo: Compreender o principal indicador econômico, a inflação.

Título 1 - Inflação

É o aumento contínuo e generalizado dos preços.

Característica

Generalizada e contínua - Faz com que a inflação seja um processo e não uma ocorrência
passageira.

 Uma economia é inflacionária quando os preços aumentam continuamente e por um


longo período de tempo.

 Outro fator é o aumento de preço se estender para todos os bens e serviços


produzidos pela economia.

 A inflação é medida através de números – índices. No Brasil, são usados:

1. Índice de preço ao consumidor (IPC) – Indica as variações médias dos preços de uma
cesta de bens e serviços de consumo, ponderadas por suas participações. Bens mais
usados pelas unidades familiares.

2. Índices de preços por atacado (IPA) – Evolução dos preços em nível de


comercialização no atacado (considerado um número maior de bens usados pelas
famílias e pelas empresas).

3. Índice da construção civil (ICC) – É um índice que acompanha apenas a evolução dos
preços dos materiais, equipamentos, e mão de obra empregada na construção civil.

4. Índice Geral de Preço (IGP) - É a média ponderada dos índices anteriores, com pesos
diferentes. É a medida oficial da inflação no Brasil.
102
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Obs.: O IPC nos doa uma ideia clara de seu objetivo, que é medir a evolução de todos os
preços da economia.

Título 2 - As Consequências da Inflação:

1. Sobre a distribuição de renda - Os trabalhadores saem perdendo, pois seus salários


são reajustados periodicamente, ao passo que os preços de bens e serviços sobem
quase diariamente.

2. Sobre a balança comercial - Com a inflação, os preços dos bens e serviços produzidos
internamente tendem a ficar mais carros que os importados.

3. Sobre as expectativas - As incertezas dos empresários a respeito de suas taxas de


lucros futuras fazem com que diminuam os investimentos.

Outras Consequências:

Distribuição da Moeda; destruição da estrutura e da logicidade do sistema de troca;


desarticulação de suprimentos nas cadeias de produção; regressão das atividades
produtivas á linha de subsistência; queda do nível de emprego; possível ruptura do tecido
Social e possível ruptura política institucional.

Título 3 - Tipos de Inflação

1. Inflação de demanda - É causada pelo crescimento dos meios de pagamento, que não é
acompanhado pelo crescimento da produção.

1.1. Excesso de dinheiro na economia

103
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Um caso típico de inflação de demanda

Ponto de Pleno
P OA Emprego

PA2
PA2

PA1
PA1

PA0
PA0

Q0 Q1 Q2 Q

2. Inflação de Custos - Trata-se de movimentos de alta originários da expansão dos custos


dos fatores mobilizados no processamento da produção de bens e serviços.

A demanda permanece inalterada enquanto aumentam os custos de produção, que são


repassados para os preços das mercadorias.

Um caso típico de inflação de Custos

OA Ponto de Pleno
Emprego

PA

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Título 4 - Inflação Estrutural

As teorias estruturalistas buscam explicações para inflações altas e crônicas, que ocorrem na
maior parte das Economias de baixa renda.

As causas:

a. baixa elasticidade de oferta dos produtos agrícolas;

b. o desequilíbrio crônico do Balanço de Pagamento;

c. desigualdade de distribuição da renda e da riqueza e

d. rigidez e a tendência expansionista dos orçamentos públicos.

Inflação Inercial

É a resistência que os preços de uma economia oferecem ás políticas de estabilização que


atacam as causas primárias da inflação.

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U NIDADE 22
Objetivo: Entender o principal instrumento para frear a inflação utilizada por vários governos.
O estudo de caso do Brasil

Título 1 - Metas de Inflação no Brasil – estudo de caso no Brasil após Plano Collor

Os defensores das regras criticam os economistas adeptos da condução discricionária da


política monetária pela possibilidade dos governantes utilizarem-na para fins eleitoreiros ou
para financiar déficits públicos originários de uma incapacidade de administrar
adequadamente seus gastos. E moeda é um ativo muito importante na economia porque é a
origem do mal denominado inflação: "a inflação é sempre e em todo lugar um fenômeno
monetário", célebre frase de Milton Friedman, resume muito bem esta linha de pensamento.
Ademais, regras evitam dúvidas acerca do comportamento da Autoridade Monetária e
contribuem para estabilizar as expectativas dos agentes e, portanto, estabilizar as variáveis
macroeconômicas.

Por sua vez, os que defendem o poder discricionário na condução da política monetária
criticam seus opositores porque as regras engessam a Autoridade Monetária e impedem que
ela responda a choques e, então, evite resultados desfavoráveis aos agentes econômicos.

Na década de 90, uma novidade passou a "dominar" este debate e passou a ser adotada em
vários países: o arcabouço (ou regime) de metas de inflação. Trata-se de uma tentativa de
combinar os benefícios das regras com poder discricionário. Logo, neste regime a Autoridade
Monetária fica responsável por conduzir a política monetária de modo que a meta
estabelecida para a inflação seja atingida.

No entanto, não há apenas um valor central para a meta (no Brasil, para 2002, este valor foi
de 3,5% com a inflação oficial sendo o IPCA - índice de preços ao consumidor amplo - do
IBGE), mas um intervalo em torno deste valor no qual deveria ficar a inflação (de 2 pontos
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percentuais no Brasil, para 2002: logo a inflação deveria ficar entre 1,5% e 5,5%). Tanto o
valor central como a amplitude do intervalo dão informações relevantes sobre a condução da
política monetária e sobre a capacidade da Autoridade Monetária cumprir seu compromisso.
Basta pensar em casos extremos de um país que estabelece uma meta de 8% com um
intervalo de 7 pontos percentuais (logo, a inflação deste país pode ficar entre 1% e 15%) e
outro que estipula uma meta de 12% com um intervalo de 1 ponto percentual (que significa
inflação entre 11% e 13%).

Uma das vantagens do regime de metas é que, além de estabelecer um intervalo para a
inflação que permite algum grau de discricionariedade na condução da política monetária,
possibilita que a Autoridade Monetária responda aos choques sofridos pela economia, sem
abandonar um comportamento "coerente" de buscar atingir a meta estabelecida, ancorando,
então, as expectativas dos agentes econômicos.

Este sistema tem como elementos centrais a transparência nas decisões e na forma de
proceder e uma maior comunicação com o público. É neste esforço que os bancos centrais
divulgam atas detalhadas das decisões tomadas sobre a política monetária, além de análises
sobre a evolução das principais variáveis macroeconômicas.

No Brasil, o Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central) divulga as atas de suas
reuniões uma semana após as mesmas, com análise dos condicionantes da decisão tomada,
além de projeções da inflação para o ano corrente e o próximo (e as hipóteses deste
exercício). Trimestralmente são divulgados os denominados "Relatórios de Inflação", com
uma análise detalhada da economia brasileira, discussões acerca do modelo de previsão do
Banco Central e projeções de inflação e crescimento.

Entretanto, o sistema de metas de inflação combina não apenas os benefícios das regras
com o poder discricionário, mas, também, seus custos. No Brasil, em meados de cada ano
são anunciadas a meta e o intervalo de flutuação a vigorarem em um ano e meio. Ou seja,
exemplo: em junho de 2002 foi anunciada a meta para 2004.

Quando acompanhado de anúncio de revisão da meta, se torna um gesto interpretado por


alguns como um sinal de fraqueza do Banco Central que enfim cedendo assim críticas de

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que persegue uma inflação "muito baixa". Além disto, trata-se de uma alteração de um
compromisso previamente definido, depois de não ter cumprido o estabelecido para 2002.

O valor central para a meta em 2004, definido em meados de 2002, era de 3,25%, com um
intervalo de dois pontos percentuais. Logo, a Autoridade Monetária mirava uma inflação entre
1,25% e 5,25%. Logo depois o valor central foi alterado para 7,0%, com um intervalo de
flutuação de 2,5 pontos percentuais. Então, a inflação deveria ficar entre 2,5% e 9,5% em
2004.

O importante é que o regime de metas de inflação tem uma flexibilidade que permite estas
revisões, desde que justificadas. E as interpretações da revisão para o ano de 2004 (como
exemplo) refletiram, em parte, aquelas duas amplas visões anteriormente apresentadas.
Para os que entenderam como mais um arranhão à credibilidade do Banco Central, o regime
de metas é equivalente a uma regra que, portanto, não deve ser alterada.

Algumas visões deste grupo chegam até a pensar a política monetária como uma instituição,
sobre a qual não devem pairar dúvidas, em especial em ano eleitoral. Para os simpatizantes
da condução discricionária da política monetária, enfim o Banco Central admitiu que havia
algum erro "estrutural" na definição de uma meta "tão baixa". De todo modo, esta decisão
não tem nenhum traço eleitoreiro, foi tomada durante o procedimento regular de anúncio das
metas.

O importante é o compromisso com a estabilidade de preços. No Brasil conhecemos bem os


efeitos devastadores de inflações elevadas. Mas este compromisso não deve ser seguido
cegamente. É importante explorar as flexibilidades que o regime de metas de inflação
permite existir, uma vez ocorridos choques adversos significativos, para se chegar a
resultados satisfatórios para os diversos setores da sociedade, sem comportamentos
oportunistas.

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Título 2 - Veja a seguir um histórico da inflação durante vários planos econômicos:

A inflação teve queda acentuada após o Plano Real. Considerado o período de julho de 1994
até maio de 2000, a taxa média de inflação, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor
Amplo/IPCA, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, foi de
apenas 11,4 % ao ano, o que contrasta com a média de 1.280,9% ao ano, durante os cinco
anos anteriores (1988 - 1993).

A continuidade da estabilização econômica foi assegurada em 1999, apesar da crise cambial


que atingiu o país no início desse ano, no bojo das crises asiática e russa.

As medidas adotadas pelo Governo para controle da inflação afastaram o cenário de


aprofundamento da recessão e do desemprego. Além da desvalorização do câmbio, outros
fatores pressionaram os preços, tais como o aumento das cotações internacionais de
petróleo, o ajuste de tarifas públicas e uma entressafra pressionada pela seca. Entretanto,
esses fatores não produziram aceleração expressiva dos preços ao consumidor, que ficaram
dentro das metas de inflação definidas pelo Governo.

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O repasse da elevação cambial aos preços foi pequeno e restrito aos bens transacionados
com o exterior e a alguns preços administrados. A desvalorização e a alta nos preços do
petróleo afetaram mais o IGP–DI (composto por produtos, mais sensíveis aos preços
externos) do que os índices de inflação no varejo. O IPCA, índice de preço utilizado pelo
Banco Central para monitorar as metas de inflação do ano, encerrou 1999, em patamar
inferior a 9% e o acumulado em doze meses em maio de 2000 situa-se abaixo dos 7%.

Nos primeiros meses de 2000, a taxa de inflação medida pelo IPCA apresentou a maior
queda desde a criação desse índice. Esse comportamento indica que o impacto da variação
cambial já foi superado, e que a inflação retoma sua trajetória de queda firme e persistente,
observada a partir do Plano Real.

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A mesma metodologia é utilizada para o período de 2008 e 2009, já com projeção para 2010
a 2014.

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U NIDADE 23
Objetivo: Entender como utilizar técnicas de montagem de cenários econômicos para fins de
projeções, tanto para o Governo como para as indústrias se planejarem para o futuro.

Título 1 - CENÁRIOS MACROECONÔMICOS

A teoria macroeconômica tem como fundamento a premissa de que o sistema


macroeconômico deve atingir sempre um equilíbrio de oferta e demanda favorável ou não,
nos diversos mercados.

Cenários macroeconômicos são projeções econômicas consistentes entre si e com a


hipótese adotadas para as variáveis econômicas exógenas.

Variáveis exógenas são aquelas variáveis sobre as quais se pode prever um comportamento
a partir de determinadas restrições. Normalmente dependem de decisões do governo. Por
exemplo, pode-se construir um cenário considerando o PIB, a taxa de juros e a taxa de
câmbios como varáveis exógenas.

Variáveis endógenas são aquelas cuja evolução é definida pelo comportamento das variáveis
exógenas. Por exemplo, poderíamos considerar a inflação como variável endógena seguindo
o exemplo anterior. Ou seja, o comportamento da inflação vai depender do comportamento
das variáveis exógenas taxa de câmbio, taxa de juros e nível de atividades da economia
(PIB).

Alterações nas variáveis exógenas - Políticas econômicas e parâmetros – desequilibram os


mercados.

O objetivo da construção de cenários econômicos é justamente buscar, definir e mostrar


como as variáveis endógenas reagirão para recobrar o equilíbrio.

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Título 2 - Políticas econômicas

Com objetivo de controle das variáveis Exógenas e Endógenas o Governo utiliza-se de


ferramentas chamadas de políticas econômicas. O governo utiliza as políticas para equilibrar
ou expandir o mercado. São três formas que o Governo pretende fazer para com o Mercado:
Estabilizar, expandir e contrair, que chamamos de Política Estabilização, Política
Contracionista e Política Expansionista.

Política Estabilização – Tem como objetivo estabilizar a economia como um todo. Essa
política é utilizada em momento de alta Inflação.

Política Expansionista – Tem como objetivo fazer com que a economia (todo mercado)
cresça, sem que haja inflação.

Política Contracionista – Tem como objetivo fazer o mercado recuar, evitando inflação
elevada – utilizada em momento de inflação galopante.

Para cada política o governo pode utilizar de três (03) meios para alcançá-las: 1) Política
Monetária, 2) Política Fiscal e 3) Política Cambial.

Política Monetária – Refere-se a mexer na liquidez do Mercado (Moeda), ele simplesmente


coloca ou tira moeda de circulação. São os principais instrumentos de política monetária:

1) a fixação da taxa básica de juros;

2) as operações de compra e venda de títulos no mercado aberto;

3) o recolhimento compulsório sobre os recursos à vista, os depósitos a prazo e os


depósitos de poupança;

4) as operações de redesconto com os bancos.

A mais conhecida é o recolhimento compulsório, percentual que não pode ser emprestados
pelo banco, exemplo: a cada x unidade monetária x% não pode ser emprestado. Quando o

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Governo quer retirar moeda de circulação ele aumenta o recolhimento compulsório ou o
contrário. Outra forma muito conhecida e a Taxa de Juros (custo do dinheiro), ele
simplesmente aumenta ou diminui a taxa de juros.

Política Fiscal

Para estimular tanto os investimentos privados, como as exportações líquidas, geralmente há


necessidade de aumento dos gastos do governo, ou isenção de impostos na realização de
investimentos internos, ou de estímulos às exportações. O aumento das exportações líquidas
pode ser combinado com os aumentos dos impostos de importação, estabelecimentos de
quotas e isenção de tributos das exportações. O governo pode expandir os gastos (G).
Concedendo aumentos salariais para funcionários públicos, ou aproveitando a oportunidade
para melhorar o sistema de transporte ou transferir renda paras as populações pobres.

Na segunda situação o potencial de oferta encontra-se à esquerda da renda de equilíbrio,


como em Y¹pe (gráfico) nesse caso, há um hiato inflacionário representado pelo segmento
ab, que é igual à diferença [(S + T) – (I + G + X – M)] < 0. Na parte B da figura XX, o hiato
inflacionário apresenta-se igual á diferença [Ys – (C + I + G + X – M)] < 0. Nesta situação, o
equilíbrio poderá ser obtido pela redução dos gastos do governo, corte de investimentos e
aumento de impostos e das importações. A contenção dos gastos tende a deslocar para
baixo a linha (I + G + X – M), assim como a função demanda agregada (C + I + G – M),
estabelecendo o equilíbrio de renda no ponto b.

A política fiscal, nesse caso, toma a forma de elevação de impostos, contenção dos salários
dos funcionários públicos e dos trabalhadores, o que reduz a renda disponível e o consumo
da população, além de desestimular os investimentos privado. O consumo e o investimento
podem ainda ser contidos pela elevação da taxa de interna de juros. A Política Tributária
pode afetar, ainda, as exportações e facilitando as importações, o que tende a elevar a dívida
externa do país.

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Política Cambial

Os instrumentos cambiais são os principais componentes da política cambial do governo de


qualquer país. Sua utilização é de competência exclusiva do governo federal, na medida em
que o poder decisório sobre sua utilização foge da alçada e da competência dos governos
estaduais. A política cambial exerce grande influência sobre a política aduaneira
(exportações e importações) de um país.

- taxa de cambio é o preço em moeda nacional de uma moeda estrangeira.

Título 3 - Tipo de Câmbio:

Cambio fixo: a moeda nacional tem uma única taxa de troca com o dólar e com cada uma
das moedas vinculadas ao dólar. Os países mantêm o mesmo poder de paridade sendo a
taxa determinada pelo governo (que também pode efetuar reajuste). Uma vantagem dessa
taxa é permitir a integração dos mercados internacionais em uma rede de mercados e uma
desvantagem é o artificialismo do sistema para economias inflacionárias com desequilíbrio
na balança de pagamentos. O Banco Central-BC é obrigado a honrar o valor da moeda: um
aumento na compra de dólares, pressão para queda no valor da moeda local, o BC usa as
reservas de US$, vendendo a moeda e reduzindo a pressão.

Banda Cambial – O Governo determina uma banda para que o dólar flutue dentro desta
banda, um valor mínimo e um valor máximo, se ultrapassar o governo compra dólar do
mercado mais barato, o contrário ele vende dólar, fazendo com que o valor flutue sempre
dentro da banda cambial. É uma política semelhante ao cambio fixo, porém com uma
margem de flutuação.

Cambio flutuante: há um único valor em relação ao dólar, mas a taxa flutua conforme a
oferta e procura no mercado de divisas. Se ocorrer muita procura por dólar, sua cotação
aumenta e a moeda local se desvaloriza. Se o movimento é no sentido de venda de dólares,

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sua cotação cai e a moeda nacional se valoriza. Sua principal vantagem é que o valor de
todas as moedas é estabelecido a um preço que busca o equilíbrio do mercado de divisas. O
BC só intervém se considerar as oscilações exageradas.

Diante dessas medidas que o Governo pode adotar em suas políticas pode-se, a partir daí,
traçar um provável cenário da economia nos próximos semestres, renovando sempre a cada
semestre.

Cenário Pessimista – i  I  D  X  G  L  En 

Cenário Otimista - i  D  X  G  L  En 

Legenda: i = Juros, I = Inflação, D = Dólar, X = Exportações, G = Gastos do Governo, En =


Emprego

Passo a passo para montar o cenário:

Legenda:

Viés de queda

Viés de Alta

Baseado nos prováveis cenários acima; escolhem-se as variáveis exógenas e endógenas:

Taxa de Juros

Inflação

Dólar
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Crise mundial

Barril de Petróleo

Safra Agrícola

Título 3 - CENÁRIOS 2009

Variável Otimista Pessimista

Taxa de Juros

Inflação

Dólar

Crise mundial

Barril de Petróleo

Safra Agrícola

Baseado nas informações do dia a dia determina o provável cenário para o próximo
semestre.

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U NIDADE 24
Objetivo: Entender sobre o comportamento do consumidor. Abordar a Microeconomia, como
surgiu a necessidade de prever o comportamento dos consumidores e empresários, as
primeiras abordagens e como medi-las.

Título 1 - Introdução a Microeconomia

Num sistema econômico existem dois fluxos:

1. Fluxo Real - Formado pelos bens e serviços (Produto)

2. Fluxo Nominal ou Monetário - Formado pelo pagamento (Renda)

Fluxo Real Oferta

Fluxo Monetário Demanda

Oferta e Demanda - São duas das funções mais importantes do sistema econômico, essas
funções formam o mercado

O mercado é a essência do sistema econômico.

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Esquema dos Fluxos do Sistema Econômico

S. Primário
S. Secundário
S. Terciario

Alimentos
Salários Fluxo vestuários Fluxo Real
Juros Monetário serviços (Oferta)
Lucros (Demanda) equipamentos
Aluguéis
etc.

Mercado

Macroeconomia e Microeconomia

Macroeconomia - Estuda o conjunto de uma sociedade e tem como objetivo principal


determinar os fatores que interferem no nível total da renda e do produto de uma economia.

Microeconomia - Estuda os agentes econômicos individualmente, como o consumidor e as


empresas

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Evolução da Teoria Microeconômica

A Microeconomia preocupa-se em estudar o comportamento do consumidor e das


unidades produtoras.

Microeconomia

Consumidor Empresário

O Consumidor - Agente econômico que necessita de bens e serviços

O Empresário - É aquele que produz esses bens e serviços

Ramos da Microeconomia

Teoria do Consumidor Teoria da Empresa

Cada unidade de consumo, seja indivíduos ou uma família, dispõe de certa quantidade de
renda

Indivíduo

Q = Renda (Δx t)

Bens Serviços

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 É natural que esse indivíduo procuraria obter a satisfação do maior número de
necessidades possíveis.

 Maior utilidade em variação da sua renda

 Utilidade - De um bem ou serviço é sua capacidade de satisfazer as necessidades das


pessoas. Ex.: utilidade da água

 Um consumidor procurará obter maior utilidade possível a partir de sua renda.

 Quanto maior for a renda, maior será sua possibilidade de obter maior utilidade.

R2 > R1 ~ = Utis

Representação Gráfica

Renda

D
R2

ΔR
R1

Δc

C1 C2

Limite

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 Para maximizar sua utilidade, o consumidor deve escolher quais bens ou serviços vai
adquirir.

 A sua renda apresenta um limite

 É neste limite que evoluiu a Microeconomia, no que diz respeito ao comportamento do


consumidor.

Título 2 - Teoria Cardinal

 Walras (1874) - Principal formulador desta teoria

 Acreditava que a utilidade era uma característica mensurável, que podia ser medir.

Satisfação do C. é a Σ das utilidades obtidas

 Detalhamento da teoria

A utilidade podia ser medida cardinalmente

Ex.: 1 xícara de café daria ao consumidor 3 unidades de utilidades

Acrescentando 1 pedaço de pão “ 4 utis”

Satisfação Total = 3 utis (café) + 4 utis (pão) = 7 utis

Críticas:

1º Mensuração da utilidade - por ser uma qualidade avaliada subjetivamente, depende do


grau de utilidade (impossibilidade de mensuração).

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2º Propriedade aditiva da utilidade - Existe alguns bens que, quando consumido ao
mesmo tempo, tem maior utilidade que consumido separados (não se pode somar).

Título 3 - Teoria Ordinal

Fischer (1892) - Descartou a cardinal e reformulou a “Teoria Ordinal do comportamento do


consumidor”

 A quantidade consumida de um bem interfere na utilidade de outro.

Ex.: Café com açúcar (ao adicionar mais)

 Fischer abandonou a avaliação cardinal através da “utis”. Por quê?

1. O consumidor prefere alguns bens a outros

2. Um bem tem maior utilidade que outro

Obs.: Não se estabelece a quantidade de utilidade correspondente

Ex.: chá ou café

 A teoria ordinal, apenas ordena os bens, não lhe atribuindo qualquer quantidade de
utilidade.

 A teoria cardinal e ordinal dá uma ideia dos esforços dos economistas para tenta
encontrar os fundamentos da teoria do consumidor.

 O motivo que leva uma pessoa a comprar determinados bens e em certas


quantidades.

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Deslocamento das Curvas de Demanda

 A Demanda sofre influência de outros fatores

Deslocamento

(P)

(Q)

Título 4 - Fatores que deslocam a Curva:

a) Renda dos Consumidores

b) Preços dos bens relacionados (bens complementares e substitutos)

c) Preferência dos Consumidores

a) Renda dos Consumidores

R C Q

R C Q

Isso ocorre com bens normais

Bens normais

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 Luxo - Δ >D

 Primeira necessidade - Δ <D

Bens Inferiores

 Ao aumentar a receita (R) eles serão substituídos

Ex.: Transportes coletivos, margarina, etc.

b) Preços de bens relacionados

 Bens substitutos e complementares

Bens Substitutos - Podem ser substituídos entre si, pois satisfazem a mesma necessidade
(concorrentes)

Ex.: Chá e café, (táxi e ônibus,)

(P) (P) D D’

P1 P1

P0
D
(Q)
Q1 Q0 Q0 Q1

Manteiga Margarina

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Bens complementares - Um depende do outro

(P) (P) D’ D

P1 P1

P0
D
(Q) (Q)
Q1 Q0 Q1 Q0

Combustível Automóvel

c) Gastos ou preferência dos consumidores

Produtos que são menos consumidos hoje podem vir a ser consumido no futuro (Marketing).

Expressão matemática: Dn = f(R; P1; P2 ...... Pn - 1; G)

(P) (P) D’ D

P0 P1

D
(Q) (Q)
Q0 Q1 Q0

Marketing agressivo

Título 5 - Deslocamento da curva de Oferta

 O preço provoca o deslocamento na curva de oferta.

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Qo
Fatores que deslocam a curva de Oferta

1. Custos dos insumos;

2. Bens relacionados;

3. Bens complementares;

4. Tecnologia;

5. Condições climáticas.

1. Custos dos Insumos:

1.1. O principal objetivo da produção capitalista é a obtenção de lucro.

1.2. O aumento nos custo de produção levará um desestímulo à produção, reduzindo a


oferta de produto no mercado.

2. Bens Relacionados:

2.1. Bens Substitutos - São aqueles que podem ser substituídos entre si. (milho e soja).

 Uma diminuição no preço de um deles deslocará a produção para o que não teve
seus preços diminuídos.

2.2. Bens Complementares - São aqueles que sempre são produzidos em conjunto.

 Quando há um aumento na produção de um deles, a produção do outro


aumentará simultaneamente (carne e couro).

3. Tecnologia:

 Conjunto de técnicas ou métodos utilizados para produzir um determinado bem


ou serviço.

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 A utilização de tecnologia permite a produção de um bem ou serviço com menor
custo.

4. Condições Climáticas:

 Afeta principalmente a produção agrícola

Representação matemática:

On = f (I1; I2; I3...Ij; P1; P2; P3...Pi; T; C)

Legenda:

On = Oferta de um bem qualquer

I = Insumos

P = Preço dos bens relacionados

T = Tecnologia

C = Condições Climáticas

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U NIDADE 25
Objetivo: Continuar o estudo da Microeconomia. Abordagem da teoria da Firma.

Título 1 - Teoria da Firma a Produção e a Firma

TEORIA DA FIRMA

 Teoria da Firma: estudo do comportamento da firma ao desenvolver a sua atividade de


produção.

 Abrangência:

o Teoria da Produção;

o Teoria dos Custos de Produção;

o Análise dos Rendimentos da Firma.

Conceitos Básicos

Firma: é uma unidade técnica que produz bens e/ou serviços;

Fatores de Produção: são todos os insumos utilizados no processo produtivo:

 Fatores Fixos: são os que permanecem inalterados quando a produção varia (ex:
instalações industriais);

 Fatores Variáveis: são os que se alteram, com a variação da quantidade produzida


(ex. matéria-prima).

 Produção: processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção em bens
e/ou serviços para venda no mercado.

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Título 2 - Decisões Empresariais

 Escolha do processo produtivo:

o Relacione todos os métodos tecnicamente eficientes;

o Escolha o método mais barato.

 Conceitos:

o Eficiência Técnica: entre os processos de produção é aquele que permite


produzir uma mesma quantidade de produto, utilizando a menor quantidade
física de insumos;

o Eficiência Econômica: entre os processos de produção, é aquele que permite


produzir uma mesma quantidade de produto, com o menor custo de produção.

 Definindo a quantidade a produzir:

o maximiza o seu benefício marginal (lucro) produzindo a quantidade que o iguala


ao seu custo marginal.

 Função Produção: é a relação técnica entre a quantidade obtida do produto e a


quantidade utilizada de fatores de produção:

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q = f (N, K, M T)

q = quantidade produzida;

N = mão de obra;

K = capital físico utilizado; Por Período de tempo

M = matéria-prima utilizada;

T = área utilizada.

Título 3 - Produção: Análise de Curto Prazo

 Análise de Curto Prazo: para uma empresa, o curto prazo refere-se ao período de
tempo no qual pelo menos um insumo de produção permanece fixo.

o Supor um sistema econômico simplificado, com apenas dois fatores de


produção: mão de obra (N) variável e equipamentos (K) fixo. A função produção
seria:

q = f (N, K)

o Como o fator capital foi considerado fixo, o nível do produto varia apenas em
função de alterações na mão de obra, em curto prazo, coeteris paribus, ou seja:

q = f (N)

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Título 4 - Produtividade Média e Marginal

A demanda por insumos da firma depende da produtividade deles. A produtividade média de


um insumo é obtida dividindo-se a produção total da firma pela quantidade deste insumo.

Ex. Produtividade Média do Capital: PMek = q /K

A produtividade marginal de um insumo é relação entre as variações do produto total e as


variações das quantidades utilizadas daquele insumo, mantendo-se os demais fatores
constantes.

Ex. Produtividade Marginal do Capital: PMgk= q/ K

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U NIDADE 26
Objetivo: Entender a principal lei da Microeconomia “Os Rendimentos Decrescentes”

Título 1 - Lei dos Rendimentos Decrescentes

Dada como inalterada a capacidade tecnológica de uma economia, as modificações


positivas, em um ou mais recursos de produção, poderão provocar a expansão de sua
capacidade final de produção. Porém, se um ou mais recursos permanecerem fixos, os
aumentos na capacidade serão menos que proporcionais, tornando-se decrescentes e até
mesmo nulos, a partir de certo tempo.

Exemplo de Rendimentos Decrescentes do Trabalho

Produtividade Produtividade
Empregados Produto (q)
Marginal Média
0 0 - 0.0
1 50 50 50.0
2 120 70 60.0
3 180 60 60.0
4 230 50 57.5
5 270 40 54.0
6 300 30 50.0
7 320 20 45,7
8 330 10 41.2
9 332 2 36.9

133
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Produto Médio e Produto Marginal do Trabalho
Produto Médio e Produto Marginal do Trabalho

70
(milhares de unidades por ano)

60
50 Produtividade
Média do
40 Trabalho
30 Rendimentos
Decrescentes: o produto
marginal do trabalho
20 diminui à medida que a
Produtividade
Marginal do
quantidade de trabalho
10 empregada aumenta.
Trabalho

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Empregados

Título 2 - Produção: Análise de Longo Prazo

Análise de Longo Prazo: quando aplicado a uma empresa, o “longo prazo” refere-se ao
período no qual se alteram as quantidades de todos os seus insumos de produção, ou seja,
não existem fatores fixos.

 Exemplo: Um sistema simplificado com apenas dois fatores de produção, mão de obra
e capital, ambos variáveis. A função produção seria:

q = f (N, K)

 Essa função pode ser representada por uma curva chamada de Isoquanta de
Produção.

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Isoquantas

Isoquanta significa igual quantidade. Pode ser definida como sendo uma curva nas quais
todos os pontos mostram, graficamente, diferentes combinações eficientes de insumos que
geram a mesma quantidade de produto.

 Cada isoquanta se aplica a um nível de produto.

 Isoquantas mais elevadas indicam maiores níveis de produto.

 Um conjunto de isoquantas, cada uma mostrando um nível de produção, representa


um mapa de produção.

Mapa de Produção
Ferramentas

8 A
125 unidades
100 unidades
75 unidades
50 unidades
25 unidades
6 Trabalhadores
Título 3 - Taxa Marginal de Substituição Técnica (entre fatores)

A Taxa Marginal de Substituição Técnica (TMSNK) do fator trabalho (N) pelo fator capital (K)
refere-se à quantidade de N de que a empresa pode desistir e, aumentando a quantidade de
K, manter constante a quantidade produzida do bem, ou seja, manter-se na mesma
isoquanta de produção.

Fórmula: TMSKN = - N / K

135
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Taxa Marginal de Substituição Técnica

Máquinas
8
TMSNK = - 12 / 3 = - 4
7
6
B
5
4
3
A
2
q = 20
1

0 5 8 10 15 20 25 30 35 40
Empregados

Rendimentos de Escala

Em longo prazo é importante analisar as vantagens e desvantagens que a empresa teria em


aumentar sua dimensão, o que implica na necessidade de mais fatores de produção.

 Por escala de produção se entende o ritmo de variação da produção, respeitada certa


proporção de combinação entre os fatores.

 Os economistas denominam rendimentos de escala o produto final obtido por meio da


variação da utilização dos fatores de produção.

 Os rendimentos de escala podem ser crescentes, constantes ou decrescentes.

Rendimentos Crescentes de Escala: ocorrem quando os fatores de produção crescem numa


mesma proporção e a produção aumenta numa proporção maior. Isto significa que as
produtividades médias dos fatores de produção aumentaram.

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 Do ponto de vista tecnológico, as economias de escala acontecem em razão das
indivisibilidades na produção e da divisão do trabalho.

 As indivisibilidades na produção referem-se ao fato de que certas unidades de


produção só serem economicamente viáveis, se possuírem uma escala ou tamanho
mínimo.

 A partir de certa escala é possível, por exemplo, operar por meio de linhas de
montagem, aproveitando as vantagens da divisão do trabalho e da especialização de
funções.

 Do ponto de vista pecuniário, certas operações de pesquisa e marketing, assim como


a obtenção de empréstimos no exterior, por exemplo, só são possíveis para grandes
empresas.

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U NIDADE 27
Objetivo: Entender a Economia Industrial, baseada nas teorias Shumpeterianas
(Schumpeter). As classifcações de Mercado.

Título 1 - ECONOMIA INDUSTRIAL

A Economia Industrial é o ramo das ciências econômicas que trata do comportamento das
empresas em mercados imperfeitos: poder de mercado e situações de concorrência
estratégica entre empresas.

Objetiva-se analisar a evolução:

a) das teorias da Economia Industrial;

b) das estruturas de Mercado; c) dos modelos de oligopólio;

c) das políticas econômicas (política industrial e regulação).

O desenvolvimento destes temas será realizado a partir do modelo de Estrutura-Conduta-


Resultado (EDC), porém serão tratadas, também, suas críticas (teorias evolucionistas e
institucionalista).

Título 2 - Classificação dos Mercados

O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados


bens e serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje
não mais subsiste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que
haja transações econômicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais
como nas vendas por telefone e/ou Internet.

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Os economistas classificam os mercados as seguintes formas:

 Concorrência perfeita – Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes


fatores:

a) Existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores;

b) O produto transacionado é homogêneo;

c) Há livre entrada e saída de empresas no mercado;

d) Perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento pelos compradores e


vendedores, de tudo o que ocorre no mercado;

e) Perfeita mobilidade dos recursos produtivos

Como se percebe, por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é


facilmente encontrado na prática, embora possa se afirmar que os mercados que mais se
aproximam dela são os mercados de produtos agrícolas.

O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um


paradigma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados.

 Monopólio – é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O


monopólio pode ser legal ou técnico.

 Oligopólio – é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em


que, apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela
destes domina a maior parte do mercado.

 Monopsônio – é um mercado em que há apenas um único comprador.

 Oligopsônio – é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de


compradores ou ainda que, embora haja um grande número de compradores, uma

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pequena parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das
compras ocorridas no mercado.

 Concorrência Monopolística – trata-se de um mercado em que apesar de haver um


grande número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um
deles é como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos
demais.

Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada.

Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle


que vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no
mercado.

Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem


influência sobre o preço de mercado.

Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os vendedores e de todos


os compradores quem determina o preço de mercado.

Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode


impor um preço ao mercado.

Título 3 - Detalhamento

Monopólio

Situação em que um setor do mercado com múltiplos compradores é controlado por um


único vendedor de mercadoria ou serviço, tendo capacidade de afetar o preço pelo domínio
da oferta. Nesse cenário, os preços tendem a se fixar no nível mais alto para aumentar a
margem de lucro.

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Alguns monopólios são instituídos com apoio legal para estimular um determinado setor da
empresa nacional, ou para protegê-la da concorrência estrangeira, supostamente desleal por
usar métodos de produção mais eficientes e que barateiam o preço ao consumidor.

Outros monopólios são criados pelo Estado sob a justificativa de aumentar a oferta do
produto e baratear seu custo. A empresa estatal Petrobrás era a única com permissão para
prospecção, pesquisa e refino do petróleo até 1995, quando o Congresso autoriza a entrada
de empresas privadas no setor.

Oligopólio

É a prática de mercado em que a oferta de um produto ou serviço, que tem vários


compradores, é controlada por pequeno grupo de vendedores. Neste caso, as empresas
tornam-se interdependentes e guiam suas políticas de produção de acordo com a política
das demais empresas por saberem que, em setores de pouca concorrência, a alteração de
preço ou qualidade de um, afeta diretamente os demais.

O oligopólio força uma batalha diplomática ou uma competição em estratégia. O objetivo é


antecipar-se ao movimento do adversário para combatê-lo de forma mais eficaz. O preço
tende a variar no nível mais alto. Podem ser citados como exemplos de setores
oligopolizados no Brasil, o automobilístico e o de fumo.

Cartel

Associação entre empresas do mesmo ramo de produção com objetivo de dominar o


mercado e disciplinar a concorrência. As partes entram em acordo sobre o preço, que é
uniformizado geralmente em nível alto, e quotas de produção são fixadas para as empresas
membro.

No seu sentido pleno, os cartéis começaram na Alemanha no século XIX e tiveram seu
apogeu no período entre as guerras mundiais. Os cartéis prejudicam a economia por impedir

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o acesso do consumidor à livre-concorrência e beneficiar empresas não-rentáveis. Tendem a
durar pouco devido ao conflito de interesses.

Holding

Forma de organização de empresas que surge depois de os trustes serem postos na


ilegalidade. Consiste no agrupamento de grandes sociedades anônimas.

Sociedade anônima é uma designação dada às empresas que abrem seu capital e emitem
ações que são negociadas em bolsa de valores. Neste caso, a maioria das ações de cada
uma delas é controlada por uma única empresa, a holding.

A ação dos holdings no mercado é semelhante a dos trustes. Um holding geralmente é


formado para facilitar o controle das atividades em um setor. Se ele tiver empresas que
atuem nos diversos setores de um mercado como o da produção de eletrodomésticos, por
exemplo, abocanha gordas fatias desse mercado e adquire condições de dominar seu
funcionamento.

Dumping

Prática comercial que consiste em vender um produto ou serviço por um preço irreal para
eliminar a concorrência e conquistar a clientela. Proibida por lei, pode ser aplicada tanto no
mercado interno quanto no externo. No primeiro caso, o dumping concretiza-se quando um
produto ou serviço é vendido abaixo do seu preço de custo, contrariando em tese um dos
princípios fundamentais do Capitalismo, que é a busca do lucro.

A única forma de obter lucro é cobrar preço acima do custo de produção. No mercado
externo, pratica-se o dumping ao se vender um produto por preço inferior ao cobrado para os
consumidores do país de origem. Os EUA acusam o Japão de praticar dumping no setor
automobilístico.

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Truste

Reunião de empresas que perdem seu poder individual e o submetem ao controle de um


conselho de trustes. Surge uma nova empresa com poder maior de influência sobre o
mercado. Geralmente tais organizações formam monopólios.

Os trustes surgiram em 1882 nos EUA, e o temor de que adquirissem poder muito grande e
impusessem monopólios muito extensos fez com que logo fossem adotadas leis antitrustes,
como a Lei Sherman, aprovada pelos norte-americanos em 1890.

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U NIDADE 28
Objetivo: Realizar um estudo de caso baseado em artigo cientifico desenvolvido pelo autor
do módulo enfocando as teorias industriais.

Título 1 - ESTUDO DE CASO NO SETOR INDUSTRIAL – O CASO DO CUSTO DA


OCIOSIDADE NO SETOR INDUSTRIAL.

Toda empresa é constituída no pressuposto de continuidade. A empresa cumpre a sua


missão com consumo de recursos. Os recursos necessários para empreender a atividade
empresarial devem ser mensurados, inclusive são, também, necessários para medir a
eficácia empresarial.

Diante desse contexto algumas questões poderiam ser levantadas: Como devem ser
determinados os custos das atividades operacionais em períodos de ociosidade operacional
causada por fatores anormais? Procedeu-se uma incursão teórica na gestão estratégica de
custos, no sentido de demonstrar, por meio de um modelo, a sistemática de identificação,
quantificação e determinação dos custos de ociosidade.

A metodologia de pesquisa foi um estudo de caso aplicado em uma empresa do setor têxtil
do Espírito Santo. Assim o presente estudo contribui para a análise do problema do custo de
ociosidade e do impacto que o mesmo pode gerar para efeito de avaliação patrimonial.

Com relação ao modelo de determinação da ociosidade, percebe-se que os custos devem


ser medidos monetariamente, de forma coerente com o modelo de decisão contemplado
pelos Sistemas de Gestão de forma a otimizar o resultado global da empresa.

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INTRODUÇÃO

A década de 80 marcou o início da busca pela vantagem competitiva, que é uma realidade
até os dias atuais, cujas empresas buscam a sustentação no mercado. Com isso, novas
tecnologias avançadas de produção e filosofias de gestão empresarial começam a ganhar
espaço e atenção.

A competição atual baseada na qualidade e flexibilidade e a demanda por tecnologias


avançadas de produção e fabricação têm provocado grandes alterações nos padrões de
comportamento dos custos.

Informações contábeis são requeridas para o controle de custos, melhoria da produtividade e


avaliação da rentabilidade. O desempenho operacional dessas novas tecnologias de
produção requer uma adaptação do sistema contábil/gerencial do novo ambiente produtivo e
competitivo das empresas. Ou seja, as novas tecnologias deram origem a novos desafios
gerenciais.

As empresas passam a demandar novos sistemas de gerenciamento de custos para


acompanhar o processo de fabricação, identificando desperdícios, reduzindo custos por meio
da melhoria da qualidade do produto e do processo e assim, sustentar a rentabilidade do
negócio e manter a sua continuidade. Portanto, a posição estratégica da empresa é
fortalecida pelo gerenciamento desses aspectos de redução de custos, eliminação de
desperdícios, minimização de gargalos, entre outros.

Nesse contexto de considerações, surge o sistema de gerenciamento de custos (Cost


Management System – CMS) para o controle das tecnologias avançadas de produção. O
CMS foi desenvolvido com o conceito voltado ao fornecimento das informações de custos
direcionadas ao apoio das decisões estratégicas e operacionais de forma adequada.

O CMS é utilizado também para a aquisição e utilização eficiente e eficaz dos recursos
produtivos, abrangendo todo o ciclo de vida dos produtos – introdução, crescimento,
maturidade e declínio. (NAKAGAWA, 2000).

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Dentre os diversos problemas que preocupam os gestores das empresas para vencer a
competição global, um deles é o relacionado ao gerenciamento do comportamento dos
custos. Kaplan (1996, p. 12) salienta que “sessenta anos de literatura surgiram advogando a
separação dos custos em componentes fixos e variáveis, para decisões corretas sobre os
produtos e controle dos custos”.

Os seus dizeres estão direcionados para a determinação do comportamento dos custos, ou


seja, para o entendimento de como os custos variam com as alterações nos níveis de
atividade, na quantidade produzida e assim por diante. Muitas funções gerenciais, como
planejamento e controle, dependem do conhecimento de como os custos se comportarão.

A variabilidade ou não dos custos é determinada em relação a uma dada faixa de operação e
num intervalo de tempo, causada por ação gerencial ou estimação.
Os custos, frequentemente estão condicionados a questões ambientais, tecnológicas e de
natureza econômica que alteram o seu comportamento. (HORNGREN, FOSTER e DATAR,
2000).

Se uma empresa opera de forma alavancada1, qualquer mudança no nível de produção


provocada por fatores anormais1 fará com que os custos referentes à capacidade instalada,
de natureza fixa, tais como depreciação, aluguéis, supervisão e outros incluídos nos gastos
indiretos de fabricação, se tornem custos de ociosidade. Ou seja, a redução no nível de
atividade – ociosidade de produção – faz com que estes custos referentes a essa capacidade
não utilizada sejam considerados como itens extraordinários e, consequentemente, não
devem ser incluídos aos estoques (levados diretamente à despesa), evitando assim o risco
de uma super avaliação destes e uma provável não recuperação futura.

Diante deste cenário, este trabalho procurará resposta à seguinte questão problema:

Como podem ser determinados os custos de ociosidade num ambiente empresarial?

1
Brigham, Gapesnki e Ehrhardt (2002, p.568) citam que: “se uma alta porcentagem dos custos totais é fixos,
então se diz que a empresa tem alto grau de alavancagem operacional”.
2
A Comissão de Valores Mobiliário (CVM) conceitua custo de ociosidade como um fator não rotineiro ou não
recorrente (PO nº 24 de 15 de janeiro de 1992).
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Nesse ambiente, a presente pesquisa tem por objetivo evidenciar empiricamente como
determinar o custo de ociosidade e a sua consequente mensuração. O trabalho foi realizado
utilizando a metodologia de estudo de caso numa empresa do setor têxtil. O estudo tomou
por base o modelo de determinação dos custos de ociosidade desenvolvido pela empresa
durante os anos de 1995 e 1996, cuja utilização se deu até o ano de 2002. Esse modelo foi
adotado por diversas indústrias têxteis brasileiras.

Uma contribuição importante deste estudo é a de analisar o problema do custo de


ociosidade. A sua baixa aplicabilidade, pode ocorrer por uma imposição fiscal e do sistema
de custeio por absorção, que impõem que todos os custos de todo o processo produtivo
sejam imputados aos estoques.

Nos dizeres de Guerreiro e Christians (1992, p. 299). “No Brasil, a aplicação do custo de
ociosidade para fins de gerenciamento não é muito difundido. O custo de ociosidade é
conhecido internacionalmente (...), o correto tratamento contábil do custo correspondente à
ociosidade tem sido pouco discutido e menos ainda adotado no Brasil”.

Para o controle de gestão e para a avaliação das empresas competitivas a adequação dos
recursos tecnológicos, materiais e humanos, associada ao nível de atividade ou produção,
constitui-se numa das mais importantes atividades para o equilíbrio, com a capacidade
prática ou nível eficiente de execução das atividades.

Hansen e Mowen (2001, p. 94) salientam que:

muitos recursos são adquiridos antes da demanda real pelo recurso ser
realizada [...]; assim, essas despesas podem ser definidas como despesas fixas
comprometidas. Elas correspondem essencialmente a recursos comprometidos
– custos incorridos que fornecem uma capacidade de atividade em longo prazo.

Tal informação é necessária para conduzir o processo de gerenciamento do sistema


produtivo ocioso que não colabora para a fabricação dos produtos. Isto é, os custos
estruturais fixos comprometidos no projeto, vinculados à capacidade nominal ou instalada

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podem resultar em problemas de continuidade dos negócios empresariais pelo desequilíbrio
entre a capacidade nominal e a capacidade prática.

Doutrinadores contábeis brasileiros como Ludícibus et al (2000) repudiam a super avaliação


do custo unitário dos produtos acabados mediante a imputação de todos os gastos gerais de
fabricação aos produtos elaborados preconizado pelo custeio por absorção aos estoques e
pela legislação governamental no que tange aos aspectos fiscais.

Na hipótese de a empresa estar operando apenas parcialmente sua capacidade


de produção, ou seja, com parte ociosa, há que se considerar que, mesmo no
sistema de custeio real por absorção, o custo adicional relativo à capacidade
ociosa não deve ser atribuído à produção elaborada no período caso essa
ociosidade seja anormal e grande. De fato, nessa circunstância, os custos fixos
relativos à parte ociosa devem ser lançados diretamente nos resultados do
período da ociosidade, e não onerar o custo dos produtos elaborados no
mesmo período. (IUDICIBUS et al., 2000, p. 114)

O custo de produção é uma das informações mais importantes para qualquer atividade
produtiva, seja serviço, comércio ou indústria. Para algumas indústrias, tal informação surge
quando tratar-se derelevância ainda maior, por dois motivos básicos: (i) atividade num
mercado que se aproxima da competição perfeita, no qual o preço não pode ser administrado
por nenhum agente individualmente; (ii) como o preço não é passível de ser ditado pelos
agentes, ofertantes e demandantes, resta a gestão do custo de produção pela busca de uma
melhor rentabilidade da atividade.

Neste sentido, um tratamento que permita, de forma sistemática, a identificação e a


quantificação da ociosidade de uma empresa, como o proposto neste artigo, é, sem dúvida,
útil para auxiliar o processo de análise e melhoria da eficiência empresarial. Portanto,
atenção especial deve ser dada ao tratamento da ociosidade no sentido de que a mesma só
pode ser considerada como tal, se for ocasionada por fatores anormais, tais como, os
derivados de recessão econômica setorial, greves e por outros fatores considerados não
recorrentes ou rotineiros. (IUDICIBUS et al, 2000)

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Este trabalho foi estruturado da seguinte maneira: (I) introdução incluindo o problema,
objetivo e a limitação da pesquisa; (II) referencial teórico; (III) metodologia da pesquisa; (IV)
estudo de caso e análise dos resultados; (V) considerações finais e sugestões para futuras
pesquisas e; (VII) bibliografias utilizadas.

Título 2 - REFERENCIAL TEÓRICO

Ambiente Competitivo

As empresas encontram-se inseridas num ambiente que está continuamente se modificando.


A competição continua provocando profundas transformações nos sistemas produtivos e de
processos das empresas, os quais necessitam de informações muitas vezes não fornecidas
pelos sistemas de custos tradicionais.

Para enfrentar a situação que se apresenta, é necessário que os sistemas de gestão e de


informações gerenciais estejam adaptados ao novo ambiente.

No período de 1880 a 1910 surgiu uma demanda por novas informações gerenciais não
proporcionadas pelos sistemas de custos existentes. Os complexos processos industriais
dificultavam os gerentes na coleta de informações precisas e exatas sobre a eficiência dos
trabalhadores empenhados nas tarefas especializadas.

Segundo Kaplan e Johnson (1996, p.41) nesse período, “engenheiros-administradores, nas


firmas metalúrgicas americanas, desenvolveram uma gama de novas técnicas de
mensuração de custos, para analisar a produtividade das tarefas e associar lucros a
produtos”.

Também, logo após o seu surgimento em 1812, as tecelagens de algodão mecanizadas e


integradas foram as primeiras organizações comerciais americanas a desenvolverem
sistemas de contabilidade gerencial. (KAPLAN e JOHNSON 1996, p.19). Em 1925 as firmas
industriais americanas haviam desenvolvido, praticamente, todos os procedimentos de
contabilidade gerencial hoje conhecido.

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Conforme afirma Nakagawa (2000, p. 33) “foi basicamente a partir da segunda metade dos
anos 70 que os principais países ocidentais industrializados começaram a sentir o impacto
da prática de uma nova forma de competição global, por parte de países como Japão, Coréia
do Sul, Taiwan e outros”.

Esse sistema de competição é ilustrado na Figura 1.

Fonte: Nakagawa (2000, p. 33).

Figura 1: As empresas antes de 1970 e atualmente.

Com o surgimento da contabilidade de custos nos anos 20, o sistema de imputação de


custos acumulava todos os custos de insumos – materiais, mão de obra e despesas indiretas
– numa única conta, representando o custo dos produtos fabricados. A fração do custo do
produto final representada por esses custos era incapaz de fornecer à administração
estimativas razoáveis dos custos variáveis ou fixos.

A competição atual baseada na qualidade e flexibilidade e a demanda por tecnologias


avançadas de produção, a partir do sistema Toyota de fabricação, têm provocado grandes
alterações nos padrões de comportamento dos custos, conforme demonstrado na Figura 2.

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Fonte: Nakagawa (2000, p. 34)

Figura 2: CIF Tradicionais x CIF JIT.

Excelência Empresarial

Com o declínio da manufatura tradicional e o surgimento da automação tecnológica, levou-se


à implementação da “Filosofia de Excelência Empresarial”. Os administradores voltaram a se
interessar pela relevância para as decisões gerenciais de custos, das informações de custos
de produtos e secundariamente o seu impacto sobre os lucros informados, este último
irrelevante para as decisões gerenciais reais. (Johnson e Kaplan, 1996)

No decorrer dos anos 80 novas tecnologias avançadas de produção e filosofias de gestão


empresarial começam a ganhar espaço e maior atenção, tais como, JIT – Just–in-Time, TQC
– Total Quality Control, CAD – Computer Aided Design, CAM – Computer Aided
Manufacturing, FMS – Flexible Manufacturing System, CIM – Computer Integrated
Manufacturing.

A Filosofia Empresarial de Excelência é a combinação de tecnologias avançadas e novas


filosofias de Gestão Empresarial. Sendo que a Excelência Empresarial, conforme
(BRIMSON, 1996, p.18), “decorre de progressos tecnológicos e científicos, conjugados com

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concorrentes globais obrigando empresas do mesmo ramo a adotarem estratégia ou saírem
do negócio”.

Ainda segundo (BRIMSON, 1996, p.20):

A excelência empresarial é a integração eficaz do custo das atividades de todas


as unidades de uma empresa para melhorar continuamente a entrega de
produtos e serviços que satisfaçam ao cliente. Uma empresa é tida como de
excelência a partir do comprometimento contínuo para se tornar competitiva.

Título 3 - Vantagem Competitiva e Gestão Estratégica de Custos

A vantagem competitiva surge nas empresas que trabalham de forma proativa na utilização
da excelência de manufatura. A rentabilidade em longo prazo é determinada pela posição da
empresa em relação aos seus rivais.

A sua posição de liquidez é fortalecida pelo gerenciamento dos aspectos de redução de


custos, eliminação de desperdícios, minimização de gargalos, entre outros antes que os
concorrentes o façam.

As novas tecnologias deram origem a novos desafios gerenciais. As empresas demandam


por novos sistemas de gerenciamento de custos para retratar o processo de fabricação.
Identificando desperdícios e propiciando visibilidade das oportunidades de redução de custos
e melhorias contínuas em busca de desempenho e da rentabilidade dos produtos ao longo
do seu ciclo de vida. A Gestão Estratégica de Custos é fundamentada no conjunto de
atividades que são realizadas pela empresa dentro da sua cadeia de valores.

Porter (1989) sugere que uma empresa pode ser desagregada em atividades: atividades
primárias e atividades de apoio, conforme ilustra a Figura 3.

152
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Fonte: PORTER (1989, p. 35)

Figura 3: A Cadeia de Valores Genérica

Para Porter (1989, p.31) a vantagem competitiva não pode ser compreendida observando-se
a empresa como um todo. Ela tem sua origem nas inúmeras atividades distintas que uma
empresa executa no projeto, na produção, no marketing, na entrega e no suporte de seu
produto.

O objetivo da gestão estratégica de custos é reduzir custos enquanto simultaneamente


fortalece a posição escolhida, pois, os custos estão amarrados à vantagem competitiva.

O posicionamento estratégico é o processo de seleção da combinação das três abordagens


estratégicas gerais. A combinação é selecionada com o objetivo de criar uma vantagem
competitiva sustentável. Dado o papel fundamental da vantagem competitiva no desempenho
superior, a peça central do plano estratégico de uma empresa deveria ser sua estratégia
genérica.

Cada estratégia genérica implica qualificações e exigências diferentes para o sucesso, que
comumente se traduzem em diferenças na cultura e na estrutura organizacionais. Essas
diferenças estão ilustradas na Figura 4.
153
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Porter (1986, p. 49-52) afirma que os dois tipos básicos de vantagem competitiva:
diferenciação ou liderança no custo total combinam com o enfoque (escopo) de uma
determinada empresa no seu setor, para sustentar sua vantagem competitiva. A
complexidade produtiva, a modificação ambiental, e a necessidade de readaptação dada às
rápidas e profundas mudanças nesse ambiente em que as empresas competiam, tornou os
sistemas de custos consagrados obsoletos para medição.

Com o declínio da manufatura tradicional e a automação chegando ao chão da fábrica, os


gerentes precisavam saber o que estavam fazendo. A tecnologia surge, nesse momento,
como uma oportunidade para recuperar e manter a vantagem competitiva. Essas novas
tecnologias deram origem a novos desafios gerenciais.

A busca por soluções que pudessem ser implementadas para acabar com os desvios
causados pelas metodologias de custeio em uso particularmente nas economias mais
avançadas tecnologicamente surgiu 1986 na cidade de Boston – EUA um Fórum
Internacional, organizado pela CAM – (Computer Aided Manufacturing – International, Inc.),

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no qual foram estabelecidas as premissas básicas do que se chamou o Cost Managment
System (CMS). (NAKAGAWA, 2000, p.34)

Cost Managment System (CMS)

O CMS foi desenvolvido com o conceito de fornecer as informações de custos voltadas para
apoiar as decisões estratégicas e operacionais de forma adequada. Durante sua concepção,
três fases foram adotadas: seu desenho conceitual, sua arquitetura e sua implementação. O
CMS é ainda empregado para a aquisição e utilização eficiente e eficaz dos recursos
produtivos, abrangendo todo o ciclo de vida dos produtos – introdução, crescimento,
maturidade e declínio.

Nos dizeres de Berliner e Brimson (1988), a meta do CMS é gerar informações


que auxiliem as corporações a utilizarem os recursos disponíveis de forma
lucrativa, na produção de bens e serviços que sejam competitivos em termos de
custos e qualidade. Ainda se faz necessário o emprego dos aspectos logísticos
de entrega no mercado global. Diante desse contexto, Nakagawa (2000, p. 49)
definiu o CMS como um sistema de planejamento e controle com os seguintes
objetivos: (I) identificar os custos dos recursos consumidos para desempenhar
atividades relevantes da empresa (modelos contábeis); (II) determinar a
eficiência e eficácia das atividades desempenhadas (mensuração e
desempenho); (III) identificar e avaliar as novas atividades que possam
contribuir para a melhoria do desempenho da empresa no futuro (gestão de
investimento); e (IV) cumprir os três objetivos acima em um ambiente
caracterizado por mudanças tecnológicas (práticas de manufatura).

Bezerra (2000, p. 49-51), a partir das definições de Berliner e Brimson (1992) conceituou o
CMS da seguinte maneira:

I. Vai além de critérios de acumulação de custos;

II. Aborda e se preocupa com o planejamento (visão de futuro);

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III. Gerencia redução de custos;

IV. Trata variável não financeira;

V. Indicador de desperdícios;

VI. Auxilia na tomada de decisões estratégicas e operacionais.

Contabilidade por Atividades

O desenho conceitual do CMS considera premissa que as empresas incorrem em custos por
meio das atividades realizadas em suas estruturas operacionais.

Dentro do conceito ABC uma empresa deve ser desagregada em suas atividades de
relevância estratégica, em seguida atribuídos todos os sacrifícios de recursos necessários a
desempenhá-las através de uma alocação direta, rastreamento e em último caso rateio. Os
custos associados com as atividades representam investimentos da empresa para o futuro,
portanto, devem ser incluídos tanto nos processos quanto no ciclo de vida dos produtos. Na
estrutura conceitual do desenho do CMS, Nakagawa (2000, p.46) defende que a
contabilidade por atividades (ABC – Activity Based Costing) é de fundamental importância
porque é por meio dela que se consegue: (I) descrever o processo de manufatura; (II)
estabelecer um denominador comum entre a contabilidade de custos, mensuração de
desempenho e gestão de investimentos; e (III) a visibilidade de atividades que não adicionam
valor.

Custo de Ociosidade

Para se compreender e tornar possível, de forma sistemática, a identificação e a mensuração


da ociosidade de uma empresa, como proposto neste artigo, cita-se alguns conceitos de
capacidade de produção normal, capacidade de produção ociosa e a identificação dos custos
de ociosidade.

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Conforme Lang, McFarland e Schiff apud Guerreiro e Christians (1992, p. 303) a capacidade
normal “pode ser definida como capacidade de uma fábrica de produzir uma quantidade de
produtos suficiente para atender à demanda média de vendas durante um período que inclua
as oscilações decorrentes de razões sazonais e cíclicas”.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), por meio do Parecer de Orientação Nº 24, de 15


de janeiro de 1992 trata o custo de ociosidade da seguinte maneira:

O custo referente à capacidade instalada deve ser transferido às unidades


produzidas, integralmente, sempre que as instalações produtivas estiverem
sendo utilizadas em condições normais. A partir do ponto em que a ociosidade
deixar de estar dentro dos limites da normalidade, o custo referente a essa
ociosidade em excesso deve ser levado diretamente à despesa não
operacional, a título de item extraordinário, não se admitindo a sua transferência
para estoques, evitando-se, desta maneira, o risco de uma super avaliação
destes e da não possibilidade de sua recuperação. A ociosidade anormal é um
fator não rotineiro ou não recorrente e pode acontecer em função de greve,
recessão econômica acentuada no setor de atuação da companhia ou outra
razão econômica, interna ou externa, extemporânea. São custos de capacidade
instalada, todos os de natureza fixa, como depreciação, aluguéis etc., inclusive
os de supervisão incluídos nos gastos indiretos de fabricação. Na existência de
capacidade ociosa, a companhia aberta elaborará nota explicativa para dar
ciência da dimensão do fato aos interessados nas suas informações. (BRASIL,
1992)

O valor, dentro da ótica do consumidor, dos itens que sofrem a transformação, isto é, o
produto após a atividade vale mais do que antes. Normalmente, são atividades de
transformação, que modificam fisicamente o produto.

O trabalho que não agrega valor, ou trabalho adicional, compreende as atividades que não
aumentam o valor do produto, porém, provêm suportes para o trabalho efetivo. Nesta classe,

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encontram-se atividades como preparação de máquinas, manutenção, etc. As perdas
propriamente ditas além de não adicionarem valor aos produtos também não são
necessárias ao trabalho efetivo, sendo que, às vezes, até diminuem o valor destes produtos.
Nesta categoria situam-se a produção de itens defeituosos, a movimentação desnecessária,
a inspeção de qualidade, capacidade ociosa, etc.

Obviamente, a empresa deve concentrar-se em eliminar as perdas e minimizar o trabalho


adicional, maximizando o trabalho efetivo, que precisa ser efetuado com a maior eficiência
possível. O termo "atividade que não agrega valor" é comumente empregado para designar o
conjunto do trabalho adicional e das perdas e será usado com este sentido no decorrer do
estudo.

Papel da Contabilidade Gerencial

O ambiente empresarial exige sistemas de excelência. Com a mudança nesse ambiente, o


sistema de contabilidade gerencial de uma organização precisa fornecer informações
oportunas e precisas. Segundo Johnson e Kaplan (1996, p. 3) “o ambiente econômico
contemporâneo exige excelência dos sistemas corporativos de contabilidade gerencial”.

O processo de planejamento, controle e tomada de decisão requerem o conhecimento do


comportamento dos custos, a associação com as atividades, uma ampla visão das
ocorrências e o seu horizonte temporal. Tudo isso associado ao nível de atividade prática,
dentro de um intervalo operacional normal ou relevante.

Com a finalidade de encontrar evidências sobre a modificação do comportamento dos custos


fixos e a alteração da receita operacional líquida, faz-se necessário uma averiguação da
literatura e o entendimento do comportamento dos custos e como compará-los a prática
adotada pelas empresas do setor elétrico.

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Título 4 – METODOLOGIA

A bibliografia na área de custos voltada ao tratamento da ociosidade, principalmente no


aspecto gerencial é escassa. As publicações obtidas em livros e trabalhos científicos limitam-
se a considerar as premissas legais, estas dirigidas ao aspecto contábil, financeiro e fiscal.

Este estudo contou, também, com a experiência dos autores, que desenvolvem suas
atividades laborais nas áreas contábil, financeira e gerencial. Trata-se, portanto, de uma
investigação empírica.

A metodologia de pesquisa adotada é o estudo de caso de uma empresa do setor têxtil


localizada no Estado do Espírito Santo. Martins e Lintz (2000, p. 36) advogam que ”O
trabalho de campo – estudo de caso – é precedido pela exposição do problema de pesquisa,
proposições orientadoras do estudo e por algum esquema teórico”. O modelo foi
estabelecido no pressuposto de evidenciar, durante o período da amostra, a determinação
dos custos de ociosidade.

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U NIDADE 29
Objetivo: Continuar o estudo de caso, enfocando as terorias industriais baseado em estudo
de caso de uma empresa textil.

Título 1 - Estudo de Caso e Análise dos Resultados

Ambiente têxtil

No setor têxtil as atividades são de difícil padronização, especialmente as de volume, pois


normalmente a capacidade depende do mix de produção. Se a demanda e a capacidade não
estiverem em equilíbrio, a operação não será capaz de responder à estrutura de custos fixos.

Logo, torna-se necessário uma medição prévia dos níveis agregados de demanda e
capacidade para o período de planejamento. (SLACK et al, 1997). Esse equilíbrio muitas
vezes é obtido por reduções substanciais dos custos fixos e aumento da escala de produção
por meio da integração das operações fabris visto no setor, muitas empresas possuem
processo altamente verticalizado3.

Pelo exposto, os custos são afetados pelo equilíbrio entre capacidade e demanda. Níveis de
capacidade (produção) inferiores a demanda significam subutilização de custos fixos e,
portanto, alto custo unitário de estocagem e fuga de capital de giro. Não se considera no
presente trabalho o conceito de economia de escala4, mas tão somente a qualidade dos
custos unitários se bem empregados.

3
Verticalização: Diz - responsável que uma é verticalizada quando ela é responsável por toda a cadeia de
produção ou pela parte principal operação.
4
Economia de Escala: está ligada à relação entre custos médios e a produção, ou seja, a economia ocorre
quando o custo unitário cai com o aumento do nível de atividade, influenciada pelos custos fixos que não se
alteram, quando o volume de produção aumento ou diminui.
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Uma questão relevante ligada a este aspecto é que o pressuposto da Economia de Escala
não reflete, necessariamente, em potencialização de capital de giro. SLACK et al (1997, p.
348) comenta que “o capital de giro será afetado se uma operação decidir produzir estoque
de bens acabados antecipando-se à demanda. Isto pode permitir atender a demanda, mas a
organização deve financiar o estoque até que seja vendido”. (grifo nosso). A Figura 5
demonstra a relação de custos agregados versus estimativa da capacidade.

Fonte: Adaptado de Slack et al (1997, p. 348)

Figura 5: Custos agregados versus Estimativa da capacidade

A Figura acima montra que, quando a capacidade de produção estiver abaixo da capacidade
para qual a fábrica foi projetada para produzir (produção abaixo da linha pontilhada), as
despesas fixas ficam comprometidas, ou seja, aquelas que foram adquiridas antes da
demanda real ocorrer, são transformadas em custos de ociosidade. Como exemplo,
podemos citar a aquisição de um conjunto de máquinas industriais para atender um nível de
produção projetada. Sendo este parcialmente utilizado, temos que a diferença entre a

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capacidade adquirida e a execução real da atividade provoca uma geração do custo de
ociosidade em forma de depreciação.

Período Selecionado e Análise dos Dados

O período adotado para a amostra foi de 1995 e 1996. O custo de ociosidade foi determinado
da seguinte maneira para o ano de 1995: Na atividade denominada Fiação I (fiação de fibras
naturais), a capacidade instalada de produção anual e mensal foi obtida por meio do manual
dos equipamentos, respectivamente, 2.400.000 kg e 200.000 kg, sendo que a capacidade de
produção real anual e mensal foi obtida por meio dos registros de produção realizada em
função da demanda, neste caso 1.500.516 kg anual e 125.043 kg mensais.

A eficiência em percentual (%) da utilização dos equipamentos pela produção é obtida


dividindo-se a produção real pela capacidade instalada, ou seja, 1.500.516 kg/2.400.000 kg
chegando-se ao resultado de 62,52%.

A capacidade ociosa quantitativamente é calculada subtraindo a capacidade instalada pela


capacidade de produção real, ou seja, a ociosidade anual 2.400.000 kg menos 1.500.516 kg
igual a 899.484 kg, o nível de ociosidade mensal 200.000 kg menos 125.043 kg igual a
74.957 kg, ou ainda em percentual dividindo-se a capacidade ociosa pela capacidade
instalada – 899.484 kg/2.400.000 kg igual a 37,48% ou 74.957 kg/200.000 kg igual a 37,48%.

Os mesmos cálculos poderão ser efetuados para as demais atividades, ou seja, Fiação II
(fiação de fibras sintéticas), Tecelagem, Tinturaria e Acabamento. Tais cálculos são
demonstrados na Tabela 1.

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Para o ano de 1996 os cálculos foram efetuados da mesma forma, ou seja, na atividade
denominada Fiação I, a capacidade instalada de produção anual e mensal foi obtida por meio
do manual dos equipamentos – os novos valores de 2.040.000 kg e 170.000 kg
respectivamente, sendo que a capacidade de produção real anual e mensal foi obtida por
meio dos registros de produção realizada em função da demanda, neste caso 1.986.521 kg
anual e 165.543 kg mensais. A eficiência em percentual (%) – utilização dos equipamentos
pela produção – é obtida dividindo-se a produção real pela capacidade instalada, ou seja,
1.986.521 kg/2.040.000 kg chegando ao resultado de 97,38%.

A capacidade ociosa quantitativamente (quilos para as fiações e metros para a tecelagem,


tinturaria e acabamento) é calculada subtraindo a capacidade instalada pela capacidade de
produção real, ou seja, a ociosidade anual 2.040.000 kg menos 1.986.521 kg é igual a
53.479 kg sendo a mensal 170.000 kg menos 165.543 é igual a 4.457 kg, ou ainda em
percentual dividindo-se a capacidade ociosa pela capacidade instalada – 53.479
kg/2.040.000 kg é igual a 2,62% ou 4.457 kg/170.000 kg é igual a 2,62%.

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U NIDADE 30
Objetivo Continuar o estudo de caso, enfocando as teorias industriais baseado em estudo de
caso de uma empresa textil.

Os mesmos cálculos poderão ser efetuados para as demais atividades, ou seja, Fiação II,
Tecelagem e Tinturaria e acabamento, conforme demonstrados na Tabela 2.

Para aplicar o custo de ociosidade utilizou-se a estrutura de custos fixos da empresa apenas
no ano de 1996, conforme demonstrado na Tabela 3.

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Com base nas Tabelas 2 e 3, explicitou-se o cálculo da determinação dos custos de
ociosidade de um conjunto de contas previamente estruturadas por área de responsabilidade
(centro de custos).

As diversas áreas possuem características diferentes entre si, não sendo oportuno para
efeitos gerenciais tratar a organização como um todo. Com base nos dados da capacidade
instalada e produção real, por área, obtém-se o percentual da capacidade ociosa da seguinte
maneira: [(produção real (-) capacidade instalada)] / capacidade instalada = % do custo de
ociosidade.

Este percentual, agora passa a ser aplicado sobre o valor de cada conta da estrutura de
custos fixos de cada uma das áreas, obtendo-se assim o valor do custo de ociosidade a ser
eliminado dos estoques e a título de item extraordinário, levado diretamente à despesa não
operacional.

Na Tabela 4 são apresentados os cálculos que derivam da aplicação dos percentuais


calculados na Tabela 2 sobre os dados da estrutura de custos fixos apresentados na Tabela
3 conforme acima conceituado.

Utilizando-se, a título de exemplo, a atividade Fiação I chegou-se aos seguintes valores: os


valores resultantes da aplicação do percentual de 2,62% sobre os valores da energia elétrica

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(demanda contratada)5 de R$ 415.464,89; depreciação de R$ 1.757.583,21; Seguros de R$
54.864,45 e custos estruturais de R$ 2.001.869,85. Chegar-se-á aos valores dos custos de
ociosidade a serem eliminados dentro da estrutura de custos fixos de R$ 10.885,18 para
energia elétrica; R$ 46.048,68 para depreciação; R$ 1.437,37 para seguros e R$ 52.448,99
para os custos estruturais. Esses dados estão na Tabela 4. Para as demais atividades o
procedimento para a determinação do cálculo do custo da ociosidade obedece a mesma
metodologia.

A partir da determinação do custo de ociosidade é possível avaliar melhor o desempenho de


um produto ou grupo de produtos. A eliminação do custo da capacidade ociosa permite uma
melhor avaliação de um dos principais componentes do ativo das empresas – os estoques –
não permitindo a sua super avaliação, antecedendo de forma conservadora, o seu
reconhecimento no resultado à medida que ocorre, evitando assim o seu reconhecimento
futuro quando da sua efetiva realização. A presente pesquisa evidencia com base nos
resultados apurados pela aplicação do modelo desenvolvido uma melhor forma de
gerenciamento das atividades produtivas, ao mensurar os custos de capacidade ociosa.

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Título 2 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS

O propósito deste estudo não foi o de criar um modelo aplicável à determinação dos custos
fixos da capacidade de produção ociosa tão somente para o setor têxtil. Entretanto, trata-se
de um modelo aplicado por uma grande empresa deste setor, durante muito tempo.

A presente pesquisa descreveu os critérios necessários, com base na aplicação de tal


modelo pela empresa do estudo de caso, para determinar os valores pertinentes aos custos
de ociosidade, como uma das formas que outras empresas poderiam aplicar em sua gestão,
de acordo com as suas necessidades.

A atividade têxtil se apresenta como uma das áreas onde não há uma padronização, isto é,
são atividades difíceis de serem flexibilizadas, especialmente com relação ao volume de
produção. Normalmente a capacidade depende do mix de produtos demandados. Neste
sentido, buscou o estudo, um tratamento que permita de forma sistemática a identificação e a
quantificação da ociosidade, com o propósito de auxiliar o processo de análise e melhoria da
eficiência empresarial.

Para tanto, a pesquisa evidenciou, empiricamente, a relação estratégica dos custos de


ociosidade ao mensurá-los. Assim este estudo contribui para a análise do problema do custo
de ociosidade e do impacto que o mesmo pode gerar para efeito de avaliação patrimonial.

Com relação ao modelo de determinação da ociosidade, percebe-se que os custos devem


ser medidos monetariamente, de forma coerente com o modelo de decisão dos gestores.
Sugerem-se para novas pesquisas modelos alternativos, a fim de identificar aquele que
melhor se aplica ao tipo de atividade no seu respectivo setor, não se limitando a aplicação ao
setor têxtil.

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Antes de iniciar sua Avaliação Online, é fundamental que você acesse sua SALA
DE AULA e faça a Atividade 3 no “link” ATIVIDADES.

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G LOSSÁRIO

Caso haja dúvidas sobre algum termo ou sigla utilizada, consulte o link Glossário em sua
sala de aula, no site da ESAB.

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