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MÓDULO DE:

GESTÃO DA TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

AUTORIA:

Ma. CLAUDIA AMIGA

Copyright © 2008, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil

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Copyright © 2007, ESAB – Escola Superior Aberta do Brasil
Módulo de: Gestão Da Tecnologia E Inovação

Autoria: Ma. Claudia Amigo

Primeira edição: 2009

CITAÇÃO DE MARCAS NOTÓRIAS

Várias marcas registradas são citadas no conteúdo deste módulo. Mais do que simplesmente listar esses nomes
e informar quem possui seus direitos de exploração ou ainda imprimir logotipos, o autor declara estar utilizando
tais nomes apenas para fins editoriais acadêmicos.
Declara ainda, que sua utilização tem como objetivo, exclusivamente na aplicação didática, beneficiando e
divulgando a marca do detentor, sem a intenção de infringir as regras básicas de autenticidade de sua utilização
e direitos autorais.
E por fim, declara estar utilizando parte de alguns circuitos eletrônicos, os quais foram analisados em pesquisas
de laboratório e de literaturas já editadas, que se encontram expostas ao comércio livre editorial.

Todos os direitos desta edição reservados à


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CEP: 29102-040
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A presentação

Caro Aluno e Cara Aluna

O módulo de Gestão da Tecnologia e Inovação tem como objetivo levá-lo (la) a perceber o
processo de inovação tecnológica como um dos principais elementos de pressão competitiva
no quadro da economia mundial contemporânea e a compreender os diferentes processos
de inovação, percebendo a complexidade inerente ao gerenciamento da inovação nas
organizações.

Neste módulo vamos conceituar a inovação, os seus agentes, as suas classificações e


aspectos da sua gestão. Discorremos sobre o Sistema Nacional de Inovação e seus atores:
governo, academia, empresas e organizações não governamentais, analisando o ambiente
de ciência e tecnologia do país. Além de abordar alguns teóricos que muito contribuíram com
o processo de inovação.

Espero que gostem do módulo.

Sua Educadora,

Claudia Amigo

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O bjetivo

Compreender os conceitos básicos: inovação, invenção, ciência e tecnologia;

Descrever sobre as novas técnicas de gestão;

Abordar a classificação e modelos de inovação;

Condicionantes da inovação, aspectos para uma gestão de equilíbrio;

Conceituar as tecnologias primárias;

Descrever o papel do gerente inovador e competitivo;

Gestão da tecnologia e da Inovação tecnológica;

Identificar as estratégias tecnológicas;

Dar a conhecer o significado prático da inovação e o modo como ela participa/contribui para
a criação de empresas: empreendedorismo;

Compreender a relação: Empresa, Universidade e Governo.

E menta

Inovação na era da informação; conceitos básicos: ciência e tecnologia, invenção e inovação,


criatividade e inovação; tipos de tecnologias; classificação das tecnologias; classificação da
inovação; modelos de inovação; gestão da inovação tecnológica: conceitos, elementos;

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aspectos organizacionais e de recursos humanos em empresas inovadoras; estratégias de
escolha tecnológica.

S obre o Autor

Cláudia Amigo:

 Mestra em Informática pela Universidade Federal do Espírito Santo, 2000;


 Graduada em Matemática pela Universidade Federal do Espírito Santo, 1994;
 Trabalha com Educação há mais de 13 anos, além de atuar na área de informática.

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S UMÁRIO

UNIDADE 1 ........................................................................................................... 9
Por que Inovar? .................................................................................................. 9
UNIDADE 2 ......................................................................................................... 14
Novas Técnicas de Gestão .............................................................................. 14
UNIDADE 3 ......................................................................................................... 20
Papel da Tecnologia no Processo da Evolução Humana ............................... 20
UNIDADE 4 ......................................................................................................... 26
Explicando a Evolução do Conceito de Inovação Tecnológica ....................... 26
UNIDADE 5 ......................................................................................................... 31
Inovação Tecnológica: fator propulsor do crescimento ................................... 31
UNIDADE 6 ......................................................................................................... 36
Inovação: um novo campo de estudo .............................................................. 36
UNIDADE 7 ......................................................................................................... 41
Mercado e Inovação ......................................................................................... 41
UNIDADE 8 ......................................................................................................... 47
Tecnologia: Componentes ............................................................................... 47
UNIDADE 9 ......................................................................................................... 53
Gestão da Tecnologia na Organização Empresarial ....................................... 53
UNIDADE 10 ....................................................................................................... 57
Gestão da Inovação Tecnológica .................................................................... 57
UNIDADE 11 ....................................................................................................... 63
Inovação e Empreendedorismo ....................................................................... 63
UNIDADE 12 ....................................................................................................... 68
Quem é o Agente da Inovação? ...................................................................... 68

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UNIDADE 13 ....................................................................................................... 72
Fontes de Oportunidades de Inovação ............................................................ 72
UNIDADE 14 ....................................................................................................... 78
Gestão de Inovação É a Mesma Coisa que Gestão do Conhecimento? ........ 78
UNIDADE 15 ....................................................................................................... 83
Ciclo de Inovação ............................................................................................. 83
UNIDADE 16 ....................................................................................................... 89
Classificação das Inovações ............................................................................ 89
UNIDADE 17 ....................................................................................................... 95
Como é o Processo de Inovação Tecnológica? .............................................. 95
UNIDADE 18 ....................................................................................................... 98
Modelos do Processo de Inovação .................................................................. 98
UNIDADE 19 ..................................................................................................... 101
Processos de Inovação modelos .................................................................. 101
UNIDADE 20 ..................................................................................................... 106
Sistema Nacional de Inovação ...................................................................... 106
UNIDADE 21 ..................................................................................................... 112
Instrumentos Governamentais de Apoio à Inovação ..................................... 112
UNIDADE 22 ..................................................................................................... 116
A Academia .................................................................................................... 116
UNIDADE 23 ..................................................................................................... 120
Vantagens da Relação: Universidade e Empresa ......................................... 120
UNIDADE 24 ..................................................................................................... 124
A Empresa ...................................................................................................... 124
UNIDADE 25 ..................................................................................................... 129
Entidades Não Governamentais .................................................................... 129
UNIDADE 26 ..................................................................................................... 132

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O Papel do Administrador: foco gerente inovador e competitivo .................. 132
UNIDADE 27 ..................................................................................................... 136
Administrador com Consciência Inovadora ................................................... 136
UNIDADE 28 ..................................................................................................... 139
Impacto das Estruturas Organizacionais em Organizações Inovadoras ...... 139
UNIDADE 29 ..................................................................................................... 145
Aspectos Relevantes para Gestão de Equilíbrio ........................................... 145
UNIDADE 30 ..................................................................................................... 150
Ligando a Estratégia aos Negócios ............................................................... 150
GLOSSÁRIO ..................................................................................................... 157
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................ 175

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U NIDADE 1
Objetivo: Abordar, de maneira geral, o tema inovação.

Por que Inovar?

As companhias têm feito de tudo para aumentar seu lucro em meio a cenários tão
competitivos: reengenharia, downsizing, corte de pessoal, melhora na eficiência, controle de
qualidade. Ainda assim, olham para o horizonte e sempre conseguem enxergar um
concorrente lá na frente, a quilômetros de distância. Surge, então, a seguinte questão: Como
o concorrente pode estar na dianteira da competição se você já aplicou todos os modernos
processos de gestão e utiliza as tecnologias mais avançadas no mercado? Provavelmente
porque a empresa concorrente inova mais do que a sua.

De repente, o país e as organizações começaram a perceber que mais


do que um modismo de gestão, a palavra "inovação" tem que ser
encarada como tão importante quanto à qualidade dos produtos e
atendimento aos clientes. Falando especificamente sobre a cultura
brasileira, sabemos que é reconhecida como altamente criativa, tendo
como traços marcantes a adaptabilidade e a flexibilidade para lidar com
situações adversas, o que é tido como uma qualidade favorável à
inovação. Inspiração também não nos falta, vide a nossa música
popular, entretanto, encontramos dificuldades em conectar essas
habilidades ao meio produtivo e aos negócios, para gerarmos riqueza, o que resulta numa
perda para a nossa sociedade.

Uma das definições de inovação é: uma nova ideia aliada a sua implementação, objetivando
a consecução de um fim desejado. A inovação só ocorre quando chega ao meio produtivo.

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Esta dificuldade em atrelarmos nossa criatividade aos nossos negócios é, em parte, também
constatada ao analisarmos o padrão da produção científica brasileira - trabalhos em
simpósios, congressos e publicações especializadas -, que cresceu significativamente na
última década atingindo um patamar relevante, em nível mundial. Enquanto o número de
patentes geradas é extremamente reduzido.

Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade,


outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas
detentoras de direitos sobre a criação.

Fonte: Revista veja – Set/2008. O Brasil tem a décima economia, mas ocupa o vigésimo
primeiro lugar no ranking mundial de patentes. Os brasileiros publicam 2% dos artigos
científicos do mundo, mas registram apenas 0,2% das patentes.

Os números de patentes obtidas nos outros países emergentes mostram-se maiores que o
nosso como pode ser visto no gráfico acima. Segundo Fagerberg (1998), existe uma
correlação entre o PIB per capita de um país e o seu número de patentes. Desta forma, tem-
se no número de patentes, um indicador de desenvolvimento de um país. Assim, a inovação
tecnológica é condição essencial para estimular o progresso econômico de um país e
garantir a competitividade de suas empresas.

As inovações podem ocorrer em todas as atividades. Falando especificamente na atividade


produtiva nacional sabemos que temos baixa intensidade tecnológica na nossa carteira de
exportação. Nossa pauta é majoritariamente composta por produtos primários, como soja e
seus derivados, minério de ferro, frango, café, etc., tendo como honrosa exceção o item
"aviões", graças à Embraer.

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Segundo Leite (2005), há uma diferença significativa entre as grandes empresas
multinacionais e as brasileiras. Não adianta tentarmos copiar modelos, métodos de gerencia-
mento e marketing dessas grandes corporações. O ambiente de negócios, a cultura, o nível
de recursos e nossas características sociotecnológicas são muito distintos. Certamente
incorreríamos, mais uma vez, no erro da cópia.

Ainda segundo Leite, devemos explorar mais as vantagens competitivas que apresentamos
em alguns setores. O mundo moderno é cheio de dicotomias e paradoxos. Hoje, está em
moda o "natural", justamente para fazer frente ao desenvolvimento desenfreado e ao
artificialismo tecnológico. A Ioga, a medicina natural, a homeopatia e a alimentação natural
ganham força e mercado. Temos a mais rica biodiversidade do planeta, 22% de todas as
espécies existentes, a maior floresta tropical e a maior planície alagada do mundo, o
Pantanal. Por outro lado, não temos, ainda, marcas internacionais fortes de produtos
fitoterápicos. A Natura se destacar com a linha "Natura Ekos", uma iniciativa digna de
aplausos. E o ecoturismo? Estamos perdendo para a Costa Rica! Deveríamos ser o maior
exportador mundial de biodiesel? Não estamos negligenciando a energia solar? Nosso
potencial hidroviário não está sendo subutilizado? Que tal exportarmos Capoeira e Forró?

A tabela abaixo mostra razões econômicas e tecnológicas para inovar. São elas:

Razões Econômicas para Inovar:


Substituir produtos obsoletos e aumentar a gama de produtos;
Inovação de Produtos Manter posição atual de mercado; entrar em/ abrir novos
mercados
Melhorar a flexibilização na fabricação;
Reduzir custos de fabricação;
Consumo de materiais; Consumo de energia;
Inovação de Processos Custo de design dos produtos;
Custo com pessoal;
Melhorar as condições de trabalho;
Reduzir a poluição ambiental.

Fonte: Conceição Vedovello, Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT)

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Razões Tecnológicas para Inovar:
Desenvolver novos produtos e serviços;
Alterar ou melhorar os métodos de produção existentes;
Melhorar o desempenho de técnicas existentes;
Imitar os líderes em inovação;
Adaptar as tecnologias desenvolvidas por outros para atender às necessidades da empresa.

Inovações Brasileiras

Este módulo tem como um dos propósitos contribuir com informações para a mudança deste
quadro. Há uma urgência em alterarmos nossa rota. O governo, as empresas e o meio
acadêmico se sentem insatisfeitos e incomodados com o status quo. Entretanto, existe
dificuldade para que estes agentes alinhem esforços para iniciar um ciclo virtuoso que resulte
em inovações, gerando riqueza para a nossa sociedade. Por outro lado, há casos brasileiros
de sucesso, como a já citada Embraer e a Petrobrás, que é líder mundial de produção de
petróleo em águas profundas, graças às tecnologias desenvolvidas em seu Centro de P&D -
Cenpes. Não devemos esquecer na área de serviços, a GOL Linhas Aéreas que, com uma
gestão inovadora e adotando uma política de preços mais baixos e redução de custos, logo
alcançou a terceira posição entre as maiores companhias do país.

Dica: para quem quer aprofundar os estudos em gestão da tecnologia e inovação fica a
indicação, logo nesta primeira unidade, dos livros intitulados: “Inovação Organizacional e
Tecnológica” dos autores Daniel Augusto Moreira e Ana Carolina S. Queiroz e o livro “Gestão

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da Tecnologia e Inovação” dos autores João Roberto Loureiro de Mattos e Leonam dos
Santos Guimarães. Estes são os livros que formam a base do nosso módulo.

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U NIDADE 2
Objetivo: Descrever sobre as novas técnicas de gestão.

Novas Técnicas de Gestão

Na unidade anterior abordamos aspectos gerais da inovação. Nesta unidade vamos fazer
uma breve introdução sobre as novas técnicas de gestão que inclui a inovação, mas também
descreve sobre as outras técnicas: ciência e tecnologia, nova economia do conhecimento e
competitividade segundo Mattos e Guimarães (2005).

1. Nova economia do conhecimento - Na história da humanidade, existem momentos


marcantes, onde à medida que o homem evoluía e criava, sentia a necessidade de
conhecimentos que atendessem a uma demanda cada vez mais especializada. Um
exemplo é a Revolução Industrial, onde o conhecimento tornou-se indispensável. Em
seguida temos a transição da Era Industrial para a Era da Informação, onde a
sociedade da informação ou do conhecimento passa a caracterizar-se pela
valorização do “saber” como forma de acesso ao poder. Agora, fontes de poder e
riqueza dependem da capacidade de geração de conhecimento e processamento de
informações. Sendo assim, é importante ressaltar que o desenvolvimento rápido das
novas tecnologias da informação e comunicações (TIC) é claramente responsável por
essa nova economia e contribui para a construção da sociedade da informação.

A nova economia do conhecimento é definida como aquela em que a geração e utilização do


conhecimento desempenham um papel predominante na criação do bem-estar social. Neste
sentido, torna-se necessário, investimentos em equipamentos de informática, pesquisa,
desenvolvimento (P&D) e formação técnica. Estes investimentos sedimentam a crescente

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importância do conhecimento e de sua gestão para o desenvolvimento econômico de um
país.

A figura abaixo mostra que a inovação ocorre com o conhecimento e vice-versa, e que o
progresso técnico e acumulação de conhecimento implicam em produtividade e crescimento.

INOVAÇÃO CONHECIMENTO

Progresso Técnico e Produtividade e


acumulação de conhecimentos Crescimento

2. Ciência e Tecnologia - Entende-se por ciência o conjunto organizado dos


conhecimentos relativos ao universo objetivo, envolvendo fenômenos naturais,
ambientais e comportamentais. Em geral, a ciência é dita pura ou fundamental quando
é desvinculada de objetivos práticos, e aplicada, quando visa consequências
determinadas.

No passado, os cientistas estavam unicamente interessados em descobrir e compreender os


fenômenos do Universo, com total despreocupação pelas possíveis consequências de suas
descobertas. Hoje, também se interessam pelas consequências de suas novas descobertas,
não só pela simples compreensão dos fenômenos envolvidos. O cientista, entretanto, não
está preparado para transformar suas descobertas em um bem comercializado. Alguns
autores consideram a tecnologia como ciência aplicada, apesar de nem sempre esta
definição ser verdadeira, embora, no mundo atual, a tecnologia dependa cada vez mais dos
conhecimentos científicos.

Entende-se como tecnologia: Um conjunto ordenado de conhecimentos – científicos;


empíricos ou intuitivos – empregados na produção e comercialização de bens e de serviços.

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A tecnologia é normalmente produzida e levada a sua plena utilização, pelo setor produtivo,
por meio de um sistemático encadeamento de atividades de pesquisa, desenvolvimento
experimental e engenharia (PD&E).

Pesquisa – É a atividade realizada com o objetivo de produzir novos conhecimentos,


geralmente envolvendo experimentações.

Desenvolvimento Experimental – Compreende o uso sistemático de conhecimentos


científicos ou não, em geral oriundos da pesquisa, visando à produção de novos materiais,
produtos, equipamentos, processos, sistemas ou serviços específicos, assim como o
melhoramento significativo daqueles já existentes.

O desenvolvimento cobre a lacuna existente entre a pesquisa e a produção e, geralmente,


envolve a construção e operação de plantas piloto (engenharia de processo), construção e
testes de protótipos (engenharia de produto), entre outros experimentos necessários à
obtenção de dados para o dimensionamento de uma produção em escala industrial.

A tecnologia gerada ou aperfeiçoada pela pesquisa e pelo desenvolvimento experimental


pode exigir diferentes graus de elaboração até seu emprego em uma unidade produtiva.
Essa elaboração exige os serviços especializados de engenharia.

Pesquisa Pesquisa Desenvolvimento Produção e


Básica Aplicada Operação

Vale ressaltar novamente que o homem ao longo de sua história sempre procurou dominar a
natureza para colocá-la a seu serviço, tendo, para tanto, que produzir tecnologia.

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Na produção de tecnologia, utiliza-se o estoque mundial de conhecimentos disponíveis. Os
insumos básicos para a produção de tecnologia são conhecimentos; ideias que podem
originar de três fontes principais: do mercado, do exercício da produção e dos avanços da
ciência e da própria tecnologia.

Nas unidades seguintes abordaremos detalhadamente a evolução e as tecnologias


primárias: produto, processo e informação.

3. Inovação – É ter uma ideia que seus concorrentes ainda não tiveram e implantá-la
com sucesso. A inovação tem que fazer parte da estratégia das empresas: seu foco é
o desempenho econômico e a criação de valor.

Uma maneira de escrever a inovação é explicar o que ela não é. Vejamos alguns exemplos:

O marido e a mulher abrem uma lanchonete na frente de um novo edifício de escritórios


podem estar jogando com a poupança de suas vidas, mas não estão inovando. A empresa
farmacêutica que fabrica uma versão genérica de uma pílula campeã de vendas contra
úlcera está simplesmente se aproveitando da expiração das patentes de um rival. Todos
esses exemplos são simplesmente empreendimentos comerciais, não são inovações. As
inovações não apenas quebram a forma, elas também rendem retornos bem melhores do
que os empreendimentos comerciais comuns.

Para apreciar a diferença entre abrir mais uma loja de hambúrgueres e realmente promover a
inovação, consideremos o que fez o McDonald´s. Ele padronizou o produto, concebeu
procedimentos culinários inteiramente novos e treinou meticulosamente seus funcionários,
dando, assim, aos clientes algo que nunca tinham tido: hambúrgueres de alta qualidade,
servido com extrema rapidez, em um ambiente higiênico. O McDonald´s não apenas criou
um novo produto, mas toda uma nova categoria de mercado. Isso foi uma inovação de
primeiríssima ordem.

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4. Competitividade - É definida como a capacidade da empresa formular e implementar
estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma
duradoura, uma posição sustentável no mercado baseado na dinâmica do processo
de concorrência (Ferraz, 1996).

Processo Competitivo

Tecnologia Inovação

Competitividade

O desenvolvimento de inovações é efetuado por pessoas ou grupo de pessoas visionárias.


Ocorre, entretanto, que muitos fatores externos influenciam profundamente na quantidade,
profundidade e direção das inovações de uma comunidade. Entre os fatores mais
representativos, podem se destacados: o fluxo de informações entre pessoas, a
receptividade a mudanças e a disponibilidade de capital.

 Fluxo de informações – base para gerar soluções inovadoras


 Disponibilidade de Capital – fator propulsor
 Receptividade à mudanças – está relacionado à aceitação de novas soluções que se
faz a partir do fluxo de informações. O homem possui uma natureza bastante
conservadora a mudanças, pois mudar implica assumir riscos e se expor. Desta
forma, quanto mais profundas as mudanças propostas, menores são as perspectivas
de se concretizarem um processo de inovação.

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Por esta razão, as grandes evoluções
da humanidade ocorrem no formato
de ondas, como sugere Alvin Toffler
em seu livro “A terceira onda”. Novas
soluções são assimiladas inicialmente
sob forma de inovações sutis, que
vão sendo incorporadas ao dia a dia.
Isso permite a assimilação de
inovações crescentemente
revolucionárias, até que seja atingido
um estágio - topo da onda – no qual
se vence o antigo, tornando-o
ultrapassado, e se assimila completamente a nova solução. Figura (Mattos e Guimarães,
2005).

Assista a entrevista de Jô Soares com Waldez Ludwig disponível nos links abaixo:

1. http://www.youtube.com/watch?v=Wtnn69-oQ8E
2. http://www.youtube.com/watch?v=mmWODyD6_XE&feature=related
3. http://www.youtube.com/watch?v=9wewvBwcsQ8&feature=related

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U NIDADE 3
Objetivo: Apresentar a relação da inovação e tecnologia, bem como descrever o papel da
tecnologia no processo de evolução humana através das ondas de Shumpeter.

Papel da Tecnologia no Processo da Evolução Humana

O processo evolutivo pelo qual a humanidade passa inclui a compreensão dos fenômenos
naturais e sociais. Apoiados nessa compreensão foram inventados artefatos e instrumentos
que, consequentemente, têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida. O
conhecimento, criando novas formas de fazer de maneira reproduzível, define a tecnologia.

De alguma maneira, os processos de inovação tecnológica são mais acentuados e


perceptíveis porque propiciam a criação de artefatos, ferramentas, máquinas e equipamentos
de uso amplo, alterando visivelmente os modos de viver e trabalhar da humanidade.

Analisando as relações entre o progresso tecnológico e as atividades econômicas,


economistas observaram que há ciclos de intenso crescimento tecnológico e expansão
econômica, que podem ser comparados com ondas. Observe através da figura abaixo a
tendência na diminuição do período entre seus picos.

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A figura acima identifica cinco ondas onde a 1ª onda é dominada pela introdução de uso de
força da água, têxteis e (final do século XVIII); A 2ª onda é denominada pelo uso do vapor e
do aço (meados do século XIX); A 3ª onda vem caracterizada pelo advento da eletricidade,
novos produtos químicos e motor de combustão interna (na virada para o século XX); A 4ª
onda é caracterizada pela produção em massa, petróleo, eletrônica e aviação (meados do
Século XX), e a 5ª onda é caracterizada pelo aparecimento de inovações e de rápido
crescimento tecnológico é a que estamos testemunhando, e que começou há,
aproximadamente, 10 anos.

Segundo Mochkalev e Pimenta (2001), nesses ciclos, o crescimento começa tipicamente


como resultado de um conjunto de inovações radicais, revolucionárias, que ocorrem, quase
simultaneamente, em vários setores da indústria. Essas inovações são, em muitas vezes,

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disruptivas, ou seja, dão origem a uma nova geração de produtos e serviços, substituindo os
produtos e serviços convencionais.

Assim, os transistores substituíram, quase totalmente, as válvulas eletrônicas e a introdução


de microcomputadores terminou com a era dos minicomputadores e das máquinas de
escrever. Porém, a história mostra que, geralmente, depois de uma fase de crescimento
(estimulado pelos novos investimentos na indústria), inicia-se uma fase de estagnação e, em
seguida, uma de queda. Quem não conseguir aproveitar a fase crescente da onda de
inovações, quando os lucros ainda podem ser altos, corre o risco de atrasar na corrida para o
sucesso.

Quando caracterizamos a última onda de crescimento tecnológico - que, atualmente,


chamamos de altas tecnologias, o senso comum nos leva a uma associação imediata com
termos muito repetidos pelas mídias: Internet, software, telecomunicações, fibra óptica,
biotecnologia, engenharia genética, laser, microeletrônica, materiais compósitos, etc. São
muitas as áreas de intenso crescimento tecnológico. É constatável que boa parte das áreas
de crescimento está relacionada à informação/informatização (computação,
telecomunicações), não sendo por acaso que muitos especialistas definem as novas
tecnologias como as de informação. Com certeza, a Tecnologia da Informação (TI) - novas
capacidades em adquirir, processar, analisar e transferir volumes enormes de informação-
tem ajudado bastante na melhoria da produtividade na indústria, na ciência e nas diversas
áreas de serviços. Assim, é possível observar os impactos da TI na automatização ampla em
projetos (design) de produtos e serviços e na estrutura de gerenciamento de finanças,
produção, estoques, relações com clientes, distribuidores e fornecedores, etc.

Podemos observar que a universalidade do atual progresso tecnológico (resultado do


desenvolvimento amplo e profundo da ciência nas últimas décadas) é a marca diferencial da
última onda de inovações e de expansão econômica. Na opinião dos vários pesquisadores,
como por exemplo, Lastre (1994), a introdução dos conceitos de TI vem modificando forte-

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mente os aspectos básicos do paradigma técnico-econômico que antes era baseado no
estilo Fordista:

Paradigma Fordista Paradigma de TI


Uso intenso de energia Isso intenso de informação
Padronização Customização, personalização
Mudanças rápidas de produtos
Produtos básicos (mix) estabelecidos
básicos
Fábricas e equipamentos dedicados Sistemas de produção flexível
Automatização Sistematização
Empresas isoladas Redes de empresas
Estrutura hierárquica/departamental Estrutura horizontal/integrada
Produto com serviço Serviço de produtos
Centralização Inteligência Distribuída
Habilidades específicas Habilidades múltiplas
Papel do governo: controle e Papel do governo: informação,
planejamento regulação, coordenação

Fonte: MOCHKALEV, Stanislav; PIMENTA, Maria Alzira de A. Tópicos Atuais em


Administração: Inovação, Ed. Alínea, 2001.

Fazendo uma análise dos termos listados acima, identificamos que eles são resultado da
acumulação de conhecimentos nas ciências fundamentais e aplicadas, tratadas de maneira
interdisciplinar. Neste sentido, podemos observar também uma mudança na concepção de

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ciência: no lugar das ciências especializadas e bastante isoladas, cria-se uma “rede” de
ciências caracterizada por uma forte integração e interação, interdesenvolvimento e sinergia.

Por exemplo, o prêmio Nobel de Física no ano de 2000 que foi concedido para trabalhos na
área de micro e optoeletrônica, fundamentais para a tecnologia da informação. O prêmio foi
para a invenção e o desenvolvimento do circuito integrado, conhecido como chip, e para a
criação de heteroestruturas formadas por camadas de semicondutores compostos. Esses
novos materiais possibilitaram a fabricação de transistores

Veja que interessante, a figura ao lado representa uma


Máquina de Lavar do século XVIII. Vale ressaltar aqui o quanto
em conhecimento foi necessário para chegarmos às máquinas
atuais, disponíveis no mercado, com alta tecnologia.

Já que falamos em ONDAS fica a pergunta - Qual será a 6ª. Onda?

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Vá até a pasta Material Complementar e acesse o arquivo Cirque du Soleil. Leia o artigo e
veja uma Inovação voltada ao entretenimento.

Você poderá ver uma parte do espetáculo, basta acessar na pasta Vídeo, o arquivo: Tema
ALEGRIA.

Quais os aspectos positivos e negativos da globalização SEM o uso da Tecnologia da


Informação?

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U NIDADE 4
Objetivo: Mostrar a evolução do conceito de inovação tecnológica e suas novas abordagens.

Explicando a Evolução do Conceito de Inovação Tecnológica

Segundo Andreassi (2007), a questão tecnológica que desperta a atenção de estudiosos há


muito tempo, vive hoje o conceito de investimento intangível, afirmando que a situação de um
país resulta da acumulação de todas as descobertas, invenções, melhorias,
aperfeiçoamentos e esforços de todas as gerações antecedentes: isso forma o capital
intelectual da raça humana (Freeman e Soete, 1997).

No entanto, esses estudos não tinham a pretensão de entender com profundidade a


dinâmica do processo de mudança tecnológica. Foi só na primeira metade do século XX,
com o economista austríaco Schumpeter, que a tecnologia passou a ser analisada mais
detalhadamente, com base nas teorias de desenvolvimento econômico – já mencionada na
unidade anterior.

Schumpeter deu à inovação tecnológica, papel de destaque na economia do século XX,


concentrando sua atenção nos efeitos positivos das inovações de processo e produto no
desenvolvimento econômico e analisando também o papel da empresa e dos
empreendedores.

Schumpeter menciona cinco tipos de inovação:

 Introdução de um novo bem (com o qual os consumidores ainda


não estejam familiarizados) ou de uma nova qualidade de um

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bem. A introdução do telefone celular, por exemplo, enquadra-se nessa categoria de
inovação;
 Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método ainda não testado
em determinada área da indústria e que tenha sido gerado a partir de uma nova
descoberta científica; ou ainda um novo método de tratamento comercial de um
commodity. Como exemplo, podemos citar a robotização das linhas de montagem da
indústria automobilística;
 Abertura de um novo mercado, no qual uma área específica da indústria ainda não
tenha penetrado, independentemente do fato de o mercado já existir ou não. O
lançamento de uma linha de cosméticos voltada ao público masculino exemplifica
esse tipo de inovação;
 A conquista de uma nova fonte de matéria-prima ou de bens parcialmente
manufaturados, independentemente do fato de essa fonte ou esse bem já existir ou
não. Podemos citar como exemplo, a utilização do plástico na confecção de sandálias;

Curiosidade: A figura apresenta o sapato lunar. Com este


sapato você vai se sentir na lua. Pelo menos é isso que
promete o fabricante do “Moon Shoes”, uma espécie de
sandália feita de plástico que prende no sapato e faz você
quicar, como se estivesse na lua. O Moon Shoes é indicado
para maiores de 7 anos e aguenta uma pessoa de até 81
quilos. O sapato lunar custa US$ 30 na Amazon.

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 o aparecimento de uma nova estrutura de organização em um setor, como a criação
de uma posição de monopólio ou a quebra de um monopólio existente. O setor de
supermercados constitui um exemplo disso, passando de uma estrutura fragmentada
para uma estrutura oligopolizada.

Novos Enfoques dados à Inovação

Alguns críticos de Schumpeter afirmam que o autor faz uma conceituação muito abrangente
de inovação, uma vez que está relacionada aos aspectos técnicos, mercadológicos e
organizacionais. Para Dosi (1988), a inovação está essencialmente relacionada à
descoberta, à experimentação, ao desenvolvimento, à imitação e à adoção de novos
produtos, novos processos de produção e novos arranjos organizacionais. Dessa definição
decorrem cinco fatos ou propriedades que auxiliam a compreensão do processo
contemporâneo de inovação:

 a inovação pressupõe certa dose de incerteza, uma vez que os resultados do esforço
de criação dificilmente podem ser conhecidos de antemão. Tal incerteza envolve não
só a falta de informação sobre a ocorrência de eventos conhecidos, mas
principalmente a existência de problemas técnico-econômicos de solução
desconhecida. Além disso, é impossível prever as consequências das ações;
 basicamente a partir do século XX, as novas oportunidades tecnológicas estão cada
vez mais se baseando nos avanços obtidos pelo conhecimento científico;
 o aumento da complexidade envolvendo as atividades de inovação tem favorecido a
organização formal (laboratórios de P&D em empresas, universidades, institutos

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governamentais, etc.), em vez do "agente individual". Como consequência, obtém-se
maior integração entre os diversos sujeitos envolvidos no processo;
 uma parte significativa de inovação tem surgido com o learning-by-doing e o learning-
by-using. Pessoas e organizações, especialmente empresas, podem aprender como
usar, melhorar ou produzir coisas realizando atividades informais, como reuniões com
clientes, solução de problemas práticos, redução de obstáculos na produção, etc.;
 a mudança tecnológica não pode ser descrita simplesmente como uma reação às
mudanças nas condições do mercado. Ela é mais um fator que surge da experiência
obtida pelas empresas, organizações e até mesmo países. Em outras palavras, a
inovação tecnológica é uma atividade acumulativa.

Ainda segundo Adreassi, outro ponto importante é a dimensão do impacto causado pela
inovação. Quando Schumpeter se refere à inovação, ele está, na verdade, falando de
inovações radicais, ou seja, aquelas que produzem um grande impacto econômico ou
mercadológico. O autor deixa em segundo plano as inovações de ordem incremental, isto é,
os aprimoramentos técnicos de base contínua, que também são importantes para se
entender o processo inovativo. Contudo, a influência de Schumpeter é tão grande que seu
modelo acabou sendo utilizado para a análise de toda atividade inovativa, seja ela de ordem
radical ou incremental.

Para Hall (1994), a ideia de que a mudança tecnológica é incremental e gradual é


amplamente aceita hoje em dia, principalmente em virtude da teoria evolucionária.
Hasenclever e Mendonça (1994) argumentam que a característica principal da abordagem
evolucionária é a incorporação do fenômeno da mudança tecnológica. Eles explicam como
as atividades técnico-científicas são incorporadas ao processo produtivo e quais são os
efeitos disso sobre a própria estrutura industrial e sobre a concorrência.

Pela teoria evolucionária, a mudança técnica e a estrutura de mercado devem ser entendidas
como mutuamente interativas, afetando-se uma à outra. A inovação é uma escolha não
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inteiramente conhecida, podendo ou não dar certo. Nesse ambiente de incerteza e
diversidade, as empresas utilizam suas rotinas ou "trajetórias naturais". Tais rotinas são, na
verdade, as técnicas de produção, os procedimentos para escolha de insumos e produtos, as
regras de preço, as políticas de P&D, entre outras atividades. As firmas que possuírem as
melhores rotinas em seu ambiente tenderão a prosperar e a crescer mais que as demais.

Dosi contribui para a teoria evolucionária, ao introduzir o conceito de "paradigma


tecnológico". Tal conceito significa um programa de pesquisa tecnológica baseada em
modelos ou padrões de soluções de determinados problemas, derivados de princípios e
procedimentos técnico-científicos.

O espaço tecnológico possibilita vários vetores ou trajetórias, responsáveis pelo


direcionamento do progresso técnico. Assim sendo, Dosi conclui que a inovação é o
resultado de uma interação entre elementos técnicos e econômicos que se realimentam para
orientar que vetor ou trajetória tecnológica serão adotados, em um ambiente marcado por
incerteza e riscos.

Vá até o site do YouTube – www.youtube.com.br e digite “vassoura de garrafa PET passo


a passo”. Você verá um exemplo em vídeo de inovação adequada as questões
ambientais usando o plástico como nova fonte de matéria-prima. Abra também Pasta
Material Complementar a veja outra forma de produção no arquivo Vassoura PET.

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U NIDADE 5
Objetivo: Mostrar a inovação tecnológica como fator propulsor do crescimento, e como está a
inovação tecnológica no Brasil.

Inovação Tecnológica : fator propulsor do crescimento

A relação entre tecnologia e crescimento como elemento de estudo não é algo novo. Assim
como Shumpeter visto na unidade anterior, outros economistas também contribuíram com
estudos voltados a relação entre a tecnologia e o crescimento, no entanto, foi só a partir dos
anos 1960 que apareceram alguns trabalhos com uma base mais empírica e comparativa
entre diversos países.

Vale lembrar, novamente, o destaque do trabalho clássico de Fagerberg (1988), onde o autor
analisou o PIB per capita, os gastos em P&D, como percentual do PIB e o número de
patentes externas, por bilhão de dólares exportado, de 24 países. O resultado mostrou que
os países tecnologicamente mais avançados, nos itens "gastos em P&D" e "número de
patentes", são também os economicamente mais avançados, segundo a variável "PIB per
capita".

Nesse sentido, a importância da tecnologia para o crescimento, especialmente em atividades


relacionadas à tecnologia de ponta, vem sendo cada vez mais enfatizada nos países
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industrializados. A tecnologia deve ser considerada uma fonte de “competitividade estrutural"
para um país, uma oportunidade para se mudar a estrutura das vantagens comparativas e
também uma maneira de se substituir inputs usados na produção.

A inovação tecnológica é uma peça-chave na obtenção da competitividade de um país.


Porter (1993), no primeiro capítulo do seu livro “A vantagem Competitiva das Nações”,
introduz a necessidade de uma nova teoria sobre vantagem competitiva, ressaltando que
nessa nova teoria a inovação e o melhoramento em métodos e tecnologia são os elementos
centrais. O autor prossegue afirmando que a base da vantagem competitiva de um país está
em seu papel criador de um ambiente favorável à inovação.

Observa-se também que a relação entre a dinâmica da inovação e o impacto econômico


depende do contexto considerado. Tecnologia e crescimento econômico apresentam
relações distintas quando se levam em conta períodos recessivos, nível de abertura ou
protecionismo econômico, intervencionismo estatal, natureza tecnológica (civil ou militar) ou
mesmo setores industriais predominantes no país.

Inovação Tecnológica no Brasil

Quanto à realidade brasileira, um estudo detalhado sobre a origem e evolução da ciência e


tecnologia no Brasil foi conduzido por Marcovitch (1978). Segundo o autor, o processo de
industrialização brasileiro é recente se comparado com os países desenvolvidos. Esse
processo iniciou-se de forma decisiva apenas a partir da Segunda Guerra Mundial, com a
instalação da Companhia Siderúrgica Nacional, como forma de garantir a infraestrutura
necessária para as indústrias automotiva, de equipamentos, química, elétrica e eletrônica,
que se instalaram aqui a partir da década de 1950.

Devido à rapidez do processo de industrialização, o empresário brasileiro teve de procurar no


exterior a tecnologia necessária para garantir o funcionamento das empresas, já que no país

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não existiam recursos humanos e materiais para a criação do know-how nacional. Assim, tal
know-how foi adquirido por meio de acordos de assistência técnica, licenças e do emprego
de técnicos estrangeiros. Porém, a fim de garantir uma otimização da tecnologia importada,
foi necessária a criação de uma equipe de P&D; tal equipe fez os ajustes para a adaptação
da tecnologia adquirida no exterior. Em algumas empresas, notadamente as estatais do ramo
de energia, telecomunicações e petróleo, as equipes de P&D evoluíram e conseguiram ser
reconhecidas por seu alto nível de inovação.

Porém, no restante dos setores, o investimento em P&D começou a ocorrer apenas após a
abertura de mercado, no início da década de 1990, conforme relata Israel Vargas, ex-ministro
da Ciência e Tecnologia no período:

Até há poucos anos, dona de um mercado cativo, embora limitado, a preocupação com a
tecnologia não passava de uma decisão sobre qual equipamento comprar. Não havia
necessidade de aperfeiçoarem-se processos e produtos [ ... ]. Mas isto está mudando a olhos
vistos.

Com relação ao papel do estado no processo, foi só a partir do final da década de 1960,
mais especificamente com a instituição do Programa Estratégico de Desenvolvimento (PED),
em 1968, que o governo passou a se preocupar, de forma mais explícita, com o
desenvolvimento científico e tecnológico. Criou planos e políticas específicos para a área,
agências de fomento e bancos de investimentos, conforme analisado por Stal (1997).
Entretanto, a autora salienta que, desde os anos 1970 até os dias atuais, ficam evidentes as
contradições existentes entre a política explícita de C&T e a política econômica vigente,
causando uma precariedade nas articulações entre empresa, governo e universidade.

Um típico exemplo dessa contradição é a Lei nº 8.661/93, que regula os incentivos fiscais
para a capacitação tecnológica das empresas. Após apenas quatro anos de implantação,
quando as empresas estavam efetivamente começando a utilizá-Ia, os incentivos sofreram
cortes e sua aplicação nas empresas foi prejudicada. Só recentemente, em 2006, 13 anos

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depois de promulgada a Lei nº 8.661, uma nova lei foi elaborada para incentivar a inovação
tecnológica empresarial, concedendo incentivos às empresas que investem em P&D.

Pode-se perceber que P&D exerce papel fundamental no desenvolvimento econômico dos
países. Porém, P&D deve ser considerada uma condição necessária, mas não suficiente.
Demais variáveis acabam influenciando, como a forma de utilizar os gastos em P&D, o
impacto dos investimentos (se são ou não acompanhados de mudanças sociais), a adoção
de políticas econômicas e de P&D, compatíveis entre si, o relacionamento articulado entre
empresa, governo e universidade, entre outras.

IMPORTANTE: Veja alguns dados fornecidos pelo Relatório de Competitividade Global do


Fórum Econômico Mundial de 2006-2007 (Araújo, Arruda, Tello, 2007).

Note que fazendo uma comparação entre 2005 e 2006 podemos observar:

 O destaque da Suíça em primeiro lugar no ranking e a presença maciça dos países


nórdicos nas primeiras posições em relação ao ano anterior;
 A queda de cinco posições dos Estados Unidos está associada ao mau desempenho
dos seus fatores macroeconômicos. Mas os EUA se mantêm como líderes em muitos

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dos indicadores de Inovação (2º lugar), Eficiência de Mercado (2º lugar), Educação
Superior e Treinamento (5º lugar) e Sofisticação Empresarial (8º lugar);
 A Suíça passa a ocupar a liderança do indicador, fruto do equilíbrio entre os diversos
pilares e variáveis, destacando-se nos investimentos significativos em Inovação (3º
lugar) e na Sofisticação do Ambiente Empresarial (3º lugar);
 O Brasil depara-se com grandes problemas em diversas áreas, apresentando queda
de nove posições no ranking (de 57º para 66º). Destaca-se o péssimo posicionamento
no pilar Macroeconomia (114º lugar) e Instituições (91º lugar), equilibradas apenas por
posições muito boas nos pilares Sofisticação Empresarial (38º lugar) e Inovação (38º
lugar).

Vá até a Pasta Material Complementar e leia o ARQUIVO – “Banana e Bananada.pdf


representa o discurso do professor Weber, uma aula de despedida”.

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U NIDADE 6
Objetivo: Descrever a importância da inovação como campo de estudo.

Inovação: um novo campo de estudo

Após a leitura do texto que descreve a aula de despedida do Prof. Weber, na unidade
anterior, fica ainda mais claro a necessidade de investirmos tanto em conhecimentos na área
tecnológica como em conhecimentos neste novo campo de estudo, a inovação. Segundo
Moreira e Queiroz (2007), os estudos de inovação, particularmente nas duas últimas
décadas, ganharam forte impulso e se constituíram em um complexo campo de pesquisa,
com muitas ramificações e especializações, no qual apontam muitas certezas acumuladas e
também muitas dúvidas ainda por responder.

As dúvidas começam pelo conceito de inovação. Embora haja um forte consenso no sentido
de que a inovação está relacionada a "algo novo" (Slappendel, 1996), existe considerável
desacordo sobre o que pode ser considerado "novo" (Johannessen, Olsen e Lumpkin, 2001),
abrindo espaço para conceituações divergentes.

Devido à indefinição conceitual do que seja uma inovação, os problemas para em se


encontrar um esquema classificatório único persistem. Alguns tipos de inovação já se
consolidaram e são fundamentais como marcos de estudo e pesquisa: assim, por exemplo, a
inovação técnica ou tecnológica é, para um grande número de autores, consultores e
executivos, praticamente sinônimo de inovação.

Há também dificuldades quanto ao "mapeamento mental" do campo da inovação, mesmo


quando se especifica um subcampo mais restrito, como, por exemplo, a inovação em nível
de empresa. Existe um consenso sobre as variáveis mais importantes que possam ser

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relacionadas aos esforços inovadores? Existem estratégias de pesquisa reconhecidas que se
apliquem a modelos de estudo particulares? E assim por diante. Mais uma certeza existe; a
inovação é um elemento importante tanto para sociedade quanto para as organizações.

É importante ressaltar, que para muitos autores reconhecidos no campo da inovação, as


organizações devem seu sucesso econômico, em maior ou menor grau, ao sucesso em
introduzir inovações em seus produtos e processos (Tidd, Bessant e Pavitt, 1997).

A vantagem competitiva pode advir do tamanho da empresa ou de seus ativos, mas, sem
dúvida, a habilidade para mobilizar conhecimento, tecnologia e experiência para criar
produtos, processos ou serviços está contando cada vez mais.

Um exemplo de inovação para a sociedade brasileira foi a


Urna Eletrônica, que agilizou o processo eleitoral.

Você já parou para refletir como esta inovação destacou o


Brasil mundialmente?

É o “saber” como forma de Poder.

As pesquisas sugerem diversas formas pelas quais a inovação pode contribuir.

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Onde podemos Inovar?

A classificação quanto aos tipos de inovações, do Fórum de Inovação da Escola de


Administração de Empresas de SP, da Fundação Getulio Vargas, é muito apropriada. São
divididas em quatro:

 Inovação de produtos e serviços - desenvolvimento e comercialização de produtos ou


serviços novos, fundamentados em novas tecnologias e vinculados à satisfação dos
clientes;
 Inovação de processos - desenvolvimento de novos meios de produção ou de novas
formas de relacionamento para a prestação de serviços;
 Inovação de negócios - desenvolvimento de novos negócios que forneçam uma
vantagem competitiva sustentável;
 Inovação em gestão - desenvolvimento de novas estruturas de poder e liderança.

A inovação pode ocorrer no: design, produto, processo de produção, serviço agregado ao
produto, modo de comercialização, serviço prestado ao cliente, na técnica de marketing, na
gestão da cadeia de valor, na relação com fornecedores e clientes. É essencial que a
inovação atenda a uma necessidade ou desejo do consumidor, de modo, a efetivamente criar
valor.

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Faça uma reflexão acerca da figura abaixo. Qual seria o tipo de Inovação? Justifique.

Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/). Ao se cadastrar gratuitamente nesse site,


você terá acesso a vários vídeos muito interessantes. Acesse ao vídeo:

“Inovação, Tecnologia e Criatividade gerando valor para a sua empresa”.

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Existe um Filme chamado “Na Roda da Fortuna”, com Tim Robbins e Paul Newman que
conta de maneira divertida a história da invenção do BAMBOLÊ. Só disponível em locadoras
de vídeo.

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U NIDADE 7
Objetivo: Mostrar a variedade de conceitos, de vários autores, em relação a INOVAÇÃO.

Mercado e Inovação

O mercado atual é caracterizado por uma alta competitividade, excesso de informação, alta
instabilidade, curto ciclo de vida de produtos e concorrência acirrada, fazendo com que as
empresas, para obter êxito, tenham que desenvolver a capacidade de inovar, gerando novos
produtos e serviços, a um preço menor, com melhor qualidade e a uma velocidade maior que
seus concorrentes. As empresas precisam atender, simultaneamente, às demandas por
eficiência, qualidade, flexibilidade e agilidade, através da aplicação de novas tecnologias.

Segundo Leite, outra característica da nossa sociedade moderna é a penetração e difusão


da tecnologia. Hoje, ela está inserida no nosso cotidiano, no trabalho, na vida familiar e em
nossa vida comunitária, ou seja, cada vez mais somos "tecnólogos"- dependentes. Se ocorre
um problema no servidor ou na rede de computadores de nossa empresa, praticamente
ficamos impedidos de trabalhar. Os telefones celulares entraram em nossas vidas com tal
essencialidade que parecem sempre ter existido. A conectividade se tornou condição básica
para a existência moderna.

Os produtos ficam rapidamente obsoletos e existe uma avidez por novidades e novas
tecnologias. Nonaka (apud Leite, 2005), afirma que neste cenário conturbado só as
"empresas geradoras de conhecimento" (knowledge-creating companies) têm garantida a
sua existência, pois o seu negócio é a inovação contínua.

Há uma diferença significativa entre essas gerações, pois viveram experiências cognitivas
bem distintas, o que estimula o desenvolvimento de modelos mentais diferenciados, ou seja,

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são seres humanos com expectativas, desejos e hábitos diversos. Hoje, a criança e o jovem
de uma classe social favorecida lidam com uma série de brinquedos e produtos de
entretenimento de alta intensidade tecnológica. Não há a mínima chance de um menino da
classe média ou rica se interessar mais pelo carrinho de rolimã ou pela bola de gude, como
eu fazia. Os jogos de computador e o Playstation fazem parte da vida dele. Os integrantes
desta nova geração vão se tornar adultos desejosos e, por que não dizer, "viciados" em
consumir produtos de alta tecnologia.

O que é Inovação?

Introdução ao conceito

Essa pergunta não admite uma resposta tão direta quanto seria de se desejar, mesmo
porque, não existe uma definição única, totalmente aceita por todos. Como foi comentado
anteriormente, a ideia de inovação incorpora ideias de novidade e de mudança, e esses
elementos acabam por aparecer em praticamente qualquer uma das dezenas de definições
surgidas nos últimos 30 ou 40 anos.

Exemplifiquemos com uma definição de cunho geral, apresentada no relatório da


Comunidade Europeia, intitulado Green paper on innovation (European Commission, 1995).
O objetivo declarado do Green paper era identificar os fatores, positivos ou negativos, dos
quais dependia a inovação, particularmente na Europa, e propor medidas para aumentar a
capacidade inovadora da Comunidade Europeia. Com esses propósitos:

(...) inovação é tomada como sendo um sinônimo para a produção, assimilação e


exploração com sucesso de novidades nas esferas econômicas e sociais. [A inovação]
oferece novas soluções para problemas e assim torna possível satisfazer as
necessidades tanto do indivíduo como da sociedade. (European Commission, 1995, p.

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Na verdade, a inovação pode preceder e causar a mudança social ou ser desenvolvida em
resposta a necessidades criadas pela mudança social, segundo Zaltman, Duncan e Holbek,
(apud Moreira, Queiroz, 2007). Existe uma interação contínua e dinâmica entre novas ideias,
práticas e produtos, de um lado, e a estrutura e a função social, de outro. As inovações
podem criar mudança social, e a subsequente mudança social pode trazer inovações
adicionais que podem reagir sobre as estruturas e/ ou funções alteradas que as fizeram
existir ou influenciam outros aspectos da organização.

Para esses autores, o termo inovação é usualmente empregado em três diferentes


contextos. Em um deles, é sinônimo de invenção, isto é, refere-se a um processo criativo em
que dois ou mais conceitos, ou entidades existentes, são combinados de forma nova para
produzir uma configuração não conhecida previamente pela pessoa envolvida. Às vezes,
essa ideia é misturada com a ideia de inovação como um processo (de inovação tecnológica)
que parte da conceitualização de uma nova ideia para a solução de um problema e daí, para
a real utilização de um novo item de valor econômico ou social. Essa visão da inovação
como um processo, começando com o reconhecimento de uma demanda potencial, a
viabilidade técnica de um item e finalizando com sua utilização generalizada é, talvez, o mais
amplo uso do termo inovação na literatura existente. Ela mescla a ideia de inovação com a
de adoção.

O termo inovação é também usado para descrever somente o processo em que uma
inovação existente torna-se parte do estado cognitivo e repertório comportamental de um
adotante. A inovação, nesse sentido, é a adoção de uma mudança que é nova para a
organização e seu ambiente relevante. Trata-se da introdução em uma situação aplicada,
com sucesso, de meios ou fins que são novos à situação. No primeiro sentido, a organização
ou o indivíduo podem ser inovadores sem adotar; no segundo, podem ser inovadores sem
ser inventivos.

Finalmente, o terceiro uso do termo refere-se àquela ideia, prática ou artefato material que foi
inventado ou é visto como novo; independentemente de sua adoção ou não adoção. A

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ênfase aqui está na descrição de por que alguma coisa é nova, enquanto a invenção e a
adoção envolvem processos. Essa visão descreve atributos e dimensões.

Para os próprios autores, "a inovação é qualquer ideia, prática ou artefato material percebido
como novo pela unidade de adoção relevante, a qual pode ser uma pessoa, uma
organização, um setor industrial, uma região, etc." (Zaltman, Duncan e Holbek, 1973).

Para Johannessen, Olsen e Lumpkin (apud Moreira e Queiroz, 2007), o caráter de "novo"
existente em qualquer inovação pode ser analisado em três dimensões: O que significa algo
ser "novo"? Quão "novo" esse algo precisa ser para ser considerado uma inovação? Esse
algo deve ser "novo" para quem?

Uma das mais importantes consequências do significado de "novo" está nas medidas mais
usadas de inovação. De forma geral, a inovação é medida de formas indiretas, e não
exatamente pelo que seja "novo" (em um produto, processo ou serviço, por exemplo).

É corriqueiro usar como medidas de inovação as despesas totais com Pesquisa e


Desenvolvimento (um componente significativo do custo de inovar, mas não o único, e
seguramente não uma medida do que seja algo "novo"). A proporção de cientistas e
engenheiros engajados em Pesquisa e Desenvolvimento ou o número de patentes, o número
de produtos introduzidos pela empresa, etc. Apesar de que, nenhuma dessas medidas reflete
diretamente o que seja a inovação.

Segundo Moreira e Queiroz (2007), o primeiro passo para entender e, eventualmente,


interferir, em componente tão crucial para o desenvolvimento econômico (a inovação)
consiste em avaliar, da forma mais abrangente possível, tanto qualitativa como
quantitativamente, o processo de geração, difusão e incorporação do progresso tecnológico.

Há uma gama enorme de percepções e significados complementares que mostram distintas


visões sobre o tema inovação. A seguir, destacaremos as citações de alguns autores
importantes.

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Vá até a Pasta Atividades Dissertativas e abra o arquivo Caso 3M. O artigo mostra como
funciona uma das empresas mais inovadoras do mundo. Em seguida responda as questões:

1. Qual são as principais características de uma empresa inovadora?


2. Qual é o foco da 3M?
3. Qual a diferença entre criatividade e inovação?
4. Qual a relação entre inovação e fidelização de clientes?
5. Quais são os dois tipos de necessidades de mercado na visão da 3m?

Visite o site da 3M e veja seus produtos. Basta acessar www.3M.com.br

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U NIDADE 8
Objetivo: Conceituar tecnologia e descrever as caratcterísticas das tecnologias primárias –
produto, processo e informação.

Tecnologia: componentes

Após abordarmos o conceito de Inovação, vamos iniciar esta unidade conceituando


tecnologia. A tecnologia é um conjunto ordenado de conhecimentos científicos, técnicos,
empíricos e intuitivos empregados no desenvolvimento, na produção, na comercialização e
na utilização de bens ou serviços. A tecnologia consiste em três componentes trabalhando
juntos que, segundo Mattos (2005), são: o conhecimento (Know-How), as instalações físicas
e os procedimentos usados para produzir produtos, isto é, bens e serviços. Detalhando os
componentes, temos que:

 Know-how – é o conhecimento e julgamento de como, quando e por que empregar


determinados equipamentos e procedimentos. Habilidade e experiência individual
estão incorporadas nesse conhecimento e frequentemente não podem ser transcritas
em manuais e rotinas;
 Instalações físicas são equipamentos e ferramentas necessárias à produção;
 Procedimentos são as regras e técnicas para operar os equipamentos e as
ferramentas de modo que as atividades de produção sejam executadas.

Podemos aplicar este conceito, de maneira bem simples, no artigo “Banana e Bananada”,
sobre a aula de despedida na unidade 5. Naquele caso específico temos a vovó como a
pessoa que tem o Know-how, o conhecimento; as instalações físicas podemos considerar o

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fogão e os procedimentos são as regras e técnicas para operar a matéria-prima e o fogão até
transformar a banana em bananada.

Sabemos que a tecnologia está presente nas organizações. Dentro de uma organização, as
tecnologias se refletem naquilo que as pessoas estão trabalhando e no que elas estão
usando para fazer esse trabalho. Sendo assim, vamos descrever sobre as três tecnologias
primárias: produto, processo e informação.

 Tecnologia de Produto – é a mais notada tecnologia, onde grupos de Pesquisa e


Desenvolvimento (P&D) da empresa empenham-se para criar novos produtos e
serviços, ou seja, tecnologia desenvolvida para criar um produto ou serviço;
 Tecnologia de Processo – são empregados pela empresa para executar suas
atividades, ou seja, tecnologia desenvolvida para melhorar os métodos utilizados
pelas empresas para realizar suas tarefas;
 Tecnologia da Informação e Comunicação – cada vez mais importante, é o que os
colaboradores de uma empresa dispõem para adquirir, tratar, processar e comunicar
informação.

1) Sobre CLASSIFICAÇÃO: É importante destacar que a tecnologia pode ser


classificada, sendo assim, o modo pela qual uma tecnologia específica é classificada
depende de sua aplicação:

Por exemplo, a tecnologia de produto de uma empresa – empresa que produz


computadores – pode fazer parte da tecnologia de processo, de outras máquinas de
comando numérico, e ser uma tecnologia de informação de uma terceira, como por
exemplo, o banco de dados em rede.

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2) Sobre GESTÃO: A gestão de uma empresa está intimamente associada a todos os
três aspectos da tecnologia, já que em qualquer empresa fazemos uso ou criamos
tecnologia.

 A tecnologia de produto – é importante porque as operações empresariais devem ser


projetadas para gerar produtos e serviços decorrentes dos avanços tecnológicos;
 A tecnologia de processo – é importante porque pode melhorar os métodos usados
nessas operações;
 A tecnologia da Informação e comunicações - é importante porque pode melhorar o
modo de uso da informação dos sistemas de operações da empresa.

Vejamos como fica a classificação quanto à tecnologia dos CAIXAS AUTOMÁTICOS.

 Para que produz/fabrica/cria os Caixas Automáticos, tem-se como classificação:


Tecnologia de Produto;
 Para o banco que utiliza/faz uso dos Caixas Automáticos tem-se como classificação:
Tecnologia de Processo.

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 Já a Tecnologia de Informação é aplicada tanto para o banco como para os clientes.

Detalhando as Tecnologias: Produto, Processo e Informação

1) TECNOLOGIA DE PRODUTO – é desenvolvida dentro da organização, tem como


objetivo traduzir ideias em novos produtos e serviços, para os clientes da empresa. É
desenvolvida principalmente por engenheiros e pesquisadores que desenvolvem
novos conhecimentos e a maneira de produzi-los. As capacidades originais desses
conhecimentos são fundidas e ampliadas, traduzindo-se em novos produtos e
serviços, com características específicas que agregam valor para os clientes.

Um dos pontos relevantes a considerar é que o desenvolvimento de novas tecnologias


de produto requer íntima cooperação com o marketing da empresa, buscando
descobrir aquilo que o mercado realmente necessita, e com sua produção, para
determinar como os novos produtos e serviços criados para atender a essas

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necessidades podem efetivamente ser produzidos e entregues aos clientes. Tendo
necessidade de projeto e a implantação de sistemas para apoiar a instalação e
manutenção do produto com os usuários pós-venda.

Assim, a criação e aplicação da tecnologia pela organização das atividades de P&D,


nas empresas, estão diretamente relacionadas à tecnologia de produto. Além de
definir a estratégia tecnológica e a seleção de tecnologias a serem obtidas pela
empresa. Que será detalhado nas unidades 9.

C Processos e
O
N Instrumentos
H
P
E
R
C
O
I Tecnologia Fabricação
Projeto do D
M
E
Produto u
T
N
O
T
O
S Materiais

A figura representa a descrição do processo de fabricação de um produto. Através do


conhecimento gera-se a tecnologia para durante o processamento fabricar o produto.

2) TECNOLOGIA DE PROCESSOS – são os métodos pelos quais uma organização para


realizar suas atividades, depende da aplicação desta tecnologia. Algumas tecnologias

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de processo são específicas a sua área de atuação, enquanto outras são de uso
universal, como aquelas empregadas na cadeia de suprimentos;
3) TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO (TIC) – são utilizadas para
adquirir dados operacionais internos e externos à empresa. Esses dados são
utilizados na produção de informações e na geração de conhecimentos, de modo que
as organizações possam tomar decisões, eficientes e efetivas. Esses dados,
informação e conhecimentos, devem ser transmitidos para outras pessoas e
processos, dentro e fora da empresa.

A tecnologia da informação e comunicações permeia, portanto, todas as áreas


funcionais da empresa.

Se quiséssemos classificar o “programa da RECEITA FEDERAL” (Declaração de Imposto de


Renda), quanto a TECNOLOGIA, como ficaria esta classificação para a instituição Receita
Federal e para a sociedade (pessoas Físicas e Jurídicas)?

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U NIDADE 9
Objetivo: Conceituar gestão da tecnologia no contexto empresarial detalhando aspectos
quanto ao uso e criação destas tecnologias nas organizações

Gestão da Tecnologia na Organização Empresarial

Segundo Kupfer & Hasenclever (apud Mattos e Guimarães, 2005), as empresas precisam
adaptar suas estruturas organizacionais de tal forma que lhes permitam introduzir, da melhor
maneira possível, as suas estratégias tecnológicas. Como organismos vivos, as empresas
recebem e exercem influência do ambiente no qual habitam, logo, é através da inserção das
inovações tecnológicas que elas influenciam e transformam seu ambiente produtivo.

Após a definição de tecnologia na unidade anterior, vamos conceituar gestão da tecnologia.


Em um sentido mais amplo, a gestão da tecnologia cobre todos os aspectos de
planejamento, organização, execução e controle de atividades empresariais desenvolvidas
em ambientes com intensa tecnologia, ou seja, coordena a P&D, a engenharia e o
gerenciamento para planejar, desenvolver e implementar novas capacidades tecnológicas
que possam impulsionar as estratégias corporativas e de operações da empresa.

Isto significa que o gestor deve identificar possibilidades tecnológicas através da P&D,
selecionando as tecnologias a serem obtidas tanto de fontes internas quanto externas,
prosseguindo, então, pelo sucesso em sua implementação como novos produtos, processos
e serviços. Vários são os papéis da tecnologia, no desempenho empresarial:

 A tecnologia é provavelmente o mais importante fator para o aumento da


competitividade global de uma empresa;
 As empresas que investem e aplicam em novas tecnologias tendem a ter situação
financeira mais sólida do que as que não o fazem;
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 Estudos mostram que existe forte correlação entre o investimento em P&D e a
rentabilidade e frequência de introdução de novos produtos;
 Pequenas empresas podem desfrutar de fortes posições competitivas quando têm
maior know-how tecnológico e usam de forma intensiva a tecnologia da informação e
tecnologia de produção assistida por computador;
 A relação entre tecnologia e vantagem competitiva é ainda muitas vezes mal-
entendida;
 Ser uma empresa high-tech não necessariamente significa estar fazendo uso
adequado da tecnologia. Em muitos casos, um simples serrote é uma escolha melhor
do que uma máquina de corte a laser controlada por computador.

A gestão da tecnologia aborda o gerenciamento das atividades ligadas ao uso de tecnologia


e a criação de tecnologia. Vejamos a tabela abaixo, que representa a matriz de tipologia da
gestão da tecnologia:

Uso de Tecnologia Criação de Tecnologia


Gerenciamento da resposta da Gerenciamento de redes de P&D para
empresa à introdução de novas criar novas tecnologias e comercializar
Tecnologias
tecnologias produtos e processos decorrentes
Dinâmicas
Gerenciamento dos recursos da Gerenciamento de grupos de P&D para
empresa para o uso mais criar e comercializar novos produtos e
Tecnologias
eficiente de tecnologias bem processos baseados em tecnologias
Estabilizadas
estabelecidas disponíveis

A tabela mostra que, quanto ao USO de tecnologia podemos ter: Tecnologias: Dinâmicas e
Estabilizadas. Se Dinâmicas deve-se gerenciar a resposta a esta nova tecnologia, se

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Estabilizada deve-se potencializar o uso da tecnologia existente. Já em relação à CRIAÇÃO
de Tecnologia temos que: as Tecnologias Dinâmicas devem ser gerenciadas com o intuito de
criar e comercializar produtos e processos decorrentes destas novas tecnologias. Em
Tecnologias Estabilizadas o gerenciamento tem o mesmo intuito, só que de tecnologias já
disponíveis. Mattos e Guimarães (2005).

A gestão da tecnologia, então, complementa e expande outras disciplinas e técnicas de


administração, focando todo o corpo de conhecimentos ligados à criação e comercialização
de novas tecnologias.

De um modo geral, tais empresas usam o estado da arte existente, de modo a gerar
tecnologia sem propriamente executar qualquer pesquisa. Assim, as empresas têm
necessidade de identificar, no organograma organizacional, a posição estratégica mais
adequada para um “departamento” de Gestão Tecnológica, com autonomia estabelecida e
ampla visão empreendedora, com ligação linear à alta direção e às demais funções
gerenciais básicas.

Mais uma vez recorre-se a Longo (1984), para lembrar que a principal causa de fracasso nas
indústrias que lidam com tecnologia “tem como origem o fato de que, a maioria de seu
pessoal desconhece que trabalha numa fábrica e pensa que está a serviço de um
laboratório”. A simples atividade de P&D isolada não é garantia de que a tecnologia
desenvolvida seja transferida para o sistema produtivo; a tecnologia gerada, ou aperfeiçoada,
por uma atividade de P&D, exige diversos graus de elaboração até sua efetiva inserção
numa atividade produtiva, englobando tanto a “produção” da tecnologia como a sua
comercialização.

Assim, as indústrias de base tecnológica, por exemplo, “devem possuir um setor de


comercialização que se encarregue da determinação e definição dos mercados mais
convenientes, da elaboração da estratégia, de comercialização e da utilização dos recursos
da empresa para adquirir tecnologias, combiná-las com a produção própria e vendê-las na
forma mais adequada para as necessidades do cliente” (LONGO, 1984).
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A presença de P&D no ambiente produtivo pode ser vista como uma estratégia de inovação
que vise obter ganhos potenciais de competitividade, no atual mercado globalizado.

Vá até a pasta Atividades Dissertativas e abra o arquivo Caso APPLE e sobre o I-Phone
APPLE. Depois da leitura, reflita: Porque uma empresa tão criativa não consegue obter lucro
de suas inovações? Faça uma comparação entre a empresa Apple e 3M.

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U NIDADE 10
Objetivo: Continuar o estudo sobre gestão da tecnologia, contextualizando a tecnologia como
mercadoria.

Gestão da Inovação Tecnológica

Nas unidades 8 e 9 foram abordadas as definições de tecnologia e suas classificações,


respectivamente. Ainda segundo Mattos, a Gestão da Tecnologia também é chamada de
Gestão da Inovação Tecnológica. Aqui é importante ressaltar que o conceito de
TECNOLOGIA é diferente do conceito de INOVAÇÃO.

Retornando ao assunto, temos que a inovação tem duas etapas:

1. Geração de ideia ou invenção;


2. Conversão daquela ideia em um negócio ou outra aplicação útil.

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A equação apresentada mostra que a linha divisória entre as duas – invenção e
comercialização – não é claramente definida. O estudo da geração de uma ideia ou invenção
está relacionado ao processo de P&D e a comercialização está, principalmente, voltada a
temas como marketing de novos produtos e processos.

Como exemplo temos um produto da empresa APPLE. O I-Pod surgiu como uma solução
portátil e com capacidade de armazenamento para resolver o problema dos usuários que
para ouvir músicas sempre tinham que carregar vários CD´s. Para a criação deste produto
inovador foi necessário tanto de P&D, quanto de marketing.

Tecnologia: Mercadoria?

A tecnologia é uma mercadoria. Ela é produzida, tem proprietário (porque mantém privilégios
de patente), é vendida, trocada, cedida e até mesmo copiada, falsificada, roubada e
contrabandeada. Os centros de pesquisas tecnológicas podem ser entendidos como
“fábricas de tecnologia”.

Segundo informações do site do INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial -


www.inpi.gov.br, a pesquisa e o desenvolvimento para elaboração de novos produtos (no
sentido mais abrangente) requerem, na maioria das vezes, grandes investimentos. Proteger
esse produto através de uma patente significa prevenir-se de que competidores copiem e
vendam esse produto a um preço mais baixo, uma vez que eles não foram onerados com os
custos da pesquisa e desenvolvimento do produto. A proteção conferida pela patente é,

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portanto, um valioso e imprescindível instrumento para que a invenção e a criação
industrializável se tornem um investimento rentável.

Patente é a codificação de uma inovação, visto que uma inovação é um conjunto de novas
informações. A matéria-prima básica de uma patente é a informação.

Outra definição de patente: representa um título de propriedade temporária sobre uma


invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou
outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação.

Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da


matéria protegida pela patente. Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito
de excluir terceiros, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais
como: fabricação, comercialização, importação, uso, venda, etc.

Ainda segundo Mattos e Guimarães, a tecnologia pode apresentar-se de forma explícita ou


implícita.

 Tecnologia explícita – é a que existe como conhecimentos ou habilidades de pessoas


ou que expressa informações contidas em documentos como relatórios, patentes,
projetos, desenhos;
 Tecnologia implícita - é aquela que se acha incorporada a bens ou serviços.

E em relação ao comércio da tecnologia, temos duas formas:

 explícita - feita por meio de contratos de cessão de direitos de fabricação, de


fornecimento de tecnologia, de contratação de serviços de engenharia, de projetos, de
assistência técnica, etc.;

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 implícita - cada uma delas agrega um valor custo do produto, isto é, em cada etapa
do desenvolvimento ou da produção há uma parcela do custo que corresponde às
tecnologias até então incorporadas.

Em resumo quando se fala de tecnologia explicita e implícita estamos falando do


conhecimento que pode estar representada em papel ou incorporada a bens ou serviços. Já
o comércio da tecnologia envolve contratos e custos, é o negócio em si.

Neste contexto, a gestão da tecnologia e da inovação, em uma organização, terá cinco


papéis básicos a desempenhar:

 identificar as demandas tecnológicas internas e externas – mercado – à organização;


 identificar as ofertas tecnológicas internas e externas à organização;
 fazer com que as ofertas existentes efetivamente satisfaçam às demandas
identificadas;
 fomentar interna e/ou externamente o desenvolvimento de ofertas para as demandas
não atendidas;
 fomentar interna e/ou externamente demandas para ofertas que ainda não
encontraram aplicações, mas que tem potencial de difusão.

Em resumo, temos como fatores indutores da mudança tecnológica a oferta e a demanda.


Caso esteja do lado da demanda – produção de bens e serviços ou da oferta, centros de
P&D e universidades - a gestão da tecnologia e da inovação na organização pode assumir
diferentes enfoques:

Na empresa produtora de bens e serviços será a gerência sistemática e proativa integral dos
fatores e funções geradoras de novos conhecimentos, desde o momento inicial da

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formulação de um plano de desenvolvimento até a otimização da participação da empresa no
mercado. Nos centros de P&D e universidades será o desenvolvimento de uma capacidade
de comercialização dos conhecimentos gerados e sua adequada gerência.

Independente do lado em que o gestor da tecnologia e inovação esteja; seu papel será
sempre o de fazer com que oferta e demanda se encontrem de forma adequada e eficiente.

Vá até a pasta Material Complementar e leia a reportagem da revista Veja (Setembro/2008)


acessando o arquivo: Brasil corre atrás da criatividade. A reportagem mostra como o Brasil
está atrás em criatividade e ainda, temos conhecimento, mas nos falta ação.

Agora, você deverá ir até a pasta atividades para abrir às atividades do arquivo ATIVIDADE1
correspondentes as unidades de 1 a 10.

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Como estudo complementar é interessante:

Fazer a leitura do artigo “Patentes – Segurança para Crescer”, disponível na pasta: Material
Complementar.

Fazer uso do livro de referência: TIGRE, P.B. Gestão da Inovação – A Economia da


Tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/) e assista ao vídeo “Invenções – Como


proteger o seu investimento em P&D”. Palestrante Leonor Galvão de Botton.

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U NIDADE 11
Objetivo: Descrever a relação entre inovação e empreendedorismo.

Inovação e Empreendedorismo

A definição de inovação está estreitamente ligada à de tecnologia (definida na unidade 8) e a


de invenção. Segundo Moreira e Queiroz (2007), entende-se por invenção, a concepção
resultante do exercício da capacidade de criação do homem, que solucione um problema
técnico específico dentro de determinado campo tecnológico. Tal solução deve ser passível
de fabricação ou apta ao uso industrial. Assim, quando se encontra um processo,
procedimento ou produto melhor para realizar uma tarefa, tem-se uma inovação. Sob esse
ponto de vista, a inovação traz mudanças na tecnologia vigente. Um novo ponto de partida
proveniente de métodos tradicionais de produção.

Ainda em relação ao conceito de invenção, temos que: é algo que se apresenta na forma de
planos, fórmulas, modelos, protótipos, descrições e outros meios de registrar ideias. Mas
nem toda invenção se transforma em inovação, pois esta só se efetiva se for implementada e
aceita pelo mercado, mas nada garante que a invenção seja um sucesso. Desse modo, a
inovação é um elemento central da economia, e a invenção, se não for levada à prática é
irrelevante, do ponto de vista econômico.

Uma definição simples e genérica é dada pela seguinte equação:

Inovação = Ideia + Implementação + Resultados

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De modo que, só haverá inovação se não faltar nenhum termo na segunda parte da
equação.

Há diversos tipos de inovação (produto, processo ou serviço) e a sua classificação é que irá
descrevê-la como radicais (novo paradigma tecnológico) e/ou incrementais (representam
melhoramentos em produtos e processos), o que será detalhado na unidade 16.

Mohr et aI. (2005), as apresentam como dois extremos de um continuum, ou seja, em um


extremo, as inovações incrementais constituem pequenos avanços na forma atual de se
fazer as coisas - mudanças evolucionárias -, como é o caso de reduções de custo ou
pequenos aperfeiçoamentos em produtos. No outro, as inovações radicais trazem produtos
inéditos ou modos totalmente novos de fazer as coisas.

Entre os dois extremos, há inovações relativamente incrementais, como reposicionamentos


de produtos em outros segmentos de mercado ou uma reestruturação para aumento da
eficiência organizacional.

Em função da característica de ensejar novos produtos e processos de modo radical, a


inovação está também estreitamente ligada ao estabelecimento de novos negócios e sua
perpetuação ao longo do tempo, ou seja, ao empreendedorismo. Essa palavra, muito
discutida atualmente, tanto no ambiente de negócios quanto no acadêmico, representa um
conceito com origens nos economistas clássicos. Um dos primeiros autores a relacionar
explicitamente os dois termos - inovação e empreendedorismo - foi Joseph Schumpeter, que
via o empreendedor como alguém que altera mercados com sua atividade empresarial,
destruindo a ordem estabelecida e criando uma nova, bem diferente da anterior. Assim, para
o economista, o empreendedorismo altera mercados, setores industriais, modelos de
negócios e tecnologias, por meio da inovação radical e da mudança revolucionária. Nesse
sentido, o empreendedorismo pode, conforme afirma Christensen (apud Moreira e Queiroz,
2007), caracterizar uma ruptura em relação às principais atividades de uma organização.

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Isso acarretaria a troca dos principais clientes atuais por outros no futuro, bem como
provocaria impactos na cadeia de suprimentos, alterando o modo da empresa criar valor para
o consumidor.

Como exemplo, temos a pressão sofrida pela Kodak com a troca de tecnologia, onde a
máquina fotográfica que utilizava filme foi substituída pela máquina digital, provocando o
fechamento das fábricas que produziam filmes coloridos. A Kodak teve que se adaptar a esta
ruptura tecnológica e se reestruturar. Uma das formas foi aumentar a venda de papel, tinta,
acessórios, revelação e outros serviços digitais. Podemos citar mais dois outros exemplos de
mercados que foram substituídos: a máquina de escrever que foi substituída pelo
computador e a fralda de pano pelas fraldas descartáveis.

As principais características dos empreendedores de sucesso são: visão do futuro,


capacidade de assumir riscos, capital suficiente, conhecimento adequado, discernimento,
criatividade, firmeza, determinação, dedicação, valores e adaptabilidade.

Ideias e oportunidades de negócios

Ainda de acordo com Moreira e Queiroz, é oportuno examinar os conceitos de ideia e de


oportunidade de alguns autores, nos âmbitos das áreas de negócios e de
empreendedorismo.

Dornelas (2005) diferencia os dois termos do seguinte modo: uma ideia pode ser considera-
da apenas o primeiro passo em direção à construção de um empreendimento, e existem
inúmeras delas surgindo todos os dias. Entretanto, só haverá criação de valor se esta for
transformada em oportunidade, ou seja, se houver dados concretos sobre quem são os
clientes potenciais, qual é a situação de mercado, quais são os concorrentes, etc., que
viabilizem a transformação dessa ideia em negócio ou em produto.

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Consistentemente, para Musika (2001), oportunidade é algo que, se for transformado em
produto e oferecido por uma empresa ao mercado, resultará em lucro financeiro. Outra
característica importante apresentada pelo autor é que há um fator de percepção que
distingue uma oportunidade de outra, ou seja, elas não são iguais para todos. Um
empreendedor pode não perceber ou não considerar oportunidade uma situação de
mercado, enquanto outro sim. Por fim, o autor vincula oportunidades à criação de valor, tanto
por diferenciação quanto por custos baixos.

Quanto às fontes de ideias, para novos negócios, podemos citar: descobertas tecnológicas,
acontecimentos econômicos, mudanças demográficas e de estilos de vida, mudanças
governamentais, descobertas de recursos e até calamidades. Além disso, nas unidades 13 e
14 serão detalhadas as fontes de oportunidades descritas por Peter Drucker.

Dornelas (2005) complementa, sugerindo o monitoramento de informações nos meios de


comunicação e a utilização de técnicas de criatividade, como brainstorming. Embora suas
fontes sejam muito variadas, as ideias de negócios são passíveis de uma classificação
simples, conforme Longenecker, Moore e Petty (1998) propõem. Elas podem ser agrupadas
em três tipos de ofertas aos clientes:

a) produto novo, o que se traduz em nova tecnologia para solucionar problemas antigos;
b) produto existente, mas ainda não comercializado em determinado segmento de
mercado;
c) aprimoramento fundamentado em estratégias do tipo "eu também", mas que agrega
atributos superiores aos da concorrência.

As características anteriormente apontadas - existência de um conceito de produto; de um


mercado potencial; de concorrentes; a necessidade de realização de investimentos e a
possibilidade de obtenção de lucros financeiros e criação de valor - remetem à elaboração do
plano de negócios. É preciso que as oportunidades sejam desenvolvidas com critério e

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atenção, o que pode ser feito mediante a elaboração de um plano de negócios, ferramenta
extremamente valiosa para que o empreendedor, que deseja iniciar ou expandir um negócio,
extraia o máximo das oportunidades que lhe apresentam.

Qual a diferença entre INVENÇÃO e INOVAÇÃO?

Saiba mais através do site:

Biblioteca Virtual de Inovação Tecnológica - http://inovacaotecnologica.ibict.br

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U NIDADE 12
Objetivo: Identificar onde estão as oportunidades de inovar.

Quem é o Agente da Inovação?

Podemos dizer que todos os empregados de uma organização, da recepcionista ao diretor


executivo são agentes da inovação. Qualquer pessoa que componha a força de trabalho
deve se posicionar proativamente e ser gerenciada como um profissional apto a cooperar e
contribuir para a melhoria e a inovação nos processos da empresa, gerando valor para a
organização e seus clientes.

O conceito de "empresa ampliada", termo criado pela Chrysler, consiste em integrar ao time
de inovadores de uma organização: seus fornecedores, clientes e parceiros. No atual
contexto, torna-se necessário não apenas gerenciar o conhecimento, mas, sobretudo gerá-lo
e impulsionar a inovação organizacional através da sinergia e complementaridade dos
recursos tecnológicos, financeiros e humanos - conhecimentos e talentos - de todos os
participantes diretos e indiretos da empresa ampliada, gerindo estrategicamente a rede de
colaboradores internos e externos. É fundamental, portanto, que as empresas incorporem a
gestão estratégica do capital humano em seu repertório de práticas administrativas, para que
possam desenvolver seu potencial inovador e atuar competitivamente no mercado.

Portanto, a inovação não é assunto exclusivo de tecnólogos, ou seja, da equipe de P&D, do


grupo de desenvolvimento de produto ou do time de criação. O ideal é que se desenvolva
uma cultura de inovação e esta permeie toda a organização e transcenda os seus muros,
envolvendo também entidades externas. De qualquer modo, P&D, Produção, Marketing,
Vendas, Recursos Humanos, Suprimento, Financeiro, Jurídico, Apoio Administrativo, etc., ca-
da elo da cadeia produtiva deve analisar, repensar, otimizar e inovar seu ambiente produtivo.

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Conforme aborda Leite (2005, existem determinadas áreas e funções, dentro de uma
empresa, que exigem o atendimento a procedimentos programados e padrões bem
definidos, que devem ser seguidos rigorosamente, até por motivo de segurança. Na sala de
controle de uma refinaria ou na cabine de comando de um avião, não desejamos operadores
e pilotos inovadores e altamente criativos. A inovação tem a sua hora! Para este tipo de
atividade, novos procedimentos são testados exaustivamente, através de simuladores, antes
de serem introduzidos no meio produtivo.

A Brasilata, empresa de capital totalmente nacional, terceira no nosso mercado de latas de


aço, adota um modelo de gestão de participação em todos os níveis e, em 2002, atingiu o
índice de 11,6 ideias por funcionário, em seu programa de sugestões, enquanto a média
brasileira era menor que 0,5 ideias por funcionários.

A empresa estimula a criatividade e o compromisso dos seus 900 funcionários, criando um


meio inovador em que prevalece a busca por inovações que tragam resultados para a
empresa (LEITE, 2005).

Registrou mais de 30 patentes no Brasil e no exterior, inclusive a do "Fechamento Plus"


(fechamento por travamento mecânico), a qual lhe rende royalties. Por seus produtos
inovadores, a Brasilata já ganhou vários prêmios nacionais e internacionais.

Quanto da Inovação e inspiração é trabalho pesado?

Se depender principalmente de inspiração, o papel da administração é limitado: contratar as


pessoas certas e deixar que se virem. Já se depender basicamente do trabalho, a
administração tem um papel mais vigoroso a exercer: estabelecer papéis e processos certos,
definir metas claras e parâmetros relevantes e avaliar o progresso de cada etapa.

Peter Drucker, o mais venerado de todos os profissionais da cultura gerencial, declara que a
inovação é, sim, um trabalho de verdade que pode e deve ser gerida como qualquer outra

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atividade da empresa, ou seja, a inovação é o trabalho de saber, e não de fazer. Mas isso
não significa que seja igual a outras atividades da empresa. Detalhes na unidade 13.

Drucker argumenta que a maioria das ideias inovadoras nos negócios deriva metodicamente
de sete áreas de oportunidade. Algumas residem em empresas ou setores de atividades
específicos e outras em tendências sociais ou demográficas. Um executivo perspicaz deve
assegurar que sua organização tenha um foco claro sobre todas as sete. Uma vez
identificada uma oportunidade atraente, é preciso um salto de imaginação para chegar à
resposta certa - a uma “inspiração funcional”.

Adiantando uma pequena parte do assunto que será abordado nas próximas unidades,
temos que: inovação é função específica do empreendedorismo, seja numa empresa em
atividade, numa instituição de serviço público ou um negócio aberto por indivíduo na cozinha
de casa. É o meio pelo qual o empreendedor cria novos recursos geradores de riqueza ou
dota recursos existentes de um maior potencial de geração de riqueza.

Hoje, é grande a confusão quanto à correta definição de empreendedorismo. Para alguns, o


termo se refere a toda pequena empresa. Para outros, a toda nova empresa. Na prática,
porém, um grande número de empresas já firmadas pratica um empreendedorismo de alto
sucesso. Logo, o termo se refere não ao porte ou a idade do empreendimento, mas a certo
tipo de atividade. No cerne dessa atividade está a inovação: o esforço para produzir uma
mudança intencional e focada no potencial econômico ou social do empreendimento.

Na próxima unidade relacionaremos as sete fontes de oportunidade para as organizações


que buscam as inovações elaboradas por Drucker.

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O papel do gestor em empresas inovadoras é relevante. Qual a diferença entre um gestor em
empresas tradicionais e um gestor em empresas inovadoras?

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U NIDADE 13
Objetivo Identificar onde estão as oportunidades de inovar, sugeridas por Peter Drucker.

Fontes de Oportunidades de Inovação

Agora vamos descrever as sete fontes de oportunidade para as organizações que buscam a
inovação - relacionadas por Peter Drucker. Quatro delas podem ser encontradas dentro da
própria empresa, ou pelo menos no âmbito do setor de que a empresa faz parte, as outras
três vêm do mundo exterior resultante de qualquer pessoa que se dê o trabalho de olhar.
Todas as setes são sintomas de mudança, relacionadas em ordem de dificuldade e incerteza
crescente.

Exemplo de uma inovação que pode ser originária tanto do ambiente interno quanto externo:
A senha que pegamos na fila do banco. Pode ter originado de pessoas que trabalham no
banco (interno) ou de pessoas que enfrentavam filas de banco (externo).

Inicialmente vamos descrever sobre as quatros fontes de oportunidades inovadoras,


originárias do ambiente interno:

1. O sucesso INESPERADO: é representado pelos fatos que surpreendem uma


empresa, seja pelo sucesso, pelo fracasso ou por um evento externo qualquer. Todas
as empresas devem reservar espaço para avaliar os fatos inesperados e encontrar
alternativas para aproveitá-los. Considerada a mais fácil e simples fonte de
oportunidade de inovação.

Exemplo 1: No começo da década de 1930, a IBM desenvolveu a primeira máquina de


cálculo moderna, que foi projetada para bancos. Só que em 1933 os bancos não
compravam equipamentos novos. O que salvou a IBM foi a exploração de um sucesso
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inesperado: a biblioteca pública de Nova York se interessou pela máquina. Ao
contrário dos bancos, as bibliotecas, naquela época, tinham dinheiro. Para as
bibliotecas foram vendidas mais de 100 máquinas que, sem isto, teriam encalhado.

Exemplo 2: O fracasso inesperado pode ser uma fonte igualmente importante de


oportunidades de inovação. O Ford Edsel é conhecido como o maior fiasco na estréia
de um modelo, na história automotiva. O que poucos sabem é que o fracasso do
Edsel foi o alicerce do sucesso posterior da montadora. A Ford criou o Edsel, àquela
altura o automóvel mais meticulosamente projetado da história automotiva americana,
para dar à empresa uma linha completa de produtos para competir com a General
Motors.

Quando o carro naufragou, apesar de todo planejamento, a pesquisa de mercado e o


esforço de criação consumidos, a Ford percebeu
que ocorria no mercado de veículos algo que
contrariava noções básicas à luz das quais a GM e
todas as demais vinha projetando e comercializando
carros. O mercado já era segmentado por grupos de
renda; o novo princípio da segmentação era o que hoje chamamos de “estilo de vida”.
A resposta foi um Mustang, que deu à empresa uma personalidade distinta e a
restabeleceu como uma líder do setor.

Diante desses dois exemplos percebemos que os sucessos e fracassos inesperados


são fontes produtivas de oportunidades de inovação.

2. A INCONGRUÊNCIA: é uma discrepância entre a realidade, como ela é de fato, e a


realidade como se pressupõe que deveria ser.

Exemplo: Na década de 1960 um laboratório explorou uma incongruência na


tecnologia médica. A operação de catarata era o terceiro ou quarto procedimento
cirúrgico mais comum do mundo. No entanto, apesar de ser totalmente sistematizada

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por médicos, existia um único passo “antiquado” que era o corte de um ligamento. Os
cirurgiões haviam aprendido a cortar o ligamento com total sucesso, mas o
procedimento era tão diferente do resto da operação, e tão incompatível com ela, que
esses profissionais muitas vezes o temiam. Era incongruente e tal incongruência deu
origem a uma fonte de oportunidade: um laboratório criou uma enzima que dissolvia o
ligamento sem cortes. O laboratório ganhou com a inovação um monopólio mundial.

3. A INADEQUAÇÃO DE UM PROCESSO: são as oportunidades que aparecem quando


um produto ou serviço não está atendendo as necessidades dos clientes, sendo que
os últimos estão processando algum tipo de mudança ou adaptação no produto para
poder utilizá-lo. Mas neste caso é importante tomar alguns cuidados, tais como:
compreender a necessidade, para que se possa definir a especificação da solução;
possuir o conhecimento para a execução do trabalho e definir uma solução que seja
adequada aos hábitos e valores das pessoas que fazem o trabalho.
4. MUDANÇAS NA ESTRUTURA DO SETOR OU DO MERCADO: são oportunidades
que surgem na forma das empresas fazerem negócios. Normalmente, são quatro
indicativos de que a estrutura industrial está preste a ser alterada:
 quando um setor está crescendo mais rápido que a população ou que a
economia, a probabilidade de uma mudança é bastante acentuada;
 quando um setor em franco crescimento dobra de tamanho é muito provável
que a forma das empresas, inseridas neste setor, de fazerem negócios já esteja
inadequada;
 quando as tecnologias utilizadas pelo setor, vistas separadamente, começam a
convergir para um ponto comum;
 a forma como a indústria faz negócios esteja em processo de mudanças.

Agora vamos falar das três fontes de oportunidades inovadoras originárias do ambiente
externo:

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5. MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS: das fontes externas de oportunidades de inovação, o
fator demográfico é o mais confiável. São as mudanças relativas à população, como
por exemplo: crescimento, faixa etária, poder de compra, nível educacional,
concentração demográfica, movimentos migratórios, etc.

Exemplo: Os japoneses estão à frente na robótica porque prestaram atenção ao fator


demográfico. Por volta de 1970, todo mundo nos países desenvolvidos sabiam que
estavam em curso, tanto uma redução da natalidade quanto uma explosão na
educação. Cerca de metade ou mais dos jovens permaneciam no sistema de ensino
além do secundário. Logo, o número de pessoas disponíveis para o trabalho operário
tradicional na indústria estava fadado a cair e a se tornar inadequado por volta de
1990. Todos sabiam, mas só o Japão agiu. Hoje, está dez anos à frente na robótica.

6. MUDANÇAS EM PERCEPÇÃO: quando os fatos não mudam, o que muda é o


significado, e muitas vezes não se encontra explicações lógicas para tanto, sendo de
difícil quantificação. Neste caso estão incluídos os modismos e as novidades, que não
provocam mudanças verdadeiras de percepção e desaparecem dentro de pouco
tempo. Logo, esta distorção da mudança de percepção deve ser identificada.

Dizer que o copo está metade cheio ou metade vazio serve para descrever o mesmo
fenômeno, mas com significados muitos diferentes. Mudar a percepção de um
administrador de meio cheio para meio vazio abre grandes oportunidades de
inovação.

Exemplo: Na década de 80 a saúde do americano teve uma melhora num ritmo inédito
– seja medido pela taxa de mortalidade de recém-nascidos, pela taxa de sobrevivência
dos muitos velhos; pela ocorrência de câncer, pelas taxas de cura do câncer ou por
outros fatores. Apesar disso, a hipocondria coletiva assolava o país. Nunca houve
tanta preocupação ou receio com a saúde. De repente, tudo parece dar câncer ou
causar males cardíacos degenerativos ou perda prematura de memória. O copo está
nitidamente metade vazio.
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Em vez de celebrar o grande avanço na saúde, os americanos parecem frisar a
grande distância que ainda os separa da imortalidade. Essa visão das coisas abriu
várias oportunidades para inovação: mercados para novas revistas de saúde, para
programas de exercícios e equipamentos de corrida, e para toda sorte de alimento
saudável. Entre as empresas novas nos EUA, a que cresceu com mais rapidez foi
uma fabricante de equipamentos para exercício físico.

Uma mudança de percepção não altera os fatos. Muda, contudo, seu significado
rapidamente.

Peter Drucker diz: “o que determina se alguém vê um copo meio cheio ou meio vazio é
o estado de espírito e não os fatos, e uma mudança no estado de espírito muitas
vezes foge à quantificação. Mas não é algo exótico. É concreto. Pode ser definido.
Pode ser testado. E pode ser explorado em busca de oportunidades de inovação”.

7. CONHECIMENTO NOVO: é a fonte mais conhecida de oportunidades de inovação, e


difere das demais pela: duração, taxa de perdas, e desafios. Está intimamente ligada
a pesquisa científica, e é difícil de ser controlada, uma vez que uma simples
descoberta pode transformar totalmente um mercado.

Dois fatos são relevantes dentro do conhecimento novo como fonte de inovação:

 em primeiro lugar é o tempo decorrente entre uma descoberta e sua aplicação à


tecnologia e a transformação desta tecnologia em produtos e serviços;
 e em segundo lugar é que uma descoberta nunca é fruto de um só fator, mas
sim da convergência de vários fatores, sendo eles científicos ou não.

Elaborar um planejamento estratégico apontado para a inovação significa contemplar as sete


fontes de inovação durante o processamento da análise ambiental do planejamento.

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Mais detalhes no livro: Inovação e espírito empreendedor: Práticas e Princípios. Peter
Drucker, São Paulo: Thomson Pioneira, 1998.

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U NIDADE 14
Objetivo: Mostrar a relação entre gestão da inovação e gestão do conhecimento.

Gestão de Inovação é a Mesma Coisa que Gestão do Conhecimento?

Embora se pareçam e se confundam, a Gestão da Inovação tem como foco a criação de um


novo valor. Para entender a diferença, é necessário que se faça um exercício de
conceituação. No mundo dos negócios, conhecimento pode ser definido como: a informação
transformada em capacidade de exercer ação efetiva. Para a gestão do conhecimento,
também não existe definição universal, mas pode ser entendida como: o conjunto de
processos e tecnologias destinadas à captura, ao compartilhamento e à aplicação do
conhecimento coletivo, de forma a otimizar a tomada de decisão em tempo real. O que
diferencia a gestão da inovação é seu objetivo de criar e renovar o estoque de conhecimento,
disponibilizando novos serviços e produtos à sociedade. A gestão do conhecimento habilita a
gestão da inovação.

Outro ponto a destacar é o processo de inovação, que é complexo, e é influenciado por fa-
tores internos e externos da empresa. O sucesso depende do cenário socioeconômico, de
aspectos de mercado e do ambiente interno da empresa, tais como:

 Situação macroeconômica;
 Contexto social;
 Sistema educacional;
 Políticas públicas;
 Setor produtivo;
 Capacitação;

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 Tipo de produto - tempo de vida do produto; nível de concorrência; nível de
diferenciação;
 Posicionamento no mercado;
 Facilidade de parcerias;
 Recursos disponíveis;
 Base tecnológica;
 Modelo de gestão - aceitação do risco, sistema de recompensa e punição;
 Clima organizacional.

Para finalizar, podemos dizer que uma dada invenção não pode ser prevista, mas os
gestores devem criar um ambiente, metodologias, estrutura e convívio pessoal, adequados e
que favoreçam a inovação.

Os bloquinhos amarelos mais famosos do mundo

Novamente vamos utilizar a empresa 3M, para exemplificarmos o


conceito abordado acima. Uma empresa que quer ser inovadora
precisa gerar muitas ideias por um simples fato: nunca se sabe qual
delas será bem-sucedida e há uma necessidade de gerenciar estas
ideias para que elas não se percam. É ai que entra a necessidade da
gestão do conhecimento em uma empresa. Um dos melhores
exemplos disso é a história do surgimento do Post-it, o famoso bloquinho amarelo, de
recados, criado pela 3M.

Em 1968, um dos cientistas da 3M trabalhava no centro de pesquisas da empresa em


Minnesota, nos Estados Unidos. O objetivo era produzir um adesivo forte, com alto poder de
aderência. Mas algo deu errado e o resultado foi um produto mais fraco, que aderia apenas

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levemente às superfícies, ou seja, a “cola não colava” conforme o propósito inicial da
pesquisa. Para não perder totalmente o que havia produzido, esse pesquisador, Spencer
Silver, espalhou a notícia pela companhia, em busca de alguém que se interessasse pelo
invento. (Simantob, Lippi, 2003).

Enquanto isso, um químico da 3M chamado Art Fry participava do coral da igreja da cidade e
deparava sempre com um incômodo problema: quando se sentava em sua cadeira no coro,
percebia que as pequenas tiras de papel utilizadas para marcar os livros de cânticos sempre
caiam no chão. Mas também sabia da dificuldade de fixá-Ias, pois qualquer tipo de cola ou
adesivo existente danificaria a superfície do papel quando as tiras fossem removidas.

 A Ideia - Fry lembrou-se então do adesivo de baixa intensidade desenvolvido pelo


cientista da 3M e decidiu consultar o Dr. Silver para ver se aquilo serviria para a
marcação dos livros. Em 1974, ele uniu os dois problemas e percebeu que criava ali
um conceito totalmente inovador. Depois da criação de alguns protótipos e de
aperfeiçoamentos do produto, surgiu a ideia de aproveitar o adesivo nos bloquinhos
de recado. Para testar a aceitação do produto, Fry distribuiu esses blocos para as
secretárias da 3M - com sucesso imediato.

Colocar o Post-it no mercado não foi tão simples. Os distribuidores consideravam o


produto "tolo" e não percebiam seu conceito. Até que o vice-presidente de divisão Joe
Ramey resolveu testar o produto diretamente com os usuários. Em 1978, uma
campanha conhecida como "The Boise Blitz" espalhou amostras por todos os cantos.

O resultado foi simplesmente espetacular: mais de 90% das pessoas que receberam
as amostras manifestaram a intenção de comprar o produto. Em 1980, o Post-it foi
lançado nos Estados Unidos e, em cinco anos, tornou-se a maior descoberta da 3M
depois da fita Durex, criada, então, há mais de 50 anos. Os blocos hoje são
produzidos em mais de 25 tamanhos, cerca de 50 formatos (inclusive em papel
reciclado) e 50 cores. Representam, atualmente, mais de US$ 400 milhões de
faturamento mundial para a companhia.
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 Um século de inovações - A definição básica da 3M para inovação é simples e direta:
"novas ideias mais ações que produzem resultados". Talvez por isso, centenas e
centenas de concorrentes menores correm o tempo todo atrás de suas criações.

Considerada uma das empresas mais inovadoras do mundo, a multinacional norte-


americana, de nome original Minnesota Mining and Manufacturing, está presente no
dia a dia de grande parte das pessoas no mundo inteiro. São mais de 50 mil itens
espalhados nos automóveis, nos móveis, no banheiro, no escritório, na· cozinha, nas
fraldas descartáveis, nos curativos, no consultório do cardiologista. Para ter uma ideia
da diversidade dos produtos, a empresa lançou no Brasil, nos últimos anos, um pano
de limpeza doméstica que não deixa resíduo, um removedor de óleo facial e um
inovador sistema de iluminação para piscinas.

A companhia tem milhares de cientistas espalhados pelo mundo elaborando, o tempo


todo, protótipos que possam se tornar novos produtos - e lucro.

 A Cultura - William L. McKnight, presidente e CEO da 3M entre 1949 e 1966, foi um


dos grandes responsáveis por implantar na empresa uma cultura de inovação. Ele
dizia que as gerências inibem a criatividade das pessoas quando são muito críticas
aos erros. "É essencial que tenhamos muitas pessoas com iniciativa se quisermos
continuar crescendo", afirmava ele, que já naquela época implantou na companhia a
filosofia de assumir riscos. McKnight cunhou frases famosas que até hoje ecoam pelos
corredores da companhia, como "Ouça qualquer pessoa que tenha uma ideia original,
não importa quão absurda possa parecer à primeira vista".
 O objetivo da empresa é singelo - "Oferecemos produtos e ideias capazes de
solucionar problemas e tornar suas vidas mais fáceis e melhores", define o site da 3M.
Reforçando a atividade da unidade 7, onde estudamos o Caso 3M.

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Caso queira estudar detalhadamente um caso de inovação, temos como sugestão o livro:
“Inovação – o combustível do futuro” do autor Luiz Fernando Leite. A partir do capítulo 8 ele
escreve casos brasileiros de inovação, exemplo: Petrobrás.

O autor apresenta dois casos relevantes de desenvolvimento de tecnologia que mostram

como a Petrobrás, através do seu sistema tecnológico, enfrentou desafios da área produtiva
que se impuseram ao seu negócio. Esses casos estão relacionados ao aumento de produção
de petróleo em território nacional e á busca da autosuficiência no suprimento desta
importante fonte de energia e seus derivados.

1o. caso – está relacionado à produção de petróleo em águas profundas;

2o. caso – está relacionado ao refino desse petróleo.

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U NIDADE 15
Objetivo: Descrever sobre as classificações das atividades inovativas e o ciclo de inovação.

Ciclo de Inovação

Segundo Mattos e Guimarães, a inovação tecnológica é o processo pelo qual uma ideia ou
invenção é transposta para a economia, ou seja, ela percorre o trajeto que vai desde essa
ideia, fazendo uso de tecnologia existente ou buscada para tanto, até criar o novo produto,
processo ou serviço e colocá-lo em disponibilidade para o consumo ou uso. A utilização
completa o processo, pela introdução do produto ou serviço na economia, até que ele seja
suplantado por outro, oriundo do ciclo que vai substituí-lo.

Em geral, um mesmo produto, genericamente considerado, contempla a utilização de várias


tecnologias que se sucedem. Exemplos, os relógios de pulso de algumas décadas eram de
mola e hoje são de cristal; o automóvel passou por dezenas de tecnologias que ele próprio
recebeu, utilizou e descartou.

Tigre (2006) apresenta quatro fases distintas do processo de difusão de uma tecnologia
segundo o modelo em forma de S. À primeira é a introdução do novo produto, serviço ou
processo, em que um número pequeno de empresas adota a tecnologia. Nessa fase, há uma
grande incerteza quanto aos resultados da inovação. À medida que o inovador pioneiro tem
sucesso e ocorre uma melhoria progressiva do desempenho da tecnologia, ela entra na fase
de crescimento.

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O processo de difusão se acelera a medida que o conhecimento acumulado aumenta e o
desempenho tecnológico melhora. Sucessivas inovações incrementais são realizadas
visando a melhorar a performance e o design do produto, assim como investimentos para
aumentar a escala do processo. Na fase de maturação, as vendas começam a se estabilizar,
as inovações incrementais tornam-se menos frequentes e os processos produtivos se tornam
mais padronizados. Na fase de declínio, alguns usuários deixam de usar a tecnologia em
função do surgimento de outras inovações.

Ainda segundo Tigre, a trajetória de uma tecnologia não segue necessariamente o padrão
em S. Algumas passam diretamente do crescimento ao declínio, pulando a fase da
maturidade. Esse parece ser o caso do aparelho de fax apresentado a seguir.

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Ciclo de Vida do Fax.

A tecnologia do fax constitui um bom exemplo das diferentes fases do ciclo de vida das
inovações. O sistema foi introduzido nos anos 80, causando grande impacto nas
telecomunicações, na medida em que possibilitava a transmissão de textos e imagens por
via telefônica com grande vantagem em relação à tecnologia telex utilizada até então para a
transmissão de textos.
O sucesso foi imediato, permitindo um rápido crescimento das vendas até a primeira metade
da década de 1990, quando o fax entrou em seu período de maturação. A partir de então, o
advento da internet e a rápida difusão do uso do e-mail tornaram o produto obsoleto,
levando-o à fase de declínio. O fax não deixou de existir, mas hoje seu uso se limita ao nicho
de mercado da transmissão de documentos não digitalizados que precisem exibir
assinaturas e carimbos. (TIGRE, 2006).

Classificação das atividades inovativas

Segundo Andreassi (2007), apesar dos diversos enfoques teóricos relativos à inovação tec-
nológica, certa dificuldade acaba surgindo quando se aplicam tais conceitos à realidade
cotidiana das empresas. Afinal, examinando o processo produtivo de uma empresa, o que
pode ser considerado realmente uma atividade inovativa? Como padronizar procedimentos a
fim de se ter mecanismos de mensuração equivalentes entre os diversos países, setores de
atividade econômica e empresas?
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Tentando responder a essas questões, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE) começou a desenvolver, no início da década de 1960, um sistema
padrão para avaliação em P&D. Isso deu origem, em 1963, ao Manual Frascati. A partir da
troca de experiências entre os países-membros da OCDE, o Manual foi sendo atualizado em
diversas edições subsequentes, abrangendo não somente os padrões para a mensuração da
P&D, como também para várias atividades científicas e tecnológicas. A definição do que
pode ou não ser considerado P&D, largamente utilizada hoje em dia, tem suas origens no
Manual Frascati.

Porém, visando à necessidade de focar mais na questão da inovação propriamente dita, a


OCDE lançou em 1992 o Manual Oslo, que serviu de guia para coletar dados em inovação
tecnológica. O Manual Oslo faz uma diferenciação importante entre inovação tecnológica e
atividade inovativa. Ele considera como inovação tecnológica apenas os dois primeiros tipos
mencionados por Schumpeter (introdução de um novo bem ou de um novo método de
produção). Destaca também que a palavra "inovação" admite diferentes significados, de
acordo com o contexto. Assim, a inovação tecnológica compreende novos produtos e
processos, bem como significantes mudanças tecnológicas de produtos e processos. Já as
atividades inovativas foram classificadas em sete grupos:

 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D): entendida como o trabalho criativo desenvolvido


em uma base sistemática a fim de aumentar o conhecimento existente;
 Engenharia Industrial: aquisição de equipamentos, ferramentas, procedimentos de
controle de qualidade, métodos e padrões, ou mudanças em algum desses elementos,
visando à manufatura do novo produto ou à aplicação do novo processo;
 Início da produção: compreende as modificações de produto e processo, treinamento
de pessoal nas novas técnicas e lote experimental;
 Marketing de novos produtos: atividades relacionadas a lançamento de novo produto,
adaptação do produto a diferentes mercados, comercialização pioneira;
 Aquisição de tecnologia intangível: na forma de patentes, licenças, know-how e
serviços de conteúdo tecnológico em geral;

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 Aquisição de tecnologia tangível: aquisição de máquinas e equipamentos tecnológicos
conectados com as inovações de produto e processo introduzidas pela empresa;
 Design: atividades relativas à definição de procedimentos, especificações técnicas e
aspectos operacionais necessários à produção do novo objeto ou introdução do novo
processo. O design artístico também é considerado uma atividade inovativa quando
diretamente relacionado ao novo produto ou processo (ou seja, design meramente
estético não é considerado atividade inovativa).

Pode-se perceber que a P&D não é a única fonte geradora de tecnologia empresarial. As
empresas também avançam tecnologicamente por meio de vários outros tipos de
aprendizagem, design, engenharia reversa e imitação. Além disso, licenças e contratos de
colaboração permitem que as empresas inovem com base em tecnologia gerada por outras
empresas.

O conceito de atividade inovativa que consta do Manual Oslo é particularmente importante


quando se examina o caso das empresas japonesas. Nessas empresas, a inovação tem uma
característica muito mais incremental do que radical, e os departamentos de Marketing,
Engenharia Industrial e Design são peças fundamentais no processo inovativo. Conforme
afirmam Nonaka e Takeuchi (apud Andreassi, 2007), a inovação não é uma peça de um só
ato para as empresas japonesas. Uma inovação leva à outra, proporcionando
aperfeiçoamentos e melhorias contínuas.

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Qual a diferença entre “Inovação Tecnológica” e “Atividades Inovativas”?

“Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/) e aprofunde o estudo sobre as ‘Forças de


Inovação” assistindo ao vídeo:

“Inovar para obter melhores resultados”. Palestrante Kip Garland.

Como estudo complementar o aluno deve:

Fazer uso do livro de referência: TIGRE, P.B. Gestão da Inovação – A economia da


tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

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U NIDADE 16
Objetivo: Mostrar alguns tipos de classificação das inovações tecnológicas.

Classificação das Inovações

Na unidade anterior detalhamos a classificação das atividades inovativas. Agora vamos


detalhar a classificação das inovações tecnológicas. É necessário dizer que existem várias
classificações diferentes de inovação tecnológica, escolhemos as abordadas pelos autores
Mattos e Guimarães.

Cada uma das classificações depende da perspectiva do usuário e, dessa forma, são úteis
para descrever a inovação em circunstâncias diferentes. Uma inovação em particular pode
ser classificada em diferentes categorias, dependendo da perspectiva de análise adotada.
Por exemplo, a “lente de contato” comparada aos óculos pode ser classificada tanto na
perspectiva da organização como na perspectiva do cliente.

Inicialmente vamos classificar as inovações com suas definições, e depois de maneira


prática, aplicar a classificação ao exemplo da “lente de contato”.

Mattos e Guimarães chamam a classificação de inovação mais BÁSICA àquela que prevê a
existência de inovações radicais, incrementais e fundamentais. São elas:

1. Inovação Radical – acontece quando são feitas grandes melhorias em um produto.

Essas mudanças, frequentemente, fazem com que os princípios de funcionamento do


produto ou dos processos de produção sejam alterados, envolvendo uma nova tecnologia

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tornando “obsoleta” a que era anteriormente empregada e, às vezes, exige o
desenvolvimento de novos canais de marketing.

Exemplo, o relógio quartzo, que emprega tecnologia eletrônica em substituição à mecânica,


não necessitando de uma rede de relojoeiros qualificados, para serviço pós-venda.

Outra definição: surgimento de um novo processo ou produto com desempenho,


características ou atributos significativamente diferentes, que impactam o mercado existente,
abrindo oportunidade a novos negócios.

2. Inovação incremental – acontece quando são feitas pequenas melhorias em um


produto ou nos processos empregados na fabricação de um produto.

Essas mudanças geralmente aperfeiçoam o desempenho funcional do produto ou, pelo


menos, a percepção que o usuário tem de seu desempenho, reduzem seus custos ou
aumentam a eficiência e qualidade dos respectivos processos de produção.

Exemplo, a introdução de compensadores de temperatura nos volantes de relógio de pulso


mecânico para aumentar sua precisão;

Outra definição: melhoria do desempenho de um processo, produto ou serviço, objetivando


aprimorar ou expandir sua aplicabilidade (a redução do consumo energético ou do impacto
ambiental no processo de produção ou na aplicação do produto) e a redução de seu custo.

3. Inovação Fundamental – ocorre quando o impacto da inovação for de tal natureza que
possibilita o desenvolvimento de muitas outras inovações.

Exemplo: as inovações nas áreas de computação, comunicações, biotecnologia e materiais


polímeros.

Outra classificação de inovação ÚTIL está em sua categorização em inovação de produto,


inovação de processo ou inovação de serviço:

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4. Inovação de produto: resulta em produto novo ou melhorado. Um exemplo desse tipo
de inovação poderia ser um tipo de lâmina de barbear mais afiada e mais durável que
as disponíveis no mercado;
5. Inovação de Processo: acontece quando os processos de produção são alterados de
forma que reduza os custos ou melhore a qualidade de um produto existente, ou
quando são especificamente desenvolvidos novos processos para produzir um
produto novo ou melhorado.

Um exemplo desse tipo de inovação seria o desenvolvimento de uma tecnologia de


revestimento de grafita da nova lâmina citada acima para proporcionar suavidade extra ao
barbear;

6. Inovação de Serviço: acontece quando são desenvolvidos novos modos de prestação


de serviços. Um exemplo dessa forma de inovação seria o uso de máquinas de
autoatendimento em bancos, substituindo os caixas manuais – Banco 24 horas.

A distinção entre esses três últimos tipos de inovação nem sempre é clara e depende da
perspectiva. Para o cliente do banco, os caixas eletrônicos representam uma inovação de
serviço; para o banco, representam uma inovação de processo; para o fabricante do
equipamento, representam uma inovação de produto.

Vamos voltar a LENTE DE CONTATO para fazermos a classificação, lembrando que


fazemos isto comparando com a inovação anterior os ÓCULOS:

 Na perspectiva da Organização - é uma inovação radical porque temos um produto


novo envolvendo uma nova tecnologia e exigindo o desenvolvimento de novos
canais de marketing; é também uma inovação de produto, já que é um produto novo,
e uma inovação de processo, pois o processo de produção foi alterado para produzir
este novo produto;
 Na perspectiva do Cliente - é uma inovação radical visto que os princípios de

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funcionamento do produto foram alterados. Agora o usuário precisa saber limpar,
manipular as lentes. Também é para o cliente uma inovação de produto, já que é um
produto novo.

Outras Classificações

a. Inovações Autônomas – são as que podem ser obtidas independentemente de


outras. Por exemplo, uma nova turbina para aumentar a potência de um motor
pode ser desenvolvida sem que seja necessária uma reformulação completa do
motor ou do automóvel. É aquela que afeta pouco o sistema, isto é, uma
inovação incremental;
b. Inovações Sistêmicas – são aquelas inovações cujos benefícios que elas
podem proporcionar, somente são alcançados com outras inovações
relacionadas. Por exemplo, a máquina fotográfica instantânea da Polaroid, que
necessitou tanto de desenvolvimento de um novo filme quanto de uma nova
máquina. É aquela que afeta muito o sistema, ou seja, uma inovação radical;

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Complementando o exemplo da LENTE DE CONTATO, ainda na perspectiva da
Organização, podemos classificar também como uma inovação sistêmica já que ela só
ocorreu com as inovações relacionadas. Por exemplo, líquido especial para lente, porta lente.

c. Inovação Organizacional – introduzem novidades que modificam os processos


administrativos. Tais modificações podem ser:

 A maneira como as decisões são tomadas;


 A alocação de recursos;
 As atribuições de responsabilidades;
 Os relacionamentos com pessoas e outras organizações;
 Os sistemas de recompensas e punições e outros.

Recentemente, surgiu outra forma de classificar as inovações, sugerida por C. M.


Christensen em seu livro The Innovator's Dilemma:

 Inovação sustentativa - melhora a performance de um produto já


existente, podendo ser incremental ou radical;
 Inovação diruptiva - traz uma proposição de valor diferente, diminui a
performance, mas agrega novos valores ou atributos. Normalmente, é
mais simples, mais funcional, mais barata, menor e mais conveniente.

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Como você classificaria o Jornal Eletrônico na perspectiva da organização e na perspectiva
do usuário?

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U NIDADE 17
Objetivo: Descrever sobre a importância de organizar-se para a inovação e o seu processo.

Como é o Processo de Inovação Tecnológica?

A inovação, em geral, é um processo caótico que envolve toda cadeia produtiva. Temos de
criar o que não sabemos; o processo é complexo e incerto. A ideia original evolui passando
pelo estágio de concepção e explicitação, sendo enriquecida através da coleta de dados,
troca de informações, verificação do estado da arte e pesquisas bibliográficas.

Essa ideia pode ter sua gênese na busca do atendimento de uma demanda evidente do
mercado ou por uma nova oferta de conhecimento (market pull ou science push), bem como
atender a demandas não explicitadas, gerando novos mercados. Uma vez refinada, a ideia
passa ao estágio de experimentação preliminar e depois evolui para a pesquisa, objetivando
testar a sua viabilidade técnica. Neste caminho, sofre influências, desvios e retro-
alimentações, agrega novas informações do marketing, da produção, de parceiros e outros,
normalmente afastando-se da ideia original. Neste ponto, o projeto costuma ser pré-avaliado
quanto a sua exequibilidade.

O projeto, mostrando-se promissor, entra na fase de desenvolvimento, sendo confirmados e


aprimorados os seus principais parâmetros de processo ou as principais especificações do
produto. Se estivermos na fronteira do conhecimento, muitas vezes necessitaremos construir
uma unidade de demonstração para testar o processo ou construir um protótipo do produto.
Em alguns casos, podemos executar diretamente uma corrida de demonstração, em
instalação comercial já existente. Nesse estágio, geralmente o projeto sofre realimentações,
realinhamentos e novos testes são executados para verificar a sua robustez. A engenharia e
finanças executam o estudo de viabilidade técnico-econômica do empreendimento.

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Demonstrando bom retorno econômico, o projeto entra na fase de concretização. Se for
desenvolvimento de novo processo produtivo, inicia-se com o projeto de engenharia básica e
detalhamento, compra de equipamentos, construção de nova unidade fabril, pré-operação e
partida da unidade. Se for de desenvolvimento de produto: projeto de engenharia para
adaptação do meio produtivo; criação de padrão de processo e produto; fase de pré-
comercialização; teste de lançamento no mercado; e comercialização do produto
(distribuição e vendas).

O processo de inovação se aproxima mais do modelo descrito por Kline (que será analisado
na unidade 19), que enfatiza as interações entre as diferentes fases do processo, não
havendo limites rígidos entre os elementos da cadeia de inovação. Este pode incorporar
agentes externos, como clientes, fornecedores e parceiros, além de informações
mercadológicas atualizadas.

Organizar-se para a Inovação

Segundo Leite (2005), organizar-se para a inovação é muito mais que gerenciar novas
ideias. O desafio é criar deliberadamente espaços e momentos em que a criatividade possa
aflorar. Sobretudo ter tempo para pensar nos nossos problemas, desafios e sonhos. É
promover reuniões para:

 Pensar estrategicamente, visando construir o futuro que desejamos;


 Discutir cenários futuros e oportunidades;
 Aplicar metodologias e ferramentas de solução criativa aos desafios e sonhos;
 Repensar processos gerenciais e administrativos que estão nos incomodando ou nos
roubam muito tempo;
 Socialização, com agenda em aberto.

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Há uma ideia cristalizada de que o ser humano só é criativo quando ocorre uma necessidade
extrema, quando está sob pressão de um grande problema. Obviamente, temos
necessidades e obrigações, mas também temos desejos, sonhos e ideais. Há ameaças que
nos empurram, mas também oportunidades que nos seduzem. Em geral, o que nos estimula
a "pensar fora da caixinha" são esses aspectos volitivos.

Eduardo Kastika (apud Leite), consultor em gerenciamento da inovação com formação na


Creative Education Foundation, em Buffalo, EUA, reforça a necessidade de organizar e
desenvolver um ambiente favorável à inovação, citando alguns aspectos relevantes:

 Crie ambientes onde se construam ideias - ambientes de crescimento, positivos,


fortemente críticos, informados e proativos;
 Crie espaços para a criatividade;
 Harmonize divergência e convergência: pensamento produtivo = pensamento
divergente + pensamento convergente;
 Gerencie e desenvolva talentos - gente talentosa faz a diferença;
 Desenvolva equipes criativas;
 Treine e capacite em criatividade;
 Contabilize a criatividade como um capital intelectual.

Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/) e assista ao vídeo:

“Inovação que dá resultado”. É uma palestra que apresenta casos brasileiros de sucesso.
Por exemplo, o caso GE e o caso Embraer.

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U NIDADE 18
Objetivo: Mostrar os modelos de processo de inovação e suas características.

Modelos do Processo de Inovação

Muitos modelos foram desenvolvidos para descrever o processo de inovação, entre eles
temos: Modelo Linear; Modelo Linear Reverso; Modelo 3ª Geração; Modelo Kline; Modelo
Funil.

O mais antigo, e também o mais simples é o modelo denominado linear. O modelo linear é
um modelo ideal, nem sempre seguido na ordem e na forma completa. Na realidade, as
fases constitutivas da inovação tecnológica são altamente interativas, com fluxos e refluxos
em ambas as direções, impulsionadas pelas forças do mercado, que são: a oferta ou
oportunidades e a demanda ou necessidades e que podem partir de qualquer dos
participantes do processo.

As etapas do ciclo de inovação previstas por esse modelo são:

1. Pesquisa básica – é o trabalho experimental ou teórico;


2. Pesquisa aplicada - novos conhecimentos direcionados para objetivos práticos
específicos;
3. Geração de ideia;
4. Desenvolvimento do produto ou processo (desenvolvimento experimental) – atividades
que conduzem da ideia até a fabricação e comercialização do produto;
5. Entrada no mercado.

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P&D – é todo trabalho criativo empreendido em bases sistemáticas com o objetivo de
aumentar o estoque de conhecimento, incluindo os conhecimentos sobre o ser humano, a
cultura e a sociedade, bem como o uso desses conhecimentos para projetar novas
aplicações.

O modelo linear conforme descrito acima é criticável por não descrever a verdadeira
interação entre os processos envolvidos na inovação real.

 A ligação entre as etapas de pesquisa e a de desenvolvimento é muitas vezes


indefinida;
 Muitas pesquisas não resultam em novos produtos, outras vezes o tempo, entre a
pesquisa e o desenvolvimento, é que é muito longo.

Alguns novos produtos são baseados em conhecimentos empíricos, não sendo resultante de
pesquisa científica. Ex., A lâmpada incandescente é um exemplo do modelo linear.

 Com base na definição do objetivo, Edison percorreu as fases citadas até chegar à
lâmpada com filamento de carbono;
 Anos depois a GE desenvolveu nova lâmpada com filamento de tungstênio, uma
notável evolução sobre a anterior e sobre a emergente lâmpada alemã, com filamento
de tântalo.

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Outros casos tiveram êxito a partir do conhecimento empírico e de demoradas
experimentações, prescindindo de bases científicas e tecnológicas.

Os canhões do século XIV antecederam, por centenas de anos, a


balística que surgiu muito depois, a partir, principalmente, dos
trabalhos de Galileu no final do século XVII e de Newton no século
XVIII.

Diversas dificuldades de ordem prática podem ocorrer ao longo do ciclo, desviando-o do


modelo linear.

Ex., a invenção da copiadora eletrostática Xerox.

 Seu processo foi concebido no início da década de 1930, e seu inventor não
prosseguiu em seu aperfeiçoamento devido à falta de possibilidade técnica e
econômica.
 Somente em 1942 foi obtida a patente, e em 1945 uma organização de P&D sem fins
lucrativos e uma pequena empresa, se associaram para completar o ciclo da
inovação, culminando com o equipamento comercializado.

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U NIDADE 19
Objetivo: Descrever detalhadamente os modelos de processo de inovação que podem ser
adotados, em oganizações com características inovadoras.

Processos de Inovação modelos

1) Modelo Linear - na unidade anterior vimos que este modelo caracteriza-se em um


processo onde a inovação é concebida como o resultado de um processo de geração
de conhecimentos que vai desde a pesquisa básica, que é um modo de produzir
conhecimentos científicos, até a sua aplicação prática. Ou seja, a inovação é induzida
pela oferta de conhecimentos. De acordo com a figura 1 as três primeiras atividades
são modalidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D).

2) MODELO LINEAR REVERSO - A inovação é induzida pelas necessidades de


mercado ou problemas operacionais observados nas unidades produtivas. Qual dos
dois modelos é o correto? A resposta seriam “os dois”:

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O primeiro modelo está correto desde que os fatores tempo e lugar não sejam
considerados, pois as inovações sempre vão se beneficiar da acumulação de
conhecimentos gerados pelas pesquisas científicas. A ideia que esse modelo
expressa é a de que os conhecimentos tecnológicos são precedidos por
conhecimentos científicos, o que é verdadeiro para que tecnologias modernas.

O segundo modelo considera que a necessidade é a mãe de todas as invenções. Para


o inovador não importa de onde vêm os conhecimentos necessários para atender as
suas necessidades seja da pesquisa científica ou do conhecimento empírico adquirido
no dia a dia.

3) MODELO DE INOVAÇÃO DE 3ª. GERAÇÃO - Procura incorporar o Modelo Linear e


Reverso. Este modelo tem o mérito de mostrar que inovação é um processo que
articula as necessidades da sociedade e a do mercado com os avanços dos
conhecimentos científicos e tecnológicos. Este modelo combina o modelo de oferta de
conhecimento com o de demanda da sociedade.

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4) MODELO DE KLINE: PRINCIPAIS CONEXÕES - Desenvolver um modelo
semelhante, porém enfatizando as interações entre as diferentes fases do processo.
De acordo com a figura, na base está a cadeia da inovação.

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Neste modelo:

 As etapas não possuem limites rígidos;


 Usam caminhos típicos do modelo linear;
 Feedbacks essenciais do processo de inovação. Tais feedbacks ocorrem entre os
elementos de cadeia, aperfeiçoamentos no produto, avaliação do produto no mercado.

5) MODELO DE INOVAÇÃO (FUNIL): MODELO PRESCRITIVO - neste modelo há uma


necessidade de gerar ideias, e quanto mais ideias, melhor. Depois, é preciso
selecionar as ideias mais apropriadas aos objetivos da empresa, levando em
consideração as limitações a que ela está sujeita em termos de recursos, prazos,
mercados, etc. Por fim, as ideias selecionadas devem ser desenvolvidas até o ponto e
serem implementadas com êxito.

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Retorne a Unidade 17 e compare os modelos com processos de inovação e veja os aspectos
positivos e negativos.

Existe um modelo ideal de Inovação? Justifique.

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U NIDADE 20
Objetivo: Mostrar como o Sistema Nacional de Inovação é aplicado, como um estratégia,
para estimular a inovação

Sistema Nacional de Inovação

Um ambiente de ciência e tecnologia adequado é muito importante para estimular a


inovação. Nos países desenvolvidos existe uma estratégia governamental de integração dos
diferentes atores, como universidades, centros de pesquisas, empresas, governo e ONGs
em busca de uma meta comum que é desenvolver a inovação no país, de modo que este
seja um exportador de sua inteligência e criatividade, além de preservar a sua hegemonia.
Esta estratégia é viabilizada através do que chamamos de Sistema Nacional de Inovação
(SNI), uma rede de entidades que têm em comum o interesse pela inovação.

Segundo Leite (2005), em outubro de 1979, o então presidente americano Jimmy Carter
promoveu uma revisão da política de inovação industrial com o objetivo de melhorar a
produtividade e estimular a criação de empregos para trabalhadores americanos, criando um

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comitê com 150 representantes seniores dos setores: industrial, público, sindical-trabalhista,
científico-tecnológico e academia. Esse comitê delineou um programa de incentivo à
inovação industrial, que foi encaminhado ao Congresso Americano.

Se você visitar o site do Departamento de Energia Americano - www.sc.doe.gov, encontrará


os objetivos da pesquisa científica fomentada pelo governo. Os principais são:

1. Os EUA devem estar entre os líderes em todas as principais áreas da ciência;


2. Os EUA devem se manter inquestionavelmente na liderança em áreas científicas
prioritárias. A seleção dessas áreas é norteada pelos objetivos nacionais definidos por
critérios externos à área de pesquisa.

Ainda segundo Leite, os países desenvolvidos, como EUA, Japão, França e Alemanha,
historicamente investem cerca de 2,3% a 2,7% do PIB em P&D. No Brasil, temos investido
aproximadamente 1,1% nos últimos anos. Este investimento precisa crescer, pois, para
conferir competitividade ao nosso parque empresarial, é preciso criar a capacidade de
desenvolver internamente inovações tecnológicas, bem como selecionar, absorver, adaptar e
aprimorar as tecnologias importadas.

Um Sistema Nacional de Inovação efetiva tem em seu centro o setor produtivo - a empresa -
pois esta é a aplicadora da inovação. Veja a figura a seguir, Leite (2005):

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Governo
 Políticas de C&T
 Laborat. e Instit. de P&D governamentais

Setor Produtivo
 Laboratórios e centros de P&D privados
 Empresas de Engenharia
 Empresas Industriais e de Serviços

Academia
 Escolas Técnicas
 Universidades Entidades Não Governamentais
 Instituto de Pesquisas  Associações de Classes
 ONGs

É o agente que utiliza o conhecimento científico e tecnológico na geração de produtos e


serviços, criando riqueza para a sociedade. Este sistema deve operar como uma rede, cujo
produto principal é o conhecimento, devendo ser bem gerenciado de modo a subsidiar o
governo para o estabelecimento de políticas públicas e as empresas para o aumento de sua
competitividade.

Em 1994 os cientistas acadêmicos P. Patel e K. Pavitt classificaram os Sistemas Nacionais


de Inovação em três níveis:

 Sistemas maduros – capazes de manter o país na (ou perto da) fronteira tecnológica
internacional. Exemplos: Estados Unidos, Alemanha, Japão, França, Inglaterra e Itália;

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 Sistemas intermediários – basicamente voltados à difusão da inovação, com forte
capacidade de absorver avanços gerados em sistemas maduros. Exemplos: Suécia,
Holanda, Dinamarca, Suíça, Coréia de Sul e Taiwan;
 Sistemas incompletos – infraestrutura tecnológica mínima e não convertida em
efetivos sistemas de inovação. Exemplos: Brasil, Argentina, México e Índia.

O sistema brasileiro se enquadra na última categoria, caracterizado por infraestrutura


tecnológica mínima, existindo um sistema de ciência e tecnologia, mas não convertido num
efetivo sistema de inovação.

O Papel do Governo

O governo deve prover recursos de forma continuada e ter um sistema efetivo de fomento ao
desenvolvimento científico e tecnológico, contribuindo com:

 a formação de recursos humanos bem qualificados;


 a execução de atividades de P&D em institutos e laboratórios governamentais em
áreas estratégicas;
 a concessão de incentivos fiscais às empresas que investem em P&D;
 o financiamento favorecido para empresas que investem no desenvolvimento de
tecnologia de ponta;
 a criação de redes, bases de dados, sistemas de informação e bibliotecas;
 a política de compras governamentais, apoio à exportação, etc.;
 sistemas de patentes e marcas, regulamentação, normas e padrões, que sejam
facilitadores à preservação de direitos à propriedade intelectual e disseminadores de
boas práticas para as empresas nacionais;

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 medidas de ordem econômica que reduzam custos da implementação de inovações
no meio produtivo e de lançamento de novos produtos.

Um aspecto importante é que as políticas públicas para o incentivo ao desenvolvimento de


tecnologia sejam estáveis e de longo prazo. No Brasil, estas normalmente sofrem altas e
baixas, principalmente, com as trocas de governo, sendo comuns cortes, reservas de
contingências e mudanças de regras. Outra dificuldade é afinar e convergir as ações dos
diferentes ministérios.

Os instrumentos governamentais de apoio à inovação nas empresas são classificados como


diretos e indiretos.

Os instrumentos governamentais diretos são:

a) Instrumento fiscal- deduções e créditos fiscais.


b) Instrumento financeiro - empréstimos, capital de risco, participação acionária e bolsas
RHAE (Recursos Humanos em Áreas Estratégicas).

Os instrumentos governamentais indiretos são:

a) Suporte tecnológico e gerencial - Sebraetec (Programa Sebrae de Consultoria


Tecnológica), Fundos Setoriais, Programa Pite (Parceria para a Inovação Tecnológica
da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
b) Instrumentos administrativos - propriedade industrial, priorização de setores
estratégicos.
c) Instrumento mercadológico - poder de compra do Estado, reserva de mercado, apoio à
exportação.

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Na próxima unidade descreveremos sobre alguns instrumentos que estão cumprindo
efetivamente a sua função.

Antes de dar continuidade aos seus estudos é fundamental que você acesse sua
SALA DE AULA e faça a Atividade 2 no “link” ATIVIDADES.

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U NIDADE 21
Objetivo: Abordar alguns dos instrumentos governamentais de apoio a inovação.

Instrumentos Governamentais de Apoio à Inovação

Vamos avaliar alguns instrumentos que podem vir a facilitar a inovação. Alguns desses já
estão cumprindo efetivamente a sua função.

a) Incentivos Fiscais para a Capacitação Tecnológica das Empresas

A Lei 8.661/93 prevê a dedução do Imposto de Renda com P&D próprio ou contratado em
4%. Este percentual é acanhado, pois inclui também o dispêndio com o Programa de
Alimentação do Trabalhador (PAT). Países que priorizam o desenvolvimento tecnológico,
como o Canadá e a Coréia, limitam o abatimento de IR em 50% e 30%, respectivamente.
Outro problema é que nossa economia é instável.

Historicamente, crescemos a taxas muito baixas, e muitas empresas estão no vermelho,


fazendo com que este incentivo, que já é pequeno, torne-se praticamente inexistente. Como
não nos faltam impostos, não seria o caso de estendermos esta dedução a outros impostos
federais? Caso contrário, ficamos no ciclo vicioso: a empresa está mal e sua posição
competitiva poderia ser alavancada pela tecnologia, mas, como ela está mal, não recebe
nenhum incentivo para investir em tecnologia. Leite (2005).

b) Financiamento de Estudos e Projetos de P&D

A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é o principal organismo governamental de


apoio e estímulo ao desenvolvimento tecnológico, conhecida como Agência Brasileira de Ino-
vação. Esta promove a cooperação entre empresas, instituições de pesquisa e demais

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agentes de desenvolvimento, objetivando a dinamização do processo de inovação. Tem
desempenhado um papel importante na concepção, planejamento e operação de redes de
pesquisa básica e pré-competitiva, bem como na expansão e modernização da infraestrutura
pública de pesquisa.

No relacionamento com as empresas, atua como qualquer agente financeiro, cobrando juros
de mercado e exigindo garantias em excesso. Outro aspecto é que não há nenhuma
contribuição da FINEP em capital de risco. Seria interessante existir pelo menos para áreas
estratégicas e prioritárias. A transferência de recursos públicos para·o meio produtivo é
proibida por lei, mas esta poderia ser excepcionada para estimular a inovação.

O governo americano aplica cerca de US$ 75 bilhões por ano em P&D. Destes,
aproximadamente US$ 43 bilhões vão diretamente para empresas através de consórcios
com empresas ou institutos privados de pesquisa, que são obrigados a entrar com uma
contrapartida para o desenvolvimento de projetos que resultem na geração de um produto
tecnológico ou bem tangível. Parte deste montante recebe o destino de fomentar empresas
nascentes de base tecnológica, pois as agências governamentais de fomento a P&D são
obrigadas a reservar 2,5% de seu orçamento para as mesmas.

Os Fundos Setoriais criados pelo nosso governo, que visam a impulsionar o desenvolvimento
de tecnologia por meio de projetos cooperativos entre universidades, centros de pesquisas e
empresas, trouxeram recursos significativos para as universidades e centros de pesquisa
sem fins lucrativos, resultando em reforço essencial para as atividades de pesquisa.

O problema é que esse reforço é aplicado majoritariamente na pesquisa básica e


fundamental, sendo esta a vocação natural da universidade. A pesquisa aplicada e o
desenvolvimento, que são tarefas preferencialmente executadas peIas empresas, não têm
nenhum aporte governamental direto. Financiar inovação implica além da parte relativa à
pesquisa, suportar também atividades de engenharia, desenvolvimento de protótipos e a
produção experimental, com os quais os órgãos de fomento nacionais não estão
familiarizados.
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A inovação só ocorre quando um conhecimento chega ao meio produtivo, concretizando-o.
Segundo Stall, isso provoca até algumas distorções, tais como, as empresas buscarem a
universidade para o desenvolvimento do produto final, o que não é sua atribuição natural.
Para não produzirmos somente artigos científicos e sim mais patentes, novos produtos e
riqueza, este bolo não poderia ser mais bem dividido? Outro aspecto que poderia ser revisto
é o fato de os fundos setoriais não aceitarem a alocação de homem-hora como contrapartida
da empresa. Um projeto de inovação requer normalmente um dispêndio enorme em recursos
humanos de alta qualificação.

c) Financiamento de Empreendimentos

Neste caso, o grande ator é o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e


Social), que financia empreendimentos e oferece financiamento de máquinas e
equipamentos. Uma das sugestões é que o BNDES oferecesse linhas com juros favorecidos
para investimentos industriais baseados em tecnologia nacional.

d) Apoio a Exportação

As empresas maiores têm melhores condições para fazer investimentos em P&D e


tecnologia, pois para que os resultados dessas atividades deem retorno, normalmente, são
necessários ativos complementares, mais facilmente encontrados nas grandes corporações,
além de capacidade financeira para investir em longo prazo em recursos humanos e físicos.
Ademais, o risco de um projeto fracassar não ameaça tanto o seu futuro.

No entanto, há quem advoga que o futuro pertence às pequenas empresas por sua
flexibilidade e agilidade em se reconfigurarem para atender às flutuações de demanda do
mercado e captar ganhos simultâneos de economia de escala e escopo.

As grandes corporações continuam detendo o comando do mercado, formando redes em


que as pequenas são suas supridoras ou subcontratadas. Isso não quer dizer que empresas
pequenas, cooperativas de empresas e arranjos produtivos locais bem estruturados não

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possam inovar e exportar, no mercado globalizado é de grande ajuda. Um modo de crescer
nosso parque empresarial é exportar, gerando maiores recursos para investir em melhorias
de processos e em inovação, criando um ciclo virtuoso para a empresa, tornando-a mais
forte e competitiva.

No caso brasileiro, é mais crítica a necessidade de uma boa atuação governamental.


Carecemos de um alinhamento da política industrial, de tecnologia e de comércio exterior de
modo a serem coerentes e estar bem explicitadas, promovendo mecanismos práticos e
eficientes de apoio à exportação.

Finalizando esta unidade, é importante descrever que diante deste cenário, há necessidade
de se aplicarem metodologias e ferramentas de gestão do conhecimento para priorizar
atividades, unir competências, trocar experiências, eliminar duplicação, não reinventar a
roda, etc.

O atual governo coordenou o esforço de escutar todos os atores envolvidos de modo a


elaborar uma Lei de Inovação. Isso é muito positivo, mas é essencial que as estratégias na
área de C&T se tornem planos de Nação e não de governo.

É importante que esta lei estabeleça uma nova cultura e ganhe prioridade dentro da agenda
política e econômica do país, por mais imperfeições que contenha, pois, como todo
instrumento de política pública, deve ser regulamentada e aprimorada. De qualquer modo,
este foi um passo na direção correta e esperamos sua continuidade e progresso.

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U NIDADE 22
Objetivo: Destacar a importância da cooperação da universidade e empresas no processo de
inovação tecnológica.

A Academia

A academia tem como funções básicas a difusão do conhecimento e a expansão das


fronteiras da ciência. É importante a universidade se envolver na geração do saber, pois a
velocidade da obsolescência do conhecimento, no mundo atual, é muito grande, portanto, é
preciso, constantemente, aprimorar e atualizar o seu acervo. Isto normalmente é feito através
dos programas de pós-graduação e pesquisa.

No Brasil, diferentemente dos países líderes em tecnologia, a maioria das atividades de P&D
não é realizada pelas empresas, mas nas universidades. Outro problema é que a integração
universidade-empresa é pequena, fazendo com que a pesquisa não esteja atrelada ao mer-
cado, não havendo um foco empresarial, o que dificulta a inclusão de ciência e tecnologia no
meio produtivo. Fonte: Leite (2005)

ONDE SÃO DESENVOLVIDAS AS ATIVIDADES DE P&D

EUA

JAPÃO

ALEMANHA

FRANÇA

INGLATERRA

COREIA

CANADA

BRASIL

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 116
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INDUSTRIA GOVERNO UNIVERSIDADE
A propósito, enumerando algumas características socioeconômicas comuns aos países
desenvolvidos, temos:

 alto investimento em educação;


 regime democrático;
 regime econômico capitalista;
 a mulher em posição igualitária no mercado;
 alto investimento em P&D;
 interação universidade-empresa mais efetiva.

Antigamente não existia alinhamento entre universidade-empresa. A preocupação do


governo com o desenvolvimento científico tecnológico realmente só se fez presente com a
criação da FINEP, em 1967, e com o surgimento do Fundo Nacional do Desenvolvimento
Científico e Tecnológico - FNDCT, dois anos mais tarde. Entretanto, na década de 70 até
meados de 80, vigorou a política econômica e industrial de substituição de importações, que
privilegiava a livre entrada de capital estrangeiro e estimulava a adoção de tecnologias
externas para o aumento de competitividade do nosso parque industrial. Esse modelo
facilitava o licenciamento de tecnologias importadas, desencorajando a produção de
tecnologia brasileira.

Por outro lado, a academia voltou-se para a pesquisa fundamental, produzindo artigos
científicos na busca de um reconhecimento internacional, esquecendo de apoiar a empresa
nacional na criação de soluções inovadoras para a plena exploração de nosso potencial
econômico e de nossa vocação empresarial. Infelizmente, perdurou por muito tempo um
sentimento um tanto arcaico no ambiente universitário de que estavam se vendendo quando
desenvolviam tecnologia para uma empresa.

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Devido a este legado do passado, o meio acadêmico criou certa aversão a tudo que está
relacionado ao mercado e à geração de lucro. Como uma elite social, a academia optou por
se ocupar com assuntos mais nobres, como a ciência, a arte e a filosofia. Buscando uma
solução, o nosso dilema é que vivemos num país com grandes carências, e se a nossa elite
intelectual, que é mais capaz, não se envolver com a criação de riqueza, o nosso futuro
como uma nação soberana está em risco.

Agora temos:

1. Um exemplo interessante na busca de maior integração com o meio empresarial que é


o da Universidade de Campinas - Unicamp, que criou a Agência de Inovação, cujo
objetivo é estabelecer uma rede de relacionamentos com a sociedade para
incrementar as atividades de pesquisa, ensino e avanço do conhecimento. Na
realidade, essa agência atua como um articulador de parcerias, induzindo, agilizando
e facilitando o andamento dos projetos de P&D entre a universidade e as empresas.
2. Um dos aspectos que causam dificuldades este relacionamento é o diferente
posicionamento em relação ao tempo. A universidade tem como função principal a
formação de pessoal. Ao realizar um projeto preparando e treinando estudantes, a
escala de tempo para sua conclusão é significativamente alterada. Por outro lado,
rapidez, objetividade e eficiência são essenciais para a atividade empresarial, pois,
diferentemente da universidade, mais importante que o mérito científico, o
coordenador de um projeto tecnológico necessita ter capacidade gerencial. Stal (2003)
aponta esta carência como um dos entraves ao bom andamento e atrasos em
consórcios de pesquisa.
3. Outra iniciativa para aproximar as partes e que já foi muito discutida, mas, até agora,
não efetivamente colocada em prática, é o Programa "Doutor na Empresa" ou
"Fixação de Doutores". A ideia é o governo incentivar e suportar, pelo menos par-
cialmente, por um tempo determinado, a estadia de doutores em ciência em atividades
de P&D nas empresas. Para isso, é importante que a empresa disponha de
laboratórios ou instalações de pesquisas, a fim de que esse doutor possa

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efetivamente desenvolver suas atividades; caso contrário, será uma ação ineficaz e
ele tenderá a ser absorvido em atividades regulares de produção.

O "imediatismo" de nosso meio empresarial e o "diletantismo" universitário criam obstáculos


para uma boa interação. Essas ações que visam a aproximar e facilitar a comunicação entre
as partes são muito bem-vindas, já que necessitamos reverter o quadro atual, tornando a
relação universidade-empresa nutritiva para ambas.

Vá até a pasta Material Complementar e acesse o arquivo Triângulo de Sabato. Trata da


cooperação entre Universidade-Empresa-Governo.

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U NIDADE 23
Objetivo: Abordar as vantagens e desvantagens da relação universidade e empresa.

Vantagens da Relação: universidade e empresa

As universidades ganham em se relacionar com as empresas. A princípio, podemos citar as


seguintes vantagens:

 recursos adicionais para pesquisa e criação de infraestrutura;


 mais proximidade aos problemas do mercado;
 interação com outras instituições de ensino e pesquisa;
 mais agilidade na gestão dos projetos;
 melhoria da qualidade da pesquisa científica;
 mais oportunidades para prestar consultoria e assessoria técnica;
 atração de melhores alunos e melhor capacitação destes, por trabalhar com
problemas mais concretos;
 contribuição ao desenvolvimento tecnológico do país, demonstrando sua utilidade
social.

Por outro lado, as empresas ganham:

 acesso a recursos humanos qualificados;


 expansão do conhecimento e acesso a informações atualizadas sobre sua área de
atuação;
 acesso a equipamentos, métodos e instalações de pesquisa;

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 melhoria da qualidade da pesquisa industrial;
 redução de risco e divisão/otimização de custos de pesquisas (consórcios de pesquisa
pré-competitiva);
 possibilidade de atrair bons profissionais (alunos de pós-graduação);
 aumento da competitividade via inovações tecnológicas;
 melhoria de imagem e prestígio.

Fonte: Fundação CERT

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Dificuldades da relação universidade e empresa

Há benefícios tangíveis para ambos os atores, embora haja empecilhos. Entre estes,
podemos citar:

 falta de uma linguagem comum;


 excesso de burocracia das universidades;
 a visão de que o Estado deva ser o financiador exclusivo das atividades de pesquisa,
garantindo a autonomia universitária;
 a instabilidade das universidades públicas;
 a extensão do tempo do processo;
 imediatismo do empresariado nacional;
 falta de compreensão do papel da universidade/ciência básica e pesquisa pré-
competitiva;
 falta de P&D complementar na empresa;
 falta de políticas de longo prazo e investimentos regulares. As empresas têm a
tendência de só investir quando estão bem.

Mais uma vez, é importante lembrar o que já falamos anteriormente: o processo de inovação
excede em muito as atividades de P&D, devendo permear toda a cadeia produtiva da
empresa, abrangendo inclusive atores externos como fornecedores e clientes. É na busca de
soluções para os problemas empresariais que a maioria das inovações é gerada.

A situação do tipo "disponho de uma solução e estou em busca de um problema" tem


probabilidade muito menor de resultar em uma inovação. Há casos em que a inovação cria
um novo mercado, atendendo a um desejo não explicitado, a uma "demanda oculta", mas
sua frequência é bem menor.

A empresa tem mais chance de inovar, ou melhor, coordenando os seus parceiros


tecnológicos, pode imprimir uma objetividade maior à P&D, resultando em inovações. O
desenvolvimento bem-sucedido de produtos ou processos exige um conhecimento íntimo de
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detalhes de mercado e técnicas de produção, bem como a habilidade de mitigar riscos
técnicos e comerciais, de que só as empresas dispõem.

É claro que a aproximação universidade-empresa contribui muito na geração de inovações,


mas é errado querer transferir para a universidade a atribuição de principal geradora de
inovações, pois não é a sua vocação. A missão fundamental da empresa na sociedade é a
produção e a geração direta de riqueza. Portanto, cabe a ela tomar a frente deste processo.

Recentemente, com a criação dos fundos setoriais e também devido a cortes


governamentais de dispêndios com as universidades, a aproximação universidade-empresa
está se tornando obrigatória. A Lei de Inovação cria instrumentos para estreitar esta parceria.
Acho que as empresas, atualmente, estão mais conscientes da necessidade de inovar para
se manter no mercado. Há grupos universitários bem engajados em projetos de P&D para
algumas empresas esta prática, que é essencial para o desenvolvimento de nosso país, deve
cada vez mais ganhar corpo.

Visite a ENDEAVOR (http://www.endeavor.org.br/) e acesse o vídeo

“Geração de Valor: o desafio de conectar inovação, conhecimento e capacidade


empreendedora”

Você também pode conhecer o novo CENPES – Centro de P&D da Petrobrás. Para isso é
necessário que você entre no www.youtube.com e assista, em vídeo, NOVO CENPES. Veja
os investimentos da empresa.

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U NIDADE 24
Objetivo: Abordar as empresas governamentais e não governamentais em ambientes de
inovação

A Empresa

Em 2000 a Revista Parcerias Estratégicas publicou que há 963 mil cientistas e engenheiros
na atividade de P&D nos EUA, sendo que 80% destes trabalham nas empresas. No caso
brasileiro, o número total de pesquisadores é de aproximadamente 80 mil, estando somente
11% em empresas, correspondendo a menos de 9 mil. Segundo a projeção de especialistas,
apenas 750 destes têm doutoramento, o que equivale à média anual de doutores contratados
por empresas na Inglaterra. Entretanto, não pára de crescer o número de doutores formados
no nosso país. Em 2003, o Brasil formou 8.094 novos doutores, número 18,3% maior do que
o alcançado em 2002 publicado na folha de São Paulo 04 de julho de 2004.

Nos EUA, o dispêndio total com P&D chega a mais de US$ 270 bilhões por ano, sendo que
aproximadamente US$ 195 bilhões são gastos pelas empresas, o que corresponde a 71%.
Além disso, mais da metade do dispêndio governamental, que é cerca de US$ 75 bilhões por
ano, é aplicada diretamente nas empresas.

No Brasil, até então, não existiam recursos governamentais alocados diretamente nas
empresas. A Lei da Inovação oficializa a possibilidade de encomenda de projetos
estratégicos e de interesse para o país diretamente das empresas capacitadas do setor
produtivo.

Os dados relativos à aplicação em P&D pelas empresas brasileiras são um tanto imprecisos,
mas os números mais otimistas se referem à aproximadamente US$ 3 bilhões ao ano. Este
número tem crescido substancialmente nos últimos anos, mas mesmo assim é modesto para
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uma sociedade que está se modernizando e se tornando "tecnolo"- dependente, conforme
chama o autor Leite. Isso significa que, se não revertermos à situação atual, cada vez mais
estaremos comprando tecnologia do exterior, pagando royalties e licenciamentos e
importando novos produtos de alto valor agregado. A propósito, o país pagou, em 2001, mais
de US$ 3 bilhões por licenciamentos das patentes e tecnologias, serviços técnicos e
aquisição de software de que nossas empresas precisam para poder competir.

Apesar de a sociedade brasileira ter começado a colocar o tema "inovação e o


desenvolvimento de tecnologia" em debate, esses não se tornaram ainda assuntos
prioritários para os nossos empresários. Numa pesquisa realizada pela CNI em 2001 com os
empresários brasileiros, foram levantados os quinze principais temas que os preocupavam, e
"tecnologia" ficou na décima quarta posição. É claro que a reforma tributária, juros e alguns
outros assuntos eram mais urgentes e demandantes naquele momento, mas de qualquer
modo esta baixa prioridade parece também evidenciar certa falta de envolvimento com o
assunto.

Um aspecto que dificulta a decisão de os empresários e gerentes se envolverem em projetos


de inovação é o seu elevado grau de imprevisibilidade. Gerir um projeto inovador e de alto
risco requer certa dose de flexibilidade e maestria, além de visão de longo prazo e
disponibilidade de recursos.

Há todo um ferramental acessível para uma boa gestão de projetos de engenharia e


empreendimentos, que, uma vez bem aplicados, garantem desvios mínimos dos principais
índices de um projeto, como sua qualidade intrínseca, custos e prazos.

No caso de um projeto de inovação, que evolui de uma ideia original até a introdução de um
novo produto ou serviço no mercado, há uma trajetória bem mais incerta. Necessita de um
trabalho de equipe mais refinado, em que as interfaces são um tanto indefinidas e fluidas,
cada etapa do mesmo não estando marcada por um evento concreto e acabado com os seus
parâmetros de qualidade bem especificados. Por conseguinte, o time do projeto tem que

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interagir muito, e em diversos momentos, algumas redundâncias e duplicações são
requeridas.

Isso não significa que esse tipo de projeto não deva ser acompanhado e controlado e que
não existam etapas planejáveis e previsíveis. A inovação pode e deve ser organizada como
um processo sistemático. Entretanto, temos de gerenciar inovação, convivendo com uma
margem de erro maior e, principalmente, com a aceitação ao risco. Um sistema de gestão e
uma cultura facilitadora à inovação toleram erros, embora enfatizem a responsabilidade
empresarial por resultados.

Como exemplo de empresas inovadoras temos: a 3M, Apple, Petrobrás.

Estratégias de Desenvolvimento Tecnológico: Pequenas e Grandes Empresas

A pesquisa da CNI/FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) revela que a inovação


tecnológica é considerada necessária por 96% dos executivos industriais brasileiros. No caso
dos grandes empresas, verifica-se que 80% delas não só reconhecem sua importância,
como também assumem que possuem capacidade para desenvolvê-Ia. A despeito da
insuficiência dos instrumentos governamentais de apoio disponíveis, constata-se que as
grandes empresas estão ativas na busca de inovações.

Todavia, para a indústria como um todo, metade das empresas consultadas declara não ter
capacidade técnica, financeira e de recursos humanos para investir em inovação. Esta
situação ainda é mais preocupante entre as pequenas empresas onde este percentual atinge
60%. As estratégias são:

1. A aquisição de máquinas e equipamentos mais atualizados;


2. Capacitação de recursos humanos, demonstrando a preocupação das empresas em
preparar seus quadros para operar bem as novas tecnologias incorporadas, ou
mesmo para desenvolvê-Ias;
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3. Inovação de Produtos;
4. Inovação de Processos;
5. Mudanças Organizacionais;
6. Marketing;
7. Parcerias;
8. Gestão da Propriedade Intelectual;
9. E por fim, a absorção de pesquisadores mostrando a baixa importância atribuída pelas
empresas, o que parece denotar menor preocupação com a montagem de estruturas
formais de P&D. Outro aspecto um tanto preocupante é a baixa pontuação do item
gestão da propriedade intelectual, pois nossas empresas patenteiam pouco, não
resguardando seu direito sobre a área de conhecimento onde atuam.

A indústria nacional vive sobre as incertezas de nossa economia; consequentemente sofre


os altos e baixos do mercado e tende a refleti-los nas suas aplicações em P&D. Esta é a pior
das políticas empresariais a serem adotadas, pois P&D necessita de investimentos de longo
prazo, de massa crítica mínima, de tempo para capacitação e especialização do pessoal e
formação de equipes, para então se obter um bom retorno do investimento realizado.
Empresas inovadoras que têm consistentemente expandido seus mercados e seu elenco de
produtos, como por exemplo, a Weg e a Natura, investem continuamente somas expressivas
na atividade de desenvolvimento de tecnologia.

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Vá a pasta Material Complementar e acesse o arquivo Apresentação Natura. É uma
apresentação elaborada pela empresa no “Fórum Internacional de Inovação Tecnológica” em
2008 mostrando aspectos considerados em seu processo de inovação. Mais detalhes do
Fórum é só acessar o site: www.inovacaotecnologica.sect.es.gov.br.

Acesse o site do FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos. www.finep.gov.br.

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U NIDADE 25
Objetivo: Abordar as empresas não governamentais em ambientes de inovação.

Entidades não governamentais

Este é outro fator importante do Sistema Nacional de Inovação, que deve ter uma postura
proativa na busca de um ambiente de ciência e tecnologia propício à inovação. No Brasil, a
cidadania pela inovação também não é exercida plenamente, embora tenhamos algumas
entidades com atuação expressiva, as quais se empenham com vigor na busca do
florescimento da inovação em nosso ambiente de negócio. Entre estas, destacam-se:

1) Anpei

A Anpei (Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas


Inovadoras), fundada em 1984, reúne atualmente 82 organizações participantes. Foi atuante
na aprovação das leis de incentivos fiscais para P&D nas empresas e participou do
aperfeiçoamento do Projeto de Lei da Inovação, por meio de propostas de alterações no
texto original, formuladas em debates, reuniões e mesas-redondas ao longo de 2003 e 2004.

Assim, a Lei da Inovação, mostra o interesse da área governamental para a questão da


inovação. É importante implementar mecanismos efetivos, com volume de recursos
adequados e contínuos, de apoio direto para as empresas brasileiras de modo que estas
passem a inovar mais - seja por encomendas tecnológicas, compras governamentais, seja
por incentivos fiscais nos moldes da Lei 8.661. Já abordado na unidade 21.

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A Anpei desenvolve ainda vários projetos de interesse das empresas, como: a Base de
Dados de Indicadores Empresariais em P&D, a Mobilização Tecnológica para Micro e
Pequenas Empresas; e possui o Programa de Alavancagem Tecnológica, também focado
para as pequenas empresas. Além disso, promove o intercâmbio entre diversas entidades
através de workshops, seminários, cursos e visitas técnicas. Um evento que se consolidou
como um importante fórum de debates sobre a inovação é a Conferência Anpei, que ocorre
anualmente.

2) O Fórum de Inovação

O propósito do Fórum de Inovação é aproximar o meio empresarial do meio acadêmico, o


Fórum de Inovação, que une a Escola de Administração de Empresas de SP da Fundação
Getúlio Vargas (FGV) que foi uma das instituições de ensino pioneiras na parceria com
empresas para discutir a inovação em negócios no Brasil. Em maio de 2002, surgia o Fórum
de Inovação, consórcio criado para discutir a prática e o aprendizado da inovação no país e
para desvendar a fórmula das companhias mais criativas e inovadoras.

Atualmente, esse consórcio é formado: pelo Banco do Brasil, Brasilata, Copesul, Embrapa,
Monsanto e SEBRAE.

Todas as organizações participantes são cogestoras do fórum, e sua atuação é definida em


comum acordo, sempre à luz de três princípios fundamentais: permanência (investigar
continuamente como tornar as organizações inovadoras); relevância (os objetos de estudos
têm de ser de interesse das empresas e da escola); e contribuição para a sociedade.

O seu plano de trabalho prevê uma série de etapas, tais como: estudos de casos,
começando pelas próprias empresas parceiras, análise comparativa, identificação de
aspectos comuns, criação de metodologia de diagnóstico, metodologia de disseminação da
atitude inovadora e transformação do processo de inovação de cada organização.

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São muito benéficos esses tipos de associação que ocorrem em torno do objetivo de
promover e estimular a inovação, em suas diferentes abordagens, quer seja na busca de
influenciar políticas públicas, quer seja numa tentativa de investigar aspectos empresariais
que facilitam a inovação, através de uma abordagem acadêmica. O Sistema Nacional de
Inovação necessita de pilares fortes que suportem o seu pleno funcionamento, e as en-
tidades não governamentais têm um papel a desempenhar.

Pontos relevantes da criação do Fórum de Inovação:

 Difusão do conhecimento;
 Estratégias e Planos.

Visite os sites:

 Da Anpei http://www.anpei.org.br/. Lá você encontrará informações variadas e em


especial sobre as Conferências.
 Caso queira conhecer mais sobre as empresas que fazem parte do Fórum:
o Brasilata acesse www.brasilata.com.br;
o Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária: www.embrapa.br;
o Copesul – Companhia Petroquímica do Sul: www.copesul.com.br;
o Monsanto: www.monsanto.com.br;
o SEBRAE – www.sebrae.com.br.
 Cadastre-se no site Inovação Tecnológica disponível em:
www.inovacaotecnologica.com.br assim você ficará atualizado em relação as
inovações tecnológicas.

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U NIDADE 26
Objetivo: Descrever sobre o papel do gestor dando ênfase a inovação.

O Papel do Administrador: foco gerente inovador e competitivo

Segundo Manãs (2001), há três categorias de papéis que identificam o conteúdo do trabalho
de um Administrador: Interpessoais; Ligados à informação; Ligados à tomada de decisão.

 Interpessoais – é aquela categoria em que o administrador é o símbolo ou


representante da organização (formalidades impostas pelas obrigações de caráter
social e legal; Líder; Agente de ligação: papel de estabelecer rede de contatos
externos.
 Ligados à Informação – é aquela categoria em que o administrador tem como uma das
funções disseminar informações internas; Monitor: responsável pela obtenção de
informações na organização; Porta-voz: exerce a atividade de disseminador externo
de informações.
 Ligados à tomada de decisão – é aquela categoria em que o administrador deve ser
um empreendedor para promover mudanças controladas, fazer adaptações
necessárias, inicia novos projetos. Ser um alocador de recursos e em grande parte do
tempo um negociador (contratos, acordos,…).

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Ainda segundo Manãs, classificam-se as habilidades gerenciais básicas em: habilidade
técnica, humana e conceitual. Tais habilidades são necessárias para dirigir outras pessoas e
poder assumir responsabilidade por objetivos, principalmente numa cultura organizacional de
empresas inovadoras.

a) Habilidade Técnica (é a mais concreta);


 Conhecimento especializado;
 Aptidão analítica dentro da especialidade;
 Facilidade no uso de instrumentos e técnicas;
b) Habilidade Humana
 Necessária para que se consiga trabalhar de maneira eficaz como integrante de
um grupo e desenvolver um esforço conjunto com os demais componentes da
equipe que dirige.
 A pessoa dotada desta habilidade é consciente de suas próprias atitudes,
opiniões e convicções acerca dos outros e de grupos de pessoas. Sabe
compreender o que outros realmente querem dizer com palavras e atos.

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 Trabalha para criar um ambiente agradável e de segurança onde todos podem
se expressar.
c) Habilidade Conceitual
 Habilidade conceitual - compreende a consideração dos aspectos técnico e
humano da organização.
 Considerar a empresa como um todo, ou seja, reconhecimento da
interdependência das diversas funções.
 Promover bem-estar geral de toda a organização.

Importância relativa das habilidades em empresas inovadoras

O conceito de Habilitação é a capacidade de transformar conhecimentos em ação. As


habilidades são divididas em 3 aptidões distintas:

 A de executar quaisquer atividades técnicas (habilidade técnica);


 A de compreender e motivar pessoas e grupos (habilidade humana);
 A de coordenar e integrar todas as atitudes e interesses da organização na direção de
objetivos comuns (habilidade conceitual)

Sendo assim, de acordo com suas habilidades você poderá assumir diferentes níveis de
responsabilidade. O gestor deve saber que:

 Para os níveis inferiores o mais importante é ter a habilidade técnica;


 Em qualquer nível está presente a habilidade humana, para a eficiência do trabalho
em equipe;
 Para os níveis superiores a exigência maior é em relação à habilidade conceitual.

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Este é o novo Perfil do Gestor Inovador?

Reflita através da figura ao lado. Fonte (Angeloni,


2003).

Como estudo complementar, fica a sugestão do Livro: “Inovação – quebrando paradigmas


para vencer” do autor José Cláudio Cyrineu Terra. São Paulo: Saraiva 2007.

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U NIDADE 27
Objetivo: Apresentar os aspectos relevantes em uma gerência inovadora de sucesso, e
abordar o conceito de criatividade na atividade sugerida.

Administrador com Consciência Inovadora

A inovação pode ser a arma competitiva mais


poderosa da empresa, mas certamente não será se
significar apenas o lançamento de um novo produto a
cada ano. Ela deve encarnar um estado mental
desenvolvido e alimentado por dirigentes e
funcionários. Não se deve ter uma grande ideia e
tentar achar um uso para ela no mercado. Segundo artigo escrito por Thomas D. Kuczmarski
(1998) o caminho é o inverso: identificar as necessidades e os problemas do mercado e
transformá-los em produtos que representem soluções. A instauração de uma cultura
inovadora depende de quatro princípios básicos: acreditar firmemente nas equipes e nos
gerentes designados para desenvolver novos produtos; reconhecer, respeitar, recompensar
por isso; ser otimista, construtivo e participante; e jamais cortar recursos para investimento
em pesquisa e desenvolvimento. A remuneração dos “criadores de produtos” também deve
ser diferenciada para que a consciência inovadora prevaleça.

As empresas possuem o desafio de maximizar os lucros, aumentar a produtividade e garantir


a satisfação de funcionários e acionistas. Ainda segundo Thomas, o segredo é criar uma
consciência inovadora. A inovação assusta a maioria dos CEOs por causa da proximidade
com o risco, e aí, cai no discurso do ainda não, fazendo parte da prática da maioria das
empresas, que hesitam em bancar o investimento agressivo e o compromisso contínuo que o
processo demanda. Em vez disso, brincam de inovação. Enquanto isso, as empresas que
transformam os seus negócios pela adoção de uma mentalidade realmente inovadora
experimentam um crescimento extraordinário.
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Vários estudos indicam que o aumento do valor das ações tem uma relação direta com o
número de lançamentos efetuados no mercado. De fato, as ações de empresas como 3M,
Motorola – famosas pela profusão de produtos e serviços razoavelmente bem-sucedidos com
que servem o mercado – sobem solidamente. Não é à toa que elas gastam mais de 4% de
suas vendas anuais com pesquisa e desenvolvimento. Se a tendência do acionista é comprar
a inovação, parece lógico que as empresas se esforcem para mostrar aos investidores
quanto estão inovando.

Isto só ocorre dentro das organizações de ponta que compreendem a importância de


instaurar uma consciência inovadora que permeie todos os aspectos de suas operações.
Seus líderes sabem que, apesar de abstrata e intuitiva, a inovação precisa ser cultivada, e
esse “cultivo” precisa começar por eles mesmos, ou seja, deve ocorrer de cima para baixo. A
instauração de uma consciência (ou de uma cultura) inovadora depende da aceitação e da
afirmação cotidiana de quatro princípios básicos:

1. Acreditar firmemente nas equipes e nos gerentes designados para desenvolver novos
produtos. Uma vez formadas as equipes, confie no trabalho delas. Dê-lhes autonomia
e mantenha o compromisso assumido com elas;
2. Reconhecer, respeitar, recompensar. Reconheça o valor das contribuições individuais
para o projeto; respeite a dedicação, o empenho e o esforço extra que cada um venha
a oferecer; e recompense financeiramente as equipes, de acordo com o êxito do
produto desenvolvido por elas;
3. Ser otimista, construtivo e participante. Faça com que as equipes compreendam a
dimensão do trabalho que fazem. Seja autêntico, sincero e faça críticas construtivas.
Ajude cada indivíduo a perceber a importância de sua função para o sucesso do
projeto;
4. Jamais cortar fundos. Recursos humanos, pesquisa e investimentos é uma
necessidade. É preciso que as pessoas acreditem que a inovação é uma aposta no
futuro, não manobra do presente. A tônica deve ser: eis um investimento que não
pode ser cortado. Os executivos inteligentes sabem que os frutos da inovação só vêm

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depois de várias tentativas. Mesmo as companhias mais hábeis na tática de
lançamentos sucessivos experimentam fracassos da ordem de 35% na
comercialização de novos produtos.

Os fracassos são inevitáveis e devem ser encarados como subprodutos naturais da


implantação de uma cultura inovadora. Os CEOs de companhias como Microsoft, 3M, Coca-
Cola e General Electric criam ambientes que recompensam o risco, a criatividade e a
invenção. Eles apostam nos benefícios em longo prazo e no potencial das rotas abertas pela
inovação.

Os interessados em estimular a inovação no ambiente de trabalho precisam aprender a


correr riscos e “comemorar” fracassos. Saber aceitar os insucessos é uma boa maneira de
demonstrar que a empresa está preparada para assumir os altos e baixos do processo de
inovação. No entanto, para garantir que, no fim, os sucessos superarão os insucessos, é
preciso acompanhar de perto, e por um bom tempo, o desenvolvimento e o desempenho dos
novos produtos, geralmente por um período de cinco anos. Os bens de consumo muitas
vezes levam anos para ser desenvolvidos – e mais alguns anos para se tornar rentáveis.

Essa demora, aliada à realidade de que até dois terços dos novos produtos podem fracassar,
reforça a necessidade de fazer lançamentos regular e ininterruptamente.

Um dos aspectos relevantes em uma gestão inovadora é a criatividade. Vá até a pasta


Material Complementar e veja a apresentação no arquivo CRIATIVIDADE.

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U NIDADE 28
Objetivo: Descrever sobre as estruturas organizacionais – tradicionais e mistas.

Impacto das Estruturas Organizacionais em Organizações Inovadoras

"Historicamente, o objetivo das estruturas organizacionais era institucionalizar a


estabilidade. Na empresa do futuro, o objetivo do desenho será institucionalizar
as mudanças" (Nadler e Tushman).

As estruturas organizacionais de cada uma das fases evolutivas apresentam estruturas


compatíveis com a realidade organizacional e ambiental da época. Contudo, as estruturas
tradicionais já não mais respondem adequadamente aos desafios organizacionais da
atualidade. Por suas características, essas estruturas enfatizam o controle ao mesmo tempo
em que inibem a criatividade e a iniciativa. Com base nos desafios atuais, se aceita também
a crítica de que essas estruturas serviram a um ambiente organizacional de natureza
predominantemente estática, favorecendo, assim, a passividade e a acomodação.

Já as organizações contemporâneas estão inseridas em um ambiente global,


progressivamente dinâmico, caracterizado pela era da informação e do conhecimento. Num
ambiente externo altamente competitivo, é importante que as organizações estejam
estruturadas de forma a incentivar seus colaboradores a participarem ativamente do
processo gerencial.

A criação e manutenção de estruturas organizacionais devem favorecer os processos de


inovação. No decorrer das unidades percebemos que as atividades inovadoras são difíceis
de serem incrementada e fácil de serem reprimidas. Segundo Mattos, nas empresas com
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estrutura organizacional hierarquizada e rígida as atividades inovadoras são desencorajadas
devido as necessidade das pessoas assumirem riscos e apresentarem novas ideias. Já nas
organizações com estrutura liberal pode-se ter um resultado de P&D sem foco, não gerando
aplicação comercial apesar de permitir maior participação e consequentemente maior
geração de ideias e criação do conhecimento. Outra hipótese é que às vezes a demora para
desenvolver a inovação faz com que as oportunidades de mercado sejam perdidas. A teoria
organizacional em ambientes inovadores leva em conta o equilíbrio entre hierarquia e
independência, rigidez e liberdade.

Sendo assim, as novas estruturas organizacionais devem ter como intuito proporcionar um
ambiente favorável à criatividade, fortalecendo a geração de ideias inovadoras.

Segundo Leite (2005), alguns autores propuseram novas formas de estruturar as


organizações em busca da criatividade e da inovação, agregando novos elementos
estruturais complementares à estrutura tradicional organizada em torno de unidades
funcionais. Ao mesmo tempo, outros autores, levantaram a questão da reestruturação das
organizações, focalizando seus processos e colocando em segundo plano as unidades
funcionais. Vamos analisar alguns desses modelos, bem como evidenciar a importância da
configuração estrutural no desempenho organizacional.

Modelos de Estrutura Organizacional

Segundo Angeloni (2003), não há dúvidas de que a estrutura organizacional exerce impacto
sobre o trabalho dos indivíduos. Como membro da organização, o indivíduo está submetido a
uma estrutura que influencia seu comportamento e sua interação no contexto organizacional.

O grau de formalização (controle sobre o indivíduo) é o aspecto estrutural que mais afeta o
modo como os membros da organização agem, influenciando diretamente os processos
organizacionais de comunicação e inovação (Hall, 1984). A formalização extrema acaba por

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desviar os indivíduos de seus objetivos centrais. Nesse caso, o mais importante passa a ser
a eficiência em cumprir regras, pois esse é o critério pelo qual serão avaliados. A percepção
da falta de autonomia inibe toda e qualquer iniciativa, dificultando a adaptação das
organizações a mudanças de qualquer espécie.

No entanto, uma organização não se desenvolveria sem a existência de alguma


formalização. As estruturas são necessárias, a questão está em como estão configuradas. A
relação entre indivíduos e organizações pode ser uma força criativa, libertadora, alienante ou
destrutiva.

Vamos abordar os seguintes modelos de estruturas organizacionais: Tradicionais e Mistas

1) AS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS TRADICIONAIS: FONTE DE CONTROLE

Durante grande parte do século XX, a estrutura organizacional oscilou entre dois tipos
básicos: a burocracia e a força-tarefa. Tarefas operacionais rotineiras e
especializadas, divisões funcionais, múltiplos níveis hierárquicos, alta normatividade e
comunicação formalizada são parâmetros que muitos autores apontam como
expressivos da burocracia.

 A estrutura burocrática é adequada a condições estáveis e à realização


eficiente dos trabalhos de rotina, considerando que enfatiza o controle e a
previsibilidade de funções específicas. Em situações que exigem inovação e
rápida adaptação às mudanças, tal estrutura torna-se ineficaz. O controle
burocrático acaba por suprimir a iniciativa individual, que deixa de ser
reconhecida e valorizada.
 A força-tarefa busca ser mais flexível, adaptável, dinâmica e participativa. Foi
elaborada para suprir falhas da estrutura burocrática. Seu propósito é reunir
representantes de inúmeras unidades diferentes com habilidades essenciais a
uma determinada tarefa, projeto ou missão. A equipe formada tem um líder, e
as pessoas trabalham dentro de um prazo determinado para atingir a meta

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desejada. Depois que o projeto está concluído, o grupo é desfeito, e seus
membros podem integrar-se a outros projetos (Nonaka e Takeuchi, 1997). No
entanto, a força-tarefa também tem seus limites.

2) AS ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS MISTAS: FONTE DE GERAÇÃO DE IDEIAS

Algumas propostas de estruturas organizacionais mistas, que têm como foco facilitar a
criação e a disseminação do conhecimento nas organizações, são encontradas na
literatura. Dentre elas, a organização inovadora de Galbraith, que é o modelo que será
abordado.

Galbraith (apud Angeloni) apresenta uma proposta de estrutura organizacional


adequada à organização inovadora, que favorece não apenas a criação do
conhecimento (invenção), mas também a inovação (aplicação de uma nova ideia).
Essa estrutura pressupõe a coexistência de duas estruturas nas organizações, uma
operacional e outra inovadora. Enquanto à estrutura operacional cabe implementar as
ideias, à estrutura inovadora cabe concebê-Ias. Para a integração dessas duas
estruturas, é necessário desenvolver um processo de transferência das ideias da
estrutura inovadora para a estrutura operacional.

Na estrutura da organização inovadora, identifica-se a combinação do esforço de


pessoas com diferentes papéis. O gerador ou defensor da ideia normalmente é uma
pessoa de nível hierárquico não elevado. Toda ideia criadora necessita de alguém
para desempenhar o papel subsequente, o de patrocinador. Uma das funções do
patrocinador é emprestar sua autoridade e recursos para que a ideia gerada possa ser
levada adiante. Normalmente, os patrocinadores são gerentes de nível médio que
podem participar tanto da estrutura inovadora quanto da operacional. Outro papel
existente na estrutura proposta é a do orquestrador, que, em geral, encontra-se na
alta gerência. Considerando que o gerenciamento de ideias é um processo político e
que as ideias nunca são neutras, o orquestrador deve contrabalançar o poder para dar
às novas ideias a oportunidade de serem testadas. O orquestrador deve proteger os
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geradores de ideias, promover a oportunidade de testar novas ideias e incentivar,
ainda mais, aqueles cujas ideias se revelem eficazes. Quando se concebe um
organograma com esses papéis - gerador de ideias, patrocinador, orquestrador -, está
em ação á estrutura inovadora.

Essa estrutura considera que as atividades cotidianas tendem a destruir as novas


ideias, por isso o teste de uma nova ideia deve estar liberado dos controles
hierárquicos da organização operacional.

Quanto mais liberto da organização operacional estiver o processo de geração de


novas ideias, maior a probabilidade de surgimento da inovação. Para isso, podem-se
criar reservas, que são unidades organizacionais dedicadas à geração de novas ideias
para futuros negócios.

Os orquestradores, patrocinadores e geradores de ideias trabalham nessas reservas.


Os orquestradores e os patrocinadores desempenham papéis simultâneos na or-
ganização inovadora e na operacional. Os geradores de ideias trabalham somente na
organização inovadora e, quando terminam seu trabalho, retornam à organização
operacional.

Para inovar de forma consistente, é preciso promover a transição das ideias da


estrutura inovadora para a operacional de modo a garantir sua integração. Essa
transição deve ser gerenciada pelo orquestrador, que coordena o trabalho de geração
e testes de novas ideias e sua posterior implementação na organização operacional.

Na próxima unidade vamos abordar de maneira mais detalhada os papéis relevantes


em uma estrutura organizacional inovadora.

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Para estudo complementar fica a referência do Livro “ORGANIZACAO DO
CONHECIMENTO”, Angeloni, Maria Terezinha – São Paulo: Saraiva 2003.

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U NIDADE 29
Objetivo: Descrever os aspectos organizacionais e de recursos humanos relevantes para a
gestão inovadora alcançar o equilíbrio.

Aspectos Relevantes para Gestão de Equilíbrio

Na unidade anterior abordamos modelos de estruturas organizacionais dando ênfase nas


características dos modelos. Nesta unidade vamos tratar de maneira bem objetiva quais os
aspectos organizacionais e de recursos humanos são importantes para alcançar o equilíbrio
em uma gestão inovadora. Segundo Mattos e Guimarães, vários aspectos são considerados
relevantes:

1. Visão, liderança e vontade de inovar;


2. Estrutura Apropriada;
3. Papéis fundamentais para o sucesso de projeto P&D;
4. Trabalho em equipe;
5. Clima Inovador;
6. A organização que Aprende;
7. Foco no Cliente.

1º Aspecto - Visão, liderança e vontade de inovar

O gestor deve manter-se vigilante sobre o ambiente tecnológico e estar preparado


para reagir rapidamente aos primeiros sinais de mudança. Habilidade para tomar
decisões de estratégia tecnológica pessoalmente. Se a alta administração ficar alheia

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à tecnologia, ou executar a gestão somente por meio de demonstrações financeiras,
provavelmente não terá êxito em um ambiente de inovação.

2º Aspecto – Estrutura apropriada

Não há uma estrutura única para satisfazer todas as necessidades das empresas
inovadoras. De acordo com as tarefas uma determinada estrutura organizacional é
mais adequada. As tarefas que podem ser formalizadas ou programadas se adaptam
em estruturas organizacionais rígidas. Já as tarefas não perfeitamente estruturadas,
complexas e dinâmicas são mais bem executadas em estruturas organizacionais
flexíveis.

Portanto, organizações que administram a tecnologia, no desenvolvimento de produto,


com inovação radical predominante – possuem característica flexível. Organizações
que administram a tecnologia, onde predomina a redução de custo – possuem
característica rígida. Para cada caso pode-se adaptar diferentes estruturas
organizacionais.

3º Aspecto – Papéis fundamentais para o sucesso de projeto P&D

Além das funções científicas e de engenharia, uma empresa tecnologicamente


inovadora requer pessoas que desempenham cinco outros papéis críticos. São eles:

1. Gerador de ideias – é o especialista, aquele que tem prazer em resolver


problemas e executar sua criatividade.
2. Campeão – é aquele que coloca energia em uma ideia “abraça a causa”.
3. Líder do projeto – é aquela pessoa prática que tem foco na ordem, disciplina e
planejamento claro. Tem que ter habilidade para tomar decisões.

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4. Comunicador - aquele que estabelece canais de comunicação entre os
membros da equipe e o resto da empresa e outras organizações externas à
empresa. São tecnicamente atualizados; Sua fonte de conhecimento é mantida
através de leitura de interesse para a equipe. Devem ser hábeis no
entrosamento com outros departamentos da empresa, como marketing e
produção, que não necessariamente entendem o jargão usado no ambiente de
P&D.
5. Patrocinador – em gerente sênior da empresa que pode executar um projeto
por meio de políticas organizacionais. Tem poder para autorizar recursos
adicionais, se necessário, e aconselhar na condução de determinado projeto.

4º Aspecto – Trabalho em equipe

A capacidade de efetivo trabalho em equipe é uma parte vital da empresa inovadora.


As equipes não têm sucesso por acaso. Diversas pesquisas têm mostrado que as
empresas são mais efetivas quando seus membros são selecionados com
diversidades nos estilos de comportamento, experiência e habilidades (levando em
conta a seleção e os papéis críticos já descritos).

5º Aspecto – Clima inovador

Clima é o conjunto de padrões de valores, convicções e normas compartilhadas que


moldam o comportamento organizacional. Comportamento – “como nós fazemos as
coisas aqui”.

Assim, os fatores ambientais podem destruir um clima inovador, da mesma forma que
muita hierarquia tem um efeito em inovação. A falta de ferramentas e recursos ou
limitações rígidas de orçamento produzem um efeito negativo na inovação.
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6º Aspecto – A organização que aprende

A inovação é a aplicação do conhecimento. Portanto a efetiva aquisição,


armazenamento, recuperação e aplicação do conhecimento são vitais à empresa
inovadora.

 Deve-se ter habilidade para construir o conhecimento interno;


 Habilidade em aprender com acertos e falhas;
 Experiências de aprendizagem devem ser comunicadas para toda empresa,
para aumentar a aprendizagem organizacional;
 Deve-se tomar cuidados com a maneira de tratar os pontos de aprendizagem
negativos, evitando-se ferir sensibilidades.

Além de um processo de revisão formal, os seguintes processos podem também ser


usados para aumentar a aprendizagem organizacional:

 Treinamento formal do pessoal;


 Contato formal e informal com pessoal de outras organizações por meio da
participação em feiras, conferências e seminários;
 Acesso a documentação, biblioteca, banco de dados e internet;
 Recrutamento seletivo para introduzir processos avançados que foram
desenvolvidos ou implantados em outras empresas.

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7º Aspecto – Foco no cliente

Uma gestão inovadora deve sempre estar focada na real necessidade do cliente.
Podemos exemplificar através das seguintes formas:

1. Identificando a real necessidade do usuário. Exemplo, projetar um assento para


transporte de crianças em carros. Qual o foco: segurança ou detalhe?
2. Usuários pioneiros são aqueles que usam protótipos para testes e estão
dispostos a revelar pequenas falhas ajudando no desempenho do produto.
Exemplo, software DEMO. A Microsoft antes de lançar seu produto no mercado
coloca disponível aos usuários o chamado software DEMO. À medida que os
“usuários pioneiros” vão utilizando vão contribuindo com informações sobre o
desempenho do software.

Dentre os aspectos relacionados para uma gestão inovadora em equilíbrio, qual você
considera mais importante? Justifique.

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U NIDADE 30
Objetivo: Mostrar as estratégias tecnológicas e as escolhas relacionadas.

Ligando a Estratégia aos Negócios

A mudança tecnológica tem um efeito significativo na rentabilidade das empresas baseadas


na inovação. Por esta razão, a estratégia tecnológica da empresa precisa estar firmemente
integrada às estratégias financeiras, de recursos humanos, produção
e marketing.

A estratégia tecnológica envolve escolhas entre tecnologias novas,


critérios pelos quais essas tecnologias novas são incorporadas a
novos produtos e processos e recursos que devem ser usados. É uma
forma diferenciada da estratégia de operações, que envolve decisões
sobre a escala, localização, e organização de recursos de produção.

Segundo Mattos e Guimarães, uma estratégia tecnológica determina escolhas nas seis
seguintes áreas:

1. O momento de entrada competitiva no mercado;


2. A seleção dos componentes de um portfólio de tecnologias;
3. O nível desejado de competência em cada tecnologia;
4. A fonte da qual cada tecnologia é obtida;
5. O nível de investimento em P&D;
6. As políticas e práticas de P&D da empresa.

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É importante destacar que a estratégia relacionada ao momento de entrada de mercado é
provavelmente a mais importante a ser feita corretamente, já que afeta todas as outras
decisões estratégicas. Por exemplo, as empresas que querem investir em inovação
RADICAL devem fazer escolhas diferentes as das empresas que querem investir em
inovação INCREMENTAL quanto à tecnologia a ser utilizada, nível de investimento em P&D,
etc.

A partir de agora vamos fazer uma pequena descrição das áreas de escolha com suas
características. Inicialmente vamos começar com o momento de entrada no mercado.

1º Escolha: Momento de entrada no mercado

Deve ser a primeira escolha, e existem quatro estratégias genéricas de entrada no mercado
que podem ser seguidas pelas empresas inovadoras. São elas: estratégia de ser o 1º a
comercializar; estratégia de rápido seguidor; estratégia de minimização de custo e a
estratégia de especificação. Cada uma dessas escolhas estratégicas estabelece o padrão
para as demais decisões de estratégia que se seguem 2, 3, 4, 5, 6 pontuadas na página
anterior.

ESTRATÉGIAS CARACTERÍSTICAS DAS ESCOLHAS


Tem como objetivo levar novos produtos para o mercado antes
da concorrência. Dá a vantagem de um monopólio temporário
enquanto os competidores ainda estiverem desenvolvendo seus
SER o 1º a produtos.
comercializar
Exige forte compromisso da empresa com P&D. É uma
abordagem de alto risco, já que requer investimentos em
produtos que podem não ganhar aceitação no mercado.

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Visa alcançar a entrada no mercado ainda na fase de
crescimento da demanda pelos novos produtos, imitando as
inovações de outros.

SER o Rápido
Esta abordagem também exige um forte compromisso da
Seguidor
empresa com a P&D, mas com a ênfase em ser rápido e ágil no
desenvolvimento e não na pesquisa. É uma abordagem de menor
risco, já que somente inovações de sucesso são imitadas,
evitando-se fracassos.

ESTRATÉGIAS CARACTERÍSTICAS DAS ESCOLHAS


É essencialmente a de uma entrada posterior no mercado, com a
ênfase em produção de massa a baixo custo.

Essa estratégia é de baixo risco em termos de aceitação de


Minimização de Custo
produto, já que a aceitação do consumidor é bem conhecida. O
compromisso com P&D de produto é baixo, e a ênfase é colocada
no conhecimento do processo e na implementação de novas
tecnologias de produção.
Envolve a inovação de produtos com alta margem em segmentos
pequenos – nichos – de mercado.
Especialização
O compromisso com P&D é alto, com produtos que são
tipicamente customizados para os clientes.

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2º Escolha

Seleção das tecnologias: é provavelmente a decisão mais importante para o planejador


estratégico, pois farão parte do portfólio da empresa.

3º Escolha

Nível desejado de competência: o nível de competência que uma empresa escolhe adotar
também está ligado a sua estratégia de entrada no mercado. A estratégia “ser o primeiro a
comercializar” requer grande conhecimento do “estado da arte” das tecnologias associadas e
seu campo de atuação.

4º Escolha
 Aquisição de competência e tecnologia: várias opções podem estar disponíveis
para a empresa adquirir acesso a uma tecnologia ou competência particular.
 Desenvolver a tecnologia internamente – é uma abordagem lenta na
apresentação de resultados práticos. É geralmente apropriada quando a
tecnologia é muito nova ou o domínio dela é limitado a um pequeno número de
concorrentes.
 Por meio de licenciamento – que consiste simplesmente na compra dos direitos
de uso de uma tecnologia particular.
 Em tecnologias complexas, o contrato de licença incluiria também o acesso a
assistência técnica e treinamento de pessoal, para possibilitar uma efetiva
transferência de tecnologia.
 As empresas que dispõem de grandes recursos financeiros podem
simplesmente comprar outra empresa que tenha a tecnologia e as
competências desejadas. É importante destacar que, na maioria das vezes, as
tecnologias são protegidas por um regime jurídico de propriedade intelectual –
patentes – que ainda requer licenciamento, sob pena de sansões legais.

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5º Escolha

Nível de investimento em P&D: depende da maturidade da empresa, da natureza do setor


econômico em que a empresa atua e da estratégia de entrada no mercado. As pequenas
empresas de base tecnológica podem ter limitado volume de vendas, e o gasto em P&D
pode ser muito alto em termos de porcentagem das receitas. As grandes empresas
baseadas em avanços científicos, como as farmacêuticas, biotecnológicas e eletrônicas,
tendem a investir uma grande porcentagem de suas receitas de vendas em P&D.

6º Escolha

Organização e políticas de P&D: sua formulação é sobre a decisão quanto à execução da


P&D centralizada, dispersa ou executada na unidade de negócio.

 P&D centralizada – é eficaz para pesquisa básica e para pesquisa aplicada às


competências centrais associadas a toda gama de produtos da empresa. Esse
tipo de pesquisa geralmente é considerado de natureza estratégica, não se
esperando que ele apresente resultados imediatos em termos de lucro em
relação aos recursos investidos.
 A P&D de execução dispersa - é focada principalmente no desenvolvimento de
produtos e processos. Os investimentos, nesse caso, serão diretamente
motivados pelo mercado, com resultados em termos de lucros previstos para
horizontes de tempos predefinidos.

Mais detalhes sobre as estratégias. Fica como sugestão o Livro “Gestão da Tecnologia e
Inovação – uma abordagem prática” dos autores João Roberto Loureiro de Mattos e Leonam
dos Santos Guimarães.

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Faça uma reflexão sobre a estratégia de entrada no mercado dos países: EUA, Japão, China
e Brasil.

Agora você deverá ir até a pasta atividades para abrir as atividades do arquivo ATIVIDADE 3
correspondentes as unidades de 21 a 30.

Vá até a pasta Atividades Dissertativas e acesse o arquivo “A escada de Aprendizado e


Inovação”, é um artigo que propõe uma Metodologia de Inovação de Produto. Caso você
queira inovar em produto pode seguir as orientações representadas pela escada.

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Microsoft como RÁPIDO SEGUIDOR

O projeto predominante para acesso à Internet é o chamado navegador browser. O


navegador permite acesso às aplicações de internet mais populares, a World Wide Web e o
e-mail. O primeiro navegador comercial a surgir no mercado foi o Mosaic, que depois se
tornou Netscape. Nesse caso a Microsoft teve uma estratégia de Rápido Seguidor, enquanto
introduziu com sucesso seu produto Internet Explorer após o Netscape.

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G LOSSÁRIO

Arranjo produtivo local (APL): Aglomeração de empresas definida por critérios


simultaneamente regionais e setoriais. O fomento de arranjos produtivos locais busca a
construção de economias externas a cada empresa e internas à aglomeração. As ações da
Finep, assim, priorizam o apoio a projetos cujos resultados produzam externalidades com
aproveitamento coletivo.

Brainstorming: Técnica para reuniões de grupo que visa ajudar os participantes a vencer
suas limitações em termos de inovação e criatividade. Criado por Osborn em 1963, o
conceito é aplicado a sessões que podem durar de alguns minutos até várias horas,
conforme as pessoas e o tema.

Em regra, porém, as reuniões não costumam ultrapassar 30 minutos. Há quatro regras de


ouro: nunca critique uma sugestão; encoraje as ideias bizarras; prefira a quantidade à
qualidade; e não respeite a propriedade intelectual. Além de zelar para que todos os
participantes (geralmente entre 6 e 12 pessoas) cumpram as regras, o líder da sessão deve
manter um ambiente relaxante e propício à geração de ideias.

Cadeia produtiva: Conjunto de atividades econômicas articuladas progressivamente desde o


início da elaboração de um produto (inclui matérias-primas, máquinas e equipamentos,
produtos intermediários, etc.) até a distribuição e comercialização.

Capital de risco ou capital empreendedor: Designações genéricas aplicáveis a recursos


financeiros empregados na capitalização de empresas em estágio inicial de
desenvolvimento.

Ciência: Conjunto organizado de conhecimentos sobre o Universo, envolvendo fenômenos


naturais, ambientais e comportamentais.

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Competitividade: No sentido estrito, significa a capacidade de competir. Normalmente é
interpretada como a capacidade que os produtos gerados internamente apresentam para
competir com seus similares produzidos no exterior, tanto no que se refere à importação
como à exportação. Em curto prazo, a competitividade se traduz em preços e é influenciada
pelas políticas cambial, fiscal e monetária e pelo crescimento econômico, já que este gera
modernização. Em longo prazo, ela reflete a qualidade e a confiabilidade dos produtos, em
geral expressas no prestígio da marca. A política de inovação é eficaz e decisiva para a
competitividade apenas em longo prazo.

Cultura organizacional: As empresas, tal como os países, têm uma cultura única. Por isso,
é crucial que divulguem de forma explícita seus valores. Quando o fazem por escrito, o
documento chama-se declaração de missão. Para James Collins e Jeremy Porras, autores
do livro: Feitas para Durar, a razão por que algumas empresas têm sucesso duradouro,
enquanto outras se extinguem, está na cultura organizacional. Numa era de incertezas, tudo
deve ser posto em xeque, à exceção dos valores, que têm de ser imutáveis.

Desenvolvimento de produto: O desenvolvimento de um produto requer pesquisa,


planejamento, controle meticuloso e, acima de tudo, o uso de métodos sistemáticos, o que
inclui uma abordagem interdisciplinar, abrangendo métodos de marketing, a engenharia de
métodos e a aplicação de conhecimentos sobre estética e estilo. Embora não seja fácil, a
interação entre ciências sociais, tecnologia e arte aplicada deve ser buscada como meio de
chegar à inovação. O sucesso (ou fracasso) no desenvolvimento de produtos depende de
muitos fatores: simpatia dos consumidores, aceitação dos distribuidores, facilidade de
fabricação, durabilidade e confiabilidade intrínsecas. O processo de desenvolvimento de um
produto envolve as seguintes etapas: planejamento; projeto conceitual; configuração do
projeto; detalhamento do projeto; engenharia de produção, fabricação, montagem; vendas.

Desenvolvimento experimental: Trabalho sistemático delineado a partir de conhecimento


preexistente, obtido por meio da pesquisa e/ou da experiência prática e aplicado na produção
de novos materiais, produtos e aparelhagens, no estabelecimento de novos processos,

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sistemas e serviços e, ainda, no substancial aperfeiçoamento de bens já produzidos ou de
processos já estabelecidos.

Desenvolvimento tecnológico: Atividade de pesquisa criativa para produzir inovações


específicas ou modificações de processos, produtos e serviços existentes.

Downsizing: Aplicado à gestão, o conceito significa a redução radical do tamanho da


empresa, geralmente por meio do delayering (redução dos níveis hierárquicos) ou da venda
de negócios não estratégicos, a fim de ganhar flexibilidade, reduzir a burocracia e tornar a
organização mais próxima do mercado e dos clientes. Nos anos 1980, as grandes empresas
cresceram de forma desordenada por meio da diversificação de negócios, criando estruturas
gigantescas, numa era em que a velocidade e a flexibilidade foram se tornando requisitos-
chave. Por esse motivo, na década de 1990 foram forçadas a reestruturar-se por meio do
downsizing.

Empresa de base tecnológica: Organização de qualquer porte ou setor que tenha na


inovação tecnológica os fundamentos de sua estratégia competitiva. Para se enquadrar
nessa categoria, a empresa deve apresentar pelo menos duas das seguintes características:

a) desenvolver produtos ou processos tecnologicamente novos ou melhorias


tecnológicas significativas em produtos (bens ou serviços) ou processos existentes;

b) obter pelo menos 30% de seu faturamento, considerando-se a média mensal dos
últimos 12 meses, pela comercialização de produtos protegidos por patentes ou
direitos de autor ou em processo de obtenção das referidas proteções;

c) estar em fase pré-operacional e destinar pelo menos 30% de suas despesas


operacionais, considerando-se a média mensal dos últimos 12 meses, a atividades de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico;

d) não se enquadrar como micro ou pequena empresa e destinar pelo menos 5% de


seu faturamento a atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;
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e) não se enquadrar como micro ou pequena empresa e destinar pelo menos 1,5% de
seu faturamento a instituições de pesquisa ou universidades, ao desenvolvimento de
projetos de pesquisa relacionados ao desenvolvimento ou ao aperfeiçoamento de
seus produtos ou processos;

f) empregar, em atividades de desenvolvimento de software, engenharia, pesquisa e


desenvolvimento tecnológico, profissionais técnicos de nível superior em percentual
igualou superior a 20% do quadro de pessoal;

g) empregar, em atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, mestres,


doutores ou profissionais de titulação equivalente em percentual igualou superior a 5%
do quadro de pessoal.

Empresa inovadora em produtos e processos tecnológicos (PPT): a organização que


tenha implantado produtos ou processos tecnologicamente novos ou aperfeiçoados, ou
combinações de produtos e processos, durante o período em análise. Não se incluem nessa
classificação empresas cujas atividades de inovação PPT tenham sido abortadas nem
companhias que, ao final do período de análise, ainda não implantaram o trabalho de
inovação PPT, mesmo que este se encontre em andamento. Organizações inovadoras em
PPT seriam todas aquelas que surgiram durante o período em análise e implantaram novos
produtos e processos. Formam esse grupo:

- empresas que já existiam no início do período em análise e que implantaram produtos ou


processos tecnologicamente novos (ou aprimorados) para si mesmas durante o período;

- empresas que passaram a existir durante o período em análise e que:

a) em sua fundação implantaram produtos ou processos tecnologicamente novos (ou


aprimorados) para o mercado em que operam;

b) após sua fundação, implantaram produtos ou processos tecnologicamente novos (ou


aprimorados) para si mesmas.
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Empresa nascente de base tecnológica ("start up"): Companhia cuja estratégia
empresarial e de negócios é sustentada pela inovação e cuja base técnica de produção está
sujeita a mudanças frequentes, advindas da concorrência centrada em esforços continuados
de P&D. Principais características da empresa nascente de base tecnológica: está em
estruturação empresarial ("quase-empresa"); não tem posição definida no mercado; está
inserida ou não, em incubadoras; busca oportunidades em nichos de mercado com
produtos/serviços inovadores e de alto valor agregado.

Empresa que desenvolve esforços incrementais em capacitação tecnológica:


Companhia cujas atividades de desenvolvimento podem ou não estar estruturadas.
Normalmente, essa empresa não tem interação com instituições de P&D, mas apenas com
licenciadores de tecnologia. O processo de inovação, no caso incompleto, é entendido como
simples reprodução de tecnologias já comprovadas (redução do gap tecnológico).
Organizações desse tipo desenvolvem esforços incrementais de forma permanente ou
esporádica.

Estudo de viabilidade: Investigação de projetos técnicos, a fim de obter informações


complementares antes da decisão quanto à sua implementação. No campo das ciências
sociais, os estudos de viabilidade constituem investigações sobre as características
socioeconômicas e as implicações decorrentes de situações específicas (por exemplo, um
estudo sobre a viabilidade de implantação de um complexo petroquímico em certa região).

Gestão da qualidade: Todas as atividades da função gerencial que determinam a política da


qualidade, seus objetivos e responsabilidades e a implementam por instrumentos como o
planejamento, o controle, a garantia e a melhoria da qualidade. A gestão da qualidade leva
em consideração os aspectos econômicos e diz respeito a todos os níveis da administração,
mas tem de ser conduzida pela alta administração.

Gestão empresarial: Conjunto de ações coordenadas conduzidas de forma a permitir que a


empresa atinja objetivos previamente determinados.

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Gestão estratégica do conhecimento: Conjunto de ações coordenadas que asseguram às
empresas habilidades para captar, armazenar, recuperar e analisar as informações e
conhecimentos estratégicos para seu desenvolvimento e competitividade.

Gestão tecnológica: Administração sistemática de um conjunto de habilidades,


mecanismos, conhecimentos, planos e instrumentos organizacionais necessários para a
estruturação da capacidade de as empresas gerarem, introduzirem, comprarem, modificarem
e gerenciarem inovações de produtos e processos, com vista à competitividade.

Incentivos fiscais ao PDTI/PDTA: Incentivos à capacitação tecnológica de empresas que


investem em pesquisa e experimentação tecnológica. Após análise pela Finep, os programas
são aprovados pelo MCT. Os principais incentivos são:

- redução do imposto de renda a pagar;

- redução do imposto sobre produtos industrializados (IPI) sobre equipamentos e


instrumentos destinados às atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;

- depreciação acelerada desses equipamentos e instrumentos;

- amortização acelerada dos gastos com a aquisição de bens

intangíveis vinculados às atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico;

- crédito do imposto de renda recolhido na fonte, bem como redução dos 10 F quando
da remessa ao exterior de valores resultantes de contratos de transferência de
tecnologia;

- dedução como despesa operacional de raya/ties e assistência técnica para empresas


de tecnologia de ponta ou de bens de capital, não seriados.

Incubadora de empresas: Ambiente flexível e encorajador que propicia uma série de


facilidades para o surgimento e crescimento de novos empreendimentos. Além de assessoria
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na gestão técnica e empresarial, a incubadora oferece a infraestrutura e os serviços
compartilhados necessários ao desenvolvimento do novo negócio, como espaço físico, salas
de reunião, telefone, fax, acesso à internet, suporte em informática, entre outros. Geridas por
órgãos governamentais, universidades, associações empresariais e fundações, as
incubadoras de empresas são instâncias catalisadoras do processo de desenvolvimento e
consolidação de empreendimentos inovadores no mercado competitivo. Os principais
objetivos de uma incubadora são: a produção de empresas de sucesso e a criação de uma
cultura empreendedora.

Indicadores de capacidade inovativa: Medidas usadas para avaliar o potencial de


inovação, escolhidas para organizar informações qualitativas e quantitativas sobre fatores de
influência em processos de inovação. Esses indicadores podem ser: número e perfil do
pessoal qualificado e sua densidade em relação ao conjunto dos trabalhadores; demanda de
informação e de serviços técnico-científicos; atividades cooperativas; investimentos em
treinamento e formação de pessoal; investimentos em atividades de pesquisa,
desenvolvimento de engenharia, etc.

Infraestrutura de P&D: Atividades que visam criar ou ampliar as condições necessárias ao


desenvolvimento das atividades de P&D. Envolvem aquisição/instalação de equipamentos
para pesquisa, instalações físicas (obra civil), manutenção de equipamentos e instalações
laboratoriais.

Inovação: É a bem-sucedida introdução no mercado de produtos, serviços, processos,


métodos e sistemas que não existiam anteriormente ou que contenham alguma característica
nova e diferente do padrão em vigor. Compreende diversas atividades científicas,
tecnológicas, organizacionais, financeiras, comerciais e mercadológicas. A exigência mínima
é que o produto (ou serviço, processo, método, sistema) seja novo ou substancialmente
melhorado para a empresa em relação a seus competidores.

Inovação de processo e produto tecnológico em nível mundial: Uma inovação PTI em


nível mundial ocorre na primeira vez em que um produto ou processo novo é aprimorado ou
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implantado. Inovações PPT em nível da empresa ocorrem quando se implanta um produto ou
processo tecnologicamente novo para a unidade em questão, mas que já tenha sido
implementado em outras empresas e setores industriais.

Inovação de processo tecnológico: Adoção de métodos de produção novos ou


significativamente melhorados. Tais métodos podem envolver mudanças no equipamento ou
na organização da produção, ou uma combinação dessas transformações, e podem derivar
do uso de novo conhecimento. Os métodos podem ter por objetivo produzir ou entregar
produtos tecnologicamente novos ou aprimorados (que não possam ser produzidos ou
entregues com os métodos convencionais de produção) ou aumentar a produção ou
eficiência na entrega de produtos existentes. Em algumas indústrias de serviço, a distinção
entre processo e produto pode ser nebulosa. Uma mudança de processo em
telecomunicações para a introdução de uma rede inteligente, por exemplo, pode permitir a
oferta ao mercado de um conjunto de novos produtos, tais como, espera de chamada ou
visualização da chamada. Para um melhor entendimento, sugerimos consultar o Manual
Oslo.

Inovação gerencial e organizacional: Compreende a introdução de estruturas


organizacionais substancialmente modificadas, a adoção de técnicas avançadas de gestão,
bem como a implementação de orientação estratégica corporativa, nova ou substancialmente
modificada.

Inovação incremental: Introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou


organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura industrial.

Inovação para o desenvolvimento social: Criação de tecnologias, processos e


metodologias originais que possam vir a se tornar propostas de novos modelos e paradigmas
para o enfrentamento de problemas sociais, combate à pobreza e promoção da cidadania.

Inovação radical: Introdução de um produto, processo ou forma de organização da


produção, inteiramente novos. Esse tipo de inovação pode representar uma ruptura estrutural

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com o padrão tecnológico anterior, originando até mesmo novas indústrias, setores ou
mercados.

Inovação tecnológica de processo: Compreende as implantações de processos


tecnologicamente novos, bem como substanciais melhorias tecnológicas em processos. É
considerada implantada quando utilizada no processo de produção.

Inovação tecnológica de produto: Compreende as implantações de produtos


tecnologicamente novos, bem como substanciais melhorias tecnológicas em produtos. É
considerada implantada quando introduzida no mercado.

Inovação tecnológica de serviços: Compreende as implantações de serviços


tecnologicamente novos, bem como substanciais melhorias tecnológicas em serviços
existentes.

Invenção: Concepção resultante do exercício da capacidade de criação do homem e que


solucione um problema técnico específico dentro de determinado campo tecnológico. Tal
solução deve ser passível de fabricação ou apta ao uso industrial. O certificado de adição de
invenção é um aperfeiçoamento ou desenvolvimento introduzido no objeto de determinada
invenção. A proteção é cabível para o depositante ou titular da invenção anterior a que se
refere (art. 76 da Lei de Propriedade Industrial). O desenho industrial é a forma plástica
ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado
a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e
que possa servir de tipo de fabricação industrial.

Learning organization: Expressão cunhada por Chris Argyris, professor em Harvard, que
chama de learning organizations (organizações em constante aprendizagem) as empresas
que aprendem à medida que seus trabalhadores adquirem novos conhecimentos. O conceito
baseia-se num princípio que Argyris batizou de double-Ioop learning (quando os erros são
corrigidos por meio da alteração das normas empresariais que os causaram). Em 1990,

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Peter Senge, professor do MIT, popularizou o conceito em seu best seller A Quinta disciplina
Arte e Prática da Organização que Aprende.

Licença de fabricação ou utilização de patentes: Cessão de direitos, por parte de pessoas


físicas ou jurídicas, de propriedade sobre desenhos e especificações de produtos sujeitos a
processos definidos de industrializações patenteados e registrados no Brasil e no país de
origem, obrigando à vinculação duradoura entre as partes contratantes.

Manual Oslo: Convenção internacional estabelecida pela Organização para Cooperação e


Desenvolvimento Econômico (OCDE) e que reúne os países mais desenvolvidos em termos
de tecnologia. Suas orientações objetivam ampliar a compreensão do processo de inovação
no âmbito das empresas. O Manual Oslo é uma atualização melhorada do Manual Frascati,
lançado em 1963 num encontro realizado na cidade italiana de Frascati.

Melhoria da qualidade: Ações implementadas em toda a organização para aumentar a


eficácia e a eficiência das atividades e dos processos, proporcionando benefícios adicionais
tanto à organização quanto aos clientes.

Modernização tecnológica: Utilização (e não necessariamente domínio) de tecnologias


mais atualizadas ou avançadas do que as empregadas anteriormente. Para os países
industrializados, é o corolário do crescimento econômico.

Parques tecnológicos: Iniciativas planejadas que visam criar condições favoráveis à


transferência de tecnologias desenvolvidas nas universidades e institutos de P&D para o
setor de produção, por meio de pesquisadores que inaugurem ou participem da criação de
empresas com o emprego das tecnologias geradas. Nesse sentido, importantes elementos
para a caracterização dos parques tecnológicos seriam seu caráter planificado e a presença
de empresas nascentes criadas a partir de tecnologias produzidas nas instituições de P&D.

Patente: A pesquisa e o desenvolvimento para elaboração de novos produtos requerem, na


maioria das vezes, grandes investimentos. Proteger esses produtos com uma patente ou um

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registro significa prevenir-se de que competidores copiem e vendam essa criação a um preço
mais baixo, uma vez que não foram onerados com os custos de P&D. A proteção conferida
pela patente e pelo registro de desenho industrial foi criada para garantir a rentabilidade de
uma invenção ou criação industrializável. Patente e Registro de Desenho Industrial são
títulos de propriedade temporária sobre uma invenção, modelo de utilidade ou desenho
industrial outorgados pelo Estado aos inventores, autores ou outras pessoas físicas ou
jurídicas detentoras dos direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a
revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente ou pelo
registro. Durante o prazo de vigência da patente ou registro, o titular tem o direito de excluir
terceiros, Sem prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação,
comercialização, importação, uso, venda, etc. Para a Organização Mundial de Propriedade
Industrial (OMPI), a patente é um documento expedido por um órgão governamental, que
descreve a invenção e estabelece uma situação legal na qual a criação patenteada pode
normalmente ser explorada (fabricada, importada, vendida e usada) com autorização do
titular.

Patenteamento: A característica principal do documento de patente é o requisito de


patenteabilidade. Em outras palavras, só é patenteável a invenção que atenda aos requisitos
de novidade, isto é, que não tenha sido divulgada antes, que seja inédita e que possua
atividade inventiva e aplicação industrial - passível, portanto, de ser comercializada. A
invenção é considerada nova quando não está inserida no estado da técnica. Este é
constituído por todo o registro de acesso público antes da data de depósito do pedido de
patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no país de origem ou
no exterior.

Pesquisa: Atividade realizada com o objetivo de produzir novos conhecimentos, geralmente


envolvendo experimentação. Na maior parte das vezes, é utilizada para designar atividades
que poderiam ser denominadas de censo, levantamento de dados ou coleta de informações.
Três categorias podem ser distinguidas no âmbito da pesquisa: básica, aplicada ou de
desenvolvimento experimental.

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Pesquisa aplicada: Investigação original concebida pelo interesse em adquirir novos
conhecimentos. É primordialmente dirigida em função de um objetivo prático específico,
sendo realizada para determinar os possíveis usos das descobertas da pesquisa básica ou
no intuito de definir novos métodos ou maneiras de alcançar certa meta predeterminada.
Envolve considerar todo o conhecimento disponível e também sua ampliação, com vista à
solução de problemas específicos. No setor empresarial, a distinção entre pesquisa básica e
aplicada é frequentemente marcada pela criação de um novo projeto para explorar os
resultados promissores de um programa de pesquisa básica. Os resultados da pesquisa
aplicada são hipotética e fundamentalmente válidos para apenas um número limitado de
produtos, operações, métodos e sistemas. Os conhecimentos ou informações advindos
desse tipo de pesquisa são quase sempre patenteados, podendo, contudo, manter-se sob
sigilo.

Pesquisa básica: Estudo teórico ou experimental que contribui de forma original ou


incremental para a compreensão sobre fatos e fenômenos observáveis e teorias, sem ter uso
ou aplicação específica imediata. A pesquisa básica analisa propriedades, estruturas e
conexões, com vista a formular e comprovar hipóteses, teorias, etc. Seus resultados,
geralmente não negociáveis, muitas vezes são publicados em periódicos científicos ou
submetidos à apreciação da comunidade científica. Portanto, o cientista gera e consome
conhecimento. O produto da ciência é basicamente um novo conhecimento repassado por
meio da informação, tendo como suporte o documento. O domínio público da literatura
científica faz parte do processo de comunicação científica. Sua atividade mais importante é a
avaliação, pelos referees, da produção intelectual. O resultado dessa avaliação é
determinante para que um artigo seja publicado e, consequentemente, reconhecido. Por
vezes declarada secreta ou confidencial, por razões de segurança, a pesquisa básica é
comumente executada por cientistas, que estabelecem as próprias metas e, em grande
parte, organizam o próprio trabalho. Contudo, em alguns casos, a pesquisa básica pode ser
fundamentalmente orientada ou dirigida em função de áreas mais amplas de interesse geral,
configurando-se como "pesquisa básica orientada".

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Pesquisa científica e tecnológica: Trabalho criativo efetuado de forma sistemática, com o
objetivo de buscar a ampliação do repertório de conhecimento humano e o uso dele para
imaginar novas aplicações.

Pesquisa de desenvolvimento experimental: A construção e os ensaios de um protótipo


são geralmente a fase mais importante do desenvolvimento experimental. Um protótipo é um
modelo que contém todas as características técnicas e desempenhos do novo produto ou
processo. A aceitação de um protótipo frequentemente significa que a fase de
desenvolvimento experimental está concluída e as demais fases do processo de inovação
terão início (mais orientação a esse respeito pode ser encontrada no Manual Frascati). O
desenvolvimento de software é classificado como P&D se envolver a realização de avanço
científico ou tecnológico e/ou solução de incertezas científicas/tecnológicas em bases
sistemáticas.

Pesquisa e desenvolvimento (P&D): Trabalho empreendido em base sistemática para


aumentar o estoque de conhecimento, incluindo o conhecimento do homem, da cultura e da
sociedade, e o uso desse estoque para perscrutar novas aplicações.

Plano de negócios: Instrumento que define o planejamento da estratégia de uma empresa.


Identifica seu potencial de exploração mercadológica, econômica e empresarial, abordando
os aspectos: tecnológico, financeiro, organizacional, gerencial, mercadológico, jurídico e de
propriedade intelectual.

Produto tecnologicamente aperfeiçoado: Produto existente cujo desempenho tenha sido


significativamente aprimorado ou elevado. Um produto simples pode ser aprimorado (em
termos de desempenho ou custo) por meio de novos e melhores componentes ou materiais,
assim como um produto complexo, que resulte de vários subsistemas técnicos integrados,
pode ser melhorado mediante modificações parciais num de seus subsistemas. Produtos
tecnologicamente aperfeiçoados podem exercer grandes e pequenos efeitos na empresa. A
substituição de metais por plástico nos equipamentos de cozinha ou mobílias é um exemplo
de uso de componentes de melhor desempenho. A introdução de freios ABS ou outras
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melhorias de subsistemas em carros é um exemplo de mudanças parciais em alguns
subsistemas técnicos integrados. A distinção entre um produto tecnologicamente novo e um
produto tecnologicamente aperfeiçoado pode ser difícil em alguns setores, especialmente no
de serviços.

Produto tecnologicamente novo: Produto cujas características tecnológicas ou usos


pretendidos diferem daqueles dos produtos feitos anteriormente. Tais inovações podem
envolver tecnologias radicalmente novas, basear-se na combinação de tecnologias
existentes em novos usos ou, ainda, derivar do uso de novo conhecimento. Os pioneiros
microprocessadores e gravadores de videocassete foram exemplos de produtos
tecnologicamente novos do primeiro tipo, utilizando tecnologias radicalmente novas.

O toca-fitas portátil constituiu um produto tecnologicamente novo do segundo tipo,


combinando tecnologias existentes num novo uso. Em cada caso, o produto geral não existia
anteriormente.

Projeto: Atividade ou conjunto coordenado de atividades dirigidas para alcançar objetivos


explícitos e justificados, segundo uma metodologia definida e empregando recursos
humanos e materiais durante certo período de tempo.

Propriedade intelectual: Propriedade é o poder irrestrito de uma pessoa sobre um bem. A


propriedade dos bens imateriais é regida por regras específicas, que constituem o Direito de
Propriedade Intelectual. A propriedade é irrestrita quando não está condicionada a
parâmetros que a restrinjam ou limitem - quando fica condicionada a certas prerrogativas,
principalmente ligadas ao tempo e ao espaço, é considerada restrita. Pode-se conceituar a
propriedade intelectual como o direito de uma pessoa sobre um bem imaterial. As regras ou
leis que disciplinam esse direito, comumente, estabelecem as relações de dependência entre
a propriedade de bem imaterial e alguns parâmetros. A propriedade intelectual está voltada
para o estudo das concepções inerentes aos bens tangíveis que, de modo geral, podem ser
enquadrados nas categorias: artística, técnica e científica. As criações artísticas englobam as
obras literárias, escritas ou orais; as obras musicais, cantadas ou instrumentadas; as obras
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estéticas bidimensionais (desenhos, pinturas, gravuras, litografias, fotografias, etc.) ou
tridimensionais (esculturas e obras de arquitetura). As criações técnicas referem-se às
invenções. As regras de propriedade, ou de proteção, estão dispostas nas leis de patentes
estabelecidas pelas nações, as quais, apesar de adotarem um consenso universal,
amoldam-se aos interesses específicos de cada nação. As concepções científicas são, por
essência, as descobertas nos diversos campos da física, da química, da biologia, da
astronomia, etc. A descoberta não é passível de ser protegida. O autor de uma descoberta
não faz jus à sua propriedade: quando muito, é agraciado pelas academias de ciência. Isso
ocorre porque uma descoberta não é considerada a criação de algo novo - trata-se, sim, da
revelação de um fenômeno natural até então ignorado. O autor teve o mérito de antecipar
essa revelação, ou conhecimento, à humanidade. Por ser um descobridor, e não um criador,
não tem direito de propriedade. A propriedade intelectual busca regular as ligações do autor,
ou criador, com o bem imaterial. Estabelece as regras de procedimento para a obtenção do
privilégio, bem como a atuação das autoridades que intervêm nessa matéria.

Protótipo: Modelo original representativo de alguma criação nova, do qual todos os objetos
ou utensílios do mesmo tipo são representações ou cópias. É um modelo básico detentor de
características essenciais do produto pretendido.

Reengenharia: Redesenho radical dos processos de negócio, com o objetivo de obter


melhorias drásticas em três áreas: custos, serviços e tempo. Michael Hammer, ex-professor
do MIT, é considerado o pai dessa teoria inovadora e radical. O tema surgiu num artigo
publicado em 1990 pela Harvard Business Review. A consagração só chegaria três anos
depois, com o livro Reengenharia - Revolucionando a Empresa, escrito em parceria com
James Champy.

Sistema de inovação: Pode ser nacional, regional ou local. É uma rede de instituições dos
setores público (universidades, centros de P&D, agências governamentais de fomento e
financiamento, empresas públicas e estatais, dentre outros) e privado (empresas,
associações empresariais, ONGs, etc.), cujas atividades e interações geram, adotam,

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importam, modificam e difundem tecnologias, sendo a inovação e o aprendizado, seus
aspectos cruciais.

Sistema de patentes: Conjunto de regras que tratam da proteção das invenções e dos
modelos industriais. A patente é o direito outorgado pelo governo de uma nação a uma
pessoa, o qual confere a exclusividade de exploração do objeto de uma invenção ou de um
modelo industrial, durante determinado período, em todo o território nacional. Além do direito
industrial, assegura a publicação de novas tecnologias, garante o retorno sobre o
investimento na pesquisa, desenvolvimento e produção de uma nova tecnologia, assegura o
domínio do mercado em que vai ser desenvolvido e de outros mercados potenciais e propicia
disponibilidade da informação técnica. O sistema de patentes está estruturado à luz de
quatro aspectos: do direito, da economia, da técnica e do progresso.

Sistema nacional de inovação: Conjunto de instituições públicas e privadas que, no âmbito


de um país, formula, planeja, executa, financia e apóia atividades de C&T e inovação, bem
como os usuários e beneficiários dessas atividades.

Tecnologia: O termo "tecnologia" tem ampla conotação. Refere-se a técnicas, métodos,


procedimentos, ferramentas, equipamentos e instalações que contribuem para a realização e
obtenção de um ou vários produtos. O termo implica o que fazer, por quem, por que, para
quem e como fazer. Em geral, divide-se a tecnologia em duas grandes categorias: tecnologia
de produto e tecnologia de processo. As de produto caracterizam-se por resultarem em
componentes tangíveis e facilmente identificáveis (equipamentos, instalações físicas,
ferramentas, artefatos, etc.); as de processo incluem técnicas, métodos e procedimentos
utilizados para obter determinado produto.

Transferência de tecnologia: Refere-se mais ao processo de importação de tecnologia. O


proprietário da tecnologia é protegido por um monopólio legal, pelo sistema de patentes. A
transferência de tecnologia só acontece quando, no processo, são estabelecidos e
respeitados os seguintes pré-requisitos: motivação para que de fato haja a transferência;
recursos financeiros suficientes; recursos humanos adequados (mão de obra que garanta
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habilidades técnicas, gerenciais e de produção). O processo envolve atividades voltadas
para a compra/absorção de tecnologias nacionais ou estrangeiras consideradas de interesse
para a citação tecnológica da empresa nacional e que contribuem para o desenvolvimento
econômico e social do país. No Brasil, a transferência de tecnologia se efetua por meio de
contratação tecnológica - para que surta determinados efeitos econômicos, o contrato deve
ser avaliado e averbado pelo INPI. Todos os contratos que impliquem transferência de
tecnologia, sejam entre empresas nacionais e empresas sediadas ou domiciliadas no
exterior, por disposição legal, requerem a devida averbação pelo INPI.

Vantagem competitiva: Michael Porter demonstrou que empresas bem-sucedidas


obedecem a padrões definidos de comportamento, resumidos em três estratégias genéricas.
Estas são as fontes da vantagem competitiva:

1) liderança baseada no fator custo (ter custos mais baixos do que os rivais);

2) diferenciação (criar um produto ou serviço visto na indústria como único);

3) focalização (combinar as duas estratégias direcionando-as para um alvo específico).

SIGLAS

Anpei: Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Industriais

BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social C&T: Ciência e Tecnologia

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

INPI: Instituto Nacional de Propriedade Industrial

MCT: Ministério da Ciência e Tecnologia

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P&D: Pesquisa e Desenvolvimento

PIB: Produto Interno Bruto

PME: Micro e Pequena Empresa

ONG: Organização Não-Governamental RNP: Rede Nacional de Pesquisa

SEBRAE: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

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