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Disciplina

Introdução a Economia

Coordenador da Disciplina

Prof. João Mário Santos de França

6ª Edição
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados desta edição ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e
gravada por qualquer meio eletrônico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, dos autores.

Créditos desta disciplina

Realização

Autor

Prof. João Mário Santos de França


Sumário
Aula 01 : Conceitos Básicos ...................................................................................................................... 01
Tópico 01: Fundamentos de Economia ....................................................................................................... 01
Tópico 02: Mensuração da Atividade Econômica ..................................................................................... 08
Tópico 03: Outras Medidas das Atividades Econômicas ........................................................................... 12

Aula 02: Modelo de Demanda e Oferta ................................................................................................... 16


Tópico 01: Economia de Mercado .............................................................................................................. 16
Tópico 02: O Lado da Demanda ................................................................................................................. 18
Tópico 03: O Lado da Oferta ...................................................................................................................... 20
Tópico 04: O Modelo de Demanda e Oferta (Gráficos) ............................................................................. 22
Tópico 05: O Modelo de Demanda e Oferta (Funções Matemáticas) ........................................................ 25
Tópico 06: Elasticidades ............................................................................................................................. 28

Aula 03: Introdução à Teoria Monetária ................................................................................................ 30


Tópico 01: Introdução ................................................................................................................................. 30
Tópico 02: O Mercado de Moeda ............................................................................................................... 33
Tópico 03: Política Monetária ..................................................................................................................... 37

Aula 04: Noções de Comércio Internacional .......................................................................................... 41


Tópico 01: Introdução ao Comércio Internacional ..................................................................................... 41
Tópico 02: Ganhos e Perdas com o Comércio Exterior .............................................................................. 42
Tópico 03: Taxa de Câmbio ........................................................................................................................ 46
Tópico 04: Balanço de pagamentos ............................................................................................................ 49

Aula 05: Funções do Setor Público .......................................................................................................... 53


Tópico 01: Doutrinas Econômicas e Intervenção do Estado ...................................................................... 53
Tópico 02: Regulação e Política Fiscal ....................................................................................................... 57
Tópico 03: Déficit e Formas de Financiamento .......................................................................................... 61
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 01 : CONCEITOS BÁSICOS

TÓPICO 01: FUNDAMENTOS DE ECONOMIA

MULTIMÍDIA
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como vídeos legendados e animações, requerem a instalação da versão
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PALAVRA DO COORDENADOR DA DISCIPLINA DE INTRODUÇÃO


A ECONOMIA

VERSÃO TEXTUAL

Caros alunos.

Meu nome é João Mário Santos de França e sou o Professor


Conteudista da Disciplina de Introdução à Economia. Sou graduado
em Engenharia Civil pela UFC, com Mestrado em Economia no Curso
de Pós-Graduação em Economia - CAEN, UFC e Doutorado em
Economia, da escola de Pós-graduação em economia EPGE da
Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro. Sou Professor Adjunto I
lotado no Departamento de Administração da UFC, desde 1994 e
atualmente exerço o cargo de Coordenador do Curso de Pós-
Graduação em Economia CAEN UFC. Trabalho com disciplinas na
área quantitativa matemática em ensino semipresencial, na graduação
em Administração, e métodos quantitativos na graduação presencial
de administração e com disciplinas na área de economia, como a
introdução a economia no ensino semipresencial de graduação em
administração análise microeconômica na graduação presencial de
Administração. Comércio Internacional, no Mestrado Profissional em
Economia de empresas Microeconomia I, no Mestrado e Doutorado
em Economia. Minha pesquisa se concentra nas áreas de
desenvolvimento econômico e comércio Internacional. O objetivo da
disciplina de Introdução à Economia é iniciar o aluno na teoria
econômica fornecendo ampla visão sobre os conceitos micro e macro
econômicos e suas respectivas extensões teóricas que serão objetos de
estudos mais detalhados na disciplina de Economia, micro e macro. Os
principais tópicos que serão vistos no curso são os seguintes: conceitos
fundamentais em Economia, medidas e atividades econômicas,
modelo de demanda e oferta, introdução à teoria monetária noções de
comércio internacional taxa de câmbio, balanço de pagamentos, e
funções do setor público.

Sejam bem vindos à disciplina de Introdução à Economia desejo


um ótimo desempenho a todos.

1
Até o próximo encontro!

VERSÃO TEXTUAL

O que as pessoas lembram quando se fala de “Economia”? Alguns


pensam logo em dinheiro, bolsa de valores, taxa de juros e inflação.
Outros associam logo à não gastar dinheiro, evitando despesas a todo
custo. Como veremos a seguir, Economia possui um significado que
vai muito além dessas concepções.

O QUE É ECONOMIA?
Qual o significado do termo “Economia” (A palavra é de origem grega:
oikos = casa e nomos = governo, administração, ou seja, a administração do
lar ou domicílio.) ? Como várias palavras do nosso idioma, o seu significado
muda de acordo com o contexto em que é utilizada. Pode parecer uma
definição muito específica a primeira vista, mas na verdade lares e
economias tem muito mais em comum.

EXEMPLO

Uma casa se depara com muitas decisões. Deve ser decidido que
membros da família vão fazer cada tarefa e o que cada um recebe em troca.
Quem faz o almoço? Quem varre a casa? Quem lava a roupa? Assim, cada
membro da casa deve alocar seus recursos escassos, levando em
consideração a habilidades, esforços e desejos de cada um. Além disso,
deve ser decidido quanto deve ser gasto em valores monetários em cada
uma das necessidades da casa.

Como em uma casa, uma sociedade se depara com várias decisões. Uma
sociedade deve decidir que trabalhos devem ser feitos e quem irá fazê-los.
Algumas pessoas devem produzir comida, outras roupas e outras carros.
Uma vez que a sociedade alocou as pessoas em vários empregos, ela deve
alocar os bens e serviços gerados por esses empregos. Deve ser decidido
quem come lagosta e quem come batata. Deve decidir quem vai pra casa de
ônibus e quem vai de carro importado. A administração dos recursos (bens e
serviços) da sociedade é importante por que os recursos são escassos
(Escassez pode ser entendida no sentido de que a sociedade possui recursos
limitados e não pode produzir todos os bens e serviços que as pessoas
desejam.) ou limitados.

Desta forma, a economia como ciência pode ser definida de uma forma
mais clássica como:

Economia é a ciência social que estuda a


produção, distribuição e consumo de bens e serviços
escassos em uma sociedade.

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Uma definição alternativa pode ser resumida por:

ECONOMIA É A CIÊNCIA SOCIAL QUE ESTUDA O COMPORTAMENTO


HUMANO COMO UMA RELAÇÃO ENTRE BENS E SERVIÇOS ESCASSOS QUE
POSSUEM USOS ALTERNATIVOS.

Nesse sentido, fica claro que a Economia não busca simplesmente evitar
gastos. É uma ciência que tenta dar explicações para o comportamento de
indivíduos e a interação que surge entre eles, buscando alocar os recursos da
forma mais eficiente possível.

UM OUTRO SENTIDO PARA ECONOMIA

Um outro sentido que existe para a palavra Economia, é a que


descreve os mercados de uma sociedade. Um mercado pode ser entendido
como um conjunto de compradores e vendedores de um bem ou serviço.
Todos nós compreendemos quando dizem “A economia do país será
afetada”. Isto é, todas as interações entre pessoas descritas acima podem
ser resumidas apenas pela palavra Economia. Assim, Economia descreve
tanto um conjunto de mercados de uma região, como a ciência que o
estuda. Mas como vimos das definições e veremos no decorrer do curso, a
Economia como ciência estuda aspectos do comportamento das pessoas e
da sociedade que vai muito além disso.

EXERCITANDO 1
O que você entende de Economia? Escreva um pequeno texto de 10
linhas no máximo sobre o que você já conhece de Economia.

EXERCITANDO 2
De acordo com o que foi discutido até aqui e com os seus
conhecimentos prévios, crie uma definição para Economia.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ECONOMIA


Para que possamos seguir em frente no estudo de Economia devemos
nos familiarizar com alguns termos que os economistas costumam usar.
Como vimos da discussão anterior, a economia trata de recursos escassos ou
limitados. Por essas limitações os agentes econômicos devem realizar
escolhas. Quando uma pessoa decide comprar um carro, ela deve decidir
quanto pretende gastar, dado a quantidade de dinheiro que possui. Quando
um empresário decide construir uma fábrica, ele precisa decidir sobre o
tamanho da planta e o número de empregados que vai contratar, entre
outras coisas. Quando os agentes realizam essas escolhas elas se deparam
com recursos limitados, visto que não é possível atender todas as
necessidades dos indivíduos. Quando uma pessoa compra um carro, ela está
abrindo mão de comprar várias outras coisas. Desta forma, torna-se evidente
que existe um custo nessa decisão. Os economistas definem isso como Custo
de Oportunidade.

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CUSTO DE OPORTUNIDADE: é qualquer coisa de que se tenha de
abrir mão para obter alguma coisa. Assim, o custo de oportunidade de uma
escolha é igual a tudo aquilo de que se abriu mão para obtê-lo.

Este conceito está bastante próximo do conceito de trade-off. Quando se


realiza uma escolha, é possível que o benefício dessa escolha implique na
redução de outro benefício. Por exemplo, quando o governo decide aumentar
os recursos para os hospitais pode ter que deixar de investir em novas
escolas.

TRADE-OFF: Identifica uma situação de escolha conflitante.


Exemplos: redução da taxa de desemprego com aumento da taxa de
inflação. Mais recursos para a saúde pode significar menos para educação.

DESAFIO
Liste as cinco principais empresas da sua região. Como essas
empresas afetam a economia da sua cidade?

Até o momento discutimos sobre economia nos referindo a bens e


serviços. Mas o que são bens e serviços? Quando falamos sobre escassez,
implicitamente estávamos considerando que as pessoas precisavam dos bens
e serviços. Essa necessidade é o que define um bem ou um serviço. Um bem é
todo objeto que possui utilidade pra alguém e um serviço é toda atividade
feita que é útil pra alguém. De uma forma geral, podemos definir bens e
serviços como tudo que supre as necessidades das pessoas.

Existem vários tipos de bens:

BENS LIVRES
São úteis e existem em quantidade ilimitada e podem ser obtidos sem
nenhum esforço na natureza. Ex: luz solar, o ar, o mar etc.

BENS ECONÔMICOS
São úteis e possuem preços sendo escassos (em maior ou menor grau)
e pressupõem o esforço humano para obtê-los. Os bens econômicos podem
ser divididos em: Bens de capital, Bens de consumo e Bens intermediários.

BENS DE CAPITAL
São aqueles utilizados na fabricação de outros bens, mas que não se
desgastam totalmente no processo produtivo. Exemplo: Máquinas,
Equipamentos e Instalações.

BENS DE CONSUMO
Destinam-se diretamente ao atendimento das necessidades humanas.
De acordo com sua durabilidade, podem ser classificados como duráveis,
(geladeiras, fogões, automóveis) ou como não-duráveis (alimentos,
produtos de limpeza).

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BENS INTERMEDIÁRIOS
São aqueles que são transformados ou agregados na produção de
outros bens e que são consumidos totalmente no processo de produtivo
(insumos, matérias-primas e componentes).

EXERCITANDO 3
Explique com as suas palavras os diferentes tipos de bens,
relacionando-os.

PROBLEMAS ECONÔMICOS BÁSICOS


Nas bases de qualquer comunidade se encontra sempre a seguinte tríade
de problemas econômicos básicos:

O QUE PRODUZIR?

Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos (carros,


cigarros, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocados
a disposição dos consumidores.

COMO PRODUZIR?

Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que


recursos e de que maneira ou processo técnico.

PARA QUEM PRODUZIR?

Ou seja, para quem se destinará a produção, fatalmente para os que


têm renda.

É muito fácil compreender que: O QUE, COMO e PARA QUEM produzir


não seriam problemas se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Todavia,
na realidade existem ilimitadas necessidades e limitados recursos
disponíveis e técnicas de fabricação. Baseada nessas restrições, a Economia
deve optar dentre os bens a serem produzidos e os processos técnicos
capazes de transformar os recursos escassos em produção.

Um agente econômico é um indivíduo, conjunto de indivíduos,


instituição ou conjunto de instituições que, através das suas decisões e ações,
tomadas racionalmente, influenciam de alguma forma a economia.
Tradicionalmente são considerados como agentes econômicos os seguintes:

FAMILIAS
Todos os indivíduos e unidades familiares da economia e que, no papel
de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços,
objetivando o atendimento de suas necessidades, tomam também decisões
sobre a oferta de trabalho, terra, capital e capacidade empresarial.
Recebem em troca, respectivamente, como pagamento, salários, aluguéis,
juros e lucros, e é com essa renda que compram os bens e serviços
produzidos pelas empresas.

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EMPRESAS
Agentes encarregados de produzir e comercializar bens e
serviços.Tomam decisões sobre o investimento, sobre a produção e sobre a
procura de trabalho.

GOVERNO
Todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o
controle do Estado. Toma decisões de consumo, de investimento e de
política econômica.

EXTERIOR
Representa todos os agentes externos à economia em questão e toma
decisões sobre todas as questões anteriores.

MACROECONOMIA X MICROECONOMIA
Dentro da ciência econômica, existem diversos campos de estudo, no
entanto, de uma forma bastante abrangente, os economistas costumam
dividir em dois grandes campos de estudo: Macroeconomia e
Microeconomia.

MACROECONOMIA
Trata do comportamento da economia como um todo, com períodos
de recuperação e recessão, a produção total de bens e serviços da economia
e o crescimento do produto, as taxas de inflação e desemprego, balança de
pagamentos e taxa de câmbio. Trata ainda com as flutuações a curto prazo
que constituem o ciclo de negócios. Políticas fiscais, monetárias, cambiais e
creditícias. Lida com o estoque de dinheiro em circulação, a balança
comercial, variações nos preços e salários, exportação e importação, etc.)

MICROECONOMIA
Atua no âmbito dos consumidores e/ou das empresas (ou indústria se
preferir). Lida com as preferências dos consumidores e a utilidade que
essas preferências lhe conferem a qual podemos traçar suas escolhas. Lida
com a demanda de mercado de um determinado bem ou serviço, com a
quantidade do bem que a firma deve ofertar, a quantidade do bem que a
industria deve ofertar (relativa a cada empresa que produz o mesmo bem, a
seu preço e a sua demanda). Trata do estudo dos monopólios, oligopólios,
concorrência perfeita. Teoria dos Jogos. Traça estratégias de maximização
de lucros e minimização de custos para as empresas. Na microeconomia é
possível o desenvolvimento de modelos de fenômenos sociais
simplificados, o que pode ser útil antes de se lançar um produto novo no
mercado, por exemplo, e por falar em mercado, esse é um dos pilares do
estudo da microeconomia.

E quanto à empresas e consumidores internacionais? Qual delas trata do


assunto?

As empresas como já foi respondido acima (microeconomia), em relação


aos consumidores internacionais, chamamos de exportações, um dos itens
da balança comercial o que é tratado pela macroeconomia.

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Embora possa parecer uma divisão rígida, Micro e Macroeconomia
acabam se confundindo no cotidiano das empresas e pessoas. Nas empresas,
assim como a análise da indústria onde ela está inserida e a caracterização de
seu mercado (micro), é necessário também conhecer (e se antecipar) às
atitudes do governo, no que tange a redução de taxa de juros, políticas de
crédito e subsídios, comércio exterior (macro).

EXERCITANDO 4
Quais são os problemas econômicos básicos? Faça um Comentário em
no máximo 10 linhas.

EXERCITANDO 5
Explique, com as suas palavras, a diferença que existe entre a
Macroeconomia e a Microeconomia.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Envie através do seu Portfólio no Solar as respostas de três
exercitandos escolhidos por você, dos cinco exercitandos propostos ao
longo deste tópico.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.adobe.com/products/flashplayer/
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 01 : CONCEITOS BÁSICOS

TÓPICO 02: MENSURAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA

VERSÃO TEXTUAL

Como vimos até o agora, a Economia estuda o comportamento


dos diferentes agentes na sociedade, assim como as ações e produtos
que surgem da interação entre eles. Para que isso seja possível é
necessário mensurar (medir) essas atividades no sentido de buscar
explicações para as relações e fenômenos econômicos. Antes de
introduzirmos os conceitos relacionados à mensuração das atividades
econômicas, faremos uma breve discussão sobre modelos , sistemas
econômicos e o sentido desses conceitos na análise econômica.

Quando ouvimos o termo “modelo econômico”, devemos estar atentos


para o significado no contexto em que está sendo utilizado. Essa
terminologia já foi utilizada para descrever os diferentes sistemas
econômicos de um país ou região, mas na Economia moderna, essa
nomenclatura possui um significado diferente.

No sentido de analisar as relações entre os diferentes agentes


econômicos e os fenômenos que ocorrem na economia, os economistas
costumam se utilizar de um importante instrumental: O MODELO
ECONÔMICO. Os modelos econômicos tentam descobrir porque os eventos
econômicos ocorrem de uma determinada forma, buscando analisar os
fenômenos e fatos econômicos no sentido de tentar estabelecer relações de
causa e efeito.

OLHANDO DE PERTO
De uma forma mais sucinta, podemos definir um modelo econômico
como um instrumental que busca representar e simplificar aspectos da
realidade econômica na forma de gráficos, equações e quadros, de modo a
fazer compreender os fenômenos econômicos. Ainda de uma forma mais
rigorosa, podemos definir um modelo econômico com uma construção
teórica que representa os processos econômicos por um conjunto de
variáveis e relações lógicas e quantitativas que as relacione.

Estando definido o significado de modelo econômico, vamos comentar


rapidamente sobre sistemas econômicos.

Um sistema econômico pode ser definido como sendo a forma


política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade.

Os sistemas econômicos podem ser classificados em:

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Capitalista: - Sistema capitalista, ou economia de mercado, é
aquele regido pelas forças de mercado, predominando a livre iniciativa
e a propriedade privada dos fatores de produção.

Socialismo: - Sistema socialista ou economia centralizada, ou


ainda economia planificada, é aquele em que as questões econômicas
fundamentais são resolvidas por um órgão central de planejamento,
predominando a propriedade pública dos fatores de produção.

FUNCIONAMENTO DE UMA ECONOMIA DE MERCADO: FLUXOS


REAIS E MONETÁRIOS
Agora que definimos os conceitos de modelo econômico e sistema
econômico, estamos pronto para discutirmos um dos modelos básicos da
ciência econômica. Já sabemos que a economia consiste de milhões de
pessoas envolvidas em diversas atividades de compras, vendas, trabalhos,
contratações, fabricação, e assim por diante. Para entender como a economia
funciona, devemos encontrar alguma forma de simplificar a nossa reflexão
sobre todas estas atividades. Em outras palavras, precisamos de um modelo
que explique, em termos gerais, como a economia está organizada e como os
participantes na economia interagem uns com os outros.

Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor


uma economia de mercado que não tenha interferência do governo e não
tenha transações com exterior (economia fechada).

Os agentes econômicos são as famílias e as empresas. As famílias são


proprietárias de fatores de produção e os fornecem às empresas, através do
mercado dos fatores de produção. As empresas, através da combinação dos
fatores de produção, produzem bens e serviços e os fornecem às famílias por
meio do mercado de bens e serviços.

No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a


presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e
para o pagamento dos bens e serviços.

Desse modo, paralelamente ao fluxo real temos um fluxo monetário da


economia.

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Assim, de uma forma resumida, pode-se dizer que num sistema
econômico existem dois fluxos.

O FLUXO NOMINAL OU
O FLUXO REAL
MONETÁRIO

Formado pelos bens e serviços Formado pelo pagamento que os


produzidos no sistema econômico,fatores de produção recebem durante o
que também recebe o nome deprocesso produtivo, também
Produto. denominado Renda.

DESAFIO
Um outro modelo clássico dentro da Economia é o Modelo de Oferta e
Demanda. Pesquise e explique de forma sucinta esse modelo econômico,
desenhando o gráfico.

O MODELO DE OFERTA E DEMANDA que você ira explicar no exercício


anterior, está baseado em duas importantes definições em Economia:
Demanda de Mercado e Oferta de Mercado

DEMANDA DE MERCADO
A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de um
determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em
determinado período de tempo.

A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do


consumidor. São elas: o preço do bem e serviço, o preço dos outros bens, a
renda do consumidor e o gosto ou preferência do indivíduo. Para estudar-
se a influência dessas variáveis utiliza-se a hipótese do coeteris paribus,
ou seja, considera-se cada uma dessas variáveis afetando separadamente as
decisões do consumidor

Há uma relação inversamente proporcional entre a quantidade


procurada e o preço do bem. É a chamada Lei Geral da Demanda. Essa
relação pode ser observada a partir dos conceitos de escala de procura,
curva de procura ou função demanda.

OFERTA DE MERCADO
Pode-se conceituar oferta como as várias quantidades que os
produtores desejam oferecer ao mercado em determinado período de

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tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários
fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços
dos fatores de produção, das preferências do empresário e da tecnologia.

Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma


correlação direta entre a quantidade ofertada e nível de preços. É a
chamada Lei Geral da Oferta.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 01 : CONCEITOS BÁSICOS

TÓPICO 03: OUTRAS MEDIDAS DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS

As medidas das atividades econômicas citadas até aqui, representam


mercados tanto no nível microeconômico quanto no nível macroeconômico.
No entanto, existem, principalmente na macroeconomia, outras medidas que
medem as atividades econômicas de um país ou região.

Entre elas podemos destacar pelo menos três:

◾ Produto Interno Bruto - PIB


◾ Taxa de Desemprego
◾ Inflação

PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB


Se observarmos o comportamento da economia de um determinado
país, facilmente notaremos que as atividades econômicas oscilam com o
decorrer do tempo. Para medir as oscilações referidas, dentre os vários tipos
de indicadores, um dos mais representativos desta “performance”, é o
produto interno bruto (PIB), calculado trimestralmente e que deve ser
acompanhado com atenção. O PIB faz uma radiografia de toda atividade
econômica.

Na contagem do PIB, considera-se apenas bens e serviços finais,


excluindo da conta todos os bens de consumo de intermediário (insumos).
Isso é feito com o intuito de evitar o problema da dupla contagem quando
valores gerados na cadeia de produção aparecem contados duas vezes na
soma do PIB.

O PIB representa a soma (em valores monetários) de todos os bens


e serviços finais produzidos em uma determinada região (qual seja,
países, estados, cidades), durante um período determinado (mês,
trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na
macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de
uma região.

PIB NOMINAL E PIB REAL

Quando se procura comparar ou analisar o comportamento do PIB de


um país ao longo do tempo, é preciso diferenciar o PIB NOMINAL do PIB
REAL. O primeiro diz respeito ao valor do PIB calculado a preços correntes,
já o segundo é calculado a preços constantes. Para avaliações mais
consistentes, o mais indicado é o uso de seu valor real, que leva em conta
apenas as variações nas quantidades produzidas dos bens, e não nas
alterações de seus preços de mercado. Para isso, faz-se uso de um deflator
(normalmente um índice de preços) que isola o crescimento real do

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produto daquele que se deu artificialmente devido ao aumento dos preços
da economia.

PIB E PIL
A diferença entre Produto Interno Bruto (PIB) e Produto Interno
Líquido (PIL) traduz-se no valor das depreciações. Ao contrário do PIB, o
PIL tem em conta o valor da depreciação do capital.

PIL = PIB – DEPRECIAÇÕES


FÓRMULA PARA CÁLCULOS DO PIB

A fórmula clássica para expressar o PIB de uma região é a seguinte:

PIB = C + I + G + X - M
Onde:

C É O CONSUMO PRIVADO.

EXEMPLO DE CONSUMO PRIVADO

Ao se apropriarem de suas rendas, as famílias destinam uma parte ao


consumo de bens e serviços. Quanto mais as famílias consumirem, mais as
empresas terão que produzir para suprir as demandas por bens e serviços
das pessoas. Vale ressaltar que famílias de baixa renda tendem a consumir
proporcionalmente mais de suas rendas, pois não adquiriram todos os bens
de que necessitam. Destaca-se, então, a importância de uma distribuição
de renda eqüitativa no país, pois famílias de baixa renda consomem pouco
e, caso tenham incrementos em seus ganhos, passarão a consumir mais,
impulsionando o crescimento econômico.

I É O TOTAL DE INVESTIMENTOS REALIZADOS.

EXEMPLO DE INVESTIMENTOS REALIZADOS

O investimento das empresas é uma das mais importantes variáveis


para o crescimento de um país. Ao investirem, as firmas elevam o nível de
emprego, produto e renda. As indústrias, na maioria das vezes, não
possuem recursos suficientes para realizarem seus planos de investimento
e, com isso, precisam recorrer à empréstimos junto às instituições
financeiras, pagando uma determinada taxa de juros pelo dinheiro que
tomam emprestado. Ao fazerem seus planos de investimento, as empresas
calculam, aproximadamente, a rentabilidade que tal investimento vai lhe
proporcionar. Caso a lucratividade do investimento seja maior que os juros
que deverão ser pagos pelo financiamento, a empresa realizará seus planos;
caso contrário, tal investimento torna-se inviável. Portanto, para um nível
de investimento elevado na economia é necessário que se mantenha a taxa
de juros baixa.

G REPRESENTA GASTOS GOVERNAMENTAIS.

EXEMPLO DE GASTOS GOVERNAMENTAIS

Ao fazer obras, construir, operar suas estatais etc. o governo está


empregando mais pessoas, expandindo o nível de emprego e, ao mesmo
tempo,dando condições para que as empresas produzam mais. Assim, ao

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comprar e produzir mais, o governo causa uma elevação da produção e do
nível de emprego e aumenta o nível de renda da economia.

X É O VOLUME DE EXPORTAÇÕES.

M É O VOLUME DE IMPORTAÇÕES.

Quanto maior o saldo das exportações menos importações de um país,


maior o nível de emprego e o crescimento econômico, já que a produção deve
aumentar; quanto menor o saldo, menor o nível de emprego, pois produtos
que eram produzidos aqui passam a ser comprados do exterior, piorando a
produção da economia. É óbvio que nenhum país fica sem comprar e vender
para o exterior, mas o ideal é aumentar o nível de exportações e diminuir o
de importações.

Tendo I igual a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) mais Variação


nos Estoques( EST), temos:

PIB = C + FBCF + EST + G + X - M

PIB E PNB (PRODUTO NACIONAL BRUTO)


O PIB difere do produto nacional bruto (PNB) basicamente pela renda
líquida enviada ao exterior (RLEE): ela é desconsiderada no cálculo do PIB, e
considerada no cálculo do PNB, inclusive porque o PNB é gerado a partir da
soma do PIB mais entradas e saídas de capital. Esta renda representa a
diferença entre recursos enviados ao exterior (pagamento de fatores de
produção internacionais alocados no país) e os recursos recebidos do
exterior a partir de fatores de produção que, sendo do país considerado,
encontram-se em atividade em outros países. Assim (e simplificadamente),
caso um país possua empresas atuando em outros países, mas proíba a
instalação de transnacionais no seu território, terá uma renda líquida
enviada ao exterior negativa. Pela fórmula:

PNB = PIB - RLEE


O país exemplificado terá um PNB maior que o PIB. No caso brasileiro,
o PNB é menor que o PIB, uma vez que a RLEE é negativa(ou seja, envia-se
mais recursos ao exterior do que se recebe).

PIB PER CAPITA


Os indicadores econômicos agregados (produto, renda, despesa)
indicam os mesmos valores para a economia de forma absoluta. Dividindo-se
esse valor pela população de um país, obtém-se um valor médio per capita:

O valor per capita foi o primeiro indicador utilizado para analisar a


qualidade de vida em um país. Países podem ter um PIB elevado por serem
grandes e terem muitos habitantes, mas seu PIB per capita pode resultar
baixo, já que a renda total é dividida por muitas pessoas, como é o caso da
Índia ou da China.

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Países como a Noruega e a Dinamarca exibem um PIB moderado, mas
que é suficiente para assegurar uma excelente qualidade de vida a seus
poucos milhões de habitantes.

Atualmente usam-se outros índices - que revelam o perfil da distribuição


de renda de um país (tais como o Coeficiente de Gini ou mesmo índices
desenvolvidos pela sociologia, como o Índice de Desenvolvimento Humano)
- para se obter uma avaliação mais precisa do bem-estar econômico
desfrutado por uma população.

TAXA DE DESEMPREGO

Na economia, uma pessoa que seja capaz e esteja querendo trabalhar


mas seja incapaz de encontrar um trabalho remunerado é considerada
desempregada. A TAXA DE DESEMPREGO é o número dos trabalhadores
desempregados divididos pela força de trabalho total, que inclui ambos os
desempregados e aqueles com trabalhos (todos aqueles dispostos e capazes
de trabalhar para serem remunerados).

INFLAÇÃO

Em economia, INFLAÇÃO é a queda do valor de mercado ou poder de


compra do dinheiro. Isso é equivalente ao aumento no nível geral de
preços. Inflação é o oposto de deflação. Inflação zero, ou muito baixa, é
uma situação chamada de estabilidade de preços.

DESAFIO
Consulte o sítio do Banco Central do Brasil www.bacen.gov.br [1] e
faça uma tabela da evolução do Produto Interno Bruto no Brasil de 2000 à
2006 destacando o papel dos seus principais componentes: C, I, G, X e M.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO

Pesquise sobre essas e outras medidas de atividade da economia no


Brasil e quais delas existem disponíveis na sua cidade e envie o seu
levantamento através do portfólio no SOLAR.

REFERÊNCIAS
Mankiw, N.G. Introdução à Economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.

Mendes, Carlos Magno; Cícero Antônio de Oliveira Tredezini;


Fernando Tadeu de Miranda Borges; Mayra Batista Bitencourt
Fagundes. Economia (Introdução). Texto em primeira revisão.
Unidades I e III.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.bacen.gov.br
2. http://www.denso-wave.com/en/

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 01: ECONOMIA DE MERCADO

VERSÃO TEXTUAL

Modelos econômicos são teorias simplificadas que mostram as


relações fundamentais entre as variáveis econômicas. Nesta aula,
estudaremos o modelo básico da Economia que explica mudanças nas
variáveis de preço e quantidade produzida por um determinado
mercado: O Modelo de Demanda e Oferta. Ao final desta unidade você
deverá ser capaz de usar o modelo de demanda e oferta para: i)
identificar a lógica de artigos de jornais e revistas quando analisam
mudanças de preços ou de produção dos bens e serviços, e ii) calcular
preços e quantidades de equilíbrio em um determinado mercado.

Vivemos em uma economia de Mercado. Mas o que isso quer dizer? Na


aula passada identificamos as três funções básicas que qualquer sistema
econômico deve resolver: o que produzir, como produzir e para quem
produzir. Em uma ECONOMIA DE MERCADO (tipo capitalista) estas três
funções básicas são resolvidas pelos consumidores, firmas, e governos,
INTERANGINDO em um MERCADO. De outra forma, em uma ECONOMIA
PLANIFICADA (tipo socialista), estas três funções são resolvidas pelo governo
central.

O MERCADO
Todos os dias escutamos ou lemos algo que trata sobre mercado. Basta
abrir os jornais, assistir à televisão ou mesmo visitar as ruas da cidade. Em
sentido geral, o termo mercado designa um grupo de compradores (lado da
demanda) e vendedores (lado da oferta) de bens, serviços ou recursos, que
estabelecem contato e realizam transações entre si. As transações no
mercado são realizadas quando compradores e vendedores acordam com um
determinado preço. Até aqui nenhuma novidade. Mas você já parou para
pensar como os preços são determinados? Como podemos fazer previsões
para mudanças de preços mesmo não estando participando do mercado
diretamente como comprador ou vendedor? Se existem milhões de
transações nos mercados todos os dias, e cada transação têm uma
característica diferente, como estas previsões podem ser feitas ? A resposta
para estas perguntas está no uso de um MODELO ECONÔMICO que organize
e sintetize as principais relações existentes entre as variáveis econômicas de
um mercado.

O lado dos compradores é constituído tanto de consumidores, que


são compradores de bens e serviços quanto de empresas, que são
compradoras de recursos (trabalho, terra, capital e capacidade
empresarial) utilizados na produção de bens e serviços.

16
O lado dos vendedores é constituído pelas empresas, que vendem
bens e serviços aos consumidores e pelos proprietários de recursos
(trabalho, terra, capital e capacidade empresarial) que os vendem (ou
arrendam) para as empresas em troca de remuneração.

Um modelo econômico é composto por variáveis econômicas e


pressupostos de comportamento. No modelo econômico de demanda e
oferta as principais variáveis econômicas são o preço e a quantidade de
produto negociada no mercado. E o principal pressuposto deste modelo
é de um MERCADO PERFEITAMENTE COMPETITIVO.

Principais características de um mercado perfeitamente


competitivo:

1) Um número muito grande de vendedores e compradores no mercado.


Cada agente econômico não tem poder de influenciar o preço
individualmente.

2) Os produtos negociados nos mercados são homogêneos. Os produtos


de todas as empresas do mercado são muito parecidos. Ex.: produtos
agrícolas e petróleo.

3) Cada vendedor no mercado escolhe preço e quantidade de forma a


maximizar seus lucros, e cada comprador no mercado quer tirar a maior
satisfação possível do bem ou serviço negociado.

Os pressupostos de um modelo são importantes para simplificar uma


situação complexa e focar no objetivo principal a ser investigado. Sabemos,
por exemplo, que o número de transações no mercado é muito grande e que
cada comprador ou devedor pode ter um comportamento diferente na hora
de realizar um negócio. Se pressupusermos um comportamento padrão
médio para todos no mercado (as empresas querem maximizar seus lucros,
por exemplo) podemos tornar o modelo de análise factível e de grande
utilidade para identificar fenômenos econômicos. Veremos isso a seguir com
teorias da Demanda e da Oferta.

FÓRUM
No fórum de discussão da aula comente sobre a validade das
características de um mercado perfeitamente competitivo quando
comparadas com os mercados que vemos no nosso dia a dia.

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 02: O LADO DA DEMANDA

A Teoria da Demanda deriva de algumas hipóteses sobre a escolha do


consumidor entre diversos bens e serviços que um determinado orçamento
doméstico permite adquirir. Essa teoria procura explicar o processo de
escolha do consumidor diante das diversas possibilidades existentes. Devido
a certa limitação orçamentária, o consumidor procura distribuir a renda
disponível entre os diversos bens e serviços, de maneira a alcançar a melhor
combinação possível que possa lhe trazer o maior nível de satisfação. É
importante ressaltar que a demanda não representa a compra efetiva, mas a
intenção de comprar por determinado preço. Portanto, a demanda
representa um plano de compra para cada possível preço no mercado.

DEFINIÇÕES:

LEI DA DEMANDA. Quanto maior o preço de um bem ou serviço,


menor vai ser a quantidade demandada por esse bem ou serviço.

Verificamos em nossas práticas de mercado que quanto maior for o


preço de uma mercadoria menor será a quantidade que estamos dispostos a
adquirir dessa mercadoria. Logo, a lei da demanda diz que a quantidade
demandada é negativamente relacionada ao preço. Isso pode ser
representado pela figura abaixo.

Se o preço do bem ou serviço é P1 a quantidade demandada será Q1.


Se o preço diminuir para P2, a quantidade demanda irá aumentar para Q2.
Portanto, preço e quantidade demandada são inversamente relacionados.
O conjunto de pontos relacionando preços e quantidades demandadas
forma a curva de demanda.

Mas sabemos que preço não é a única variável que pode influenciar a
quantidade de um bem ou serviço que estamos querendo adquirir. Outras
variáveis importantes são:

i) riqueza

ii) renda

iii) fatores climáticos e sazonais

iv) propaganda

v) hábitos

vi) preferências dos consumidores

vii) expectativas sobre o futuro

viii) o número de consumidores

18
Quando aumentamos nossa renda, por exemplo, passamos a comer mais
vezes em restaurantes. Mas como podemos usar o modelo de demanda pra
indicar o aumento na quantidade demandada por jantares em restaurantes ?
Quando alguma variável diferente de preço afetar a quantidade que estamos
dispostos a adquirir de um bem ou serviço deslocamos a curva de demanda.

Com o aumento da renda a curva de demanda se desloca para


direita (D0 para D1). Dizemos, neste caso que houve um aumento da
demanda. Podemos ver que em D1, para o mesmo preço P1, por
exemplo, estamos dispostos a comprar uma quantidade maior que
Q1.

Com o aparecimento do DVD, as preferências mudaram a favor


deste, e a demanda por fitas VHS diminuiu. Isto é observado neste
exemplo com o deslocamento da curva de demanda para a esquerda
(D0 para D1). Este deslocamento está ilustrando que para um
mesmo preço do VHS, o indivíduo esta disposto a consumir mesmo
deste produto.

Se nossas expectativas sobre o preço do produto no futuro se


alteram, nossa demanda pelo produto hoje também deve se alterar.
Quer dizer, se é anunciado que o preço da gasolina deve subir
próxima semana, a tendência é que a demanda desta semana
aumente. Como vimos anteriormente um aumento da demanda é
ilustrado com a curva de demanda se deslocando para a direita (D0
para D1).

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 03: O LADO DA OFERTA

A teoria da oferta muda o foco da análise, pois o vendedor vai ao


mercado com a meta de obter o maior lucro possível. O vendedor (uma
empresa) depara-se com uma restrição importante: a produção de bens e
serviços requer a utilização de recursos produtivos e essa quantidade
depende do padrão tecnológico utilizado pela firma.

A tecnologia de produção nos diz o que a empresa pode fazer. Portanto,


o padrão tecnológico acaba se tornando um fator restritivo para a empresa
poder produzir, além dos preços dos outros fatores de produção e do próprio
preço praticado no mercado.

LEI DA OFERTA. Quanto maior o preço de um bem ou serviço, maior


será a quantidade ofertada por esse bem ou serviço.

Podemos definir a oferta como a quantidade de um bem ou serviço que


os produtores (vendedores) desejam produzir (vender) para cada nível de
preço. Notamos novamente, que a oferta (assim como a demanda) é um
desejo, uma aspiração. Assim, quantidade ofertada de um bem ou serviço
refere-se à quantidade que os vendedores querem e podem vender. Dessa
forma, existe uma associação de comportamento dos preços com o nível de
quantidade ofertada. A quantidade ofertada aumenta à medida que o preço
aumenta, e cai quando o preço se reduz. Logo, a quantidade ofertada está
positivamente relacionada com o preço do bem e serviço. Se o preço do
milho negociado no mercado aumenta, e o custo unitário de produção de
uma saca de milho não muda, é de se esperar que um produtor tente
aumentar a quantidade produzida para vender mais a um preço maior. Como
sabemos e assumimos nos pressupostos, um vendedor quer sempre
maximizar seus lucros. Isso implica em vender o máximo possível enquanto
o preço do produto for superior ao custo adicional de produzi-lo. A relação
positiva entre preço e quantidade ofertada pode ser representada pelo
gráfico abaixo.

Como podemos observar, quanto maior o preço maior será a


quantidade que os produtores de bens e serviços querem vender. Quando o
preço do produto sobe de P1 para P2, a quantidade ofertada sobe de Q1
para Q2.

Também sabemos que não é apenas a variável preço que pode


influenciar a quantidade que os produtores estão dispostos a produzir e
vender. Outras variáveis importantes que podem afetar a quantidade
ofertada são:

i) disponibilidade e preço de insumos

ii) tecnologia

iii) expectativas

20
iv) o número de produtores no mercado

E como no caso da demanda, o efeito destas variáveis na oferta pode ser


demonstrado pelo deslocamento da curva de oferta.

Efeito do aumento do preço dos fertilizantes na produção de milho.

Com o aumento do preço do


insumo (fertilizante) ficou mais
caro produzir o bem. Desta forma,
a quantidade que o produtor está
disposto a vender diminui para
um determinado preço. Portanto,
a oferta se desloca para esquerda
(O1 para O2). Quando isso
acontece, dizemos que a oferta
diminuiu.

Efeito de uma nova tecnologia de produção que melhora a


produtividade.

O principal efeito de uma


mudança tecnológica é o de poder
produzir mais a um mesmo (ou
inferior) custo. Desta forma, a
quantidade ofertada tende a
aumentar para um mesmo preço
de mercado. Isto é ilustrado pelo
deslocamento para direita da
curva de oferta (O1 para O2).

Efeito de uma redução do número de produtores no mercado.

A oferta de um mercado é
dada pela soma conjunta da
quantidade ofertada de todos os
produtores do mercado. Desta
forma, se o número de produtores
diminuir a curva de oferta se
deslocará à esquerda (O1 para
O2) sinalizando a redução da
oferta.

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 04: O MODELO DE DEMANDA E OFERTA (GRÁFICOS)

Já que estamos sabendo as mais diferentes condutas dos consumidores


(lado da demanda) e dos produtores (lado da oferta), podemos agora
combiná-las para, numa interpretação conjunta, verificarmos como se
determina a quantidade e o preço de equilíbrio de um bem ou serviço
vendido no mercado. No gráfico abaixo, a intersecção das curvas de oferta e
demanda, identifica o ponto em que tanto os consumidores quanto os
produtores encontram-se satisfeitos. É o que se chama ponto de equilíbrio do
mercado.

PREÇO DE EQUILÍBRIO. QUANTIDADE DE EQUILÍBRIO.

É o preço que iguala a quantidade É a quantidade de produto


demandada e a quantidade ofertada em negociada ao preço de
um mercado. equilíbrio.

Podemos perceber que qualquer situação fora do ponto de equilíbrio


(Pe, Qe) caracteriza um desequilíbrio. Caso a oferta seja superior à
demanda há excesso de oferta, e caso a demanda seja maior que a oferta há
excesso de demanda. No primeiro caso (oferta > demanda) o ajuste do
mercado ocorre pela redução dos preços. Quando a demanda é maior que a
oferta o ajuste ao equilíbrio ocorre com a majoração dos preços.

Podemos também visualizar no gráfico que o preço e a quantidade de


equilíbrio dependem da posição da demanda e da oferta. Quando, por algum
motivo, uma dessas curvas se desloca, o equilíbrio muda. Na teoria
econômica essa análise é conhecida como Estática Comparativa, porque
envolve a comparação de duas situações estáveis – um equilíbrio inicial e um
novo equilíbrio.

Como conhecemos quais variáveis deslocam as curvas de demanda e


oferta, e em qual direção, podemos utilizar a estática comparativa para fazer
previsões qualitativas sobre mudanças nos preços e nas quantidades
negociadas nos mercados. As previsões qualitativas são aquelas em que
sabemos a tendência de mudança de uma variável (preços podem subir ou
baixar, por exemplo) mas não sabemos a dimensão precisa da mudança.

AUMENTO DE DEMANDA.

Sabemos que quando a demanda aumenta (por um aumento na renda,


ou no número de consumidores, por exemplo) a curva de demanda é
deslocada para a direita. Desta forma, o ponto de equilíbrio do modelo
muda de (Pe0, Qe0) para (Pe1, Qe1). No novo ponto de equilíbrio temos
um preço de equilíbrio maior e uma quantidade negociada também maior.

AUMENTO DE OFERTA

Quando a curva de oferta se desloca para a direita (por uma melhora


na tecnologia, ou por um aumento no número de produtores) o ponto de
equilíbrio muda. Podemos então fazer a previsão que quando temos um

22
aumento de oferta, o preço de equilíbrio tende a baixar e a quantidade
negociada no mercado aumenta.

DIMINUIÇÃO DA DEMANDA.

Quando a demanda reduz, a curva de demanda se desloca para a


esquerda. Neste caso, o novo ponto de equilíbrio mostra um preço e uma
quantidade negociada menores.

DIMINUIÇÃO DA OFERTA.

Quando a oferta diminui a curva de oferta se desloca para a esquerda.


Desta forma, o novo ponto de equilíbrio mostra um novo preço de
equilíbrio mais alto e uma quantidade negociada mais baixa.

O modelo de demanda e oferta pode ser utilizado para analisar várias


mudanças de preços que ocorrem no nosso dia a dia.

LEITURA COMPLEMENTAR
Leia o artigo abaixo (arquivo_alimentação_mais_cara do material de
apoio) e veja um exemplo prático de como o modelo de demanda e oferta
pode explicar os fenômenos econômicos [1]

Segundo o artigo, os pratos servidos em restaurantes estão mais caros.


Mas, onde entra o modelo de demanda e oferta ? Podemos entender a lógica
do aumento de preço a partir de suas causas. O artigo diz que: “A pressão de
custos por causa da alta de preços de leite e derivados e de carnes foi forte”.
Então sabemos que houve aumento no preço dos insumos. Mas como
entendemos isso no nosso modelo de demanda e oferta? Quando analisamos
o lado da oferta, verificamos que um aumento do preço dos insumos diminui
a oferta, deslocando a curva de oferta para a esquerda.

Podemos perceber que qualquer situação fora do ponto de equilíbrio


(Pe, Qe) caracteriza um desequilíbrio. Caso a oferta seja superior à
demanda há excesso de oferta, e caso a demanda seja maior que a oferta há
excesso de demanda. No primeiro caso (oferta > demanda) o ajuste do
mercado ocorre pela redução dos preços. Quando a demanda é maior que a
oferta o ajuste ao equilíbrio ocorre com a majoração dos preços.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Encontre um artigo de jornal ou revista que trate de mudança (para
cima ou para baixo) de preços ou produção. Use o modelo de demanda e
oferta para interpretar a lógica desta mudança a partir das causas citadas
no artigo. Desenhe o gráfico do modelo de demanda e oferta e explique o
deslocamento da curva de oferta ou demanda que levou a esta mudança de
preços. Poste tanto o artigo como sua análise de demanda e oferta através
do seu portfólio no SOLAR.

FÓRUM
No fórum de discussão desta aula comente sobre o artigo e a análise
de demanda e oferta de pelo menos 2 (dois) outros alunos.

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FONTES DAS IMAGENS
1. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u333762.shtml
2. http://www.denso-wave.com/en/

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 05: O MODELO DE DEMANDA E OFERTA (FUNÇÕES MATEMÁTICAS)

No tópico passado vimos que podemos fazer previsões qualitativas sobre


mudanças nos preços e nas quantidades a partir do modelo de demanda e
oferta. Mas se quisermos fazer previsões quantitativas sobre mudanças de
preços temos que ter informações mais detalhadas sobre as curvas de oferta
e demanda. Estas curvas de demanda e oferta podem ser expressas como
funções matemáticas, e a partir destas podemos encontrar o preço e
quantidade de equilíbrio do mercado.

EXEMPLO

Suponha que temos as seguintes expressões para a demanda e oferta


por pães.

OFERTA: QO = 4 + P

DEMANDA: QD = 10 – P

Podemos ver que no modelo da oferta a quantidade ofertada e o preço


são positivamente correlacionados, enquanto que no modelo da demanda
esta correlação é negativa. Qual é o preço de equilíbrio deste mercado?

Sabemos por definição que o preço de equilíbrio é aquele que iguala a


quantidade ofertada com a quantidade demandada. Então sabemos que no
equilíbrio temos que:

QO= QD

Este é o ponto em a demanda e a oferta se cruzam no gráfico. Podemos


então descobrir o preço de equilíbrio resolvendo o sistema acima. Quando
Qo = Qd.

4 + P = 10 – P

2P = 6

P=3

Então o preço de equilíbrio no mercado de pães é igual a 3. Para


descobrirmos a quantidade negociada, podemos substituir o preço de
equilíbrio na função de demanda ou oferta.

Q0 = 4 + 3 = 7

QD = 10 – 3 = 7

Isto prova que 3 é realmente o preço de equilíbrio.

Agora podemos analisar como muda o preço e a quantidade de


equilíbrio quando a demanda se desloca para a esquerda onde temos: QD =
8 – P.

25
Temos que calcular então o novo equilíbrio do mercado pois houve
uma modificação na demanda. Usaremos novamente o conceito de preço
de equilíbrio. Neste novo equilíbrio temos que:

4 +P = 8 – P

2P = 4

P=2

O novo preço de equilíbrio é 2. A nova quantidade negociada no


mercado será:

QO = 4 + 2 = 6

QD = 8 – 2 = 6

Isto prova que 2 é realmente o novo preço de equilíbrio do mercado.


Podemos visualizar este exemplo no gráfico abaixo.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Seja a demanda e a oferta de milho no mercado dados pelas seguintes
expressões matemáticas:

QD = 20 – 2P
QO = 8 + P
a) Encontre o preço de equilíbrio

b) Encontre a quantidade de equilíbrio. Suponha agora que houve


uma alteração na tecnologia de produção que alterou a oferta do mercado
para: QO = 11 + P

c) Encontre o novo preço de equilíbrio do mercado. O que aconteceu


com o preço?

d) Encontre a nova quantidade negociada no mercado. O que


aconteceu com a quantidade?

Envie sua resposta através do seu portfólio no SOLAR.

FÓRUM
Participe do Fórum para esclarecer suas dúvidas em relação a esse
tópico e discutir com os colegas possíveis soluções para este exercício.

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 02: MODELO DE DEMANDA E OFERTA

TÓPICO 06: ELASTICIDADES

Um conceito muito utilizado nas medições de variações de preços e


quantidades é o de Elasticidade. Nada mais representa do que uma medida
da resposta dos compradores e vendedores às mudanças no preço e na
renda. Aprendemos que o preço do bem se ajusta para conduzir a quantidade
ofertada e demandada ao equilíbrio. Então, nessa forma, precisamos ficar
atentos para perceber não só a mudança de preços, mas quanto eles podem
oscilar.

A ELASTICIDADE PREÇO da demanda mede o quanto a


quantidade demandada reage a uma mudança no preço. A
demanda por um bem é considerada ELÁSTICA se a quantidade
demandada responder muito a uma dada variação de preço. Caso
esta resposta seja pequena, a demanda por esse bem é
considerada INELÁSTICA, ou seja, a demanda é pouco sensível à
mudança de preço.

É simples, basta dividir a variação percentual da quantidade demandada


pela variação percentual do preço. No resulta encontrado – o coeficiente de
elasticidade – um número puro, independente de qualquer identificação com
a unidade, nas quais as variáveis foram expressas. O Coeficiente da
elasticidade preço da demanda é sempre negativo, uma vez que o preço e a
quantidade demandada são inversamente relacionados.

EXEMPLOS

Uma elasticidade preço da demanda igual a - 2, significa que se o


preço do produto for majorado em 10%, a quantidade demandada vai
cair 20% (Demanda Elástica). Exemplo de bens com alta elasticidade:
refeições em restaurantes, carros, viagens, refrigerantes, manteiga, etc.

Uma elasticidade preço da demanda igual a - 0,2, significa que se o


preço do produto for majorado em 10%, a quantidade demandada vai
cair apenas 2% (Demanda inelástica). Exemplo de bens com baixa
elasticidade: insulina, sal, gasolina, ovos, etc.

Ainda podemos observar que o aumento da renda do consumidor,


normalmente, aumenta a demanda por um bem. Mantendo o preço
constante, podemos aferir a variação na quantidade demandada para uma
dada variação na renda. A sensibilidade da quantidade demandada a uma
variação na renda do consumidor é chamada de ELASTICIDADE RENDA da
demanda. Se a elasticidade renda for maior que zero, dizemos que o bem é
normal, e se for menor do que zero, o bem é inferior.

28
EXEMPLOS

Uma elasticidade renda igual a 0,6 nos diz que um aumento de


10% na renda dos indivíduos vai aumentar a quantidade demandada
em 6% (bem normal). Exemplos de bens normais: frutas frescas,
computadores, viagens aéreas, lazer, etc.

Uma elasticidade renda igual a – 0,3 indica que um aumento na


renda de 10% vai causar um decréscimo na quantidade demandada de
3% (bem inferior). Exemplos de bens inferiores: passagem de ônibus,
carne de segunda, etc.

REFERÊNCIAS
MANKIW, N.G. INTRODUÇÃO À ECONOMIA. Rio de Janeiro: Campus,
1999.

PINDYCK, R. S; RUBINFELD, D. L. MICROECONOMIA. 6a edição. São


Paulo: Printice Hall, 2006.

PINHO, D. B. e VASCONCELLOS, M. A. S. de (Orgs.). MANUAL DE


ECONOMIA 4a edição. São Paulo: Saraiva, 2003.

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INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 03: INTRODUÇÃO À TEORIA MONETÁRIA

TÓPICO 01: INTRODUÇÃO

A teoria monetária objetiva estuda o funcionamento do sistema


monetário. Para entender como o sistema monetário funciona, é preciso
examinar o papel da moeda na economia, o funcionamento do mercado
monetário, ou seja, oferta e demanda da moeda. Compreendendo como ele
funciona, fica mais seguro entender como ele pode sofrer intervenção,
através da política monetária.

O CONCEITO E AS FUNÇÕES DA MOEDA


A moeda é tão amplamente utilizada que raramente paramos para
pensar como a moeda é um dispositivo tão notável. É impossível imaginar
uma economia moderna operando sem o uso da moeda ou sem algo
equivalente. Em uma economia de trocas onde não há moeda, toda transação
deve envolver uma troca de bens (e/ou serviços) em ambos lados da
transação. Os exemplos das dificuldades de uma permuta são infindáveis.
Um ator que quisesse cortar o cabelo teria de encontrar um barbeiro que
quisesse assistir a filmes; um barbeiro que quisesse uma roupa teria de
encontrar um alfaiate que quisesse um corte de cabelo, e assim por diante.
Sem um meio de troca, as economias modernas não poderiam operar.

Os economistas normalmente definem dinheiro, ou moeda, não como a


única forma de riqueza. Temos outras formas de riqueza, tais como carros,
casas etc. Afinal, o que, então, distingue o dinheiro ou moeda de outras
formas de riqueza? O que distingue a moeda das outras formas de riqueza é
sua característica de ser o mais líquido dos ativos. A moeda como meio de
troca, torna desnecessária a dupla coincidência de desejos nas trocas. Por
dupla coincidência, temos em mente os exemplos acima (os desejos de dois
indivíduos teriam de ser idênticos para que a troca pudesse se dar).

Para que um bem possa ser considerado uma moeda ele precisa
desempenhar basicamente três funções:

• Ser meio de troca. Isto significa ser exatamente aquele elemento que
vai viabilizar a ocorrência de milhares de trocas a cada momento.

• Servir como unidade de conta. A unidade de conta é a unidade na


qual os preços são cotados e é feita a contabilidade. Isto quer dizer que a
moeda é uma medida que as pessoas usam para estabelecer os preços de
seus serviços e bens e fazerem seus cálculos econômicos.

• Funcionar como reserva de valor. A moeda é um ativo que mantém o


poder de compra ao longo tempo. Portanto, um indivíduo que possua uma
reserva de valor pode usá-la para fazer compras em uma data futura.

Liquidez, aqui, quer dizer sua capacidade de se transformar em


dinheiro vivo, ou facilidade com que o bem pode ser convertido em
meio de troca da economia.

30
HISTÓRIA DA MOEDA

Na Antiguidade, as mercadorias produzidas numa comunidade


serviam como meio de pagamento para suas transições comerciais
(escambo). Couro, fumo, azeite de oliva, sal, mandíbulas de porco, conchas,
gado e até crânios.

Antes do surgimento da moeda todos ficavam procurando novos


instrumentos de troca capazes de medir o valor dos bens. Os animais são
os que têm o lugar de destaques, entre inúmeros meios de troca já testados
antes da criação da moeda. O sal circulava em vários países, servindo como
meio de pagamento (dai vem o termo salário), como exemplo, a Libéria,
onde trezentos torrões compravam um escravo.

Entre as versões primitivas de moeda, as conchas foram, sem duvida,


as mais difundidas. Especialmente os cauris (espécie de búzio), que nos
séculos XVII e XVIII virou a moeda internacional; metade do mundo
entesourava e comprava cauris.

O ouro e a prata ganharam preferência rapidamente, por ter uma


beleza, durabilidade, raridade e imunidade, raridade e imunidade à
corrosão.

Lista de moedas primitivas e seus respectivos lugares de utilização:

Algodão e Açúcar Barbados

Amendoim Nigéria

Amêndoa Sudão

Animais Todo o mundo antigo

Arroz Índia, China, Japão

Bacalhau Islândia

Botas e Seda China

Búzios África, Ásia, Europa

Cacau México

Dentes de Animais Oceania

Espetos Grécia Antiga

Esteiras Ilhas Carolinas

Mogno Honduras

Peixes Alasca

Peles Sibéria, América

Pérolas África

Sal Etiópia

Tartarugas Marianas

31
Telas e tecidos Europa, África, China

Os primeiros registros do uso de moedas metálicas são do século VII


a.C., quando elas foram produzidas na Lídia (reino localizado na Ásia
Menor) e também na região do Peloponeso (sul da Grécia).

A criação da moeda foi uma invenção revolucionária, que facilitou para


as pessoas mais pobres e também ajudou no comércio.

A segunda revolução foi na história do dinheiro, o papel-moeda. O seu


uso espalhou-se muito rápido, pois era fácil de transportar e de manusear e
todos os paises decidiram adquirir, deste então, ganhou espaço em todo o
mundo. O papel-moeda, por não ser feita de metal, permitiu o aumento
arbitrário da quantidade de dinheiro. Para combater esse desvio, instituiu-se
o padrão-ouro, em que o volume de dinheiro em circulação devia ser igual ao
valor das reservas de ouro no país. Mas não durou muito tempo.

Foi organizada a conferência de Bretton Woods em 1944 nos EUA, a fim


de estabelecer regras para controlar as atividades financeiras internacionais.
Deste então, o dólar, moeda americana, e a libra esterlina do Reino Unido,
tornaram-se as moedas padrões de conversão. Na prática, o dólar
transformou-se na única moeda internacional e o padrão ouro deixou de
existir.

FÓRUM
Para Carvalho et al. (2000, p.2), “a moeda é um objeto que responde a
uma necessidade social decorrente da divisão do trabalho.” Elabore um
pequeno comentário no fórum discutindo a definição proposta por esses
autores.

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32
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 03: INTRODUÇÃO À TEORIA MONETÁRIA

TÓPICO 02: O MERCADO DE MOEDA

O mercado de moeda funciona de maneira muito similar aos demais


mercados: um aumento na quantidade de moeda no mercado diminui seu
preço, ou seja, faz que com ela diminua seu poder de compra. Esta aula
apresenta os dois componentes que determinam o funcionamento do
mercado de moeda, a demanda e a oferta por moeda.

A definição de demanda por moeda é similar à definição de demanda


por qualquer outro bem. A maioria dos livros-texto refere-se à demanda
por moeda como uma demanda por encaixes reais . Isso quer dizer que os
indivíduos retêm moeda por aquilo que irão comprar em bens e serviços,
isto é, os agentes econômicos estão interessados no poder aquisitivo dos
encaixes monetários que possuem.

A oferta de moeda pode ser definida como o estoque total de moeda na


economia, geralmente o estoque de M1. Se a relação (M1)/(PIB) for muito
grande, os juros tendem a cair e os preços a subir, e se for muito pequena a
tendência é oposta.

Os bancos centrais controlam a oferta de moeda principalmente através


da alteração da taxa de reservas bancárias (uma taxa maior de reservas
bancárias reduz a oferta de moeda) e da compra e venda de títulos, mas
também através do controle da quantidade de papel moeda emitido.

Liquidez, aqui, quer dizer sua capacidade de se transformar em


dinheiro vivo, ou facilidade com que o bem pode ser convertido em
meio de troca da economia.

A razão está no fato de que a moeda, como meio de troca, é a maneira


mais eficaz de um indivíduo adquirir os bens e serviços de que necessita.
Entretanto, como uma pessoa não gasta toda sua renda no momento em que
a recebe, podemos perguntar por que esse indivíduo não aplica parte dela – a
que não é consumida imediatamente – em títulos, que rendem juros?

A resposta é dada, a seguir, sob a forma das três razões fundamentais


que levam as pessoas a demandar e reter moeda em seu poder.

1ª RAZÃO
A primeira razão é o fato de os pagamentos e os recebimentos não
serem perfeitamente sincronizados. A maior parte dos trabalhadores
recebe seus salários no início do mês, mas os gasta, no decorrer do mesmo
mês, com as despesas comuns de uma família, como aluguel, condução,
alimentação etc. Portanto, essa pessoa precisa reter moeda, ou dinheiro,
em seu poder durante todo o mês. A essa razão para a retenção de moeda
damos o nome de demanda da moeda para transações.

33
2ª RAZÃO
A segunda razão pela qual as pessoas procuram manter dinheiro em
seu poder chama-se demanda de moeda para precaução. Isso significa que
as pessoas previdentes sempre têm certa soma em seu poder, reservada
para um imprevisto, como problemas de saúde, uma batida de automóvel
etc.

3ª RAZÃO
A terceira razão, que motiva as pessoas a demandarem e reterem
moeda em seu poder é a demanda de moeda para especulação ou demanda
especulativa. Essa razão está associada ao fato de a moeda funcionar como
reserva de valor. Se um indivíduo já separou de sua renda aquelas parcelas
destinadas às transações e à precaução, o procedimento mais razoável seria
aplicar o restante em títulos, que rendem juros, pois nada acontece com o
dinheiro, quando está simplesmente em casa ou depositado em um banco,
em conta corrente.

PARADA OBRIGATÓRIA
Acreditamos ser importante conceituar taxa de juros para vocês.
Afinal, esse termo apareceu agora e precisa ser entendido para seguirmos
em frente. Em 2005 foi publicado o livro O VALOR DO AMANHÃ que
discute a questão dos juros na sua concepção mais ampla. Segundo
Giannetti (2005, p.10), “o fenômeno dos juros é, portanto, inerente a toda
e qualquer forma de troca intertemporal. Os juros são o prêmio da espera
na ponta credora - ganhos decorrentes da transferência ou cessão
temporária de valores do presente para o futuro; e são o preço da
impaciência na ponta devedora – o custo de antecipar ou importar valores
do futuro para o presente.”

TAXA DE JUROS É O PREÇO COBRADO PELOS CREDORES AOS


DEVEDORES PELO USO DE SUAS POUPANÇAS DURANTE CERTO
PERÍODO DE TEMPO.

Voltemos a nossa discussão. Se a taxa de juros do mercado está baixa,


essa pessoa prefere esperar um aumento para aplicar seu dinheiro e obter,
assim, uma remuneração maior para ele. Nesse caso, é importante ressaltar
que a moeda cumpre melhor seu papel de reserva de valor em economias
onde não há inflação, ou quando ela baixa. Altos índices inflacionários
corroem o poder aquisitivo da moeda, reduzindo seu valor com o passar do
tempo.

Isso tudo nos permite estabelecer uma relação inversa entre a taxa de
juros do mercado e a demanda especulativa da moeda. Realmente, quanto
maior a taxa de juros, menor a quantidade de moeda demandada e retida
para especulação e vice-versa.

34
O que foi visto nos leva a concluir que a demanda por moeda tem um
componente influenciado pela taxa de juros – a demanda especulativa – e
um componente que não depende de juros – a demanda para transações e
por precaução.

Para entendermos perfeitamente a demanda por moeda, basta lembrar


que a taxa de juros é o preço da moeda, isto é, o preço do dinheiro no
mercado financeiro. Assim, no mercado financeiro, onde se encontram a
oferta e a demanda por dinheiro, o dinheiro se transforma numa mercadoria,
cujo preço é a taxa de juros.

OFERTA DE MOEDA:

Nas economias modernas, quem oferece moeda ao público são as


autoridades monetárias (Banco Central), em função das necessidades dos
agentes econômicos. O conjunto de moeda manual (ou moeda corrente),
depósitos à vista (moeda escritural ou bancária) e quase-moedas formam os
meios de pagamentos de uma economia.

MEIOS DE PAGAMENTO = MOEDA MANUAL + DEPÓSITOS À VISTA +


QUASE-MOEDAS.

MEIOS DE PAGAMENTO

Ou seja, a oferta de moeda também é chamada de meios de


pagamento. Meios de pagamento constituem o total de moeda à disposição
do setor privado não bancário, de liquidez imediata, ou seja, que pode ser
utilizada imediatamente para fazer transações. Os meios de pagamento em
sua forma tradicional são dados pela soma da moeda em poder do público
mais os depósitos a vista nos bancos comerciais. Ou seja, pela soma da
moeda escritural e moeda manual.

Os meios de pagamento representam, então, o quanto à coletividade


tem de moeda física – papel e metálica – com o público ou no cofre das
empresas somado a quanto ela tem em conta corrente nos bancos. Enfim, é
a moeda que não está rendendo juros, aquela que não está aplicada em
contas ou ativos remunerados. Os meios de pagamento, conceituados como
moeda de liquidez imediata, que não rendem juros, também são chamados,
na literatura mais específica, de M1.

Para alguns objetivos, os economistas incluem como moeda a chamada


quase-moeda. O que é isso? Quase-moeda são ativos que tem alta liquidez –
embora não tão imediata – e que rendem juros, com os títulos públicos, as
cadernetas de poupança, os depósitos a prazo e alguns títulos privados, como
letra de câmbio e letras imobiliárias.

35
Na verdade, existem vários conceitos de meios de pagamentos,
dependendo das quase-moedas incluídas, como se pode verificar na
classificação abaixo:

• M1: inclui o dinheiro (papel-moeda) em poder do público e os


depósitos à vista (ou moeda escritural). Este agregado, M1, é o mais
tradicional dos conceitos existentes sobre moeda. Quanto aos depósitos à
vista (moeda escritural), estes constituem a maior parte do volume de meios
de pagamento no mundo moderno, perfazendo um total de
aproximadamente 80% dos mesmos, em média. Aqui a liquidez é plena.

• M2: M1 + fundos do mercado monetário + títulos públicos.

• M3: M2 + depósitos de poupança.

• M4: M3 + títulos privados.

Moeda escritural é o depósito à vista no sistema bancário, já que,


através das notas (cheques), pode-se, livremente, dispor destes depósitos.
Enquanto que, moeda manual é o papel-moeda emitido pelos governos e
carregado pelos indivíduos.

DESAFIO
Consulte o sítio do Banco Central do Brasil, www.bacen.gov.br [1] (na
seção referente ao Boletim do BC - Relatório anual ou Séries temporais), e
faça uma tabela da evolução anual do M1, M2, M3 e M4 do Brasil de 2000
a 2006. Descreva o que você encontrou.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.bacen.gov.br
2. http://www.denso-wave.com/en/

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36
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 03: INTRODUÇÃO À TEORIA MONETÁRIA

TÓPICO 03: POLÍTICA MONETÁRIA

Quando estamos falando de política monetária, estamos nos referindo às


ações do governo no sentido de controlar as condições de liquidez da
economia. Diante disso, a política monetária pode ser definida como:

O controle da oferta de moeda e das taxas de juros, no sentido de que


sejam atingidos os objetivos da política econômica global do governo.

Alternativamente, também pode ser definida como a atuação das


autoridades monetárias, por meio de instrumentos de efeitos direto ou
induzido, com o propósito de controlar a liquidez global do sistema
econômico.

A política monetária diz respeito à atuação do Banco Central para


Fonte [1] dimensionar os meios de pagamentos e os níveis das taxas de juro,
adequando essas variáveis aos objetivos de crescimento da produção e do
emprego, com estabilidade de preços. A atuação do Banco Central opera-se
pela determinação do volume de reservas obrigatórias dos bancos,
dependendo do comportamento do público e dos bancos em relação às
quantidades de moedas que desejam reter.

FUNÇÕES DO BANCO CENTRAL

Para que servem os bancos centrais? São duas as justificativas para a


existência de um banco central. Uma é de ordem macroeconômica, relativa
às políticas monetária e cambial. A outra, de ordem microeconômica, está
ligada à estabilidade do sistema financeiro.

As questões de ordem macroeconômica predominam, caracterizando o


banco central como a instituição responsável pelas duas políticas já citadas
(monetária e cambial). As questões microeconômicas implicam conceitos
mais complexos, apesar da origem bancária dos bancos centrais.

O Banco Central – ou BACEN – é o órgão responsável pela política


monetária que tem como objetivo regular o montante de moeda e de
crédito e as taxas de juros, de forma compatível com o nível de atividade
econômica. O Banco Central deve, com efeito, procurar manter a liquidez
da economia, atendendo às necessidades de transações do sistema
econômico.

Em geral, um banco central cumpre algumas funções consideradas


clássicas. Apesar de interdependentes, nem todas são, necessariamente,
desempenhadas pelo banco central. São elas:

a) monopólio de emissão;

b) banco dos bancos;

c) banqueiro do governo;

d) superintendente do sistema financeiro;


37
e) executor da política monetária;

f) executor da política cambial;

g) depositário das reservas internacionais;

h) assessor econômico do governo.

INSTRUMENTOS DE POLÍTICA MONETÁRIA


A política monetária é a função que define o sentido mais amplo de um
banco central e aquela que, em última instância, articula as demais. A
principal função de um banco central consiste em adequar o volume dos
meios de pagamento à real capacidade da economia e absorver recursos sem
causar desequilíbrios nos preços.

Para isso, controla, por meio de instrumentos de efeito direto ou


induzido, a expansão da moeda e do crédito e a taxa de juros, buscando
adequá-los às necessidades do crescimento econômico e da estabilidade dos
preços e zelar pela estabilidade da moeda, mantendo seu poder de compra.

A influência sobre a evolução dos meios de pagamento implica o


controle ou a regulação do crédito, para que os bancos centrais contem com
instrumentos, tais como as operações de mercado aberto, o recolhimento
compulsório e o redesconto.

São quatro os instrumentos clássicos de política monetária, a saber:

CONTROLE DAS EMISSÕES DE MOEDA


DEPÓSITOS COMPULSÓRIOS OU RESERVAS COMPULSÓRIAS – OBRIGATÓRIAS
OPEN MARKET – OU OPERAÇÕES COM MERCADO ABERTO
POLÍTICA DE REDESCONTO

O Banco Central controla, por força de lei, o volume de moeda manual


da economia, cabendo a ele as determinações das necessidades de novas
emissões e respectivos volumes.

Os bancos comerciais, além de possuírem os chamados encaixes


técnicos (o caixa dos bancos comerciais), são obrigados a depositar no
BACEN um percentual determinado por este sobre os depósitos à vista.

Operações com Mercado Aberto – OPEN MARKET: consistem na


compra e venda de títulos públicos ou obrigações pelo governo. Quando o
governo coloca os seus títulos junto ao público, o efeito esperado é reduzir ou
enxugar os meios de pagamento, já que parte da moeda em poder do público
retorna ao governo como pagamento desses títulos. Ao contrário, quando o
governo compra os títulos, efetua pagamento em moeda aos portadores dos
mesmos, o que aumenta a oferta de moeda, conseqüentemente, dos meios de
pagamento.

Consiste na liberação de recursos pelo Banco Central aos bancos


comerciais, que podem ser empréstimos ou redesconto de títulos. Trata-se,
na verdade, de uma fonte acessível de empréstimo do BACEN para os bancos
comerciais. Existem os redescontos de liquidez, que são os empréstimos para
os bancos comerciais cobrirem um eventual débito na compensação de
cheques, e os redescontos especiais ou seletivos, que são empréstimos

38
autorizados pelo Banco Central visando beneficiar setores específicos. Por
exemplo, para estimular a compra de máquinas agrícolas, o Banco Central
abre uma linha especial de crédito, pela qual os bancos comerciais
emprestam (descontam) aos produtores rurais e redescontam o título junto
ao BACEN.

QUEM É O RESPONSÁVEL PELA OFERTA DE MOEDA?

O sistema bancário comercial é formado por agentes que estão


autorizados a receber depósitos à vista. Os principais agentes incluídos nessa
definição são os bancos comerciais, o Banco do Brasil e as caixas econômicas.
A oferta ou emissão de moeda é uma atribuição exclusiva do governo, através
das autoridades monetárias. Não depende, portanto, da taxa de juros, mas da
política econômica do governo, que determina a quantidade de moeda
emitida por período de tempo.

Apesar de a emissão de moeda não depender da taxa de juros, existem


critérios bem definidos que regulamentam a oferta monetária. Basicamente,
a emissão de moeda é condicionada pelo crescimento do produto da
economia. Se, num dado período, a emissão de moeda for superior à
produção, ou seja, se houver excesso de liquidez no mercado, poderemos ter
a elevação sistemática dos preços, também conhecida como inflação.

Por outro lado, caso o aumento de moeda seja menor que o crescimento
do produto, pode-se ter, entre outras conseqüências, crise na economia,
porque a falta de moeda – fenômeno, que recebe o nome de crise ou falta de
liquidez, dificulta as transações e prejudica o sistema econômico,
ocasionando queda do produto.

FÓRUM
Leia o texto “BANCO CENTRAL: Independência, Autonomia,
Accountability e Governança” e elabore um pequeno comentário no fórum,
discutindo possíveis razões para indepêndencia e autonomia do Banco
Central.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Consulte o livro texto e responda as seguintes questões:
a) Qual o efeito da contração monetária na taxa de juros?
b) Qual o efeito da expansão monetária na taxa de juros?
Envie sua resposta através do seu portifólio no SOLAR.

REFERÊNCIAS
CARVALHO, F.J.C; SOUZA, F.E.P; SICSÚ,J; PAULA, L.F.R; STUARD,
R. Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Campus, 2000.

GIANNTTI, E. O valor do amanhã. São Paulo: Companhia das Letras,


2005

39
KRUGMAN, P e WELLS, R.Introdução à Economia. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007. MANKIW, N.G. Introdução à Economia. São Paulo:
Pioneira Thomson Learning,2005.

PAULANI, L. M e BRAGA, M. B. A nova contabilidade social. São


Paulo: Saraiva, 2000.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://veja4.abrilm.com.br/assets/images/2011/7/43150/caso-assalto-
banco-central-fortaleza-20050810-03-size-598.jpg
2. http://www.denso-wave.com/en/

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40
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 04: NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

TÓPICO 01: INTRODUÇÃO AO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Muito provavelmente, em algum momento de sua vida você já saboreou


um bom vinho português ou comeu um bolinho recheado com bacalhau
importado da Noruega. Certamente, muitos portugueses se emocionaram
com novelas brasileiras e americanos fizeram churrasco com carne de gado
do Brasil. Os determinantes destas relações comerciais e os possíveis ganhos
gerados com o comércio mundial já despertavam o interesse de economistas
precursores como Adam Smith [1] e David Ricardo [2]

Avançando em relação às ideias propostas por Smith, Ricardo


desenvolveu a teoria das “vantagens comparativas”, cujo significado pode ser
revelado na seguinte afirmação:

Quando um país é capaz de produzir um bem a


um custo de oportunidade inferior ao de outros
países, este país possui vantagem comparativa na
produção deste bem.

O modelo “ricardiano” de comércio determina uma melhora de bem-


estar para os países que se especializam na exportação dos bens nos quais
possuem vantagem comparativa.

ATIVIDADE DE PORTFÓLIO
Pesquise sobre a Teoria das Vantagens Comparativas de David
Ricardo, procurando entender como um país ganha ao se especializar na
produção do bem que tem vantagem comparativa. Envie um resumo de
dez linhas através do seu portfólio no SOLAR.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://pt.wikipedia.org/wiki/Adam_Smith
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/David_Ricardo
3. http://www.denso-wave.com/en/

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41
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 04: NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

TÓPICO 02: GANHOS E PERDAS COM O COMÉRCIO EXTERIOR

Comparando-se o preço interno de um bem, em determinado país, com


o seu preço externo, praticado no restante do mundo, se a diferença entre o
preço interno e externo (computado o custo de transporte) é negativa, o país
como um todo ganha ao exportar este bem. Inversamente, no caso do preço
interno ser superior ao preço externo (incluído os custos de transporte), o
país como um todo ganha se parte do consumo interno deste bem for
importado.

Suponha, inicialmente, um país fechado para o comércio exterior, cujo


governo encontra-se duvidoso se deve permitir a abertura do mercado
interno de aço à concorrência externa. As principais dúvidas do governo são:

i. Após a abertura, o que ocorreria com o preço e a quantidade


produzida no mercado interno?
ii. Após a abertura, quem seriam os beneficiados ou os perdedores?
Os benefícios ultrapassariam as perdas?

Dado que, inicialmente, o mercado de aço encontra-se fechado, os


valores de equilíbrio para preço e quantidade são obtidos de acordo com as
curvas de oferta e demanda interna ao país, tal como expressos na Figura 1.
Verifica-se, ainda, na figura, os ganhos desde mercado para consumidores e
produtores, de acordo com o agregado de seus, respectivos excedentes.

Figura 1

A abertura do mercado de aço doméstico implica duas possibilidades, o


país torna-se um exportador ou importador líquido de aço, dependendo do
preço vigente nos mercados mundiais exceder ou não o preço doméstico
antes da abertura ao comércio externo.

Na Figura 2 abaixo, verifica-se o caso do país tornar-se um exportador


de aço.

42
Figura 2

Neste caso, fica evidente quem perde com a abertura do comércio. Note
na Figura 3 a perda de bem-estar dos consumidores representada pela
redução do excedente do consumidor, correspondente à área B, após a
abertura. Entretanto, note o ganho de bem-estar dos produtores domésticos
que tiveram seu excedente elevado pelas áreas B e D, indicando que o total
de ganhos ou benefícios para o país excedeu as perdas, exatamente, pelo
valor correspondente a área D.

Figura 3

CONCLUSÕES

1. Quando um país abre seu mercado e se torna exportador de um bem,


os produtores nacionais do bem ficam em melhor situação e os
consumidores internos veem-se em situação pior.
2. O comércio aumenta o bem-estar econômico de uma nação, pois os
ganhos dos beneficiários excedem as perdas dos prejudicados.

Nas Figuras 4 e 5 abaixo, verifica-se o caso do país tornar-se um


importador de aço. Note, agora, a perda de bem-estar dos produtores

43
domésticos representada pela redução do excedente correspondente à área
B. Note, entretanto, que ao contrário de antes, os consumidores têm seu
nível de bem-estar elevado pelas áreas B e D. Novamente, pode-se verificar
que o país como um todo teve ser bem-estar elevado, uma vez que o total de
ganhos excedeu as perdas, exatamente, pelo valor correspondente a área D.

Figura 4

Figura 5

CONCLUSÕES

1. Quando um país abre seu mercado e torna-se importador de um bem,


os consumidores do bem, no mercado interno, melhoram de situação e os
produtores internos são prejudicados.
2. O comércio aumenta o bem-estar econômico de uma nação, pois os
ganhos dos beneficiários excedem as perdas dos prejudicados.

O Comércio exterior é benéfico para o conjunto da nação, mas como


visto acima, em certos casos existem perdas para consumidores ou
produtores, o que, muitas vezes torna bastante acalorada a discussão se
determinado mercado deve ou não ser aberto para a concorrência externa.

Existem diversos argumentos em favor da restrição ao comércio exterior


baseados em:

44
1. Manutenção de empregos
2. Segurança Nacional
3. Defesa da Indústria Nascente
4. Concorrência Desleal

FÓRUM
Após a leitura dos textos propostos na Referência Bibliográfica,
pesquise na internet sobre a validade ou não dos argumentos acima
apresentados. No Fórum comente sobre “ARGUMENTOS CONTRÁRIOS E
FAVORÁVEIS À RESTRIÇÃO AO COMÉRCIO EXTERIOR”, e emita sua
opinião sobre pelo menos dois dos argumentos acima citados.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

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45
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 04: NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

TÓPICO 03: TAXA DE CÂMBIO

TAXA DE CÂMBIO

É o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades


monetárias de outra moeda. A taxa de câmbio reflete, assim, o custo de
uma moeda em relação a outra, dividindo-se em taxa de venda e taxa de
compra.

Pensando sempre do ponto de vista do banco (ou outro agente


autorizado a operar pelo Banco Central), a taxa de venda é o preço que o
banco cobra para vender a moeda estrangeira (a um importador, por
exemplo), enquanto a taxa de compra reflete o preço que o banco aceita
pagar pela moeda estrangeira que lhe é ofertada (por um exportador,
por exemplo).

Quando a moeda nacional ganha valor perante a moeda


estrnageira, ou seja, fica relativamente mais cara perante a moeda
estrangeira. Há uma redução em E.

Quando a moeda nacional perde valor perante a moeda


estrnageira, ou seja, fica relativamente mais barata perante a moeda
estrangeira. Há um aumento em E.

Portanto, o câmbio é uma das variáveis mais importantes da


macroeconomia, sobretudo no que se refere ao comércio internacional.
Quando se deseja negociar ativos de um país para outro, quase
invariavelmente temos de mudar a unidade de conta do valor desses ativos –
da moeda doméstica para a moeda estrangeira. Nesse sentido, pode-se
definir a taxa de câmbio nominal de um país como o número de unidades de
moeda de um país necessário para se comprar uma unidade de moeda de
outro país. Em outras palavras, é o preço de uma moeda em termos de outra.

Taxa de Cãmbio Nominal: E = R$/USS.

Variação Cambial Nominal

Para determinar os fluxos comerciais entre os países, a taxa de câmbio


relevante é a chamada taxa de câmbio real, que corresponde ao relativo de
preços entre o produto nacional e o produto estrangeiro. No caso do Brasil, a
taxa de câmbio real pode ser obtida da seguionte expressão:

46
A taxa de câmbio real é, na verdade, a razão entre o preço do produto
estrangeiro e o preço do produto nacional, ambos medidos em reais, Quando
há uma desvalorização da taxa de câmbio real, a razão aumenta e o produto
externo fica mais caro relativamente ao produto nacional, incentivando as
exportações e inibindo as importações de bens e serviços. Pela fórmula, isso
pode ocorrer ou pelo aumento da taxa de câmbio nominal (E) ou pelo
aumento dos preços em USS, ou ainda pela redução dos preços em R$.

EXEMPLIFICANDO OS MOVIMENTOS NAS TAXAS DE CÂMBIO

Deste modo, movimentos da taxa de câmbio nominal podem ser


compensados por alterações nos preços internos e externos. Por exemplo
se há uma desvalorização da taxa de câmbio nominal (aumeto de E) e ao
mesmo tempo ocorre uma elevação dos preços internos, mantendo
constante o preço externo, pode não ocorrer desvalorização real do câmbio
e, dependendo da magnitude das alterações, pode até ocorrer uma
valorização real do câmbio.

Já quando há uma valorização da taxa de câmbio real, o produto


externo fica mais barato relativamente ao produto nacional, incentivando
as importações e inibindo as exportações de bens e serviços. Pela fórmula,
isso pode ocorrer ou pela redução da taxa de câmbio nominal (E) ou pela
diminuição dos preços em USS, ou ainda pelo aumento dos preços em R$.

REGIMES CÂMBIAIS
Existe uma variedade bastante ampla de diferentes arranjos de câmbio
adotados pelos países ao longo da história. Todos esses arranjos podem ser
agrupados em dois segmentos básicos: regimes cambiais fixos ou flutuantes.

VERSÃO TEXTUAL

Regime de câmbio flexível ou flutuante: Em regimes de


câmbio flutuante essa mesma taxa é formada no mercado cambial,
através dos movimentos de oferta e demanda por ativos em moeda
estrangeira. Quando há um excesso, demanda maior por moeda
estrangeira, esta ganhará valor em relação à moeda nacional, ou em
outras palavras, haverá desvalorização da taxa de câmbio nominal. Em
caso contrário haverá valorização da taxa de câmbio nominal. A
demanda por divisas é afetada, além da taxa de câmbio, pelas
seguintes variáveis.

Nível do produto interno (Y): É de se esperar que, quanto


maior Y, maior será a demanda por importações do País e, portanto, a
demanda por moeda estrangeira.

Nível geral de preços interno (P) e externo (P*): Coeteris


paribus, caso P aumente, o preço real das importações em moeda
nacional diminuirá e, portanto as importações e a demanda por divisas
serão incentivadas; caso P* aumente, o preço real das das importações
em moeda nacional se elevará e, portanto as importações e a demanda
por divisas serão desestimuladas.

47
Regime de câmbio fixo: A taxa de câmbio é definida pela
autoridade monetária nacional que se compromete a vender e comprar
divisas à taxa estipulada. Nesse regime, O BACEN deve possuir
reservas suficientes para intervir a qualquer momento no mercado,
atuando sempre no lado oposto ao mercado, ou seja, se o mercado
deseja moeda estrangeira, o BACEN tem que vendê-las, se o mercado
deseja vender, O BACEN tem que comprar. Neste tipo de regime
déficits ou superavits no BP são insustentáveis no longo prazo.
Quando há déficits persistentes, significa que haverá maior demanda
por moeda estrangeira e maior oferta de moeda nacional (explique
porque), desse modo, o BACEN tem que comprar moeda nacional e
vender moeda estrangeira, havrá um fluxo de saida de recursos e uma
redução constante das reservas internacionais. Já com superávit
ocorrerá o inverso com o BACEN comprando moeda estrangeira e
vendendo moeda nacional. Ao vender moeda nacional, o BACEN
estará aumentando a base monetária e a quantidade de moeda no
sistema, ou seja, estará praticando política monetária (o que pode
causar aumento de inflação). No regime de câmbio fixo diz-se que o
BACEN perde força na determinação da política monetária.

Taxas de Juros interna: Existem regimes intermediários,


mesclando características de ambos.Na literatura convencionou-se
chamar de Flutuação Suja (dirty-floating). O princípio básico é o do
regime flutuante, mas ao contrário daquele, que preconiza a
determinação da taxa de câmbio em um mercado livre, neste a
determinação continua dando-se no mercado, em cujo funcionamento
existe um grande agente que consegue influir nas taxas de câmbio: as
intervenções do BACEN, que tenta balizar os movimentos da taxa de
câmbio.

FÓRUM
No primeiro mandato do Governo de FHC (1995 – 1998), o Brasil
praticou o regime de câmbio fixo. A partir daí o Brasil passou para o
regime de câmbio flexível.

Pesquise as principais vantagens e desvantagens de ambos os regimes


cambiais implementados na economia brasileira nos referidos períodos.
Descreva que você encontrou no fórum.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.denso-wave.com/en/

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48
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 04: NOÇÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL

TÓPICO 04: BALANÇO DE PAGAMENTOS

Existem duas contas nas quais se resume as transações econômicas de


um país:

CONTA CORRENTE
Registra as entradas e saídas devidas ao comércio de bens e serviços,
bem como pagamentos de transferência.

CONTA CAPITAL
Registra as transações de fundos, empréstimos e transferências.

A soma das duas contas fornece a balança global de pagamentos.

IMPORTÂNCIA

O registro das transações de um país com o resto do mundo é


denominado balanço de pagamentos. A explicação do balanço de
pagamentos e, o diagnóstico do seu significado, é o tema principal da
economia internacional. Ele emerge de uma diversidade de contextos
específicos: discutindo os movimentos internacionais de capital,
relacionando as transações internacionais à contabilidade da renda nacional
e discutindo virtualmente todos os aspectos da política monetária
internacional.

ESTRUTURA

A estrutura de um balanço de pagamentos inclui os seguintes itens:

BALANÇA COMERCIAL

Exportações (livres de fretes e seguros)

Importações (livres de fretes e seguros)

BALANÇA DE SERVIÇOS E RENDAS (LÍQUIDO)

Renda de Capitais ou Serviços de Fatores (Juros, Lucros, Dividendos e


Lucros Reinvestidos)

Transportes

Viagens Internacionais

Fretes

Seguros

Despesas Governamentais

TRANSFERÊNCIAS UNILATERAIS

(Donativos ou divisas em mercadorias)

BALANÇO DE TRANSAÇÕES CORRENTES (BTC) OU SALDO EM CONTA-CORRENTE = I


+ II + III

Um saldo positivo nessa macroconta demonstra uma transferência de


bens e serviços para o resto do mundo maior do que a recepção,

49
ocasionando uma poupança externa negativa, possibilitando quitar
compromissos assumidos, incrementar reservas internacionais e, até,
aumentar o portfólio de ativos estrangeiros.

Por outro lado quando o saldo dessa conta é negativo, isso revela que o
país se endividou mais, mas absorveu mais bens e serviços, em termos
reais no exterior.

Em suma, o saldo em transações corrente possui um significado


macroeconômico bem preciso, indicando quanto o país exporta e importa
de poupança para o financiamento de sua formação de capital.

MOVIMENTO DE CAPITAIS AUTONÔMOS (MCA)

Investimentos Diretos Líquidos

Empréstimos e Financiamentos

Amortizações

Capitais de Curto Prazo

ERROS E OMISSÕES

Essa conta surge em função de imperfeições no lançamento de contas


no BP. Se as estatísticas fossem rigorasamente apuradas dentro do
sistemas de partidas dobradas (cada crédito corresponde um débito), a
soma do Saldo em Conta-Corrente com o Movimento de Capitais
Compensatórios deveria ser igual ao chamado Saldo Total do Balanço de
Pagamentos, de igual valor absoluto e sinal contrário ao Movimento de
Capitais Compensatórios (ver abaixo). Como as estat´sticas são
computadas com imperfeições, a soma usualmente apresenta ligeiras
divergências em relação ao Saldo dos Capitais Compensatórios com o sinal
trocado. Como os Movimentos de Capitais Compensatóris são apurados
com bastante rigor, presume-se que os erros e omissões tenham ocorrido
na apuração da conta de capital, basicamente a partir de fluxos de capitais
não registrados.

SALDO TOTAL DO BALANÇO DE PAGAMENTOS (STBP) = IV + V + VI

Sem definição.

MOVIMENTO DE CAPITAIS COMPENSATÓRIOS (MCC) (= - VII)

a) Contas de Caixa:

Haveres e obrigações a curto prazo no exterior (estoque de divisas


estrangeiras propriamente dito e de títulos externos de curto prazo em
poder das autoridades monetárias)

Reservas em ouro

Direitos Especias de Saque e Posição de Reservas Junto ao FMI (o país


pode se utilizar do fundo originado desse instrumento gestado pelo FMI)

b) Empréstimos de Regularização do FMI (quando o país tem


problemas de liquidez internacional. Não constituem direito dos países-
membro do FMI e, portanto sua obtençao se dá sob condicionantes. Assim
o país tem de se submeter a uma série de exigências. As numerosas cartas

50
de intenção que o Brasil assinou com o FMI em vários momentos de sua
história recente constituem o exemplo mais conhecido da situação de
condicionalidade desse empréstimo)

c) Atrasados Comerciais (quando o país não paga suas obrigações na


data do vencimento. Um lançamento nessa conta nada mais é que a
decretação da moratária do país)

Pela lógica da contabilidade, STBP + MCC = 0

Se houver superavit no STBP, as resevas têm acréscimo no período


analisado. Se houver déficit, uma possibilidade é o país perder reservas. Se
não dispuser de reservas suficientes para cobrir para o déficit ou não quiser
dispor delas, pode receber um empréstimo de regularização do FMI, desde
que se submeta a um programa de ajustes de acordo com as regras
impostas pelo FMI. Se isso não é possível, as obrigações vencidas e não
pagas são lançadas como atrasados. Quando vence um empréstimo e o país
não paga, debita-se na conta de amortizações (como se fosse pago) e
credita-se na conta atrasados. Quando o pagamento for feito, debita-se na
conta atrasados e credita-se na conta de caixa.

Note que, desconsiderando Erros e Omissões:

BTC = MCA + MCC.

A Balança Comercial é compilada pelo Ministério do Desenvolvimento


Industria e Comércio com lastro nos registros alfandegários no Siscomex.

Os dados referenter aos serviços e rendas, transferências correntes,


conta capital e financeira são compilados com lastro nas operações de
câmbio registradas compulsoriamente no Sistema de Informações do
Banco Central (Sisbacen).

EXEMPLOS DE LANÇAMENTO NO BP

• O Brasil exporta mercadorias para a Polônia com pagamento à vista:


crédito (+) na conta de Exportações; dédito (-) na conta Haveres e
obrigações a curto prazo no exterior (MCC).

• O Brasil importa máquinas do Japão financiados a longo prazo: crédito


(+) na conta de Empréstimos e Financiamentos (MCA); débito (-) na
conta de Importações.

• O Brasil doa donativos em alimentos ao Sudão: crédito (+) na conta de


Exportações; débito (-) na conta de Transferências Unilaterais.

• O Brasil recebe donativos em equipamentos dos Estados Unidos: débito


(-) na conta de Importações; crédito (+) na conta de Transferências
Unilaterais.

• O Brasil recebe investimento direto externo sob a forma de máquinas em


equipamentos dos Estados Unidos: débito (-) na conta de Importações;
crédito (+) na conta de Investimento Diretos Líquidos (MCA).

• O Brasil efetua uma amortização de dívida externa: débito (-) na conta de


Amortizações (MCA); crédito (+) na conta de Haveres e obrigações a
curto prazo no exterior (MCC).

51
• O Brasil efetua um pagamento de juros de empréstimos: débito (-) na
conta de Juros (Balança de Serviços e Renda); crédito (+) na conta de
Haveres e obrigações a curto prazo no exterior (MCC).

DESAFIO
Consulte o sítio do Banco Central do Brasil www.bacen.gov.br [1] e
faça uma tabela da evolução das principais contas do Balanço de
Pagamentos do Brasil de 2000 à 2006.

REFERÊNCIAS
MANKIW, N.G., Introdução à Economia, Editora Campus, 2001. Cap
9.

Mendes, Carlos Magno; Cícero Antônio de Oliveira Tredezini;


Fernando Tadeu de Miranda Borges; Mayra Batista Bitencourt
Fagundes, Economia (Introdução). Texto em primeira revisão.
Unidade V.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.bacen.gov.br
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


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52
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 05: FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO

TÓPICO 01: DOUTRINAS ECONÔMICAS E INTERVENÇÃO DO ESTADO

VERSÃO TEXTUAL

É praticamente impossível, nos dias de hoje, procurar entender o


funcionamento da economia sem considerar o papel do setor público
nesse contexto. Vimos, anteriormente, que o setor público é
fundamental na organização do sistema econômico. Portanto, torna-se
necessário compreender algumas questões relativas a sua dinâmica.

É praticamente impossível, nos dias de hoje, procurar entender o


funcionamento da economia sem considerar o papel do setor público nesse
contexto. Vimos, anteriormente, que o setor público é fundamental na
organização do sistema econômico. Portanto, torna-se necessário
compreender algumas questões relativas a sua dinâmica.

OBSERVAÇÃO
OBJETIVO: O objetivo desta unidade é o de apresentar a você
informações sobre como o setor público intervém no dia a dia na economia
e como isto de certo modo pode impactar a sua vida. A unidade vai discutir
por que o Estado precisa intervir na economia. Em seguida, apresentar
noções do que é a política fiscal e seus desdobramentos na economia.

A INTERVENÇÃO GOVERNAMENTAL

É comum ouvir a tese de que o setor privado é mais eficiente do que o


governo, que numa economia em que as empresas operam mais livremente,
funciona com maior eficiência do que numa economia onde ocorre uma forte
atuação governamental. De certo modo o setor público compete com o setor
privado na economia. Entretanto, o que nos interessa é entender até que
ponto esse envolvimento do Estado na economia é benéfico. Como defender
a participação do governo numa determinada economia diante da defesa do
Estado mínimo, que influencia boa parte da sociedade em quase todos os
paises?

A REGULAÇÃO ECONÔMICA NA AÇÃO DO ESTADO

A regulação econômica está intrinsecamente ligada à ação do Estado


na economia. Quando se fala em regulação econômica vem à tona a
necessidade da intervenção do Estado na economia. Portanto, a ação do
Estado tem por finalidade limitar os graus de liberdade dos agentes
econômicos no seu processo de tomada de decisões.

Também fala sobre esse relevante tema o professor Há-Joon Chang,


que escreveu o artigo “Rompendo o modelo: uma economia política
institucionalista alternativa à teoria liberal do mercado e do Estado”, que
foi publicado em 2002 no livro “Brasil, México, África do Sul, Índia e
China: diálogo entre os que chegaram depois”, pela EDUNESP. Segundo o
autor, o debate iniciado entre os intervencionistas e os defensores do livre
53
mercado a partir dos anos setenta, marca de forma mais categórica um
novo processo de intervenção do Estado na economia.

O elemento central e norteador desse debate referem-se ao novo papel


do Estado na economia. Milton Friedman, Friedrich Von Hayek, George
Stigler, James Buchanan, Gordon Tullock, Anne Krueger destacam-se
entre os nomes que defendem uma menor participação do Estado na
economia.

No transcorrer da evolução do capitalismo, o Estado acompanhou de


maneira ordenada a própria maturação do sistema. O Estado existente no
capitalismo competitivo, que foi dominante no século XIX, se desenvolveu,
passando do Estado Liberal do capitalismo competitivo para o Estado
regulador e autoritário do capitalismo de Estado. O caráter da influência
exercida pelo Estado na economia muda, portanto, conforme a fase
histórica.

PRINCIPAIS DOUTRINAS ECONÔMICAS

É importante esclarecer para você, através das principais doutrinas


econômicas, a influência que tem o Estado no desempenho da economia. Tal
esclarecimento procede, tendo em vista o grau de relacionamento que teve e
tem o Estado, em momentos de crise, com os principais setores da economia.
Não se pretende entrar em discussões teóricas mais aprofundadas sobre o
Estado e suas inter-relações com as classes sociais, mas apenas mostrar
sucintamente as principais idéias das visões clássica, marxista, neoclássica,
keynesiana e da escola da regulação, sobre o papel do Estado na economia.

Um fato relevante deve ser considerado nesse ponto, que é a atuação do


Estado com sua ação regulatória e saneadora nas principais crises
econômicas tais como: crise do México, crise da Ásia, crise da Rússia,
mudança do regime cambial no Brasil, bolha da Nasdaq, evento 11 de
Setembro, queda da bolsa da China e dúvidas sobre crescimento nos EUA,
crise imobiliária do sub-prime nos EUA.

DOUTRINAS CLÁSSICAS
DOUTRINAS MARXISTAS
DOUTRINAS NEOCLÁSSICAS
DOUTRINAS KEYNESIANAS
DOUTRINAS REGULACIONISTAS

DOUTRINAS CLÁSSICAS

Os teóricos clássicos acreditavam que o Estado não deveria se opor ao


livre funcionamento das forças que operavam no mercado. O próprio
mercado seria o mecanismo auto-regulador do processo econômico, ao
mesmo tempo em que controlaria possíveis eventualidades decorrentes de
desequilíbrios temporários do sistema capitalista. O Estado deveria,
fundamentalmente, proteger o mercado de qualquer tipo de intervenção.
Estas limitações impostas ao Estado se fundamentam na crença de que o
próprio sistema econômico de livre mercado encarregar-se-ia de realizar a
alocação ótima dos recursos. O Estado estaria a serviço de toda sociedade,
portanto, limitando-se a mediar e reconciliar os antagonismos naturais da
sociedade competitiva, através de sua atuação como aglutinador do poder
político. É a corrente liberal.

54
DOUTRINAS MARXISTAS

A corrente marxista criticou sistematicamente a índole do sistema


capitalista. Para isto, mostrou que o modo de produção capitalista está
fundado na exploração do trabalho assalariado. E, a partir desta constatação,
procurou demonstrar que o Estado liberal se constituía em um Estado
dominado pela classe que detinha a propriedade dos meios de produção. Em
adição ao seu papel político de garantir a dominação de classe e a própria
função ideológica de racionalizar a subordinação existente no sistema
capitalista, o Estado desempenharia uma função econômica de fundamental
importância no pensamento marxista, qual seja, a de assegurar as condições
exteriores de produção e reprodução social.

DOUTRINAS NEOCLÁSSICAS

Contudo, em flagrante oposição ao pensamento marxista, a corrente


neoclássica observou a sociedade como um conjunto de indivíduos cuja
natureza seria inteiramente independente dos fenômenos sociais em
consideração. A realidade social consistiria numa interação de indivíduos
dotados de natureza invariável ou permanente. As relações de propriedade
entrariam em cena apenas, na medida em que se reconhecia que os
resultados do processo distributivo dependiam das condições iniciais
relativas à posse dos meios de produção. A doutrina neoclássica procurou
fazer renascer o conceito do Estado liberal dos clássicos.

DOUTRINAS KEYNESIANAS

Em contraste com a visão neoclássica, no paradigma keynesiano, o


Estado é chamado a desempenhar papéis e funções de suma importância
para a manutenção do modo de produção capitalista. Dentro deste princípio,
o Estado pode e deve intervir na economia de mercado com o propósito de
diminuir o desemprego involuntário e aumentar a produção. O elemento
chave da intervenção reside na administração da demanda efetiva por parte
do Estado, através da política fiscal ou/e monetária. Nota-se que a ação do
Estado preconizado por Keynes visaria criar mecanismos de estabilização em
uma economia essencialmente instável, tendente ao desemprego e às crises
cíclicas. A intervenção do Estado limitar-se-ia, neste sentido, tão somente a
promover reformas capazes de preservar o capitalismo, onde seu controle
não devia interferir com a iniciativa privada, com a sua atração aos lucros,
pois era esta a força motriz da atividade econômica. A não intervenção, em
momentos de crise, por certo, tornaria o modo de produção presa fácil de
suas próprias contradições.

DOUTRINAS REGULACIONISTAS

A escola da regulação definiu como forma institucional ou estrutural


toda codificação de uma ou várias relações sociais fundamentais à
reprodução do sistema capitalista. De maneira geral, a combinação do
regime de acumulação, modo de regulação e formas institucionais ou
estruturais define um padrão de desenvolvimento. Ao se considerar o modo
de produção como dominante têm-se três formas institucionais consideradas
fundamentais pelos regulacionistas: a moeda, a relação salarial e a
concorrência. As três formas institucionais para acontecer por completo,
necessitam basicamente da existência do Estado-Nação.

55
DICA
Para você saber mais sobre os modelos teóricos, as orientações
políticas, as grandes escolas do pensamento liberal e o neoliberalismo,
recomendamos o livro de Reginaldo Moraes, “Neoliberalismo: de onde
vem, para onde vai?” São Paulo: Editora SENAC, 2001. Também a palestra
proferida pelo professor José Luis Fiori no Centro Cultural Banco do
Brasil em setembro de 1996 sobre o que é “O Consenso de Washington”,
disponível nos sites:

Consenso de Whasington; [1]

Neoliberalismo. [2]

Com respeito ao modelo de desenvolvimento implantado no pós-


guerra, principalmente o período 1945-73, a ascensão da hegemonia
americana, o padrão ouro-dólar e o acordo de Bretton Woods, a ruptura
geopolítica e econômica de 1973 e as tendências geopolíticas atuais,
consulte alguns textos da professora Maria da Conceição Tavares sobre
esses assuntos que podem ser encontrados no site:

http://www.abordo.com.br/mctavares/. [3]

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.dhnet.org.br/direitos/direitosglobais/textos/consenso_w.ht
m
2. http://pt.wikipedia.org/wiki/neoliberalismo
3. http://www.abordo.com.br/portal/
4. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


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56
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 05: FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO

TÓPICO 02: REGULAÇÃO E POLÍTICA FISCAL

POR QUE REGULAR?


A necessidade da regulação torna-se premente em função da
constatação de que os mercados não estão funcionando a contento. Mesmo
em situações de livre mercado, há situações em que o mercado não é capaz
de fazer de maneira eficiente o processo de alocação e distribuição dos
recursos.

Enquanto a regulação assegura a correção das falhas, a


desregulamentação deixa o mercado solto das amarras da regulação. Mas as
falhas não são apenas do mercado, em alguns casos os governos também
cometem algumas falhas e não são fáceis de serem abordadas. A discussão
sobre as falhas de mercado procura centrar suas análises sobre o ótimo de
Pareto (Ótimo de Pareto significa que ninguém consegue aumentar seu
própio bem-estar sem reduzir de alguma outra pessoa.) e faz uso teórico da
análise do equilíbrio parcial ou geral.

Na visão tradicional, mercado ideal equivale ao mercado perfeitamente


competitivo. O mercado perfeitamente competitivo baseia-se nas seguintes
suposições: aceitação de preços e homogeneidade de produto, com livre
entrada e saída de empresas.

É importante destacar que a economia neoclássica é a que mais vê


importância no funcionamento do mercado, ou seja, o mercado é a essência
da economia. Quando há falhas do mercado, há falhas na lógica do modelo
de desenvolvimento, portanto, nestes casos podem ocorrer intervenções por
parte do governo com o intuito de reverter essas falhas que imobilizam a
lógica da reprodução do modelo.

Para Lucia Helena Salgado no artigo para discussão número 941 do


IPEA, publicado em 2003 e disponível no endereço Ipea. [1]

“O grande desafio para regulamentação


econômica é encontrar o ponto ótimo que viabilize a
lucratividade, de um lado, e o bem-estar dos
consumidores, de outro, na forma de disponibilidade
de bens e serviços de qualidade e a preços razoáveis”.

Atente para a versão neoclássica do momento que aponta algumas


razões para justificar a ocorrência destas falhas, portanto, justificando a
intervenção do Estado. São elas: poder de mercado, informações
incompletas; externalidades; bens públicos; ocorrência de desemprego e
inflação.

57
PODER DE MERCADO
Ocorre quando algum empresário de algum fator de produção possui
capacidade de influir no preço de seu produto. Enquanto para uma
empresa competitiva o preço é igual ao custo marginal; (Custo marginal
é o aumento no custo resultante da produção de uma unidade adicional de
produto.) para a empresa com poder de mercado, o preço é superior ao
custo marginal.

INFORMAÇÕES INCOMPLETAS
Significa que os consumidores (demanda do mercado) não possuem
todas as informações a respeito dos preços ou da qualidade do produto.
Isto pode levar o mercado a operar de forma não eficiente, gerando
assimetria de informações.

EXTERNALIDADES
São ações pelas quais um produtor ou um consumidor influencia
outros produtores e consumidores, sem sofrer as conseqüências disto sobre
o preço de mercado. Quando o sistema de preços funciona de forma
eficiente, isto não acontece. Assim sendo, quando há externalidades
(positivas ou negativas) significa que está ocorrendo alguma falha de
mercado. A existência de externalidades implica em dizer que o
funcionamento do mercado não é mais eficiente.

BEM PÚBLICO
É aquele que não apresenta rivalidade em seu consumo, é exclusivo e
disputável. Dentro dessas características, o mercado não consegue ofertar
com freqüência e quantidade suficiente esse tipo de produto aos
consumidores, e com isso o mercado se torna ineficiente.

Pelo exposto, podemos notar que o livre funcionamento do mercado não


garante a solução de problemas como a existência de altos níveis de
desemprego e inflação. Assim, há espaços para a intervenção do Estado, no
sentido de se implementarem políticas econômicas, objetivando-se a
manutenção da estabilização, através do maior controle do desemprego e da
estabilidade de preços.

DICA

Para você saber mais com respeito ao processo de regulação na


economia brasileira visitem CADE, [2] e o site do professor Gesner de
Oliveira Go Associados. [3]

Para alcançar aos objetivos de política econômica, tais como


crescimento da produção e aumento do emprego, controle da inflação,
equilíbrio das contas externas e distribuição de renda entre outros, o governo
dispõe de alguns instrumentos. Esses instrumentos de política econômica
são: a política fiscal, a política monetária, política cambial e de comercio
exterior e política de rendas.

POLÍTICA FISCAL

58
Política Fiscal pode ser descrita como o conjunto de ações da
administração pública no que diz respeito à arrecadação e aos gastos
públicos. A Política Fiscal é uma das principais ferramentas utilizadas pelo
setor público para intervir no mercado. O exercício dessa função permite
ao Estado, a obtenção dos recursos necessários ao custeio dos serviços
públicos, sendo estes essenciais e constantemente demandados pela
sociedade.

As receitas consistem em entradas de recursos financeiros que se


refletem nas disponibilidades do Estado. Elas resultam basicamente da
arrecadação de impostos, taxas e contribuições de melhoria.

As despesas correspondem aos gastos do Governo com prestações de


serviços ou produção de bens públicos, tais como pagamento de pessoal
(pagamento de salários aos funcionários do Estado), obras, pagamento de
juros e transferências.

O Governo possui duas opções de Política Fiscal, uma Política Fiscal


expansionista, como um programa de obras públicas, que desloca a curva
de demanda agregada para a direita. Ou uma Política Fiscal contracionista,
como o aumento de impostos, que desloca a curva de demanda para a
esquerda.

DÉFICIT E SUPERÁVIT

Estes conceitos podem ser um pouco confusos dependendo do


contexto macroeconômico em questão. É possível que o Governo obtenha
num determinado ano um déficit em suas contas e assim mesmo, isso ser
considerado um bom resultado. Assim como também pode ocorrer um
superávit e este ser considerado como um mal resultado. Déficit formado
através de uma política fiscal expansiva do Estado, ou seja, gerado através
de um aumento dos gastos públicos, pode provocar um efeito positivo na
economia, aumentando a demanda, o nível de produção e emprego. É
importante também analisar a composição de um superávit, que pode ser
adquirido através de aumento de impostos ou redução de gastos públicos,
onde ambos podem provocar um efeito negativo na economia. Um
aumento de impostos é sempre uma medida impopular e que provoca a
diminuição da renda líquida do setor privado, ou seja, menos recursos para
investir e consumir. Já a diminuição dos gastos também pode ser negativa
quando esta ocorre em gastos essenciais como saúde, educação e
investimentos.

Pode-se também identificar a Política Fiscal utilizada pelo Governo


através dos resultados de suas contas públicas. Um superávit nas contas
públicas indica que o Estado está praticando uma Política Fiscal
contracionista, isto é, está restringindo a demanda através de aumento de
impostos ou mesmo de redução de gastos. Um déficit indica que o Governo
está praticando uma Política Fiscal expansionista.

O Déficit e o superávit podem ainda ser primários ou nominais, como


mostra o quadro abaixo:

Primário

59
É composto pela diferença entre receitas e despesas,
sem incluir os gastos com pagamento de juros.
RESULTADO PRIMÁRIO = RECEITAS – DESPESAS (S/
INCLUIR PAGAMENTOS DE JUROS)

Nominal É composto pela diferença entre receitas e despesas


incluindo os gastos com pagamentos de juros.
RESULTADO NOMINAL = RECEITAS – DESPESAS
(INCLUI PAGAMENTOS DE JUROS)

FÓRUM
Análise e discuta com seus colegas no fórum a seguinte afirmação: O
Governo gasta muito, há superávit primário, no entanto há déficit
nominal.

FONTES DAS IMAGENS


1. http://www.ipea.gov.br/
2. http://www.cade.gov.br/
3. http://www.goassociados.com.br/
4. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


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60
INTRODUÇÃO A ECONOMIA
AULA 05: FUNÇÕES DO SETOR PÚBLICO

TÓPICO 03: DÉFICIT E FORMAS DE FINANCIAMENTO

DÉFICIT X NÍVEL DE ATIVIDADES


Como já foi dito, o governo pode promover um aumento na demanda
agregada através de uma Política Fiscal expansionista, visando incentivar um
aumento no nível de produção e emprego, impulsionando desta forma o
nível de atividade econômica.

O aumento dos gastos públicos estimula um aumento da produção das


firmas por duas vias: diretamente, quando o setor público compra bens e
serviços das empresas e famílias, e indiretamente, quando as famílias, de
posse de uma renda maior, devido, por exemplo, a uma redução de impostos,
elevam sua demanda e aumentam seu consumo. O efeito indireto dos gastos
públicos provoca também o que podemos chamar de “efeito multiplicador”
sobre a atividade econômica, pois estes gastos promovem um aumento mais
que proporcional na demanda agregada e também no PIB (Produto Interno
Bruto).

EXEMPLO DE EFEITO MULTIPLICADOR


Suponha que o governo decida gastar R$50 bilhões construindo
estradas e pontes. As compras governamentais de bens e serviços
aumentaram o gasto total em bens e serviços finais diretamente em R$ 50
bilhões. Mas, haverá também um efeito indireto, porque as compras
governamentais darão inicio a uma reação em cadeia por toda a economia.
As firmas que produzem bens e serviços comprados pelo governo terão
receitas que fluirão para as famílias na forma de salários, lucros, juros e
alugueis. Esse aumento na renda disponível levará a um aumento nos
gastos de consumo, e o aumento nos gastos de consumo, por sua vez,
induzirá as firmas a aumentarem o produto, levando a um aumento
subsequente na renda disponível, o que dará inicio a outra rodada de
aumento dos gastos de consumo, e assim por diante.

FINANCIAMENTO DA DÍVIDA PÚBLICA

No século XX, na maioria dos paises houve um aumento significativo no


setor público na economia. Esse fato criou nessas economias uma
necessidade crescente de financiamento da dívida pública, que elevou-se
bastante nesse período.

A existência de déficits implica que ele deve ser financiado de alguma


forma. Como alternativa de financiamento de déficit público, pode-se citar:

O AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA

O aumento da carga tributária aparece como uma forma natural de se


financiarem os gastos públicos, entretanto este procedimento apresenta
uma série de limitações, pois, quando existe déficit, os impostos são
insuficientes para atender os gastos. Além disso, o aumento de impostos é
sempre um medida impopular, e, em período de recessão, pode agravar

61
ainda mais a situação, pois tal medida causa redução na renda líquida da
população, que por isso pode reduzir seu consumo, o que causa uma
redução na produção privada e cria um efeito negativo na dinâmica
econômica.

A EMISSÃO DE MOEDA

Outro procedimento para tentar enfrentar o déficit público consiste na


emissão de moeda (criação de dinheiro). Isso porque o setor público, por
meio do Banco Central, é o responsável pela emissão do dinheiro e, com
isso, poder-se-ia pensar que basta recorrer à emissão monetária que
atenderíamos às necessidades de financiamento do déficit. Entretanto, este
procedimento implicaria aumentar a pressão inflacionária e a perda do
valor do dinheiro.

A VENDA DE TÍTULOS PÚBLICOS

A terceira possibilidade para financiar os gastos públicos consiste em


emissão da dívida pública, ou seja, o estado pôr à venda títulos públicos.
Essa iniciativa também tem implicações monetárias, dado que os fundos
financeiros não são ilimitados e que a emissão da dívida pública pode
reduzir as possibilidades de financiamento da iniciativa privada, assim
como contribuir para aumentar a taxa de juros.

OBSERVAÇÃO
Quais os problemas de uma dívida pública crescente ?

Há duas razões para preocupação quando um governo incorre em


déficits orçamentários persistentes. Quando o governo toma emprestados
fundos nos mercados financeiros, ele está competindo com as firmas que
pretendem tomar emprestado para financiar gastos de investimento. Em
consequência, a tomada de empréstimos pelo governo pode congestionar o
mercado de crédito e deslocar gastos de investimento privados (crowding
out), reduzindo a taxa de crescimento de longo prazo da economia.

Outra razão é que os déficits de hoje, ao aumentarem a divida do


governo, exercem pressão sobre os orçamentos futuros. O impacto dos
déficits correntes sobre os déficits futuros é direto. Como os indivíduos, o
governo precisa pagar suas contas, inclusive pagamento de juros sobre a
divida acumulada.

TRIBUTAÇÃO

A tributação é a principal e maior forma de receita do Governo. Cada


imposto consiste em duas partes: uma base e uma estrutura. A base
tributária é a medida ou o valor que determina quanto imposto o individuo
paga. Normalmente é uma medida monetária como renda ou valor da
propriedade. A estrutura tributária especifica como o imposto depende da
base tributária. Em geral, é expressa como percentagem.

Os impostos podem ser diretos, indiretos ou ainda podem ser


progressivos, regressivos ou proporcionais.

TIPOS DE IMPOSTOS

62
DIRETOS
Incidem sobre os indivíduos. Ex.: Impostos de renda: é um imposto
que depende dos rendimentos de um individuo ou família provenientes de
salários e investimentos.

INDIRETOS
Incidem sobre bens e serviços adquiridos pelas pessoas. Ex: Imposto
sobre a Venda (ICMS, IPI): imposto que depende do valor de um produto
ou serviço vendido.

PROGRESSIVO
É o caso do imposto direto, ou seja, quanto maior a renda mais se paga
de imposto.

REGRESSIVO
É o caso do imposto indireto, ou seja independentemente da renda
todos pagam o mesmo imposto. Esse tipo de imposto onera mais as
pessoas que possuem menor renda.

PROPORCIONAIS
Independentemente da renda o percentual de imposto a pagar
permanece constante a sua renda total.

FÓRUM
Faça uma reflexão do sistema tributário brasileiro e elabore um
comentário no fórum.

DESAFIO
Faça um levantamento de quanto foi o superávit do setor público de
2000 à 2006. Quanto foi pago de juros nominais nesse período.

Consulte o sitio do Banco Central do Brasil. [1]

REFERÊNCIAS
LOPES, Luiz; VASCONCELOS, Marco. Manual de Macroeconomia.
São Paulo: Atlas, 2000.

KRUGMAN, Paul; WELLS, Robin. Introdução a Economia. Rio de


Janeiro: Campus, 2007.

MENDES, Carlos; TREDEZINI, Cícero; BORGES, Fernando.


ECONOMIA (INTRODUÇÃO), 2007.

SOUSA, Paulo Francisco Barbosa. Análise da Arrecadação Federal do


Brasil no período de 2003 a 2005:
Uma abordagem econômica. 2006, 71 p. Monografia (Bacharelado
em Economia). Faculdade de Economia, Administração,
Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará.

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FONTES DAS IMAGENS
1. http://www.bacen.gov.br
2. http://www.denso-wave.com/en/

Responsável: Prof. João Mário Santos de França


Universidade Federal do Ceará - Instituto UFC Virtual

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