Você está na página 1de 78

Sistema Monetário: Conceitos Iniciais .....................................................................

6
Moeda .............................................................................................................................................. 8
Contas do Sistema Monetário ................................................................................. 13
Balancete dos Bancos Comerciais ....................................................................................... 14
Balancete da Autoridade Monetária .................................................................................. 18
Criação e Destruição de Liquidez .......................................................................... 24
Multiplicador Monetário........................................................................................... 27
Demanda por Moeda .............................................................................................. 31
Demanda por Moeda Clássica.............................................................................................. 31
Demanda por Moeda Keynesiana ....................................................................................... 37
Modelo Baumol-Tobin................................................................................................................ 44
Resumo ....................................................................................................................... 49
Questões Propostas .................................................................................................. 51
Gabaritos ....................................................................................................................................... 60
Questões Comentadas ............................................................................................ 61
Considerações Finais ............................................................................................... 78

1
78
APRESENTAÇÃO DO CURSO
Olá, pessoal, tudo certinho?
É com muita animação que recebemos o novo edital do Banco do Brasil. Um concurso extremamente
esperado e que chegou com 4.480 vagas e remuneração de R$ 3 mil com a prova para o dia
26/09/2021 - dia do meu aniversário :)

Estamos super felizes em iniciar nosso curso de ATUALIDADES DO SISTEMA FINANCEIRO- BANCO
DO BRASIL

O presente curso é dividido em 04 aulas e aborda os seguintes tópicos:


ATUALIDADES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

ATUALIDADES DO SISTEMA FINANCEIRO: 1 - Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e


desafios. 2 - Internet banking. 3 - Mobile banking., : 4 - Open banking. 5 - Novos modelos de negócios.
6 - Fintechs, startups e big techs. 7- Sistema de bancos-sombra (Shadow banking). 8- Funções da
moeda, 9 - O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e demais criptomoedas. 10 - Marketplace.
11 - Correspondentes bancários. 12 - Arranjos de pagamentos. 13 - Sistema de pagamentos
instantâneos (PIX). 14 - Segmentação e interações digitais. 15 - Transformação digital no Sistema
Financeiro.

Antes que você se desespere, eu tenho uma boa notícia! Esse conteúdo é maravilhoso de
interessante e foi questão discursiva na prova do BRB, em 2019. Então, o conteúdo é curtinho, mas
maravilhoso de ser entendido!
Estou animada

Em todas aulas adotaremos a mesma metodologia: apresentação teórica e resolução de (muitos!)


exercícios.
O curso também irá também contemplar vídeo aulas para todos os tópicos. Caso você não as tenha
visualizado, é porque estão sendo gravadas e em processo de edição.
O aluno interessado na aprovação neste certame necessita cumprir com dois objetivos:
compreender a matéria e saber resolver as questões. Nada adianta saber tudo sobre mercado de
valores mobiliários, mas não ter a prática (a manha) na resolução de questões. Afinal, o que importa
é pontuar o máximo possível na prova!

2
78
Por isto que nos comprometemos na oferta destes dois pressupostos necessários para sua
aprovação. A apresentação da teoria será feita de modo a facilitar a compreensão e memorização
da mesma. A resolução de questões permite colocar em prática o esforço da compreensão.
Assim, as aulas terão a seguinte estrutura:

 Teoria esquematizada e adequada à linguagem das bancas possíveis


 Questões resolvidas da banca organizadora
 Videoaulas gravadas ao vivo no canal do Youtube do Estratégia Concursos e posteriormente
disponibilizadas na área do aluno. Vale lembrar que, como somos dois, as aulas serão
gravadas separadamente por cada um de nós.
 Fórum de dúvidas e atendimento individualizado ao aluno

Os assuntos serão tratados ponto a ponto, com LINGUAGEM OBJETIVA, CLARA, ATUALIZADA e de
FÁCIL ABSORÇÃO. Reforçamos, ainda, que teremos videoaulas da matéria para que você possa
complementar o estudo. Tudo para facilitar o aprendizado.
A resolução de questões é uma das técnicas mais eficazes para a absorção do conhecimento e uma
importante ferramenta para sua preparação, pois além de aprender a parte teórica, você aprende a
fazer a prova. Quanto mais questões forem feitas, melhor tende a ser o índice de acertos. O motivo
é muito simples: quando falamos em provas de concurso, todo aluno deve ter em mente que o seu
objetivo é aprender a resolver questões da forma como elas são elaboradas e cobradas pelas bancas.
O foco no Estratégia Concursos são os materiais em pdf. Contudo, diante da importância do
concurso, as aulas em vídeo funcionarão como um curso separado completo e compreendem a
PARTE TEÓRICA DE TODOS OS PONTOS DA DISCIPLINA. O objetivo é facilitar o aprendizado e a
absorção do conteúdo daqueles que terão um primeiro contato com a disciplina.
Nosso estudo não se limita apenas à apresentação das aulas ao longo do curso. É natural surgirem
dúvidas. Por isso, estaremos sempre à disposição para responder aos seus questionamentos por
meio do fórum de dúvidas.

 A METODOLOGIA FUNCIONA?

Acreditamos que a nossa metodologia seja o ideal para o nosso objetivo: Fazer você acertar as
questões de prova. Temos certeza de que estamos no caminho certo quando recebemos avaliações
através do nosso sistema em relação aos cursos ministrados.
E, é claro, você pode também conferir os resultados dos nossos alunos no seguinte endereço:
https://www.estrategiaconcursos.com.br/resultados

3
78
APRESENTAÇÃO PESSOAL
Bom, meu nome é Vicente Camillo, sou Economista formado pela
Universidade Estadual Paulista (UNESP), com especializações em
Regulação do Mercado de Capitais (Columbia Law School),
Contabilidade e Auditoria (FIPECAFI/USP) e Carreiras Públicas
(Anhanguera/Uniderp).
Atualmente trabalho na Comissão de Valores Mobiliários, cuja sede
(meu local de trabalho) é no Rio de Janeiro/RJ. Lá trabalho com a
regulação das companhias abertas, além de representar a autarquia
em fóruns nacionais e internacionais sobre governança corporativa e
desenvolvimento.
Ministro aulas de Economia, Conhecimentos Bancários, Estrutura e
Funcionamento do Sistema Financeiro e Direito Societário, em nível
@profvicentecamillo de graduação, em cursos livres preparatórios para concursos públicos
vdalvocamillo@gmail.co e certificações. Sou professor do
m Estratégia Concursos desde 2013!

Olá, meu nome é Amanda Aires, assim como o Vicente, sou economista
formada pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com
extensão universitária na Universität Zürich, na Suíça. Fiz mestrado
também na UFPE com dissertação premiada no III Prêmio de Economia
Bancária promovido pela Febraban. Finalmente, fiz doutorado
também em economia com sanduíche na Université Laval, no Quebec,
Canadá.
Atualmente, trabalho na Secretaria de Planejamento e Gestão do
Governo do Estado de Pernambuco. Lá, trabalho com a modelagem econômica de todos os projetos
de parceria que podem ser estabelecidas entre o governo do estado e o setor privado (como
concessões ou PPPs, por exemplo).
Finalmente, ministro aulas de economia, conhecimentos bancários e
@profamandaaires
contabilidade das instituições financeiras aqui no Estratégia desde
profamandaaires@gmail.co
2019. No mundo acadêmico, sou professora do Ibmec.
m
Além do meu e-mail e do Fórum de Dúvidas disponível na área restrita aos alunos matriculados no
curso, você pode nos encontrar nas redes sociais, onde postamos, rotineiramente, materiais, dicas,
exercícios resolvidos e assuntos relacionados.
Ah, eu sou a responsável por conversar com vocês no fórum de dúvidas e sou responsável pelas
aulas em vídeo também.

4
78
CRONOGRAMA DE AULAS
Vejamos a distribuição das aulas:

AULAS TÓPICOS ABORDADOS DATA

Aula 00 8- Funções da moeda 25/06/2021

1 - Os bancos na Era Digital: Atualidade, tendências e desafios. 2


Aula 01 09/07/2021
- Internet banking. 3 - Mobile banking.

: 4 - Open banking. 5 - Novos modelos de negócios. 6 - Fintechs,


startups e big techs. 7- Sistema de bancos-sombra (Shadow
Aula 02 23/07/2021
banking). 9 - O dinheiro na era digital: blockchain, bitcoin e
demais criptomoedas.

10 - Marketplace. 11 - Correspondentes bancários. 12 - Arranjos


de pagamentos. 13 - Sistema de pagamentos instantâneos (PIX).
Aula 03 06/08/2021
14 - Segmentação e interações digitais. 15 - Transformação digital
no Sistema Financeiro.

Essa é a distribuição dos assuntos ao longo do curso. Eventuais ajustes poderão ocorrer,
especialmente por questões didáticas. De todo modo, sempre que houver alterações no cronograma
acima, vocês serão previamente informados, justificando-se.
Já aproveito para te desejar bons estudos, persistência e sucesso nessa caminhada. Afinal, este é o
lema do Estratégia Concursos:

“O SEGREDO DO SUCESSO É A
CONSTÂNCIA NO OBJETIVO”

5
78
FUNÇÕES DA MOEDA

1 - CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na aula de hoje, vamos entender mais sobre o conceito de moedas. Aqui, vamos
falar sobre a sua formatação mais tradicional: a moeda metálica e o papel moeda.
Nas próximas aulas vamos falar sobre a evolução dessa moeda ao longo do tempo:
saindo da moeda mercadoria e chegando às moedas digitais, materializadas em
formato de criptomoeda.

Entender o conceito mais essencial de moeda nos fará compreender a sua


importância na economia e, assim também, no sistema financeiro.

Ao trabalho?

SISTEMA MONETÁRIO: CONCEITOS INICIAIS

O Sistema Monetário de um determinado país consiste nas instituições e regras cujo


objetivo é conceder eficiência nas transações econômicas, além de possibilitar ao
país o controle da política monetária.

Para fins de análise macroeconômica, o Sistema Monetário é composto da


Autoridade Monetária (Banco Central) e das Instituições Financeiras Bancárias
(resumidas como Bancos Comerciais), os quais estão autorizados a receber
depósitos à vista do público não financeiro. Deste modo, podem influenciar na
determinação dos meios de pagamento e da oferta monetária, como visto
adiante.

Em que pese no Brasil existir demais instituições financeiras bancárias, como as


cooperativas de crédito, os bancos múltiplos etc., a teoria econômica simplifica
todas estas instituições como Bancos Comerciais, pois são estes as instituições
financeiras bancárias por excelência. Faremos o mesmo nesta aula.

6
78
Quando cada um de nós vai ao banco comercial depositar certa quantia,
mantemos este saldo em conta corrente. Esta é a chamada moeda escritural.

No entanto, os bancos utilizam estes recursos para conceder empréstimos a outros


indivíduos, que também passam a apresentar saldo em conta corrente.

Naturalmente, o banco está disponibilizando mais capital do que dispõe, pois, o


depósito inicial se “multiplicou” através dos saldos apresentados pelos outros
indivíduos que tomara empréstimo bancário. Este é o mecanismo básico para o
entender porque os bancos influenciam a determinação da oferta monetária.
Quando operam no sistema monetário, elevam a quantia de moeda em circulação
na economia.

O Banco Central, devido ao exercício do monopólio da emissão monetária,


controla a base monetária da economia. Este fato é fundamental na compreensão
da política monetária. Pois, mesmo que os bancos comerciais influenciem na
determinação da moeda em circulação, como explicado de maneira simplificada,
a Autoridade Monetária pode influenciar em todas as instâncias do circuito
monetário, como veremos adiante no decorrer deste módulo.

Desta forma, algumas importantes ideias, que serão melhor expostas adiante, já
devem estar na “veia”:

✓ O sistema monetário é formado pelo Banco Central e pelas Instituições


Financeiras Monetárias (resumidas como Bancos Comerciais);
✓ O Banco Central possui total controle sobre a base monetária pois é possui
monopólio na emissão de moeda, além de capaz de realizar outras operações que
determinam a base monetária;
✓ O Banco Central pode influenciar a quantidade total de moeda na
economia (que não se confunde com a base monetária, mas é um múltiplo desta
variável);

7
78
✓ Os Bancos Comerciais, através do processo de multiplicação de moeda (visto
a frente), multiplicam a base monetária no total de moeda em circulação na
economia.

MOEDA

Naturalmente, vamos começar pela unidade básica do sistema monetário: a


moeda.

A moeda é definida como toda forma de ativos financeiros utilizados como meio
de troca nas transações econômicas.

Este é o conceito básico e mínimo de moeda. Por toda história, várias formas de
moeda foram adotadas e várias características foram derivadas como
consequência. No entanto, em todas por todas as formas assumidas, a
característica de meio de troca foi o denominador comum. Na atualidade, a
moeda assume outras características, como reserva de valor, como veremos
adiante.

Começando pela característica básica de meio de troca, devemos compreender


que, ao promover eficiência nas trocas, esta característica é intrínseca à moeda.

Ou seja, sua utilização possibilita reduzir os custos de transação, eliminando a


necessidade de desejos mútuos para a realização de negócios. Imaginem o
seguinte caso: eu oferto aulas de macroeconomia, e exijo em troca dotações de
alimento. Naturalmente, caso alguém quisesse oferecer garrafas de vinho eu não
aceitaria, resultando em uma transação a menos. Ao adotar a moeda, eu posso
aceitá-la e adquirir as dotações de alimento que preciso.

Assim, todos (interessados) podem adquirir o curso sem necessitar conhecer minhas
preferências de consumo, oferecendo moedas na transação. Obviamente, mais
transações serão realizadas de modo mais eficiente.

8
78
Outra função da moeda é servir como unidade de conta. Todos os bens e serviços
dispostos na economia podem ser cotados em relação ao valor de unidades da
moeda de referência. Assim, dotações de alimento custam 10 unidades
monetárias, garrafas de vinho, 5 unidades monetárias, e assim por diante. A
possibilidade de comparar os valores entre os bens auxilia no processo decisório e,
consequentemente, nas transações.

Naturalmente, a adoção de um padrão monetário confere ainda mais facilidade


a esta característica. É como se tornasse mais tangível o valor dos bens. Afinal,
todos sabem o significado e a diferença entre R$ 5,00 e R$ 1 mil.

É importante salientar que em períodos inflacionários, a moeda perde a função de


unidade de conta. Nada mais natural: a inflação resulta em desvalorização da
moeda; assim, cada vez mais moeda é necessária para exprimir o valor de
determinado bem/serviço; no limite, o valor seria muito grande e os agentes
escolheriam outra unidade mais estável para esta função. No Brasil, a dissociação
entre meio de troca e unidade de conta ocorreu na adoção do Plano Real. As
transações eram cotadas em URV (unidade de conta), mas liquidadas em cruzeiro
real (meio de troca).

Por fim, pode-se também utilizar a moeda como reserva de valor. Ao realizar as
transações os agentes não necessitam consumir toda a renda derivada da
produção no mesmo período em que ela é produzida. O resultado deste fato é a
geração de poupança.

Assim, o excesso de produção sobre o consumo no período corrente pode ser


armazenado e consumido no futuro. Neste aspecto, a moeda assume a forma de
ativos financeiros.

Podemos resumir as funções da moeda da forma que segue:

a) Meio de troca – função intrínseca da moeda, permitindo eficiência nas


transações.

9
78
b) Unidade de Conta – denominador comum na cotação do valor dos bens e
serviços transacionados; permite apurar o valor relativo dos bens; pode perder a
função em períodos de grande inflação.

c) Reserva de Valor – possibilidade de a moeda render juros e efetivar transações


dentro do ambiente intertemporal.

No limite, caso a moeda perca toda a credibilidade e, portanto, suas funções, o


país pode escolher outra moeda para realizar as transações. É o caso de países,
cuja inflação atingiu valores elevados, que escolheram o dólar como meio de
troca, unidade de conta e reserva de valor (processo chamado de dolarização).
Naturalmente, ao adotar a moeda de outra nação, o país perde a possibilidade
de efetuar política monetária e influenciar a renda por este canal.

Podendo assumir formas distintas, a moeda não se resume ao papel-moeda ou à


moeda metálica, chamadas de moedas de curso forçado1. Ativos financeiros
também podem ser utilizados como meio de troca.

O que diferencia estas formas de moeda é a liquidez e seus emissores.

Devemos compreender a liquidez como a capacidade de conversão de um ativo


em dinheiro sem perda de valor. Assim, a conversão de papel moeda em ativos é
imediata, o que concede a esta espécie de moeda a maior liquidez de todas. Do
mesmo modo, a conversão de títulos financeiros em ativos não é tão imediata,
evidenciando menor liquidez, além de incorrer em custos de transação maiores.

Em que pese à relevância da liquidez na caracterização dos agregados


monetários, atualmente o Banco Central define os agregados monetários de
acordo com o sistema emissor.

Esta é uma modificação recente promovida pelo BACEN e tem sido muito cobrada
pelo CESPE. Portanto, atenção: antes a definição era realizada pelo grau de

1
Moedas de curso forçado são aquelas que não possuem nenhum ativo como lastro (moeda fiduciária). O valor é
derivado da confiança que a moeda exprime, como o dólar (US$), ou o real (R$).

10
78
liquidez do meio de pagamento; no momento, são definidos de acordo com a
instituição emissora.

Mais precisamente, atualmente existem os seguintes agregados monetários no


Brasil:

M1 = Também conhecido como meio de pagamento restrito, M1 é gerado pelas


instituições emissoras de haveres estritamente monetários. Abrange o papel moeda
em poder do público + depósitos à vista

M2 = Também conhecido como meio de pagamento ampliado, corresponde ao


M1 e às demais emissões de alta liquidez realizadas primariamente no mercado
interno por instituições depositárias - as que realizam multiplicação de crédito
(veremos adiante este conceito com mais detalhes). Abrange M1 + depósitos
especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições
depositárias

M3 = Também conhecido como meio de pagamento ampliado, é composto por


M2 e pelas captações internas por intermédio dos fundos de renda fixa e das
carteiras de títulos registrados no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (SELIC).
Contém M2 + quotas de fundos de renda fixa + operações compromissadas
registradas no SELIC.

M4 = Também conhecido como poupança financeira, engloba o M3 e os títulos


públicos de alta liquidez. Agrega, portanto, M3 + títulos públicos de alta liquidez.

È importante citar que o processo de inovação financeira realizado pelo mercado


cria ativos financeiros substitutos à moeda. Ao passo que estas inovações ocorrem
de maneira consistente, a definição de agregados monetários torna-se variável.
Naturalmente, os componentes de M1, M2, M3 e M4 são mutáveis.

É preciso ter em mente que todos os agregados são considerados substitutos da


moeda, isto é, podem substituí-la em qualquer de suas funções, quando for o caso.
Indo além, a variação nas quantidades em circulação de cada um dos agregados

11
78
monetários pode significar variação na oferta de moeda e, consequentemente,
mudanças na política monetária.

No momento, cabe detalhar o conceito de papel-moeda, devido a sua elevada


liquidez e vital importância no sistema econômico.

O papel-moeda instituiu um marco na história econômica. Anteriormente, as


transações eram realizadas por moeda metálica ou por outra forma de pagamento
que fosse lastreada em metal precioso, ou mesmo pelo próprio metal (chamado
moeda-mercadoria). Assim, as transações eram liquidadas em moedas de ouro, ou
através de papel moeda que estivesse lastreado em ouro, denominada moeda
fiduciária. A liquidação das operações estava garantida, pois a fonte de valor
(ouro) permanecia depositada nos cofres do governo, lastreando as operações.

No entanto, esta maneira não é mais praticável. No momento, as transações no


mundo são realizadas, em grande maioria, por papel-moeda sem qualquer lastro,
já denominadas de curso de forçado.

A fonte de confiança na liquidação das transações é a credibilidade do governo


central.

Ao passo que o governo central adota determinado papel-moeda para realizar


suas transações econômicas, o restante da economia assume a mesma forma.

O papel-moeda é dividido em 3 espécies:

a) papel-moeda emitido – total de moeda emitido pela Autoridade Monetária,


que pode se encontrar no caixa da Autoridade Monetária ou em circulação pelo
setor privado bancário ou não bancário.

b) papel-moeda em circulação – é o total de moeda em circulação na


economia, ou seja, quantidade moeda emitida (-) a quantidade de moeda no
caixa da Autoridade Monetária

12
78
c) papel-moeda em poder do público – corresponde ao total de papel-moeda
emitido que se encontra em poder do público não financeiro, isto é, que não esteja
em poder da autoridade monetária ou dos bancos comerciais.

A quantidade de papel-moeda em circulação e de papel moeda emitido é


praticamente a mesma, dada a quantidade desprezível (em relação ao total de
moeda circulação) de moeda no caixa da Autoridade Monetária.

O papel-moeda em poder público consiste na quantidade de numerário que não


está em poder da Autoridade Monetária e dos Bancos Comerciais. Quando
somado à quantidade de moeda escritural, origina o conceito de meios de
pagamento restrito (M1).

Agora que já sabemos o que é e de que forma está dividida a Moeda, podemos
tratar a maneira como ela troca de mãos. Mais especificamente, como ocorrem
as relações monetárias entre a Autoridade Monetária, Bancos Comerciais e o
público não financeiro.

CONTAS DO SISTEMA MONETÁRIO

A análise das contas do sistema monetária, além de denotar a “troca de mãos” da


moeda, possibilita a compreensão do processo de criação e destruição de liquidez
(meios de pagamento) na economia.

A Autoridade Monetária transaciona diretamente com os Bancos Comerciais, assim


como estes transacionam com o público não financeiro. Da primeira relação,
obtemos a quantidade de base monetária da economia. Da segunda, resultam os
meios de pagamentos e quantidade de liquidez.

Portanto, que fique registrado:

13
78
As transações do Banco Central com os Bancos Comerciais determinam a base
monetária da economia.

As transações dos Bancos Comerciais com o público em geral (mais precisamente,


as transações consolidadas do sistema monetário) determinam a quantidade de
meios de pagamento da economia.

Podemos começar analisando as Contas dos Bancos Comerciais.

BALANCETE DOS BANCOS COMERCIAIS

Assim como qualquer companhia que desenvolve atividades comerciais, os


bancos comerciais possuem direitos e obrigações, expressos em seu balancete nas
contas do ativo e do passivo. A diferença é a atividade social desenvolvida pelos
bancos comerciais: ao invés de produzir bens/serviços (entre outros ativos reais), os
bancos ofertam ativos financeiros, além de prestar o serviço de intermediação
financeira (captam recursos do público e os aplicam em ativos diversos).

Assim, os recursos captados pelos bancos comerciais, que representam o passivo


da instituição (também chamado de funding), são formados por:

(i) recursos próprios (patrimônio líquido e reservas);


(ii) depósitos à vista e a prazo, recebidos do público não financeiro (correntistas,
por exemplo);
(iii) depósitos de poupança;
(iv) empréstimos tomados com outras instituições financeiras e afins;
(v) empréstimos tomados com a Autoridade Monetária, a título de redescontos;
e
(vi) recursos diversos.

Através de suas atividades típicas, os bancos comerciais aplicam estes ativos em:

(i) concessão de empréstimos,


(ii) reservas bancárias (encaixes bancários),

14
78
(iii) aplicação em títulos financeiros públicos e privados,
(iv) imobilizado bancário, e
(v) outras aplicações.

Estes ativos e passivos podem ser representados da forma contábil, como segue
abaixo:

Balancete dos Bancos Comerciais

Ativo Passivo

A) Reservas Bancárias

A.1. Em moeda corrente


F) Recursos Próprios
A.2. No Banco Central
G) Depósitos à Vista
A.2.1. Voluntárias
H) Depósitos a Prazo
A.2.2. Compulsórias
I) Redescontos
B) Empréstimos concedidos
J) Empréstimos Externos
C) Títulos/ativos público e
K) Depósitos Poupança
privado
L) Demais Recursos
D) Imobilizado

E) Outras aplicações

Detalhando as contas:

➢ Reservas Bancárias:

Correspondem às reservas voluntárias e compulsórias. Aquelas são mantidas no


caixa do banco comercial e voluntariamente no Banco Central. Sua principal
função é compensar eventuais excessos de pagamentos em relação aos
recebimentos dos bancos em determinado dia. Já as reservas compulsórias

15
78
correspondem a um percentual dos depósitos à vista e a prazo captado pelos
bancos comerciais e mantidos no Banco Central. A principal função é conter
excessos de liquidez na economia, servindo de instrumento de política monetária.
Comumente, estas reservas são representadas pela taxa de compulsório, que nada
mais é que o percentual dos depósitos recebidos pelos bancos que deve ser
mantido nos cofres do Banco Central.

➢ Empréstimos Concedidos e Tomados:

Correspondem à natureza das operações bancárias. Os bancos tomam recursos


(funding) no mercado interno e externo, remunerando ou não os proprietários
destes valores, e emprestam estes recursos a uma taxa de juros aos agentes da
economia. Naturalmente, a diferença entre as taxas de juros corresponde ao
resultado das operações bancárias e é comumente denominada de spread
bancário

➢ Redesconto:

Corresponde a função da Autoridade Monetária de emprestador de última


instância. As operações de redesconto correspondem aos empréstimos da
Autoridade Monetária aos Bancos Comerciais, para fins de liquidez. Este
procedimento ocorre nos casos de (i) encaixes bancários atingirem limite mínimo
em relação aos depósitos à vista, e (ii) em outros determinados por lei, geralmente
quando os bancos comerciais se tornam agentes financeiros da Autoridade
Monetária, intermediando empréstimos com finalidade específica a determinado
setor da economia (por exemplo, empréstimos ao setor exportador ao agrícola).

O Redesconto mais comum é o de liquidez. Como as instituições bancárias


apresentam encaixes inferiores aos depósitos à vista (pois concedem o depósito à
vista de determinado indivíduo a outro), em determinado momento os saques dos
agentes não financeiros podem superar os encaixes bancários. Para garantir a
solvência do sistema, o Banco Central concede empréstimos (Redescontos) para
cobrir a diferença.

16
78
É importante fazer menção a duas ‘pegadinhas’ recorrentes em concursos.
Primeira, redesconto pode ser entendido como a operação de empréstimo, ou
como a taxa de juros cobrada nesta operação. É importante se atentar a este
detalhe, pois elevação na taxa de redesconto resulta em redução da operação
de empréstimo; no entanto, aumento do redesconto pode ser entendido como
aumento do montante emprestado aos bancos comerciais a título de redesconto.

Segunda, as operações de redesconto não são incomuns e realizadas apenas em


momentos de crise ou de problemas no sistema financeiro. No Brasil, por exemplo,
as operações são realizadas diariamente em procedimento conhecido como
redesconto intradia. Nesta sistemática, se em determinado momento do dia a
instituição financeira se encontrar com posição de pagamentos mais elevada que
sua disponibilidade no sistema financeiro, o Banco Central realiza o redesconto
intradia para fornecer liquidez. Em contrapartida, a instituição financeira deposita
títulos públicos federais na conta do Banco Central como garantia até encerrar a
operação, fato que pode acontecer no mesmo dia (por isso o nome intradia).

➢ Aplicação em títulos públicos/privados:

A aplicação em títulos, além de render remuneração aos recursos depositados no


Banco Comercial, pode ser considerada como substituta dos encaixes (depósitos).
Como alguns títulos são altamente líquidos e rentáveis, os bancos comerciais
preferem manter títulos como encaixe ao invés de liquidez (moeda corrente), que
não rende juros. Parte dos depósitos compulsórios podem ser realizados em títulos
ao invés de dinheiro.

Por fim, é importante mencionar que o balancete dos bancos comerciais evidencia
operações com a Autoridade Monetária e com o público não financeiro, interno e
externo. Deste modo, podem-se entender os bancos comerciais como
intermediários no sistema monetário. Isto será importante na compreensão de
criação e destruição de liquidez, além do conceito do multiplicador monetário.

17
78
BALANCETE DA AUTORIDADE MONETÁRIA

O balancete do banco central evidencia suas quatro características básicas:

(i) emissor de papel-moeda (base monetária);


(ii) banqueiro do Tesouro Nacional;
(iii) banqueiro dos bancos comerciais (redesconto); e
(iv) depositário das reservas internacionais.

Balancete da Autoridade Monetária

Ativo Passivo

A) Reservas Internacionais
I) Papel-Moeda Emitido
B) Empréstimos ao Tesouro
J) Depósitos do Tesouro
Nacional e demais Entes
Nacional
Federativos
A.2. Reservas dos Bancos
C) Redescontos
Comerciais no Banco Central
D) Títulos Públicos
A.2.1. Voluntárias
E) Moeda Corrente
A.2.2. Compulsórias
F) Empréstimos ao Setor
K) Recursos Próprios
Privado
L) Demais Exigibilidades
G) Imobilizado

H) Demais Aplicações

Detalhando as contas:

➢ Emissão de Papel-Moeda (papel-moeda emitido)

18
78
A mais comum das funções do Banco Central: a emissão de papel-moeda. Como
o papel moeda emitido consta no ativo de todo o resto da economia, porquanto
é utilizado como ativo das transações econômicas, ele é apresentado como
passivo no Banco Central, afim de respeitar o princípio contábil das partidas
dobradas. Ou seja, a cada crédito há também um lançamento a débito.

Há diversos motivos para variar a quantidade de papel-moeda na economia.


Dentre as mais comuns está a possibilidade de influenciar positivamente a
demanda agregada e, por consequência, a renda; estimular as transações da
economia; financiar o déficit do governo, entre outros.

➢ Banqueiro do Tesouro Nacional (títulos, empréstimos e depósitos ao tesouro


nacional)

A Autoridade Monetária desempenha o papel de banqueiro do Tesouro Nacional,


além de poder, teoricamente, conceder empréstimos aos demais Entes da
Federação. Assim, pode conceder empréstimos ao poder central, adquirir títulos
públicos federais para fins de política monetária (modificar a oferta de moeda e a
taxa de juros da economia), ou fiscal (cobrir déficits orçamentários)2.

➢ Banqueiro dos Bancos Comerciais (redescontos e reservas dos bancos


comerciais).

2
Segundo o art. 164, §1º, da CF/88, é vedado ao banco central conceder, direta ou
indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja
instituição financeira.

Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercida exclusivamente pelo banco
central.
§ 1º É vedado ao banco central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro
Nacional e a qualquer órgão ou entidade que não seja instituição financeira.
§ 2º O banco central poderá comprar e vender títulos de emissão do Tesouro Nacional, com o
objetivo de regular a oferta de moeda ou a taxa de juros.
§ 3º As disponibilidades de caixa da União serão depositadas no banco central; as dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios e dos órgãos ou entidades do Poder Público e das empresas
por ele controladas, em instituições financeiras oficiais, ressalvados os casos previstos em lei.

19
78
Já vimos no balancete dos bancos comerciais os detalhes da operação de
redescontos e das reservas voluntárias e compulsórias exigidas pelo Banco Central.
Aqui se aplicam as mesmas disposições.

➢ Depositário das Reservas Internacionais

As transações com o resto do mundo resultam no acúmulo ou perda de reservas


internacionais. Quando o país aufere saldos positivos no balanço de pagamentos,
as reservas se elevam e o Banco Central as deposita em conta correspondente; do
mesmo modo, caso o balanço de pagamentos apresente saldo deficitário, as
reservas diminuem, fato evidenciado no Balanço da Autoridade Monetária.

Seguindo, é útil realizar alguns ajustes nos balancetes, para adequar a


contabilidade às nossas finalidades de analisar as variações da base monetária e
dos meios de pagamento:

i) Ao invés de contabilizar o Papel-Moeda Emitido no passivo e o Caixa do


Banco Central no ativo, podemos contabilizar o papel moeda em circulação, que
é a mesma coisa. Pois:

Papel-Moeda em Circulação = Papel-Moeda em Poder do Público + Reservas


Bancárias.

Este conceito é muito relevante. Ele representa o valor da Base Monetária. Desta
forma, a base monetária, como derivada da moeda emitida pelo Banco Central,
é igual à moeda em poder do público mais a moeda em poder dos bancos
comerciais.

ii) Simplificaremos todas as contas não relacionadas ao sistema monetário, tais


como o imobilizado, demais aplicações e outras, denominando-as de Saldo Líquido
das Demais Contas.

iii) O passivo será decomposto entre passivo monetário e passivo não monetário.

O passivo monetário corresponde à base monetária e pode ser expresso como os


meios de pagamento criados pelo Banco Central, ou seja, pelo papel-moeda em

20
78
poder do público e pelas reservas dos bancos comerciais. Devemos aqui comparar
as características da base monetária criada pelo Banco Central e do agregado
monetário M1.

Este, é composto pelo papel-moeda em poder do público e pelos depósitos


bancários, que são definidos na interação entre os bancos comerciais e o setor não
financeiro, e representado no balancete dos bancos comerciais.

A base monetária, como é formada pelo papel-moeda em poder do público mais


as reservas bancárias, corresponde a uma parcela do total de meios de
pagamento restrito (M1), pois as reservas bancárias são inferiores ao total de
depósitos bancários. Afinal, estes representam por excelência a ideia do
multiplicador monetário, que veremos logo mais.

No entanto, recordem da diferença: a base monetária é inferior aos meios de


pagamento devido à diferença entre reservas bancárias e depósitos bancários.

iv) O passivo não monetário é composto por contas não importantes em nossa
análise no momento, como imobilizado, recursos especiais, depósitos do Tesouro
Nacional, entre outros.

Feitas as observações, podemos apresentar o Balancete Consolidado da


Autoridade Monetária:

Balancete Consolidado da Autoridade Monetária

Ativo Passivo

A) Reservas Internacionais

B) Empréstimos ao Tesouro Base Monetária


Nacional e demais Entes F) Papel-moeda em poder
Federativos do público

C) Redescontos

21
78
D) Títulos Públicos G) Reservas dos Bancos

E) Empréstimos ao Setor Comerciais em caixa e no


Privado Banco Central

Passivo Não monetário

H) Depósito do Tesouro
Nacional

I) Empréstimos Externos

J) Recursos Especiais

K) Saldo Líquido das Demais


Contas

Desta contabilidade, guardem o conceito abaixo:

• A determinação da base monetária pode ser entendida como a


determinação do passivo monetário do balancete.

• Para a base monetária variar, é necessário que varie o ativo, ou o passivo não
monetário (ou mesmo os dois juntos, desde que em valores distintos).

• Assim, o aumento das reservas internacionais, das operações de redesconto,


empréstimos ao Tesouro e ao setor privado, bem como o aumento de títulos
públicos na carteira do Banco Central (mantendo o passivo não monetário
constante) elevam a base monetária.

• Balancete Consolidado do Sistema Monetário

A consolidação contábil do sistema monetário corresponde à soma dos balancetes


dos bancos comerciais e da autoridade monetária.

Aqui se obtém uma importante regra: a interação entre os dois balancetes fornece
o resultado das operações do sistema monetário com os agentes não financeiros

22
78
da economia, ou seja, evidencia o volume das transações do banco central e dos
bancos comerciais com o restante da economia.

A elevação do ativo do balancete consolidado resulta em criação de meios de


pagamento (política monetária expansionista).

O aumento do passivo em destruição de meios de pagamento (política monetária


contracionista).

Balancete Consolidado do Sistema Monetário

Ativo Passivo

Meios de Pagamento

Aplicações dos Bancos H) Papel-moeda em poder


Comerciais do público

A) Empréstimos ao Setor I) Depósitos nos Bancos


Privado Comerciais

B) Títulos Públicos e Privados Recursos Não Monetários dos

Aplicações do Banco Central Bancos Comerciais

C) Reservas Internacionais J) Depósito a prazo

D) Empréstimos ao Tesouro K) Depósitos de poupança

Nacional e demais Entes L) Saldo líquido das demais


Federativos contas

E) Títulos Públicos Recursos Não Monetários do

F) Empréstimos ao Setor Banco Central


Privado M) Depósitos do Tesouro

G) Aplicações Especiais Nacional

N) Empréstimos Externos

23
78
O) Recursos Especiais

P) Saldo líquido das demais


contas

Portanto, recorde o Balancete acima!

CRIAÇÃO E DESTRUIÇÃO DE LIQUIDEZ

A determinação da base monetária e dos meios de pagamento, através dos


balancetes da Autoridade Monetária e do Sistema Monetário Consolidado, é fato
consumado.

Ainda melhor, é saber que podemos traduzir os balancetes em simples expressões


algébricas, que determinam os valores da base monetária e dos meios de
pagamento na forma de resíduos.

Vejamos:

𝚫𝑩𝒂𝒔𝒆 𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒂 = 𝚫𝑨𝒕𝒊𝒗𝒐𝑩.𝑪𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒍 − 𝚫𝑷𝒂𝒔𝒔𝒊𝒗𝒐 𝒏ã𝒐 𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒐𝑩.𝑪𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒍

𝚫𝑴𝒆𝒊𝒐𝒔 𝑷𝒈𝒕𝒐 = 𝚫𝑨𝒕𝒊𝒗𝒐𝑺.𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒐 − 𝚫𝑷𝒂𝒔𝒔𝒊𝒗𝒐 𝒏ã𝒐 𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒐𝑺.𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒐

A variação na base monetária é resultado de variações no ativo do balancete do


Banco Central ou em seu passivo não monetário. A elevação do ativo e a redução
do passivo não monetário aumentam a base monetária

O aumento nos meios de pagamento é resultado ou do aumento do ativo do


balancete do sistema monetário consolidado, ou da redução do passivo não
monetário do mesmo.

Outras duas conclusões são essenciais à análise:

24
78
➢ Haverá variação na base monetária apenas quando um dos lados da
operação for a autoridade monetária.

Por exemplo, quando o Banco Central adquire títulos públicos, ele aumenta a base
monetária. Nesta operação, obrigatoriamente deve estar de um lado o Banco
Central e do outro lado o setor bancário ou não bancário.

Outro exemplo ocorre quando o Banco Central eleva as reservas internacionais,


aumentando o ativo do balancete e, consequentemente, a base monetária. Ao
elevar a quantidade de reservas internacionais, o banco central adquire moeda
internacional em troca de moeda doméstica, acarretando no aumento da base
monetária. Inversamente, quando o banco central toma empréstimos externos, ele
remete moeda ao exterior, reduzindo a base monetária.

➢ Haverá variação nos meios de pagamento sempre que o setor bancário


trocar ativos monetários com ativos não monetários, ou vice-versa, com o setor não
bancário. Assim, quando o banco comercial adquire ativos não monetários (títulos
privados, por exemplo) do setor não bancário, ele provoca elevação no ativo do
setor bancário e, consequentemente, elevação dos meios de pagamento; esta
operação chama-se monetização.

Analogamente, quando o setor bancário adquire haveres monetários do setor


privado em troca de haveres não monetários, ele destrói meios de pagamento.

Com já dissemos, variações na base monetária e nos meios de pagamento


permitem compreender o tipo de política monetária praticada na economia. Se
expansionista, a base monetária se eleva, assim como a oferta de moeda. Se
contracionista, ocorre o contrário.

No Quadro abaixo seguem exemplos de operações entre o setor bancário e o não


bancário, implicando em modificações nos meios de pagamento.

25
78
EXEMPLOS DE Δ Meios de Pagamento

Em resumo, as variações ativas nos meios de pagamento prescindem da


elevação das operações ativas do setor monetário ou pela queda do passivo
não monetário do setor bancário.

Do mesmo modo, variações passivas dos meios de pagamento demandam


ou a redução das operações ativas do setor monetário, ou o aumento do
passivo não monetário do setor bancário.

Seguem abaixo alguns exemplos ilustrativos:

a) um indivíduo deposita a prazo no banco comercial $10 >> há destruição


de meios de pagamento; a operação aumenta o passivo não monetário.

b) o banco compra títulos do público >> há criação de meios de


pagamento, tendo em vista a elevação do ativo do sistema bancário.

c) o indivíduo faz um depósito à vista no banco >> nada ocorre, pois há


uma transferência dentro das contas de meios de pagamento

d) O governo paga servidores, sacando seus depósitos no banco central


>> há criação de meios de pagamento, pois o passivo não monetário varia
negativamente

e) o governo deposita o superávit orçamentário obtido no BACEN >> há


destruição de meios de pagamento; o saldo da conta depósitos do Tesouro
Nacional aumenta (aumento do passivo não monetário).

26
78
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

Conhecemos as funções da moeda e dos conceitos de agregados monetários.

Sabemos também que as operações registradas nos balancetes da Autoridade


Monetária e do Sistema Bancário resultam em variações na base monetária e nos
meios de pagamento.

No entanto, até o momento, os registros contábeis evidenciaram a estática. Até


aqui, as operações realizadas entre o Banco Central e os Bancos Comerciais
podem resultar em elevação da base monetária, e só.

Falta-nos compreender como as variações na base monetária resultam em


variações nos meios de pagamento, ou, mais amplamente, como a base
monetária determina os meios de pagamento, a partir do multiplicador bancário.
Assim, teremos o comportamento dinâmico.

Os meios de pagamento são um múltiplo da base monetária.

Desta forma:

𝑴𝒆𝒊𝒐𝒔 𝒅𝒆 𝑷𝒂𝒈𝒂𝒎𝒆𝒏𝒕𝒐
𝒎=
𝑩𝒂𝒔𝒆 𝑴𝒐𝒏𝒆𝒕á𝒓𝒊𝒂

A variável m (multiplicador monetário) exprime este múltiplo, ou seja, demonstra em


que medida os meios de pagamento superam a base monetária. São admitidos os
seguintes parâmetros na expressão:

c = papel moeda em poder do público/meios de pagamento

d1 = depósitos à vista nos bancos comerciais/meios de pagamento

r1 = encaixes dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos comerciais

r2 = depósitos voluntários dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos


comerciais

27
78
r3 = depósitos compulsórios dos bancos comerciais/depósitos à vista nos bancos
comerciais

R = r1+r2+r3 (encaixe total)/depósitos à vista nos bancos comerciais

Os parâmetros exprimem todas as maneiras pelas quais os meios de pagamento


podem ser direcionados: papel moeda, depósitos à vista, caixa dos bancos,
reservas voluntárias e compulsórias no Banco Central.

Para fins didáticos, vamos suprimir a dedução da fórmula e apresentá-la já pronta:

𝟏
𝒎=
𝟏 − 𝒅𝟏(𝟏 − 𝑹)

ou
𝚫𝑩
𝚫𝑴 =
𝟏 − 𝒅𝟏(𝟏 − 𝑹)
As duas versões da expressão do multiplicador apresentam a mesma forma. Através
da primeira, encontramos o valor próprio do multiplicador (m).

Pela segunda, encontramos a variação nos meios de pagamento (𝚫𝑴) dada a


variação na base monetária (𝚫𝑩).

O multiplicador é positivamente relacionado a d1.

Na prática, caso a relação entre depósitos à vista e meios de pagamento se eleve,


os bancos comerciais podem elevar suas operações ativas e, assim, elevar os meios
de pagamento em circulação.

Do mesmo modo, caso R se eleve, evidenciando maior proporção de encaixes em


relação ao total de depósitos à vista nos bancos comerciais, os bancos terão menor
grau de liberdade para promover operações ativas, denotando menor criação de
meios de pagamento, ou seja, menor multiplicador da base monetária. É o caso,
por exemplo, da elevação do compulsório pelo BACEN.

Esta relação evidencia a seguinte conclusão:

28
78
Ao passo que a Autoridade Monetária possui o condão de influenciar o valor da
base monetária, ela também pode influenciar o valor dos meios de pagamento de
maneira indireta, através do multiplicador.

Os meios de pagamento são influenciados diretamente pelos bancos comerciais,


através das operações que modificam o ativo e o passivo não monetário do sistema
bancário, como já vimos.

Podemos citar três exemplos e mostrar as conclusões:

a) 60% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista


(d1 = 0,6) e o encaixe total em relação aos depósitos da ordem de 30% (R=0,3):

𝟏
𝒎= = 𝟏, 𝟕𝟐
𝟏 − 𝟎, 𝟔(𝟏 − 𝟎, 𝟑)

b) 60% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista


(d1 = 0,6) e o encaixe total em relação aos depósitos da ordem de 40% (R=0,4):

𝟏
𝒎= = 𝟏, 𝟓𝟔
𝟏 − 𝟎, 𝟔(𝟏 − 𝟎, 𝟒)

c) 70% dos meios de pagamento mantidos sobre a forma de depósitos à vista


(d1 = 0,7) e o encaixe total em relação aos depósitos da ordem de 40% (R=0,4):

𝟏
𝒎= = 𝟏, 𝟕𝟐
𝟏 − 𝟎, 𝟔(𝟏 − 𝟎, 𝟒)

O aumento de d1 eleva o multiplicador; o aumento de R reduz o multiplicador.

No entanto, como os meios de pagamento são determinados diretamente pelo


setor bancário, nem sempre as variações na base monetária podem ser totalmente
repassadas aos meios de pagamento.

Os bancos podem decidir manter em encaixe toda a expansão da base


monetária, reduzindo o valor do multiplicador.

29
78
Há que se considerar certa estabilidade no multiplicador bancário. Todavia esta
estabilidade não é necessariamente uma regra imutável. E as bancas adoram fazer
questões que englobam estes conceitos.

É muito comum afirmarem que um determinado aumento na base monetária


resulta, com total certeza, em aumento da quantidade de meios de pagamento.
Isto é incorreto: como já citado, mesmo o aumento da base monetária pode não
resultar em elevação da base monetária, pois o multiplicador monetário pode
mudar.

Não obstante, o Banco Central possui os seguintes instrumentos para aumentar a


quantidade de meios de pagamento:

a) expandir os empréstimos ao Governo

b) expandir os empréstimos ao setor privado

c) expandir os redescontos (ou reduzir a taxa de redesconto)

d) comprar títulos públicos em poder do público bancário ou não bancários


(operações de open market, como o Quantitative Easing)

e) reduzir o passivo em moeda estrangeira

f) aumentar as reservas internacionais

g) reduzir a relação encaixes/depósitos (R), diminuindo a exigência de depósitos


compulsórios.

Naturalmente, como já citamos diversas vezes, todas estas operações elevam a


base monetária e podem ser vistas a partir do balancete da Autoridade Monetária
(elas aumentam o ativo ou diminuem o passivo não monetário) e, por isto, são
chamadas de operações ativas.

30
78
DEMANDA POR MOEDA

A definição de moeda é simples e clara: todas as formas que servem como meio
de troca/reserva de valor/unidade de conta.

Antes de iniciar a discussão dos motivos, devemos compreender que a demanda


por moeda reside em uma simples condição: a demanda por moeda é a demanda
por saldos reais.

Ou seja, todos demandam moeda interessados no poder de compra que elas


oferecem. Não buscamos tão somente o valor monetário (valor nominal) que a
quantidade de moeda exprime, mas sim seu valor real (a quantidade de bens que
ela permite adquirir).

O indivíduo está livre do fenômeno conhecido como “ilusão monetária” pois as


variações nos preços não o “enganam” quando o assunto é a demanda por
moeda.

Visto de outra forma, a demanda por saldos reais de moeda implica que a
demanda nominal por moeda se altera no mesmo sentido e grau da alteração de
preços. Caso os preços se elevem, a demanda nominal por moeda também irá se
alterar. Tudo o mais constante (como renda, taxa de juros, custos de transação), a
demanda real é mantida constante.

Portanto, atenção! a este aspecto que ora, ou outra, é utilizado em questões nos
mais diversos concursos públicos: em todos os modelos vistos adiante a demanda
por moeda é a demanda por saldos reais.

DEMANDA POR MOEDA CLÁSSICA

O modelo clássico de demanda por moeda é naturalmente nosso ponto de


partida.

31
78
Formulado primeiramente pelo economista francês Jean Bodin, a demanda por
moeda é colateral à demanda agregada da economia. Esta conclusão é
demonstrada através da Teoria Quantitativa da Moeda (TQM).

A TQM apresenta a seguinte forma:

𝑴×𝑽=𝑷×𝒀

Segundo os economistas clássicos, a velocidade da moeda (V) é a quantidade de


turnos que faz a moeda para cumprir com toda a produção da economia. Ou seja,
dado que a produção agregada soma $10, e há 2 unidades monetárias, a moeda
deverá circular 5x na economia para cumprir com todas as transações.
Adicionalmente, como representa questões institucionais da economia, entre
outras, a velocidade é constante na expressão da TQM.

O produto (Y) é função dos fatores de produção (capital, trabalho e tecnologia),


de modo que é exógeno ao modelo, isto é, não é determinado nesta expressão e,
desta forma, é fixo.

Portanto, as variações na quantidade de moeda (M) tão somente modificam o


nível de preços (P) e, consequentemente, o valor nominal da produção, que é
dado por 𝑷 × 𝒀.

Portanto, mais moeda implica em maior demanda agregada, pois eleva o produto
nominal da economia.

Os economistas clássicos (Bodin, Marshall, Wicksell e Fischer) partem do conceito


de dicotomia do mercado monetário. Ou seja, o mercado de moedas (utilizado
tão somente para transações) é separado do mercado de juros (títulos).

Assim, manter a riqueza na forma de moeda não possibilita auferir rendimentos com
juros, pelo que não parece ser uma boa escolha.

No entanto, para realizar as transações, os indivíduos necessitam de moeda, pois


os títulos não cumprem esta função. Tendo em vista esta função, manter riqueza
na forma da moeda parece uma boa escolha.

32
78
Portanto, a demanda por moeda vista pelos clássicos é construída em torno de um
dilema: qual a utilidade que tenho mantendo a riqueza na forma de moeda, e qual
a utilidade que adquiro mantendo a riqueza na forma de títulos?

A resposta dada é natural.

A demanda por moeda é útil apenas para cumprir com as transações da


economia.

Como as transações devem ser equivalentes ao total produzido, pois tudo o que é
produzido é demandado (afinal, os clássicos entendem que a economia está no
equilíbrio eficiente de pleno emprego), em outras palavras, a demanda por moeda
é igual ao produto nominal da economia (total produzido multiplicado pelo preço).

É a mesma ideia por derivada da Teoria Quantitativa da Moeda. No entanto, ao


invés de utilizar a quantidade de moeda na economia (M), vamos utilizar a
quantidade de moeda demandada (Md).

Desenvolvendo a expressão da TQM:

𝑴 × 𝑽=𝑷 × 𝒀

𝟏
𝑴𝒅 = 𝑷𝒀
𝑽

ou

𝑴𝒅 = 𝒌𝑷𝒀

A única diferença entre esta última expressão e a TQM é considerar a demanda


por moeda ao invés da quantidade de moeda. Mas, na prática, como o mercado
monetário está em equilíbrio (oferta de moeda = demanda por moeda), a
substituição não modifica os resultados

Há, também, outra manipulação da expressão para expressar melhor nossos fins. A
velocidade da moeda foi substituída pela constante marshalliana (k). Não assustem
caso ela apareça na prova.

33
78
A constante indica a proporção de retenção da moeda, ou seja, caso k=1, é
necessário reter a moeda apenas 1 vez para demandar o produto nominal da
economia (PY).

Como exemplo, podemos imaginar a constante marshalliana igual a 1/12, caso os


indivíduos retivessem moeda 1 vez por mês para realizar os pagamentos. Durante
todo o período (12 meses) haveria 12 retenções de moeda.

Portanto, conhecer k implica em saber a quantidade de moeda demanda,


durante um período de tempo, necessária para demandar o produto nominal da
economia.

Segue outro exemplo mais detalhado.

Podemos assumir que as empresas produzem todos os bens e serviços da


economia, vendendo-os ao preço P. Naturalmente, elas contratam os
trabalhadores mediante pagamento de salários.

Os indivíduos recebem o salário no dia 01 de cada mês. Mas, o fluxo de


pagamentos por eles efetuados ocorre no decorrer do mês, quando os mesmos
demandam os produtos produzidos pelas firmas. Assim, ao passo que o estoque real
de moeda em posse dos indivíduos é reduzido no decorrer do mês (linha preta), o
estoque de moeda das firmas (linha azul) se eleva, tendo em vista que o fluxo de
pagamentos delas concentra-se no dia 01 de cada mês e o fluxo de recebimentos
ocorre no decorrer do mês.

34
78
Podemos representar isto graficamente, da forma que segue:

PY

Tempo
01/01 01/02 01/03 01/04

A linha azul representa a demanda por moeda das firmas. Eleva-se até o último dia
do mês, devido à venda da produção. No entanto, no dia 01 de cada mês é
reduzida a zero, através do pagamento do fator trabalho.

Os trabalhadores, por sua vez, representados pela linha preta, apresentam estoque
máximo de moeda no dia 01, o qual cai durante o mês, ao passo que demandam
a produção ofertada da economia.

Neste exemplo de 4 meses, a constante marshalliana (k) é igual a ¼, ou seja,


durante todo o período, a moeda é retida em 4 momentos na proporção de ¼ do
total.

Este é o primeiro determinante da demanda por moeda clássica:

Os indivíduos demandam moeda em função das transações que realizam. Como


não podem transacionar com títulos, devem demandar a moeda no montante
relativo ao valor da produção nominal.

Seguindo, temos mais um importante fator determinante da demanda de moeda:


a desconcentração econômica.

35
78
Se partirmos de uma economia de subsistência, em que o mesmo agente produz
todas suas necessidades, naturalmente não haveria a necessidade de demandar
moeda para realizar transações.

Ao passo que a economia se torna mais complexa, outros indivíduos produzem


diferentes bens, novas necessidades são incluídas nas preferências dos
consumidores e, naturalmente, faz-se necessário mais moeda para satisfazer este
grau de complexidade.

Desta forma, a demanda por moeda tende a se elevar com o grau de


desconcentração do sistema econômico.

Por último, a incerteza deve ser considerada na determinação da demanda por


moeda.

Os indivíduos não sabem prever ao certo as datas e montantes de seus


pagamentos e recebimentos. Devido a algum fator extraordinário, o recebimento
de salário pode atrasar; a produção pode não ser totalmente vendida, e assim por
diante.

A necessidade de enfrentar este grau de incerteza resulta na demanda por moeda


por motivos de segurança, ou precaução.

Quanto maior o grau de incerteza, maior a necessidade de demandar moeda para


esta finalidade.

Naturalmente, a demanda de moeda por precaução reduz a velocidade da


moeda, pois os indivíduos mantêm consigo mais moeda do que o necessário para
cumprir com suas transações normais. A constante marshalliana se eleva (ficando
mais próxima de 1).

Resumindo, a demanda por moeda no modelo clássico é função de 3 parâmetros:

• Produto Nominal – Os indivíduos devem escolher a quantidade de moeda


suficiente para demandar o produto da economia, refletida na constante k
(retenção de moeda) da Teoria Quantitativa da Moeda.

36
78
• Desconcentração Econômica - Eleva o número de transações e,
consequentemente, a quantidade de moeda.

• Incerteza – Também chamada de motivo precaução, a presença de


incerteza faz com que os agentes demandem moeda por prudência, elevando a
constante marshalliana.

DEMANDA POR MOEDA KEYNESIANA

Para determinar seu modelo de demanda por moeda, Keynes partiu das
observações feitas pelos clássicos. Assim, a demanda por moeda keynesiana
também considera os motivos transação e precaução, com algumas leves
modificações. O avanço proposto por Keynes foi a demanda pelo motivo
especulação, como veremos adiante.

Motivo Transação

Nada mais, nada menos, que a demanda por moeda identificada pelos clássicos.
Keynes apenas criou o nome: motivo transação.

Para ele, os agentes da economia mantêm saldos monetários para realizar as


transações econômicas necessárias, dada a diferença entre o prazo de
recebimento dos rendimentos e as datas de pagamentos das transações.

Naturalmente, a demanda pelo motivo transação era proporcional ao produto


nominal gerado pela economia (PY), seguindo a terminologia da TQM.

Desta forma, Keynes afirmou que a demanda por moeda pelo motivo transação é
diretamente relacionada à renda. Como a renda é uma boa medida do volume
de transações (afinal, quanto maior a renda mais provável o indivíduo demandar
mais bens e serviços), a demanda por moeda para fazer frente às transações
estava intrinsecamente relacionada à renda.

37
78
Não obstante, os agentes possuem a escolha de manter a riqueza em moeda, não
auferindo rendimentos com juros, ou mantê-la na forma de títulos financeiros,
ficando impossibilitado de realizar transações.

Este é o trade off básico da demanda por moeda: ganhar juros e realizar menos
transações, ou demandar mais bens e serviços ao custo de auferir menos
rendimentos.

Assim, ao passo que a taxa de juros aumenta, os indivíduos têm a propensão em


consumir menos, reservando uma parcela da renda para aplicação em títulos,
dado o aumento de rentabilidade.

Natural, pois a taxa de juros remunera as aplicações em títulos. A elevação nos juros
provoca o chamado efeito substituição entre liquidez e taxa de juros, isto é, os
indivíduos preferem manter a riqueza na forma de títulos, auferindo remuneração
mais elevada, ao mantê-la na forma líquida, para cumprir com suas transações de
bens e serviços.

Consequentemente, a demanda por moeda pelo motivo transação é inversamente


relacionada à taxa de juros.

Resumindo:

• Renda - A demanda por moeda pelo motivo transação é diretamente


relacionada à renda (o aumento da renda provoca aumento na demanda por
moeda)

• Taxa de Juros - A demanda por moeda pelo motivo transação é inversamente


relacionada à taxa de juros (o aumento da taxa de juros reduz a demanda por
moeda), pois ocorre o efeito substituição.

Motivo Precaução

O motivo precaução segue as conclusões previstas pelos economistas clássicos.

38
78
A presença de incerteza na economia tende a provocar nos agentes certa
cautela, a qual resulta em demanda de moeda para cobrir possíveis contingências.

A demanda pelo motivo precaução é também positivamente relacionada à renda


e negativamente relacionada à taxa de juros, pois mais renda permite aos
indivíduos reservar mais liquidez para imprevistos, assim como o aumento na taxa
de juros torna menos atrativo manter a riqueza da forma líquida.

Resumindo:

• Incerteza - A presença de incerteza faz com que os agentes demandem


moeda por prudência, sendo o cerne da demanda por moeda pelo motivo
precaução

• Renda - A demanda por moeda pelo motivo precaução é diretamente


relacionada à renda (o aumento da renda provoca aumento na demanda por
moeda)

• Taxa de Juros - A demanda por moeda pelo motivo precaução é


inversamente relacionada à taxa de juros (o aumento da taxa de juros reduz a
demanda por moeda), pois ocorre o efeito substituição.

Motivo Especulação

A grande novidade trazida por Keynes foi a possibilidade de manter moeda para
aplicação em títulos com o objetivo de ganhos financeiros derivados da
especulação.

Além de a moeda servir como meio de troca e unidade de conta, como visto pelos
economistas clássicos, ela também poderia ser útil na geração de patrimônio
(reserva de valor).

Keynes entendeu que os agentes poderiam reservar parte de sua riqueza na forma
de moeda na expectativa de auferir ganhos com a variação no preço de mercado
de títulos. A esta demanda, deu o nome de demanda de moeda pelo motivo
especulação.

39
78
Vamos compreender suas características.

A teoria básica das finanças ensina que o preço de mercado de um título que paga
certa remuneração constante (chamada de cupom) é negativamente
relacionado com a taxa de juros.

Vamos entender a partir do seguinte exemplo.

Você foi ao mercado de juros e adquiriu um título no valor de R$ 1.000,00 que


promete pagar anualmente um cupom de 10%, ou seja, R$ 100,00, de maneira
perpétua (este título é chamado de perpetuidade).

No entanto, no ano seguinte, a taxa de juros da economia subiu para 20%. Como
o cupom pago é fixo (R$ 100,00), o preço de mercado do título caiu para R$ 500,00
(20% = 100/500) e você perdeu metade da riqueza aplicada em títulos.

A expressão é simples e intuitiva:

𝑪
𝒊=
𝑻

A taxa de juros de mercado (i) é inversamente relacionada ao preço de mercado


do título (T), pois o valor do cupom é fixo (C). Desta maneira, caso ocorra elevação
na taxa de juros de mercado, há queda no preço de mercado de títulos.

Tendo em vista esta relação, Keynes pensou da seguinte forma: a expectativa de


elevação na taxa de juros provoca expectativa de queda no valor de mercado nos
títulos.

Os agentes da economia vendem os títulos e mantém a riqueza na forma de


moeda, ou seja, aumentam a demanda por moeda.

Da mesma maneira, a expectativa de queda da taxa de juros, resulta em aumento


na demanda por títulos, pois os agentes esperam auferir ganhos patrimoniais com
o provável aumento futuro no preço de mercado dos títulos.

Resultado: há substituição de moeda por títulos.

40
78
No limite, definido por Keynes como uma taxa de juros de 2% (ou menos), os
indivíduos possuem a expectativa de aumento na taxa de juros no período
subsequente.

Todos iriam manter a riqueza na forma de moeda, pois a expectativa é de subida


da taxa de juros e queda no preço de mercado dos títulos.

Neste caso limite, a demanda por moeda é infinitamente elástica. Ou seja, toda e
qualquer forma de riqueza é mantida da maneira líquida, pois o preço dos títulos,
cedo ou tarde, irá cair com o aumento da taxa de juros.

A este fato, Keynes deu o nome de armadilha da liquidez (liquidity trap), ou seja,
toda a expansão monetária se manteria na forma líquida (papel moeda ou moeda
escritural) e nada seria alocado em títulos.

Portanto, de acordo com a demanda por moeda pelo motivo especulação, a


demanda é positivamente relaciona à taxa de juros futura (mantendo-se
negativamente relacionada a taxa de juros corrente):

Md = f(i, i’)

A esta função de demanda - + Keynes adicionou mais um pressuposto


além da ideia da armadilha da liquidez: a taxa de juros esperada era rígida no curto
e médio prazos, ou seja, a taxa de juros corrente seria provavelmente igual à futura
até o médio prazo, transformando a demanda de moeda pelo motivo especulativo
em função apenas da taxa de juros corrente.

41
78
Graficamente, temos a seguinte forma:

i = 2%
Armadilha da Liquidez

Md

O gráfico resume muito bem o que vimos até o momento. A demanda por moeda
(Md) é negativamente relacionada à taxa de juros corrente. A partir de certo valor
da taxa de juros, estimando por Keynes em 2%, toda a riqueza é mantida na forma
de liquidez (armadilha da liquidez).

A expectativa de todos os agentes é que a taxa de juros suba no período


subsequente. Evidentemente, ninguém se arriscaria a demandar títulos e incorrer
em perdas iguais à depreciação do valor de mercado dos mesmos.

Sendo assim, a demanda por moeda pelo motivo especulação está inversamente
relacionada, segundo Keynes, com a taxa de juros corrente: taxas mais elevadas
resultam em menor demanda por moeda (o que é compatível com a expectativa
de redução na taxa, aumento no preço do título, e alocação da riqueza em títulos);
taxas mais baixas resultam em maior demanda por moeda (o que é compatível
com a expectativa de aumento na taxa de juros, redução no preço dos títulos e
alocação da riqueza em moeda).

A Demanda por Moeda no Modelo Keynesiano

Agregando as observações Keynesianas para a demanda por moeda (transação,


precaução e especulação), ficamos com a seguinte conclusão:

42
78
𝑴𝑫 = 𝒌𝑷𝒀 + 𝑳(𝒊)

+ -
Parte da demanda por moeda (MD) é positivamente relacionada ao nível de renda
e expressa pela constante marshalliana (kPY) (motivos transação e precaução).

A outra parte está negativamente relacionada à taxa de juros (L(i)), devido ao fato
das variações na taxa de juros implicarem em variações no valor de mercado dos
títulos e, consequentemente, em perdas e ganhos aos agentes que demandam
títulos.

Desta maneira, reduções na taxa de juros elevam o preço dos títulos, criando
expectativa futura de elevação nos juros e decréscimo no preço dos títulos. Como
resultado, os agentes trocam títulos por moeda, ou seja, elevam a demanda por
moeda.

O raciocínio inverso é análogo. Adicionalmente, é importante considerar que a


elevação na taxa de juros provoca o famoso efeito substituição entre consumo e
poupança, ou seja, taxas de juros mais elevadas tornam a poupança mais
interessante, de modo que os indivíduos alocam uma maior parcela da sua renda
em títulos que pagam juros e menos em consumo. Assim, mais juros indicam menor
demanda por moeda.

É muito comum as bancas apresentarem a demanda total por moeda keynesiana


da forma convencional expressa abaixo:

𝑴
= 𝑳(𝒊, 𝑸𝑫 )
𝑷

Não obstante, a forma convencional expressa as mesmas conclusões já citadas: a


demanda por moeda é positivamente relacionada a quantidade de demanda
agregada (QD) e negativamente relacionada à taxa de juros (i).

As Bancas cobram em demasia a demanda por moeda Keynesiana.

43
78
No concurso de Consultor de Orçamentos do Senado Federal, realizado em 2002
pelo CESPE, foi feita a seguinte afirmativa:

Caso uma unidade familiar retenha moeda em seu poder, existe um custo no que
se refere à possibilidade de consumo, que decresce quando a taxa nominal de
juros aumenta.

O custo que se refere à possibilidade de consumo é a taxa de juros. Afinal, manter


a riqueza da forma líquida proporciona perda de rendimentos relacionados à taxa
de juros. Desta forma, quanto mais elevada a taxa de juros, maior é este custo.
Portanto, a questão está incorreta quando afirma que o custo decresce quando a
taxa de juros nominal aumenta.

MODELO BAUMOL-TOBIN

O modelo Baumol-Tobin procura solucionar a dicotomia clássica também um


pouco presente no modelo keynesiano: ao demandar moeda os indivíduos perdem
juros, mas podem realizar transações; ao demandar títulos, perdem em transações,
mas ganham em juros.

Para os economistas que dão nome a este modelo, a demanda por moeda deveria
ser vista com a abordagem de estoques. Certa parcela da riqueza do indivíduo
deve ser estocada na forma de moeda, de modo que ele possa realizar as
transações mas não perca a possibilidade de auferir rendimentos da outra parcela
alocada na forma de títulos.

Há a possibilidade de o indivíduo alocar sua riqueza de maneira eficiente entre


liquidez e títulos e maximizar sua utilidade.

Um exemplo prático é sempre importante na compreensão da teoria.

Vamos supor o caso da família que recebe os recursos no primeiro dia de cada mês
em uma conta poupança (rende juros), da mesma forma como foi apresentado

44
78
no modelo clássico. O saldo em moeda é máximo no dia de recebimento da renda
e vai se reduzindo com o passar do período, tendo em vista as transações pagas
em moeda.

Mas, aqui há uma diferença fundamental. O valor pode ser depositado em uma
conta que rende juros, como uma conta poupança. Assim, a família pode retirar
desta conta o valor necessário para efetuar seus pagamentos, mediante o
pagamento de um custo de transação.

Este custo de transação pode ser expresso em função do número de saques


realizados, afinal cada saque exige fila de espera, custos de corretagem, entre
outros, e do custo de oportunidade auferido pela perda do rendimento com juros,
pois, como já explicamos, a moeda da forma líquida não rende juros.

Agregando as duas formas dos custos de transação, temos que:

𝑷𝑸 𝑴∗
𝑻𝑪 = 𝑷𝒃 × ( )+ 𝒊 × ( )
𝑴∗ 𝟐

Sendo:

Pb = custo fixo de cada retirada (pode representar os custos de se dirigir ao banco)


𝑷𝑸
= o valor nominal das transações (PQ) dividido pela quantidade ótima de moeda
𝑴∗

sacada (M*)
𝑴∗
𝒊( ) = taxa de juros (i) multiplicada pelo nível médio de moeda mantido durante o
𝟐

período, representando o rendimento que a família deixou de ganhar, ou seja, o


custo de oportunidade.

Desta maneira, o custo de transação deve ser entendido como:

O custo fixo de cada retirada multiplicado pelo número de saques mais o custo
de oportunidade referente ao período multiplicado pela quantidade média de
moeda.

45
78
Graficamente, temos a seguinte representação de cada variante:

Custo TC

OC

CW

M* PQ

A curva que mede os custos de saques (CW) é inversamente relacionada à


quantidade de moeda mantida da forma líquida. Deste modo, ao passo que mais
riqueza é mantida na forma de moeda, menor o custo de saques, fato que resulta
no formato de hipérbole da curva.

A reta que mede o custo de oportunidade (OC) é crescente em relação aos saldos
reais de moeda. Alocar mais riqueza na forma de moeda corresponde a auferir
menos rendimento, de modo que o custo de oportunidade se apresente de
maneira crescente ao estoque de moeda.

A quantidade ótima de transações (n*) é encontrada na intersecção entre as duas


curvas, representa o ponto mínimo da curva de custos de transação. A expressão
segue abaixo:

𝒊𝒀
𝒏 ∗ = √( )
𝟐𝒕𝒄

Quanto maior a taxa de juros, maior o número de transações realizadas. Ou seja, o


indivíduo prefere reter a riqueza na forma de poupança, sacando os valores
quando necessários para atender sua demanda por bens e serviços. Naturalmente,
quanto maior os custos de transação, menor a quantidade de transações.

Da expressão acima, podemos derivar a demanda por moeda, que segue abaixo

46
78
𝑴 𝒕𝒄 × 𝒀
=√
𝑷 𝟐𝒊

A demanda por moeda é proporcional à renda (Y) e aos custos de transação (tc),
na proporção de ½. Isto significa que há economias de escala na administração
dos saldos monetários – a relação entre aumento na renda e aumento na
demanda por moeda é dado pelo constante ½ (valor da elasticidade-renda da
demanda por moeda).

Ou seja, mesmo que ocorra o aumento na demanda por moeda, face ao aumento
na renda, isto é feito em menor grau que o aumento na renda.

Do mesmo modo, a demanda por moeda é inversamente relacionada à taxa de


juros, na proporção -½. Caso a taxa de juros aumente em 1%, a demanda por
moeda será reduzida em 0,5%.

Resumindo:

• a demanda por moeda (MD*/P) é vista como a demanda por saldos reais, ou
seja, medida em termos de poder de compra; deste modo, as pessoas estão
preocupadas com o nível real de moeda mantido, ou seja, caso os preços dobrem,
o estoque de moeda também irá dobrar.

• o aumento da renda real (Y) eleva a quantidade de transações e,


consequentemente, a quantidade de riqueza mantida da forma líquida; fato que
permite concluir que a demanda por moeda é positivamente relacionada à renda;

• o custo de transação (tc) é também positivamente relacionado à demanda


por moeda; o aumento em (tc) incentiva a família a reter a riqueza na forma líquida,
reduzindo a quantidade mantida na poupança; deste modo, caso (tc) aumente,
naturalmente irá aumentar o número de transações.

• a taxa de juros (i) é negativamente relacionada à demanda por moeda,


devido ao efeito-substituição (juros maiores promovem maiores possibilidades de

47
78
rendimento em títulos e menor demanda por moeda; os agentes substituem moeda
por títulos na proporção de -½)

As conclusões do Modelo Baumol-Tobin são aplicáveis aos dias de hoje, mas com
restrições. A teoria foi formulada na década de 50. Portanto, não era possível a
realização de transações pela internet, que reduziu drasticamente o valor do custo
de transação.

No entanto, ao passo que depósitos à vista não rendem juros (ou rendem uma taxa
ínfima), a ideia expressa no modelo é ainda válida aos dias atuais.

48
78
RESUMO

• Agregados Monetários (classificados de acordo com a instituição emissora)

M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista (moeda escritural)

M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições


depositárias (depósitos a prazo, letras de câmbio, letras hipotecárias e letras de imobiliárias).

M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa (Fundos Cambial, Curto Prazo, Renda Fixa, Multimercado,
Referenciado) + operações compromissadas registradas no Sistema Especial de Liquidação e Custódia
(SELIC)

M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez.

• Contas do Sistema Monetário


Ativo Passivo

Meios de Pagamento
Aplicações dos Bancos Comerciais
H) Papel-moeda em poder do público
A) Empréstimos ao Setor Privado
I) Depósitos nos Bancos Comerciais
B) Títulos Públicos e Privados
Recursos Não Monetários dos Bancos
Aplicações do Banco Central
Comerciais
C) Reservas Internacionais
J) Depósito a prazo
D) Empréstimos ao Tesouro Nacional
K) Depósitos de poupança
e demais Entes Federativos
L) Saldo líquido das demais contas
E) Títulos Públicos
Recursos Não Monetários do Banco
F) Empréstimos ao Setor Privado
Central
G) Aplicações Especiais
M) Depósitos do Tesouro Nacional
N) Empréstimos Externos
O) Recursos Especiais
P) Saldo líquido das demais contas

Δ+ Base Monetária - Δ+ Ativo do BACEN ; Δ- Passivo não Monetário do BACEN


Δ+ Meios de Pagamento - Δ+ Ativo do Sistema Monetário Δ- Passivo não Monetário do Sistema Monetário

Criação / Destruição de Liquidez - Δ+ / Δ- Meios de Pagamento (para melhor entendimento, a


criação/destruição de liquidez deve ser vista a partir das variações na Conta Meios de Pagamento no
Balancete do Sistema Monetário)

49
78
• Multiplicador Monetário

𝟏
𝒎=
𝟏 − 𝒅𝟏(𝟏 − 𝑹)

ou
𝚫𝑩
𝚫𝑴 =
𝟏 − 𝒅𝟏(𝟏 − 𝑹)
• Demanda por Moeda
Clássico
𝑴𝒅 = 𝒌𝑷𝒀
A demanda por moeda é função da constante marshalliana (inverso da velocidade). Ela representa a
retenção da moeda em função do produto da economia. Assim, ela representa o percentual do produto
nominal, em termos de moeda, retido para transações em determinado período.
Keynesiano
3 motivos [transação, precaução (proporcionais à renda) e especulação (inverso da taxa de juros
corrente e proporcional à expectativa da taxa de juros futura)]. Assim, quanto maior a renda e menor a
taxa de juros, mais demanda por moeda.
𝑴
= 𝑳(𝒊, 𝑸𝑫 )
𝑷
Baumol-Tobin

𝑴 𝒕𝒄 × 𝒀
=√
𝑷 𝟐𝒊
A elevação nos custos de transação e na renda elevam a demanda por moeda (há economias de
escala neste processo). Juros mais elevados provocam redução na demanda por moeda, através do
efeito substituição.

50
78
QUESTÕES PROPOSTAS

(CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Economia/2011)

Em relação ao tema de agregados monetários, considere as seguintes siglas:


PMC = Papel-moeda em circulação
CBCOM = Encaixe em moeda mantido pelo sistema bancário (Caixa dos Bancos
Comerciais)
CBACEN = Caixa do Banco Central
DVBCOM = Depósitos à vista nos bancos comerciais
PMPP = Papel-moeda em poder do público
PME = Papel-moeda emitido
TPPSP = Títulos públicos em poder do setor privado
TEID = Títulos emitidos por instituições depositárias.
A definição de meios de pagamento (M1) é dada por

a) M1 = PMC – CBCOM – CBACEN + DVBCOM


b) M1 = PME – CBACEN – CBCOM + DVBCOM
c) M1 = PMPP + TPPSP
d) M1 = PMPP + DVBCOM + TEID
e) M1 = PMPP + PMC – PME + DVBCOM

(CESPE - Economista (MTE)/2008)

A teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes agregados


econômicos. Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue item que se segue.
Se, em razão da recessão mundial, as famílias decidirem elevar seus depósitos de
poupança para se precaverem das incertezas geradas pela crise, ocorrerá um
aumento dos agregados monetários M2 e M3.

51
78
CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

Julgue o item seguinte, com relação ao balanço de pagamentos.

A variação negativa das reservas internacionais implica retração da base


monetária.

(CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 1/2009)

Entre as várias ações do Banco Central que resultam numa política monetária
expansionista, NÃO se encontra a

a) compra de moeda estrangeira no mercado cambial.

b) compra de títulos federais no mercado aberto.

c) venda de títulos federais no mercado aberto.

d) redução do percentual de recolhimento compulsório dos bancos ao Banco


Central.

e) redução da taxa de juros dos empréstimos de liquidez do Banco Central aos


bancos.

FGV - Consultor de Orçamentos (SEN)/Consultoria e Assessoramento


em Orçamentos/Assessoramento em Orçamentos/2008

A respeito da política monetária, avalie as afirmativas a seguir:

I. Reduções da taxa de redesconto do Banco Central são um dos instrumentos da


política monetária para expandir a oferta de moeda.

II. Quando o Banco Central vende títulos ao público, a quantidade de moeda


corrente em circulação diminui, e, portanto, a base monetária também se reduz.

III. Estabelecida a relação entre a taxa de juros desejada e a taxa de juros


prevalecente no mercado na ausência de intervenções, se o Banco Central liquida

52
78
operações de compra de moeda estrangeira, tudo o mais constante, surge a
necessidade de compensar o aumento da oferta monetária por meio, por exemplo,
da compra de títulos.

Assinale:

a) se todas as afirmativas estiverem corretas.

b) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se apenas a afirmativa I estiver correta.

d) se apenas a afirmativa II estiver correta.

e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

FGV - Técnico Superior Especializado (DPE RJ)/Economia/2014/

Em relação ao balancete do Banco Central e dos bancos comerciais, analise as


afirmativas a seguir:

I. A base monetária se expande com um aumento do ativo do Banco Central não


compensado por um aumento do seu passivo monetário.

II. A ampliação apenas das reservas internacionais eleva a base monetária.

III. O aumento dos depósitos de poupança aumenta o passivo monetário dos


bancos comerciais.

Assinale se:

a) somente a afirmativa I estiver correta.

b) somente a afirmativa II estiver correta.

c) somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

d) somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) todas as afirmativas estiverem incorretas.

53
78
FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

A respeito do balancete do Banco Central (BC), analise as afirmativas a seguir:

I. Um déficit fiscal eleva o passivo não monetário do BC.

II. Quando uma pessoa realiza um depósito em dinheiro na sua conta corrente,
reduz o passivo não monetário do BC.

III. A concessão de empréstimos por parte do BC a um Ministério do governo eleva


o ativo do BC.

Está correto somente o que se afirma em:

a) I e II;

b) II e III;

c) II;

d) III;

e) nenhuma afirmativa é verdadeira.

FGV - Técnico Superior Especializado (DPE RJ)/Economia/2014/

Em relação ao balancete do Banco Central e dos bancos comerciais, analise as


afirmativas a seguir:

I. A base monetária se expande com um aumento do ativo do Banco Central não


compensado por um aumento do seu passivo monetário.

II. A ampliação apenas das reservas internacionais eleva a base monetária.

III. O aumento dos depósitos de poupança aumenta o passivo monetário dos


bancos comerciais.

Assinale se:

54
78
a) somente a afirmativa I estiver correta.

b) somente a afirmativa II estiver correta.

c) somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

d) somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) todas as afirmativas estiverem incorretas.

(FCC - Analista do Banco Central do Brasil/Área 3/2006)

Numa determinada economia, os encaixes totais mantidos pelo sistema bancário


representam 4/10 do total de seus depósitos à vista em conta corrente. Se a
população desse país mantiver 1/5 dos meios de pagamentos na forma de moeda
manual, um aumento de 1.000 na base monetária acarretará um acréscimo, nos
meios de pagamento, de

a) 1.470
b) 1.923
c) 2.358
d) 3.125
e) 6.250

(ESAF/SNT/2013)

Se o público retém 80% dos meios de pagamentos em depósitos a vista nos bancos
comerciais, supondo que alíquota de depósito compulsório de 30% e que, além
disso, os bancos retêm 7,5% dos depósitos a vista como reserva para contingência
e se o saldo de papel moeda

em circulação for de 5 trilhões de unidades monetárias, pode-se afirmar que:

a) o multiplicador da base monetária é igual a 2.

55
78
b) o volume do papel moeda em poder do público é de 10 trilhões de unidades
monetárias.

c) a base monetária é igual a 2 trilhões de unidades monetárias.

d) o total de depósitos a vista nos bancos comerciais é de 2 trilhões de unidades


monetárias.

e) o estoque dos meios de pagamento é de 50 trilhões de unidades monetárias.

(CESPE - Auditor do Tribunal de Contas da União/2007)

A macroeconomia lida com os grandes agregados econômicos e, por essa razão,


é importante para se avaliar o desempenho global das economias de mercado.
Acerca desse assunto, julgue os itens subsequentes.
Quanto maiores forem as reservas bancárias e a preferência do público por papel-
moeda, menor será o multiplicador monetário e, portanto, menor será a expansão
da oferta de moeda, a partir do aumento da base monetária.

CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Administração/2013/

O sistema bancário de reservas fracionárias possibilita que instituições financeiras


privadas obtenham lucratividade, por permitir que essas instituições

a) paguem impostos federais equivalentes a uma fração de seus depósitos


bancários.

b) possam cobrar de seus clientes, em tarifas bancárias, uma fração de seus


depósitos bancários.

c) mantenham uma fração de seus depósitos bancários em moeda estrangeira.

d) mantenham apenas uma fração de seus depósitos bancários em seus cofres e o


restante nos cofres do Banco Central.

56
78
e) mantenham em mãos apenas uma fração de seus depósitos bancários,
utilizando o resto para oferecer empréstimos com juros.

FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

Na notícia “Base monetária cresce 0,2% em agosto, informou o BC”, o seguinte


trecho é destacado:

“A base monetária encerrou o mês de agosto com expansão de 0,2% na


comparação com julho, pelo conceito da média diária de dias úteis. Segundo
informações do Banco Central, a base alcançou R$ 226,343 bilhões na média diária
no mês passado”.

Uma possibilidade de a base monetária ter se expandido decorre, sem


ambiguidade:

a) da ampliação dos meios de pagamento e dos depósitos à vista;

b) do aumento das reservas mantidas pelos bancos comerciais e do encaixe


monetário mantido pelo Banco Central;

c) do aumento dos depósitos de poupança e das operações compromissadas;

d) Da redução do papel moeda em circulação e do encaixe monetário mantido


pelos bancos comerciais;

e) do aumento da moeda manual e das reservas mantidas pelos bancos


comerciais.

FCC - Analista Previdenciário (MANAUSPREV)/Economia/2015/

Segundo a teoria quantitativa da moeda,

a) a inflação é estritamente um problema monetário, isto é, de um excesso de


moeda frente a uma oferta agregada de bens inelástica, a qual é determinada no

57
78
lado real da economia e responde a fatores como produtividade do trabalho e da
tecnologia de produção.

b) a velocidade de circulação da moeda é considerada, na versão básica desta


teoria, a principal variável explicando a elevação dos preços.

c) a inflação, considerando a equação de trocas, pode ser causada por uma


redução abrupta na produção, como uma seca que leva a uma escassez de bens
agrícolas de primeira necessidade, mesmo que a quantidade de moeda seja
reduzida proporcionalmente à queda do produto.

d) um aumento na produtividade da economia que aumente, de forma


autônoma, o nível agregado de produção não pode causar uma queda do nível
de preços, pois a teoria quantitativa sustenta que um aumento dessa natureza é
automaticamente seguido por um aumento na quantidade de moeda.

e) a inflação pode ocorrer independentemente da quantidade de moeda


existente na economia.

(CESPE/CONSULTOR DE ORÇAMENTOS/SENADO/2002)

Caso uma unidade familiar retenha moeda em seu poder, existe um custo no que
se refere à possibilidade de consumo, que decresce quando a taxa nominal de
juros aumenta.

(CESPE - Analista do Executivo (ES)/Ciências Econômicas/2013/)

Em relação à demanda por moeda, assinale a opção correta.

a) Se todos os preços da economia duplicarem instantaneamente, inclusive os


salários, então a demanda por moeda também dobrará.
b) O valor do M1 é igual à base monetária.
c) Um aumento do PIB real reduz a demanda por moeda na forma do M1.

58
78
d) Um aumento do nível geral de preços reduz a demanda por moeda na forma
do M1.
e) O aumento na taxa de juros dos títulos do Tesouro Nacional e dos depósitos em
poupança gera elevação da demanda por moeda na forma do M1.

(CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

O estudo dos fenômenos monetários é fundamental para a explicação dos


problemas econômicos. Utilizando os conceitos essenciais da teoria monetária,
julgue o item a seguir.

De acordo com o modelo de Baumol-Tobin, a detenção média de moeda − tanto


das firmas como das famílias − aumenta quando a taxa de inflação se eleva.

FGV - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal (Cuiabá)/2014/

No início do ano de 1999, com a desvalorização do Real, ocorreu, por um breve


período, um processo de corrida bancária no Brasil.

Considerando a equação quantitativa da moeda, e que a economia esteja em


pleno emprego, esse processo tende a

a) elevar a velocidade de circulação da moeda, pressionando a inflação,


reduzindo o saldo monetário médio retido pelos agentes e, portanto, diminuindo a
demanda real por moeda.

b) elevar a velocidade da renda monetária, reduzindo o coeficiente marshaliano,


ampliando o saldo monetário médio retido pelos agentes e, consequentemente,
ampliando a demanda real por moeda.

c) reduzir a velocidade da moeda, reduzindo o coeficiente de Cambridge,


gerando deflação e elevando a demanda real por moeda.

59
78
d) reduzir a velocidade da moeda e o produto nominal, gerando pressão
inflacionária e redução do desemprego.

e) elevar a demanda real por moeda e o produto real, o que mantém constante a
velocidade da renda da moeda.

GABARITOS

01 02 03 04 05 06 07 08 09 10

B CERTO CERTO C B B E B B A

11 12 13 14 15 16 17 18

CERTO E E A ERRADO A ERRADO A

60
78
QUESTÕES COMENTADAS

(CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Economia/2011)

Em relação ao tema de agregados monetários, considere as seguintes siglas:


PMC = Papel-moeda em circulação
CBCOM = Encaixe em moeda mantido pelo sistema bancário (Caixa dos Bancos
Comerciais)
CBACEN = Caixa do Banco Central
DVBCOM = Depósitos à vista nos bancos comerciais
PMPP = Papel-moeda em poder do público
PME = Papel-moeda emitido
TPPSP = Títulos públicos em poder do setor privado
TEID = Títulos emitidos por instituições depositárias.
A definição de meios de pagamento (M1) é dada por

a) M1 = PMC – CBCOM – CBACEN + DVBCOM


b) M1 = PME – CBACEN – CBCOM + DVBCOM
c) M1 = PMPP + TPPSP
d) M1 = PMPP + DVBCOM + TEID
e) M1 = PMPP + PMC – PME + DVBCOM

Sabemos que M1 = papel moeda em poder do público + depósitos à vista (moeda


escritural). Ou seja: M1=PMPP+DVBCOM

Também vimos que o PMPP é obtido residualmente, ou seja, é resultado da


dedução entre papel moeda emitido e o caixa do banco central e dos bancos
comerciais. Assim: PMPP = PME – CBACEN – CBCOM

Substituindo a última expressão na primeira:

M1 = PME – CBACEN – CBCOM + DVBCOM

GABARITO: LETRA B

61
78
(CESPE - Economista (MTE)/2008)

A teoria macroeconômica analisa o comportamento dos grandes agregados


econômicos. Utilizando os conceitos básicos dessa teoria, julgue item que se segue.
Se, em razão da recessão mundial, as famílias decidirem elevar seus depósitos de
poupança para se precaverem das incertezas geradas pela crise, ocorrerá um
aumento dos agregados monetários M2 e M3.

Correto! M1 é a forma mais líquida dos meios de pagamento, representando


liquidez à vista. O aumento da poupança ocorrido em épocas de incerteza elevam
M2 e M3, meios de pagamento a prazo.

GABARITO: CERTO

CESPE - Auditor de Controle Externo (TC-DF)/2014/

Julgue o item seguinte, com relação ao balanço de pagamentos.

A variação negativa das reservas internacionais implica retração da base


monetária.

A maneira mais simples de verificar a 7ocorrência de variações na base monetária


é através da análise do balancete da autoridade monetária, que segue abaixo:

62
78
Guarde as seguintes regras:

Variações positivas no ativo do balancete (mantendo constante o passivo não


monetário) resultam em aumento da base monetária. Variações negativas, em
redução da base monetária

Variações positivas do passivo não monetário (mantendo constante o ativo) geram


redução na base monetária. A redução no passivo não monetário provoca
aumento da base monetária.

A questão informa sobre uma redução nas reservas internacionais, conta do ativo
do balancete. Sendo assim, há redução da base monetária.

GABARITO: CERTO

(CESGRANRIO - Analista do Banco Central do Brasil/Área 1/2009)

Entre as várias ações do Banco Central que resultam numa política monetária
expansionista, NÃO se encontra a

63
78
a) compra de moeda estrangeira no mercado cambial.

b) compra de títulos federais no mercado aberto.

c) venda de títulos federais no mercado aberto.

d) redução do percentual de recolhimento compulsório dos bancos ao Banco


Central.

e) redução da taxa de juros dos empréstimos de liquidez do Banco Central aos


bancos.

A venda de títulos no mercado aberto provoca redução do ativo do Banco Central


e, consequentemente, em política monetária reducionista. E, claro, a política
monetária contracionista se dá pela redução da base monetária.

GABARITO: LETRA C

FGV - Consultor de Orçamentos (SEN)/Consultoria e Assessoramento


em Orçamentos/Assessoramento em Orçamentos/2008

A respeito da política monetária, avalie as afirmativas a seguir:

I. Reduções da taxa de redesconto do Banco Central são um dos instrumentos da


política monetária para expandir a oferta de moeda.

II. Quando o Banco Central vende títulos ao público, a quantidade de moeda


corrente em circulação diminui, e, portanto, a base monetária também se reduz.

III. Estabelecida a relação entre a taxa de juros desejada e a taxa de juros


prevalecente no mercado na ausência de intervenções, se o Banco Central liquida
operações de compra de moeda estrangeira, tudo o mais constante, surge a
necessidade de compensar o aumento da oferta monetária por meio, por exemplo,
da compra de títulos.

Assinale:

64
78
a) se todas as afirmativas estiverem corretas.

b) se apenas as afirmativas I e II estiverem corretas.

c) se apenas a afirmativa I estiver correta.

d) se apenas a afirmativa II estiver correta.

e) se apenas as afirmativas II e III estiverem corretas.

Vejamos os itens:

I – Correto. Sem segredos. Reduções na taxa de redescontos tornam os bancos


comerciais mais propícios a tomar empréstimos com o Bacen. Sendo assim, podem
ser usadas como política monetária expansiva.

II – Correto. A venda de títulos ao público retira moeda de circulação. Logo,


pratica-se política monetária contracionista através da redução da base
monetária.

III – Incorreto. Não há esta necessidade, quando se considera a não intervenção


do Bacen no mercado. A liquidação de operações de compra de moeda
estrangeira não exige outra medida compensatória neste contexto.

GABARITO: LETRA B

FGV - Técnico Superior Especializado (DPE RJ)/Economia/2014/

Em relação ao balancete do Banco Central e dos bancos comerciais, analise as


afirmativas a seguir:

I. A base monetária se expande com um aumento do ativo do Banco Central não


compensado por um aumento do seu passivo monetário.

II. A ampliação apenas das reservas internacionais eleva a base monetária.

III. O aumento dos depósitos de poupança aumenta o passivo monetário dos


bancos comerciais.

65
78
Assinale se:

a) somente a afirmativa I estiver correta.

b) somente a afirmativa II estiver correta.

c) somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

d) somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) todas as afirmativas estiverem incorretas.

Vejamos os itens:

I - Item incorreto. A variação da base monetária é obtida como resultado da


variação do ativo do Banco Central não compensada pela variação do seu
passivo NÃO monetário. Ou seja, para que ocorra um aumento da base monetária,
o ativo deve variar positivamente em valor superior à variação do passivo não
monetário.

II - Item correto. As reservas internacionais são contabilizadas no ativo do banco


central. Seguindo a ideia acima apresentada, caso apenas esta conta varie de
forma positiva, haverá variação positiva na base monetária. A explicação é
simples: elevação nas reservas internacionais significam entrada positiva líquida de
dólares no país, que, quando convertidos em moeda doméstica, elevam a
quantidade desta em circulação na economia (aumento da base monetária).

III - Item incorreto. Nas contas do sistema monetária, os depósitos de poupança são
classificados como passivo não monetário dos bancos comerciais, pois são uma
forma de captação destas instituição no mercado a prazo.

GABARITO: LETRA B

FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

A respeito do balancete do Banco Central (BC), analise as afirmativas a seguir:

66
78
I. Um déficit fiscal eleva o passivo não monetário do BC.

II. Quando uma pessoa realiza um depósito em dinheiro na sua conta corrente,
reduz o passivo não monetário do BC.

III. A concessão de empréstimos por parte do BC a um Ministério do governo eleva


o ativo do BC.

Está correto somente o que se afirma em:

a) I e II;

b) II e III;

c) II;

d) III;

e) nenhuma afirmativa é verdadeira.

Analisando os itens com destaque aos erros:

I – O déficit fiscal representa uma “despoupança” do tesouro nacional. É como se


o Tesouro precisasse sacar recursos anteriormente depositados no Bacen. Ou seja,
há uma REDUÇÃO no passivo não monetário do Bacen.

II – Este fato NÃO ALTERA O PASSIVO NÃO MONETÁRIO. Esta operação é


caracterizada como uma transferência de recursos de PMPP para depósito nos
bancos comerciais.

III – Item IMPORTANTÍSSIMO, pois demonstra o entendimento da FGV quanto a esta


questão (empréstimo do Bacen ao setor público). Como citado anteriormente,
mesmo que teoricamente possível, a CF/88 dispõe que é vedado ao banco central
conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer
órgão ou entidade que não seja instituição financeira. E este dispositivo, no
entendimento da FGV, torna este item incorreto. Ou seja, a concessão de
empréstimos por parte do BC a um Ministério do governo NÃO MODIFICA o ativo
do BC.

67
78
GABARITO: LETRA E

FGV - Técnico Superior Especializado (DPE RJ)/Economia/2014/

Em relação ao balancete do Banco Central e dos bancos comerciais, analise as


afirmativas a seguir:

I. A base monetária se expande com um aumento do ativo do Banco Central não


compensado por um aumento do seu passivo monetário.

II. A ampliação apenas das reservas internacionais eleva a base monetária.

III. O aumento dos depósitos de poupança aumenta o passivo monetário dos


bancos comerciais.

Assinale se:

a) somente a afirmativa I estiver correta.

b) somente a afirmativa II estiver correta.

c) somente as afirmativas I e II estiverem corretas.

d) somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) todas as afirmativas estiverem incorretas.

Vamos analisar as alternativas, destacando os erros:

I - A base monetária se expande com um aumento do ativo do Banco Central não


compensado por um aumento do seu passivo NÃO monetário.

II – Correto. Como as reservas fazem parte do ativo do Bacen, o seu aumento (tudo
o mais constante) eleva a base monetária.

III - Este item poderia se contestado, visto que os depósitos de poupança fazem
parte do passivo dos bancos comerciais. No entanto, no entendimento da banca
(que faz sentido), os depósitos de poupança, como não interferem na

68
78
multiplicação da base monetária em meios de pagamento (o que interfere são os
depósitos à vista), fazem parte do passivo NÃO monetário dos bancos comerciais.

GABARITO: LETRA B

(FCC - Analista do Banco Central do Brasil/Área 3/2006)

Numa determinada economia, os encaixes totais mantidos pelo sistema bancário


representam 4/10 do total de seus depósitos à vista em conta corrente. Se a
população desse país mantiver 1/5 dos meios de pagamentos na forma de moeda
manual, um aumento de 1.000 na base monetária acarretará um acréscimo, nos
meios de pagamento, de

a) 1.470
b) 1.923
c) 2.358
d) 3.125
e) 6.250

A questão já informa que R = 4/10 (=0,4). E informa também que a população


mantém 1/5 dos meios de pagamento na forma manual. Assim, ela mantém os
demais 4/5 na forma de depósitos à vista (moeda escritural). Ou seja, d = 0,8

Substituindo na expressão do multiplicador, temos que:

1
𝑚 =
1 − 0,8 × (1 − 0,4)

𝑚 = 1,923

Elevar a base em 1.000 provocará aumento nos meios de pagamento em 1.923

GABARITO: LETRA B

69
78
(ESAF/SNT/2013)

Se o público retém 80% dos meios de pagamentos em depósitos a vista nos bancos
comerciais, supondo que alíquota de depósito compulsório de 30% e que, além
disso, os bancos retêm 7,5% dos depósitos a vista como reserva para contingência
e se o saldo de papel moeda

em circulação for de 5 trilhões de unidades monetárias, pode-se afirmar que:

a) o multiplicador da base monetária é igual a 2.

b) o volume do papel moeda em poder do público é de 10 trilhões de unidades


monetárias.

c) a base monetária é igual a 2 trilhões de unidades monetárias.

d) o total de depósitos a vista nos bancos comerciais é de 2 trilhões de unidades


monetárias.

e) o estoque dos meios de pagamento é de 50 trilhões de unidades monetárias.

Considerando que 80% dos meios de pagamento são retidos como depósitos à
vista (d = 0,8) e que os bancos provisionam como encaixes 30% + 7,5% (R = 0,375),
podemos substituir estes valores na expressão do multiplicador:

1
𝑚 =
1 − 0,8 × (1 − 0,375)

1
𝑚=
0,5
𝒎 = 𝟐

GABARITO: LETRA A

(CESPE - Auditor do Tribunal de Contas da União/2007)

A macroeconomia lida com os grandes agregados econômicos e, por essa razão,


é importante para se avaliar o desempenho global das economias de mercado.

70
78
Acerca desse assunto, julgue os itens subsequentes.
Quanto maiores forem as reservas bancárias e a preferência do público por papel-
moeda, menor será o multiplicador monetário e, portanto, menor será a expansão
da oferta de moeda, a partir do aumento da base monetária.

Em outras palavras, maiores reservas bancárias significam maior R. por sua vez,
quanto mais elevada a preferência do público por papel moeda, menor será d1.
Ambos os efeitos resultam em menor o multiplicador.

GABARITO: CERTO

CESGRANRIO - Profissional Básico (BNDES)/Administração/2013/

O sistema bancário de reservas fracionárias possibilita que instituições financeiras


privadas obtenham lucratividade, por permitir que essas instituições

a) paguem impostos federais equivalentes a uma fração de seus depósitos


bancários.

b) possam cobrar de seus clientes, em tarifas bancárias, uma fração de seus


depósitos bancários.

c) mantenham uma fração de seus depósitos bancários em moeda estrangeira.

d) mantenham apenas uma fração de seus depósitos bancários em seus cofres e o


restante nos cofres do Banco Central.

e) mantenham em mãos apenas uma fração de seus depósitos bancários,


utilizando o resto para oferecer empréstimos com juros.

O sistema de reservas fracionárias, característica das instituições financeiras


bancárias (as que podem receber depósitos à vista), possibilita maior lucratividade
na operação, visto a possibilidade de manter em reserva apenas uma fração de
seus depósitos bancários, utilizando o resto para oferecer empréstimos com juros.

Vamos compreender como isto funciona.

71
78
A instituição bancária aceita depósitos à vista. Ou seja, aceita contas correntes em
que o dinheiro depositado está prontamente disponível para saque de seu titular.
No entanto, estes valores não ficam parados no caixa do banco, esperando pelo
saque.

O banco utiliza parte destes recursos em suas operações ativas (empréstimos,


financiamentos etc.). Desta forma, ele pode aumentar sua margem de
lucratividade ao trabalhar com o dinheiro alheio, e mesmo assim atender aos
saques previstos, pois nem todo valore depositado em contas correntes é sacado
no curtíssimo prazo.

GABARITO: LETRA E

FGV - Agente de Fiscalização (TCM SP)/Economia/2015/

Na notícia “Base monetária cresce 0,2% em agosto, informou o BC”, o seguinte


trecho é destacado:

“A base monetária encerrou o mês de agosto com expansão de 0,2% na


comparação com julho, pelo conceito da média diária de dias úteis. Segundo
informações do Banco Central, a base alcançou R$ 226,343 bilhões na média diária
no mês passado”.

Uma possibilidade de a base monetária ter se expandido decorre, sem


ambiguidade:

a) da ampliação dos meios de pagamento e dos depósitos à vista;

b) do aumento das reservas mantidas pelos bancos comerciais e do encaixe


monetário mantido pelo Banco Central;

c) do aumento dos depósitos de poupança e das operações compromissadas;

d) Da redução do papel moeda em circulação e do encaixe monetário mantido


pelos bancos comerciais;

72
78
e) do aumento da moeda manual e das reservas mantidas pelos bancos
comerciais.

Comentando os itens e destacando os erros:

a) O aumento dos meios de pagamento não guarda relação direta com o


aumento da base monetária. Ou seja, a base monetária pode se manter constante
(e até mesmo cair) e os meios de pagamento aumentarem.

b) O encaixe mantido pelo Bacen reduz a base monetária. Isto é, a possibilidade


do Bacen guardar valores a título de encaixe (reservas) retira de circulação a base
monetária.

c) Como visto no balancete do Bacen, a base monetária é formada pela soma


entre PMPP e encaixes dos bancos comerciais. Ou seja, não há relação da base
monetária com depósitos de poupança por exemplo.

d) Estes fatos reduziriam a base monetária.

e) Como visto no balancete do Bacen, a base monetária é formada pela soma


entre PMPP e encaixes dos bancos comerciais. Assim, o aumento da moeda
manual e das reservas mantidas pelos bancos comerciais elevaria de maneira
inequívoca a base monetária.

GABARITO: LETRA E

FCC - Analista Previdenciário (MANAUSPREV)/Economia/2015/

Segundo a teoria quantitativa da moeda,

a) a inflação é estritamente um problema monetário, isto é, de um excesso de


moeda frente a uma oferta agregada de bens inelástica, a qual é determinada no
lado real da economia e responde a fatores como produtividade do trabalho e da
tecnologia de produção.

73
78
b) a velocidade de circulação da moeda é considerada, na versão básica desta
teoria, a principal variável explicando a elevação dos preços.

c) a inflação, considerando a equação de trocas, pode ser causada por uma


redução abrupta na produção, como uma seca que leva a uma escassez de bens
agrícolas de primeira necessidade, mesmo que a quantidade de moeda seja
reduzida proporcionalmente à queda do produto.

d) um aumento na produtividade da economia que aumente, de forma


autônoma, o nível agregado de produção não pode causar uma queda do nível
de preços, pois a teoria quantitativa sustenta que um aumento dessa natureza é
automaticamente seguido por um aumento na quantidade de moeda.

e) a inflação pode ocorrer independentemente da quantidade de moeda


existente na economia.

Como visto, a TQM postula que a inflação é um sintoma basicamente monetário,


como descrito na Alternativa A. Considerando que ninguém “rasga” dinheiro, o
aumento de moeda na economia frente a uma oferta que não varia no curto prazo
(inelástica) resulta em preços mais elevados. Sendo assim, para a TQM e os
economistas clássicos, a inflação é evento monetário (mais moeda = mais
inflação).

GABARITO: LETRA A

(CESPE/CONSULTOR DE ORÇAMENTOS/SENADO/2002)

Caso uma unidade familiar retenha moeda em seu poder, existe um custo no que
se refere à possibilidade de consumo, que decresce quando a taxa nominal de
juros aumenta.

A demanda por moeda keynesiana, por exemplo, explica que a retenção de


saldos monetários reais é inversamente proporcional à taxa de juros. Assim, mais

74
78
juros torna menos atrativo demandar moeda para fins de consumo. O mesmo efeito
ocorre no modelo Baumol-Tobin.

Desta forma, o custo de se reter moeda aumenta quando a taxa nominal de juros
aumenta.

GABARITO: ERRADO

(CESPE - Analista do Executivo (ES)/Ciências Econômicas/2013/)

Em relação à demanda por moeda, assinale a opção correta.

a) Se todos os preços da economia duplicarem instantaneamente, inclusive os


salários, então a demanda por moeda também dobrará.
b) O valor do M1 é igual à base monetária.
c) Um aumento do PIB real reduz a demanda por moeda na forma do M1.
d) Um aumento do nível geral de preços reduz a demanda por moeda na forma
do M1.
e) O aumento na taxa de juros dos títulos do Tesouro Nacional e dos depósitos em
poupança gera elevação da demanda por moeda na forma do M1.

Vimos que a demanda por moeda é intrinsecamente uma demanda por saldos
reais de moeda. Assim, variações na demanda significam variações na quantidade
de saldos reais possuídos. Naturalmente, a variação de preços acarreta variação
nominal na demanda por moeda na mesma direção e valor, a fim de manter a
mesma demanda por saldos reais.

Este efeito é visto muito bem no modelo clássico (TQM):

𝑀𝑉 = 𝑃𝑌

Como, no curto prazo, a renda real (Y) e a velocidade da moeda (V) são
constantes, o aumento no preço será acompanhado de um aumento na

75
78
quantidade nominal de moeda da mesma ordem. Assim, a relação M/P se manterá
constante

GABARITO: LETRA A

(CESPE - Analista de Comércio Exterior/2001)

O estudo dos fenômenos monetários é fundamental para a explicação dos


problemas econômicos. Utilizando os conceitos essenciais da teoria monetária,
julgue o item a seguir.

De acordo com o modelo de Baumol-Tobin, a detenção média de moeda − tanto


das firmas como das famílias − aumenta quando a taxa de inflação se eleva.

A função Baumol-Tobin de demanda por moeda é a seguinte:

𝑴 𝒕𝒄 × 𝒀
=√
𝑷 𝟐𝒊

Se considerarmos apenas a variação positiva de preços, ocorrida com o aumento


da taxa de inflação, a quantidade de moeda detida pelos agentes da economia
se reduzir, como é possível verificar na expressão acima.

GABARITO: ERRADO

FGV - Auditor Fiscal Tributário da Receita Municipal (Cuiabá)/2014/

No início do ano de 1999, com a desvalorização do Real, ocorreu, por um breve


período, um processo de corrida bancária no Brasil.

Considerando a equação quantitativa da moeda, e que a economia esteja em


pleno emprego, esse processo tende a

a) elevar a velocidade de circulação da moeda, pressionando a inflação,


reduzindo o saldo monetário médio retido pelos agentes e, portanto, diminuindo a
demanda real por moeda.

76
78
b) elevar a velocidade da renda monetária, reduzindo o coeficiente marshaliano,
ampliando o saldo monetário médio retido pelos agentes e, consequentemente,
ampliando a demanda real por moeda.

c) reduzir a velocidade da moeda, reduzindo o coeficiente de Cambridge,


gerando deflação e elevando a demanda real por moeda.

d) reduzir a velocidade da moeda e o produto nominal, gerando pressão


inflacionária e redução do desemprego.

e) elevar a demanda real por moeda e o produto real, o que mantém constante a
velocidade da renda da moeda.

Questão muito interessante, que nos leva a refletir sobre a relação entre a
velocidade da moeda e a quantidade de moeda em circulação.

Em primeiro lugar, a equação quantitativa da moeda é a seguinte:

MV = PY

Sendo que a renda está em equilíbrio (pleno emprego) e, portanto, constante em


Y. A corrida bancária resulta na redução dos depósitos nos bancos comerciais e,
sendo assim, reduz a oferta de moeda na economia. Ou seja, M diminui (tanto a
oferta, quanto a demanda por moeda, diminuem).

Para compensar, é necessário ocorrer aumento da velocidade de circulação da


moeda. Uma menor quantidade de moeda em circulação, para um mesmo
produto real, deve ser equilibrada com aumento na velocidade de circulação da
moeda (a moeda precisa circular mais para demandar a mesma produção) e/ou
aumento dos preços.

GABARITO: LETRA A

77
78
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Finalizamos aqui mais uma aula. Espero que tenha gostado e compreendido nossa
proposta de curso.

Saiba que, ao optar pelos Estratégia Concursos, estará fazendo a escolha certa.
Isso será perceptível no decorrer do curso, a medida em que formos desenvolvendo
os assuntos.

Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou


disponível no fórum no Curso, Facebook ou Instagram.

https://www.facebook.com/profvicentecamillo/

https://www.instagram.com/profvicentecamillo/

https://www.instagram.com/profamandaaires/

Obrigado pela companhia.

Aguardo vocês na próxima aula.

Bons estudos e até lá!

Prof. Vicente Camillo e Amanda Aires

78
78

Você também pode gostar