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MACROECONOMIA II

MÓDULO 2
Fundamentos de
Economia Monetária
Manual de Macro, Cap. 2
Paulani e Braga, Caps. 7, 8 e 9
EMF, Caps. 1, 2 e 3
Froyen, Caps. 4, 6, 15 e 16

Prof. Andrés Vivas Frontana


E-mail: andresvf@fecap.br
SUMÁRIO

2 - Fundamentos de Economia Monetária


 Conceito, funções e divergências em torno da moeda
 Oferta de moeda: principais agregados monetários
 Contas do sistema monetário, funções do Banco
Central e política monetária
 Criação e destruição de base monetária e de meios
de pagamento
 Oferta de moeda e multiplicador dos meios de
pagamento
 Demanda por moeda: teoria quantitativa da moeda
 Demanda por moeda e preferência pela liquidez
CONCEITO DE MOEDA - CONTROVÉRSIA

Moeda: conjunto de ativos da economia que


as pessoas usam regularmente para
comprar bens e serviços de outras pessoas.
Moeda: é um objeto de aceitação geral na
troca de bens e serviços. Tem poder
liberatório (capacidade de pagamento)
instantâneo.
Moeda: é uma instituição/convenção
social. É algo aceito socialmente como um
direito à aquisição de bens e serviços.
CONCEITO DE MOEDA - CONTROVÉRSIA

Moeda: é uma medida abstrata de valor,


uma unidade contábil oficial de ativos e
passivos do governo com a sociedade (uma
unidade de crédito contra o Estado), que
permite o pagamento de impostos e que
passa a ser adotada também pelos agentes
privados como unidade de conta padrão da
economia.
CONCEITO DE MOEDA - CONTROVÉRSIA

Moeda: é uma medida de valor que exerce


papel de equivalente geral das mercadorias
e forma geral da riqueza. É uma relação de
propriedade e também uma expressão de
riqueza em uma economia capitalista.
FUNÇÕES DA MOEDA

Moeda: algo que é aceito pela coletividade


para desempenhar as funções de meio ou
instrumento de troca, unidade de conta e
reserva de valor.
SISTEMA DE CRÉDITO

 A mercadoria pode circular, o serviço pode


ser prestado ou o ativo pode ser negociado
com uma promessa futura de pagamento.

 Possibilidade de diferir o pagamento no


tempo é a origem do Sistema de Crédito.
CONCEITO DE RIQUEZA

RIQUEZA: refere-se à soma de todas as


reservas de valor, incluindo moeda e
ativos não-monetários.
CONCEITO DE LIQUIDEZ

  LIQUIDEZ: facilidade com que um ativo pode


ser convertido no meio de troca da economia
(poder de troca imediatamente disponível).
SISTEMA FINANCEIRO – CRIAÇÃO DE MOEDA

1) Sistema Monetário ou Bancário:


instituições que criam moeda pela emissão
(Banco Central) e pela multiplicação dos
depósitos (bancos comerciais).

2) Sistema Não-Monetário: instituições que


realizam intermediação de recursos (não
recebem depósitos à vista).
CRIAÇÃO DE MOEDA ESCRITURAL

Crédito: 90 → 90
Dep.Vista: 100 90 = 190
Encaixes: 10 Moeda Escritural
criada
SISTEMA MONETÁRIO

SISTEMA MONETÁRIO: conjunto de instituições


responsáveis pela emissão de moeda.

MEIOS DE PAGAMENTO: totalidade de ativos


possuídos pelo público que pode ser utilizada a
qualquer momento para a liquidação de qualquer
compromisso futuro ou à vista. É o estoque de
moeda disponível para uso da sociedade.
SISTEMA MONETÁRIO – CONCEITOS

 Papel-Moeda Emitido (PME)

 Papel-Moeda em Circulação (PMC), hoje


em desuso (PME = PMC)

 Papel Moeda em Poder do Público (PMPP)


SISTEMA MONETÁRIO

PME = total de moeda (física ou não)


emitida com autorização do Banco Central

  PÚBLICO: conjunto de todos os agentes


econômicos (famílias, empresas e governo),
exceto o sistema monetário (SDM/bancos
comerciais e Banco Central).

  PMPP = PME – caixa do sistema bancário


MEIOS DE PAGAMENTO

M = PMPP + DV

PMPP = papel-moeda em poder do público


(moeda manual), emitido pelo Banco Central,

DV = depósitos à vista nos bancos comerciais


(moeda escritural, ou moeda bancária)

M = moeda manual + moeda escritural


AGREGADOS MONETÁRIOS - CONCEITOS

QUASE-MOEDA: ativo financeiro que


rende juros e apresenta alta liquidez.

 O surgimento das quase-moedas e de


novos ativos financeiros, com diferentes
graus de liquidez, levou à definição de
novos conceitos de Agregados Monetários
pelo Banco Central.
AGREGADOS MONETÁRIOS - CONCEITOS
Agregado Definição
PMPP: Moeda em poder do público
Haveres (papel-moeda e moedas metálicas) +
M1
Monetários DV (depósitos à vista nos bancos
comerciais/SDM). Ou seja, M1 = M

M1 + depósitos de poupança +
Haveres depósitos a prazo + haveres emitidos
M2 por instituições depositárias (letras
Monetários
+ financeiras e de crédito privadas).
Quase- M2 + cotas de fundo com resgate a curto
moeda prazo + operações compromissadas
+ M3 com títulos públicos ou privados
Outros (operações registradas no Selic).
Ativos
Financeiros M4 M3 + títulos públicos de alta liquidez.
BASE MONETÁRIA

BASE MONETÁRIA = PMPP + Reservas Bancárias

 Reservas Bancárias:
Encaixes bancários (caixa dos bancos)
Depósitos voluntários no Banco Central
Depósitos compulsórios no Banco Central
MOEDA ESCRITURAL E RESERVAS

Crédito: 60 → 60
Dep.Vista: 100 60 = 160
Encaixes: 10 Moeda Escritural criada
Dep. Voluntário: 10
Dep. Compulsório: 20
BANCO CENTRAL

 Papel principal do BC: garantir


estabilidade do sistema monetário
(preços e solvência do sistema
bancários).
 Funções do Banco Central:
• Banco emissor de moeda
• Banco dos bancos
• Banqueiro do governo
• Banco depositário das reservas
internacionais.
CRIAÇÃO/DESTRUIÇÃO DE MEIOS DE PAGTO

M1 = PMPP + DV
↑M1 = criação de moeda
↓M1 = destruição de moeda
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

Multiplicador Monetário (ou Multiplicador


dos Meios de Pagamento): é uma variável
que sintetiza o mecanismo de multiplicação
da Base Monetária pelo processo de criação
de moeda operado pelos bancos comerciais,
por meio da concessão de empréstimos.
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

BASE MULTIPLICADOR (m) MEIOS DE


MONETÁRIA PAGAMENTO

Multiplicador =
Meios de Pagamento
Monetário Base Monetária

M
m = ——
B
MOEDA ESCRITURAL E RESERVAS

Exemplo: PMPP = 50 DV = 100


M = PMPP + DV = 50 + 100 = 150
Crédito: 60 → 60
Dep.Vista: 100 40 = 140
Encaixes: 10 Moeda Escritural criada
Dep. Voluntário: 10
Dep. Compulsório: 20
M = (50+20) + (100+40)
M = 70 + 140 = 210
MULTIPLICADOR MONETÁRIO: DETERMINANTES

Taxa de depósitos (d):


d = depósitos à vista nos bancos/meios de
pagamento (DV/M)

Taxa de reservas (r):


r = reservas bancárias/depósitos à vista no
sistema bancário (R/DV)
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

Meios de Pagamento: Dividindo por M:


M = PMPP + DV B = 1 – DV + R
PMPP = M – DV M M M
Base Monetária: Dividindo e multiplicando
B = PMPP + R o 2o termo por DV:
 
PMPP = B – R
B = DV – DV*DV + R*DV
Logo, M DV M*DV M*DV

PMPP = M – DV = B – R
B = M – DV + R
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

B = DV – DV*DV + R*DV
M DV M*DV M*DV
Chamando:
DV/M = d (taxa de depósitos do público)
R/DV = r (taxa de reservas ou encaixes bancários)
 Temos, = 1 - d + r.d
= 1 – d.(1 - r)
= , ou, como = m,
1
m = ————————
1 – d.(1 – r)
MULTIPLICADOR MONETÁRIO

MULTIPLICADOR MONETÁRIO: m =

M = ————— * B
1 – d.(1 – r)

d = depósitos à vista nos bancos/meios de


pagamento (DV/M)
r = reservas bancárias/depósitos à vista no
sistema bancário (R/DV)
POLÍTICA MONETÁRIA

 Política monetária: controle da oferta


monetária.
 Objetivos da política monetária:
controvérsia na relação entre moeda (M),
inflação (∆P) e nível de atividade (Y).
 Relação entre M, ∆P e Y está ligada à
dupla função do Estado:
1) emissor de moeda (M);
2) demandante de moeda para fazer seus
gastos (G).
MOEDA, INFLAÇÃO E NÍVEL DE ATIVIDADE

 Neoclássicos/ortodoxos (monetaristas):
• ∆M → ∆P
• ∆M não tem efeito sobre Y e L
 Heterodoxos: com desemprego elevado e
capacidade ociosa, ∆M → ∆G → ∆Y
 Chave para entender divergências: Equação
Quantitativa da Moeda (EQM).
DEMANDA DE MOEDA: DIVERGÊNCIAS

 Divergências teóricas quando à relação


entre M, ∆P e Y, bem como quanto à
demanda de moeda, estão associadas a
diferentes interpretações dadas:

1) à Equação Quantitativa da Moeda; e

2) ao papel da taxa de juros e de como ela


é determinada.
EQUAÇÃO QUANTITATIVA DA MOEDA

M.V=P.Y
  em que:
M = meios de pagamento;
V = velocidade-renda da moeda;
P = nível geral de preços;
Y = produto agregado real.
EQM E DEMANDA POR MOEDA
 A partir da EQM é possível derivar uma
função da demanda de moeda, utilizada
pela teoria neoclássica:
M 1
—— = —— * Y
P V
 Fazendo 1/V = k (coeficiente de Cambridge),
tem-se
  M d
—— = k * Y
P
TEORIA QUANTITATIVA DA MOEDA

 Teoria Quantitativa da Moeda (TQM) : Y e V


são dados (pleno emprego e velocidade
constante).
_ _
 Se M.V = P.Y, a inflação decorreria de um
aumento na oferta de moeda M, isto é, M  P.
CRÍTICA À VISÃO MONETARISTA

 Heterodoxia: com insuficiência de demanda


agregada, M pode gerar Y no curto prazo,
em vez de P.

 Nem sempre P é resultado de M (apenas


no caso da inflação de demanda).

 Com inflação de custos ou inflação inercial,


a oferta monetária passa a ser endógena:
P  M.
TAXA DE JUROS – CLÁSSICOS

 Segundo a ortodoxia neoclássica, a taxa de juros é o


preço que equilibra a oferta de poupança (S) com a
demanda de fundos para investimento (I).
Taxa de
juros
Oferta = S (poupança)

rE

Demanda = I (invest.)

I=S Fundos de
Empréstimos ($)
TAXA DE JUROS – KEYNES

 Autores críticos à visão ortodoxa (como Keynes) entendem


que a taxa de juros é determinada no cotejo entre oferta e
demanda de moeda (mercado monetário).
Taxa de
juros MS (Oferta de moeda)

rE

MD (demanda de moeda)

MS = MD M
DEMANDA POR MOEDA E PREF. PELA LIQUIDEZ

 Pela visão heterodoxa, a demanda de


moeda é função da renda (como deduzido
pela EQM) e também da taxa de juros.

  M d
—— = f(Y, r)
P
DEMANDA DE MOEDA

 A Demanda de Moeda (M) é limitada pela


renda (Y) e pela riqueza líquida (W) de
cada pessoa e condicionada pelo seu
custo, a taxa de juros.
 Três motivos para demandar moeda:
1) Motivo Transação
2) Motivo Precaução
3) Motivo Especulação (ou Portfólio)
JUROS E DEMANDA DE MOEDA

Taxa de Juros Nominal (i): corresponde ao


ganho monetário de uma aplicação.
Taxa Real de Juros (r): é o retorno em
termos de poder de compra de uma
aplicação (diferença entre a Taxa Nominal de
Juros e a taxa de inflação ).

r=i–
JUROS E DEMANDA DE MOEDA

 A taxa de juros relevante para determinar a


Demanda por Moeda é a taxa nominal de
juros (i), pois mostra o quanto o indivíduo
está perdendo diante da alternativa de aplicar
em títulos.

(M/P)d = f(Y, i)
JUROS E DEMANDA DE MOEDA

 Graficamente:

d
M
P
M
P
JUROS E DEMANDA DE MOEDA

Taxa de juros ex ante: aquela que se espera


receber ao fazer determinada aplicação. É
obtida pela diferença entre a taxa nominal e a
inflação esperada (r = i – e).
Taxa de juros ex post: aquela efetivamente
ocorrida após conhecer-se a verdadeira
inflação (r = i – ).
Portanto,
(M/P)d = f(Y, i) = f(Y, r + e)

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