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A perda do lastro metálico da moeda teve, em muitos casos, como efeito, a produção descontrolada e em grande escala de
meios de pagamento e, como impacto, desde a inflação até a hiperinflação, passando pela inflação alta.
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Outro metal precioso, a prata, deixou de ser usado como metal monetário no final do século XIX.
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De fato, 25 países usam o Euro como sua moeda. Isto porque: a) Austria, Bélgica, Chipre, Estonia, Finlândia, França,
Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Latvia, Lituania, Luxemburgo, Malta, Holanda (Países Baixos), Portugal, Eslováquia,
Eslovênia e Espanha são os 19 países que são membros oficiais da Zona do Euro; b) mas acordos oficiais foram realizados
com Mônaco, San Marino e a Cidade do Vaticano, que lhes permitem emitir quantidades limitadas de moedas em Euro; c)
finalmente, o Euro está sendo utilizado unilateralmente, como sua moeda de fato, por Andorra, Kosovo e Montenegro, ainda
que estes países não tenham autorização para emitir Euros.
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Alguns autores ainda incluem no conceito de área monetária ótima a existência de um mercado de trabalho com livre
mobilidade de pessoas dentro da área monetária.
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Como regra geral, o banco central de cada país, ao buscar determinar a oferta de moeda, usa o
agregado composto pelo papel-moeda e moedas metálicas em poder do público não-bancário, mais as
reservas que os bancos comerciais mantém junto a si e no banco central (este agregado é denominado
de M0, ou base monetária). Lembra-se, entretanto, que esta não é a única categoria de moeda, nem
mesmo uma categoria que considere a medição da moeda em poder do público (pois M0 inclui reservas
bancárias). Há categorias mais amplas - M1, M2, M3 etc.
Em geral, a quantidade desses Ms maiores é determinada pela quantidade de moeda em
circulação posta pelo banco central, pelas regulamentações relativas ao sistema bancário (produzidas
pelo banco central, com destaque para as reservas compulsórias dos bancos comerciais ou múltiplos com
carteira comercial ou outras instituições com depósitos do público) e pelos instrumentos financeiros que
as pessoas escolhem para suas carteiras de investimento (Sachs; Larrain, p.283).
Existe a hipótese de que a moeda legal é um elemento institucional subordinado ao estrito
controle da autoridade monetária. Sob esta hipótese, a moeda é vista como uma variável exógena, o
que torna o seu controle possível e restrito à autoridade monetária, a qual administra a oferta de moeda
e a taxa de juros como instrumentos de política monetária. Para alguns teóricos da economia monetária
(os pós-keynesianos, por exemplo), a oferta de moeda näo se subordina, estritamente, a controles
centrais, mas sim é largamente influenciada pelo sistema financeiro, sendo gerada pela expansão do
crédito ou pelo racionamento deste, com efeitos importantes, transformando-se assim, em grande
medida, em variável endógena5.
3.1 Os Meios de Pagamento e outros Agregados Monetários
O Sistema Financeiro Monetário (ou, equivalentemente, o Sistema Financeiro Bancário)
representa a parte do sistema financeiro responsável pela geração de meios de pagamento. O que incluir
precisamente nesses ativos disponíveis, eis uma questäo que suscita algumas controvérsias e que näo
pode ser resolvida sem certa margem de arbitrariedade. A definiçäo mais usual considera meios de
pagamento numa economia moderna o papel-moeda em poder do público (que é igual ao saldo do
papel-moeda emitido menos os encaixes em moeda corrente dos bancos, inclusive do Banco Central)
mais os depósitos à vista do público na rede bancária. Estes meios podem ser utilizados a qualquer
momento para a remuneraçäo de fatores da produçäo empregados, para o pagamento de bens ou
serviços adquiridos ou ainda para saldar dívidas contraídas no passado.
No caso do Brasil, o primeiro passo na criação de papel-moeda é que a Casa da Moeda, órgão do
Ministério da Fazenda, produza as notas e moedas de dinheiro. Ela depois as transfere para o Banco
Central, que paga por elas creditando o seu valor na conta que o Tesouro Nacional tem no Bacen
(eximindo-se este, assim, do recebimento de receitas de senhoriagem). Depois, quando um banco
precisa de dinheiro, ele chama o Banco Central, que lhe remete o dinheiro e debita a sua conta de
reserva. O banco põe então esse dinheiro em circulação, dando-o em pagamento a seus clientes.
Quando o dinheiro passa do Banco Central para a mão dos bancos e do público não-bancário, ele se
torna parte do meio circulante6. Estes säo os ativos que preenchem os atributos essenciais de
rendimento zero, de custo de manutençäo e estocagem negligenciáveis e de máxima liquidez. Portanto,
os meios de pagamento, são dados por:
papel-moeda emitido (inclusive moedas metálicas)
menos: moeda em caixa forte (cofre) do Bacen (reservas do Bacen)
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Como muitas questões em economia, a questão entre endogenia e exogenia da oferta de moeda (meios de pagamento)
encontra uma solução de equilíbrio, em cada sistema monetário, entre a atuação do banco central, as operações de crédito
das demais instituições financeiras bancárias e o comportamento monetário-financeiro do público em geral.
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Meio circulante é o conjunto de cédulas e moedas com poder liberatório (inclusive comemorativas) de posse do público e
dos bancos. Poder liberatório, por sua vez, significa a capacidade da cédula ou moeda, de liberar débitos, de efetuar
pagamentos.
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igual a: saldo do papel-moeda em circulaçäo
menos: caixa em moeda corrente dos bancos comerciais
igual a: Moeda Manual (Mm) ou saldo de Papel-Moeda em Poder do Público (PMPP) 7
mais: Moeda Escritural (ou bancária): depósitos à vista nos bancos comerciais (Dv)
igual a: Meios de Pagamento
Em resumo, os meios de pagamento se compõem do papel-moeda em poder do público e da
moeda escritural. Por essa definição, a criação de meios de pagamento só pode ser realizada:
a) pelo Banco Central, que tem o poder legal de emissão e controle sobre a circulação de moeda;
b) pelos bancos comerciais (e outras instituições bancárias), que têm depósitos à vista.
Os saldos de cartões de crédito não são incluídos, porque cartões de crédito são uma forma de
diferir o pagamento. Quando se paga com cartão de crédito e financia-se a compra realizada em mais de
um pagamento, está-se recebendo um crédito, uma dívida que será paga no tempo.
Assim, para indicar o total da oferta de meios de pagamento (oferta monetária), M1, pode ser
empregada a seguinte expressäo: M1 = Mm + Dv, onde Mm = moeda manual (ou saldo de PMPP) e Dv =
depósitos a vista nos bancos (ou moeda escritural).
Tabela – Meios de pagamento e componentes. Saldos em final de período (R$ milhões)
Data Meios de Δ% Papel-moeda em Δ% Depósitos Δ% Dv/ PMPP/
Pagamento (M1) Poder do público 1 à vista 2 /PMPP M1 (%)
2007 Dez 231.430 32,7 82.251 19,3 149.179 41,5 1,81 35,5
2008 Dez 223.440 -3,5 92.378 12,3 131.062 -12,1 1,42 41,3
2009 Dez 248.097 11,0 105.634 14,3 142.463 8,7 1,35 42,6
2010 Dez 281.876 12,6 121.981 15,4 159.895 10,7 1,31 43,3
2011 Dez 285.377 1,2 131.741 8,0 153.636 -3,9 1,17 46,2
2012 Dez 325.045 13,9 150.156 14,0 174.889 13,8 1,16 46,2
2013 Dez 344.508 6,0 164.675 9,7 179.833 2,8 1,09 47,8
2014 Dez 351.603 2,1 179.148 9,0 172.455 -4,1 0,96 51,0
2015 Dez 334.417 -4,9 186.294 4,0 148.123 -14,1 0,80 55,7
2016 Dez 346.330 3,6 193.348 3,8 152.982 8,4 0,79 55,8
Fonte: Banco Central do Brasil. www.bcb.gov.br. (1) Papel-moeda emitido menos caixa do sistema bancário.
(2) Não inclui depósitos especiais do Tesouro Nacional, depósitos obrigatórios, depósitos para investimentos
decorrentes de incentivos fiscais.
A observaçäo desse conceito convencional de moeda leva à constatação que ele privilegia a
função da moeda como intermediária de trocas. No entanto, se a definiçäo de oferta monetária
considerar, além da funçäo de intermediaçäo de trocas, a de reserva de valor, o conceito convencional
exclui totalmente um significativo grupo de ativos financeiros que, pelo seu alto grau de liquidez, säo
considerados como quase-moeda: as letras e demais obrigaçöes do Tesouro Nacional e do Banco Central,
os depósitos a prazo fixo, as cadernetas de poupança, as letras imobiliárias e outros ativos financeiros de
emissäo sistema de intermediaçäo financeira. A partir de argumentos dessa ordem é que se
desenvolveram outros conceitos mais abrangentes de moeda.
A definição de outros agredados monetários mais amplos tem gerado controvérsias, dado que o
sistema financeiro cria instrumentos de alta liquidez, tornando-se cada vez mais difícil distinguir a moeda
transacional da poupança. Assim, procura-se classificar os meios de pagamento em ordem decrescente
de liquidez, de tal maneira que se incluam todos os haveres financeiros em poder do público e que sejam
disponíveis contabilmente no contexto do Sistema Financeiro Nacional.
O principal critério para definir moeda é a facilidade com que um ativo pode ser usado para
transações e, em especial, sua liquidez, que é a sua capacidade de ser convertido rapidamente em
dinheiro sem perda de valor. O dinheiro (moedas metálicas e papel-moeda do Banco Central) é o mais
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Equivalente ao termo em inglês currency e ao termo em português dinheiro.
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líquido dos ativos. A moeda em circulação (PMPP, mais as reservas em dinheiro mantidas pelos bancos
junto a si, somadas com as reservas em dinheiro que os bancos mantém no Banco Central), é chamada
de high-powered money (Mh) ou, ainda, por base monetária (ou Mo). Esta é uma variável-chave, pois
pode ser diretamente controlada pelo Banco Central 8. Os depósitos a vista em bancos são o ativo mais
líquido depois do dinheiro, pois é possível fazer retiradas das contas “a vista”, sem demora ou qualquer
penalidade (Sachs, Larrain, p.250).
Tabela – Meios de pagamento ampliados. Saldos em final de período (R$ milhões)
Discriminação dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 Média
M0 (Base Monetária) 146.617 147.550 166.073 206.853 214.235 233.371 249.510 263.529 255.289 270.287 -
Variação M0 (%a.a.) 21,1 0,6 12,6 24,6 3,6 8,9 6,9 5,6 -3,1 5,9 8,7
M1 231.430 223.440 248.097 281.876 285.377 325.045 344.508 351.603 334.417 346.330 -
Variação M1(% a.a.) 32,7 -3,5 11 12,6 1,2 13,9 6 2,1 -4,9 3,6 7,5
Depósitos p/ investim. 4.254 3.293 3.184 3.251 1 0 0 0 0 0 -
Depósitos de poupança 234.672 271.192 319.632 379.604 420.873 497.139 599.826 664.847 659.006 664.959 -
Títulos privados1 310.924 575.061 594.374 697.658 914.229 942.460 1.012.504 1.134.533 1.292.298 1.358.433 -
M2 781.280 1.072.986 1.097.643 1.362.389 1.617.480 1.764.645 1.956.838 2.150.684 2.285.721 2.369.726 -
Variação M2(% a.a.) 18,1 37,3 2,3 16,7 18,7 9,1 10,7 9,9 6,3 3,7 13,3
Qtas fundos invest.(2)(3) 793.808 772.541 930.458 1.116.779 1.326.298 1.600.912 1.735.064 1.974.912 2.277.820 2.736.883 -
Op. compr. c/tít. fed.4 42.529 60.087 108.436 70.571 86.479 153.542 130.057 193.889 195.771 174.992 -
M3 1.617.617 1.905.614 2.136.537 2.549.738 3.030.257 3.519.099 3.821.960 4.319.484 4.759.312 5.281.601 -
Variação M3(% a.a.) 17,4 17,8 12,1 15,6 18,9 16,1 8,6 13,0 10,2 11,0 14,1
Títulos federais (Selic) 267.205 333.939 399.383 490.756 519.973 584.664 580.525 673.649 795.021 872.728 -
Tít. estaduais e mun. 24 0 0 0 0 0 0 0 0 0 -
M4 1.884.846 2.239.553 2.535.920 3.040.495 3.550.230 4.103.763 4.402.485 4.993.133 5.554.333 6.154.329 -
Variação M4 (% a.a.) 20,9 18,8 13,2 16,7 16,8 15,6 7,3 13,4 11,2 10,8 14,5
Variação PIB (% a.a.) 6,1 5,1 -0,1 7,5 4,0 1,9 3,0 0,5 -3,8 -3,6 2,1
Variação IPCA (% a.a.) 4,46 5,90 4,31 5,91 6,50 5,84 5,91 6,41 10,67 6,29 6,2
Selic (fim de período) 11,25 13,75 8,75 10,75 11,00 7,25 10,00 11,75 14,25 13,75 -
Fonte: Banco Central do Brasil, www.bcb.gov.br. (1) Inclui depósitos a prazo, letras de câmbio, letras hipotecárias e letras imobiliárias. (2) Composto por fundos
cambial; curto prazo; renda fixa (inclusive extramercado); multimercado; referenciado e outros fundos ainda não enquadrados nas classes instituídas pelas
Instrução CVM nº 409, de 18.08.2004. (3) Exclui lastro em títulos emitidos primariamente por instituição financeira. (4) As aplicações do setor não-financeiro
em operações compromissadas estão incluídas em M3 a partir de 08/1999, quando eliminou-se o prazo mínimo de 30 dias exigido em tais operações desde
10/1991.
Tabela – Agregados monetários. Participação percentual sobre o PIB 1
Período PIB Base Base Mon. M1 Veloc. Renda M2 Veloc. M3 M4 Recolhim.2
R$ milhões Monetária Ampliada Renda Encaix. Obr.
dez/07 2.720.263 5,4 59,4 8,5 11,8 28,7 3,5 59,5 69,3 5,6
dez/08 3.109.803 4,7 56,9 7,2 13,9 34,5 2,9 61,3 72,0 4,5
dez/09 3.333.039 5,0 61,6 7,4 13,4 32,9 3,0 64,1 76,1 5,0
dez/10 3.885.847 5,3 61,6 7,3 13,8 35,1 2,8 65,6 78,3 7,6
dez/11 4.376.382 4,9 61,3 6,5 15,3 37,0 2,7 69,3 81,2 7,7
dez/12 4.814.760 4,9 60,2 6,8 14,8 36,7 2,7 73,2 85,4 5,9
dez/13 5.331.619 4,7 58,6 6,5 15,4 36,8 2,7 71,9 82,8 8,0
dez/14 5.778.953 4,6 62,0 6,2 16,1 37,8 2,7 75,9 87,8 6,3
dez/15 6.000.570 4,3 69,7 5,6 17,9 38,1 2,6 79,3 93,8 6,6
dez/16 6.301.120 4,3 73,7 5,5 18,2 37,7 2,7 84,0 97,9 6,9
Média - 4,8 - 6,8 15,1 35,5 2,8 70,4 82,5 6,4
Fonte: Banco Central do Brasil, www.bcb.gov.br. (1) Estimativa do Banco Central para o PIB dos 12 últimos meses a preços do mês assinalado, a partir de dados
anuais do IBGE, com base no IGP-DI centrado. (2) Inclui recolhimentos remunerados e não remunerados. * Dado preliminar. Velocidade-Renda de M1 =
(1/Participação de M1 no PIB) (cálculo do autor).
O conceito de oferta monetária correspondente aos meios de pagamento, já visto, que inclui
apenas a moeda manual e a moeda escritural, é denominado de M1. Outros conceitos, denominados M2
8
Isto porque o Banco Central é a única instituição monetária a criar a moeda legal e porque o Banco Central pode alterar as
regras de recolhimento compulsório de reservas dos bancos para o Bacen.
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e M3, abrangem outros ativos financeiros. No Brasil, o Banco Central adota ainda o conceito M4. Em
síntese, estes conceitos säo os seguintes:
Conceito M1: Trata-se dos meios de pagamento (moeda manual e moeda escritural). É composto
pelo papel-moeda e moedas metálicas em poder do público (moeda manual) e pelos depósitos à vista do
público nos bancos comerciais e caixas econômicas (moeda escritural).
Conceito M2: (M1) mais depósitos de poupança, depósitos para investimentos e títulos privados
em poder do público9.
Conceito M3: (M2) mais quotas de fundos de investimentos e operações compromissadas com
títulos federais/Selic.
Conceito M4: (M3) mais os títulos federais em poder do público/Selic e títulos estaduais e
municipais em poder do público.
Um conceito mais ampliado dos agregados monetários (M5) foi introduzido pelo Banco Central,
mediante a Lei n. 8.024, de 12.04.90, que, entre outras medidas, implementou a inconversibilidade
temporária de significativa parcela dos haveres financeiros, como forma de permitir o controle do
processo inflacionário, que ficou à ordem do Banco Central (e agregada em M5) no período de março de
1990 a julho de 1992, considerada, portanto, liquidez de longo prazo.
É inevitável certo grau de convencionalismo na definição de meios de pagamento. Além de
problemas de classificação, há um problema maior: nos sistemas financeiros modernos tornou-se mais
difícil distinguir entre os ativos realmente disponíveis e os indisponíveis, a qualquer tempo.
A Base Monetária (Mo ou Mh) - Denominação dada ao conjunto de moeda em circulação no
país, mais os depósitos à vista (reservas) dos bancos comerciais junto ao banco central. A atuação sobre
a base monetária, visando estimular sua expansão ou provocar sua contração, desempenha papel
importante em qualquer política de combate à inflação (Sandroni, p.25).
Tabela – Base monetária e componentes. Saldos em final de período (R$ milhões).
Data Bas e (B) Δ% Papel -moeda Δ% Res ervas (RB) Δ% RB/B
Monetári a Emi tido (PME) Bancári as 1 %
dez/07 146.617 21,1 102.885 19,9 43.732 24,0 29,8
dez/08 147.550 0,6 115.591 12,3 31.959 -26,9 21,7
dez/09 166.073 12,6 131.861 14,1 34.212 7,0 20,6
dez/10 206.853 24,6 151.145 14,6 55.708 62,8 26,9
dez/11 214.235 3,6 162.770 7,7 51.466 -7,6 24,0
dez/12 233.371 8,9 187.435 15,2 45.937 -10,7 19,7
dez/13 249.510 6,9 204.052 8,9 45.457 -1,0 18,2
dez/14 263.529 5,6 220.854 8,2 42.675 -6,1 16,2
dez/15 255.289 -3,1 225.485 2,1 29.804 -30,2 11,7
dez/16 270.287 5,9 232.146 2,5 38.142 28,0 14,1
Fonte: Banco Central do Brasil, www.bcb.gov.br. (1) Inclui as reservas bancárias livres e compulsórias sobre recursos à vista das instituições
financeiras. Recursos à vista = depósitos à vista, depósitos de aviso prévio, recursos em trânsito de terceiros, cobrança e arrecadação, de tributos e
assemelhados, cheques administrativos, contatos de assunção de obrigações – vinculados a operações realizadas no país, obrigações por prestação
de serviços de pagaemento, recursos de garantias realizadas e depósitos para investimento.
Tabela – Base monetária ampliada. Saldos em final de período (R$ milhões).
Discriminação dez/07 dez/08 dez/09 dez/10 dez/11 dez/12 dez/13 dez/14 dez/15 dez/16
Base Monetária 146.617 147.550 166.073 206.853 214.235 233.371 249.510 263.529 255.289 270.287
Dep. Comp. espécie (remun.)1 100.777 54.233 60.256 319.876 369.180 271.993 319.317 282.333 336.324 368.356
Idem (não remunerados)2 1.446 3.839 2.594 3.832 4.255 2.094 4.269 738 2.257 2.695
Títulos do Tesouro Nacional 3 1.367.778 1.562.667 1.822.428 1.864.387 2.095.127 2.387.538 2.541.481 2.978.819 3.586.586 3.995.082
- Idem (Posição de carteira) 1.201.965 1.262.176 1.394.591 1.605.139 1.783.258 1.890.138 2.032.940 2.187.245 2.692.044 2.968.692
- Idem (Financiamento)4 165.813 300.491 427.837 259.248 311.869 497.400 508.541 791.573 894.542 1.026.390
Total (Base Mon. Ampliada) 1.616.618 1.768.289 2.051.351 2.394.948 2.682.798 2.894.997 3.114.577 3.525.418 4.180.456 4.636.420
Variação % 20,9 9,4 16 16,7 12 7,9 7,6 13,2 18,6 10,9
Fonte: Banco Central do Brasil. (1) Depósitos vinculados ao SBPE: 6,17% a.a. + TR. Exigibilidade adicional sobre depósitos à vista, a prazo e de poupança: Selic. (2) A partir de
fevereiro/2003 inclui os recursos de depósitos prévio para compensação e a partir de agosto/2004 os recursos de depósitos à vista não aplicados em microfinanças e os decorrentes
9
Títulos privados em poder do público: depósitos a prazo, letras de câmbio, letras imobiliárias, letras hipotecárias.
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de deficiências de exigibilidades de aplicações em crédito rural. (3) Títulos avaliados pela curva do rendimento do papel. (4)Inclui posições de financiamento no dia
concedido/tomado do Demab (-) oversold e (+) undersold.
3.2 A Criação de Moeda pelos Bancos Comerciais (ou Bancos Múltiplos com Carteira Comercial)
Normalmente registra-se uma maior participação da moeda escritural (depósitos à vista) na
composição dos meios de pagamento, em relação à moeda manual 10. As razões para o uso de moeda
escritural, que os agentes econômicos preferem à moeda manual, são os seguintes:
os depósitos bancários à vista são mais seguros;
o manejo de cheques, de cartões de débito e de crédito e de comandos via internet banking, para
efetuar pagamentos, são meios fáceis para a realização de transações de qualquer vulto;
a manutenção de saldos médios nos bancos comerciais facilita a obtenção de empréstimos;
os pagamentos mediante movimentação de depósitos bancários permitem controle e contabilização
das despesas, bem como podem também servir de comprovante.
O uso generalizado da moeda escritural está na origem do processo multiplicador dos meios de
pagamento. Isto porque a moeda de alto poder de expansão (high-powered money), injetada no sistema
econômico por decisão das autoridades monetárias, tende a se transformar em depósitos bancários, por
força das razões assinaladas, enquanto uma substancial parcela de tais depósitos acaba por se
transformar em empréstimos concedidos pelos bancos, que tendem a retornar ao sistema bancário, sob
a forma de novos depósitos. Este processo tende a se renovar infinitamente, dado que os bancos
comerciais não mantêm em caixa a totalidade dos depósitos captados, mas apenas uma parcela deles,
pois atuam com reservas fracionárias (Lopes & Rossetti, p.109).
Sistema Bancário com Cobertura Integral e com Reservas Fracionárias
Em uma economia hipotética, os bancos aceitam depósitos à vista, mas não fazem empréstimos.
Os depósitos que os bancos receberam, mas não emprestaram, são chamados de reservas. Parte das
reservas é guardada no cofre dos bancos disseminados pelo país, mas a maior parte fica guardada num
Banco Central. Nesta economia hipotética, todos os depósitos são mantidos como reservas: os bancos
aceitam os depósitos, guardam a moeda como reserva e assim a deixam, até que os depositantes façam
uma retirada ou passem um cheque. O sistema é dito de cobertura integral. Se os bancos mantém
reservas de 100% de seus depósitos à vista, o sistema bancário não influi sobre a oferta de moeda.
Imagine-se agora que os bancos comecem a usar parte de seus depósitos para conceder
empréstimos a famílias que estão comprando casa própria ou para empresas que estão investindo, por
exemplo, em novos equipamentos. Para os bancos isto significa que podem cobrar juros sobre os
empréstimos. Os bancos precisam manter reservas para atender às retiradas de seus correntistas
sempre que estes desejarem. Mas, desde que o montante de novos depósitos for aproximadamente
igual ao montante das retiradas, o banco não precisa manter em caixa todos os depósitos recebidos.
Desta forma, os banqueiros são incentivados a usar parte do seu estoque de depósitos para conceder
empréstimos. Quando o fazem, tem-se um sistema bancário com reservas fracionárias, no qual os
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É interessante notar a redução dessa relação (Dv/PMPP) no Brasil, pois em 2006 (Dez) essa relação era de 1,53, tendo
caído para 0,78 em 2015 (Dez). A hipótese subjacente é que os depósitos à vista estão sendo dominados por outras
aplicações financeiras, como fundos de investimentos e depósitos a prazo ou de poupança.
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bancos mantém como reserva uma parte de seus depósitos. Desta forma, em um sistema bancário com
reservas fracionárias, os bancos criam moeda, a denominada moeda escritural.
O Modelo Tradicional de Criação de Moeda Escritural
Demonstração matemática da progressão geométrica dos depósitos no sistema bancário
comercial, a partir da injeção de moeda de alto poder de expansão, considerando-se as hipóteses: a)
injeção inicial pelo Bacen: $ 200.000;
b) retenção igual a zero, pelo público, do acréscimo de moeda injetado;
c) retenção, pelo sistema bancário (relação reservas/depósitos), igual a 20%.
Etapas do processo Expansão dos depósitos à vista Empr. conced. p/ sistema Encaixe mantido p/ sistema
bancário bancário
1ª. Etapa 200.000 160.000 40.000
2ª. Etapa 160.000 128.000 32.000
3ª. 128.000 102.400 25.600
4ª. 102.400 81.920 20.480
5ª. 81.920 65.536 16.384
... ... ... ...
N próxima de zero próxima de zero próxima de zero
Final do processo 1.000.000 800.000 200.000
Os resultados obtidos ao final do processo podem ser assim expressos, em mil unidades monetárias:
DVbc = 200 + 200.(0,8) + 200.(0,8)2 + 200.(0,8)3 +....+ 200.(0,8)n ou, simplificando:
DVbc = 200 (1 + 0,8 + 0,82 + 0,83 + 0.84 + ........ + 0,8n), onde: DVbc = somatório dos acréscimos dos
depósitos à vista nos bancos comerciais.
O somatório dos acréscimos dos depósitos à vista nos bancos comerciais ( DVbc) corresponde
ao produto do depósito inicial pela soma dos termos de uma progressão geométrica de razão positiva
inferior a um, cujo número de termos tende para o infinito. A soma dessa progressão, no limite, pode ser
dada por:
a1
S = --------- onde: a1 = primeiro termo da progressão = 1
1-r r = razão da progressão = 0,8
assim:
a1 1 1
S = ----------- = -------------- = ---------- = 5
1-r 1 - 0,8 0,2
Logo: DVbc = S x Injeção Inicial = 5 x (200.000) = 1.000.000
(reservas)
Portanto, o acréscimo total dos depósitos é igual a $ 1.000.000, e o total da moeda criada pelos
bancos comerciais é de $ 800.000 = $ 1.000.000 - $ 200.000
Observação: casos especiais nos quais não são criados depósitos múltiplos:
a)100% de reservas;
b) empréstimos só em dinheiro.
Recolhimento compulsório\Encaixe obrigatório – Síntese do quadro resumo do Bacen
Tipo Alíquota Recolhimento Remuneração
Recursos à vista 45% Espécie, caixa até 80% Sem remuneração do valor recolhido.
da exigibilidade
Garantias realizadas 45% Espécie Sem remuneração do valor recolhido.
Encaixe de poupança 18% (rural) Espécie Poup.Vinculada: TR + 3% a.a. Demais até 03.05.2012: TR+6,17% a.a. Demais após
20% (demais) 03.05.2012: TR + 6,17% a.a. (meta Selic > 8,5% a.a.) ou TR + 70% da meta Selic
(meta Selic < = 8,5% a.a.).
Recursos a prazo 20% Espécie Recolhimento remunerado pela taxa Selic.
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Exigibilidade adicional 0% (Dvista) Espécie Idem.
s\depósitos 10% (Dpoupança)
11% (Dprazo)
Fonte: Bacen.
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A taxa de juros do Banco Central do Brasil para os empréstimos de liquidez (redesconto) aos bancos é a taxa Selic acrescida
de 1% a.a. até 4% a.a., de acordo com o prazo e a finalidade da operação de crédito.
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Inclusive reservas na forma de dinheiro em caixa nos bancos e outras instituições que operam com depósitos à vista.
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depósitos. Os bancos realizam dois tipos de encaixes. Aqueles que são impostos externamente, ou
encaixes compulsórios; e aqueles que são decididos internamente, ou encaixes de negócios.
As reservas compulsórias (Ec) são determinadas pelas autoridades monetárias, que estabelecem
um percentual dos depósitos à vista a ser recolhido ao Banco Central na forma de moeda.
Historicamente, essa obrigação tem sido exigida por regulamentação das autoridades monetárias,
objetivando mostrar ao público que os bancos são capazes de saldar seus compromissos com os clientes
e, assim, evitar pânicos e corridas contra os mesmos.
As reservas de negócios (En) são decididas pelos próprios bancos para que possam operar
diariamente. Então, as reservas totais (Et) dos bancos são representadas pela seguinte adição:
Et = Ec + En onde Ec = Encaixes (reservas) compulsórios;
En = Encaixes (reservas) de negócios (voluntários).
Quando os bancos encontram-se em dificuldades, por exemplo, quando a razão (reservas de
negócios)/(depósitos à vista) está muito baixa, podem pedir auxílio ao Banco Central. Genericamente,
tem-se chamado tal auxílio de operação de redesconto. Contudo, é necessário distinguir uma operação
propriamente dita de redesconto de uma operação de concessão de crédito. O redesconto ocorre
quando o Banco Central compra títulos de um banco, mediante uma taxa de redesconto. O processo
alternativo é, simplesmente, um empréstimo direto do Banco Central ao banco que se encontra em
dificuldade. A função do Banco Central conhecida como emprestador de última instância é exercida
através dessas operações.
A Base Monetária, o Estoque Monetário e o Multiplicador Monetário
A seguir desenvolve-se uma abordagem simples e genérica para a determinaçäo do estoque
monetário, usando como variáveis-chaves a razäo moeda-depósitos, a razäo reserva-depósitos e a base
monetária. Antes, vamos pensar sobre a relaçäo entre o estoque monetário e o estoque de base
monetária. Eles estäo relacionados pelo multiplicador monetário. O multiplicador monetário é a
proporçäo do estoque monetário em relaçäo ao estoque da base monetária.
Moeda (Mm) Reservas (R)13 Base Monetária (M0 ou Mh)
Formulação específica, usada pelo Banco Central do Brasil para o Multiplicador Monetário
Em complement ao modelo generic de determinação do Multiplicador Bancário (Monetário) antes
apresentado, expõe-se em seguimento o método usado pelo Banco Centraldo Brasil para tal fim.
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3.4 As Instituições Monetárias e as Variações na Oferta de Moeda
O modo básico pelo qual os bancos centrais alteram a quantidade de moeda em circulação na
economia (meios de pagamento) é a compra de ativos - títulos do tesouro, por exemplo - do público e a
venda de ativos para o público. Para compreender melhor esse processo de criação e de destruição de
meios de pagamento, passa-se a estudar as contas do sistema monetário, isto é, dos bancos comerciais e
do Banco Central.
3.4.1 Contas do Sistema Monetário: Bancos Comerciais
O balancete consolidado dos bancos comerciais pode ser visto na tabela que se segue. Por uma
questão metodológica, os itens do passivo foram subdivididos em dois grupos:
a) os recursos monetários, que correspondem aos depósitos à vista (que são meios de
pagamento criados pelos bancos comerciais); e
b) os recursos não-monetários, correspondentes aos demais itens do passivo.
Tabela - Balancete Consolidado Sintético dos Bancos Comerciais
Ativo Passivo
- Encaixes Recursos Monetários
- Em moeda corrente - Depósitos à vista
- Em depósitos nas Aut.Monetárias
– Voluntários Recursos Não-Monetários
– Compulsórios - Depósitos a prazo
- Empréstimos ao setor privado - Créditos do Bacen (Redesconto)
- Títulos públicos e particulares - Saldo líquido das demais contas
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quando os bancos vendem ao público, mediante recebimento em moeda, quaisquer títulos, bens ou
serviços;
quando os bancos vendem cambiais aos exportadores (vendem divisas estrangeiras em troca de
moeda nacional);
quando um banco com carteira comercial aumenta seu capital vendendo ações ao público.
Assim, para expandir o volume de meios de pagamento, a Autoridade Monetária dispõe dos
seguintes instrumentos:
expandir os redescontos aos bancos comerciais;
comprar títulos da dívida pública em poder do público (operação de "open market");
aumentar as reservas cambiais;
reduzir a relação encaixe/depósitos nos bancos comerciais, diminuindo as exigências de
recolhimentos compulsórios à sua ordem.
Naturalmente, as medidas inversas provocam a contração dos meios de pagamento.
3.5 As Operações do Banco Central e a Base Monetária
Conforme visto, os três tipos de operações mais comuns usados pelas autoridades monetárias
para alterar o estoque da base monetária são as que se seguem.
Operações de Open Market
As transações dos bancos centrais de compra e venda de títulos no mercado aberto são
conhecidas como operações de open market. A compra de instrumentos financeiros pelo banco central,
no seu papel de autoridade monetária, resulta num aumento da base monetária em poder do público. O
banco central compra os ativos com moeda, que então é colocada em circulação. Por outro lado, uma
venda de títulos feita pelos bancos gera uma redução na base monetária.
A Janela de Redesconto (Créditos a Instituições Financeiras)
Outra forma pela qual o banco central pode influir na oferta monetária são os empréstimos aos
bancos. A taxa de juros utilizada é a taxa de redesconto. Os bancos privados usam essa opção de crédito
para dois propósitos diferentes: (1) ajustar as suas reservas de dinheiro para o caso de ficarem abaixo do
nível desejado ou exigido pelo banco central; e (2) para obter fundos que o banco possa emprestar aos
clientes, se as condições de mercado forem favoráveis para isso.
Operações de Câmbio
O banco central também influi na oferta monetária quando compra e vende ativos em moeda
externa. No caso mais simples, o banco central compra ou vende moeda estrangeira em troca de moeda
nacional. Em outros casos, o banco central compra ou vende um ativo remunerado em moeda
estrangeira, normalmente um título do tesouro de outra nação. Assim como nas operações de open
market, essas transações têm efeito direto sobre a quantidade de moeda em circulação na economia
(Sachs & Larrain, p.294).
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Anexo - Tabelas
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