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Macroeconomia I

Licenciatura em Gestão

Moeda e Instituições Monetárias


(Bibliografia: Lipsey and Chrystal, cap. 18)
baseado nos slides da Professora Conceição Pereira ano letivo 2016-17

Modelos de criação monetária dos bancos – exemplo


Aulas práticas

Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário


Modelos de criação monetária dos bancos
Abordagem por rácios (ratios approach):
– Mostra como os bancos comerciais podem criar moeda emitindo
depósitos superiores às suas reservas. (fractional reserve banking
system)
• Num sistema bancário de reservas parciais os bancos podem criar
moeda através da concessão de crédito, por contrapartida de
depósitos à ordem.
• Rácios que determinam a capacidade de criação de moeda do
sistema bancário:
– taxa de reservas (reserve ratio) é a percentagem dos depósitos que os bancos
desejam (têm que) deter sob a forma de reservas bancárias (moeda do BC):
x=R/D
– quociente notas-depósitos / coeficiente de preferência por moeda do BC (cash-
deposit ratio/ public’s desired cash ratio) é a percentagem dos depósitos que o público
deseja deter na forma de N&M, em circulação monetária: b = C / D

Vamos assumir um sistema bancário composto por um único banco, cuja atividade é
iniciada com as operações descritas nos slides mais à frente.

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Macroeconomia I
Licenciatura em Gestão

Moeda e Instituições Monetárias


(Bibliografia: Lipsey and Chrystal, cap. 18)
baseado nos slides da Professora Conceição Pereira ano letivo 2016-17

OBJETIVOS

• Identificar e explicar as funções da moeda


• Identificar formas monetárias atuais
• Identificar e distinguir os principais agregados monetários
• Identificar os principais intervenientes no processo de criação
de moeda
• Explicar o papel do Banco Central (BC) no processo de
criação de moeda
• Descrever o processo de criação de moeda
• Identificar determinantes da capacidade de criação de moeda

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PLANO

1. O que é a moeda?
2. Agregados monetários
3. Como a moeda entra em circulação na
economia
4. Criação de moeda e sistema bancário

Introdução
• Economias de troca directa
– Trocam-se bens por outros bens
– Para haver trocas é necessário uma dupla coincidência de
vontades ou desejos
– Custo de oportunidade elevado
• Economias monetárias
– Trocam-se bens por moeda
– Especialização e divisão do trabalho
– Maior eficiência

• Qual é o papel que a moeda desempenha na economia e


que formas assume atualmente?
• Como é que a moeda entra em circulação na economia e
como é determinado o montante global de moeda em
circulação?
• Qual o papel dos bancos no processo de criação de moeda?
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O que é a moeda? Funções da moeda
• A moeda pode definir-se pelas funções
Exemplos de formas monetárias
que desempenha, sendo algo que possa Sal Pedras
ser usado nas seguintes funções: Conchas Vinho
– Meio de troca: a moeda é o que usamos
para comprar bens e serviços; evita a Marfim Tabaco
necessidade de dupla coincidência de
desejos/vontades, facilitando assim as Peles de animais Arroz

transações e promovendo a divisão do


Gado Milho
trabalho;
– Reserva de valor: a moeda é uma forma de Rum Ferro

transferir poder de compra do presente Barcos Bronze

para o futuro. Prata Ouro


– Unidade de conta: a moeda permite medir Papel
e comparar o valor dos bens e serviços.
Fonte: adaptado de Miller e Pulsinelli (1989)
• É considerado moeda todo o ativo que constitua
um meio imediato de pagamento de bens e Características principais:
serviços e de liquidação de dívidas. aceitabilidade, divisibilidade,
• A quantidade de moeda em circulação é difícil de falsificar, de elevado
designada por massa monetária. valor relativo face ao peso para
facilitar o transporte.

O que é a moeda? Formas monetárias atuais

• Moeda fiduciária (fiat money):


– A moeda não tem garantia de convertibilidade em metais preciocos,
total ou parcialmente, e não tem valor íntrinseco.
• O seu valor advém apenas de ser aceite em pagamentos. A sua
aceitabilidade resulta do Estado declarar o seu curso legal.
• Moeda-depósitos:
– hoje em dia a maior parte da moeda é constituída por depósitos
bancários, que são moeda escritural representada nos
livros/contabilidade dos bancos (registos informáticos).

• Depósitos podem ser movimentados por:


– Cheques: os cheques não representam moeda, o que constitui
moeda é o saldo depositado no banco sobre o qual se passa o
cheque para transferir moeda de uma pessoa para outra.
– Cartões de crédito e de débito (Mbway): não são os cartões que
representam moeda, mas sim o saldo no banco.
– Transferências bancárias (banco físico; ATM; homebanking;
Mbway).

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O que é a moeda? Instituições monetárias e não monetárias

• Instituições Financeiras Monetárias  Setor bancário:


– Banco central (BC):
• instituição pública que atua como banqueiro do sistema
bancário comercial e por vezes do Estado.
• também atua como supervisor do sistema bancário.
• autoridade responsável pela emissão de moeda e pela
condução da política monetária.
• Ex. Banco Central Europeu (BCE) para a área do euro e
Sistema da Reserva Federal para os EUA.
– Bancos comerciais: instituições financeiras que aceitam
depósitos do público em geral e concedem crédito ao público em
geral; Também participam no processo de criação de moeda.

• Público em geral: setor não monetário residente.

Agregados Monetários
• Base Monetária=moeda do BC=M0 (monetary base / high-
powered money): H = C + R
– C (circulação – currency) = notas e moedas
metálicas (N&M) em circulação – detidas pelo
público em geral (setor não monetário
residente)

– R (reservas – reserves) = notas e moedas metálicas detidas pelos


bancos e depósitos dos bancos junto do BC.
• Visam garantir que os depositantes conseguem levantar os seus depósitos
sempre que desejarem.
• Podem ser reservas obrigatórias/desejadas/mínimas e reservas
excedentárias.
• São de valor muito inferior aos depósitos (sistema de reservas
parciais/fracionárias).
• Reservas Mínimas na área do euro: os bancos estão obrigados a deter junto do
respetivo banco central nacional, um mínimo de 1% de certos passivos,
sobretudo depósitos de clientes.
• A BM é um ativo (direito) para quem a detém e um passivo
(responsabilidade) para o BC.
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Agregados Monetários

• A BM deve o seu nome ao facto de constituir a base a partir


da qual um stock maior de ativos monetários é
construído/gerado, em particular os depósitos bancários
(D), que representam a maior parte.

• Esse stock é a massa monetária (money stock):


M=C+D
• A massa monetária, também designada por oferta de
moeda ou stock de moeda, é a quantidade de moeda
existente na economia/em circulação (público em geral).

• A massa monetária é medida pelos agregados


monetários.

Agregados Monetários

• A massa monetária é medida pelos agregados monetários: ativos


de elevado grau de liquidez, na posse do setor não monetário residente
(público em geral), emitidos por certas entidades – sobretudo instituições
monetárias e financeiras (passivos na perspetiva destas entidades).

• Definições dos Agregados Monetários do BCE:


– M1 = circulação monetária + depósitos à ordem.
– M2 = M1 + depósitos com prazo até dois anos + depósitos com
pré-aviso até 3 meses.
– M3 = M2 + acordos de recompra + ações/unidades de
participação de fundos do mercado monetário (FMM) e títulos
do mercado monetário + títulos de dívida até 2 anos.

• Grau de liquidez (convertibilidade em meios imediatos de pagamento)


– reduz-se do agregado mais estreito (M1) ao agregado mais lato (M3).
• Ver mais http://www.ecb.int/stats/money/aggregates/aggr/html/hist.en.html

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Como a Moeda entra em circulação na economia
• O sistema bancário é composto por instituições, públicas e
privadas, que têm capacidade para criar moeda (instituições
financeiras monetárias) e gerem o sistema monetário e de
pagamentos de cada país/região (autoridade monetária).
Como varia a Base Monetária (H)
• Valor de H: BC controla a base monetária (e portanto o stock de
moeda) através das seguintes operações de mercado aberto
(open market operations):
– Criação de base monetária: BC compra títulos (ex. de dívida
pública) a um banco comercial, pagando com emissão de base
monetária (R  H).
• O aumento das reservas permite ao banco expandir os depósitos de
clientes, aumentando assim a massa monetária (explicação nos
diapositivos seguintes).
– Destruição de base monetária: BC vende títulos fazendo-se pagar
com destruição de base monetária (R  H). Processo oposto ao
anteriormente descrito.
• A divisão de H entre C e R é determinada pela procura de notas
e moedas metálicas por parte do público em geral.
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Como a Moeda entra em Circulação na Economia

• Os bancos comerciais são essencialmente empresas que


aceitam depósitos de famílias e empresas/sociedades não
financeiras e utilizam esses depósitos para conceder
crédito/empréstimos a famílias e empresas.
– Os bancos criam depósitos quando concedem crédito e os novos
depósitos criados são moeda nova, que não existia em circulação na
economia.
– O objetivo de qualquer banco é maximizar a riqueza dos seus
proprietários/acionistas. Para alcançar este objetivo, a taxa de juro à qual
empresta é superior à taxa de juro que paga pelos depósitos.
– Os bancos têm de encontrar um equilíbrio entre o lucro e a prudência: os
empréstimos geram lucros, mas os depositantes devem poder reaver o valor
depositado se assim o desejarem.

– A quantidade/valor de depósitos que os bancos podem criar é


influenciada por três fatores:
• a base monetária
• reservas desejadas (mínimas/obrigatórias)
• preferência do público em geral por moeda do Banco Central (notas e
moedas metálicas, N&M - numerário)

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Criação de Moeda e Sistema Bancário
O processo de criação de moeda pelo banco comercial
• O banco tem reservas para além das desejadas.
• O banco empresta tendo por base as reservas em excesso.
• Os depósitos aumentam.
• A quantidade de moeda em circulação na economia aumenta.
• A nova moeda é utilizada para efetuar pagamentos.
– Alguma da nova moeda permanece na forma de depósitos.
– Alguma da nova moeda é convertida em moeda do BC.
• As reservas desejadas aumentam porque os depósitos
aumentaram.
• As reservas em excesso diminuem, até tomarem o valor zero,
caso exista procura de crédito para tal.
A capacidade de criação de moeda pelo banco comercial vai
então depender dos seguintes rácios:
• x = R/D = taxa de reservas => R = xD
• b= C/D = quociente notas-depósitos ou preferência do público por
moeda do BC=> C = bD
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Criação de Moeda e Sistema Bancário

Multiplicador Monetário:
• quantidade máxima de moeda que pode ser criada por
cada unidade de moeda do Banco Central/base
monetária.
– É o quociente entre a massa monetária/stock de
moeda e a base monetária:

𝑀 = 𝐶 + 𝐷 = 𝑏𝐷 + 𝐷 = (𝑏 + 1)𝐷
H=C+R = bD+xD = (b+x)D

Multiplicador Monetário(mm) =

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Criação de Moeda e Sistema Bancário

𝑀 𝑏+1
Multiplicador Monetário(mm) = =
𝐻 𝑏+𝑥
• Exemplos:
– x = 10%, b = 0  mm=(b + 1)/(b + x) = 1/0,1 = 10; H=100
M=10xH=10x100=1000

– x = 20%, b = 0  mm=(b + 1)/(b + x) = 1/0,2 = 5; H=100


M=5xH=5x100=500

– x = 10%, b = 10%  mm=(b + 1)/(b + x) = 1,1/0,2 = 5,5; H=100


M=5,5xH=5,5x100=550
• O valor do multiplicador monetário depende da taxa de
reservas e da preferência do público por moeda do BC: b,
x  multiplicador monetário (criação monetária)
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Criação de Moeda e Sistema Bancário

Multiplicador monetário efetivo:


O multiplicador monetário anterior é um multiplicador
potencial, dá-nos a quantidade máxima de moeda
que pode ser criada por cada u.m. de moeda do Banco
Central/base monetária.
A quantidade de moeda efetivamente criada depende, por
exemplo, dos pedidos de crédito/empréstimos. Se
estes não forem suficientes, a criação de moeda será
inferior à capacidade máxima.

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Criação de Moeda e Sistema Bancário

• De acordo com esta primeira abordagem do processo de


criação de moeda, os bancos recebem os depósitos de
forma passiva e depois utilizam-nos para conceder crédito
em valor múltiplo dos depósitos recebidos.
– A oferta de moeda (M) relaciona-se com a base monetária (H).
– Esta relação é determinada pelos rácios taxa de reservas (x) e
quociente notas-depósitos (b).
– A quantidade de moeda-depósitos que os bancos comerciais
podem criar depende da taxa de reservas, do quociente
notas-depósitos e da base monetária.
M = m.m. (x, b) × H
– BC pode controlar a massa monetária através do controlo da
base monetária, desde que o multiplicador monetário permaneça
estável.
– O BC também pode controlar a massa monetária através do
controlo da taxa de reservas.

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Criação de Moeda e Sistema Bancário

Sistema bancário concorrencial


(competitive banking system):
– Os bancos atuam num ambiente concorrencial para atrair
as reservas necessárias à expansão dos seus depósitos.

• Os bancos procuram oportunidades de concessão de


crédito rentáveis e depois procuram fundos para
poderem conceder esse crédito/empréstimos
– através da atração de depósitos via taxas de juro mais
elevadas,
– pedindo emprestado no mercado interbancário ou ao
BC (taxa de juro oficial).

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Criação de Moeda e Sistema Bancário

• Os bancos concorrem entre si


– pela atração de depósitos  têm de pagar taxas de juro
competitivas sobre os depósitos (taxa de juro passiva).
– para concederem empréstimos  têm de cobrar taxas de
juro competitivas sobre os empréstimos (taxa de juro ativa).

• A concorrência no sector bancário conduz os spreads


(diferença entre a taxa que os bancos recebem ao ceder fundos - a taxa de
a um nível suficiente
juro ativa -, e a que pagam para obter fundos)
para cobrir os custos, o risco e realizar uma taxa de
retorno do capital normal.

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Criação de Moeda e Sistema Bancário


Controlo da oferta de moeda pela autoridade
monetária:
• através do controlo da base monetária (do multiplicador
momentário resulta que ao controlar H o BC exerce também controlo
sobre M).
Em períodos ditos normais, a maioria dos BCs controla a
oferta de moeda de outra forma - através da fixação da
taxa de juro, controla os depósitos totais e portanto M:
– BC utiliza o seu conhecimento sobre a procura de empréstimos para
escolher a taxa de juro que há de gerar a procura de empréstimos
desejada e portanto o montante desejado de depósitos.
– A esta taxa de juro, o BC fornece toda a base monetária solicitada 
H é determinada pela respetiva procura.
– Ex. subida da taxa de juro oficial/de referência  obtenção de
reservas via BC (ou outros bancos) fica mais cara  aumenta a
concorrência pelos depósitos  subida da taxa de juro passiva 
menor interesse (rendibilidade) na concessão de crédito  menor
criação de moeda.

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Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário

Modelo exposto por registos no balanço dos bancos:


• Ativos (assets): bens / direitos sobre outros
– Exemplos de ativos de um banco: notas e moedas metálicas nos cofres,
depósitos junto do BC, empréstimos a clientes, títulos, divisas.
• Passivos (liabilities): dívidas / responsabilidades para com outros
– Exemplos de passivos de um banco: depósitos de clientes, crédito do
BC.

• Registo de um depósito do público em geral num banco comercial:


– no ativo do banco é registada a entrada de dinheiro,
– no passivo é registado o depósito.

• Registo de um empréstimo de um banco comercial ao público em


geral:
– quando um banco empresta dinheiro a um cliente credita o saldo da conta de
depósitos do cliente nesse montante, portanto no passivo é registado o depósito;
– no ativo é registado o empréstimo, pois constitui um direito do banco à devolução
do valor em dívida pelo cliente.

Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário

• O banco recebe um depósito em N&M no valor de 100€, que é novo no


sistema bancário.
• Vamos supor que o depósito é novo porque teve origem na compra pelo BC de
títulos da dívida pública a um membro do público em geral por intermédio de um
banco. O vendedor dos títulos fica com um crédito neste banco (depósitos) e este,
por sua vez, troca-os por N&M junto do BC.

Passivo Ativo
Depósitos 100 Notas e Moedas 100

i) Depósito: Um depósito novo de 100 € tem 100% de cobertura. (neste


ex. todas as reservas estão constituídas sob a forma de N&M)

R/D = Reservas(N&M) / Depósitos = 100 / 100 = 1 ou 100%


H = C + R = 0 + 100 = 100;
M = C + D = 0 + 100 = 100.

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Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário
• Hip.: x=R/D=0,1 ou 10%  o banco pretende deter apenas 10% dos seus
depósitos em reservas.
• Então, o banco poderá expandir os seus depósitos através da concessão
de empréstimos (quando um banco empresta dinheiro a um cliente aumenta o
saldo da conta de depósitos do cliente), dando origem à criação de moeda
(D  M).
ii) Restabelecimento de uma taxa de reservas de 10%: depois do
banco receber um depósito novo de 100€ poderá expandir os seus
empréstimos em 900€:
x = R / D = 0,1  0,1 = 100 / D  D = 100 / 0,1 = 1000;
Depósitos (D) = depósito novo (R) + empréstimos (E) 
E = D – R = D – xD = (1 – x)D = (1 – 0,1)1000 = 900
H = C + R = 0 + 100= 100
M = C + D = 0 + 1000 = 1000
Passivo Ativo
Depósitos 1000 Notas e Moedas 100
Empréstimos 900
1000 1000

Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário


Aumento da taxa de reservas reduz a criação monetária
Ex. x’=R/D=0,2 ou 20%:
iii) Taxa de reservas de 20%: depois do banco comercial receber
um depósito novo de 100€ poderá expandir os seus empréstimos
em 400€:
R /D = 0,2  D = 100/0,2 = 500;
Depósitos (D) = depósito novo (R) + empréstimos (E) 
D = R + E  E = D – R = D – xD = (1 – x)D = (1 – 0,2)500 = 400
H = C + R = 0 + 100 = 100;
M = C + D = 0 + 500 = 500.

Passivo Ativo
Depósitos 500 Notas e Moedas 100
Empréstimos 400
500 500

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Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário

Levantamento de N&M pelo público reduz a criação monetária:


–Hip.: x=R/D=0,1 ou 10%; b=C/D=0,1 ou 10% (quociente notas-depósitos /
coeficiente de preferência por moeda do BC – público deseja deter 10% dos seus depósitos
na forma de N&M, logo circulação monetária)

iv) Taxa de reservas de 10% e quociente notas-depósitos de 10%: depois


do banco receber um depósito novo de 100€ poderá expandir os seus
empréstimos em 450€:
x=R/D = (H-C)/D = (100-0,1D)/D=0,1 => D=500
Ou: H = C + R = bD + xD = (b + x)D  D = H/(b + x) = 100 / (0,1 + 0,1) = 500
 Levantamento de N&M pelo público: C = b  D = 0,1500 = 50
 N&M na posse do banco: R = H – C = 100 – 50 = 50 (= xD = 0,1  500)
D = R + E  E = D – R = D – xD = (1 – x)D = (1 – 0,1)500 = 450
H = C + R = 50 + 50 = 100;
M = C + D = 50 + 500 = 550
Passivo Ativo
Depósitos 500 Notas e Moedas 50
Empréstimos 450
500 500
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Criação de Moeda e Modelos do Sistema Bancário

M b 1
Multiplicador Monetário  
H bx
• Exemplos:
– x = 10%, b = 0  (b + 1)/(b + x) = 1/0,1 = 10
M=10xH=10x100=1000

– x = 20%, b = 0  (b + 1)/(b + x) = 1/0,2 = 5


M=5xH=5x100=500

– x = 10%, b = 10%  (b + 1)/(b + x) = 1,1/0,2 = 5,5


M=5,5xH=5,5x100=550

• O valor do multiplicador monetário depende da taxa de


reservas e da preferência do público por moeda do BC:
b, x  multiplicador monetário (criação monetária)
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Macroeconomia I
Licenciatura em Gestão

Mercado Monetário
(Bibliografia: Lipsey and Chrystal, cap. 19)
baseado nos slides da Professora Conceição Pereira ano letivo 2016-17

OBJETIVOS

• Perceber a relação inversa entre o preço de mercado das


obrigações e a taxa de juro
• Descrever as hipóteses de comportamento e representar
graficamente a procura de moeda
• Descrever as hipóteses de comportamento e representar
graficamente a oferta de moeda
• Representar graficamente e identificar o equilíbrio no mercado
monetário
• Descrever e representar graficamente a atuação da política
monetária levada a cabo pelo BC
• Definir curva LM, explicar em termos económicos o seu declive e
identificar fatores que deslocam a curva
• Representar graficamente através da curva LM a atuação da política
monetária

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PLANO

1. Taxa de juro e preço das obrigações


2. Procura de moeda
3. Oferta de moeda
4. Equilíbrio monetário
5. Atuação da política monetária
6. Curva LM – definição e dedução gráfica
7. Curva LM e atuação da política monetária

Introdução
• A quantidade de moeda em circulação na economia
influencia o comportamento da economia real?

• Visão clássica da economia – na dicotomia clássica


admitia-se separação entre os setores real e monetário
– Variáveis reais e variáveis nominais podem ser analisadas de
forma independente.
• Neutralidade da moeda: alterações do stock de moeda em circulação
afetam apenas variáveis nominais, tais como preços, salários, taxa
de câmbio, não produzindo efeitos sobre variáveis reais (emprego,
PIB real).

• Visão moderna da economia – hoje em dia a


neutralidade da moeda é rejeitada: uma variação da
quantidade de moeda em circulação tem efeitos reais,
pelo menos no CP.

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Introdução
• Devemos então estudar o mercado da moeda e
acrescentá-lo ao modelo de determinação do
produto:
– a ligação entre o setor monetário e o setor real é
estabelecida pela taxa de juro, que é endógena.
– para além da política orçamental, passa a haver a
possibilidade de estabilizar a economia por recurso à política
monetária.

• O setor monetário a incorporar no modelo inclui


moeda e outros ativos financeiros, que é necessário
avaliar.
– Perceber a procura de moeda como forma de detenção de
riqueza, em alternativa a ativos que conferem um rendimento,
implica perceber o que influencia o valor/preço desses ativos.

Taxa de juro e preço das obrigações


Moeda e obrigações
• Em qualquer momento do tempo, as famílias/indivíduos dispõem de
um dado stock de riqueza (valor do património)
– Os indivíduos podem deter a sua riqueza sob várias formas, mas
vamos agrupá-las em duas categorias:
• moeda e tudo o resto – que será representado por obrigações (bonds).

• Obrigações – ativo financeiro que promete fazer um ou mais


pagamentos e devolver o montante em dívida numa
determinada data futura.
Obrigações perpétuas: conferem o direito a receber um pagamento
anual perpétuo fixo
• R – pagamento/rendimento (fixo) anual perpétuo
• i – taxa de juro

i = R / Preço da obrigação (ou Preço da obrigação = R / i)


• Existe uma relação inversa entre o preço das
obrigações e a taxa de juro.
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Taxa de juro e preço das obrigações
• Uma subida (descida) no preço de mercado de uma obrigação
que produza um determinado rendimento fixo é equivalente a
uma descida (subida) na taxa de juro que essa obrigação rende.

– Imagine-se que certas obrigações perpétuas são emitidas pelo valor nominal
de 1000€, conferindo um direito ao seu detentor de receber o valor de 100€
por ano, ou seja, com uma taxa de juro contratada de 10%.
• Quem comprar esta obrigação pelo valor de emissão obtém efetivamente uma taxa
de juro de 10% (100€/1000€).
– Mas suponha-se que em certo momento o mercado obrigacionista está em
alta, em consequência da elevada procura de obrigações, e que:
• obrigações estão a ser transacionadas por um valor superior, p. ex 2000€.
• Isto significa que rendendo elas 100€,
• a taxa de juro efetivamente auferida é somente 5% (100€/2000€).
– Suponha-se pelo contrário que o mercado obrigacionista está em baixa, em
consequência da reduzida procura de obrigações, e que:
• obrigações estão a ser transacionadas por um valor inferior, p. ex. 500€.
• Isto significa que rendendo elas 100€,
• Quem as adquirir por este preço irá obter uma taxa de juro de 20% (100€/500€).

Procura de Moeda

• Procura de moeda = montante de riqueza que os


agentes económicos desejam deter sob a forma de
encaixes monetários/meios imediatos de pagamento.
• Como por hipótese os agentes económicos repartem a
sua riqueza entre moeda e obrigações, um aumento
da procura de moeda traduz uma redução na procura
de obrigações e vice versa.
• Ao deterem moeda, os agentes económicos estão a
incorrer num custo de oportunidade:
– rendimento de que abdicam por deterem moeda em vez de
obrigações; i.e. o juro que poderia ter sido obtido caso essa
riqueza detida sob a forma de moeda tivesse sido antes
aplicada em obrigações.

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Procura de Moeda
• Por que razão desejam então os agentes económicos
deter moeda?
– Os agentes económicos detêm moeda quando esta proporciona
serviços aos quais é atribuído pelo menos tanto valor como o
custo de oportunidade de deter moeda.
Três importantes serviços dão origem a três motivos para deter
moeda:
• Motivo transação: moeda permite enfrentar transações
planeadas, porque pagamentos e recebimentos não são
sincronizados.
• Motivo precaução: moeda permite enfrentar transações
incertas.
• Motivo especulação: moeda constitui reserva de valor e
proporciona proteção da incerteza inerente às flutuações dos
preços de outros ativos financeiros.

Procura de Moeda
• Transação e precaução: procura de moeda
crescente com o produto, porque se admite
relação positiva estável entre transações e produto.
• Especulação: procura de moeda decrescente com
a taxa de juro.
– Moeda proporciona liquidez e é um ativo sem risco, mas não
proporciona rendimento/retorno/rentabilidade/juros.
– Obrigações proporcionam rendimento mas são menos líquidas
que a moeda e os seus preços estão sujeitos a flutuações.
• Agentes económicos devem escolher uma repartição
equilibrada da sua riqueza, detendo uma menor parcela de
moeda/maior parcela de obrigações se o custo de
oportunidade de deter moeda for elevado, i.e. se a taxa de
juro for elevada, e vice-versa.
• Com uma maior riqueza maior será a detenção de
moeda, assim como a detenção de obrigações.
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Procura e oferta de moeda
• Procura de moeda nominal (MD) e real (L)
– Procura nominal de moeda: procura de moeda em unidades
monetárias
– Procura real de moeda: unidades de poder de compra que o
público deseja deter sob a forma de encaixes monetários,
L = MD/P
MD = MD(Y, i, P)=PL  L = L(Y, i)

• Função procura real de moeda (admite riqueza constante):


L = f Y – gi
• Função oferta (nominal) de moeda: MS = M
• quantidade de moeda que efetivamente existe na economia,
determinada/controlada pelo Banco Central (BC).

11

11

Equilíbrio Monetário
• Equilíbrio monetário: MS = MD  MS/P = L
• ocorre quando o público detém a quantidade de moeda (e de
obrigações) que deseja deter.
• A curva da oferta de moeda MS é representada por uma reta vertical,
traduzindo uma dada quantidade de moeda existente na economia, M0.
• A curva da procura de moeda MD tem um declive negativo, porque uma
redução da taxa de juro conduz a um aumento na procura de moeda por motivo
especulação.
i
EOM
MS

• Equilíbrio: a taxa de juro de


equilíbrio estabelece-se ao nível
E0
i0 em que a procura e a oferta de
moeda se igualam.

EPM MD

M0 M

12

12

6
Equilíbrio Monetário
• Em desequilíbrio o público ajusta a composição da sua
riqueza, o que propicia o ajustamento da taxa de juro e
assim o retorno ao equilíbrio:

• i = i2 > i0  excesso de oferta de moeda


(EOM)  compra de obrigações e
redução dos encaixes de moeda  preço
i
EOM MS das obrigações sobe e taxa de juro desce
MS
 MD  equilíbrio.
i2

• i = i1 < i0  excesso de procura de moeda


i0
E0 (EPM)  venda de obrigações para
aumentar os encaixes monetários  preço
i1 das obrigações cai e taxa de juro sobe 
EPM MD  equilíbrio.
MD
MD

M2 M0 M1 M
13

13

Atuação da política monetária (BC controla M)


• O BC fixa um objetivo para a oferta de moeda (MS), comprando/vendendo
obrigações para o alcançar.
– quando o BC pretende injetar moeda na economia, compra obrigações entregando em
troca moeda à economia/público em geral.
– quando o BC se propõe reduzir a quantidade de moeda em circulação, vende obrigações,
recebendo em troca moeda em circulação na economia/público em geral.

i M S0 M S1 • Política monetária expansionista


MD 1º (monetary relaxation):
– ΔMS (BC compra obrigações) => Δ preço das
obrigações e i => público ajusta a
EOM composição da sua riqueza vendendo
obrigações e aumentando os seus encaixes
i0 monetários (ΔMD), atingindo-se o novo
E0
2º equilíbrio no MM
E1
i1
• Política Monetária Restritiva (monetary tightening):
– MS (BC vende obrigações) => preço das
obrigações e Δi => público ajusta a composição
da sua riqueza comprando obrigações e
M0 M1 M reduzindo os seus encaixes monetários (MD)
atingindo-se o novo equilíbrio no MM.

Caso de uma Política Monetária Expansionista 14

14

7
Atuação da política monetária (BC controla i)
• O BC fixa um objetivo para a taxa de juro, comprometendo-se a
comprar/vender qualquer quantidade de obrigações para o alcançar.
– O BC compra/vende obrigações (oferta de moeda determinada pela procura à taxa de
juro em vigor), para alcançar valor definido para i;
– Alterações da taxa de juro conduzem a variações da procura de moeda, e portanto a
ajustamentos na composição da riqueza dos indivíduos através de compra ou venda
de obrigações.

• Política Monetária Expansionista


i MS MS (monetary relaxation):
0 1
MD 2º – i  ΔMD => EPM => público ajusta a
composição da sua riqueza vendendo
obrigações ao BC e aumentando os seus
encaixes monetários => BC compra
obrigações  MS
i0
E0

E1
i1
• Política Monetária Restritiva (monetary tightening):
EPM
EPM – i  MD => EOM => público desfaz-se de
moeda e compra obrigações => BC vende
obrigações => MS
M0 M1 M

Caso de uma Política Monetária Expansionista 15

15

Curva LM – definição e dedução gráfica


• Curva LM mostra as combinações de Y e i que asseguram
o equilíbrio no mercado monetário: MD = MS  L = M/P.
• Dedução gráfica:
Y (Y0Y1)  procura de moeda por motivo transação e
precaução  MD0MD1 
EPM  público vende obrigações para obter mais moeda 
preço da obrigações e i (i0  i1).

i i
MS LM0

E1 i1 E1
i1

E0
i0
E0 i0
MD1(Y1)
MD0(Y0)
M Y0 Y1 Y
16

16

8
Curva LM – dedução algébrica e declive
• Modelo MS
representativo do L
P
mercado da moeda: MS M
L  f Y  g  i

MS
L
• Dedução algébrica P
da curva LM: M
 f Y  g  i
P
M /P g M /P f
Y  i  i  Y
f f g g
• Declive positivo:
i
Y  L  EPM  público LM
pretende deter mais moeda do
que a que detém  vende
obrigações  preço das ↑i
obrigações e i ↑Y
Y
17

17

Curva LM– deslocações e atuação da PM


M S0 M S1
i i LM0
↑M
LM1

↑M
i0

i1
MD0(Y0)

M Y0 Y

• BC decide M  LM desloca-se paralelamente para baixo / a


direita.
• Deslocação da LM mostra i a cada nível de Y.
• É visível na expressão teórica da LM que, mantendo o
produto constante, a taxa de juro diminui quando M
aumenta: M /P f
i   Y
g g

18

18

9
Macroeconomia I
Licenciatura em Gestão (1º Ciclo)

O Modelo IS-LM
Bibliografia: LIPSEY, R.; CHRYSTAL, A., Cap. 20
(baseado nos slides da Professora Conceição Pereira ano letivo 2016-17)

OBJETIVOS GERAIS

• Definir curva IS, explicar em termos económicos o seu


declive e identificar fatores que deslocam a curva
• Relacionar o equilíbrio macroeconómico global com as
curvas IS e LM e respetiva representação algébrica
• Analisar alterações ao equilíbrio macroeconómico
decorrentes de políticas de estabilização através da
análise algébrica e gráfica do modelo IS-LM
• Analisar alterações ao equilíbrio macroeconómico
decorrentes de políticas de estabilização através do
cálculo dos multiplicadores do modelo IS-LM

1
PLANO

1. Investimento
2. Curva IS
3. Modelo IS-LM
4. Interdependência dos setores real e
monetário, modelo IS-LM e políticas de
estabilização
5. Modelo IS-LM: multiplicadores

Introdução
Mercado de bens e serviços (MBS)
• Mercado onde se trocam os bens e serviços produzidos no
território económico nacional e onde é determinado o nível de
produto de equilíbrio.
Mercado monetário (MM)
• Mercado onde se trocam ativos financeiros (moeda e obrigações) e
onde é determinada a taxa de juro de equilíbrio.

• Vamos agora juntar os mercados/setores real e monetário.


• A ligação entre os dois mercados/setores é estabelecida pela taxa
de juro.
• A taxa de juro influencia o investimento, que deixa de ser exógeno para
passar a ser endógeno.
• Modelo macroeconómico passa a determinar não só o produto, mas também
a taxa de juro.

2
Investimento
• Principais formas de investimento:
• variações de existências;
• construção e reconstrução de residências;
• capital fixo de empresas.

• Iremos concentrar-nos no efeito de CP do investimento, ou


seja, o investimento afeta a despesa agregada e, portanto,
o PIB efetivo e o hiato do produto, pois o que importa para
a determinação destes são as flutuações da despesa
agregada desejada.
• No LP o investimento aumenta o stock de capital e, portanto, o
PIB potencial. Todavia, iremos ignorar este efeito, pois o nosso
modelo assume PIB potencial fixo.

Investimento
• Financiamento do investimento:
• Poupanças internas (das famílias e das empresas=lucros
retidos) e externas.
• Poupanças são canalizadas para investimento de forma
direta, através da compra de ações ou obrigações emitidas
pelas empresas, ou indiretamente através de intermediários
financeiros.

• Determinantes do investimento:
• Preço e produtividade dos bens de capital
• Expectativas quanto à procura pelo produto e aos custos de
produção
• Inovações
• Lucros (fundos próprios)
• Taxa de juro
6

3
Investimento
Efeito da taxa de juro (i) sobre o investimento
Um aumento da taxa de juro real desencoraja o investimento,
porque ela mede o custo dos fundos para financiar o investimento:
• grande parte do investimento é financiado por recurso ao crédito,
que encarece com a subida da taxa de juro (ex. investimento em
habitação das famílias);
• o custo de oportunidade da parte do investimento que é financiada
por capitais próprios (lucros retidos) aumenta com a taxa de juro,
porque o retorno das aplicações alternativas aumenta.

• Função investimento: descreve a relação do investimento


com os fatores que o determinam: I = d – ei (i  I)
• d = investimento autónomo (aumenta com expectativas mais
otimistas ou outras ocorrências favoráveis ao investimento)
• e = coeficiente de sensibilidade do investimento a variações
da taxa de juro.

Curva IS – definição e dedução gráfica


• Curva IS – mostra as AE
AE=Y
combinações de Y e i que AE0 (I0)
asseguram o equilíbrio no e0 AE1 (I1<I0)
mercado dos bens e serviços,
isto é, onde I=S (Y=AE).
e1

• Dedução gráfica: 45o


i (i0  i1)  I (I0  I1)  AE Y
(AE0  AE1)  Y (Y0  Y1).
i
• Um aumento da taxa de juro reduz o
investimento.
• O investimento é parte da despesa
agregada planeada, que diminui.
• Assim, quando aumenta a taxa de juro, a i1
E1 E0
despesa agregada planeada diminui
i0
para cada nível de produto/rendimento.
• Finalmente, a redução de AE vai IS
provocar uma diminuição do produto
em equilíbrio.
Y1 Y0 Y
8

4
Curva IS – dedução algébrica
Modelo representativo do mercado dos bens e serviços
• Economia com Estado e setor externo (ver cap. 17)

Y  AE
AE  C  I  G  Ex  Im
C  a  bYd  a  b(Y  T  tr )
Investimento passa a
I  d  ei depender explicitamente
da taxa de juro.
G G
Ex  Im  x  m  Y
T  u  t Y
tr  tr
9
9

Curva IS – dedução algébrica


• Escreve-se a condição de equilíbrio: Y  AE
• Introduz-se a definição de AE: Y  C  I  G  Ex  Im

• Introduzem-se as equações de comportamento das


componentes da despesa agregada:
Y  a  b(Y  T  tr )  d  ei  G  x  mY
• Introduzem-se as equações de comportamento das
transferências e dos impostos:

 
Y  a  b Y  tr  (u  tY )  d  ei  G  x  mY

10

10

5
Curva IS – dedução algébrica
• Resolve-se em ordem a Y para obter a expressão da
curva IS:
Y  a  btr  bu  d  ei  G  x  bY  btY  mY
 Y  bY  btY  mY  a  btr  bu  d  ei  G  x
 Y (1  b  bt  m)  a  btr  bu  d  G  x  ei

𝑎 + 𝑏(𝑡𝑟 − 𝑢) + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 𝒆
𝑌= − 𝒊
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 𝟏 − 𝒃 + 𝒃𝒕 + 𝒎

<0
11

11

Curva IS – dedução algébrica


• Em alternativa ao processo que parte da condição de
equilíbrio Y = AE, podemos deduzir a curva IS partir da
condição de equilíbrio I = S:
I  ST  I  S Fam  S Est  S Ext
 I  Yd  C  T  tr  G  Im Ex
 d  ei  (Y  T  tr )  a  b(Y  T  tr )  T  tr  G  mY  x
 d  ei  Y  a  b(Y  u  tY  tr )  G  mY  x
 d  ei  Y  a  bY  bu  btY  btr  G  mY  x
 Y  bY  btY  mY  a  btr  bu  G  x  d  ei
 Y (1  b  bt  m)  a  b(tr  u )  G  x  d  ei

a  b(tr  u )  d  G  x e
Y   i
1  b  bt  m 1  b  bt  m
12

12

6
Curva IS – declive
IS tem declive negativo:
i  I AE Y
• Por ex. aumento da taxa de juro => desencoraja o investimento, porque
mede o custo do capital (recurso ao crédito fica mais caro; custo de
oportunidade aumenta) => investimento é parte da despesa agregada
planeada, que diminui => diminuição do produto em equilíbrio.
IS
a  b(tr  u )  d  G  x e
Y  i
i 1  b  bt  m 1  b  bt  m
↓Y A e
Y  i
↑i
1 c 1 c
A  a  b(tr  u )  d  G  x; c  b  bt  m

i 1 1 1- c
  - 0
Y Y e e
Y i 
1 c

13

13

Curva IS – deslocação
AE AE=Y
• Variações na despesa autónoma,
AE1 (A1, i0) A  curva AE desloca-se para
AE0 (A0, i0) cima  curva IS desloca-se para
a direita
• Deslocação horizontal da curva IS
mostra Y a cada nível de taxa de
juro.
45o
• É visível na expressão teórica da
Y
IS que, mantendo a taxa de juro
i constante, o nível de produto
aumenta quando qualquer
componente da despesa
autónoma (ex. G) aumenta:
i0
a  b(tr  u )  d  G   x e
IS1
Y   i
1  b  bt  m 1  b  bt  m
IS0
Y0 Y1 Y

14

14

7
Diagrama IS/LM – equilíbrio macroeconómico
i Curva LM: lugar geométrico das combinações
LM
de Y e i que asseguram o equilíbrio no mercado
monetário.

E0
i0
Curva IS: lugar geométrico das combinações
de Y e i que asseguram o equilíbrio no
mercado dos bens e serviços.
IS

Y0 Y

• Diagrama que junta as curvas IS e LM dá origem ao modelo


IS/LM.

• Equilíbrio macroeconómico, onde se verifica simultaneamente


equilíbrio no MBS e no MM, ocorre no ponto E0 (Y0 ; i0).
– Equilíbrio macroeconómico é único.

15

15

Modelo IS/LM – equilíbrio macroeconómico


Dedução algébrica do ponto de equilíbrio macroeconómico, E0:

a  b(tr  u )  d  G  x e
Curva IS : Y   i
1  b  bt  m 1  b  bt  m
M /P f
Curva LM : i   Y
g g
Através da resolução do sistema de equações dado pelas
expressões algébricas das curvas IS e LM, calculamos as
coordenadas do ponto de equilíbrio macroeconómico, E0:

 a  b(tr  u )  d  G  x e
Y   i
 1  b  bt  m 1  b  bt  m

i   M / P  f Y
 g g

16

16

8
Modelo IS/LM – equilíbrio macroeconómico
 a  b(tr  u )  d  G  x e
Y   i
 1  b  bt  m 1  b  bt  m

i   M / P  f Y
 g g

 M /P f
(1  b  bt  m)Y  a  b(tr  u )  d  G  x  e  (  Y)
 g g


 e f M /P
(1  b  bt  m)Y  Y  a  b(tr  u )  d  G  x  e  ( )
 g g


 e M
 a  b(tr  u )  d  G  x  
g P
Y 
 e f
 1  b  bt  m 
g

 M /P f
i  g
 Y
g

17

17

Diagrama IS / LM – deslocações das curvas


i
LM • Um aumento na despesa autónoma
E1 desloca a curva IS para a direita,
i1 aumentando os valores de equilíbrio
E0
do produto e da taxa de juro. Uma
i0 redução em A tem o efeito contrário.
IS1

• Um aumento na oferta real de


IS0
moeda desloca a curva LM para a
Y0 Y1 Y direita, aumentando o produto de
i
equilíbrio e reduzindo a taxa de juro
LM0 de equilíbrio. Uma redução em M/P
tem o efeito contrário.

E0 • Assim, numa situação em que Y < Y*


LM1
i0 e se pretende prosseguir uma
política de estabilização que
i1 E1 alcance Y*, ambas as políticas, PO e
IS PM, conseguem o Y desejado, mas
com efeitos distintos sobre a taxa
Y0 Y1 Y de juro.
18

18

9
Interdependência entre setores real e monetário
• O investimento depende da taxa de juro, determinada no
mercado monetário.
• A procura de moeda depende do produto/rendimento,
determinado no mercado de bens e serviços.

• Conclusão: o funcionamento do MM vai afetar o MBS e vice versa.

MBS MM
Y=C+I+G+Ex-Im Md=MS
(determina Y) (determina i)

I depende de i Md depende de Y

19

19

Interdependência entre setores real e monetário


Atuação de políticas de estabilização expansionistas
• Política orçamental expansionista (POE)
Aumento do consumo público/gastos do Estado ou redução dos
impostos líquidos de transferências com o objetivo de aumentar o
produto de equilíbrio (Y).
• Política monetária expansionista (PME)
Aumento da oferta de moeda (redução da taxa de juro) com o objetivo
de aumentar o produto de equilíbrio (Y).

O modelo IS-LM é uma forma útil de analisar os efeitos das


políticas orçamental e monetária nos valores de equilíbrio do
produto e da taxa de juro tendo por base deslocações das curvas.
 Nunca esquecer contudo a teoria económica na base das duas curvas, ou seja,
devemos conseguir perceber e explicar os deslocamentos das curvas, o que
implica ter presente o comportamento dos agentes económicos no MBS e no
MM.

20

20

10
Interdependência entre setores real e monetário
• A POE (ou qualquer A) expande o produto, mas também
aumenta a taxa de juro.
• Porquê?
• A  AE  Y  L (motivo transação e precaução)  EPM
 público tenta vender obrigações para aumentar encaixes de
moeda  preço das obrigações e i (que reduz L compensando a
subida causada por Y).
• Note-se que o que se passa no MBS tem reflexos no MM.
i
LM
E1
i1
E0
i0
ΔA
IS1

IS0

Y0 Y1 Y’1 Y
21

21

Interdependência entre setores real e monetário


• A PME reduz a taxa de juro, mas também expande o produto.

Porquê?
• ΔM/ i  BC compra obrigações => Δ preço das obrigações
(público ajusta a composição da sua riqueza vendendo obrigações ao BC e
aumentando os seus encaixes monetários atingindo-se o novo equilíbrio no MM);
• i  I  AE  Y.
• Note-se que o que se passa no MM tem reflexos no MBS.

i LM

E0
LM1
i0
i1 E1
ΔM
IS0

Y0 Y1 Y

22

22

11
Interdependência entre setores real e monetário

O que acontece no MM tem assim reflexos no MBS

• Mecanismo de Transmissão Monetária: descreve o


modo como os fenómenos monetários atingem a esfera
real da economia.
• ΔM/ i  I (I = d – ei)  AE  Y
• A ligação entre o MM e o MBS é feita através da taxa
de juro e do investimento.
• Na realidade há outras componentes da despesa, para além do
investimento que dependem da taxa de juro (por ex. o consumo
privado).

23

23

Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)


• Os multiplicadores de taxa de juro variável são obtidos a partir da
expressão do rendimento de equilíbrio simultâneo (no MBS e no
MM): e M
a  b(tr  u )  d  G  x  
g P
IS / LM : Y 
e f
1  b  bt  m 
g
1 𝑏 𝑏
𝑌= 𝑎+ 𝑡𝑟 − 𝑢+
𝑒⋅𝑓 𝑒⋅𝑓 𝑒⋅𝑓
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 +
𝑔 𝑔 𝑔
𝟏
⋅ 𝑑+ 𝒆⋅𝒇 𝑮
𝟏 𝒃 𝒃𝒕 𝒎
𝒈
𝑒
1 𝑔 𝑀
+ 𝑥+
𝑒⋅𝑓 𝑒⋅𝑓 𝑃
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 𝑔 1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 𝑔

𝝏𝒀 𝟏
• Por ex., para G, o multiplicador será: 𝑲𝒀,𝑮 =
𝝏𝑮
=
𝒆⋅𝒇
𝑰𝑺/𝑳𝑴 𝟏 − 𝒃 + 𝒃𝒕 + 𝒎 +
𝒈

24

24

12
Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)

• Os multiplicadores de taxa de juro constante são obtidos na IS:

a  b(tr  u )  d  G  x e
IS : Y   i
1  b  bt  m 1  b  bt  m

1 b b 1
Y a tr  u d
1  b  bt  m 1  b  bt  m 1  b  bt  m 1  b  bt  m
1 1 e
G x i
1  b  bt  m 1  b  bt  m 1  b  bt  m

 Y  1
• Por ex., para G, o multiplicador será: K Y ,G    
 G  IS 1  b  bt  m

25

25

Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)

Multiplicador de taxa de juro Multiplicador de taxa de juro


variável para G constante para G
 Y  1  Y  1
K Y ,G    
 G  IS / LM 1  b  bt  m  e  f
g
< K Y ,G    
 G  IS 1  b  bt  m

Conclusão: multiplicadores e, consequentemente, Y


são menores quando a taxa de juro é variável.

1 1
Y  KY ,G IS / LM
G 
1  b  bt  m 
e f
G
< Y  K Y ,G IS G 
1  b  bt  m
G
g

26

26

13
Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)
• Multiplicadores e, consequentemente, Y são menores quando
a taxa de juro é variável (ex. G):
 Y  1  Y 
K Y ,G    
 G  IS / LM 1  b  bt  m  e  f < KY ,G    
1
 G  IS 1  b  bt  m
g

• A razão reside no efeito crowding out, que se refere à redução das


despesas em investimento (ou de outras despesas sensíveis a variações
da taxa de juro), sempre que um aumento do produto é acompanhado de
um aumento da taxa de juro.
– O aumento do produto eleva a procura de moeda, o que conduz à subida da taxa
de juro, que reduz o investimento, limitando o crescimento do produto.
• Por ex., no contexto de uma POE de G, o aumento da taxa de juro faz
com que o peso do Estado na economia aumente à custa da redução do
peso do setor privado (alteração da composição do produto: G e I).
– Foi desta política, que privilegia o Estado e "expulsa" o investimento privado,
que surgiu a designação de efeito crowding out, que numa tradução à letra
significa expulsar a multidão (dos investidores privados).

27

27

Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)

• O efeito crowding out não se


verifica se o BC controlar a taxa de i
juro. LM0
E1
• BC compra obrigações em mercado i1 LM1
aberto e paga com base monetária, o E0 E’1
i0
que aumenta M, deslocando a LM
para a direita.
IS1
IS0

Y0 Y1 Y’1 Y

• Recapitulando: A (IS0IS1)  AE Y  L  tendência à


subida da taxa de juro
– BC controla i: BC evita i entregando moeda do BC ao público
contra a compra de obrigações  M  LM0LM1  E0E’1
– BC controla M: deixa i  I => efeito crowding-out limita Y 
E0E1
28

28

14
Modelo IS/LM – multiplicadores (MM)

• Um aumento na oferta real de moeda desloca a


curva LM para a direita, aumentando o produto de
equilíbrio e reduzindo a taxa de juro de equilíbrio.
• Uma redução em M/P tem o efeito contrário.

i
• O multiplicador que permite
LM0 medir Y no gráfico onde se
representa o impacto de um
E0 aumento da oferta de
LM1
i0 moeda, é obtido a partir da
expressão do rendimento de
i1
E1 equilíbrio simultâneo.
IS

Y0 Y1 Y
29

29

Modelo IS/LM – multiplicadores (MBS)


• O multiplicador que permite medir Y no gráfico anterior onde se
representa um aumento da oferta de moeda, é obtido a partir da
expressão do produto ou rendimento de equilíbrio simultâneo:
e M
a  b(tr  u )  d  G  x  
g P
IS / LM : Y 
e f
1  b  bt  m 
1 b g b
Y a tr  u
e f e f e f
1  b  bt  m  1  b  bt  m  1  b  bt  m 
g g g
e
1 1 1 g M
d G x
e f e f e f e f P
1  b  bt  m  1  b  bt  m  1  b  bt  m  1  b  bt  m 
g g g g
e 1
 Y  g P
Multiplicador da oferta de moeda: KY ,M    
 M  IS / LM 1  b  bt  m  e  f
g
30

30

15
Modelo IS/LM – multiplicadores (MM)

• Multiplicador da oferta de moeda com P=1:


e
 Y  g
KY ,M   
 M  IS / LM 1  b  bt  m  e  f
g

• Efeito multiplicador:

e g
Y  K Y , M  M   M
e f
1  b  bt  m 
g

31

31

16
Macroeconomia I
Licenciatura em Gestão (1º Ciclo)

Produto e Preços
Modelo AS-AD
Bibliografia: LIPSEY, R.; CHRYSTAL, A., Cap. 21
(baseado nos slides da Professora Conceição Pereira ano letivo 2016-17)

OBJETIVOS GERAIS
• explicar o comportamento da procura agregada
• construir e interpretar o gráfico da procura agregada
• relacionar a situação de equilíbrio obtida no modelo
IS-LM com a curva da procura agregada
• explicar o efeito de choques da procura agregada
• explicar o comportamento da oferta agregada
• construir e interpretar o gráfico da oferta agregada
• explicar o efeito de choques da oferta agregada
• apresentar e explicar o efeito de curto prazo sobre o
equilíbrio macroeconómico de choques da procura e da
oferta
• explicar o comportamento da oferta agregada no longo prazo
• apresentar e explicar o efeito no longo prazo de choques da
procura e da oferta
2

1
PLANO

1. Introdução
2. Procura Agregada
3. Oferta Agregada
4. Equilíbrio macroeconómico
5. Análise de choques

Introdução
• Até aqui: análise de curto prazo com preços fixos e
excesso de capacidade produtiva.
• Admitia-se que o produto (oferta) era determinado pela despesa
(procura): por existir excesso de capacidade produtiva, a
produção aumentava em resposta a aumentos da procura
sem subida de preços.
• Só o lado da procura foi estudado.

• Agora: hipóteses de preços fixos e excesso de


capacidade produtiva são abandonadas
• admite-se que o produto está perto do seu valor potencial.

• Análise de médio/longo prazo com preços variáveis


• queremos determinar não só o produto mas também o nível de
preços.
4

2
Introdução

• O produto e o nível de preços são determinados pela


interação entre oferta e procura agregadas  estudar o
lado da oferta e o lado da procura num contexto de
preços variáveis.
• Oferta agregada: a cada nível de preços, é o valor da
produção de bens e serviços que os produtores/empresas no
seu conjunto desejam produzir, admitindo que a conseguem
vender ao preço em vigor.
• Procura agregada: a cada nível de preços, é o nível desejado
de despesa realizada no produto interno (C + I + G + Ex – Im),
ou seja, em bens e serviços produzidos pela economia
nacional.

Procura Agregada

O nível de preços (P) afeta a despesa


desejada por via de três efeitos:
1. Efeito riqueza (ou Pigou): descreve o efeito de uma
variação dos preços na riqueza das famílias e portanto nas
suas despesas de consumo.
• P   riqueza real do setor privado, porque diminui o valor
real dos ativos expressos em termos nominais  C
 AE

C  a  bYd  P
No modelo IS-LM, resulta numa deslocação para a esquerda da curva IS:
• Para os mesmos valores da taxa de juro, um aumento do nível de
preços significa menos consumo privado, logo menor despesa
agregada, pelo que o produto de equilíbrio vai ser também menor.

3
Procura Agregada

2. Efeito PEL ou balança de pagamentos: descreve o efeito


de uma variação dos preços sobre a PEL.
• P  PEL (porque os preços dos produtos produzidos
internamente ficam mais caros quando comparados com os
que são produzidos no exterior)
  AE
Ex  Im  x  mY  P
No modelo IS-LM, resulta numa deslocação para a esquerda da curva IS:
• Para os mesmos valores da taxa de juro, um aumento do nível de
preços significa menos procura externa líquida, logo menor despesa
agregada, pelo que o produto de equilíbrio vai ser também menor.

Procura Agregada

3. Efeito oferta real de moeda: descreve o efeito de uma


variação dos preços sobre a oferta real de moeda e,
consequentemente, sobre a taxa de juro e por esta via sobre
o investimento.
• P  M/P diminui a oferta real de moeda  EPM
 público quer mais moeda do que a que detém e por isso
vende obrigações para satisfazer esse desejo de encaixes
monetários  preço das obrigações e i  I
 AE

No modelo IS-LM, resulta numa deslocação para cima/esquerda da curva LM:


• Para os mesmos valores do produto, um aumento do nível de preços significa
menos oferta real de moeda, logo a taxa de juro vai aumentar para repor o
equilíbrio no MM.

4
Curva da procura agregada (AD) – representação gráfica
• A curva AD representa, para cada nível de preços,
• o nível desejado de despesa em bens e serviços produzidos pela economia nacional.
• o nível de produto em que existe equilíbrio simultâneo no MBS (Y=AE) e no MM
(M/P=L), ou seja, pontos de interseção IS/LM.
Graficamente:
• Ponto inicial (Y0, P0)
• Com P (P0  P1) 
• C e PEL  AE + M/P  i  I  AE
• Movemo-nos para um novo ponto, (Y1, P1)
• Com novo P (P1  P2) 
• C, PEL e M/P, de novo
• Movemo-nos para um novo ponto, (Y2, P2)
P
• Em termos económicos, o declive da curva
AD é negativo devido aos efeitos riqueza, P2
balança de pagamentos e oferta real de
moeda: P1
• P  C, (Ex-Im) e I AE
• Note-se que estas explicações nada têm a ver com as
P0
justificações para a o declive negativo das curvas da
AD
procura por um determinado produto
(microeconomia): efeito de substituição e efeito
rendimento.
Y2 Y1 Y0 Y
9

Curva AD – dedução algébrica


Para deduzirmos a expressão da curva AD começamos por
deduzir a IS, admitindo as novas funções do consumo e
das exportações líquidas (à semelhança do que fizemos para
determinar o produto de equilíbrio no modelo IS-LM):

Y = AE = C + I + G + Ex – Im
𝑌 = 𝒂 + 𝒃𝒀𝒅 − 𝜶𝑷 + 𝑑 − 𝑒𝑖 + 𝐺 + 𝒙 − 𝒎𝒀 − 𝜽𝑷
𝑌 = 𝑎 + 𝒃(𝒀 − 𝑻 + 𝒕𝒓) − 𝜶𝑷 + 𝑑 − 𝑒𝑖 + 𝐺 + 𝑥 − 𝒎𝒀 − 𝜽𝑷
𝑌 = 𝑎 + 𝒃(𝑌 − 𝒖 − 𝒕𝒀 + 𝒕𝒓) − 𝜶𝑷 + 𝑑 − 𝑒𝑖 + 𝐺 + 𝑥 − 𝒎𝒀 − 𝜽𝑷
𝑌 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − 𝑒𝑖 + 𝒃𝒀 − 𝒃𝒕𝒀 − 𝒎𝒀 − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷
𝑌 − 𝒃𝒀 + 𝒃𝒕𝒀 + 𝒎𝒀 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − 𝑒𝑖 − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷
(𝟏 − 𝒃 + 𝒃𝒕 + 𝒎)𝒀 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − 𝑒𝑖 − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷
12

12

5
Curva AD – dedução algébrica
(1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚)𝑌 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − 𝒆𝒊 − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷

Depois, substituímos a taxa de juro de acordo com a curva LM:


𝑴/𝑷
𝑖= + 𝑌
𝒈
−𝑴/𝑷 𝒇
(1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚)𝑌 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − 𝒆( + 𝒀) − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷
𝒈 𝒈

𝑴
𝒇 𝒆( )
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 𝑌 + 𝒆 𝒀 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 + 𝑷 − 𝜶𝑷 − 𝜽𝑷
𝒈 𝒈

𝒇 𝒆 𝑴
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 𝒆 𝒀 = 𝑎 − 𝑏𝑢 + 𝑏𝑡𝑟 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 − (𝜶𝑷 + 𝜽𝑷 − )
𝒈 𝒈 𝑷

13

13

Curva AD – dedução algébrica


• Finalmente escrevemos Y em função de P, obtendo
assim a expressão da curva AD:

𝑒𝑀
𝑎 + 𝑏 𝑡𝑟 − 𝑢 + 𝑑 + 𝐺 + 𝑥 𝛼+𝜃 𝑷−
𝑔𝑷
𝑌= −
𝑒𝑓 𝑒𝑓
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 𝑔 1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 𝑔

Procura agregada:
• Nível desejado de despesa realizada no produto interno
(Y=C + I + G + Ex – Im), para cada nível de preços.
• Nível de produto em que existe equilíbrio simultâneo no MBS
(Y=AE) e no MM (M/P=L), para cada nível de preços.

14

14

6
Curva AD – Choques da procura agregada
𝑒𝑴
𝒂 + 𝒃 𝒕𝒓 − 𝒖 + 𝒅 + 𝑮 + 𝒙 𝛼+𝜃 𝑷−
𝑔𝑷
𝑌= −
𝑒𝑓 𝑒𝑓
1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 + 1 − 𝑏 + 𝑏𝑡 + 𝑚 +
𝑔 𝑔
Exemplo de choque positivo:
• A=aumento de uma das componentes da despesa autónoma
(a,tr;u,d,G,x)
• Para o mesmo nível de preços, um aumento da despesa autónoma resulta num nível
desejado de despesa em bens e serviços produzidos pela economia nacional superior.
• M=aumento da oferta de moeda
• Para o mesmo nível de preços, um aumento da oferta de moeda conduz a mais despesa
de investimento (I) e resulta num nível desejado de despesa realizada em bens e serviços
produzidos pela economia nacional superior. P
• Obtemos uma nova curva AD,
AD1, passando no
ponto (Y1, P0), mais à direita.
P0
E0
AD1(A1>A0 ou M1>M0)

AD0(A0 ;M0)

Y0 Y1 Y
15

15

Oferta Agregada
• Oferta agregada: valor da produção de bens e serviços que
os produtores desejam produzir e vender ao longo de um
determinado período de tempo, para cada nível de preços.

• Curva da Oferta:
• Curva da Oferta Agregada de Curto Prazo (short-run
aggregate supply – SRAS): mostra a relação entre o nível de preços
e o produto desejado, ao longo de um curto período de tempo, sob a
seguinte hipótese:
• os preços dos inputs permanecem constantes.

• Curva da Oferta Agregada de Longo Prazo (long-run


aggregate supply – LRAS): mostra a relação entre o nível de preços
e o produto que é possível produzir quando a economia está em pleno
emprego. Esta curva é uma linha vertical ao nível do produto
potencial, Y*, devido à seguinte hipótese:
• A economia tem um único equilíbrio macroeconómico de LP
que ocorre quando o produto se encontra ao seu nível potencial.
18

18

7
Curva SRAS – declive
SRAS
• A SRAS tem um declive positivo, o que mostra P
que, com os preços dos inputs dados, quanto
maior for o preço que as empresas podem
cobrar pelo produto maior será a produção
que elas estarão dispostas a produzir e vender. P1
– Produtividade marginal decrescente => custos
médios e marginais (custos unitários da P0
produção) crescentes com a produção.
– Aumento da produção requer aumento do
preço do output para manter ou aumentar os
lucros. Y0 Y1 Y

• A hipótese de que os preços dos inputs permanecem constantes (dados) visa captar
o facto de o preço do produto reagir mais depressa do que os preços dos inputs.
– Os produtores têm liberdade para alterar a maioria dos preços dos seus produtos, enquanto os
preços dos inputs tendem a ser rígidos (ex. os contratos de trabalhos fixam os salários a
vigorar por um ano ou mais).
 Existem outras explicações para o declive da SRAS, que omitiremos por simplificação.

• A um nível bastante elevado do produto, a curva SRAS pode tornar-


se vertical, representando o montante máximo de produto que é
possível produzir.
19

19

Curva SRAS – choques da oferta agregada


Deslocações da SRAS são provocadas por alterações nos custos unitários
de produção, resultantes de:
• Variações nos preços dos inputs.
• Variações na produtividade.
P SRAS
SRAS SRAS’ • Uma diminuição dos preços dos inputs ou
um aumento da produtividade desloca a
curva SRAS para a direita.
P0 – Porque a um determinado nível de preços,
será produzido e oferecido um produto maior.
– Ou porque um determinado produto será
produzido e vendido a um preço inferior.
Y0 Y1 Y
P SRAS
SRAS • Um aumento dos preços dos inputs ou uma
SRAS’
redução da produtividade terá o efeito
oposto (deslocação para a esquerda/para
cima) - não ilustrado graficamente neste
P0
diapositivo.
P1

Y0 Y 23

23

8
Equilíbrio macroeconómico
P SRAS
• Equilíbrio macroeconómico ocorre
na interseção das curvas AD e
P3 SRAS (E0) e determina os valores
de equilíbrio para o produto (Y0) e o
E0
nível de preços (P0).
P0
• Se o nível de preços fosse P1<P0,
ocorreria um excesso de despesa
P1 desejada (Y2) relativamente à produção
AD desejada (Y1), que faria elevar o preço
e repunha o equilíbrio.
• Se P fosse superior a P0 aconteceria o
oposto.
Y3 Y0 Y4
Y1 Y2 Y

• Somente em E0 se iguala o que os produtores desejam produzir


e o que os agentes económicos desejam despender.
• O equilíbrio macroeconómico requer 3 condições:
– Equilíbrio no MBS: Y = AE pontos sobre a
– Equilíbrio no MM: L = M/P AD
– Empresas dispostas a produzir o produto desejado  pontos sobre a SRAS

24

24

Equilíbrio macroeconómico – choques da procura

P SRAS
• Um choque da procura
agregada faz com que o
nível de preços e o
produto variem na mesma E1
direção. P1
E0

• Um choque positivo P0
(AD0AD1) provoca um AD0
AD1
aumento no nível de
preços e no produto real
(E0E1). Ex. G, M. Y0 Y1 Y’0 Y

• Este choque provoca, ao nível inicial de P, um excesso de procura


que eleva o nível de preços, fazendo aumentar a oferta agregada
(movimento ascendente ao longo da SRAS, porque as empresas podem
produzir mais sem diminuição dos lucros) e reduzir a procura agregada
(movimento ascendente ao longo da AD, porque se reduzem o investimento, o
consumo e as exportações líquidas).

25

25

9
Equilíbrio macroeconómico – choques da procura

P SRAS

• Um choque negativo
(AD0AD1) provoca uma
redução no nível de P0
preços e no produto real E1
E0
(E0E1). Ex. ↓G, ↓M. P1 AD0

AD1

Y’0 Y1 Y0 Y

• Este choque provoca, ao nível inicial de P, um excesso de oferta


que reduz o nível de preços, fazendo diminuir a oferta agregada
(movimento descendente ao longo da SRAS, porque as empresas vão produzir
menos) e aumentar a procura agregada (movimento descendente ao
longo da AD, porque aumenta o investimento, o consumo e as exportações
líquidas).

26

26

Equilíbrio macroeconómico – choques da oferta

• Um choque da oferta agregada SRAS0


P
faz com que o nível de preços e o SRAS1
produto variem em direções
opostas. E0
• Um choque positivo provoca um P0
E1
aumento do produto real e uma P1
queda no nível de preços. AD0
– Para P0, gera-se excesso de oferta que reduz o
nível de preços, fazendo aumentar a procura
agregada e reduzir a oferta agregada
– Ex. redução dos salários e dos preços das Y0 Y1 Y
matérias primas, aumento da produtividade.
P SRAS1
SRAS0

• Um choque negativo provoca


estagflação – combinação de estagnação E1
(crescimento lento ou queda do produto) – P1
E0
com inflação. P0
– Ex. choques petrolíferos de 1973-4 e 1979-80:
AD0
aumento exógeno do preço de um input, o
petróleo.
Y1 Y0 Y
28

28

10
Equilíbrio macroeconómico – choques da oferta

29

29

Análise de choques no curto e no longo prazo


• Análise de CP: incide sobre a determinação de Y e P por
interação entre a SRAS e a AD, ao longo de um período de
tempo durante o qual o produto efetivo (Y) se afasta do
produto potencial (Y*).
• Preços dos inputs constantes (apenas variações exógenas).
• Análise de LP: incide sobre a determinação de Y e P por
interação entre a LRAS e a AD, ao longo de um período de
tempo durante o qual a economia tende para Y=Y*.
• Preços dos inputs reagem a variações no nível de atividade económica
(variações endógenas), conduzindo a produção ao nível do produto
potencial.

• LRAS: mostra a relação entre o nível de preços e o produto


num horizonte temporal suficientemente longo, de modo a
permitir que todos os preços, do produto e dos inputs
tenham ajustado, após a ocorrência de choque exógenos.
30

30

11
Análise de choques no curto e no longo prazo
LRAS
P
• Como, após ocorridos estes
ajustamentos, a economia se
encontra a produzir Y=Y*, a curva
LRAS é uma linha vertical
desenhada ao nível Y*.

Y* Y

• Nota: a LRAS não representa o mesmo que o segmento vertical da


SRAS. O facto de ser vertical resulta de um mecanismo de ajustamento que
reconduz a economia ao produto potencial, após ter sido desviada desse
valor.
• A curva diz-se de LP porque este processo de ajustamento demora bastante tempo, mas
não tanto quanto o necessário para que ocorra crescimento económico, i.e. para que o
produto potencial aumente.

31

31

Análise de choques no curto e no longo prazo


• Como se processa o ajustamento no LP?
• Para além das variações exógenas nos preços dos inputs (
deslocações das SRAS), também podem ocorrer variações
endógenas nos preços dos inputs.
• Tal acontece sempre que Y  Y*, conduzindo a deslocações
induzidas da SRAS, que repõem o equilíbrio (Y=Y*):
• Y > Y* (hiato do produto positivo): procura de inputs superior ao
normal   preços dos inputs (por ex. excesso de procura no mercado
de trabalho   salários)  SRAS desloca-se para a esquerda,
porque as empresas estarão dispostas a produzir menos a cada nível de
preços.
• Y < Y* (hiato do produto negativo): procura de inputs inferior ao normal
  preços dos inputs  SRAS desloca-se para a direita, porque as
empresas estarão dispostas a produzir mais a cada nível de preços.
• O nosso manual completa este mecanismo de ajustamento com base na curva de
Phillips, mas nós omiti-la-emos por simplificação.
32

32

12
Análise de curto e longo prazo - choques da procura agregada

[i]. Análise de curto prazo: choque [ii]. Análise de longo prazo: a SRAS
positivo da procura agregada desloca-se para a esquerda, porque
conduz ao aumento de Y e P, o hiato positivo gera  preços dos
fazendo emergir um hiato do inputs, eventualmente repondo Y ao
produto positivo. nível de Y* e fazendo subir P ainda
mais.

P LRAS P LRAS SRASn SRAS0


SRAS0

En

E1 Pn Nível de preços
P1 aumenta ainda mais E1
Nível de preços P1
E0
aumenta
P0 P0
AD1 E0
AD1

AD0 AD0
Surge hiato
positivo Hiato positivo
é eliminado

Y0=Y* Y1 Y Y0=Y* Y1 Y
33

33

Análise de curto e longo prazo - choques da procura

[i]. Análise de curto prazo: choque [ii]. Análise de longo prazo: a SRAS
negativo da procura agregada desloca-se para a direita, porque o
conduz à redução de Y e P fazendo hiato negativo gera  preços dos
emergir um hiato do produto inputs, eventualmente repondo Y ao
negativo. nível de Y* e fazendo cair P ainda
mais.
P SRAS0 P
LRAS LRAS
SRAS0
SRASn

E0 E0
P0 P0
Nível de
E1 E1
preços cai
P1 P1
AD0 En AD0
Pn Nível de preços
cai ainda mais
AD1 AD1

Emerge hiato
Hiato negativo
negativo
é eliminado
Y1 Y* Y Y1 Y* Y
34

34

13
Análise de curto e longo prazo - choques da oferta

• CP: Choque positivo desloca • CP: Choque negativo desloca


SRAS para a direita (Y e P), SRAS para a esquerda (Y e
criando um hiato positivo. P), criando um hiato
negativo
• LP:   custos unitários de • LP:   custos unitários de
produção  SRAS desloca-se produção  SRAS desloca-se
gradualmente para a esquerda, gradualmente para a direita,
repondo Y ao nível de Y*. repondo Y ao nível de Y*.

P P
LRAS LRAS SRAS1
SRAS0=SRASn SRAS0 =SRASn

SRAS1
E1
P1
En = E0
P0 P0 E0= En

P1 AD AD
E1

Y0=Y* Y1 Y Y1 Y0=Y* Y
35

35

Três formas de o produto aumentar


[i]. e [ii]. Macroeconomia (supõe Y* constante): [iii]. Teoria Cresc. Econ.: Causas
Causas das flutuações cíclicas do crescimento económico
P
LRAS0
LRAS1
LRAS2
LRAS3

P SRAS0 P
LRAS LRAS
SRAS SRAS1

AD
AD1

AD0 AD

Y Y1 Y* Y Y*0 Y*1 Y*2 Y*3 Y


Y1 Y*

[i]. Aumento da procura agregada: [ii]. Aumento temporário [iii]. Aumentos permanentes
Se ocorrer quando Y<Y* pode na oferta agregada (deixa Y* da oferta agregada
conduzir a Y=Y* e encurta o inalterado): (aumenta Y*): Levam
a
ajustamento; se ocorrer quando Se ocorrer quando Y<Y*, pode aumentos permanentes do
Y=Y* o aumento em Y é temporário. conduzir a Y=Y*; se ocorrer produto.
quando Y=Y* será anulado. • Ex. de causas: progresso
tecnológico, capital,
população ativa, recursos
naturais.

36

36

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