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Anotações de aula sobre noções do Modelo IS-LM (iniciado em 26.08.

2020)

1. Preâmbulo

O objetivo dessas explicações/detalhamentos é mostrar o que faz a taxa de juros da economia aumentar ou diminuir. Flutuação Aleatória? Não!

Noções sobre Política Monetária: para explicar o que é isso precisamos primeiro entender as Funções da Moeda. Depois é necessário entender
porque agentes econômicos demandam moeda. Finalmente, definiremos Política Monetária e mostraremos como ela é colocada em prática via
Instrumentos de Política Monetária.

Conceito de Moeda: é tudo o que é aceito para liquidar transações dos mais variados tipos. Tudo o que tem valor de uso (utilidade) pode
também ter valor de troca e, portanto, servir como Moeda. Lembre-se do caso extremo da cachaça dentro de um botijão de gás. Se o item em
questão tiver essas três características (funções) simultaneamente, é Moeda:

i) Meio de Troca: Intermediar trocas; ii) Unidade de Conta: serve para relativizar expressões de valor; e iii) Reserva de Valor: entre um intervalo
(de tempo) e outro, ela mantém capacidade de servir de Meio de Troca. Mais adiante tem um recorte de jornal de 1989 e um link da
superinteressante que lhe ajudar a entender o que é demonetização.

Além disso, a moeda teve ter alguns atributos. Atributo não é função!

2. Demanda por Moeda

De início, saiba que num mundo organizado (como o nosso) a oferta de moeda é feita pelo Banco Central (lembra: Artigo 164 da Constituição
Federal: slide 38: ”Art. 164. A competência da União para emitir moeda será exercidaexclusivamente pelo Banco Central”. De modo geral, agentes
econômicos demanda moeda para:

i) Fins de Transação: adquirir bens e serviços. Para isso ocorrer é necessário haver Renda;

ii) Fins Precaucionais: quase ninguém recebe renda todos os dias, ou seja, como há uma incerteza sobre o futuro, na média, as pessoas guardam
parte do que ganham para cumprir o item “i” em momentos dispersos no tempo adiante. Essa motivação para demandar moeda também
dependente da Renda. Atenção! Fins precaucionais não tem relação alguma com poupança!

iii) Fins de Especulação: De início, não tem relação alguma com especulação em mercado financeiro. Dadas as funções “i” e “ii”, agentes
econômicos podem então decidir manter a moeda em seu poder ou trocá-la por títulos (ou seja, ativos) que potencializar rendimentos futuros
(renda variável: ações de empresas; ou renda fixa: títulos da dívida pública. Reflita: Na média, agentes econômicos deixam dinheiro guardado
em casa ou parado em conta corrente?
Generalizando:

Motivação para haver Demanda O que determina essa Demanda? Correlação entre Demanda por
por Moeda moeda e o que determina essa
demanda
Fins Transacionais Renda (PIB) Positiva (mais renda mais
transação)
Fins Precaucionais Renda (PIB) Positiva (mais renda mais
transação)
Fins de Especulação Taxa de Juros (Não é Selic) Negativa

Y = PIB

PIB = CONSUMO DAS FAMÍLIAS + INVESTIMENTOS + GASTOS DO GOVERNO (Economia Fechada)

E para resumir a Tabela, pode-se dizer que: D = f(Y, i), em que D é Demanda por Moeda; Y é Renda; e i é Taxa de Juros (qualquer rendimento
que justifique a demanda para fins de especulação). Ou seja, a Demanda por moeda é positiva na Renda e negativa na taxa de juros.

3. Oferta de Moeda:

Já sabemos que “transações”,“precaução” e “especulação” são feitos com moeda. Esse termo genérico“Moeda” é detalhado como “Papel Moeda
em Poder do Público”mais “Depósitos a vista”. Essa soma representa o maior agregado do sistema monetário. Esse agregado também é chamado
de “Meio Circulante” (ou M1).

Ou seja, Meio Circulante = PMPP + DV


Meio circulante = Meios de Pagamento da Economia = M1 (não rendem juros. Liquidez por definição)

Existem o conceito de M2, M3 e M4 que são chamados de “quase moeda”. A identificação desses agregados é assim:

i) M2 = M1 + depósitos especiais remunerados + depósitos de poupança + títulos emitidos por instituições depositárias: Aqui ficam os títulos
emitidos por Bancos e que geram remuneração.

ii) M3 = M2 + quotas de fundos de renda fixa e operações registradas no sistema SELIC.


iii) M4 = M3 + títulos públicos de alta liquidez

Observação: O sistema SELIC é que faz o registo, liquidação e custódia de título públicos federais.

4. Expansão de Moeda na Economia

Os Bancos captam recursos de seus depositantes. Os bancos podem emprestar a outros agentes econômicos parte desses recursos captados. A
diferença entre a receita com juros (do banco) e o custo de captação desses recursos é chamado de spread bancário.

Depósitos a vista (DV) = Reservas + (Empréstimos + Investimentos)

Por sua vez, as Reservas (R) são dadas por Reservas compulsórias+Reservas voluntárias

Paramos aqui no dia 26/08/2020.

5. Os instrumentos de Política Monetária (começamos a aula do dia 31/08 aqui)

Política monetária é dada pela atuação do banco central na economia por meio da definição de condições de liquidez no sistema financeiro.
Tenham em mente que quem faz a oferta de moeda é o Banco Central e ninguém mais. Daí dizer que a oferta de moeda é da “dada”, ou seja, é
determinada institucionalmente pela autarquia. É exógena!

Dado que o “custo” do dinheiro é determinado por uma taxa de juros, a medida que se expandem os meios de pagamento disponíveis no
sistema financeiro, há uma certa tensão (em média) de redução da taxa de juros da economia como um todo. Do contrário (ou seja, restrição ao
invés de expansão), há propensão de aumento da taxa de juros.

É sob essas circunstâncias que o banco central “manda” nas condições de liquidez utilizando os instrumentos de Política Monetária. Esses
instrumentos são:

i) Reservas compulsórias dos Bancos (comerciais): é também chamado de depósito compulsório. São montantes que os bancos devem recolher
(ou captar do) ao banco central e que irão indicar se os bancos poderão emprestar menos (ou menos) ao público. Caso o Banco Central exija o
aumento do compulsório, isso significa que os bancos vão ter menos dinheiro em DV. Logo, vão poder emprestar menos ao público. Por
consequência, o custo do dinheiro (taxa de juros), sobe! (em média).

Em suma, se o Governo deseja (e também atende a outras condições necessárias) aumentar o PIB (Aquecer a economia! Aumentar a renda!
Estimular o desenvolvimento de negócios! Melhorar o nível de emprego!), ele tende a diminuir a proporção de compulsório dos bancos. Isso é
política monetária expansiva (ou expansionista).
Do contrário, se ele quiser forçar a redução o PIB, ainda que a contragosto, para resolver por exemplo um surto inflacionário, ele tende a
aumentar o compulsório dos bancos. Isso é política monetária restritiva (restricionista).

Por mais incrível que possa parecer, política monetária expansiva é também chamada de política inflacionária! Do contrário, pode também ser
chamada de anti-inflacionária.

ii) Operação de Redesconto e Taxa de Juros da Operação de Redesconto: São empréstimos que o banco central pode fazer aos bancos
comerciais. Se o Governo Federal estiver focado em aumentar o DV, ele faz mais redesconto ou ainda, diminui a taxa de juros de redesconto.
Atenção a isso:

Aumento do redesconto => Política Fiscal Expansiva


Diminuição do redesconto => Política Fiscal Restritiva

Aumento da Taxa de Juros da Operação de Redesconto => Política Monetária Restritiva


Redução da Taxa de Juros da Operação de Redesconto => Política Monetária Restritiva

iii) Operações de Mercado Aberto: São operações de compra e venda de títulos públicos federais no mercado secundário que o Banco Central
faz para aumentar/diminuir a liquidez no sistema financeiro.

Quando o banco central compra títulos no mercado secundário, ele “coloca dinheiro na rua, ou seja, no sistema financeiro” e “traz o título para
dentro da instituição”. Com isso ele aumenta a liquidez no sistema financeiro. Isso é coerente com Política Monetária Expansiva.

Quando o banco central vende títulos no mercado secundário, ele “tira dinheiro da rua, ou seja, do sistema financeiro” e “coloca na rua o
título”. Com isso ele aumenta a liquidez no sistema financeiro. Isso é coerente com Política Monetária Expansiva.

Ver esse link com as resenhas do Mercado Secundário de títulos.

https://www.bcb.gov.br/estabilidadefinanceira/sistemaselic

iv) emissões monetárias: é a emissão de moeda em si, que é monopólio do banco central.

(v) utilização de reservas cambiais: venda e compra de moeda estrangeira. No Brasil vigora o câmbio flutuante com intervenção (DirtyFloat)

5. Correlações entre PIB/Renda, Taxa de Juros, Inflação com a Política Monetária


À luz do que foi visto, procure deduzir (intuir) essas correlações:

5.1 Mais meios circulantes, mais inflação. Correlação positiva.

5.2 Mais meios circulantes, menos taxa de juros. Correlação negativa.

5.3 Mais meios circulantes, mais PIB/Renda. Correlação positiva.

6. Modelo IS-LM (IS é “investment and Save” (investimento e poupança); “LM é Liquidity and Money(liquidez e dinheiro) )

O modelo IS-LM é uma forma gráfica (plano cartesiano) que tem o propósito de mostrar como a política monetária (via liquidez e moeda - LM) e
a política fiscal (via mercado de bens e serviços - IS) podem interferir na taxa de juros “i” e no nível de Renda “Y”. Por meio de diversas
combinações dessa forma gráfica, nós vamos ver que a interação de IS e LM determinam a taxa de juros e o nível de renda economia.

Certamente, você lembra que: (y = renda= PIB)

Y = PIB (Você deve entender que “nível de renda” é a igual “nível do PIB”).

PIB = CONSUMO DAS FAMÍLIAS + INVESTIMENTOS + GASTOS DO GOVERNO (Economia Fechada)

6.1 – Modelo LM – gráfico influenciado pela política monetária

Recorde que a oferta de moeda é feita pelo BACEN (é exógena). Guarde que demanda por moeda é determinada pela renda (Y) e pela taxa de
juros (i). O que você vai ver a seguir é curva LM, ou seja, a curva do mercado de liquidez e moeda que vai servir para “balancear” a taxa de juros
e o PIB.

Para mostrar a curva LM, precisamos fazer o plano que vai ficar assim: (arquivo Excel)
Anotações:

(1) Mostrar esse recorte bizarro!

(2) Nesse link tem uma explicação bem intuitiva do que era a inflação galopante!

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-era-a-vida-no-brasil-da-hiperinflacao/

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