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CAPÍTULO VI – SECTOR PÚBLICO

As áreas de intervenção dos Estado são cada vez mais alargadas e diversificadas: Para
além de garantir a satisfação das necessidades colectivas (a justiça, a segurança, etc.),
desempenha ainda funções na esfera económica, produzindo bens e serviços, muitas
vezes competindo com o sector privado.
Assim, para responder a toda esta diversidade de situações, o Estado tem de construir
e ter ao seu redor uma estrutura organizada que designamos por Sector Público. Por sua
vez, encontra-se dividido em duas grandes componentes: S.P.A. e S.E.E.

6.1. COMPOSIÇÃO DO SECTOR PÚBLICO


6.1.1. Sector Público Administrativo
O Sector Público Administrativo engloba os serviços prestados pelo Estado no
desempenho das suas actividades tradicionais, como a Educação, a Saúde, a defesa e a
justiça. A prestação desses serviços tem como objectivo a satisfação das necessidades
colectivas, não visando a obtenção de lucro. O mesmo inclui:
➢ A Administração Central (os Ministérios e as entidades que se encontram sub
sua tutela;
➢ A Administração Local, e os serviços a ela associados que se encontram mais
próximos das reais necessidades dos cidadãos;
➢ A segurança Social; que dispõe de receitas inscritas no orçamento do Estado
para assegurar a assistência em casos como a invalidez, o desemprego, doença
ou a velhice.

6.1.2. Sector Empresarial do Estado


Para além de assegurar um conjunto de serviços não comercializáveis e sem fins
lucrativos, o Estado também pode produzir bens e serviços comercializáveis,
competindo, por vezes com o sector privado. Para isso dispõe de um conjunto de
empresas cujo capital pode pertencer parcial ou totalmente ao Estado, constituindo o
que se designa por Sector Empresarial do Estado e composto por:
➢ Empresas públicas, cujo capital pertence na totalidade ao Estado, geralmente
cridas de raiz;
➢ Empresas nacionalizadas, resultantes do processo de nacionalizações;
➢ Empresas mistas, compostas por capitais públicos e privados.
O processo das nacionalizações ocorridas após a independência do País em 1975,
reforçou o Sector empresarial do Estado. São várias as razões que podem levar à
nacionalização das empresas, das quais se destacam:
 A importância estratégica das empresas nas actividades económicas do País;
 A sua situação deficitária e o risco de aumento do desemprego ou quebra de
produção.

2.2. AS Funções Económicas do Sector Público


A necessidade da actuação económica do sector público, prende-se à constatação de
que o sistema de mercado não consegue cumprir adequadamente algumas ou funções.
Existem alguns bens e serviços que o mercado não consegue fornecer (bens públicos) e,
por outro lado, existem as externalidades associadas ao consumo ou produção dos
mesmos. Assim sendo, temos:
❖ Função Alocactiva
Esta função do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não
fornecidos adequadamente pelo sistema de mercado, e à correcção de externalidades
(positivas ou negativas), na produção ou consumo desses bens ou serviços (bens
públicos), que têm como função principal:
• A impossibilidade de excluir determinados indivíduos de seu consumo (consumo
exclusivo);
• A não rivalidade ou não disputável. Diferenciam-se dos bens e serviços privados,
que não são exclusivo, mais são disputáveis

❖ Função Distributiva
A distribuição de renda da produtividade do trabalho e dos demais factores de produção
do mercado, dependerá da oferta de factores e do preço que eles atingem no mercado.
O Governo funciona como um agente redistribuidor de renda que, por meio da
tributação, retira recursos dos segmentos mais rico da sociedade e transfere para a
franja mais desfavorecida.
❖ Função Estabilizadora
Esta função está relacionada com a intervenção do Estado na economia, para alterar o
comportamento dos níveis de preços e emprego, pois o pleno emprego e estabilidade
de preço não ocorrem de maneira autónoma na economia. Ela é feita por meio do
instrumento de política fiscal, monetária, cambial, comercial e de renda.

CAPÍTULO VII – A MOEDA E A ECONOMIA MONETÁRIA

7.1. Noção sobre moeda


Moeda pode se definida como um activo financeiro de aceitação geral, utilizado na
troca de bens e serviços, em qualquer lugar e momento. As principais funções da
moeda são:

➢ Meio ou instrumento de troca.


Nas economias modernas, baseada na divisão e especialização de trabalho, a moeda é
o instrumento indispensável que facilita as trocas de mercadorias. Se não houvesse esse
instrumento, as trocas teriam de ser directas (economia de trocas ou escambos), onde
a troca exigiria dupla coincidência de desejos e ocorreria o problema de indivisibilidade.
A moeda aparece para simplificar e resolver esse problema.

➢ Unidade de medida ou conta


A moeda serve para comparar e agregar o valor de diferentes mercadorias, como
medida de valor de troca dos bens e serviços, sendo que o preço de um bem é a
expressão do valor de troca desse bem.
➢ Reserva de valor.
Ela representa um direito que o seu possuidor tem sobre outras mercadorias. A moeda
pode ser guardada para uso posterior de forma de poupança.

7.2. Oferta da moeda

A oferta da moeda ou meio de pagamento, é definida como o estoque de moeda


disponível em mão ou em depósito a vista, para o uso da população a qualquer
momento. O saldo dos meios de pagamento é composto pelo saldo da moeda em poder
do público (PP), mais o saldo dos depósitos a vista (DV).
M= PP + DV

7.3. Demanda da moeda

A demanda da moeda é a quantidade de moeda que os agentes económicos pretendem


reter. Existem três motivos para reter encaixes monetário:

➢ Por transação: quando as pessoas retêm moeda para fazer face aos gastos
diários (como alimentação, transporte, etc.), ou seja, como meio de troca;
➢ Por precaução: as pessoas retêm uma parcela de moeda como reserva de valor
ou segurança para pagamentos inesperados;
➢ Por especulação: segundo Keynes, as pessoas demandam moedas não apenas
para satisfazer as transações correntes, mas também para especular, através das
taxas de juros.

7.3. Instrumentos de Politicas Macroeconómicas

7.3.1. Política Monetária


A Política monetária é entendida como o controlo da oferta da moeda e das taxas de
juros no sentido de que sejam atingidos objectivos da política económica global do
governo. Ou seja, é definida como sendo o controlo do sistema bancário exercido por
um governo na busca de estabilidade do valor da moeda.
Na maioria dos paises o principal órgão da política monetária é o Banco Central, que
tens por função:
➢ Emissão de moeda
O BNA é a instituição que decide sobre a produção ou não de moedas (dinheiro). Essa
função tem imensa importância, pois grande parte das transações econômicas é
realizada através de dinheiro (pagamento de salários, operações de compra, venda e
crédito).

➢ Reservas compulsórias
É a percentual sobre os depósitos que os bancos comerciais devem colocar á disposição
do Banco Central (BNA).
➢ Open market
Caso o Banco Central constate excesso ou falta de meios de pagamento na economia ele
pode aplicar os mecanismos de mercado aberto. O BNA tem como activos títulos da
dívida pública emitidos pelo Tesouro Nacional. Caso haja excesso de liquidez na
economia, ele pode lançar esses títulos no mercado com o intuito de reter parte da
liquidez em poder dos agentes e dos bancos, na escassez de liquidez, o BNA pode
resgatar esses títulos, o que coloca novamente o dinheiro em circulação na economia.

➢ Redescontos
O redesconto é uma taxa cobrada pelo BNA aos bancos comerciais, quando estes
recorrem ao BNA para conceber empréstimos, tenham problemas de liquidez. Quanto
maior for o redesconto, maior será o cuidado do banco ao realizar suas operações, pois
caso estes realizem empréstimos além de suas capacidades, poderão ter que recorrer
ao Banco Central.

➢ Regulamentação sobre crédito


Embora exista a taxa básica de juros fixada pelo Banco Central, outras taxas são
praticadas no mercado. O BNA pode promover linhas de crédito selectivas, de forma a
beneficiar grupos de agentes com facilidades de crédito. Um exemplo são os
empréstimos consignados em folha de pagamento e alguns programas de
financiamento de imóveis, empréstimos para aposentados, que possuem taxas de juros
menores que as praticadas no mercado.

➢ Taxa de juros
A taxa de juros pode ser compreendida como preço da utilização do capital alheio
(dinheiro). Uma subida nas taxas de juros, pode ser percebida como uma elevação no
preço do dinheiro, essa elevação faz com que os agentes sintam-se desestimulados a
contrair empréstimos junto aos bancos, pois o valor final que será pago será alto.

A política monetária age directamente sobre o controlo da quantidade de dinheiro em


circulação, visando defender o poder de compra da moeda. Desta forma, é possível
dividi-la em política monetária restritiva e expansionista.

➢ Política Monetária Restritiva – engloba um conjunto de medidas que tendem a


reduzir o crescimento da quantidade de moeda e a encarecer os emprestimos.
Objectivamente pode-se afirmar que numa política monetária restritiva a
quantidade de dinheiro em circulação é reduzida, ou mantida estável com
objectivo de desacelerar a economia e evitar a inflação.

➢ Política Monetária Expansionista – é formada por medidas que tendem a


acelerar a quantidade de moeda e tornar os créditos e taxas de juro mais baratos,
incidindo positivamente sobre a demanda agregada. Numa política monetária
expansionista, a quantidade de dinheiro em circulação é aumentada com o
objectivo de acelerar a demanda e incentivar o crescimento económico.
Deste modo, pode-se afirmar que a política monetária é juntamente com a política
orçamental um dos principais instrumentos da política macroeconomica que os
governos têm a sua disposição com vista o alcance dos objectivos económicos. A política
monetária é efectuada através da gestão da oferta da moeda, nomeadamente através
da gestão da base monetária e da taxa de reservas bancárias obrigatórias.

7.3.2. Política Cambial e Comercial

Referem-se as políticas que actuam sobre as variáveis relacionadas ao sector externo da


economia. Política cambial (controlo do governo sobre as taxa de câmbio - consiste na
conversão da moeda nacional em moeda de outros países podendo ser fixa ou
flutuante);

➢ Flexível ou flutuante – são determinadas sem a intervenção do BNA. A Taxa de


Câmbio é determinada pelas forças da oferta e da demanda;
➢ Taxa de câmbio fixa – fixada pelo governo. Quais as implicações de uma
desvalorização cambial sobre as exportações e importações do País.

4.3.3. Política Fiscal

A política fiscal foi uma proposta inovadora que o economista John Maynard Keynes
sugeriu, como forma de combater a Grande Depressão Económica da década de 30.
Seus pontos principais são:

➢ Afirmar que a Lei de Say (a oferta gera sua própria demanda) não se cumpre,
pois pode haver equilíbrio económico, mas há muito desemprego;
➢ Considera que o Estado é o responsável para resolver o problema do
desemprego (em oposição aos clássicos e monetaristas, que acreditam que é
resolvido por si mesmo). Deste modo, o Estado tem que controlar a demanda
agregada através da política fiscal;
➢ O estado de pleno emprego é passageiro, e a economia é flutuante.

Política Fiscal, refere-se a todos os instrumentos de que o governo despõe para


arrecadação de tributos e controlar os seus gastos. A política Tributária, por meio da
manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, é utilizada para estimular ou inibir os
gastos do sector privado em consumo e em investimento.

A política fiscal apresenta maior eficácia quando o objetivo é uma melhoria na


distribuição de renda, pelo facto de taxar as rendas mais altas ou aumentar os gastos do
governo em sectores menos favorecidos. O Governo pode assumir duas posturas
(políticas):

a) Política expansionista:
Ao aumentar os gastos públicos (em obras de Infra-estrutura, por exemplo) e/ou
diminuir a tributação, o governo proporciona uma maior renda disponível para
empresas e famílias, com consequências sobre o nível de produção e emprego.
Os mecanismos utilizados são:

• Aumentar a despesa pública para aumentar a produção e reduzir o desemprego.


• Impostos mais baixos, para aumentar o rendimento disponível ao
consumidor/investidor, causando aumento de consumo e investimento das empresas,
em conclusão, uma mudança no sentido da expansão.

b) Política restritiva:
Inversamente, caso o governo decida diminuir seus gastos e/ou aumentar a quantidade
de impostos cobrados, a renda disponível para as famílias e empresas se reduzirá e
haverá uma tendência à diminuição do nível de emprego e renda.

Os mecanismos são inversos aos da política expansionista. Eles consistem em:

• Reduzir os gastos do governo para desacelerar a produção.


• Aumentar os impostos para que as pessoas não consumam tanto e as empresas
invistam menos, consequentemente desloca a demanda agregada (contracção).

É que ela reduz a demanda agregada de forma a gerar excesso de oferta agregada de
bens, o que irá fazer diminuir o nível de renda e os preços do mercado.

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