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RESUMO

Este artigo apresenta como objetivo central examinar as estratégias de


desenvolvimento e crescimento usadas pelo governo chinês, tendo em foco as
transformações na sua legislação trabalhista e revelar como elas vêm transformando
a vida do trabalhador chinês, principalmente das mulheres. Busca primeiro contar
um pouco da história, os seus pilares religiosos e o governo reformista de Deng
Xiaoping em 1978, que assumiu o governo após a morte de Mao Tse-Tung em 1976,
de onde promoveu uma verdadeira reforma ao aumentar a participação na política
internacional e promover a grande abertura econômica do mercado chinês, o que
possibilitou a terceirização de empresas estrangeiras em chão de fábrica chinês.
Compõe esse artigo, um estudo sobre o arcabouço jurídico e suas regulações
trabalhistas, entre 1994 e 2008, apontando os atuais rumos das condições de
trabalho e de seus trabalhadores. Em termos de Leis Trabalhistas, as das China
ganham de muitos países, inclusive dos EUA e do Brasil, com direitos e garantias
em todas as áreas da vida do trabalhador. No campo trabalhista, porém, nos
passam como utopia e não como realidade. Serão verdadeiras as mudanças, ou
pessimismo da mídia internacional, que ainda se baseiam em fatos antigos?

1 INTRODUÇÃO

O tema desenvolvido nesse artigo é relevante para estudo por se tratar de


algo polêmico e controverso, sobre a nossa ótica ocidental. Discutir sem se
aprofundar sobre os direitos trabalhistas da china, não é justo, pois carregamos uma
série de desinformações e falta de entendimentos sobre a situação chinesa, e é
necessário entender um pouco da situação do país para não fazer um julgamento
pobre da questão.
A China é o único país do mundo, que mesmo tendo sofrido por séculos a
selvageria dos japoneses, ingleses, mongóis e franceses, conseguiu manter as suas
fronteiras intocáveis, sem alterações de formato ou tamanho.
A análise desse estudo se justifica para tentarmos entender, que embora a
China possua uma política comunista, tem sua economia voltada à produtividade,
com produtos altamente competitivos tanto em qualidade quanto em preço, o que a
consolida como a maior economia do mundo, na atualidade e isso se deve às
políticas de trabalho adotada no país.
Portanto, estudar sobre esse gigante é de suma importância para
entendermos, como que a China atravessou quatro mil anos de história, com uma
realidade tão complexa e colossal, que nos parece contraditórias e ao mesmo tempo
nos deixa perplexos com os feitos chineses. Por tanta magnitude, persistência,
tenacidade e capacidade produtiva do seu povo e tudo dentro do isolamento comum
de países comunistas.
Esse trabalho será dividido em três partes, a primeira tratará sobre a história
da China, a segunda parte mostrará o arcabouço jurídico das Leis trabalhistas
chinesas e a terceira parte abordará as mudanças causadas aos empregados,
principalmente às mulheres, graças às mudanças e melhoramento dessas leis.
Para a realização desse trabalho, foi usado o método indutivo, pautando as
pesquisas em site especializados sobre o tema.

2 OBJETIVOS E METODOLOGIA
Objetiva examinar as estratégias de desenvolvimento e crescimento que
foram usadas pelo governo chinês, tendo em foco as transformações na sua
legislação trabalhista e revelar como elas vêm transformando a vida do trabalhador
chinês, principalmente das mulheres. O presente trabalho desenvolveu-se com
embasamento na pesquisa bibliográfica e revisão de literatura. Ademais, foi usado o
método indutivo, pautando as pesquisas em site especializados sobre o tema.

3 DESENVOLVIMENTO
3.1 Por dentro da história
As leis chinesas, em sua maioria, derivam de dois importantes
acontecimentos históricos: A Revolução Comunista, baseada no modelo soviético,
que estabeleceu a política do comunismo na China em 1949 e a Revolução Cultural
de 1960, que devolveu um modelo mais próprio da nação chinesa, pois não haviam
direitos positivados, salvo os modelos estrangeiros, concedendo assim, graças a
criação de organismos conciliadores, as chamadas “Comissões Populares de
Mediação”, uma maior participação popular nas decisões do governo.
País comunista, a China tem sua ideologia religiosa e sociopolítica
fundamentada em três pilares:
1 - O Confucionismo de Koung Fou Tseu, conhecido na língua latina como
Confúcio, que vivem em busca do Tao (caminho superior), onde todos, unidos como
irmãos, buscam a harmonia do mundo. Essa filosofia, coloca os governantes como
pais que amam seus filhos; e o povo como verdadeiros súditos que devem ser
humildes e obedientes como filhos e se sacrificarem pelo bem maior da Nação;
2 - O Taoísmo, que prega a natureza inseparável dos seus opostos, homem
e mulher, por exemplo; e
3 - O Budismo, que crê, que o desejo é fonte de todo sofrimento.
Porém, o Confucionismo sempre deu o tom. Segundo Chang (2010), “a
ordem social de Confúcio baseia-se na obediência hierárquica, pai - filho;
governante - governado; marido - mulher; irmão mais velho - irmão mais novo e na
responsabilidade do superior em relação aos demais.”
Visando somente os interesses do Estado Chinês, único empregador do
país, esse sistema inseria a ideia nos trabalhadores, que eles tinham que ter
vergonha de demandar em juízo contra o Estado e assim, assumir todas as culpas
como próprias. Além disso, deveriam se submeter aos seus superiores, que seriam a
família, as comunidades independentes, conhecidas como Comuna e o Estado, e,
pelo bem maior deste último, deveriam se sacrificar pela paz social.
Talvez, por isso, eram tão submissos e não questionavam o governo
autoritário, patriarcal e paternalista, que se, por um lado disponibilizava empregos à
salários baixíssimos, por outro, dava assistência para a maioria dos gastos do povo.
As mulheres, por sua vez, não tinham opções, eram submetidas primeiro à
submissão ao pai, depois ao marido e, quando viúva, aos filhos.

3.2 Transição e estratégias de desenvolvimento


As mulheres contaram com a ajuda dos revolucionários maoístas, que
reprimiram estes costumes, acabaram com os casamentos arranjados e estimularam
as mulheres a entrarem para o mercado de trabalho. Segundo Chang (2010), houve
considerável progresso, embora as práticas familiares ainda induzam fortemente
estes costumes, principalmente no campo.
De acordo com o Departamento Nacional de Estatística da China, as
mulheres têm reagido. Atualmente, 44% dos estudantes universitários são mulheres,
além de estarem adiando o casamento até perto dos 30 anos e os divórcios terem
aumentado (NBSC, 2010).
Devemos levar em conta, porém, os quatro mil anos de História do País,
onde às chinesas só cabia a submissão. Destarte, as mulheres chinesas ainda têm
que enfrentar uma carga cultural muito grande que as colocam em desvantagens
frente ao homem.
Uma série de mudanças ocorreram no Estado chinês em 1978 com o
governo reformista de Deng Xiaoping, que com a morte de Mao Tse-Tung em 1976,
assumiu o governo e promoveu a abertura econômica do mercado chinês e o início
de uma participação mais constante na política internacional, onde se possibilitou
que as empresas estrangeiras terceirizassem a sua produção em território chinês.
Esse foi o início da produtividade a preços de mão de obra baixíssimos, e
das taxas de impostos que favoreciam a exportação para empresas ao redor do
mundo. Foi também a partir desse momento, que surgiram os primeiros rumores,
que as empresas que se instalaram na China e até mesmo as empresas locais,
advieram a explorar a mão de obra de trabalhadores chineses pouco qualificados
com salários baixíssimos, principalmente no setor industrial.
Acorre que, desde 1978, vem acontecendo mudanças profundas na
economia chinesa e ninguém consegue definir qual o modelo que estaria permitindo
essas mudanças contínuas. Seria “um capitalismo de estado, centralizador?” (LIN,
2011); ou um socialismo de mercado? Não há um consenso literário sobre como
interpretar esta realidade. Para alguns estudiosos, “a China pode até mesmo estar
colocando um formidável desafio ao capitalismo ocidental, um novo modelo ainda
desconhecido” (MEYER, 2011).
Segundo Lin (2011):
A China é a maior responsável pelo mundo ocidental não ter entrado
em completo colapso econômico, com seu crescimento econômico
significativo e continuado nos últimos 30 anos, desde quando vem
experimentando uma adaptação de sua economia aos mecanismos
de mercado capitalista, incluindo um determinado grau de
privatização.
Tudo muito mais gradual e sob controle do governo central, do que na ex-
União Soviética.

3.3 China, um gigante de muitas faces


Com quase um bilhão e quatrocentos milhões de habitantes, a China se
tornou uma potência mundial, especialmente nos últimos 10 anos, onde cresceu em
média 10% ao ano, com uma taxa de desemprego de 6,5%. É hoje, a segunda
economia do mundo, possui cerca de 800 milhões de trabalhadores, sendo um
pouco mais da metade, trabalhadores rurais.
De acordo com Fligstein e Zhang (2011):
A população abaixo da linha de pobreza caiu para cerca de 10%
contra 64% em 1979. Há uma nova elite de ricos chineses, cerca de
10% da população. Estes 130 milhões de ricos não controlam as
grandes empresas que compõem o coração da economia chinesa,
como ocorre na Coréia do Sul, por exemplo. Sua riqueza é baseada
no varejo, no mercado imobiliário, na construção civil, nos serviços e
na manufatura leve. O estado controla o financiamento, a regulação
e 140 dentre as maiores empresas do país, concentradas em setores
como infraestrutura, telecomunicações, transporte, petróleo, aço e
automotivo.
Por ser um país comunista, onde as informações são desencontradas e de
difícil verificação, ficamos reféns de reportagens divulgadas pela mídia internacional,
onde há muitas afirmações taxativas, que com um estudo mais aprofundado e
cuidadoso, são desmentidas.
A verdade, é que a China desafia o senso comum formado por essas
reportagens, tudo é muito mais complexo, tanto nos aspectos positivos quanto nos
negativos. Em 2009, 46,6% da população estava nas cidades e 53,4% no campo,
mas migram do campo para as grandes cidades cerca de 10 milhões de pessoas por
ano, é a maior migração da história da humanidade.
É tudo tão gigantesco, que Pequim passou de 10 para 19 milhões de 2000 a
2010 e devido esse crescimento acelerado, as desigualdades internas do PIB assim
como ocorrem no Brasil, são enormes. Por exemplo, Shanghai tem um PIB dez
vezes maior do que a província de Guizlou.
Um dos muitos mitos envolvendo o gigante asiático, diz que há um abismo
entre o campo miserável e as cidades, mas das 86 milhões de empresas privadas
da China, 31 milhões estão operando no campo, e, segundo a NBSC (2010), os
salários são em média três vezes mais altos do que em grande parte das
cooperativas rurais e que, depois das mudanças feitas pelo governo, os agricultores
podem cultivar e vender o excedente individualmente, fora do sistema de
cooperativas, para o governo ou para empresas privadas.
Outro mito do senso comum, é que há muito mais homens do que mulheres,
no entanto, o Departamento Nacional de Estatística Chinês, garante que:
Isso só ocorre em determinadas regiões muito específicas. Na média
nacional, o quadro é bastante equilibrado, ainda que haja pequena
superioridade masculina, quadro que difere do resto do mundo, em
geral: 51,4% homens e 48,6% mulheres em 2009. Esta distribuição é
praticamente a mesma em todas as faixas etárias. Por exemplo, na
faixa jovem em idade de trabalhar (na China a idade mínima para
começar a trabalhar é 18 anos), de 20 a 24 anos, 7,52% da
população total, 3,75% são mulheres (NBSC, 2010).
Mesmo que as mulheres Chinesas ainda enfrentem desafios culturais que as
colocam num lugar de submissão em relação aos homens, esses números mostram
as mudanças que ocorreram, e as que ainda estão por vir.
O livro, “As garotas da fábrica: da aldeia a cidade, numa China em
transformação”, do autor Leslie T. Chang, traduzido no Brasil por Clovis Marques,
relata bem toda essa mudança na cultura feminina chinesa, a pesquisa que durou 3
anos, foi feita com mulheres jovens trabalhadoras do setor do comércio.
Era esperado encontrar salários extremamente baixos ou trabalho quase
escravo, mas não foi o que ocorreu. O salário urbano, tinha como média, entre 2.000
e 3.000 yuans ao mês, o equivalente ao nosso salário mínimo, mas, com um poder
de compra muito superior ao nosso, entre 4 a 6 vezes maior.
Em Pequim e Shangai, foi observado um valor ainda maior, praticamente o
dobro do resto do país.

3.4 O arcabouço jurídico chinês


O governo Chinês começou a ficar preocupado com as críticas em relação à
mão de obra no país. Uma grande evidencia disso, foi que em 1983, se tornou
Estado-membro da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e em 2001 reforçou
esse acordo de cooperação, onde além de definir prioridades a favor do trabalho
decente no país, se comprometeu em fortalecer suas leis, estruturas e normas
contra o trabalho escravo ou forçado e aumentar a fiscalização trabalhista por parte
do Estado. Outra grande evidência dessa preocupação, é que se tornou signatário
de várias convenções que tratava de direitos dos trabalhadores, entre elas,
igualdade de salários entre homens e mulheres e descanso semanal.
Mas, a instabilidade continuava e a China virou alvo constante das mídias
sociais internacionais sobre, entre outras coisas, as péssimas condições de trabalho
de saúde e de segurança, além dos baixíssimos salários, das jornadas de trabalho
exorbitantes. Para piorar, ocorreu, em 2010, uma onda de suicídio no Sul da China,
em empresas do ramo de tecnologia.
Esse cenário de caos se espalhou rapidamente entre as empresas
ocidentais que queriam investir na China e a cautela começou a falar mais alto, pois
todos se recordavam do caso da Nike, em meados de 1990, que teve problema com
sua imagem ao ser considerada uma empresa exploradora de mão de obra escrava
e falta de ética com seus trabalhadores.
Devido a todas essas mudanças político-econômicas introduzidas pelo
“socialismo” da ex-União Soviética após a morte de Mao, das várias reações dos
trabalhadores e de toda essa agitação social gigantesca causada pelas mídias e
pelas ONGs internacionais, o governo se viu obrigado a promover ações para conter
a agitação que tomou conta do espaço fabril chinês.
Li Boyong (1994), então Ministro do Trabalho da China em pronunciamento
no Congresso Nacional do Povo:
Desde a reforma e abertura econômica, o setor econômico não
estatal da China tem visto grande desenvolvimento. As empresas
estatais também tiveram seus mecanismos de operação rapidamente
transformados, trazendo um aumento da complexidade e da
diversidade para as relações de trabalho. Diante desse processo de
mudança, como nós podemos corretamente gerenciar e proteger os
interesses de ambas as partes nas relações de trabalho e resolver
conflitos entre empregadores e trabalhadores? Do ponto de vista
objetivo, precisamos de um robusto e eficaz sistema de leis
trabalhistas, usando a legislação para garantir que os direitos legais
dos trabalhadores e seus interesses não sejam violados. Isso é
extremamente urgente. (...Apud MACIEL; MOURA, 2014).
Com o ministro do Trabalho Chinês alegando que o povo estava em primeiro
lugar, surgiu então a primeira legislação trabalhista da China, com apoio da
gigantesca Federação Nacional de sindicatos (ACFTU).
Conhecida como Labor Law, a Lei Trabalhista foi finalmente promulgada em
julho de 1994. Maciel e Moura (2014) descrevem as principais leis e regulamentos
trabalhistas em vigor na China, são elas: Regras Provisórias de Pagamento de
Salários (1994); Regulamento sobre Jornada de Trabalho (1995); Regras
Administrativas Provisórias sobre Inscrição no Seguro Social (1999); Regulamento
Provisório sobre Cobrança e Pagamento do Seguro Social (1999); Lei de Prevenção
a Doenças Ocupacionais (2001); Lei de Sindicatos Trabalhistas (2001);
Regulamento dos Contratos Coletivos (2004); Normas Administrativas sobre Salário
Mínimo (2004); Regulamento sobre Trabalho e Supervisão de Seguro Social (2004);
Lei sobre Mediação e Arbitragem sobre Disputas Trabalhistas (2007); Lei da
Promoção do Trabalho (2007) e Legislação sobre Contratos de Trabalho (2007).
Devido as denúncias de escravidão, a lei sobre os contratos de trabalho de
2007, que já existia em um antigo projeto de lei, teve que ser aprovada às pressas.
Além das leis trabalhistas acima citadas, a China traz definido em sua
Constituição, que foi modificada em 2004, o Princípio da Igualdade (Isonomia); Criou
também a Lei de Proteção aos direitos da mulher (2005); a Lei sobre Promoção de
emprego (2007), essa importantíssima, pois proíbe a discriminação quanto a raça,
sexo, nacionalidade, religião, deficiência física, idade, etc.
Pelo menos no papel, a China conseguiu leis trabalhistas mais robustas que
nos Estados Unidos ou no Brasil. Sua aplicabilidade é que é uma incógnita.

3.5 A regulação das relações de trabalho na China


Algumas leis foram criadas e outras foram adaptadas de antigas normas.
Mas, duas grandes mudanças essenciais foram que, os trabalhadores passaram a
ter autonomia para negociar seu contrato de trabalho direto com a empresa e
autonomia para entrarem com ação judicial contra a empregadora sem o intermédio
dos sindicatos, ambas impossíveis antes.
Em tese, o sindicato continua com seu papel de mediador entre
trabalhadores e empregadores, pois as reclamações trabalhistas, antes de se
dirigirem à Corte Distrital, devem passar por uma comissão de conciliação prévia.
Esses contratos entre as partes, são obrigatórios, têm que ser por escrito,
com tempo determinado e detalhar as regras e regulamentos desta relação
empregatícia. Caso não seja providenciado pela empresa no primeiro mês, o
trabalhador poderá pleitear o seu salário em dobro, já no segundo mês de trabalho.
O contrato de trabalho, dá a garantia ao trabalhador, que ele só será
despedido por justa causa, o que deverá ser provado pela empresa. Garante
também, que quando esse contrato for renovado por duas vezes, o trabalhador
adquire estabilidade, ou seja, não precisa mais de renovação e passa a ser
contratado por tempo indeterminado.
Caso demitido sem justa causa, terá direito ao aviso prévio de um mês, além
de um salário por ano de contrato, não superior a doze salários. Entre tantos outros
direitos adquiridos pelos trabalhadores, encontram-se:
- A proteção de jornada não superior à 8 horas diárias ou 44 horas
hebdomadárias (Semanárias);
- Normas de proteção à saúde e segurança;
- Previsão de descansos remunerados, feriados e férias anuais;
- Remuneração das horas extraordinárias com adicional de 150% para os
dias na semana, adicional de 200% em dias de descanso e adicional de 300% em
feriados trabalhados;
- Licença-Maternidade de, no mínimo, 90 dias após o parto;
- Proteção ao trabalho do menor e da mulher;
- Direito a participação em sindicatos (inclusive negociando melhores
condições de trabalho); etc.
Todos esses direitos adquiridos pelos trabalhadores são maravilhosos, mas
implicam em aumento de custo na mão de obra, o que causam queixas por parte de
empresas acostumadas a lucrar em cima disso. Infelizmente, algumas até já
ameaçam mudar suas fábricas para países que ainda não possuam tantas regras e
tantos direitos trabalhistas, como a Índia e o Vietnã.

5 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS


Observa-se com esse trabalho, que o desenvolvimento político-econômico
da China é real e concreto, pois ela se tornou a número um do mundo. Quanto às
discussões e debates sobre os direitos trabalhistas, estes estão apenas começando.
Com certeza, é uma das leis trabalhistas mais completas e perfeitas do mundo,
porém, sua aplicabilidade é uma incógnita.
Pesquisar sobre a China foi um grande desafio, pois temos poucos relatos
de pessoas que estiveram presentes no país para estuda-lo. Mas, quando
encontramos essas pessoas, a realidade se mostra um pouco diferente do que a
mídia nos apresenta. Não que não existam problemas, abusos, excessos, mas tudo
está caminhando para que pensemos melhor e passemos a enxergar a realidade
atual com outros olhos.
A pesquisa feita e já citada, contida no livro, as garotas da fábrica, desafiam
o senso comum e nos deixam claras essas mudanças. Sempre ouvimos comentários
sobre os baixos salários chineses, mas na verdade se mostram razoáveis para os
jovens trabalhadores sem escolaridade superior, correspondem ao nosso salário
mínimo, só que com poder de compra superior entre 4 a 6 vezes o do salário mínimo
do Brasil. Além de que, as condições de trabalho não se diferem daquelas
encontradas nos grandes centros comerciais de nossas grandes cidades.
Essa trajetória, que ainda se encontra em desenvolvimento, tem um projeto
de crescimento global em todas as esferas. Eles deixam claro, que querem continuar
o número um do mundo em modernidades, riquezas e poder. O que pressupõe que
ainda há muito o que aprender e avançar.
Para isso, traçaram planos de políticas macroeconômica internas e externas,
projetos industriais, projetos de ciências e de tecnologias, direcionadas ao Estado e
pensando na melhoria das condições de vida do seu povo.
Na contramão do Brasil, que sob a desculpa de concorrência global busca a
flexibilização das normas trabalhistas, o gigante vermelho avança cada vez mais em
rigidez das suas leis trabalhistas e na proteção de seus trabalhadores. O que
confirma, que são as excessivas cargas tributárias que encarecem os preços dos
produtos internos e não os direitos trabalhistas adquiridos.
Ocorre que, devido essas mudanças trabalhistas, formou-se opiniões
contrárias sobre o que ocorrerá num futuro próximo em relação as empresas que já
estão no país e as que pretendiam mudar-se para lá. Os empresários de outros
países, acreditam que, com o aumento da mão de obra chinesa, vão conseguir
melhorar a competividade e os empresários que estão na China, ameaçam se
mudar, porque se permanecerem, vão perder a competividade.
Quanto a esse ponto, dificilmente o ocidente abalará a competividade
chinesa, pois eles possuem impostos baixos, juros mais baixos ainda, além de
facilitarem e darem subsídios para que as empresas se instalem no país.
Resta saber se todas essas mudanças serão respeitas internamente, como
querem demonstrar.

FONTES CONSULTADAS

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em: <file:///C:/Users/Ida/Downloads/1790-7922-1-PB.pdf>. Acesso em: 09 mai 2019.

CARVALHO NETO, Antonio et al. 2012, Relações de Trabalho na China: reflexões


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MACIEL, Cleiton Ferreira; MOURA, Jeanne Mariel Brito, 2014, De Mao a pior? A
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NGOK, K, 2008 apud MACIEL, Cleiton Ferreira; MOURA, Jeanne Mariel Brito, 2014,
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