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O materialismo histórico e a economia política do

socialismo com características chinesas

Artigo retirado do livro A Teoria da Propriedade e a


Inovação da Economia Política do Socialismo (2017), uma
compilação de importantes artigos escritos por Wu
Xuangong, professor do Instituto de Pesquisa Econômica
da Universidade de Xiamen, que foram publicados em
revistas acadêmicas na China. Wu Xuangong é um dos
principais economistas marxistas chineses, estudioso dos
problemas relacionados a questão da propriedade dos
meios de produção e das relações de produção na etapa
primária do socialismo. É um firme defensor do marxismo e
da sua utilização para a compreensão dos problemas
contemporâneos da sociedade chinesa, tendo formulado a
teoria da "dualização", que é apresentada em traços gerais
no artigo que compartilhamos a seguir.

Wu Xuangong

A economia política do socialismo com características


chinesas tem como objeto a investigação das relações de
produção da etapa primária do socialismo e a pesquisa de
suas leis de desenvolvimento. É necessário insistir no
materialismo dialético e no materialismo histórico, proceder
da prática, corretamente conhecer as características
básicas do socialismo com características chinesas,
identificando as contradições nas relações de produção,
investigando suas causas e as leis de desenvolvimento das
relações econômicas e sociais, buscando maneiras de
resolver contradições e promover o desenvolvimento
econômico.

1. Persistir na linha ideológica de que tudo deve partir


da prática

Partir da prática, buscar a realidade nos fatos, testar e


desenvolver a verdade a partir da prática, é a linha
ideológica do Partido Comunista da China, guiado pelo
marxismo. Nosso partido seguiu e implementou esta linha
ideológica correta e conquistou grandes vitórias na causa
da revolução e da construção. Devemos continuar aderindo
a esta linha ideológica, analisando com veracidade as
atuais condições sociais, econômicas, políticas e as
condições ideológicas de nosso país como base para a
formulação de novos planos de desenvolvimento no futuro.
Depois de mais de 30 anos de reforma e abertura, as
relações econômicas e sociais em nosso país passaram por
uma série de mudanças gigantescas. Além do
desenvolvimento sustentado e rápido da produtividade
social, bem como do rápido crescimento do poder
econômico nacional, o mais importante foi a mudança na
estrutura social da propriedade dos meios de produção.

O regime de propriedade pública socialista anterior, que


abrangia quase toda a sociedade, deu lugar a um regime
baseado na coexistência da propriedade pública socialista,
da propriedade privada capitalista e propriedade privada
individual. Com as gigantescas mudanças na estrutura
social da propriedade dos meios de produção, uma série de
mudanças ocorreram também nas relações sociais de
produção, bem como na política e na ideologia de nosso
país. Primeiro, um grande número de empresas privadas
capitalistas surgiram fora da economia socialista. Essas
empresas implementam um sistema baseado no trabalho
assalariado, tendo como meta de produção a busca do
lucro máximo, existindo uma relação entre o impulso
capitalista e a exploração dos trabalhadores.

Após a implementação do sistema empresarial moderno na


economia estatal socialista, suas relações internas também
sofreram grandes mudanças. As empresas estatais
apresentam algumas diferenças no que diz respeito aos
direitos de propriedade, controle e uso dos meios de
produção, resultando em que elas também tenham seus
respectivos interesses parciais. Como resultado, os direitos
de propriedade coletiva surgiram dentro do sistema de
propriedade estatal, o que criou um certo grau de
desigualdade entre o sujeito e o objeto das empresas
estatais. Após as reformas de propriedade acima, todas as
empresas, incluindo empresas estatais, tornaram-se
entidades independentes de direitos de propriedade, com
vários graus de poder econômico e benefícios, e o estado
não tem mais o direito de emitir instruções econômicas para
elas. A fim de desenvolver a produção e a operação,
aumentando os interesses das empresas, elas devem se
adaptar às necessidades do mercado, cumprir as regras do
mercado e alocar e usar de forma flexível vários recursos.

Nessas condições, a economia de mercado gradualmente


substituiu o sistema de economia planificada, tornando-se a
forma básica para as pessoas estabelecerem conexões
econômicas, bem como o mecanismo decisivo para a
alocação de recursos. A produção social da China está se
desenvolvendo a uma velocidade muito rápida há muito
tempo. A “economia de escassez” transformou-se em uma
economia capaz de produzir muitos produtos, fazendo com
que em muitos campos aparecessem até mesmo a
superprodução de produtos.

Com o rápido desenvolvimento da economia capitalista,


cada vez mais magnatas estão acumulando grandes
quantidades de riqueza, enquanto a renda dos
trabalhadores aumenta lentamente, produzindo uma injusta
distribuição injusta e disparidade na propriedade, fazendo
assim que o coeficiente Gini na China saltasse para a linha
de frente mundial. A burguesia, que havia desaparecido no
passado, reapareceu e sua força está se expandindo
rapidamente.

Junto com o desenvolvimento da economia privada, tem


surgido muitos fenômenos anormais e caóticos no mercado,
que anteriormente era relativamente ordenado, justo e
honesto. A especulação, fraude e enganação proliferaram,
e um grande número de produtos falsos e inferiores, ou até
mesmo produtos nocivos e tóxicos, surgiram em vários
campos; enormes quantias de dinheiro especulativo
atingiram vários mercados, manipulando os preços dos
produtos de necessidades diárias, perturbando a ordem
normal do mercado, saqueando as massas. Com a
expansão da economia privada e sua ânsia por grandes
lucros, o desperdício, o abuso e a pilhagem de recursos
naturais estão por toda parte, destruindo gravemente a
ecologia, poluindo o meio ambiente, causando uma
desgraça natural que será difícil de ser resolvida para as
próximas gerações, comprometendo seriamente vida e
saúde das pessoas. Sob a influência do aumento do poder
do capital, um grande número de novos tiranos locais, que
corrompem funcionários e oprimem o povo, emergiu dentro
do Partido Comunista e do governo, cujo objetivo é servir
ao povo, danificando seriamente a imagem do partido e do
governo, danificando as boas relações herdadas há muito
tempo entre o partido e o governo, pondo assim em perigo
a nossa base política e a estabilidade social. Com o
desenvolvimento da economia capitalista e a introdução do
pensamento ocidental, a ideologia social na China torna-se
cada vez mais complexa, os princípios revolucionários
tornaram-se cada vez mais frouxos.

A crença no socialismo enfraqueceu gradualmente, de


modo que o marxismo foi marginalizado; a ênfase no
interesse próprio, bem como a busca pelos interesses
materiais tornou-se uma tendência. A prostituição e o tráfico
de drogas, extintos por muitos anos, ressurgiram; roubos,
assassinatos , sabotagem, estupro e outros casos
aumentam rapidamente. As mudanças acima são notáveis
e possuem um impacto de longo alcance. Reconhecer com
honestidade e compreender plenamente essas mudanças é
o ponto de partida para aderir à linha ideológica do Partido,
reconhecendo com clareza o caminho de desenvolvimento
futuro, formulando políticas de reforma e desenvolvimento
corretas e fazendo avançar a causa do socialismo com
características chinesas.
2. Compreender corretamente as características do
socialismo com características chinesas

O Secretário-Geral Xi Jinping destacou: "Compreender com


precisão as novas mudanças e as novas características de
nosso país em diferentes estágios de desenvolvimento,
fazendo com que o mundo subjetivo atenda melhor à
realidade objetiva e decidir a política de trabalho de acordo
com a situação atual. Este é método de trabalho que
devemos ter em mente. ” (Discurso de Xi Jinping no 11º
Estudo Coletivo do Birô Político do 18 º Comitê Central do
Partido Comunista da china)

A construção da economia política do socialismo com


características chinesas também deve manter este método
em mente, apreendendo com precisão as características do
socialismo com características chinesas. Centenas de
artigos apresentam diferentes opiniões sobre quais são as
características básicas do socialismo com características
chinesas. Eles falam sobre alguns aspectos e
características do socialismo na China, mas não exploram
sua base de produção, não conseguiram ver as conexões
internas e as leis de desenvolvimento das relações sociais
e econômicas de nosso país, portanto, não são capazes de
compreender as características gerais do socialismo com
características chinesas.
O Secretário-Geral Xi Jinping destacou: "O socialismo com
características chinesas é único em sua trajetória, teórico e
sistema." "O caminho do socialismo com características
chinesas é a via para alcançá-lo. A estrutura teórica do
socialismo com características chinesas é um guia para a
ação. O sistema do socialismo com características chinesas
é a sua garantia fundamental; os três são unificados na
grande prática do socialismo com características chinesas.
Esta é a característica mais distintiva do socialismo com
características chinesas. " (Discurso de Xi Jinping no 1º
Estudo Coletivo do Birô Político do 18º Comitê Central do
Partido Comunista da China)

Estas palavras apresentam uma ideologia norteadora clara


para que possamos compreender as características do
socialismo da China como um todo. Caminho, estrutura
teórica e sistema estão interconectados e sua base reside
na propriedade dos meios de produção. Portanto, a partir
da análise das características do atual sistema de
propriedade dos meios de produção em nosso país,
podemos compreender as características básicas do
socialismo com características chinesas a partir de um nível
básico.
A reforma e abertura rompeu a anterior estrutura social
quase única de propriedade dos meios de produção,
formando gradualmente um sistema econômico básico que
toma a propriedade pública como corpo principal e múltiplas
formas de propriedade se desenvolvem conjuntamente.
Neste tipo de estrutura social de propriedade dos meios de
produção, as formas principais são a propriedade pública
socialista e propriedade privada capitalista dos meios de
produção. A coexistência desses dois tipos de propriedade
dos meios de produção, fundamentalmente diferentes em
sua natureza social, resulta na dualização da estrutura
social de propriedade dos meios de produção, causando
grandes mudanças nas relações sociais, econômicas e
políticas: primeiro, as antigas relações socialistas de
produção dominantes foram transformadas em relações
socialistas e capitalistas de produção; de acordo com isso,
a burguesia, uma vez eliminada, cresce novamente, e
mantém uma força econômica poderosa que é muitas
vezes maior do que antes das "três grandes
transformações”. Segundo, a antiga situação onde as leis
econômicas socialistas dominam globalmente os
movimentos sociais e econômicos já não existe; com o
surgimento e o desenvolvimento das relações de produção
capitalistas, surgem também as leis econômicas
capitalistas, de modo que se papel torna-se cada vez mais
forte, não só dominando atividades econômicas capitalistas,
mas também interferindo efetivamente no papel das leis
econômicas socialistas. Terceiro, ocorreram grandes
mudanças no âmbito das contradições principais. Além da
contradição principal da sociedade socialista, há também a
contradição principal do capitalismo.

Este é um simples resumo do estágio atual da dualização


da propriedade dos meios de produção, das relações de
produção, das leis econômicas e das contradições sociais
principais. Elas são óbvias e cada vez mais proeminentes,
amplas e afetam e restrigem diversos aspectos da
economia e da política, além de terem uma influência
significativa em outros aspectos. Portanto, devemos
considerá-la como a característica básica da etapa primária
do socialismo na China. Atualmente, existem na China um
grande número de fenômenos e problemas econômicos que
não existiam no passado e são contrários à natureza e
princípios do socialismo. A partir da dualização podemos
encontrar a origem e obtermos explicações convincentes,
assim como encontrar formas para resolver os problemas.

A economia política chinesa usa a teoria básica e o método


do marxismo para analisar as relações sociais de produção,
chegando a conclusões corretas. Porém, até hoje a
aplicação da teoria básica e do método do marxismo tem
sido unilateral, ficando para trás em relação ao
desenvolvimento da realidade. Muitas pessoas ignoram ou
não ousam encarar diretamente as grandes mudanças
econômicas e sociais causadas pela dualização da
propriedade, usando teorias formadas no período onde
prevalecia um único tipo de propriedade socialista para
explicar as atuais e complexas relações sociais de
produção; elas não ousam comentar sobres relações
capitalistas de produção e os fenômenos sociais que
sugiram em grande número. Eles até mesmo negam a
comentar a existência das relações econômicas
capitalistas. Não pesquisam ou discutem sobre a diferença
básica entre as duas relações de produção
fundamentalmente distintas, as relações mútuas e
contradições entre as duas. Dessa maneira as massas
populares não podem entender corretamente as raízes dos
numerosos problemas e contradições que estão surgindo
atualmente, sendo fácil atribuir erroneamente ao socialismo
alguns fenômenos negativos gerados pela economia
privada capitalista, fazendo com que elas percam a
confiança no sistema socialista, obscurecendo o caminho
de desenvolvimento do socialismo e diluindo a convicção na
teoria marxista. Portanto, para estudarmos as relações de
produção na etapa primária do socialismo e inovarmos o
sistema da economia política, nós devemos partir da prática
da dualização do regime de propriedade em nosso país.
3. Encarar as contradições, investigar e compreender
as leis econômicas objetivas

O Presidente Mao Zedong apontou: “A lei da contradição


nas coisas, a lei da unidade dos contrários, é a lei mais
básica da dialética materialista.” (Obras Escolhidas de Mao
Zedong, Vol.1, Editorial do Povo, 1962, pg. 274) “A lei da
unidade dos contrários é a lei fundamental do universo. Tal
lei, não apenas no mundo natura, mas também na
sociedade e no pensamento humano, é universal." (Obras
Escolhidas de Mao Zedong, Vol.5, Editorial do Povo, 1977,
pg.372) O Secretário-Geral Xi Jinping destacou: “A
habilidade de pensar dialeticamente é precisamente
reconhecer, investigar e resolver as contradições, ser bom
em compreender e localizar o fundamental, e ter habilidade
em ver com clareza o desenvolvimento das coisas."
(Discurso de Xi Jinping na Cerimônia de Abertura do
Semestre da Primavera na Escola do Comitê Central do
Partido Comunista da China, 1 de março de 2010) Persistir
no método de investigar as contradições, conhecer
corretamente as relações sociais de produção em nosso
país, é de fundamental importância para estabelecer e criar
a economia política moderna da China. Pelo fato de passar
pelo processo de reforma e abertura, em nosso país
formou-se uma estrutura social onde as relações de
produção socialistas e capitalistas existem ao mesmo
tempo. Esses dois tipos de relações de produção são
essencialmente distintas, por isso possuem objetivos
sociais de produção completamente diferentes, leis de
desenvolvimento diferente, bem como também é diferente
as contradições sociais e os seus impactos. Em
comparação com a fase anterior, onde existia apenas um
tipo de propriedade, as contradições atuais são muito mais
complexas, sendo necessário que realizemos uma analise
profunda das mesmas.

O objetivo da produção social no socialismo é o de atender


as crescentes necessidades materiais e culturais dos
trabalhadores, sua contradição principal é que o
desenvolvimento da produção não pode satisfazer às
crescentes necessidades dos trabalhadores; no capitalismo
o objetivo da produção social é buscar o máximo de mais-
valia; sua contradição principal se manifesta como uma
contradição entre os capitalistas e os trabalhadores
assalariados, a contradição entre a produção organizada no
interior da empresa e a situação onde a produção social é
cega, a contradição que a demanda pela habilidade para
pagar o desenvolvimento da produção é relativamente
insuficiente. A contradição entre socialismo e capitalismo
não só desempenha um papel importante em suas próprias
relações de produção, mas pelo fato de coexistirem na
mesma sociedade, influenciam-se mutuamente. Os dois
tipos de contradições se entrelaçam interna e
externamente, formando uma rede cada vez mais complexa
e grande de contradições. Junto com a contradição entre a
base econômica e a superestrutura, inúmeras contradições
sociais são geradas na sociedade, e surgem uma série de
erros que são incompatíveis com a essência do socialismo.
A economia política deve ter a coragem de expor e encarar
tais contradições, analisando-as e, ao mesmo tempo, saber
distinguir e tratar as contradições principais, os aspectos
principais e não principais das contradições e, em
particular, explorar abrangente e sistematicamente as
condições objetivas para o surgimento dessas
contradições , compreendendo suas conexões inerentes,
essenciais e inevitáveis, julgando suas tendências de
transformação, descobrindo as formas e métodos corretos
para resolvê-los.

Na China socialista, a razão pela qual existem muitas


contradições e problemas complicados, é porque com a
dualização da propriedade e das relações de produção,
além das leis econômicas socialistas, existem também as
leis econômicas do capitalismo. Nas relações de produção
socialistas, os meios de produção e os produtos do trabalho
são apropriados coletivamente pelos trabalhadores. O
objetivo da produção social é satisfazer ao máximo as
crescentes necessidades materiais e culturais de todas as
pessoas, eliminando a relação de exploração e a produção
social onde poucas pessoas se apropriam dos frutos do
trabalho de outras pessoas, a competição cega e a
anarquia. Desempenha um papel principalmente as leis
econômicas básicas do socialismo, as leis de cooperação
igualitária entre os trabalhadores, as leis de organização
planejada da produção social, leis de distribuição de acordo
com o trabalho, e assim por diante. Os efeitos positivos
dessas leis econômicas têm promovido o desenvolvimento
sustentado da economia de nosso país em alta velocidade
e relações econômicas harmoniosas e estáveis.

Completamente diferente do socialismo são as relações de


produção capitalistas. Nas relações de produção
capitalistas, a burguesia possui e controla todos os fatores
de produção, com o objetivo de maximizar o seu lucro,
tentando fortalecer a exploração dos trabalhadores nas
empresas, em sua luta mútua por apoderar-se do mercado,
estando suas atividades dominadas pela lei da mais valia, a
lei do acúmulo de capital, a lei da competição cega de
mercado, e a lei da distribuição que aumenta a disparidade
entre ricos e pobres.

Com o crescimento do poder econômico capitalista, essas


leis passaram a desempenhar um papel cada vez mais
significativo e potencializado, gerando uma produção social
cega e desordenada, resultando em uma série de
problemas de desequilíbrio produtivo, danos ecológicos e
danos aos interesses do povo, tendo um efeito negativo
para a estrutura industrial do país. A otimização e
modernização da economia nacional não conduzem à
coordenação geral e ao desenvolvimento sustentável da
economia nacional e, em última análise, não conduzem ao
progresso social e à melhoria da vida das pessoas.
Além disso, as duas relações de produção e as leis
econômicas coexistem em nossa sociedade e
inevitavelmente influenciam-se. A economia pública
socialista, especialmente a economia estatal, tem um certo
efeito externo positivo sobre a economia privada. Por
exemplo, na economia estatal, os trabalhadores têm uma
relação de igualdade e cooperação, e a implementação da
distribuição de acordo com o trabalho ajuda a limitar o grau
de exploração pelas empresas privadas; desempenha um
papel importante nos objetivos de regulação e controle, o
que ajuda na redução aos danos ao desenvolvimento
coordenado da produção social pelo impulso privado que
visa o lucro; desempenha um papel de liderança na
inovação tecnológica, no ajuste estrutural social e
econômico e na proteção ecológica e ambiental. Da mesma
forma, as leis do capitalismo têm um enorme impacto sobre
o economia pública socialista, principalmente interferindo no
funcionamento normal das leis econômicas socialistas.
Devido a pressão competitiva da economia capitalista, as
empresas estatais também devem lutar por mais
acumulação, por isso não podem aumentar os salários e os
benefícios, não podem assumir mais responsabilidades
sociais e realizar os objetivos de produção socialista; sob a
influência dos maus comportamentos da burguesia, nestas
circunstâncias, algumas empresas estatais também podem
realizar algumas atividades irregulares, o que não conduz à
utilização eficaz dos recursos sociais e à coordenação das
relações de cooperação entre as empresas estatais.
Os baixos salários e o baixo poder de compra dos
trabalhadores na economia privada irão, inevitavelmente,
arrastar para baixo a economia estatal, que compartilha o
mesmo mercado com ela, dificultando a venda dos produtos
de algumas empresas estatais devido à demanda interna
insuficiente, formando um excedente relativo de produção,
que é originalmente algo característico da produção
capitalista; alguns gestores de empresas estatais se
corromperam, resultando em uma grande perda de ativos
estatais, e até mesmo em sua alienação e transformação
qualitativa. Algumas empresas privadas se envolvem em
vários tipos de atividades ilegais, que prejudicam
seriamente os interesses do povo e interferem nas leis
econômicas básicas do socialismo. Devemos estar atentos
para o fato de que, ao existirem na sociedade dois tipos de
leis econômicas, uma delas deve ser a dominante.
Enquanto a economia socialista tiver uma grande força,
poderosa o suficiente para dominar toda a sociedade, as
leis da economia socialista ainda podem desempenhar um
papel de liderança. Por outro lado, na medida que o poder
do capitalismo continuar a se expandir, o papel das leis
econômicas capitalistas claramente aumentarão dia após
dia. Os dados históricos da economia de nosso país
comprovam que todas as mazelas sociais, da mais
insignificante até a mais proeminente, estão relacionadas
com as relações capitalistas de produção, ao fortalecimento
e expansão simultânea do papel desempenhado pelas
relações de produção capitalista. Uma vez que a economia
capitalista seja forte o suficiente para ocupar uma posição
superior, a lei econômica do capitalismo irá
necessariamente se converter na lei econômica dominante
na sociedade.
4. Usar a teoria marxista de propriedade para analisar
os variados processos de reprodução
A propriedade dos meios de produção é uma certa forma
social das condições de produção e uma condição prévia
indispensável para qualquer produção social. Marx e Engels
atribuíram grande importância ao papel da propriedade nas
relações de produção, sublinhando sempre que a
propriedade dos meios de produção é a base das relações
de produção, que desempenha um papel decisivo em todos
os outros aspectos das relações de produção, e utilizaram a
teoria da propriedade para explicar as mudanças nas
formações sociais humanas, bem como da essência e leis
de desenvolvimento das relações económicas nas várias
áreas de reprodução sob uma formação económica.
O materialismo histórico enfatiza que as forças produtivas
determinam as relações de produção, mas há um processo
de mudança quantitativa a qualitativa, bem como um
caminho específico para alcançar tal mudança. Isto se
reflete no fato de que o desenvolvimento das forças
produtivas é gradual, e nem todo avanço leva a uma
mudança imediata nas relações de produção; mesmo que
haja um grande avanço nas forças produtivas, ele não
altera diretamente todas as relações de produção
imediatamente. Um grande desenvolvimento na
produtividade que contradiz a estrutura anterior dos direitos
de propriedade (ou o sistema de direitos de propriedade, ou
seja, a forma de propriedade) que o vincula, levará primeiro
a alguns ajustes na estrutura dos direitos de propriedade
dentro da estrutura do sistema anterior de propriedade,
resultando em algumas mudanças na forma de
propriedade, e depois, após algumas etapas, a uma
mudança na forma básica de propriedade. As mudanças na
natureza da propriedade dos meios de produção serão
seguidas, mais cedo ou mais tarde, por mudanças em
outros aspectos das relações de produção, levando a
mudanças no modo de produção como um todo. Esta
evolução gradual das relações de produção, determinada
pelas forças produtivas, é evidenciada pela sucessão de
sociedades primitivas, escravas e feudais e pelas
mudanças progressivas na estrutura dos direitos de
propriedade dentro do capitalismo. Ela mostra que a
propriedade dos meios de produção, embora sendo parte
das relações de produção, desempenha um papel prévio,
intermediário e decisivo na transmissão da energia das
forças produtivas e na mudança das relações de produção
na sociedade como um todo.
Portanto, é necessário reconhecer e enfatizar o importante
papel da propriedade dos meios de produção nas relações
de produção, tomando a análise da propriedade como um
método básico e aplicar a teoria da propriedade marxista de
forma abrangente para analisar as relações econômicas
dos vários processos de reprodução. Esta abordagem é
ainda mais necessária e aplicável à construção de uma
economia política socialista com características chinesas.
Somente analisando a relação mais fundamental, ou seja, a
propriedade e sua forma de realização, podemos descobrir
as causas fundamentais das contradições e problemas
complicados, numerosos e interligados, as leis de sua
transformação e as maneiras de mitigá-los e resolvê-los.
Tomemos como exemplo a questão recentemente debatida
sobre a relação entre propriedade pública e economia de
mercado. Se analisarmos as mudanças na estrutura dos
direitos de propriedade dentro do sistema estatal de
propriedade antes e depois da reforma e a abertura de
acordo com a teoria marxista da propriedade e dos direitos
de propriedade, é fácil chegar a uma explicação razoável.
Antes da reforma e da abertura, o sistema de propriedade
estatal estava altamente concentrado no Estado, e as
tarefas de produção das empresas eram atribuídas pelo
Estado em diferentes níveis, e todos os lucros eram pagos
ao Estado, enquanto todas as perdas eram subsidiadas
pelo Estado. Sob este sistema de direitos de propriedade,
as empresas não têm autonomia nem interesses locais, e
não são responsáveis por lucros e perdas, portanto, não
podem se tornar verdadeiros agentes do mercado.

Alguns estudiosos, simplesmente ao considerar a


propriedade como uma relação entre quem possui os meios
de produção e tratar a estrutura na qual todos os tipos de
direitos de propriedade estão concentrados no Estado como
a única forma de propriedade estatal, argumentaram que o
sistema estatal é incompatível com a economia de
mercado. Após a reforma, a maioria das empresas estatais
implementou um sistema de direitos de propriedade que
separa propriedade e administração, e algumas também
estabeleceram um sistema corporativo que separa os
direitos de propriedade dos contribuintes dos direitos de
propriedade das pessoas jurídicas. Enquanto o primeiro tipo
de empresas não possui os meios de produção no sentido
restrito (isto é, o direito de propriedade), elas têm o direito
de possuir, usar e dispor dos bens que lhes foram confiados
pelo Estado, recebendo uma parte dos benefícios
econômicos decorrentes de suas operações; o segundo tipo
de empresa tem plena propriedade e pode usufruir de todos
os benefícios econômicos. Desta forma, as empresas
estatais, que não tinham seus próprios poderes autônomos
e interesses parciais, tornaram-se entidades proprietárias
com uma parte substancial (ou a totalidade) dos direitos de
propriedade. Sob este novo sistema de direitos de
propriedade, se há ou não uma troca de equivalentes entre
as empresas estatais é uma questão de se os custos de
mão-de-obra da empresa podem ou não ser realizados, e
torna-se uma questão de estreita preocupação com os
interesses da empresa e de seus funcionários.

Quando o Estado e uma empresa estatal precisam dos


produtos uns dos outros, eles não adotam os mesmos
métodos de alocação como no passado, mas realizam a
troca através do mercado a preços iguais, de modo que não
infringem os interesses econômicos de ambos. Este é um
requisito inerente para o reconhecimento e manutenção dos
direitos de propriedade coletiva das empresas. Como
resultado, deve ocorrer uma verdadeira relação de
mercantil entre o Estado e a empresa estatal. Quando as
empresas estatais gozam de poder e interesses
independentes e se tornam produtores e operadores
mercantis verdadeiramente independentes, elas só podem
organizar suas atividades econômicas de acordo com as
condições de mercado e submeter-se à autoridade da lei do
valor e do mecanismo de mercado para seus próprios
interesses e desenvolvimento. O Estado não pode mais
dirigir as atividades das empresas apenas por meios
administrativos e de planejamento, como fazia no passado.
Como resultado, o mecanismo de mercado tornou-se
inevitavelmente o meio e a forma básica de regular a
alocação de recursos sociais, e a economia planificada foi
gradualmente substituída pela economia de mercado.
Portanto, o sistema reformado de propriedade estatal não é
mais compatível com a economia de mercadorias e a
economia de mercado, mas está agora em uma relação
inerentemente unificada com suas próprias exigências.

Quando o Estado, uma empresa (privada) e uma empresa


estatal precisam dos produtos uns dos outros, eles não
podem adotar as mesmas formas de alocação do passado.
Em vez disso, eles devem realizar uma troca igual através
do mercado, de forma que eles não ocupem ou infrinjam os
interesses econômicos uns dos outros. Este é um
requerimento inerente da confirmação e proteção dos
interesses de propriedade coletivos das empresas. Como
resultado, deve haver uma real relação mercantil entre o
Estado, as empresas privadas e estatais. Quando as
empresas desfrutam direitos independentes, interesses e
convertem-se em produtores e administradores
independentes de mercadorias, eles apenas podem
organizar suas atividades econômica de acordo com as
condições do mercado, obedecendo a autoridade da lei do
valor e dos mecanismos de mercado, para os seus próprios
interesses e desenvolvimento. O Estado não pode dirigir as
atividades das empresas através da planificação e métodos
administrativos como costumava fazer. Portanto, os
mecanismos de mercado necessariamente convertem-se
no meio e a forma básica para ajustar a alocação dos
recursos sociais, sendo a economia planificada
gradualmente substituída pela economia de mercado.
Portanto, não é uma questão de se o sistema de
propriedade estatal reformado é compatível ou não com a
economia de mercado, mas que agora ele se encontra em
uma relação unificada com suas próprias exigências.

Além disso, um grande número de questões teóricas, tais


como as da governança interna das empresas, as relações
entre as empresas e as partes interessadas, o
comportamento, o papel e a inter-relação dos agentes
econômicos de natureza diferente no mercado, a ordem de
mercado e as perspectivas de desenvolvimento do
mercado, a relação entre as empresas e o estado, a
implementação do planejamento econômico nacional, as
relações de distribuição de natureza diferente da economia,
etc., também devem ser analisadas de acordo com a base
de propriedade na qual elas surgem, para assim chegarmos
a conclusões que estejam de acordo com as leis objetivas.

5. Reconstruir o sistema da economia política tendo


como base as características da dualização

Um sistema científico e intimamente relacionado natureza e


as características do seu objeto de pesquisa. Portanto, de
acordo com as características do socialismo com
características chinesas, a dualidade de propriedade e das
relações de produção, a parte principal da economia política
deve ser alterada para completamente separar as relações
de produção capitalistas e as relações de produção
socialistas. Deve prestar atenção a relação entre dois tipos
diferentes de relações de produção que se desenvolvem
conjuntamente, mas que também competem mutuamente e
possuem contradição. Considerando preliminarmente, a
estrutura do sistema pode ser organizada da seguinte
maneira: a primeira parte é introdutória, aplicando os
princípios gerais do materialismo histórico e da economia
política, aclarando os objetos de pesquisa, as tarefas e os
métodos da economia política chinesa, discutindo a
produtividade e as relações de produção e a base
econômica, a inter-relação com a superestrutura e o
desenvolvimento das formas econômicas sociais,
analisando os vários processos de reprodução social e suas
inter-relações. A segunda parte é a parte principal, que
pode ser mais ou menos explicada em oito aspectos: (1)
Descrever brevemente o estabelecimento e o
desenvolvimento do sistema econômico socialista na China,
a reforma e abertura e a formação do sistema socialista
com características chinesas; (2) A propriedade dos meios
de produção do socialismo com características chinesas,
discutindo separadamente as várias formas de propriedade
pública socialista, a propriedade privada individual dos
trabalhadores e a propriedade privada capitalista,
apontando suas características básicas e essência,
mostrando seus direitos de propriedade internos e
transformações. (3) A partir de vários processos de
reprodução social, analisar a performance e a função das
leis econômicas do socialismo e as leis econômicas do
capitalismo, bem como a influência mútua desses dois tipos
de leis econômicas. (4) Analisar o sistema de distribuição
da fase primária do socialismo, indicando os problemas que
existem no campo da distribuição e os caminhos para
resolvê-los. (5) Explicar o que é a economia de mercado na
fase primária do socialismo, sua formação, característica,
sua formação, comportamento e influência nas diferentes
entidades de mercado. (6) Demonstrar o grande significado
do conceito de desenvolvimento socialista, destacando a
necessidade e urgência da inovação, propondo o
estabelecimento de um sistema de inovação organizado e
com liderança; discutir a transformação dos métodos de
desenvolvimento e a coordenação de diversas estruturas
econômicas. (7) Apresentar o estabelecimento da
civilização ecológica socialista, revelando as causas dos
problema dos danos ecológicos e as formas de governança.
(8) Analisar a situação econômica internacional, explicando
os problemas e experiência da abertura ao exterior,
assinalando o significado e as formas de “ir para fora”,
aproveitando os dois mercados e os dois recursos,
participando ativamente na governança econômica e
mundial, competindo por uma posição de liderança na
economia internacional. A última parte é uma breve
conclusão, que analisa as tendências de desenvolvimento
dos dois tipos de economia e propriedade a partir de um
ponto de vista materialista histórico, explorando as
condições de suas transformações e as possíveis direções
do seu desenvolvimento futuro, propondo formas de
manejar corretamente a relação entre os dois tipos de
regime de propriedade, proporcionando uma orientação
teórica científica para mantermos os ideais do socialismo e
do comunismo, promovendo o progresso social, e
enriquecendo o caminho, a teoria e a auto-confiança no
sistema, com um conteúdo claro e sólido.

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