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WBA0587_V2.

ENTENDENDO E INTERPRETANDO
INDICADORES ECONÔMICOS E
FINANCEIROS
2

Amaury Jose Alves Aranha

ENTENDENDO E INTERPRETANDO
INDICADORES ECONÔMICOS E FINANCEIROS
1ª edição

São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2023
3

© 2023 por Platos Soluções Educacionais S.A.

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Editorial
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Márcia Regina Silva
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


_____________________________________________________________________________
Aranha, Amaury Jose Alves
Entendendo e interpretando indicadores econômicos e
A662e
financeiros / Amaury Jose Alves Aranha. – São Paulo: Platos
Soluções Educacionais S.A. 2023.
32 p.

ISBN 978-65-5356-450-3

1. Indicadores econômicos. 2. Taxas de câmbio. 3.


Variação de preços. I. Título.
CDD 338
_____________________________________________________________________________
Raquel Torres – CRB 8/10534

2023
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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ENTENDENDO E INTERPRETANDO INDICADORES ECONÔ-


MICOS E FINANCEIROS

SUMÁRIO

Apresentação da disciplina ___________________________________ 05

Índices monetários e não monetários de medidas


econômicas ___________________________________________________ 07

Índices de inflação, Índice de Laspeyres e a influência na vida


das famílias e empresas ______________________________________ 21

Taxa de juros básica no Brasil, SELIC e DI CETIP, métodos de


política monetária e influência nas decisões financeiras e
econômicas na vida das famílias e empresas _________________ 31

Balanço de Pagamentos, Balanço de Transações Correntes,


influência da taxa de câmbio no comércio exterior, serviços das
dívidas internacionais e investimento externo direto _________ 44
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Apresentação da disciplina

Prezado estudante, esta disciplina lhe oferecerá conhecimentos sobre os


parâmetros monetários e não monetários, para que ocorra a compreensão
do comportamento da economia e como ele influencia no desempenho das
instituições empresariais e na vida cotidiana das pessoas.

A base da disciplina estará composta de indicadores econômicos e


financeiros para o processo decisório.

Você aprenderá os seguintes temas nas quatro unidades:

• Unidade 1: aspectos macroeconômicos que incluem indicadores,


como o Produto Interno Bruto (PIB), o Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), o Coeficiente de Gini e a Felicidade Interna Bruta
(FIB). Esses indicadores são monetários e não monetários, e
possuem como objetivo avaliar o comportamento da distribuição
de renda em uma nação ou região.

• Unidade 2: indicadores de inflação e métodos de mensuração,


como Índice de Laspeyres e Paasche, e a composição dos
principais índices de inflação oficial e não oficial do país. Além
disso, aprenderá a calcular a inflação baseado nos métodos que
serão apresentados na unidade.

• Unidade 3: política monetária e suas ferramentas de ajustes


econômicos, a importância da taxa de juros e seus conceitos e a
influência da taxa básica de mercado no custo financeiro e nos
rendimentos das operações de investimentos.
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• Unidade 4: o Balanço de Pagamento e as reservas internacionais,


conhecendo com mais detalhes as contas que compõem o Balanço
de Pagamentos, como: Balança Comercial, Balanço de Serviços
e investimentos autônomos que influenciam na formação das
reservas internacionais.

Tais conhecimentos têm como objetivo principal aprender a utilizar


informações econômico-financeiras relevantes para avaliar a conjuntura
econômica, no sentido de propiciar melhores práticas para tomar
decisões mais assertivas, seja pessoa física no contexto do planejamento
financeiro pessoal, seja pessoa jurídica na decisão de investimentos e na
gestão dos fluxos de caixa e aquisição de empréstimos.
7

Índices monetários e não


monetários de medidas
econômicas
Autoria: Amaury José Alves Aranha
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Descrever o funcionamento da economia
por intermédio do fluxo circular da atividade
macroeconômica e das definições de economia
positiva e normativa e a diferença de campo de
análise entre macro e microeconomia.

• Apresentar métodos de índices macroeconômicos,


para mensuração de criação de riqueza e
distribuição de renda de uma região.

• Comparar métodos monetários e não monetários


para compreender a distribuição de renda em uma
região e a capacidade de gerar estoques de riqueza.
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1. Diferenças entre economia normativa,


positiva, macroeconomia e microeconomia,
influências no fluxo circular da atividade
macroeconômica e metodologia do Produto
Interno Bruto (PIB) e do Produto Nacional
Bruto (PNB)
Primordialmente, considerando que a economia influencia a vida das
pessoas e das organizações, passa a ser necessário conceituá-la, pois ela
não é dissociada da política, das necessidades humanas, da natureza e
dos movimentos geopolíticos que influenciam e permeiam decisões em
todo o planeta.

Para tal, é importante saber descrever e explicar o comportamento


econômico e se capacitar para refletir sobre proposições de política
econômica e compreender como ocorrem suas influências no mercado.

Dois conceitos importantes para utilizarmos com maestria os


indicadores econômicos e financeiros são economia positiva e economia
normativa, discutidas pelo economista monetarista Friedman, em
Capitalismo e Liberdade (1984), e que mais didaticamente pode ser
encontrado em Mochón (2007).

Tais conceitos influenciam as ações macroeconômicas e/ou


microeconômicas, e estão disponíveis nos quadros 1 e 2, que resumem
conceitos sobre as economias positiva e normativa e, na sequência,
macroeconomia e microeconomia.

Quadro 1 – Economia positiva versus Economia normativa

ECONOMIA POSITIVA ECONOMIA NORMATIVA

Procura dar explicações objetivas sobre o Refere-se aos preceitos éticos e às normas
funcionamento da economia. jurídicas.

Fonte: adaptado de Mochón (2007, p. 3).


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Quando lemos uma matéria em jornal ou revista, é muito importante


definirmos se se trata de economia positiva ou economia normativa.

1.1 Economia positiva

Para entendermos economia positiva, vamos a um exemplo: em 28 de


março de 2023, publicado na revista Carta Capital, no artigo intitulado
Os recados do Banco Central ao governo na ata do Copom: BC divulga
também a lista de argumentos para manter a taxa de juros em 13,75%.
O tema descreve e explica o comportamento da economia, portanto,
na leitura de um trecho do artigo, é possível interpretar o conceito de
economia positiva.

[...] o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC)...


divulgou a lista completa de argumentos que embasaram a decisão de
manter a taxa básica de juros em 13,75%. A ata traz uma sinalização sobre
o novo arcabouço fiscal, que será anunciado pelo governo federal nos
próximos dias. De acordo com o Copom, se a regra for “sólida e crível”,
poderá desencadear um processo de desinflamação classificado mais
“benigno” através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir a
expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco
associado aos ativos domésticos. (XAVIER G. 2023)

A fala da presidente do Banco Central americano, Janet Yellen, exprime


ações reais na economia, e deixa claro que as estratégias do banco
dependem do andamento das variáveis econômicas. Portanto, ela está
dando explicações objetivas do funcionamento da economia, e quais os
efeitos conjunturais determinariam a necessidade de modificar a linha
da política monetária adotada pelo Federal Reserve.

1.2 Economia normativa

Primeiramente, a economia normativa está expressa nas normas


constitucionais, jurídicas e éticas de uma sociedade, e envolve sugestões
e/ou mudanças na política econômica.
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A seguir, um exemplo que ajuda a entender os aspectos normativos de


uma sociedade

[...] Nos países em desenvolvimento há uma tendência à sobrevalorização


da taxa de câmbio. Tem duas causas estruturais: a doença holandesa e a
atração que as altas taxas de lucro e juros normalmente praticadas nos
países em desenvolvimento exercem sobre os capitais estrangeiros, e
quatro causas políticas: a política de crescimento com poupança externa,
o controle da inflação às âncoras cambiais, a política de ‘aprofundamento
do capital’ e populismo cambial. Ou o país neutraliza essa tendência e
cresce rápido, ou não e sofrerá crises cíclicas de balanço de pagamentos.
(BRESSER-PEREIRA et al., 2009, p. 26)

No trecho supracitado, os autores analisam questões de política cambial,


incentivando a atração do capital estrangeiro, mas que estas condições
econômicas redundam em crises cíclicas no Balanço de Pagamentos; ele
sugere normas que regulem a política do acúmulo de poupança externa
e o controle da inflação. Logo, as sugestões de regulamentações de
políticas econômicas possuem caráter normativo.

Complementando os conceitos de economia normativa e economia


positiva, será preciso diferenciar como influenciam a macroeconomia e a
microeconomia. No Quadro 2 podemos verificar tais definições.

Quadro 2 – Microeconomia e macroeconomia


MICROECONOMIA MACROECONOMIA
Observa-se, aqui, o comportamento
Nos aspectos da macroeconomia, a
do mercado e seus agentes, como o
atenção não é aos agentes individuais,
crescimento de um setor específico,
pois o interesse é com todos os agentes
o desempenho de uma determinada
econômicos e com questões globais que
empresa, a variação dos preços de um
afetam o interesse de toda a sociedade.
determinado setor.

Fonte: adaptado de Mochón (2007, p. 17).


11

1.3 Microeconomia

Ao analisar um determinando segmento ou uma cesta de investimentos,


estamos analisando agentes particulares e de interesse particular. Um
exemplo é a matéria apresentada pelo Portal UOL, na seção de Economia,
em 23 de junho de 2022, sobre a variação de preços dos ETFs (Exchange
Traded Funds), que são cestas de diversos ativos de renda variável.

[...] Depois de seis anos de crescimento de negócios, os ETFs (sigla em


inglês para Exchange Traded Funds) negociados na bolsa brasileira B3
apresentam em 2022, até maio, queda de patrimônio e de investidores.
(OLIVEIRA, 2022, [s. p.])

Outro exemplo: quando analisamos os segmentos de eletrodoméstico,


de produção de laranja ou de veículos, o aumento de salário de um
setor particular ou o desempenho da Black Friday em um determinado
ano, estamos tratando de agentes econômicos menores e particulares,
portanto este campo é o da microeconomia.

1.4 Macroeconomia

A macroeconomia se preocupa com as questões que envolvem a todos.


Em uma matéria de Nassif (2014), ele tece um comentário sobre a
economia global, principalmente, comparando a China aos EUA e à União
Europeia e comentando sobre questões abrangentes da economia:

[...] O xadrez da economia global traz mudanças complexas e


interessantes. De um lado, há a recuperação da economia dos Estados
Unidos e da União Europeia e dúvidas ainda em relação à China. A
boa notícia para o Brasil é a recuperação do comércio mundial e das
exportações brasileiras. (NASSIF, 2014, [n. p.])

É importante ressaltar, após os exemplos apresentados, que economia


normativa e economia positiva são aspectos diferentes de análise,
em que aquela se refere à discussão e à reflexão sobre as normas
12

institucionais relativas à economia, enquanto está nos explica


objetivamente o funcionamento da economia. Entretanto, tanto uma
como outra podem ter conexões com a macroeconomia, que discute e
interpreta os agregados macroeconômicos, ou com a microeconomia,
que discute a economia de grupos específicos, setores econômicos e/ou
condições econômicas de pessoas e/ou famílias.

1.5 Interpretando o fluxo circular da atividade


macroeconômica

A Figura 1 esquematiza relações econômicas entre as pessoas, as


empresas, o governo e o exterior.

A dinâmica desta figura determina o movimento da produção e das


riquezas nacionais e internacionais. Ela tem origem com economistas da
teoria clássica e explica a formação do Produto Nacional Bruto (PNB) e
do Produto Interno Bruto (PIB).

Esses dois indicadores consideram que as famílias que exercem os fatores


de produção interagem com o setor produtivo, que são as empresas,
gerando renda com a força de trabalho, ou lucro com participação
acionária no setor produtivo. Famílias geram a demanda por bens e
serviços, e o setor produtivo investe o lucro gerado em suas atividades.

O setor governo não é somente agente regulador e via de


arrecadação de tributos; ele consome bens e serviços para seu
funcionamento e utiliza tais recursos em políticas públicas e em
investimentos, em infraestrutura e em participação em empresas
estratégicas para a economia.

Todos os agentes – família, setor produtivo e governo – interagem com


o resto do mundo, ou remetendo divisas ou gerando divisas monetárias
internacionais.
13

Figura 1 – Fluxo circular de atividade macroeconômica

Fonte: adaptada de Mochón (2007, p. 157).

1.6 Definição de Produto Interno Bruto (PIB)

Conforme Mochón (2007, p. 151), o PIB “mede o valor monetário total


dos bens e serviços finais para o mercado, durante um determinado
período no ambiente interno de um país”.

Portanto, o PIB mede a riqueza interna gerada em um país e pode ser


mensurado sob três óticas:

• PIB na ótica da despesa: considera o total dos gastos com


consumo das famílias, investimentos, gastos do governo, (+) as
exportações (-) as importações. A fórmula tradicional do PIB nesta
ótica é: Y = C + I + G + X – M; em todo o mundo, o consumo (C) tem
a maior representatividade no total do PIB. No Brasil, em média,
analisando os anos de 2010 a 2019, o consumo das famílias (C)
representou 60%; os investimentos (I), também denominados de
formação bruta de capital (FBKF), representaram, em média, 20%;
os gastos do governo (G) chegaram a 21%, em média; exportação
14

(X), 13%, e importações (M), 14%, sendo que esta última, por não
serem produtos produzidos no país, é deduzida do PIB.

• PIB na ótica do produto: em termos de resultado, é o mesmo do


PIB na ótica da despesa, entretanto o método compreende o valor
adicionado, o qual, em cada fase do processo produtivo, exclui os
bem e serviços que foram utilizados como insumo na produção,
evitando a dupla contagem.

• PIB na ótica da renda: em termos de resultado, é o mesmo


auferido no PIB na ótica da despesa e na ótica do produto, mas o
método compreende a soma de todos os fatores de produção em
todas as unidades produtivas da economia, somando, portanto,
salário, aluguel, juros auferidos e dividendos ou lucros recebidos.

1.7 Definição de Produto Nacional Bruto (PNB)

Enquanto o Produto Interno Bruto apura a produção interna em


um país, e na ótica das despesas possui a seguinte fórmula: Y = C
+ I + G + X – M, O Produto Nacional Bruto deduz a renda enviada
ao exterior e soma a renda recebida do exterior, além do saldo da
balança comercial, que é exportação (X) menos importação (M). Este
saldo da renda líquida recebida do exterior é encontrado no Balanço
de Pagamentos, na subconta de transações correntes, e pode ser
superavitário ou deficitário.

Um fato muito importante na mensuração do PIB e do PNB é que


países subdesenvolvidos, os quais enviam mais renda ao exterior
do que recebem, utilizam o PIB, enquanto países ricos utilizam
o PNB como medida, pois recebem maior proporção de renda
líquida superavitária do exterior. Podemos citar como exemplo os
Estados Unidos, onde PNB é maior que o PIB. No Brasil, país em
desenvolvimento, o PIB é maior que o PNB.
15

2. Índices não monetários de desenvolvimento


econômico: Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH); Coeficiente de Gini; Felicidade
Interna Bruta (FIB)

2.1 Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)

O crescimento econômico não assegura que o PIB per capita, que se


obtém dividindo a renda gerada internamente em um país ou região
pelo número de habitantes, garanta que esta riqueza alcance a todos.
Na década de 1970, pesquisadores passaram a ver a necessidade de
avaliar a distribuição de riqueza, fazendo uso de dados estatísticos
complementares ao Produto Interno Bruto.

Conforme Feijó et al. (2017, p. 41), os estudiosos perceberam que o


fruto do crescimento econômico não equacionava a desigualdade e a
pobreza da população. Desta forma, acadêmicos passaram a estudar um
conjunto de indicadores sociais mais amplos, para entender o processo
de concentração da riqueza, nascendo indicadores, como o IDH, utilizado
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a
partir dos anos de 1990, para analisar a qualidade de vida da população.

Consideraremos para o cálculo do IDH (FEIJÓ, 2017):

• PIB per capita em valores reais, ou seja, corrigido pela capacidade


atual de compra da moeda.

• Longevidade, que será medida pela expectativa de vida ao nascer.

• Ensino mede o índice de analfabetismo de uma população

No Quadro 3, são apresentados parâmetros utilizados pelo PNUD para


identificação do IDH de países e/ou regiões: quanto mais próximo de
1, mais elevado é o IDH, e quanto mais no limítrofe de zero, o país ou
região terá um IDH baixo. Observe os padrões no Quadro 3.
16

Quadro 3 | Parâmetros para determinação do IDH


IDH PARÂMETRO PARA ANÁLISE
IDH 0,9 a 1,0 IDH Muito Elevado
IDH 0,8 a 0,899 IDH Elevado
IDH 0,5 a 0,799 IDH Médio
IDH 0,1 a 0,499 IDH Baixo

Fonte: elaborado pelo autor.

2.2 Coeficiente de Gini

O coeficiente de Gini é indicado para avaliar a distribuição da renda e os


níveis de desigualdade. Ele utiliza como metodologia a curva Lorenz, que
faz a relação no cartesiano entre elementos do eixo Y, correspondente
à proporção acumulada da renda, e do eixo X, referente à proporção
acumulada de pessoas.

O cálculo do coeficiente é: Gini = (A) / (A + B).

Para chegar ao coeficiente de Gini, é necessário comparar a proporção


acumulada de pessoas com a proporção de renda; para entender a
distribuição entre ricos e pobres de uma região, é preciso elaborar uma
estratificação de acúmulo de renda por percentual de pessoas. O Quadro
4 e o cartesiano apresentado na Figura 2 nos permitem esta visão.

Quadro 4 – Relação da proporção acumulada de pessoas com a


proporção de renda
População (X) Renda (Y)
0% 0%
25% 10%
50% 25%
75% 45%
100% 100%

Fonte: elaborado pelo autor.


17

Como se pode observar no cartesiano a seguir, há a figura de um triângulo


superior que contém a curva de Gini, e mais quatro elementos contidos
neste triângulo maior: um triângulo entre a renda 1 e renda 2, no eixo do X
e mais 3 trapézios, entre as rendas 2 e 3; rendas 3 e 4 e as rendas 3 e 5.

Figura 2 – Curva de Lorenz

Fonte: elaborada pelo autor.

Para encontrar o coeficiente, é necessário encontrar a área do


triângulo maior, denominado de A, localizar a área do triângulo menor,
denominado de A1, e identificar a área dos três trapézios.

Para resolver o Gini, é preciso encontrar a variável A, que é igual a A1,


que é o triângulo inteiro – B.

A1 (triângulo inteiro) será: (base * altura) / 2 => A1 = (100 * 100) / 2 = 5.000.

B = área do triângulo + área trapézio 1 + área trapézio 2 + área trapézio 3.


18

Observe que a área do triângulo está entre as rendas 1 e 2, e os


trapézios vão se formando posteriormente dentro do triângulo maior,
recortado pela curva de Lorenz. Portanto, na sequência, poderá observar
o cálculo da área do triângulo e dos trapézios.

• Área do triângulo = (base x altura / 2) => (25 x 10) / 2 = 125

• Área do trapézio 1: = ((b+B) x h )/2 => ((10 + 25) x 25) / 2 = 437,50

• Área do trapézio 2: = ((b+B) x h )/2 => ( (25 + 45 ) x 25 ) / 2 => 875,00

• Área do trapézio 3: = ((b+B) x h )/2 => ( (45 + 100 ) x 25 ) / 2 =>


1.812,50

B = 125 + 437,50 + 875,00 +1.812,50 => B = 3.250

A = A1 – B => A = 5.000 – 3.250 = 1.750

Gini = (A) / (A + B) => (1.750) / (1.750 + 3.250) => Gini = 0,35

A forma de avaliar o nível de concentração de renda será quanto mais


perto de zero melhor a distribuição de renda, e o cálculo demonstra um
Gini com boa distribuição de renda desta população.

2.3 Felicidade Interna Bruta (FIB)

Medir a Felicidade Interna Bruta é dar à recente economia um novo


olhar de uma sociedade mais justa, e comparar com os indicadores
econômicos permite refletir sobre o desenvolvimento humano e se
as pessoas são felizes. Este indicador foi criado pelo rei do Butão, em
1972, que tinha como objetivo entender se a população do país era feliz.
Como era uma comunidade de localização remota, ela não havia se
beneficiado da evolução do Ocidente, o que levou ao desenvolvimento
de um índice que não olhasse para a sociedade apenas na dimensão do
crescimento econômico, mas também nas dimensões da vida humana,
19

que propiciem uma qualidade de vida sustentável, incluindo corpo,


mente e natureza (CUNHA, 2003). Apresentamos, a seguir, os nove
pilares da FIB:

• Bem-estar psicológico: analisa a autoestima, o estresse, as


atividades espirituais e a percepção de competência.

• Saúde: avalia conceitos que abrangem comportamento da saúde


preventiva, tais como hábitos alimentares, riscos associados ao
comportamento pessoal, entre outros.

• Uso do tempo: trata o planejamento do tempo e como ele


interfere no crescimento profissional, educacional e pessoal.

• Vitalidade comunitária: “sensação de acolhimento” é o que


mais reflete o objetivo deste pilar, e abrange a qualidade dos
relacionamentos na comunidade.

• Educação: conscientização da educação formal e informal e o


envolvimento das pessoas na educação dos mais jovens.

• Cultura: não trata somente da arte mas também se há ou não


discriminações, como a religiosa, de gênero, de raça, entre outras.

• Meio ambiente: cuidar do meio ambiente é cuidar dos custos não


percebidos, que já se pagam com os desastres naturais, portanto
refere-se à percepção que as pessoas têm da natureza em suas
vidas.

• Governança: palavra-chave do pilar, que determina o envolvimento


das pessoas em busca da transparência das instituições públicas e
privadas e da ética das organizações de informações.

• Padrão de vida: “renda”; segurança financeira; nível de


endividamento das famílias; consumo consciente; qualidade dos
gastos com lazer.
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Encerrando este primeiro módulo, é necessário ressaltar que não são


apenas os indicadores monetários que definem a riqueza de um país,
sendo necessário compreender como ocorre a distribuição da renda
no país, qual o nível de desenvolvimento humano e se há felicidade
entre os cidadãos.

Referências
BRESSER-PEREIRA, L. C. B. A crise financeira de 2008. Revista de Economia
Política, v. 29, n. 113, p. 133-149, 2009. Disponível em: https://scholar.google.com.
br/citations?view_op=view_citation&hl=pt-BR&user=6wIwVIkAAAAJ&citation_for_
view=6wIwVIkAAAAJ:prdVHNxh-e8C Acesso em: 18 jan. 2023.
CASTELLS M. Outra economia é possível: cultura e economia em tempos de crise.
Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2019.
CUNHA C. G. et al. Uma outra economia é possível: Paul Singer e a Economia
Solidária. São Paulo, SP: Contexto, 2003
FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade Social: referência atualizada das contas nacionais
no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2017.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e Liberdade. São Paulo, SP: Abril, 1984.
FROSSETTI, J. P. Política e Programação Econômica. 7. ed. São Paulo, SP: Atlas,
1991.
KINOSHITA T. R. et al. Atenção psicossocial e bem viver: relato de experiência de um
projeto terapêutico singular pelas dimensões da Felicidade Interna Bruta. Saúde
debate, v. 44, ago. 2021. Disponível em: https://www.scielosp.org/article/sdeb/2020.
v44nspe3/320-332/pt/. Acesso em: 18 jan. 2023.
MOCHÓN F. Princípios de Economia. São Paulo, SP: Person Prentice Hall, 2007.
NASSIF, Luís. O xadrez da economia para 2014. Jornal GGN.14 fev. 2014. Disponível
em: https://jornalggn.com.br/economia/o-xadrez-da-economia-para-2014/. Acesso
em 29 mar. 2023.
OLIVEIRA, J. J. Rendimento médio de ETFs cai 14% no ano; é melhor investir em
fundos agora? Portal UOL Economia, 2022. Disponível em: https://economia.uol.
com.br/mais/ultimas-noticias/2022/06/23/mercado-de-etf-diminui-na-bolsa-apos-6-
anos-de-expansao-ainda-vale-entrar.htm. Acesso em: 12 jan. 2022.
XAVIER G. Os Recados do Banco Central ao Governo na Ata do Copom. Revista
Carta Capital, Caderno de Economia: 28 de Março 2023, 09H18. Disponível em:
https://www.cartacapital.com.br/economia/os-recados-do-banco-central-ao-
governo-na-ata-do-copom/ Acesso em: 29 mar. 2023.
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Índices de inflação, Índice de


Laspeyres e a influência na vida
das famílias e empresas
Autoria: Amaury José Alves Aranha
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Compreender o conceito de aumento geral dos
preços.

• Conhecer métodos de cálculos de inflação, tal como


o Índice de Laspeyres.

• Conhecer as bases de dados para calcular o índice


oficial de inflação no Brasil.
22

1. Definição de inflação, principais teorias e


seus efeitos na economia e nas empresas
Ao conceituar inflação, algo que não pode ser esquecido é comentar
sobre os elevados índices de inflação que ocorreram na década de 1980
e os planos econômicos aplicados, como forma de enfrentar a elevação
generalizada dos preços e o efeito em maior ou menor proporção em
todos os preços dos produtos, bem como o descasamento dos preços
relativos aos itens produzidos no país.

Batizada de “inflação inercial”, em função do processo de


retroalimentação dos preços, em que a inflação passada se soma à
expectativa de inflação futura, obrigava a uma indexação geral da
economia, inclusive, com o aumento dos salários também indexado
a uma inflação média, com a intenção de não haver a redução da
capacidade de compra pelos salários recebidos.

No Quadro 1, podemos perceber o quão difícil foi a vida de famílias


e empresas convivendo com uma cultura inflacionária persistente e
a constante busca de soluções que mitigassem os efeitos da variação
crescente nos preços e nos salários.

Quadro 1 – Variação dos preços gerais de 1980 a 1981


IPC-A
ANO
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
1980 99,25%
1981 95,62%
1982 104,79%
1983 164,91%
1984 215,26%
1985 242,23%
1986 79,66%
1987 363,41%
1988 980,21%
1989 1.972,91%
1990 1.620,97%
Fonte: Marangoni (2012, [s. p.]).
23

O Quadro 1 demonstra claramente, observando os percentuais


anuais da inflação, a sua característica inercial, pois a inflação passada
era indexada aos principais preços e retroalimentava o constante
crescimento dos preços futuros dos produtos, chegando, em 1990, a
uma inflação de 1.620,97% acumulado no ano pelo IPC-A.

Este fenômeno é denominado de hiperinflação. Nos anos de 1980,


economistas, como Belluzo e Almeida (2002) e Bresser (2018), batizaram
aquele período de “a década perdida”, diante de uma economia
estagnada e com alta inflação.

Com o objetivo de mitigar os efeitos da hiperinflação nos anos 1980 e no


início dos anos de 1990, foram implantados vários planos econômicos. O
Quadro 2 nos dá uma boa conceituação e visão das ações de cada plano,
para conter a inflação e possibilitar o crescimento econômico.

Quadro 2 – Planos econômicos do Brasil

PLANO
CARACTERÍSTICAS
ECONÔMICO

Objetivos: conter a inflação com congelamento dos preços e reajuste


real dos salários.
Efeitos: havia preços que foram congelados com defasagem e
muitos dos produtos sumiram das gôndolas dos supermercados.
Plano Houve uma grande expansão do consumo em função do aumento
Cruzado I e II real dos salários.
(1986) Com o objetivo de incentivar a oferta de produtos, houve vários
subsídios do governo e aumento das importações, com consequente
aumento do déficit fiscal e efeito negativo no balanço de pagamentos.
Os setores produtivos, por estarem com os preços congelados, fizeram
grande pressão no governo, o qual reajustou os preços em 1987.

Objetivo: reduzir a inflação.


Efeitos: sem conseguir ajustar os preços relativos, os efeitos
positivos do plano esbarraram na produção das indústrias, cujos
Plano Bresser
preços tiveram de ser reajustados com o retorno da inflação.
(1987)
O Plano Bresser recuperou a balança comercial e reduziu o déficit
público, fazendo uso de medidas de desvalorização do câmbio e
realizando novo congelamento de preços.
24

PLANO
CARACTERÍSTICAS
ECONÔMICO

Última tentativa de ajustar a economia no governo Sarney. Diferente


dos planos anteriores – Cruzado e Bresser –, que possuíam
Plano Verão fundamentos heterodoxos, ou seja, não monetarista, foi instituído o
Plano Verão, que se mostrou monetarista, criando a moeda Cruzado
Novo, aumentando os juros e controlando os gastos públicos.

Objetivo: conter a inflação e recuperar a economia.


Novo governo e eleito diretamente pelo povo, Fernando Collor
de Melo tomou medidas muito diferentes dos planos anteriores
(implantados no governo de José Sarney), as quais fracassaram no
enfrentamento da inflação.
Efeitos do Plano Collor: este plano tinha como hipótese o excesso
de liquidez da economia que provocava a inflação, sendo necessário
Plano Collor
atuar nas questões fiscais e monetárias do país. O governo tomou a
(1990-1992)
medida de bloquear os ativos monetários, os depósitos bancários,
as poupanças e outros ativos.
A reação da economia foi a queda da produção e os cortes
de salários e de emprego, desequilibrando as relações entres
os agentes do fluxo circular de renda. Isso levou o governo a
remonetizar a economia (mais dinheiro na mão dos agentes
econômicos), acelerando novamente a inflação.

Objetivo principal: conter a inflação e acelerar as privatizações


idealizadas no governo Collor.
Relembrando: no final do ano de 1992, o presidente Fernando Collor
de Melo sofreu impeachment.
Fase 1 do Plano Real: elevação da receita tributária, melhorando o
orçamento econômico.
Fase 2: ajuste dos preços relativos com a criação da Unidade Real de
Plano Real
Valor (URV).
(1994)
Fase 3: transformação da URV na moeda Real.
Deve-se observar que a abertura econômica no Plano Collor
proporcionou entrada expressiva de dólares no país e ajudou a
garantir o combate à inflação. Também, já havia base de políticas
de ajustes fiscais, bem como mecanismos de contenção da inflação,
com política de taxas de juros, como ferramenta de monetização e
desmonetização da economia.

Fonte: adaptado de Cyrillo (2017).


25

A inflação é velha conhecida, mas estabilizar os preços em uma


economia de mercado é fundamental. Conhecer as principais causas da
inflação garante às empresas e às famílias a tomada de decisões para
mitigar seus efeitos no valor do dinheiro e nos custos de produção.

Na sequência, apresentaremos os principais fenômenos que podem


gerar inflação em uma economia:

• Liquidez da Economia: excessiva liquidez da economia,


conhecida como economia monetizada, na qual há excessivo
montante de valores monetários nas mãos dos agentes
econômicos, induzindo ao consumo e aos investimentos,
podendo fazer com que a demanda exceda a oferta de produtos,
aumentando os preços consequentemente.

• Inflação de Demanda: como mencionado, na excessiva liquidez


da economia, refere-se à sobreposição da curva da demanda
agregada, em relação à oferta agregada, ou seja, a procura por
produtos supera a oferta, provocando inflação. Interessante que o
uso total da capacidade instalada de um país influi no crescimento
do Produto Interno Bruto (PIB), mas pode ser inflacionário.

• Inflação de oferta, ou inflação de custos: um exemplo seria um


país que procura beneficiar os exportadores, flexibilizando a taxa
de câmbio para cima, com desvalorização da moeda local, tendo
como reflexo o encarecimento dos produtos importados. Se este
país necessita que parte do seu consumo, como a alimentação,
seja importada, seu efeito elástico influi nos preços, que crescem
mais que proporcionalmente quando faltam estes produtos no
país. Sua importação com taxa de câmbio desvalorizada provoca
inflação de custos.

A forma principal utilizada pela ideologia monetarista para conter a inflação


é o aumento das taxas de juros, que inibe o consumo e o investimento
e incentiva a poupança. Estas medidas são tomadas em economias com
liquidez elevada, inflação de demanda e inflação de custos, e os efeitos são
negativos, principalmente, para famílias de baixa renda.
26

2. Método de medidas das variações de preços


Laspeyres

Método do cálculo de inflação utilizando o Índice de Laspeyres, o qual


utiliza da média aritmética. Veja o cálculo:

, sendo:

• Pc = Preço do ano corrente.

• Qb = Quantidade do ano base.

• Pb = Preço do ano base.

• Qc = Quantidade do ano corrente.

• ∑ = Somatório.

Utilizaremos o Quadro 3 e aplicaremos a primeira parte da fórmula:

Quadro 3 – Calculando o Índice de Laspeyres–Fase 1

20x0 (ano base) 20x1 20x2 (ano corrente)


Mercadoria
Preço Qtde Preço Qtde Preço Qtde
A 1,00 100 0,80 200 1,20 120
B 5,00 60 4,9 70 5,50 80
C 8,00 2 9,00 3 10,00 4

Fonte: elaborado pelo autor.

Aplicaremos na fórmula: , mas


utilizaremos a primeira parte da fórmula, , cujo resultado é
(1,2 *100) + (5,5 * 60) + (10,00 * 2 ) = 470.

No próximo quadro, encontraremos as variáveis para a segunda fase da


fórmula:
27

Quadro 4 – Calculando o Índice de Laspeyres–Fase 2

Fonte: elaborado pelo autor.

, sendo:

• Pc = Preço do ano corrente

• Qb = Quantidade do ano base

• Pb = Preço do ano base

• Qc = Quantidade do ano corrente

• ∑ = Somatório

Utilizaremos a segunda parte da fórmula: , cujo resultado é


(1,00 x 100) + (5,00 x 60) + (8,00 x 2) = 416.

Aplicando a fórmula integralmente, temos que IL = [(470 / 416) x 100] –


100 = 12,98%: inflação dos níveis gerais de preços desta economia no
ano corrente em relação ao ano base.

O Índice de Laspeyres, é um método amplamente utilizado para medir


a variação dos preços entre um determinado ano corrente e um
determinado ano base. No entanto, há também o Índice de Paasche, cuja
variação do preço é sempre ligeiramente superior à variação dos preços
encontrado no de Laspeyres. Outro índice é o de Fischer, cujo resultado
é a média do Índice de Laspeyres e do Índice de Paasche, obtendo uma
variação de preços intermediário a estes dois outros métodos.
28

Estes dois últimos índices, Paasche e Fischer, terão seus métodos


apresentados na videoaula, para que você possa comparar os resultados
entre eles.

3. Índice de inflação oficial no Brasil


Há, no Brasil, diversos índices tradicionais de medidas de inflação,
porém o oficial é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), que utiliza o método de Laspeyres, pelo qual se compara a
variação do preço do ano corrente com um determinado ano base.

Portanto, conforme informado no portal do IBGE, este índice pesquisa


mensalmente a variação de preços de 300 a 400 produtos consumidos
pelas famílias que recebem entre 1 e 40 salários-mínimos. O
levantamento ocorre em cerca de 30 mil estabelecimentos nas principais
capitais do Brasil.

O Quadro 5 apresenta os pesos dos principais produtos consumidos


na faixa de renda estratificada para o IPCA, e o Quadro 6, o peso das
principais cidades no cálculo da inflação.

Quadro 5 – Pesos dos principais segmentos de mercado no cálculo


do IPCA
Segmento do mercado Peso
Transportes 20,8377%
Alimentação e bebidas 18,988%
Habitação 15,1593%
Saúde e cuidados pessoais 13,4575%
Despesas pessoais 10,5972%
Comunicação 6,1859%
Educação 5,9519%
Vestuário 4,801%
Artigos de residência 4,0215%

Fonte: adaptado de IBGE (2023).


29

Quadro 6 – Pesos das principais cidades no cálculo da inflação


Cidade Peso Cidade Peso Cidade Peso Cidade Peso
São Paulo 32,32% Curitiba 8,05% Recife 3,93% São Luís 1,62%
Belo Campo
9,74% Salvador 5,99% Belém 3,91% 1,51%
Horizonte Grande
Rio de
9,41% Goiânia 4,16% Fortaleza 3,22% Aracajú 1,07%
Janeiro
Porto Rio
8,59% Brasília 4,09% Vitória 1,86% 0,53%
Alegre Branco

Fonte: adaptado de IBGE (2023).

A inflação, como já mencionado nesta unidade, é uma grande


preocupação de todos os agentes de uma economia, e na visão da
política monetarista, nos principais bancos centrais do mundo, o
“remédio” para conter a inflação é o arrocho fiscal e o aumento da taxa
de juros como meio de transformar a moeda em poder do público em
poupança e/ou títulos do governo federal, desmonetizando a economia
em momentos da alta dos preços.

Quando os bancos centrais aumentam as taxas de juros, eles incentivam


a aplicação financeira em rendas fixas. Tais aplicações financeiras
podem ser: poupança, certificados de depósito bancário (CDB) e Letras
do Tesouro, emitidas pelo governo federal.

Isto posto, no módulo sobre conceitos de taxas de juros,


aprofundaremos a discussão sobre o tema conhecendo os efeitos sobre
aplicações financeiras em rendas fixas e variáveis.

Referências
BELLUZO, L. G. e ALMEIDA J.G. Depois da queda: A economia brasileira da crise da
dívida aos impasses do Real. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002
BELLUZO, L. G.; GALÍPOLO, G. Dinheiro: o poder da abstração real. São Paulo, SP:
Contracorrente, 2021.
30

BRESSER-PEREIRA L.C. Em busca do desenvolvimento perdido: um projeto novo


desenvolvimento para o Brasil. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2018.
CASTELLS, M. Outra economia é possível: cultura e economia em tempos de crise.
Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2019.
CUNHA, C. G. et al. Uma outra economia é possível: Paul Singer e a Economia
Solidária. São Paulo, SP: Contexto, 2003.
CYRILLO, D. C. Introdução à Inflação. São Paulo, SP: Universidade de São Paulo,
2017. Disponível em: https://www.fea.usp.br/sites/default/files/videos/anexos/
aula_05_-_apostila_-_introducao_a_prof_denise.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.
FEIJÓ, C. A. et al. Contabilidade Social: referência atualizada das contas nacionais
no Brasil. 5. ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2017.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e Liberdade. São Paulo, SP: Abril, 1984.
FROSSETTI, J. P. Política e Programação Econômica. 7. ed. São Paulo, SP: Atlas,
1991.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IPCA – Índice Nacional de
Preços ao Consumir Amplo. IBGE, 2023. Disponível em: www.ibge.gov.br/busca.
html?searchword=IDH. Acesso em: 25 jan. 2023.
KINOSHITA T. R. et al. Atenção psicossocial e bem viver: relato de experiência de
um projeto terapêutico singular pelas dimensões da Felicidade Interna Bruta.
Saúde debate, v. 44, ago. 2021. Acesso em: em: https://www.scielosp.org/article/
sdeb/2020.v44nspe3/320-332/pt/. Acesso em: 25 mar. 2023.
MARANGONI, G. Anos 1980: década perdida ou ganha? Desafios do Desenvolvimento,
ano 9, ed. 72, jun. 2012. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/desafios/index.
php?option=com_content&id=2759:catid=28. Acesso em: 25 mar. 2023.
MOCHÓN F. Princípios de Economia. São Paulo, SP: Person Prentice Hall, 2007.
PEREIRA, L. C. B. A Crise financeira de 2008. Revista de Economia Política,
v. 29, n. 113, p. 133-149, 2009. Disponível em: https://scholar.google.com.br/
citations?view_op=view_citation&hl=pt-BR&user=6wIwVIkAAAAJ&citation_for_
view=6wIwVIkAAAAJ:prdVHNxh-e8C Acesso em: 18 jan. 2023.
31

Taxa de juros básica no Brasil,


SELIC e DI CETIP, métodos de
política monetária e influência nas
decisões financeiras e econômicas
na vida das famílias e empresas
Autoria: Amaury José Alves Aranha
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Compreender conceitos sobre a política monetária,
a formação dos meios de pagamento e liquidez e os
influenciadores da taxa de juros básicas.

• Compreender as características principais da


formação das taxas de juros.

• Estudar a influência das taxas de juros sobre as


operações financeiras e a economia.
32

1. Teorias e conceitos econômicos monetários


e as principais influências na formação das
taxas de juros

Este tópico descreve sobre a política monetária e suas funções, que


podem ser definidas pelo olhar da teoria pós-keynesiana, com reflexões
sobre a velocidade da moeda e as alterações nas taxas juros e os reflexos
sobre o consumo e os investimentos. Outro olhar da política monetária
pode ser identificado em autores monetaristas, como Friedman (2014).
Portanto, é convencional atribuir três funções principais para a moeda,
que podem ser conhecidas nos itens que seguem:

• Meio de pagamento ou troca: facilita a troca de bens e serviços.


No mundo, há diversas moedas: dólar, euro, yuan etc. No Brasil,
além do Real, temos as moedas sociais. Atualmente, em nosso país,
há mais de 120 moedas de troca, denominadas moedas sociais,
que se desenvolveram por intermédio dos bancos comunitários. A
primeira delas foi criada em 1998, em Fortaleza, e foi chamada de
Palmas. Uma comunidade de pescadores optou por fazer as trocas
de produtos e serviços por esta moeda. Ela foi também a primeira
regulamentada pelo Banco Central do Brasil em 2002. O ponto mais
importante é que ela evitou o escambo, que já era comum nesta
comunidade de pescadores, e a sua criação trouxe eficácia na troca
entre os agentes produtores de bens e serviços.

• Unidade de conta: mensuramos diversos itens e produtos com


medidas diversas, tais como litros, metros e quilogramas, e a
moeda também tem o objetivo de medida e representa o preço
desses mesmos itens e produtos. Isso facilita a definição dos
valores monetários de todos os bens produzidos em um país,
região, e até mesmo comunidade, como no conjunto Palmeiras, na
cidade de Fortaleza, no estado do Ceará, em que a moeda Palmas
mensura o valor de cada bem ou serviço produzido e trocado
dentro da comunidade.
33

• “Reserva de valor: numa economia, nem tudo que se recebe


em uma transação pode se transformar em gasto com consumo,
custos ou reinversão em ativos produtivos, tangíveis ou intangíveis,
podendo os indivíduos ou as empresas postergarem o uso da
moeda e deixá-la em reserva.

Portanto para cada uma das três funções da moeda, a palavra-chave


é credibilidade, a qual possibilita a capacidade de compra da moeda,
que é vital para a economia de mercado, pois proporciona liquidez
nas operações diversas de mercado. Mas, como reserva de valor, ela
não é única, possuindo vários ativos financeiros, como certificados de
depósitos bancários, ações, títulos da dívida pública e ativos tangíveis,
como um imóvel para investimentos, joias etc.

Mesmo a moeda não sendo a única forma de reserva de valor, ela, como
unidade de conta e de troca, é uma mercadoria.

Marx (1982, p. 91) define o dinheiro como sendo “um equivalente geral
socialmente aceito, uma mercadoria específica e desempenha o papel
do equivalente geral de todas as mercadorias”.

Portanto, a moeda é uma mercadoria muito complexa, pois ela


mensura valores de outras mercadorias; é um meio de pagamento e
reserva de valor.

Portanto, aqui, encontra-se a complexidade da política monetária e sua


relação com a base monetária de uma economia, taxas de juros, taxa de
câmbio e inflação.

Tradicionalmente, a classificação de moedas refere-se ao perfil de


liquidez delas. No Quadro 1, detalhamos a classificação destas moedas,
conforme definido por economistas contemporâneos e pelos bancos
centrais da maioria dos países.
34

Quadro 1 – Formação da base monetária de um país


É o volume do dinheiro em poder das pessoas, ou seja, aquela nota
física que está disponível na carteira ou no caixa das empresas.
Moeda 1 (M1)
Somam-se a esse numerário em poder do público os depósitos
feitos nos bancos nas conta correntes.
Ao somar o montante de M1, com depósitos à vista existentes na
Caixa Econômica Federal, o dinheiro aplicado em títulos públicos,
seja por pessoa física ou jurídica, e o montante existente em fundos
Moeda 2 (M2)
de aplicações financeiras (títulos privados), teremos um novo
montante de dinheiro denominado de Moeda 2 (M2), a qual é uma
base monetária superior à M1.
Se somar a base monetária alcançada na definição de M2 às
Moeda 3 (M3) aplicações em caderneta de poupança nos bancos comerciais,
chega-se ao conceito de M3.
Reflete o total da base monetária de uma nação, somando-se aos
ativos financeiros e às moedas que constituem a M3, as aplicações
Moeda 4 (M4) financeiras em certificados de depósitos bancários (CDB), os
Redescontos Bancários (RDB) e as Letras de Câmbio (LC) e Letras
Imobiliárias (LI).

Fonte: elaborado pelo autor.

A base monetária, medida pelos diversos conceitos de moeda já descritos,


poderá ser também uma ferramenta de ação contra a inflação, ou
seja, quando há inflação de custo ou de demanda em um determinado
país, o respectivo Banco Central poderá implementar uma medida de
desmonetização da economia. E como o Banco Central faz isso? Ele
aumenta as taxas básicas de juros e induz o fluxo monetário deste país
para a base monetária definida em M4, ou seja, uma taxa de juros maior,
logo, ao invés de os recursos monetários se tornarem consumo, acaba-
se, por um lado, desincentivando pelo custo do dinheiro e, por outro
lado, incentivando as aplicações financeiras. Caso o governo de um país
queira incentivar o crescimento da economia, a ação é ao contrário do
que verificamos, ou seja, ao reduzir as taxas de juros, desincentivando as
aplicações financeiras, a base monetária deste país acaba se concentrando
em maior proporção em M1, o que é denominado de monetização.
35

A verdade é que a monetização incentiva o consumo e os investimentos,


pois as taxas de juros reais se reduzem, e tais medidas acabam
influenciando o aumento do PIB. A desmonetização tem efeito ao
contrário, pois impacta negativamente no consumo e nos investimentos
e dificulta o crescimento da economia.

Mas, fica a pergunta: se a taxa de juros reais baixa é boa para a


economia, por que não a deixar baixa?

A resposta que mais se encontra para a pergunta está na visão


dos monetaristas, como Friedman (2014), que explica os fatores
inflacionários fazendo uso do conceito de velocidade de circulação da
moeda, tamanho e distribuição da base monetária entre as moedas M1,
M2, M3 e M4.

Primeiramente, para entender o conceito de velocidade de circulação da


moeda, devemos saber que é uma relação do PIB com a base monetária
de uma nação, ou seja, a quantidade de moedas que estão disponíveis
na economia em M1, M2, M3 ou M4. Na verdade, o que se mede com
a velocidade de circulação da moeda é a rotatividade em que a moeda
transita entre as pessoas, ou seja, quantas vezes ela passa de mão em
mão, gerando renda, produção, investimentos e/ou consumo.

Conforme Vasconcelos e Garcia (2012), a velocidade da moeda é igual


ao nível de preços multiplicado pelo número de transações em um
determinado período, dividido pela massa monetária daquele país.
Traduzindo o conceito em fórmula, temos que:

M = o estoque de moeda existente em uma economia.

Y = Produto Interno Bruto real desta economia, definido como a


demanda agregada ou a renda desta economia, ou seja, níveis de
transações econômicas medidos em um determinado período.
36

V = a incógnita da fórmula. De acordo com Pinho e Vasconcelos (2003


p. 331), “é a velocidade em que a moeda passa de mãos em mãos, num
certo período, gerando produção e renda”.

Portanto: V = ( Y ) / M.

Considere um PIB real, de um país ou região, no valor de 900 bilhões e


um estoque de moeda nesta economia de 200 bilhões. A velocidade da
moeda será:

V = 900 / 200 => V = 4,5 vezes.

Assim, o significado é que o valor de 200 bilhões de estoques de moeda


girou 4,5 vezes na mão dos agentes desta economia.

Este cálculo da velocidade e giro da moeda na economia pode ser


medido em qualquer nível de moeda, diante disso, além da base
monetária total disponível na economia, pode-se medir individualmente
em M1, M2, M3 ou M4.

Ressalta-se que estes cálculos são importantes para o Banco Central agir
sobre os efeitos da base monetária em relação à variação dos preços
gerais de uma economia. Logo, quanto maior o giro da moeda, mais a
base monetária estará concentrada em M1, e quanto menor o giro da
moeda, mais concentrada em M4.

Conclui-se que, em velocidade elevada da moeda, as pessoas se


desfazem muito mais rápido do dinheiro em aquisição de bens. No
entanto, em baixa velocidade, as pessoas retêm dinheiro em maior
proporção e o direcionam para aplicações financeiras, postergando o
uso dele em consumo e investimentos produtivos para o futuro.

Para influenciar a velocidade alta ou baixa de uma determinada moeda,


haverá, respectivamente, a dependência de taxas de juros reais baixa e
de taxas de juros reais elevadas.
37

Assim, a política monetária implementada pelos bancos centrais,


ao interferir na velocidade da moeda, age na economia de forma
expansionista (quando há alta velocidade da moeda) ou restritiva
(quando há baixa velocidade da moeda).

2. Compreender as características principais


da formação das taxas de juros

Neste tópico, compreenderemos a estrutura organizacional que decide


a política monetária no Brasil, cujo órgão regulamentador é o Conselho
Monetário Nacional (CMN), cujos membros representam a estrutura
ministerial de decisões econômica de um país. Há diversas composições
destas estruturas ministeriais. Normalmente, inclui o representante
máximo do Banco Central, assim como outros ministérios, como o de
Planejamento e o da Economia ou da Fazenda, dependendo da estrutura
ministerial do governo daquele momento.

O CMN é o órgão máximo na formulação da política monetária,


definindo políticas sobre a base monetária, a política cambial, a meta
de equilíbrio e os superávits do balanço de pagamentos; regulando o
funcionamento das instituições financeiras bancárias e não bancárias;
determinando metas para a prevenção de desequilíbrios econômicos
e regulando todas as operações financeiras do mercado, incluindo as
taxas básicas de juros.

Em complemento, o Banco Central é um órgão executor da política


monetária e um órgão regulador das taxas de juros básicas do mercado,
como forma de garantir as metas da inflação definidas pelo CMN.

Para decisões relativas à definição da taxa de juros, conhecida


como Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), quem o
38

faz é o Comitê de Política Monetária (Copom), que é um grupo de


representantes internos ao Banco Central.

O Copom nasceu com a moeda Real e foi constituído em 1996. Sua


função foi baseada no Federal Open Market Committee (FOMC), órgão
do Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos. Além disso, os
legisladores e o governo da época se apoiaram na estrutura do Central
Bank Council, da Alemanha.

A base destes comitês tinha como principal finalidade a transparência


dos bancos centrais em relação às decisões sobre política monetária.

Importante ressaltar que estes comitês internacionais são recentes


e datam da última década do século anterior. Como exemplo, o Bank
of England criou o comitê em 1988, denominado de Monetary Policy
Committee (MPC), e o Banco Central Europeu criou o comitê de política
monetária em 1999.

No Brasil, em 1999, com a publicação do Decreto nº 3.088, o CMN definiu


metas anuais para a inflação e o Banco Central do Brasil como órgão
executor. Este, então, passa a ter a obrigação de tomar medidas de
política econômica que atendam às metas estabelecidas.

Nas reuniões deste comitê, os objetivos sobre as metas da inflação


podem ser ou não atingidos. Quando o país não consegue atingir tais
metas, com inflação superior ao esperado, o presidente do Bacen
deverá informar, em carta dirigida aos Ministérios competentes, o
não atendimento das metas, apresentando quais providências serão
tomadas e qual tempo levará para retornar às metas inflacionárias
esperadas.

Para termos uma visão mais abrangente sobre o tema, é importante


conhecer um pouco da estrutura de como funciona este comitê.
39

Quadro 2 – Regras de reunião do Copom


O calendário das reuniões anuais do As reuniões acontecem de 45 em 45 dias,
COPOM é publicado até outubro do ano sendo, em média, oito reuniões durante o
anterior. ano.
As reuniões do COPON acontecem em dois dias, sempre às terças-feiras e às quartas-
feiras do mês.
Na reunião da terça-feira, o tema central À quarta-feira, a diretoria do comitê
é a economia e a situação conjuntural apresenta as medidas monetárias, com
do país, porém abrange outros temas, foco na inflação, na base monetária, na
como questões cambiais, balanço de estabilidade da moeda e no crescimento
pagamentos, inflação, crescimento econômico.
econômico interno e externo,
desenvolvimento sustentável e riscos
internacionais e internos.
No oitavo dia, em média, podendo ser antecipado, mas, geralmente, às quintas-feiras,
é publicado o relatório final no site do Banco Central, com as decisões e divergências
que ocorreram no decorrer da reunião entre seus membros. Este relatório é completo
e apresenta as decisões sobre o nível de atividade da economia, a inflação e as
expectativas da inflação, as expectativas de crescimento econômico, a situação dos
agregados monetários, as finanças públicas, o balanço de pagamentos, as reservas
internacionais, o câmbio etc.

Fonte: elaborado pelo autor.

A expectativa maior pelo mercado nestas reuniões é sobre o valor da


taxa de juros básica que foi definida, ou seja, o valor da taxa Selic, que
influenciará em toda a economia, no custo do dinheiro no interbancário,
o qual é medido pelo Certificado de Depósitos Interbancários (CDI), que
se refere à taxa que os bancos trocam dinheiro entre eles ou a base para
captar dinheiro de seus clientes.

2.1 A influência das taxas de juros sobre as operações


financeiras da economia

A taxa de juros impacta em todas as decisões econômicas. Vimos como


o Banco Central regula a economia, tornando-a mais restritiva ou
expansionista, e como é a reação de consumidores e investidores com
40

as variações positivas ou negativas nas taxas de juros decididas nas


reuniões do Copom e que alteram a taxa Selic.

A Selic é uma taxa de juros que impacta na emissão dos títulos públicos
por parte do governo para fazer frente à política fiscal. Estas aplicações
são denominadas no mercado de Letras Financeiras do Tesouro (LFTs),
e possuem como rendimento a Selic; outras são prefixadas, ou utilizam
como base índices da inflação, como o IPCA, medido pelo IBGE, a taxa
referencial TR, o IGP-M, entre outros índices de inflação, como meio de
correção dos ativos financeiros.

Como investidor, é preciso compreender o quanto está ganhando em


uma aplicação financeira, principalmente, a renda fixa, que atende à
maioria das pessoas ou empresas que não querem correr riscos com
suas reservas monetárias.

Quando se fala que um título, como um Certificado de Depósito Bancário


(CDB), paga CDI + 100%, entendemos que o CDI tem como referência a Selic
e que varia todo dia um pouco, logo qualquer descontrole, fora das metas
do Bacen, pode interferir recomprando títulos do mercado ou revendendo.

Uma característica importante do CDI é que, quando ocorre


transferência interbancária, essas transações são isentas de Impostos
sobre Operações Financeiras (IOF) e de Imposto de Renda (IR). Uma
das regras do Banco Central é que nenhum banco pode fechar o caixa
negativo no final do dia, e o caixa positivo, obrigatoriamente, deve ser
emprestado no interbancário, seja para bancos com caixa negativo, seja
para aquisição de títulos da dívida pública do governo.

As nomenclaturas no mercado são diversas. A taxa DI Cetip é uma taxa


diária do interbancário, conhecida como CDI. A Central de Custódia
e Liquidação Financeira de Títulos Privados (CETIP), em 2017, foi
incorporada à BM&FBOVESPA, tornando-se a B3 S/A – Brasil, Bolsa,
Balcão. Portanto, taxas DI e CDI têm a mesma finalidade e são utilizadas
41

para transações de operações de empréstimos e emissão de títulos no


interbancário, e CETIP, em uma empresa.

Este tipo de operação é diária, e tem uma característica: os juros são


calculados por dia útil, por meio de um método denominado de taxa
over.

Apresentaremos como é realizado este cálculo. Como exemplo, imagine


um banco que toma dinheiro emprestado de outro banco no montante
de 100 mil e que pagará a operação no terceiro dia útil com as seguintes
taxas over:

Primeiro dia: 10,00% ao ano (over).

Segundo dia: 10,50% ao ano (over).

Terceiro dia: 11,00% ao ano (over).

VF = Valor Futuro (é a incógnita que se quer apurar).

i = Taxa de juros do dia, deve ser transformada em decimal, ou seja,


dividir a taxa por 100. Exemplo: primeiro dia ficará 10/100 = 0,10;
segundo dia 10,50/100 = 0,105; terceiro dia 11/100 = 0,11.

n = Taxa over 1 / 252 (deve-se considerar os dias úteis do ano, portanto


o cálculo é 1 dia dividido por 252 dias) = 0,00397.

VP = Valor do empréstimo no interbancário, ou seja, é o Valor Presente


da operação, neste exemplo, 100 mil.

Cálculo:

VF1 = VP1(1 + i)^n => VF = 100.000,00 x (1+0,10)^0,00397= 100.037,85

VF2 = VP2(1 + i)^n=> VF = 100.037,85 x (1+0,105)^0,00397= 100.077,51


42

VF3= VP3(1 + i)^n=> VF= 100.077,51 x (1+0,11)^0,00397 = 100.118,98

O próximo passo é encontrar a taxa efetiva do período de três dias:

i = (VF/VP)-1 x 100 = > i = (100.118,98 / 100.000,00) -1 x 100=> i = 0,1190%


(quatro casas após a vírgula)

Agora, deve-se calcular a taxa over média ao dia:

i ao dia = (1 + i)^n -1 x 100 => i= (1 + 0,00119)^1/3 – 1 x 100= i=


(1,00119)^0,333– 1 x 100 = 0,0396 % ao dia over

Então, deve-se calcular a taxa over média anual da operação:

i = ao ano = (1 + i)^n -1 x 100 )=> i=(1+0,000396)^252 – 1 x 100 = 10,50%


ao ano over

O Banco Central tem grande influência nestas taxas e depende dos


objetivos da política econômica.

Finalizando, ressaltamos a importância de compreender as medidas


adotadas pelo Banco Central nas reuniões do Copom e como a taxa Selic
é um sinalizador, pois ela é a base da formação do CDI e, diariamente,
conforme as ações do Banco Central, ela influenciará na variação diária
destas taxas.

A taxa Selic é ancorada em política monetária e atende às metodologias


da meta da inflação, que é decidida pelo Conselho Monetário Nacional.
Conforme o posicionamento econômico, monetarista ou estruturalista,
pensa-se em caminhos diferentes sobre a relação das taxas de juros
básicas, Selic, inflação e taxa de juros reais.

No conceito monetarista, a política fiscal influencia na inflação e em como


não a deixar crescer fora da meta, seja inflação de custo ou demanda,
mantendo as taxas de juros reais, o que afeta o crescimento do PIB,
43

do emprego e da renda na economia. Entretanto, mantém resultados


favoráveis para quem tem disponibilidade da moeda, que é beneficiada
pelos rendimentos dos juros reais, e cumpre o papel monetarista de não
desvalorização da capacidade de aquisição da moeda.

Referências
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Comitê de Política Monetária (Copom). 2023.
Disponível em: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/copom. Acesso em: 25 mar.
2023.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro. 22. ed. Rio de Janeiro, RJ: Qualitymark, 2020.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e Liberdade. São Paulo, SP: Actual, 2014.
KEYNES, J. M. Inflação e Deflação. Trad. Rolf Kuntz. São Paulo, SP: Victor Civita,
1983.
MARX, K. Para a crítica da economia política: salário, preço e lucro. São Paulo, SP:
Abril Cultural, 1982.
SECURATO, J. R.; SECURATO, J. C. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise
de investimentos. 3. ed. São Paulo, SP: Saint Paul, 2013.
VASCONCELLOS, M. A. S. e; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. São Paulo:
Saraiva, 2012.
VASCONCELLOS M. A. S e PINHO D. V. Manual de Economia. São Paulo: Saraiva,
2003.
44

Balanço de Pagamentos, Balanço


de Transações Correntes,
influência da taxa de câmbio
no comércio exterior, serviços
das dívidas internacionais e
investimento externo direto
Autoria: Amaury José Alves Aranha
Leitura crítica: Miriane de Almeida Fernandes

Objetivos
• Analisar a influência das vantagens comparativas nas
exportações de um país.

• Estudar a estrutura dos Balanços de Pagamento de


um país e as influências nas reservas internacionais.

• Estudar a influência no comércio exterior e no


Balanço de Transações Correntes.
45

1. Teorias e conceitos do comércio


internacional, influência da globalização,
integração e blocos econômicos

Para discutirmos o tema sobre Balanços de Pagamentos, é importante


nos situarmos sobre como se posiciona a economia global do século XXI.

Em pleno século XXI, ainda temos a teoria das vantagens comparativas,


descrita por David Ricardo, em 1817, e que permanece na política
econômica de países emergentes, mesmo em um mundo, em termos
comerciais, globalizado.

Essa teoria leva em conta a produtividade de cada país na produção:


agrícola, industrial, tecnologias ou serviços. A lógica dela é a de que
países exportam o que possuem de maior competitividade e importam
aquilo que não possuem domínio ou produtividade. Ela tem como um
de seus pontos principais a produtividade e o custo de oportunidade.
Assim, a teoria das vantagens comparativas é a forma que se explica a
relação de comércio exterior entre os países.

Mas, no século XXI, o modelo de produtividade é bem diferente


do século XX, pois crescer de forma tradicional é um processo que
limita o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento humano.
Isso implica a necessidade de inovações que melhorem a vida das
pessoas, sem destruir o meio ambiente, considerando o crescimento
de forma sustentável.

Kallis (apud CASTELLS, 2019) apresenta explicações não tradicionais para


o que se vive na economia do século XXI, visto que o desafio não é mais
alcançar o crescimento comparado ao que foi possível fazer no século
XX, e sim produzir riquezas neste século e sem pobreza.

Ainda refletindo com Kallis (apud CASTELLS, 2019), a economia global


está em estagnação, e alguns fatos, como as catástrofes ecológicas,
são impedimentos ao crescimento econômico sustentável, ecológico e
46

de desenvolvimento humano. Além de que existem algumas barreiras


entre as nações, como tarifárias, burocráticas, relativas às cotas de
importação, de subsídios, sanitárias e fitossanitárias.

Todas essas barreiras influenciam as transações comerciais, e o


portfólio de exportação ou importação se modifica. Um exemplo
dessa modificação pode ser verificado no Quadro 1, no qual há uma
comparação entre produtos exportados pelo Brasil.

Quadro 1 – Comparativo entre produtos exportados pelo Brasil


entre 2000 e 2020
2000
2020
Produto US$ Produto
em US$ milhões
milhões
Soja mesmo
Aviões 3.430 28.564
triturada
Minérios de ferro 3.048 Minérios de ferro 25.789
Soja mesmo triturada 2.188 Petróleo bruto 19.614
Automóveis 1.759 Carne bovina 7.447
Aparelhos de transmissão e Açúcar cana em
1.753 7.381
recepção bruto
Farelo de soja 1.645 Celulose 5.984
Celulose 1.601 Farelo de soja 5.909
Café cru em grão 1.558 Milho em grãos 5.853
Calçados 1.547 Carne de frango 5.482
Produtos semimanufaturados
1.360 Café cru em grão 4.971
ferro/aço
Total lista principais produtos 19.889 116.994
Total exportado em 2020 54.993 209.180
Participação dos principais
36,17 55,93
produtos

Fonte: adaptado de Banco Central do Brasil (2021).

Ao analisarmos o Quadro 1, observamos que a trajetória do Brasil,


em relação à política de comércio exterior, apresentou uma troca de
47

produtos com maiores valores agregados, tal como a exportação de


aviões em 2000, para a agroindústria e a extrativa mineral.

A observação que é possível fazer se refere às mudanças ocorridas nas


políticas públicas e ao projeto político do país, implicando mudança de
uma base industrial exportadora para uma base na exportação agrícola
e extrativa mineral, cujo segmento cresceu substancialmente nos anos
mais recentes.

No Quadro 2, será possível confirmar a tendência do robusto


crescimento do agronegócio e da indústria extrativa mineral no total
das exportações, e uma importação mais pulverizada, mas com
forte tendência de aquisição de produtos do exterior, de material
intermediário para fazer frente às necessidades da agroindústria e do
segmento extrativo mineral.

Quadro 2 – Balança comercial brasileira–Exportação versus


importação no ano de 2022
Ano 2022
Ano 2022 em
Exportação em US$ Importação
US$ milhões
milhões
Soja 46.558 Adubos/fertilizantes químicos 24.702
Petróleo bruto 42.553 Óleos combustíveis 23.548
Minério de ferro 28.924 Máquinas e aparelhos elétricos 11.497
Carne bovina 11.805 Composto Organo-inorgânicos 9.942
Farelo de soja 10.957 Petróleo bruto 9.915
Veículos Automóveis de
Açúcares 11.037 3.636
passageiros
Celulose 8.380 Inseticidas 6.863

Total lista principais


160.214 Total lista principais produtos 90.103
produtos

Fonte: adaptado de Secretaria de Comércio Exterior–MDIC (2023).

O Quadro 2 reflete um dos meios de geração de divisa ao país e está


inserida no Balanço de Pagamentos.
48

2. Estrutura do Balanço de Pagamentos

Importações e exportações refletem na balança comercial, mas, quando


se pensa em divisas internacionais, a balança comercial não é o único
meio de registrar a relação de geração de divisas de um país com o outro.

Mas, o que é o Balanço de Pagamentos?

O Balanço de Pagamentos divide-se em duas estruturas: o Balanço de


Transações Correntes e a Conta de Capital e Financeira.

A seguir, temos estas definições:

• Balanço de Transações Correntes (conta corrente): nesta subconta


do Balanço de Pagamentos, haverá quatro importantes subcontas:

- Balança Comercial: registram-se as exportações e importações


de produtos físicos.

- Balanço de Serviços: nesta subconta, registra-se o uso


de divisas do brasileiro no exterior ou o recebimento de
estrangeiro no país. Além disso, transportes e seguros em
geral, recebidos do exterior ou pagos ao exterior, fazem
parte deste balanço também. Incluem-se, aqui, os aluguéis de
equipamentos, como perfuradores de poços de petróleo.

- Renda Primária: nesta conta, os países registram juros,


dividendos ou royalties recebidos ou pagos por um país.

- Renda Secundária: inclui as transferências unilaterais, cuja


função é registrar transferências, como ajudas humanitárias
enviadas ou recebidas de um país.

O Quadro 3 ilustra a estrutura do Balanço de Transações Correntes e


suas subcontas.
49

Quadro 3 – Balanço de Transações Correntes e subcontas, saldos


relativos a 31 de dezembro de 2022 (US$ milhões)
Balanço de Pagamentos 31/12/2022
Transações correntes -55.668,25
(1) Balança comercial – Saldo 44.389,27
Exportações 340.655,00
Importações 296.265,72
(2) Serviços -39.994,15
Viagens -7.232,60
Transportes -19.441,84
Aluguel de equipamentos -7.904,10
Demais serviços -5.415,61
(3) Renda primária -63.865,84
Remuneração de empregados 101,27
Juros -19.236,43
Lucros e dividendos -44.730,68
(4) Renda secundária 3.802,47

Fonte: adaptado de Banco Central do Brasil (2023).

Para interpretar o Quadro 3 e chegar ao saldo negativo das transações


correntes de US$–55.668,25 milhões, deve-se somar o saldo dos itens
1, 2, 3 e 4.

Analisando o Quadro 3, verifica-se que, mesmo com um volume de


comércio exterior expressivo e com bom saldo na Balança Comercial (US$
44.389,27 milhões), o Brasil, em 31/12/2022, apresentou um saldo negativo
de US$ 55.668,25 milhões em transações correntes. Este montante deve-se,
principalmente, à soma do déficit do Balanço de Serviços e Renda Primária,
cujas divisas remetidas para estas contas, dado a dependência de capital
financeiro do país, são superiores às entradas destas divisas.

Outra conta importante é a Capital Financeira – residentes e não


residentes em um país fazem transações ativas e passivas. Por exemplo,
uma empresa multinacional que remete dólares para o Brasil para
expandir o site de sua fábrica, ou brasileiros que aplicam recursos
na bolsa de valores de New York, são operações que movimentam
capitais financeiros. Portanto, estes capitais financeiros, sejam ativos
50

ou passivos, são subcontas da conta Capital e Financeira. Por exemplo,


Investimentos Externos Diretos Líquidas (IED). Neste campo, são
registradas tanto as divisas de empresas sediadas no país remetidas ao
exterior quanto a entrada de divisas estrangeiras.

Derivativos, erros e omissões e ativos de reservas são movimentações


da conta Capital e Financeira sem muita expressividade. Assim sendo, o
Quadro 4 ilustra um modelo de um Balanço de Capital e Financeira.

Quadro 4 – Balanço de Pagamentos apresentado em conjunto à


subconta do Balanço de Transações Correntes e da conta Capital e
Financeira
Balanço de Pagamentos exemplo 31/12/X2
TRANSAÇÕES CORRENTES -55668
Balança comercial–Balanço de Pagamentos 44389
Exportações 340655
Importações 296266
Serviços -39994
Viagens -7233
Transportes -19442
Aluguel de equipamentos -7904
Demais serviços -5416
Renda primária -63866
Remuneração de empregados 101
Juros -19236
Lucros e dividendos -44731
Renda secundária 3802
CONTA CAPITAL E FINANCEIRA -13332
Investimentos Externos Diretos -23332
Derivativos 1000
Erros e Omissões 2000
Ativos de Reservas 7000
SALDO BALANÇO DE PAGAMENTOS -69000
Saldo reserva Internacional 31/12/X1 362000
Saldo reserva Internacional 31/12/X2 293000

Fonte: adaptado de Banco Central (2023).


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Duas importantes observações a destacar no Quadro 4:

• Balanço de Transações Correntes apresenta-se negativo no


montante de 55.668 milhões.

• Conta Capital e Financeira apresenta-se negativa no montante de


13.331 milhões.

A transação corrente negativa com a conta de Capital e Financeira


somam um déficit do Balanço de Pagamentos em 31/12/X2 de 69.000
milhões. Portanto, o déficit do Balanço de Pagamentos influencia
negativamente nas divisas em moeda estrangeira deste país.

Em 31/12/X1, este país possuía 362.000 milhões em divisas


internacionais, e com o déficit do Balanço de Pagamentos de 69.000
milhões, as divisas ou reservas internacionais caíram para 293.000
milhões em 31/12/X2.

3. Taxas de câmbio

O comércio exterior é imprescindível para produzir riqueza aos países,


e as trocas internacionais são regidas pela troca de moedas, que é
denominada de taxa de câmbio.

A política cambial de um país poderá decidir por uma taxa flexível ou


fixa. Vamos compreender sobre elas:

• Taxa de câmbio flexível: o câmbio varia em função da maior ou


menor demanda ou maior ou menor oferta da moeda.

• Taxa de câmbio fixa: o valor da moeda é fixado pelo Banco Central


do país e não varia em função da demanda ou oferta pela moeda.
52

Resumindo, a taxa de câmbio pode influenciar aumentando ou


diminuindo as exportações, as importações, os investimentos
externos diretos, os envios ou os recebimentos de reservas do exterior
via balanço de serviços, primários ou secundários, e de reservas
internacionais, que constituem divisas que garantem a soberania nas
relações internacionais de um país.

Referências
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Balanço de pagamentos. 2022. Disponível em:
https://www.bcb.gov.br/content/estatisticas/Documents/Tabelas_especiais/BalPagA.
xlsx. Acesso em: 25 mar. 2023.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Comitê de Política Monetária (Copom). 2023.
Disponível em: https://www.bcb.gov.br/controleinflacao/copom. Acesso em: 25 mar.
2023.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Desempenho regional das exportações brasileiras
(2000 – 2020). 2021. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/content/publicacoes/
boletimregional/202108/br202108b4p.pdf. Acesso em: 30 mar. 2023.
CASTELLS, M. Outra economia é possível: cultura e economia em tempos de crise.
Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2019.
FORTUNA, E. Mercado Financeiro. 22. ed. Rio de Janeiro, RJ: Qualitymark, 2020.
FRIEDMAN, M. Capitalismo e Liberdade. São Paulo, SP: Actual, 2014.
KALLIS, G. Economia sem crescimento. In: CASTELLS M. Outra economia é possível:
cultura e economia em tempos de crise. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2019.
KEYNES, J. M. Inflação e Deflação. Trad. Rolf Kuntz. São Paulo, SP: Victor Civita,
1983.
SECURATO, J. R.; SECURATO, J. C. Mercado financeiro: conceitos, cálculo e análise
de investimentos. 3. ed. São Paulo, SP: Saint Paul, 2013.
SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR. Resultados do Comércio Exterior
Brasileiro–Dados Consolidados. 2023. Disponível em: https://balanca.economia.
gov.br/balanca/publicacoes_dados_consolidados/pg.html. Acesso em: 31 mar. 2023.
53

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