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Índice

Introdução...................................................................................................................................................2
Objectivos gerais:........................................................................................................................................3
Objectivos específicos:................................................................................................................................3
Metodologia................................................................................................................................................3
Revisão da Literatura...................................................................................................................................4
Resultados e Discussão................................................................................................................................5
Historial sobre a evolução investimento directo estrangeiro em Mocambique..........................................5
Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro................................................................................15
Determinantes de Investimento directo estrangeiro em Moçambique....................................................16
Importância do Investimento Directo Estrangeiro para Moçambique......................................................16
Impacto na balança de pagamentos..........................................................................................................20
Considerações finais..................................................................................................................................22
Recomendações........................................................................................................................................22
Referências Bibliográfica:..........................................................................................................................23
Introdução

O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) é geralmente considerado, por muitas instituições


Internacionais, políticos e economistas, como um factor gerador de crescimento económico e
também como a solução para os problemas económicos dos países em desenvolvimento. As
teorias económicas sugerem que os fluxos de capital estrangeiro, quando alocados
eficientemente, geram crescimento económico, Mencinger (2003). Há até quem o refira como o
meio mais eficiente para obter crescimento económico, Lee e Tcha (2004). Em 2002, a OECD
afirmava que os países com economias mais frágeis consideram o IDE como a única fonte de
crescimento e modernização da economia. Esta linha de pensamento leva a que muitos Estados,
em particular os de países em desenvolvimento, proporcionem um tratamento especial ao capital
estrangeiro Carkovic e Levine (2002). É normal existirem agências públicas cuja actividade
consiste em atrair investimentos estrangeiros utilizando fundos públicos, o que demonstra que os
Estados estão dispostos a suportar alguns custos para atrair esses investimentos, Ford et al.
(2008). Os exemplos mais usuais de tratamento especial dado a investimentos estrangeiros são a
oferta de terrenos para instalações e a concessão de benefícios fiscais e de empréstimos
bonificados, Hanson (2001).

Em Moçambique, a entrada de IDE deu-se com mais significância a partir de 1992 com a
assinatura dos acordos gerais de paz.
Com a assinatura do acordo de paz e a realização das primeiras eleições multipartidárias em
1994, a economia de Moçambique passou de uma economia centralizada e dominada pelo Estado
para uma economia mais liberal, aberta ao exterior e à iniciativa privada e com maior
estabilidade macroeconómica. Este processo de abertura da economia ao exterior e consequente
atracção de IDE para Moçambique começou com a privatização de uma grande parte das
empresas estatais e contínua introdução de políticas de fomento ao investimento e de melhoria do
ambiente de negócios.
Os fluxos de IDE total em Moçambique passaram de 68 milhões de euros em 1996 (primeiro ano
de registo dos fluxos de IDE) para 1,600 milhões em 2011 a preços reais (Banco de
Moçambique,2012) derivado essencialmente à entrada de grandes investimentos no sector da

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exploração de recursos naturais, com destaque para o gás e o carvão. Estes investimentos
permitiram cimentar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em cerca de 8% durante a
década de 2000.
É neste sentido, que o presente trabalho tem como objectivos:

Objectivos gerais:

Analisar a importância e evolução do Investimento Directo Estrangeiro e seu impacto na balança


de pagamentos nos últimos 10 anos.

Objectivos específicos:

Analisar os factores determinantes do Investimento Directo Estrangeiro em Moçambique


Aferir o impacto do Investimento Directo Estrangeiro na Economia de Moçambique

Metodologia

Para a realização deste trabalho, destacaram-se 3 etapas fundamentais:

i) A consulta de artigos científicos, as teses e dissertações atinentes ao tema em causa, para além
da consulta legislação relativa ao IDE

ii) Consistiu em discussão em grupo para seleccionar informação de interesse para o tema em
causa; e

iii) Elaboração do trabalho final.

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Revisão da Literatura

O Investimento Directo Estrangeiro é um investimento efectuado por uma entidade (empresa ou


indivíduo) não residente no país de destino desse investimento, envolvendo uma relação de longo
prazo e o controlo dos activos transferidos, assim como influência sobre a gestão do
investimento, UNCTAD (2007:245).

O IDE de acordo com a lei 3/93 de 24 de Junho, lei de investimento, é definido como qualquer
das formas de contribuição de capital estrangeiro susceptível de avaliação pecuniária, que
constitua capital ou recursos próprios ou sob conta e risco do investidor estrangeiro, provenientes
do exterior e destinados à sua incorporação no investimento para a realização de um projecto de
actividade económica, através de uma empresa registada em Moçambique e a operar em
Moçambique

De acordo com Banco de Moçambique (2013), IDE é a categoria de investimento


transfronteiriço associado a um residente de uma economia que tenha controlo ou um grau de
influência significativa na gestão de uma empresa residente em outra economia.

Simonsen e Cysne (1995:75), definem balança de pagamentos como um registro sistemático de


transações entre residentes e não-residentes de um país durante determinado período de tempo.

Para Dornbusch e Fischer (1982:549), balança de pagamentos é o registro das transacções


económicas com o resto do mundo, existem neste processo duas contas principais: a conta
corrente e a conta de capital. A primeira registra o comércio de bens e serviços, bem como
transferência de pagamentos. Os serviços incluem fretes e pagamentos de royalties e de juros. As
transferências de pagamentos consistem em remessas, donativos e subvenções. A conta de
capital registra as compras e vendas de activos como acções, títulos de renda fixa e imóveis

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De acordo com Carvalho et al. (2000:109),“O Fundo Monetário Internacional (FMI) define
balanço de pagamentos como o registro sistemático das transacções económicas entre residentes
e não residentes de um país durante determinado período de tempo

Resultados e Discussão

Historial sobre a evolução investimento directo estrangeiro em Moçambique

Após a independência em 1975, Moçambique adopta um modelo de desenvolvimento socialista,


com opções políticas de orientação marxistas-leninistas que se traduziram na nacionalização e
concentração dos principais sectores económicos na esfera do Estado. Estas mudanças
conjugadas com o abandono dos postos de trabalho pelos quadros técnicos e ao início da guerra
civil, levou a uma degradação da situação económica em Moçambique. RUTUTO (2008:29)

As primeiras reformas económicas iniciaram-se nos anos 80 com a adesão ao Fundo Monetário
Internacional (FMI) e Banco Mundial (BM) e ao lançamento do 1º Programa de Reabilitação
Económica (PRE) que visava preparar a transição de um sistema de economia central vigente em
Moçambique para uma economia aberta e de mercado. Apesar disso, os níveis de pobreza
aumentaram já que o valor dos salários reais diminuiu, tendo havido um aumento do desemprego
e uma subida generalizada dos preços. MOSCA (2005)

Esta situação de degradação levou a implementação de um novo Programa de Reabilitação


Económica e Social (PRES) em 1989, no entanto, a continuação da guerra civil e as
transformações na Europa Central e de Leste com o fim da União Soviética obrigaram
Moçambique a abrir-se definitivamente ao exterior e à iniciativa privada de forma a poder obter
ajuda ao desenvolvimento e acesso aos mercados. RUTUTO (2008:31).

As grandes transformações económicas em Moçambique, ocorreram nos anos 90 com reformas


estruturais profundas a nível político, social e económico. Das grandes transformações ocorridas
destacam-se a eliminação de preços pré-estabelecidos tendo o Estado deixado de controlar os
preços através do mecanismo de fixação de preços deixando que o preço fosse determinado pela
oferta e procura, a liberalização das importações e eliminação do monopólio do Estado sobre

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importação de produtos de base, a privatização das empresas sob domínio estatal e sua
reestruturação, abertura dos sectores considerados estratégicos como água, energia,
telecomunicações à iniciativa privada e criação do Centro de Promoções para o Investimento
(CPI)RUTUTO (2008:33).

A criação do CPI tinha como principal objectivo atrair investimento nacional e estrangeiro,
providenciar assistência técnica aos investidores para a aprovação e implementação dos seus
investimentos, garantir a concessão de benefícios fiscais e alfandegários, promover ligações
entre o empresariado moçambicano e internacional, assim como disseminar oportunidades de
investimento. Todas essas reformas tiveram um impacto importante no relançamento da
economia e na atracção de IDE.

Os primeiros fluxos de IDE mais significativos ocorreram essencialmente derivado do processo


de reestruturação do sector empresarial do Estado moçambicano através da privatização
empresas estatais a capitais estrangeiros, sendo os principais investidores Portugal e Africa do
Sul.

Nos finais dos anos 90 até 2003, foram aprovados investimentos de montante superior a 500
milhões de USD, que são chamados de mega-projectos e que impulsionaram os níveis de IDE.
Os dois investimentos considerados mega-projectos foram a fábrica de alumínio MOZAL e o
gasoduto de Temane pela SASOL atingindo um fluxo de IDE de cerca de 400 milhões de euros
em 2002. Os principais investidores neste período foram a Africa do Sul (SASOL) e a Austrália
(MOZAL). RUTUTO (2008: 70)

Com a entrada de novos investimentos no país, o governo continuou a dar uma especial atenção
ao IDE. Foi no PARPA II (2006-2009) que o governo deu um maior enfâse ao desenvolvimento
do sector privado, no que concerne a melhoria do ambiente de negócios. O Plano para a Redução
da Pobreza (PARP) para o período 2010-2014, reforça o papel dinamizador do sector privado
propondo acções concretas que visam identificar oportunidades de investimento, promover
ligações entre negócios e PMEs, e Expandir Zonas Económicas Exclusivas.

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Gráfico 1. Percentual total do IDE em Moçambique em 2011

Fonte: Banco de Moçambique (2011)

A partir da implementação do PARPA II em 2006, Moçambique recebeu um fluxo de IDE


crescente, pelo que o IDE se torna cada vez mais importante. Este crescimento acelerado deve-se
essencialmente a mega-projetos na área da extracção mineira e gás, com a descoberta de
importantes jazidos de carvão e gás natural. Esse crescimento exponencial da entrada de fluxos
do IDE atingiu perto de 1,600 milhões de Euros em 2011 e mais de 3,800 milhões em 2012.
Neste período, novos países surgem como principais investidores em Moçambique tais como o

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Brasil (43,4% do total do IDE em Moçambique em 2011 e líder desde 2009), ilhas Maurícias
(22%) e Irlanda (14%). De notar que o investimento brasileiro concentra-se na indústria
extractiva, enquanto que investimentos das ilhas Maurícias e Irlanda estão relacionados com a
indústria transformadora (Banco de Moçambique, 2011:26).

Segundo o Banco de Moçambique (2012:14), o grande potencial de recursos naturais


(principalmente nos recursos minerais) em Moçambique tem sido o principal atractivo para as
empresas estrangeiras, já que os principais sectores de actividade que receberam os maiores
volumes de IDE em 2011, foram nas Industrias extractivas (84% do total de IDE), seguido pelas
Indústrias transformadoras (6%).

Outras potencialidades são os corredores de desenvolvimento regional; que constituem um ponto


importante para o desenvolvimento regional, onde decorre uma actividade económica
significativa servindo países que não têm acesso ao mar para o seu comércio internacional.

Moçambique também pode servir para a fixação de investimentos que podem produzir ou servir
como plataformas logísticas para esses países.

A entrada crescente de fluxos de IDE em Moçambique tivera impacto no crescimento económico


de Moçambique. Segundo dados do Banco Mundial, entre 1994 e 2012, o PIB cresceu em média
8% por ano, enquanto a inflação passou de 48,5% em 1996 para 10,4% em 2011. As
privatizações tiveram um peso importante no PIB durante entre 1998 e 2002 mas o crescimento
do PIB nos últimos anos é suportado em grande medida com base na componente Investimento
(dinâmica dos megaprojectos) (Banco de Moçambique, 2012).

Gráfico 2. Evolução da taxa de crescimento do PIB e Inflação em Moçambique

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Fonte: Elaborado por Lima (2013) a partir dos dados do Banco Mundial

Gráfico 3.Investimento directo estrangeiro líquido e formação bruta de capital


(Milhões de USD e em percentagem do PIB)

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Fonte: Elaborado pelo Fundo Monetário Internacional,2014.

Apesar deste crescimento robusto do PIB, os níveis de pobreza não tem decrescido como
esperado pelos diferentes planos de redução da pobreza, o que tem levantado questões sobre o
modelo de crescimento adoptado e os seus efeitos e impactos do crescimento económico no
desenvolvimento de Moçambique (UNCTAD, 2012:).

Esperava-se que o IDE viesse reforçar o tecido empresarial em Moçambique, essencialmente as


PME, assim como proporcionar mais emprego de forma a promover uma redução mais acelerada
dos níveis de pobreza. No entanto, o reforço e a criação de novas PMEs nacionais que pudessem
ser subcontratadas pelas empresas estrangeiras, especialmente os megaprojectos, a fim de
providenciar bens e serviços ainda são pouco significativos. Isto porque o sector privado em
Moçambique ainda é relativamente incipiente, dominado pelo sector informal com um peso
considerável na economia (UNCTAD, 2012:14). Muitos dos grandes investimentos acabam por
isso por subcontratar serviços de outras empresas estrangeiras com maior capacidade de resposta
e soluções, e consequente melhor qualidade de serviço em relação às empresas moçambicanas.

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A existência de mão-de-obra barata em Moçambique permite que os custos de produção sejam
mais baixos, aumentando a competitividade da empresa. Segundo dados do Ministério do
Trabalho, o salário mínimo para um trabalhador na agricultura é cerca de 2005 meticais (cerca de
55 euros), enquanto nas actividades financeiras é de 5320 (137 euros) meticais. No entanto, a
principal desvantagem é a fraca qualificação da mão-de-obra que carece de conhecimento e
experiência. A própria transferência de boas práticas e conhecimentos das empresas que
investem em Moçambique para as pessoas é muito limitada devido ao número limitado de
empregos que são criados (UNCTAD, 2010:23).

Os megaprojectos são os principais investimentos em termos de fluxos monetários em


Moçambique e neste sentido era expectável que esses investimentos viessem a criar um número
considerável de empregos se compararmos com aqueles investimentos de menor dimensão.
Como os investimentos de menor dimensão estão relacionados com a indústria têxtil, minas,
bebidas, alimentação e tabaco são criadores de mais emprego do que as empresas extractivas de
recursos naturais como o carvão e o gás natural. Os investimentos na indústria têxtil criaram
cerca de 18 empregos por cada milhão de dólares investidos, enquanto a extracção mineira
criaram somente 0,15 empregos por cada milhão de dólares investidos.

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Fonte: Elaborado pelo Fundo Monetário internacional (Moçambique em ascensão), 2014.

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Fonte: Elaborado pelo Fundo Monetário internacional (Moçambique em ascensão), 2014.

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Tabela 3. IDE estimado em Moçambique por sector de actividade em 2010

Fonte: Elaborado por Lima (2013) a partir dos dados do UNCTAD (2010)

Esta relação entre os sectores de actividade e a criação de emprego pode ser explicada pela
natureza dos investimentos. A extracção de recursos naturais como o carvão e gás natural são de
capital intensivo que criam mais empregos durante a fase de construção, no entanto durante a
fase de operacionalização é requerido um número mínimo de funcionários (UNCTAD, 2010:22).
As indústrias têxteis e minas de pedras preciosas são de mão-de-obra intensiva, que acaba por ter

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um impacto económico-social nas populações superior, oferecendo mais empregos e
consequente distribuição directa de rendimentos.

Segundo dados do CPI, excluindo os megaprojectos, os investimentos irão criar cerca de 265,500
empregos directos, número muito superior aqueles criados pelos megaprojectos
(UNCTAD,2012:1), pelo que é importante olhar para além dos megaprojectos para que haja um
crescimento económico mais inclusivo e uma maior diversificação da economia.

Torna-se assim importante para Moçambique focar a sua atenção na atracção de empresas
estrangeiras em sectores de actividade que possam ter um impacto mais acentuado no
desenvolvimento económico e social da população, com destaque para a criação de emprego.
Para tal, é indispensável apoiar o investimento em áreas onde oportunidades vão ao encontro das
necessidades reais para o desenvolvimento, através de um quadro legislativo moderno e eficaz
(UNCTAD, 2012:2).

Determinantes do Investimento Directo Estrangeiro


Dunning (1993) apresenta 4 razoes pra as empresas investirem no exterior nomeadamente:

 A busca de mercado;
 A busca de recursos; e
 A buca da eficiência e de activos estratégicos.

Brewer e Young (1998), consideram os seguintes factores determinantes pra o investimento


directo estrangeiro:

 Acesso a recursos (mão de obra barata, recursos do subsolo e exploração das vantagens
comparativas)
 Acesso a mercados (como forma de reduzir os custos de transporte, de transacção e
contornar as barreiras comerciais)
 Aumento da eficiência produtiva regionalização de processos produtivos como estratégia
de redução de custos e riscos)
 Objectivos estratégicos (formação de alianças entre corporações com objectivo de
dominar o mercado com objectivo de aceder a rede de distribuição e diversificar a
produção).

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 Fuga a restrições legais (sanções económicas e leis anti ambientais)
 Prestação de serviços aos IDE já estabelecidos marketing e distribuição
 Investimento passivo via bolsa de valores.

Determinantes de Investimento directo estrangeiro em Moçambique

Em Moçambique, os factores determinantes para o investimento directo estrangeiro de acordo


com Banco de Moçambique (2003) são:

 Estabilidade Politica
 Liberalização económica
 O processo de privatização das empresas estatais que começou em 1987 no sector da
indústria e serviços
 A localização geográfica de Moçambique que torna dotada de portos capazes de
manusear maiores quantidades de produtos.

Entretanto, de acordo com Fidelis (2007), existem outros factores que se revelam importantes na
determinação do IDE em Moçambique, nomeadamente:

 Os incentivos fiscais
 A diferença relativa aos custos salarias
 O grau de qualificação da mão-de-obra apesar da perfeita mobilidade desta

De acordo com Castel Branco (2007:7), há motivos estáticos para a vinda de mega projectos (e
consequentemente do influxo do IDE). De acordo com este autor, este influxo, pode estar
relacionado com:

 Acesso a matérias-primas nos projectos relacionados com indústria mineira, petróleo e


gás natural.
 Acesso ao sistema de incentivos ao investimento, e
 Acesso aos activos produtivos em processo de privatização e reprivatização.

Importância do Investimento Directo Estrangeiro para Moçambique

O investimento directo estrangeiro tem importância para os países em vias de desenvolvimento,


mais precisamente para Moçambique porque permitem:

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a) Criação e promoção de emprego

Um dos maiores benefícios inerentes aos projectos de IDE nas economias menos desenvolvidas
como e o caso de Moçambique, e a possibilidade de criação de novos postos de empregos.
Segundo Jenkins e Thomas (2002), o IDE actua como um multiplicador de novas oportunidades
de emprego nas economias receptoras através da criação de empregos directos para seus
projectos e empregos indirectos para empresas residentes com as quais estabelecem relações de
produção e comercialização.

No entanto, de acordo com Accoley (2003) quando esses projectos de IDE são intensivamente
em capital e tecnologia, a promoção e criação de emprego pode ser em quantidade reduzida.

Em Moçambique, o investimento directo estrangeiro (IDE) está estreitamente ligado aos mega
projectos — projectos de grande escala que são detidos por estrangeiros, frequentemente no
sector dos recursos naturais.
“Os mega projectos foram alvo de críticas por não contribuírem para a economia moçambicana
ou não gerarem benefícios significativos para o povo moçambicano em geral.

Por exemplo, a Mozal envolve um investimento total de USD 2 mil milhões, mas emprega
menos de 3 mil pessoas, seja, em regime permanente ou de prestação. Mesmo se forem
considerados os 10 mil postos de trabalho indirectos gerados pela Mozal, o projecto é
extremamente intensivo em capital, criando apenas um emprego por cada USD 160 mil
investidos. os mega projectos não são grandes criadores de emprego; por serem intensivos em
capital, a sua capacidade de criar empregos directos é limitada.
A Mozal tem cerca de 1.100 funcionários no quadro e 1.600 em regime de prestação. Enquanto
projecto cuja contribuição para o PIB ronda os 5% anuais, emprega apenas 0,02% da população
activa.
A Mozal e Cahora Bassa investem em infra-estruturas destinadas a fins específicos que não
podem ser utilizadas pelo público em geral. A Mozal também construiu e usa ferrovias e
instalações portuárias especificamente para servir as suas necessidades.

Na perspectiva das contas nacionais, os mega projectos têm trazido contribuições consideráveis
para o crescimento económico e tornaram-se uma parte vital da economia.

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Isso verificou-se em 1998–99, quando foi reactivada a geração eléctrica em Cahora Bassa, e em
2001 03, quando do arranque da Mozal. Apesar de nenhum grande mega projecto ter entrado em
funcionamento entre 2004 e 2011, estima-se que a parcela de valor acrescentado associada a
mega projectos se mantém estável, acima dos 10%. O seu contributo para as exportações também
é notável, ascendendo a 60–70% das exportações totais nos últimos anos.” (FMI, 2014)

b) Transferência de Tecnologia

Segundo Lall (2000), o IDE promove crescimento económico das economias menos
desenvolvidas que em muitos casos utilizam tecnologias ultrapassadas ou com baixo nível de
produtividade, através de transferência de tecnologia modernas e mais produtivas.

Segundo WIR (2000), para que se constatem externalidades positivas da transferência de


tecnologias para as economias receptoras, neste caso Moçambique, é necessário que haja em
Moçambique capacidades humanas, físicas e institucionais capazes de absorver e difundir essas
externalidades positivas.

c) Desenvolvimento de Capital Humano

Para Lall (2000), o IDE, promove o desenvolvimento do capital humano de forma directa
quando, as empresas estrangeiras com capacidades mais desenvolvidas de gestão, produção e
comercialização, transferem suas capacidades para as empresas ou mão-de-obra local.

Por outro lado, segundo a OCDE (2002), o IDE promove o desenvolvimento do capital
humano de forma indirecta quando estimula os governos locais a investirem na educação com o
intuito de atrair futuros fluxos de IDE e absorver as suas externalidades positivas. Isso acontece
quando os trabalhadores formados pelas empresas estrangeiras a operar no pais mudam-se pra as
empresas locais ou tornam-se empreendedoras e disseminam os conhecimentos e as capacidades
adquiridas.

d) Aumento das exportações líquidas e maior acesso aos mercados internacionais

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Para Accoley (2000), o IDE garante a melhoria no saldo da balança comercial na mediada
em que promove as exportações e substitui as importações como fazem os projectos de
procura de recursos e de mercado. Estes projectos aumentarão as exportações líquidas, o
que resultara no aumento das reservas em moeda externa do país.

Outro aspecto constatado pelo mesmo autor que garante a melhoria de desempenho da economia
receptora, caso em concreto Moçambique, no comércio internacional, esta relacionado com o
facto de as empresas estrangeiras estarem ligadas a redes mundiais de produção e
comercialização com acesso favorecido aos principais mercados financeiros, de consumo final e
de redes mundiais de transporte.

e) Aumento de receitas Publicas

O IDE, segundo WIR (2007), gera um rendimento adicional na economia hospedeira através
do aumento das receitas fiscais o que permite que os governos disponham de mais recursos para
financiar os seus programas de desenvolvimento e realizar a sua função de redistribuição de
rendimento.

Esse efeito de aumento de receitas fiscais pode contudo ser deturpado com esquemas de
incentivos fiscais para atrair cada vez mais os IDE. Esse esquema de incentivos fiscais pode de
acordo com Oman (2000), levar a poucos ganhos de receita fiscal.

f) Desenvolvimento de Infra-estruturas

Um aspecto benéfico e indirecto do IDE é o facto das actividades das empresas


multinacionais estarem relacionados em muitos casos com um maior desenvolvimento de infra-
estruturas de distribuição de electricidade e agua, de redes de transporte e comunicação que são
necessárias para as suas relações de produção, distribuição e comercialização. Estas infra-
estruturas podem ser construídas pelos próprios investidores para satisfazerem as suas
necessidades directas ou pelas instituições governamentais como consequência de uma maior
pressão das multinacionais para com as autoridades do governo no sentido de fazerem o
aprovisionamento dessas infra-estruturas.

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g) Aumento de Stock de capital

O IDE, permite por um lado o aumento de capital físico como maquinaria, equipamento e
unidades produtivas, e por outro lado o incremento de capital financeiro, que quando canalizados
para as instituições financeiras locais, podem ser utilizados como fontes de financiamento para
projectos adicionais. Segundo Lall (2000), o IDE transfere recursos financeiros que podem ser
usados por países com falta desses recursos.

Impacto na balança de pagamentos

Segundo o relatório de Banco de Moçambique; a economia é financiada significativamente pelos


fluxos de investimento, tanto de IDE como de carteira que apresentam um crescimento
considerável. A comparticipação dos empréstimos líquidos no financiamento a economia é
também considerável.

O facto de cerca de 89% do influxo do investimento externo tem sido realizado sob forma de
investimento directo confere algum ao conforto ao país dado que os investimentos de carteira,
uma fonte bastante volátil no curto prazo e por isso, capaz de transmitir alguma vulnerabilidade
para a economia, pela facilidade com que estes podem ser desmobilizados em caso de choques,
representam apenas 11%.

O IDE realizado tem como contrapartidas a importação de maquinaria diversa, contratação de


serviços de construção, contratação de serviços empresariais e de assistência técnica no âmbito
da implantação das unidades fabris e da expansão da capacidade produtiva e de capacidade de
escoamento dos projectos já instalado.

A indústria extractiva mantem-se como o sector que mais fluxos de investimento têm atraído nos
últimos anos, facto que é consentâneo com o nível de produção deste sector, materializado na
balança de pagamentos pela importação de serviços especializados tanto de construção como de
pesquisa e estudos de viabilidade com vista ao aumento da capacidade produtiva.

A análise sectorial do IDE apresenta a distribuição do IDE pelos principais sectores de actividade
sendo de destacar a Industria extractiva (89%); os Transporte e comunicação (4%); Actividade

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Financeira, Imobiliária e a Agricultura e Produção Animal ambos com 2%. Os outros sectores
foram fortemente influenciados pela participação negativa do sector de Industria
Transformadora.

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Considerações finais

Se se considerar por um lado que o IDE pode influenciar o crescimento económico do país
receptor desse investimento através da transferência de novas tecnologias e know-how de forma
positiva ou negativa. Assim, num prisma de análise positiva, verifica-se que as transferências de
novas tecnologias e know-how potenciam aumentos na produtividade das empresas locais,
permitem por um lado a melhoria no desempenho dessas empresas e redução dos custos de
investigação e desenvolvimento das empresas receptoras, tornando-as mais competitivas, por
outro lado, garantem a criação de mais e novos empregos, a melhoria da balança de pagamentos,
contribuem para o crescimento do PIB do pais e promovem a convergência da economia
moçambicana com as economias mais desenvolvidas.

Será que com essas constatações pode-se concluir que o investimento directo estrangeiro
contribui duma forma real e efectiva para a redução da pobreza em Moçambique?

Recomendações

Sendo o IDE uma fonte de transferência não só de capital como tecnologia, é importante que se
criem centros ou parques de pesquisa e desenvolvimento tecnológico para a transferência de
tecnologia que esses investimentos têm de modo a incrementar os índices de capital humano do
pais;

Também, é recomendável que se atraiam cada vez mais IDE para projectos ou industrias
intensivas em mão-de-obra com vista a aumentar os níveis de emprego no pais tanto
quantitativamente como qualitativamente.

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Referências Bibliográfica:

 BILA, Celso Refinado. 2008, Trabalho de licenciatura em economia “ O impacto do


investimento directo estrangeiro e da abertura comercial no crescimento económico em
Moçambique no período de 1991 – 2006, UEM - Faculdade de economia, 2008;
 FIDÉLIS, Rosário Carlos. 2007, Trabalho de licenciatura em economia “O investimento
directo estrangeiro e o seu impacto no nível de emprego – Caso de Moçambique (2000 -
2005), UEM - Faculdade de economia, 2007;
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em:
 Does Foreign Direct Investment Promote Development? Ed. T. Moran, E. Graham e M.
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 Lee, M. e Tcha, M. (2004). “The color of money: the effects of foreign direct investment
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