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Integração Regional – SADC

Introdução
O presente trabalho com o tema Integração Regional- SADC, surge
na cadeira de Economia II, onde, no âmbito da sua elaboração,
destacou-se como objectivo geral, fazer uma abordagem em torno
da integração regional da SADC e para a materialização deste
objectivo propôs-se como objectivos específicos:
 trazer uma breve contextualização histórica no que respeita a
criação da SADC
 descrever as fases da integração regional
 identificar os desafios enfrentados na integração regional
 mencionar os benefícios da integração regional para os países
membros da SADC.
Quanto a metodologia usada, recorreu-se a consulta bibliográfica
de seleccionou-se e reuniu-se um acervo bibliográfico, o qual está
devidamente ilustrado nas referências bibliográficas.
1.Integração Regional da SADC

A década de 1990 trouxe importantes mudanças para o


continente africano, especialmente para a
África Austral, que impulsionaram o processo de
integração regional tal como os processos de
democratização, a resolução de conflitos e guerras civis.

1.1. Breve contextualização sobre a SADC


SADC- "Comunidade para o Desenvolvimento da África
Austral" que segundo Calich (2018), a criação da SADC
ocorreu em 1 de Abril de 1980 em Lusaka (Zâmbia)
durante uma reunião do ELF ( Estados de Linha de Frente )
constituidos por Angola, Botsuana Moçambique, Tanzânia
e Zâmbia, na qual se juntaram os representantes do Lesoto,
Malauí, eSwatini e Zimbábue.
Atualmente a SADC possui dezesseis membros a
saber: África do Sul, Angola, Botsuana,
Maurícias, Lesoto, Madagascar, Malauí,
Moçambique, Namíbia, República Democrática do
Congo, Seicheles, eSwatini, Tanzânia, Zâmbia,
Zimbábue e União das Comores, contudo, este
último ingressou na SADC em 2018.
Murapa (2002), identificou como os quatro objectivos estratégicos da
SADC:
• reduzir a dependência do exterior, especialmente da África do Sul;

• promover a autoconfiança dos países membros;

• possibilitar a coordenação econômica de acordo com sectores;

• garantir o apoio internacional para o projecto da SADC.

A criação da SADC foi uma vitória estratégica do ELF, que destruiu


efetivamente as intenções da África do Sul de tornar as economias da
região dependentes dela por meio da Constelação de Estados da África
Austral. Era necessário reduzir a dependência que os países da África
Austral possuíam em relação à África do Sul, ao mesmo tempo que
integravam as economias.
Por outro lado, Cilliers (1999) citado por Calich (2018) divide os
objectivos do Tratado da SADC em três categorias que constam:
• Na categoria de política e segurança, onde as atenções ficaram
viradas na promoção e defesa da paz e segurança evolução dos
valores políticos comuns, sistemas e instituições
• Na categoria de desenvolvimento econômico, onde as atenções
estavam voltadas ao desenvolvimento e crescimento econômico,
alívio da pobreza, melhoria do padrão e qualidade de vida através
da integração regional
• Na categoria de objetivos gerais as atenções voltaravam a
complementaridade entre as estratégias e programas nacionais e
regionais
1.2. Fases da Integração Regional
Para que a integração produza resultados que beneficiem o país, é
necessário existir um cenário nacional, político e econômico,
favorável para sustentar o processo de integração e que políticas a
desenvolver, estimulem a produção, os investimentos e o comércio
sejam implementadas.
1.2.1.Zona de livre comércio
A zona de livre comércio seria a forma mais simples de integração
económica, apresentando apenas a supressão de restrições entre os
Estados-membros e eliminação de barreiras tarifárias e não tarifaria
de forma a facilitar a circulação de bens e unificar as normas de
controlo de qualidade e padronização dos produtos.
1.2.2.União Aduaneira
os países membros de união aduaneira adotam uma tarifa externa comum em
relação a terceiros países, o que acaba gerando uma harmonização de
determinantes políticas económicas dentro do bloco, sendo solução para o
problema de determinação de origem do produto criando assim, um poder
central que coordena e mantem o equilíbrio das políticas económicas do
bloco.
1.2.3.Mercado comum
É a etapa mais avançada de um processo de integração, onde, existem os
factores de produção, definidos por trabalho, capitais, iniciativas
empresariais e prestação de serviços. Possui um sistema administrativo
permanente, para coordenar a dinâmica mais complexa do mercado comum.
1.2.4.União económica

Compreende todas as características do mercado comum e além disso prevê a


harmonização das legislações nacionais que tenham relação directa ou
indirecta com o sistema económico e que as políticas económicas, financeiras
e monetárias dos Estados-membros sejam coordenadas por uma autoridade
comum transformando vários mercados independentes em um só.

1.3.Integração económica total

É a última etapa, onde o processo de integração se apresenta em sua forma


mais intensa. Segundo Medeiros (2002) pressupõe, a unificação das políticas
monetárias, fiscais, sociais e anti-cíclicas, de forma a eliminar todos os tipos
de barreiras e promover a livre movimentação de bens, de serviços e povos.
1.4.Política Comercial

A liberalização das trocas comerciais no continente africano, teve o seu


começo nos anos 80 do século passado devido ao seu programa de
ajustamento estrutural na parte de numerosos países. Este facto
contribuiu para a maior participação dos países africanos em processos
de integração económica. A estrutura das trocas externas ma maioria dos
países africanos está centrada na exportação de produtos de base.

1.5.Integração Económica

Segundo Medeiros (2002), a integração económica é definida como


eliminação de fronteiras e barreiras económicas entre dois ou mais
países onde as fronteiras económicas estabelecem obstáculos aos fluxos
de mercadorias, serviços e factores de produção entre países.
Foi nessa perspectiva, que Soares (2010) citado por Murapa (2002),
alegou que a integração económica traduz a criação de estrutura
económica para suprimir as barreiras artificiais, introduzindo todas
formas requeridas de cooperação e união.

Por outro lado, Balassa (1982), citado por Calich (2018 ) diz que, a
integração económica pode ser um processo, quando implica medidas
destinadas à abolição de discriminação entre unidade económicas de
diferentes países, e uma situação, ao corresponder à ausência de
várias formas de discriminação entre economias nacionais.

Assim, a existência de relações de troca entre as nações já é um sinal

de integração económica.
1.5.1. Principais factores que afectam o crescimento
económico de África
• Taxas elevadas de crescimento demográfico
• Taxas de poupança muitos baixas ou inferior a 10% do
PIB, resulta-se de um consumo elevado dentro do
crescimento disponível;
• Ajuda internacional é reduzido, porque está fatigada
pela ausência de resultados.
1.6.Benefícios da Integração Regional
• Recuperação do dinamismo económico para os países
envolvidos.
• Tem influência positiva na atracção de investimento e
no aumento da eficiência económica.
• São uma ferramenta para articular as estratégias de desenvolvimento
econômico conjunto
• É capaz de melhorar o bem estar econômico, aumenta as chances dos
países se tornarem democráticos e seguros
• Satisfaz as necessidades fundamentais para o desenvolvimento da paz e
justiça
• Pode impedir que o país não seja privado em algumas formas de
financiamento
• Incentiva a industrialização dos Estados
• A coesão política e o tipo de regimes podem se beneficiar na coordenação
de políticas sociais Intrabloco e mesmo, coordenação entre governos
• Evita a vulnerabilidade territorial e a interferência de potências externas
• 1.6.1.Inserção da SADC na economia mundial
O Banco Africano do Desenvolvimento (ADB) diz que a
dependência da exportação tornou a região vulnerável a choques
externos induzidos pela flutuação dos preços da procura.

Ao comércio extra-regional, a SADC negocia Acordos de Parceria


Económica (EPAs) com parceiros externos que são: União Europeia,
EUA e China, tem sido também maior fluxo de comércio com países
extra-regionais do que com os países da região (comercio intra-
regional.
1.7.Factores que influenciam negativamente a integração
regional
• A múltipla filiação a vários blocos de integração regional;

• Pouca complementaridade económica e existência de assimetrias


profundas entre outros Estados da SADC;
• Comércio intra-regional menor em relação ao extrabloco;
• Forte dependência da exportação de comodieties (sobretudo
minerais) e em relação a receitas ou tarifas fiscais;
• Forte dependência da África do Sul que é a potencia regional;
• Falta de clareza ou incerteza em relação a maneira como os
ganhos de integração serão distribuídos equitativamente entre os
países membros, facto que resulta no frágil compromisso entre os
Estados da região.
• 1.7.1. Índice de Integração na SADC
O Banco de Desenvolvimento da África, a Comissão Econômica da ONU
para a África e a
Comissão da União Africana desenvolveram o Índice de Integração
Regional da África que é
composto por 5 dimensões e 16 indicadores.

1.7.2.As cinco dimensões do Índice de Integração Regional da África


e os respectivos indicadores
1.Integração comercial
2.Infraestrutura regional,
3. Integração produtiva
4.Livre movimentação de pessoas
5.Integração financeira e macroeconômica
1.Integração comercial
Formado por 4 indicadores:
• nível de direitos aduaneiros sobre as
importações
• participação nas exportações intra-regionais de
bens (% do PIB),
• importações intra-regionais de bens (% do PIB)
• participação total no comércio intrarregional de
bens (% total do comércio intra comunidade).
2.Infraestrutura regional
• custo médio de roaming

• comércio regional total de eletricidade (líquida) per capita


• proporção de voos intra-regionais
• Índice de Desenvolvimento de Infraestrutura: transporte, eletricidade, TIC
(tecnologia da informação e comunicação), água e saneamento.

3. Integração produtiva

Composta por 3 indicadores: participação nas exportações intra-regionais de


bens intermediários (% de exportações intrarregionais)
• participação nas importações intrarregionais de bens intermediários (%
das importações intrarregionais)
• Índice de Complementaridade do Comércio de Mercadorias
4.Livre movimentação de pessoas
Formado por 3 indicadores:
• proporção de países membros da comunidade econômica internacional
cuja entrada não exige visto
• ratificação (ou não) do protocolo da comunidade sobre a livre circulação
de pessoas
• proporção dos países membros da comunidade onde os nacionais
recebem um visto na chegada
5.Integração financeira e macroeconômica
Composta por 2 indicadores: convertibilidade regional de moedas nacionais
e diferencial de taxa de inflação (baseado no Índice Harmonizado de Preços
ao Consumidor
A infraestrutura é a face mais visível da integração regional,
incluem rodovias, aeroportos, comunicação móvel e outros

Botsuana é o país com a melhor infraestrutura, enquanto Lesoto


tem a pior.

A integração produtiva é importante para criar uma base


econômica que seja mais resistente aos choques internos e externos.
O Zimbábue é o Estado da SADC com a melhor integração
produtiva do bloco, enquanto o Lesoto é o país com a pior.

O eSwatini é o Estado da SADC que possui o melhor índice de


livre movimentação de pessoas do bloco, enquanto Angola possui
o melhor índice.
A África do Sul é o país da SADC com o melhor nível de integração
financeira e econômica, enquanto o Malauí possui o pior índice.
Quando o capital flui mais livremente, aumenta o investimento e o
financiamento é alocado onde

ele pode gerar a maior produtividade.

1.7.3.Desafios a integração regional


A integração regional da SADC tem enfrentado vários problemas que
estão relacionados com as assimetrias entre os países, influenciados
por factores extra regionais e múltipla filiação dos Estados-membros e
diversos blocos regionais
• 1.Disputas comerciais
Os interesses comerciais dos Estados membros da SADC criaram
divisões dentro do bloco.
2. Comércio intra-regional
A adopção do protocolo comercial e da zona de comércio livre trouxe
uma expectativa em relação aos ganhos com o comércio e os
objectivos não foram alcançados. O comércio da SADC teve baixo
impacto nas economias dos países do grupo, o fluxo de comércio
regional foi ínfimo comparado aos outros blocos em nível mundial. A
integração de mercados e a especialização no âmbito das vantagens
comparativas não se faz sentir no desenvolvimento regional
Outros desafios da integração regional:
• Múltipla filiação dos estados membros e seu impacto negativo no
desenvolvimento da SADC;
• Competição entre países e existência de vários arranjos regionais;

• Diferentes percepções sobre ganhos da integração;


• Dificuldades da implementação dos acordos regionais;

• Impacto negativo da múltipla filiação no estabelecimento união


aduaneira.

As dificuldades económicas enfrentadas por governo por toda a parte a


partir dos anos 1970 fez com que fosse difícil para estes Estados, mesmos
os que são governados com antigos movimentos anti-sistemáticos, para
resistir nas pressões estruturais e de abertura de fronteiras.
Os programas que subordinam as economias aos interesses
ocidentais, tinham as suas condições básicas para o
favorecimento da produção agrícola e ampliaram as trocas
desiguais e desestabilizaram as moedas nacionais, gerando
inflação.
Neste cenário, existe altos níveis de desemprego e diminuição de
gastos públicos, mesmo assim que o Estado é fundamental para
alocar recursos , encontrava as dificuldades para arrecadar.
• Conclusão
A elaboração do trabalho foi extremamente proveitosa tanto quanto a discussão
de conteúdos que quais visavam fazer uma analise geral relativamente à
Integração Regional da SADC. Os países do continente africano enfrentaram
inúmeros desafios ao longo de sua história, principalmente como consequência
da colonização e da exploração. A Integração Regional baseia-se na eliminação
de fronteiras e barreiras entre dois ou mais países que estabelecem os fluxos de
mercadorias, serviços e factores de produção.

Ainda existem muitos desafios a serem superados para que a integração na


SADC seja mais efectiva, entre eles destacam-se, a incompatibilidade de
sistemas econômicos e políticos, dívidas e dependência de outros países,
distribuição desigual dos benefícios da integração, participação em múltiplas
organizações regionais, incapacidade institucional, má governança econômica e
política.
Referências bibliográficas
1.Calich, A.P. (2018). O papel da integração regional como
mecanismo de inserção internacional e de promoção de
desenvolvimento: Estudo de caso sobre a SADC. Dissertação de
Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de
Economia, Rio de Janeiro, Brasil.
2.Marconi, M. de A. & Lakatos, E. M. (2009), Fundamentos de
Metodologia Científica, São Paulo, Brasil: Atlas
3.Medeiros, E.R. (2008). Evolução e tendências da Integração
Económica Regional (s/ed). Lisboa, Portugal: Livraria Petrony-
Editores.
4.Murapa, R. A. (2002). Comunidade para o Desenvolvimento da
África Austral (SADC): Rumo àIntegração Política e Econômica.
Revista Impulso.

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