Você está na página 1de 27

A EMERGÊNCIA DO TERRORISMO NO CINTURÃO DE MOCIMBOA

DA PRAIA

Quem são? O Que Querem? Como Operam? Quem Apoia?

Carlos Augusto

Este paper visa compreender a emergência de


um facto não novo, mas incomum em
Moçambique, o terrorismo no Cinturão de
Mocimboa da Praia. Ao desenvolver o trabalho
o autor procura dar resposta as seguintes
questões: Quem são? O que querem? Donde
vem? Como operam? Quem apoia? Outrossim,
quais principais respostas nacionais, regionais e
internacionais dadas a este fenómeno? E muito
Carlos Augusto
mais.
2ª Edição

2018
Índice
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

CAPITULO 1: A ASCENSÃO DO TERRORISMO NO CINTURÃO DE MOCIMBOA DA


PRAIA........................................................................................................................................ 2

1.1 O Inicio ................................................................................................................................ 2

2.2 Ascensão do Terror .............................................................................................................. 3

CAPITULO 2: QUEM SÃO? .................................................................................................... 5

2.1 Nome .................................................................................................................................... 5

2.2 Estrutura ............................................................................................................................... 5

2.3 Membros........................................................................................................................... 6

2.4 Identidade ............................................................................................................................. 6

CAPITULO 3 DE ONDE VÊM? ............................................................................................... 7

3.1 Ambiente Domestico ........................................................................................................ 7

3.2 Ambiente Regional .............................................................................................................. 7

3.3 Ambiente Internacional ........................................................................................................ 8

CAPITULO 4: O QUE QUEREM? ........................................................................................... 9

4. 1 Interesses Geoestratégicos .................................................................................................. 9

4.2 Interesses religiosos ............................................................................................................. 9

4.3 Interesse Económicos......................................................................................................... 10

4.4 Interesses Políticos ............................................................................................................. 10

4.5 Interesses Etno-identitarios ................................................................................................ 11

CAPITULO 5: COMO OPERAM? ......................................................................................... 12

5.1 Propaganda ......................................................................................................................... 12

5.2 Táctica de Terror ................................................................................................................ 12

5.3 Táctica de guerrilha............................................................................................................ 13

CAPITULO 6: QUEM APOIA? .............................................................................................. 14

6.1 Apoios Internos .................................................................................................................. 14

6.2 Apoios Regionais ........................................................................................................... 15


i
6.4 Apoios Internacionais ..................................................................................................... 15

CAPITULO 7: RESPOSTAS NACIONAIS, REGIONAIS E INTERNACIONAIS .............. 17

7.1 Respostas Nacionais........................................................................................................... 17

7.1.1 As Forças Armadas de Defesa e Segurança .................................................................... 17

7.1.2 Os Partidos Políticos ....................................................................................................... 17

7.1.3 Sociedade Civil ........................................................................................................... 17

7.2 Respostas Regionais ....................................................................................................... 18

7.2.1 SADC .......................................................................................................................... 18

7.2.2 Africa de Sul................................................................................................................ 18

7.3 Resposta Internacionais .................................................................................................. 19

7.3.1 Estados Unidos de América e Italia ............................................................................ 19

7.3.3 China e Rússia ............................................................................................................. 19

CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 20

BIBLIOGRAFIA ..................................................................................................................... 22

ii
Dedico a todos moçambicanos amantes da paz!
INTRODUÇÃO1

O presente trabalho tem como tema Emergência de Terrorismo no Cinturão de Mocimboa da


Praia. O dia 5 de Outubro de 2017 constituiu o marco deste acervo, e para história política
moçambicana, pois neste data começou o primeiro ataque publico perpetuado por um
movimento armado contra as posições das Forças Armadas de Defesa e Segurança (FADS).
Estes ataques emergem num contexto de prospecção de gás natural na Bacia de Rovuma,
celebração do dia 4 de Outubro dia da Paz, marcado pelos recentes acordos de cessação de
hostilidades entre o governo e a Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO),
outrossim o 11º Congresso da Frelimo

Em adicional, a emergência de terror no Cinturão de Mocimboa da Praia, ocorre no dia 5 de


Outubro, um dia depois do assassinado do Presidente de Município de Nampula, Mahumudo
Amurane. Entretanto, dentre vários problemas apresentados no trabalho, o pesquisador
levanta as seguintes hipóteses: Esta emergência de terrorismo pode não ter ligações com Al-
shabaab, mas ser um grupo autónomo, independente e com estrutura propiá, sem fins
religiosos, mas que busca bases de apoio na religião.

O trabalho é pertinente, pois ajuda a compreender a ascensão de terror no Cinturão de


Mocimboa da Praia. Tratando-se de um facto recente, o pesquisador levante as seguintes
questões de pesquisa: Quem são? O que querem? De onde vem? Como operam? Quem apoia
e quais as principais respostas dadas contra este movimento? Dada a escassez de fontes, para
responder e desenvolver estas questões foram usados a pesquisa bibliográfica e a técnica
documental, e também socorreu-se a um conjunto de paradigmas e teorias para explicar e
prever este fenómeno, como neo-realismo estrutural e neo-realismo identitário de Barry
Buzan e Kennedy Waltz.

1
Carlos Augusto é graduado em Relações Internacionais e Diplomacia pelo Instituto
Superior de Relações Internacionais (ISRI) em 2015, foi mentor e presidente do Instituto de
Negociação e Gestão de Conflitos de 2013- 2016.

1
CAPITULO 1: A ASCENSÃO DO TERRORISMO NO CINTURÃO DE MOCIMBOA
DA PRAIA
Neste capítulo estuda-se o início e a ascensão do terrorismo no
cinturão de Mocimboa da Praia.

1.1 O Inicio
A primeira vez que Mocimboa da Praia foi atacada foi no dia 5 de Outubro de 2017. Desde
então, o distrito sofre ataques. Mas o dia 5 e Outubro não é o marco de nascimento deste
movimento, pois há relatos que este movimento começou a se instalar no Cinturão de
Mocimboa da Praia a sensivelmente 8 anos. Este movimento usa desde então, a capa das
mesquitas e escolas islâmicas para recrutar os seus membros. Vários são os Pais e
encarregados de educação nestes 8 anos que enviaram seus filhos para estas escolas, com o
objectivo de proporcionar uma educação digna aos seus educandos. Entretanto, O Conselho
Islâmico de Moçambique desde cedo alertou as autoridades para investigar os reais objectivos
deste movimento (Blog Macua, 20172).

Mapa: Localização de Mocimboa da Praia

2
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-moc%C3%ADmboa-da-praia-
ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

2
Fonte: Africa 21 Digital (20173)

Passam sensivelmente 8 anos, que muitas crianças, que hoje já são jovens adultos foram
formadas nestas escolas. Algum deles, tidos como bons estudantes com anuência dos pais e
familiares foram concedidos bolsas de estudos para estrangeiro, como para Tanzânia dada a
sua a proximidade geográfica com Mocimboa da Praia, como ilustra o mapa acima, e também
para o Sudão, Africa de Sul e outros paises. Pressupõe-se que o movimento usou estes
espaços de islamização para recrutar e treinar membros para a formação de forças
paramilitares ou militares.

Deste modo, parece que o dia 5 de Outubro, é a fase mais avançada de fundamentalismo
deste movimento, que é caracterizada pelo terrorismo. A fase preludia, já vem a mais de seis
anos que é marcada pela cimentação da base ideológica nas populações locais. O movimento
encontrou, um terreno fértil em Mocimboa da Praia e Palma para poder recrutar novos
membros, e colocar sem grandes dificuldades a sua grande estratégia, pois em termos
históricos as populações destas regiões desde muito tiveram contacto com a cultura árabe e
islâmica.

2.2 Ascensão do Terror


.No dia 12 de Outubro de 2017, veio ao publico mais um ataque, mas desta vez na aldeia de
Maculo, no distrito de Mocímboa da Praia. Estes ataques fizeram onze mortos, entre eles
quatro polícias. Os ataques armados ocorreram quando as FADS realizavam uma patrulha
nos bairros e potencias rotas usadas pelos membros de movimento. Deste modo, o
movimento tirou a vida de quatro polícias e, sete elementos do grupo que atacou as forças de
segurança perderam a vida (RFI, 20174).

Ainda mais, no dia 29 de Novembro de 2017, o movimento voltou a atacar. Antes do ataque
pensava-se que a ordem, segurança e tranquilidade públicas pareciam ter regressado a
Mocímboa da Praia. Assim sendo, estes ataques significam que o movimento já havia a muito
preparado a logística em armamento e outras capacidades, bem como estudado o terreno
para desencadear ataques a postos policias, e alvos civis.

3
https://africa21digital.com/2017/12/05/chefes-dos-ataques-no-norte-de-mocambique-estao-foragidos/,
consultado no dia 27 de Dezembro de 2017.
4
http://pt.rfi.fr/mocambique/20171013-novos-ataques-em-mocimboa-da-praia, Consultado no dia 24 de
Dezembro de 2017.

3
Segundo Juma Cadria, citado por Blog Macua (20175) representante da delegação de
Nampula do Conselho Islâmico de Moçambique, a presença de indivíduos com ideologias de
tendência radical tem vindo a ser registada nos últimos tempos e já tinha sido reportada ao
Governo. O que o Conselho Islâmico de Moçambique não contava é que eles enveredariam
por esta via da violência.

Emerge assim o terrorismo no Cinturão de Mocimboa da Praia. Portanto, parece que este
movimento tem metas, objectivos e alvos claros a alcançar no território nacional, em
particular na região da Bacia de Rovuma. O movimento construiu bases ideológicas, e
suporte logístico para desencadear ofensivas militares (ou armadas) a alvos civis e militares.
Dia pós dia, vai subindo casos de ataques perpetuados por este movimento no limiar dos
olhos das comunidades locais, e das autoridades estatais. Ademais, nos próximos capítulo
estuda-se Quem são? O que querem? De onde vêem? Quem os apoia? E quais as respostas
dadas a combater este movimento?

5
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/11/moc%C3%ADmboa-da-praia-ataques-
atribu%C3%ADdos-%C3%A0-fundamentalistas.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

4
CAPITULO 2: QUEM SÃO?
Neste capítulo estuda-se o nome, estrutura e identidade deste movimento.

2.1 Nome
Ainda Não se tem efectivamente o nome deste movimento, A imprensa chegou a avançar que
o ataque teria sido perpetrado por homens pertencentes ao Al Shabaab, um grupo terrorista e
fundamentalista islâmico que actua primordialmente no sul da Somália. Entretanto, a Polícia
da Republica de Moçambique (PRM) já recusou relacionar o grupo de atacantes com o Al
Shabaab e o Administrador do Distrito, Rodrigo Puruque, também defendeu não ser Al
Shabaab (VOA, 20176).

Há quem lhes chame, principalmente a comunidade local, Al-Shabbab. Diferente da ideia de


Al-shabaab, Lázaro Mabunda, ex-observador do Centro de Integridade Pública (CIP), citado
por Blog Macua, 20177 explica que existe também a versão de que eles não são Al-Shabaab,
Têm uma forma de actuar idêntica ao Al-Shabaab, mas chamam-se Al-Sunna. Actualmente,
ainda são poucos os dados concretos relacionados com a identidade deste grupo que atacou a
província de Cabo Delgado com recurso a catanas e armas de fogo. No entanto, a sua
presença na região era já conhecida e, tinha sido inclusivamente, já reportada às autoridades

2.2 Estrutura
Em relação a estrutura orgânica deste movimento, não se tem conhecimento se tem um
comando, isto é, órgãos de direcção, ou apenas é uma colectividade não-organizado e
esporádico. Normalmente, estes movimentos apresentam uma estrutura orgânica. Por
exemplo, o Estado islâmico e, mesmo Al-shabaab possuem uma estrutura orgânica, que
comanda todas operações da organização.

O governo distrital de Mocímboa da Praia, anunciou a identificação de dois suspeitos, cujo


paradeiro é desconhecido, de organizarem os ataques de um grupo armado contra a polícia,
em Outubro. Ao mesmo grupo é atribuída a autoria de dois homicídios e de um incêndio que
destruiu uma aldeia, naquele distrito. Os nomes dos suspeitos Nuro Adremane e Jafar Alawi,

6
https://www.voaportugues.com/a/mais-ataque-mocimboa-praia/4148160.html, consultado no dia 24 de
Dezembro de 2017.
7
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-moc%C3%ADmboa-da-praia-
ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

5
dois moçambicanos, constam de um documento entregue pelo administrador ao governo
provincial de Cabo Delgado (MMO, 20178).

2.3 Membros
Quem são os membros deste movimento? Ate aqui, o que se pode constatar é que este
movimento é composto por jovens, adultos, crianças, homens e mulheres. Entretanto, este
movimento pode ter membros espalhados em todo território nacional. E dada a globalização
que permite transporte e comunicação entre as pessoas, mesmos a distância considere-se que
este movimento tem seguidores e membros na regiao da Africa Austral, Oriental e outras
partes de globo.

Entretanto, os membros deste movimento operam na clandestinidade, por essa razão


dificilmente são conhecidos. E devido ao uso de propaganda ideológica e religiosa, baseada
em fundamentalismo islâmico este movimento tem oportunidade de recrutar mais membros e
seguidores em Moçambique, e pelo mundo.

2.4 Identidade
Em termos de identidade, os membros deste movimento quando actuam usam burkas,
situação que lhes conecta a religião islâmica. Entretanto, este movimento em termos
declaratórios identificam-se como sendo muçulmanos, e alguns falam língua árabe, e linguais
locais. Ademais, ainda não se tem a real identidade deste movimento, mas eles revelam
identidade islâmica.

Deste modo, o Governo e o Concelho Islâmico de Moçambique confirmam que os homens


armados que no dia 5 de Outubro desencadearam ataques em unidades policiais e às
lideranças locais no distrito costeiro de Mocímboa da Praia, província de Cabo Delgado, são
de orientação fundamentalista islâmica (Blog Macua, 20179).

8
https://noticias.mmo.co.mz/2017/12/autoridades-identificam-supostos-lideres-de-ataques-armados-na-
mocimboa-da-praia.html, Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.
9
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/11/moc%C3%ADmboa-da-praia-ataques-
atribu%C3%ADdos-%C3%A0-fundamentalistas.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

6
CAPITULO 3 DE ONDE VÊM?
Neste capítulo estuda-se a proveniência do movimento, onde
estruturou-se em ambiente doméstico, regional e internacional.

3.1 Ambiente Domestico


Em relação a proveniência do movimento, ainda não há consensos, mas pressupõe-se que este
movimento tenha origem no território nacional. Para o Presidente da Renamo Afonso
Marceta Dhalakama, o movimento armado de Mocímboa da Praia tem origens internas, que
externo. Para ele são todos jovens locais, que conhecem com precisão a geografia do local,
que terão recebido instrução militar de estrangeiros, mas sem apoio dos mesmos no terreno
(VOA, 201710).

Entretanto, a PRM identificou dois dos líderes deste movimento, Nuro Adremane e Jafar
Alawi, que eventualmente são moçambicanos. Eles estudaram doutrinas religiosas na
Tanzânia e, Sudão onde alegadamente também receberam treinos militares e aprendem a
manusear armas de fogo e armas brancas, tudo fora do controlo das instituições formais.

Este movimento, pode surgir no território nacional, mas tem alguma raiz externa. Por
exemplo, o movimento estado islâmico surgiu no Iraque em 2007, mas surgiu depois de
cisões internas de uma subunidade de movimento Al-caeda do Afeganistão que opera no
Iraque.

3.2 Ambiente Regional


Para além de proveniência domestica, pressupõe-se que este movimento tenha origem a nível
da regiao da Africa Austral, e Africa Oriental. Entretanto, avança-se que o movimento é uma
subunidade de movimento Al-shabaab, movimento que opera na Somália, Quénia e com
membros quase em todo mundo.

Segundo Lazaro Mabunda citado por Blog Macua ( 201711 ) defende que existem bolsas de
estudos que são dadas a partir das mesquitas para moçambicanos estudarem fora. Muitos
moçambicanos já ou estudam no Sudão. No Sudão, há uma universidade que se chama

10
https://www.voaportugues.com/a/dhlakama-fala-de-cunho-politico-nos-ataques-de-mocimboa/4074861.html,
Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.
11
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-moc%C3%ADmboa-da-praia-
ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

7
African International University que é vocacionada para a formação de estrangeiros, mas
todos os moçambicanos e estrangeiros que chegam lá têm que ser sujeitos a uma preparação

Segundo Saide Bacar, do Conselho Islâmico de Moçambique citado por VOA (201712), este
movimento tem origem também a nível da região da Africa Austral. O grupo usa a rota
Moçambique- Tanzânia – Quénia – Somália, onde actuam os extremistas radicais da Al-
Shaabab, dai a associação que é feita aos ataques de Mocímboa da Praia

3.3 Ambiente Internacional


Este movimento, pode também ter origem fora da regiao da Africa Austral e Oriental, mas do
sistema internacional. Entretanto, no sistema internacional há movimentos terrorista que
operam de forma autónoma e independente dos Estados. Estes movimentos são
transnacionais, pois operam em quase todos os Estados, através de redes/ networks directos e
indirectos por meio das tecnologias de informação e comunicação.

Por exemplo, o estado islâmico está presente em todos Estados do globo, através das redes
sociais criadas através da plataforma internet. Através das redes socias os movimentos
conseguem recrutar novos membros, criar grupos com nome, identidade e estrutura
dinâmicas, e fazer transacções financeiras para dar suporte logístico.

12
https://www.voaportugues.com/a/dhlakama-fala-de-cunho-politico-nos-ataques-de-mocimboa/4074861.html,
Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

8
CAPITULO 4: O QUE QUEREM?
Neste capítulo percebe-se os reais motivações do movimento. Onde se
percebe-se motivações geoestratégicos, religiosos, económicos,
políticos e etno-identitários.

4. 1 Interesses Geoestratégicos
Os ataques no Cinturão de Mocimboa da Praia acontecem um contexto decisivo de
prospecção e edificação da indústria petrolífera na Bacia de Rovuma. Por este contexto de
emergência deste movimento, pressupõe-se que tem como interesse controlar os recursos
naturais e energéticos localizados neste espaço.

Como resultado dos seus ataques, a empresa petrolífera Wentworth, que está a realizar
prospecção na zona, anunciou aos investidores em Novembro que adiou algumas operações
ligadas à abertura de um novo furo devido aos incidentes. Os ataques motivaram a
transferência preventiva, com recurso a helicópteros, de pessoal de empresas ligadas a
investimentos de gás natural na região, disseram no à Lusa no local fontes ligadas à operação
(MMO, 201713).

O movimento perpetuou um ataque ao Posto Administrativo de Ulumbi, no Distrito de


Palma, precisamente a zona onde foi feita a única perfuração em terra, na pesquisa de
petróleo, pela canadiana Anadarko. Ademais, foi precisamente ao nível das multinacionais,
que esta incursão com características terroristas, causou maior pânico, pelo que a região já
deverá andar no radar das “empresas-tubarão” de segurança pessoal e a instalações
estratégicas, para aí se instalarem e protegerem as petrolíferas e respectivo pessoal.

4.2 Interesses religiosos


Para além dos interesses geoestratégicos, parece que o movimento persegue a propagação do
islão na região de Mocimboa da Praia. Portanto, confunde-se o movimento com uma seita
religiosa, que promove os princípios baseados em Sharia, mas este facto não quer dizer que
este movimento ser realmente islâmicos, mas podem usar a capa da religião. Como se
constatou, o movimento islamiza crianças, mulheres e homens das regiões onde se instalam.
Assim como ocorre com outros movimentos terroristas, eles também perseguem interesses

13
https://noticias.mmo.co.mz/2017/12/autoridades-identificam-supostos-lideres-de-ataques-armados-na-
mocimboa-da-praia.html, Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

9
religiosos. O Estado islâmico e Boko haram, por exemplo procuram promovem o islão nos
territórios conquistados (VOA, 201714).

O Concelho Islâmico de Moçambique confirma que este movimento persegue algum


interesse religioso, mas eles usam a capa de islão para perpetuar os seus interesses. Ainda, a
Comunidade distancia-se deste movimento, e defende que o surgimento de fundamentalismo
islâmico no país visa minar a convivência pacífica e sadia dos muçulmanos com outras
crenças religiosas e impedir o desenvolvimento do país. Ademais, a religião islâmica, assim
como crista e outra religiões todas são para a paz e pela paz, mas este movimento pode se
aproveitar do pluralismo religioso e a laicidade do Estado para mobilizar e recrutar as
populações para a violência armada.

4.3 Interesse Económicos


Em adicional aos interesses religiosos, este movimento persegue interesses económicos.
Entretanto, alguns membros de movimento recebem um salario, ou subsídio em troca das
suas operações armadas ou outros serviços prestados para o movimento. Este facto, significa
que a mobilização baseada em fundamentalismo islâmico nem sempre tem efeito desejados,
pois para motivar os seus membro o movimento oferece alguma recompensa monetária.

Defende que a outra base de recrutamento deste movimento é a promessa de emprego, e


controlo das minas de recursos minerais existente no cinturão de Mocimboa da Praia. Alguns
estrangeiros filiados ao movimento, vem com o instituto de ganhar algum movimento. Não
menos importante, as mulheres também são usadas como instrumento de mobilização de
jovens e homens, pois alguns entram no movimento sob proposta de a casalar ou ter relações
sexuais com uma mulher.

4.4 Interesses Políticos


Este movimento ainda não declarou os seus reais interesses políticos. Entretanto, os interesses
podem variar em mudança de regime, fundação de um Estado islâmico naquela regiao, ou/e
de verem incluídos suas aspirações materiais e imateriais na agenda governativa.

14
https://www.voaportugues.com/a/dhlakama-fala-de-cunho-politico-nos-ataques-de-mocimboa/4074861.html,
Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

10
Por exemplo, o Estado Islâmico tende a perseguir interesses políticos, pois procuram fundar
um Estado, governado por princípios baseados em sharia. O Al-shabaad também persegue
objectivos políticos, porque aspiram conquista o poder politico na Somália, e regiões onde
operam.

4.5 Interesses Etno-identitarios


O Professor Yussuf Adam, historiador da Universidade Eduardo Mondlane, defende que este
movimento, vai para além da potencial ligação com Al-Shabab, concentrando a sua análise na
componente, competição entre as etnias Mwani e Macondes. Desde a independência os
macondes estão a sair do planalto para se fixarem em Mocímboa da Praia e Palma, regiões
que antes era predominantemente. Este êxodo, outrora provocou lutas entre Macondes e
Mwanis pelo controlo de terras férteis (Infromoz, 201715).

Deste modo, Segundo Yussuf os Mwanis muçulmanos e os Macondes católicos envolveram-


se muitas vezes em conflitos nas margens do Rovuma perto da foz do rio. Na década 80,
Terras férteis e apropriadas para arroz arrastaram cultivadores dos dois lados /Macondes e
Mwanis para conflitos. O governo, junto com a OXFAM do Reino Unido (Grã-Bretanha)
desenvolveu vários projectos em Palma tentando criar algum tipo de relação harmoniosa
entre os dois grupos na utilização dos arrozais.

Normalmente, as etnias, ou qualquer diferença baseada em língua, regiao e religião não é


factor de conflitos entre grupos, mas a politização e instrumentalização destas diferenças
pode levar a conflitos etno identitários. Como se viu, os maconde e mwanis quase desde a
independência convivem no mesmo espaço de forma cordial, irmana e pacifica, mas a
instrumentalização das diferença por razoes geoestratégicas pode levar a escalada de conflitos
entre as partes. Estas diferença podem mobilizar a populações a escalada de violência.

15
http://noticias.infromoz.com/2017/10/27/ainda-os-ataques-mocimboa-da-praia/, consultado no dia 24 de
Dezembro de 2017.

11
CAPITULO 5: COMO OPERAM?
Neste capítulo identifica-se o modus operando do
movimento, que vai desde a propaganda, táctica de
terror e guerrilha.

5.1 Propaganda
A propaganda é um dos modos operando deste movimento. Este movimento usa os
princípios pautados no islão para consciencializar e socializar as populações por onde eles
passam. Eles inculcam os seus membros a recusarem a autoridade do Estado, não aceitam
não existe ser supremo, a não ser Ala (deus). Os membros são submetidos dias e horam em
processo de recitação, e lavagem cerebral com vista a apropriarem-se das ideologias
defendida por movimento (Blog Macua, 201716).

Na região norte de Moçambique existem, segundo Juma Cadria citado por Blog Macua
(201717) Mesquitas onde são leccionadas estas ideologias, mas estão devidamente
identificadas. Esta situação de propaganda não começou recentemente, pois Já há sete ou oito
anos ocorria este fenómeno das pessoas daquela região entregarem as suas crianças para uma
formação. Entretanto, estes alunos destas mesquitas, a oito anos eram criancas, e hoje são
jovens adultos, que viveram quase a sua infância bebendo o fundamentalismo.

5.2 Táctica de Terror


A táctica de terror, também denominada por terrorismo, consiste em desencadear acções
armadas para infringir danos físicos e psicológico a um determinado alvo. Em relação aos
danos psicológicos, a táctica de terror visa causar medo excessivo e fragilizar o adversário.
Em relação aos danos físicos, a táctica de terror visa causar dor e tirar a vida do alvo. Deste
modo, o movimento usa a táctica de terror para causar danos psicológicos e físicos.

Por exemplo, o movimento atacou carros que transportavam membros das FADS, de seguida
com recurso a catana descortejou partes de órgãos dos agentes das FADS que garantiam a

16
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-moc%C3%ADmboa-da-praia-
ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.
17
http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-moc%C3%ADmboa-da-praia-
ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

12
segurança. Este acto consumado, visava causar medo e tirar a força moral dos membros das
FADS (Jornal Verdade, 201718).

5.3 Táctica de guerrilha


As posições deste movimento são irregulares, e atacam alvos isolados, sem grande poder
bélico. Normalmente, a táctica de guerrinha é usada quando existe assimetria de capacidades
entre partes conflituantes, onde a parte que tem capacidades relativamente inferior evita um
confronto longo e directo com a outra parte com capacidades relativamente superiores. Deste
modo, o movimento evita confrontos longos e evita atacar posições onde as FADS tem
capacidades relativamente superiores.

Pelo menos dois agentes da polícia foram alvejados mortalmente, durante um ataque
registado na madrugada registado na madrugada desta quinta-feira, no distrito da Praia, em
Cabo Delgado. Segundo a Polícia, cerca de 30 homens armados atacaram, em simultâneo, o
Comando Distrital de Mocímboa da Praia, o Posto de Controlo de Awasse e a segunda
Companhia da Polícia de Protecção de Recursos Naturais e Meio Ambiente naquele distrito
(O Pais, 201719).

18
http://www.verdade.co.mz/nacional/63635-grupo-armado-mata-lider-comunitario-no-ataque-a-mocimboa-da-
praia-, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.
19
http://opais.sapo.mz/dois-policias-morrem-em-ataques-armados-em-mocimboa-da-praia, consultado no dia 24
de Dezembro de 2017.

13
CAPITULO 6: QUEM APOIA?
Neste capítulo, compreende-se a base de sustentabilidade deste
movimento, que vai desde apoios internos, regionais e
internacionais.

6.1 Apoios Internos


O primeiro apoio interno, vem das elites e grupos locais residentes no Cinturão de Mocimboa
da Praia. Este movimento das elites e grupos locais apoios em habitação, alimentos, apoio
moral e recursos humanos. As elites locais fornecem casa para servir de treinamentos e,
logística militar deste movimento. Para além disto, as elites locais tiram parte do seu
excedente agrícola para alimentar os membros deste movimento, ainda fornecem mão-de-
obra para efectuar os ataques e outras actividades armadas (Jornal Verdade, 201720).

O segundo apoio, vem de alguns agentes e funcionários de Estado corruptos, pois os


membros deste movimento por vezes vêm de paises vizinhos e longinco, mas penetram nas
fronteiras limítrofes a custa de suborno aos agentes e funcionários do Estado. Por outro lado,
os recursos deste movimento têm origem de auto-ajuda, pois eles acumulam recursos
militares quando atacam posições do governo. Por exemplo, num dos ataques, eles
conquistaram armas de fogo e munições pertencentes as FADS.

Por vezes, os movimentos terroristas desenvolvem actividades económicas. Os seus membros


metem-se no circuito de comércio de bens e serviços, abrindo empresas registadas, que até
pagam impostos as autoridades. Não obstante, os rendimentos e lucros obtidos destas
empresas são canalisados para a compra de armamentos e outras capacidades militares. Por
outro lado, os membros destes movimentos canalizam donativos e quotas em valor monetário
para garantir a sustentabilidade do grupo.

20
http://www.verdade.co.mz/nacional/63635-grupo-armado-mata-lider-comunitario-no-ataque-a-mocimboa-da-
praia-, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

14
6.2 Apoios Regionais
Na região este movimento pode ter apoio de uma unidade estatal e um actor não-estatal.
Apoio de uma unidade estatal, significa que este movimento tem apoio em capacidades
militares de um Estado da região da Africa Austral, ou mesmo de Africa Oriental. Em
relação ao apoio não-estatal, significa que este movimento tem apoio de movimentos,
indivíduos e grupos que partilham algum interesse comum na regiao da Africa Austral, e/ou
Oriental.

A nível de Africa Austral, os Estados estão unidos pela plataforma de cooperação e


integração regional, a SADC. Os Estados membros estão cometidos em promover a paz e
segurança entre si. A luz deste acordo, os Estados membros estão proibidos pelo principio de
pacta sunt servanda em apoiar movimentos terroristas para agredir Moçambique.

Mesmo analisando, o grau de amizade e inimizade entre os paises de Africa Austral, embora
os conflitos estejam sempre presentes considera-se que os paises têm partilham relações
cordiais entre si. Não obstante, na regiao a Tanzânia é o Estado predisposto a cooperar e ao
mesmo tempo a entrar em escalada de conflito violento com Moçambique, porque a placa
tectónica da Bacia de Rovuma liga estes dois Estados. Logo, apesar de ambos serem
soberanos, pressupõe-se que há uma percepção por parte da Tanzânia, de que Moçambique
deve partilhar os dividendos do gás natural de Rovuma, por causa deste continuidade
geográfica.

O movimento tem algum apoio proveniente de alguns movimentos da região da Africa


Austral. O apoio vem de movimentos religiosos provenientes de Tanzânia e Somália. Não se
tem ainda uma dado efectivo, se recebem apoio financeiro, em armamento e formação militar
de Al-shabaab, mas pelos seus modus operando, se percebe que eles recebem algum apoio
vindo da região.

6.4 Apoios Internacionais


Não se tem conhecimento dos reais apoiantes deste movimento na paisagem internacional,
mas importa referir, que usando o critério sujeito existe dois tipos de terrorismo. Primeiro
terrorismo de Estado, e segundo terrorismo não-estatais. Em relação ao terrorismo de Estado,
são ataques terroristas preparados e executado um Estado, ou patrocinada por este actor.
Deste modo, pressupõe-se que estes ataques em Mocimboa da Praia sejam patrocinados por
um Estado.

15
Em relação ao terrorismo não-estatal, são actos de terror preparados e executado por um
movimento, sem influência de qualquer unidade estatal. Neste caso, os ataques em Mocimboa
da Praia tem apoio de um movimento, que opera com autonomia e interesses próprios. Não
menos importante, os ataques terroristas, apesar de ser perpetuados em territórios locais,
normalmente tem alguma ligação internacional. A globalização permite a conectividade entre
os movimentos terroristas que partilham mesmos valores localizados em diversos paises e
continentes.

16
CAPITULO 7: RESPOSTAS NACIONAIS, REGIONAIS E INTERNACIONAIS
Neste capítulo percebe-se as reacções nacionais, regionais e
internacionais para fazer face a este movimento.

7.1 Respostas Nacionais


As respostas nacionais são divididas em respostas das Forças Armadas de Defesa e
Segurança (FDAS), os partidos políticos, e a sociedade civil.

7.1.1 As Forças Armadas de Defesa e Segurança


As Forças Armadas de Defesa e Segurança, enviaram militares e policias para controlar e
repelir as operações armadas deste movimento. Entretanto, a presença das FADS no local,
não dissuade e intimida os ataques dos homens deste movimento. O movimento, continua a
atacar posições das FADS, e os civis

Portanto, alguns membros da comunidade local, como se viu acima alertavam as autoridades
antes dos ataques, os riscos que este movimento representava para a segurança pública, e até
a segurança nacional, mas as respostas dadas atempadamente não foram suficientes
susceptíveis de conter a escalada de violência.

7.1.2 Os Partidos Políticos


Os partidos políticos partilham posições diferentes em relação a origem deste movimento. O
partido RENAMO duvida a origem deste movimento, mas defende que este movimento pode
surgir como resultado de conflito interno na FRELIMO. Deste modo, para eles são alguns
membros da FRELIMO, que para mostrar o seu descontentamento ao governo de Filipe
Nyusi, formaram este movimento.

Apesar de existir um conflito armado entre a Renamo e o governo, a Renamo distancia-se


destes ataques, e ao mesmo tempo clama pela sua eliminação. Portanto, a Renamo questiona,
o facto de o movimento emergir num contexto em que se esta em processo de reconciliação
com o governo.

7.1.3 Sociedade Civil


A sociedade civil moçambicana comunga praticamente a mesma posição em relação a
emergência deste movimento. Percebe-se que a sociedade civil esta contra o surgimento deste
movimento. Assim como, o Concelho Islâmico de Moçambique mostrou uma posição contra

17
a emergência deste movimento nas fronteiras nacionais. A comunidade condena os ataques
deste movimento, e defende que apesar de eles aparentarem professar a religião islâmica, os
seus actos são contra os princípios preconizados no alcorão.

O posicionamento da sociedade civil moçambicana é oposto a posição tomada pela sociedade


civil dos paises como Somália, Iraque e Sudão por exemplo, onde as sociedades civis apoiam
movimentos terroristas. A sociedade civil moçambicana, é quase indiferente em relação as
acções deste movimento

7.2 Respostas Regionais


As respostas regionais são estruturadas em, reacções da SADC e Africa de Sul

7.2.1 SADC
A SADC, ainda não tomou uma posição pública relacionada com os ataques deste
movimento, mas o presidente da Republica, deslocou-se a Tanzânia a procura de
entendimento sobre este fenómeno. Ademais, avança-se também uma parceria tripartido,
envolvendo Moçambique, Malawi e Tanzânia para conter este movimento.

Os Estados membros de SADC, estão conectados por acordos de segurança colectiva, que
permite a organização intervir em prol de defesa e segurança de um Estado membro em caso
de agressão e invasão. Entretanto, o Estado agredido deve solicitar a pronta intervenção deste
organismo, pois reveste-se de soberania, o que significa a dimensão e intensidade de reacções
da SADC depende mais do ensejo de Moçambique.

7.2.2 Africa de Sul


A Africa de Sul é uma potência na regiao da Africa Austral. Fora disso, possui grandes
investimentos em Moçambique, em particular a exploração de gás natural de Pande-Temane
em Inhambane, e também no Cinturão de Mocimboa da Praia. A multinacional sul-africana, a
SASOL também esta a fazer prospecção de gás natural da Bacia de Rovuma.

Entretanto, apesar dos ataques a região onde se tem o fluxo de investimento das suas
multinacionais, ainda não tomou um posicionamento claro em relação a emergência deste
movimento.

18
7.3 Resposta Internacionais
As respostas internacionais são estruturadas em respostas dos Estados Unidos, Italia, China,
Rússia e as Nações Unidades

7.3.1 Estados Unidos de América e Italia


Os Estados Unidos de América, e Italia são Estados com fortes interesses naquela região,
ainda não mostraram o seu posicionamento em relação a emergência deste movimento.
Entretanto, os ataques deste movimento, ocorrem numa regiao onde a multinacional norte
americana, Anadarko e a multinacional italiana investiram milhões de dólares para
prospecção e exploração de gás natural de Rovuma.

Deste modo, os ataques deste movimento ferem e coloca em causa o interesse nacional de
ambos paises, dado a magnitude do seu investimento. Para alem, disto estes ataques colocam
em causa a segurança energética, pois fragilizar a produção, transporte e distribuição de gás
natural no mercado domestico e internacional.

7.3.3 China e Rússia


A China e a Rússia também tem investimento directo no cinturão de Mocimboa da Praia.
Deste modo, estes ataques afectam as empresas chinesas e russas versadas na prospecção de
gás natural. Entretanto, ambas ainda não fizeram sentir publicamente os seus
posicionamentos em relação aos ataques no cinturão de Mocimboa da Praia. Entretanto, estes
ataques colocam o interesse nacional destes Estados, pois estão a fazer a prospecção de gãs
natural ao longo de cinturão de Mocimboa da Praia.

De um modo geral, o posicionamento dos EUA e Italia, e Rússia e China pode ser pelo facto
de Moçambique ser um Estado soberano. Este posicionamento, reflecte o paradigma
tradicional das relações internacionais (RI’s), que tem a ver com a não interferência nos
assuntos domésticos doutros Estados, mas os novos paradigmas das RI’s trazem o principio
de responsabilidade de proteger, que permite os Estados intervierem em outros Estados sob
pretexto de defender os direitos humanos , mesmo sem o consentimento e autorização do
Estado agredido.

19
CONCLUSÃO E SUGESTÕES
Conclusão

O presente paper analisou da emergência do terrorismo no Cinturão de Mocimboa da Praia.


Ao longo de trabalho, procurou-se responder as questões como quem são? De onde vêm? O
que querem? Como operam? Quem apoia? E quais as respostas nacionais, regionais e
internacionais dadas a este movimento. As respostas as questões, o tempo irá responder de
forma precisa e automática, mas em relação a questão quem são, é um movimento sem nome,
estrutura, identidade e membros definidos.

Em relação a questão de onde vem, mostrou-se que ainda se desconhece efectivamente a


natureza deste movimento, se é que tem origem em Moçambique, na regiao da Africa Austral
ou/e no sistema internacional. No que concerne a questão o que querem, não tem um
conhecimento publico e exacto sobre os reais interesses, mas avanços em motivações
geoestratégicas, religiosos, etno-identitarios, económicos e políticos.

Em relação a questão quem apoia, também não se tem um conhecimento exacto de apoio em
capacidades, que sustentam este movimento. Em relação a questão como operam, constatou-
se que eles usam a propaganda, táctica de terror e guerrilha. Em relação as respostas dadas
contra o movimento, pesam mais respostas domésticas que regionais, e internacionais.

Recomendações

Controlo Estatal sobre Confissões e Escolas de índole religiosa

No primeiro capítulo deste capítulo aludiu-se que alguns membros destes movimentos
pertencem/ eram alunos de confissões e escolas de índole religiosa. Deste modo, as
instituições do Estado devem com robustez fiscalizar e monitorar a abertura de seitas
religiosas, para atempadamente evitar o fundamentalismo. O controlo e fiscalização, não
significa impedir que os cidadãos deixem ou parem de professar uma religião, mas sim
regular as suas acções, para que se possa viver em coexistência pacífica.

Combater a Corrupção nas Fronteiras Limítrofes de Moçambique, em Particular no


Cinturão de Mocimboa da Praia

20
Alguns membros deste movimento podem penetrar nas fronteiras limítrofes através de
suborno dos agentes e funcionários de Estado. Entretanto, o acto de corrupção impulsiona o
fluxo de entrada e saída de pessoas, cujas condutas e interesses são desconhecidos.

Construção de Politicas e Estratégias de segurança energética Nacional, em especial para


Bacia de Rovuma.

Face a prospecção de gás natural, é expectável que se constrói uma politica e estratégia de
segurança energética de Moçambique, em particular da Bacia de Rovuma, para antecipar as
ameaças militares e não militares contra a produção, transporte, armazenamento e
distribuição de gás natural.

Combater o terrorismo através de eliminação das suas causas

O terrorismo ainda é difícil de prevenir e prever o seu surgimento e ascensão, mas se pode
prever e reduzir as causas do seu nascimento, até que dada a vulnerabilidade e riscos do
Cinturão de Mocimboa da Praia já se previa estes acontecimentos.

Reforçar a segurança em todo Moçambique, em particular na Cidade e Província de


Nampula

A província e Cidade de Nampula, é a regiao onde há maior vulnerabilidade e riscos desde


movimento penetrar e conseguir alguma base de sustentabilidade. Nesta região, devido a
localização, recursos minerais e energéticos, a composição da sua demografia, e importância
económica e política para o país este movimento tem maior predisposição de recrutar e ter
apoio para garantir a sua sustentabilidade. Levanta-se a assunção de seja nesta região onde
muito dos membros e potências membros estejam a residir.

21
BIBLIOGRAFIA
Africa 21 Digital (2017): Extremistas continuam ataques no norte de Moçambique
https://africa21digital.com/2017/12/05/chefes-dos-ataques-no-norte-de-mocambique-
estao-foragidos/, consultado no dia 27 de Dezembro de 2017.

Blog Macua (2017): Mocimbia da Praia/ Ataques Atribuidos a Fundamentalistas.


http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/11/moc%C3%ADmboa-da-
praia-ataques-atribu%C3%ADdos-%C3%A0-fundamentalistas.html, consultado no
dia 24 de Dezembro de 2017.

Blog Macua (2017): Ataque em Mocímboa da Praia terá sido “caso isolado”

http://macua.blogs.com/moambique_para_todos/2017/10/ataque-em-
moc%C3%ADmboa-da-praia-ter%C3%A1-sido-caso-isolado.html, consultado no dia
24 de Dezembro de 2017.

Infromoz (2017): Ainda sobre os ataques em Mocimboa da praia

http://noticias.infromoz.com/2017/10/27/ainda-os-ataques-mocimboa-da-praia/.consultado no
dia 24 de Dezembro de 2017.

Jornal Verdade (2017): Grupo armado mata líder comunitário no ataque à Mocímboa da
Praia http://www.verdade.co.mz/nacional/63635-grupo-armado-mata-lider-
comunitario-no-ataque-a-mocimboa-da-praia-, consultado no dia 24 de Dezembro de
2017.

MMO (2017): Autoridades identificam supostos líderes de ataques armados na Mocímboa da


Praia, https://noticias.mmo.co.mz/2017/12/autoridades-identificam-supostos-lideres-de-
ataques-armados-na-mocimboa-da-praia.html, Consultado no dia 24 de Dezembro de
2017.

O Pais (2017): Dois polícias morrem em ataques armados em Mocímboa da Praia

http://opais.sapo.mz/dois-policias-morrem-em-ataques-armados-em-mocimboa-da-
praia, consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

RFI (2017): Novos Ataques em Mocimboa da Praia,


http://pt.rfi.fr/mocambique/20171013-novos-ataques-em-mocimboa-da-praia,
consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

22
VOA (2017): Dhlakama fala de “cunho político” nos ataques de Mocímboa da Praia

https://www.voaportugues.com/a/dhlakama-fala-de-cunho-politico-nos-ataques-de-
mocimboa/4074861.html, Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

VOA (2017): Mais um ataque em Mocimboa da Praiahttps://www.voaportugues.com/a/mais-


ataque-mocimboa-praia/4148160.html, Consultado no dia 24 de Dezembro de 2017.

23

Você também pode gostar