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Parte I – Conceitos Jurídicos e Delimitação do Objecto de Estudo do

DCIA

1. Multilateralismo e Regionalismo

Para a delimitação do objecto de estudo do Direito da Cooperação e Integração em


África (DCIA), é academicamente aliciante compreender alguns conceitos fundamentais,
tais como “multilateralismo” e “regionalismo”, para além de outros que estudaremos nos
próximos capítulos.

1.1. Conceito de multilateralismo

Como se sabe, a génese das Organizações Internacionais no mundo está


directamente associada ao surgimento da diplomacia multilateral, quando os Estados
tomaram consciência de que sozinhos não conseguiriam resolver todos os problemas que
afligem a sociedade internacional.

Etmologicamente, o termo “multilateralismo” provém do Latim (multu = muito


ou vários; e lateru = lado), que designa o conjunto de acordos ou compromissos
assumidos por vários Estados sobre assuntos de interesse comum no âmbito de
conferências ou de Organizações Internacionais.

Destacamos os compromissos assumidos no quadro da Organização das Nações


Unidas e os acordos multilaterais de comércio celebrados no âmbito da Organização
Mundial do Comércio (OMC)1.

Deste modo, o multilateralismo opõe-se às acções unilaterais ou bilaterais por


parte dos Estados. O multilateralismo permite aos Estados participarem, em conjunto, na
resolução dos principais problemas mundiais que, de forma individual, não seria possível
fazé-lo.

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A actual pandemia da COVID-19 tem vindo a acentuar a cooperação multilateral sobre a situação
sanitária internacional, no quadro da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das demais organizações
internacionais. Os Estados, isoladamente, não conseguiriam ou teriam muitas dificuldades na busca das
melhores soluções relativas à pandemia, senão em ambiente multilateral.

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1.2. Conceito de regionalismo

O termo “regionalismo” deriva da expressão latina “regione” (região), que


significa o conjunto de relações estabelecidas numa determinada região entre os
indivíduos, grupos sociais ou Estados a ela pertencentes.

Entretanto, importa indagarmos o seguinte: regionalismo é sinónimo de


integração regional ou são ambas realidades distintas? Será que todas as relações que
decorrem numa determinada região constitui um acto de integração regional? Será que
todo o acto de integração regional pode ser enquadrado no âmbito do regionalismo?

2. Blocos económicos

2.1. Conceito

Os Estados pertencentes a uma região podem criar blocos destinados a promover a


cooperação e integração regionais. O nível de integração dos Estados varia em função de
cada bloco económico.

Designa-se por “bloco económico”, a união ou associação de Estados soberanos


que, de forma livre, decidem formar um espaço económico integrado, mediante a
celebração de tratados internacionais.

Os blocos económicos são verdadeiras organizações internacionais e, por esta


razão, são considerados como sujeitos de Direito Internacional. Assumem tal designação
porque perseguem fundamentalmente fins económicos.

Exemplos: SADC, NAFTA, MERCOSUL, União Europeia, ASEAN.

2.2. Objectivos

A criação de blocos económicos visa, nomeadamente:


a) Facilitar o comércio e a integração regional;
b) Promover o crescimento e desenvolvimento económico na região;
c) Aumentar a concorrência e a qualidade dos produtos e serviços;
d) Estimular e fortalecer a cooperação política, económica, cultural e social;
e) Reduzir o potencial de conflitos.

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BIBLIOGRAFIA

 BIACCHI GOMES, Eduardo. Manual de Direito da Integração Regional. 2.ª


edição, Juruá Editora, Curitiba, 2014.
 ACCIOLY, Elizabeth. Direito Internacional da Integração. In GUERRA
(Coord.). Tratado de Direito Internacional. Freita Bastos, Rio de Janeiro, 2008.
 MERCADANTE, Araminta de Azevedo/JUNIOR, Umberto Celli/ROCHA de
ARAÚJO, Leandro (Coordenadores). Blocos Económicos e Integração na
América Latina, África e Ásia. Juruá Editora, Curitiba.

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