Você está na página 1de 9

SISTEMAS AFRICANOS

DE
JUSTIÇA TRADICIONAL

Direitos Africanos (2017)


Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com
Plano de Apresentação
 Sistemas Africanos de Justiça
Tradicional (SAJT):
 Conceito e contexto;
 Sistemas Alternativos de Justiça;
 Razões de existência dos SAJT;
 Elementos dos SAJT;
 Tipologia dos SAJT;
 SAJT: o caso angolano.
Contexto e Conceito
 80% - 90% dos litígios em África são resolvidos de acordo
com Sistemas Africanos de Justiça Tradicional (SAJT);
 Conceito: SAJT é o conjunto de mecanismos que os povos e
as comunidades africanas aplicam na resolução de litígios
desde tempos imemóriais e que foram sendo transmitidos de
geração em geração.
 SAJT são ainda designados por:
 Justiça comunitária;
 Justiça tradicional;
 Justiça informal;
 Justiça não estadual;
 Justiça consuetudinária.
Razões da Existência dos SAJT
 Diversidade cultural;
 Reconhecimento do poder das Autoridades Tradicionais;
 Participação pública na gestão dos assuntos comunitários;
 Promovem a harmonia e reconciliação sociais (justiça
restaurativa);
 Escassez de recursos humanos e materiais;
 Existência autónoma do direito consuetudinário e com regras
processuais mais simples;
 Menos onerosos e promovem o acesso à justiça;
 Desconhecimento e descrença do direito estadual;
 Suprem lacunas do direito estadual.
Elementos dos SAJT
 São locais reflectindo costumes, valores e
tradições de uma dada comunidade;
 São geralmente de natureza pré-colonial;
 São garantidos pela crença na coercibilidade
mística;
 Reconhecem o respeito pelos anciãos,
ancestrais, pais, o grupo e o ambiente;
 Aplica o direito consuetudinário (substantivo e
processual).
Tipologias dos SAJT
 Sistema vertical:
 SAJT são reconhecidos pelo direito estadual. Ex. Malawi,
Namíbia e Zâmbia;
 SAJT constituem a primeira instância do sistema de justiça
estadual;
 Existe a possibilidade de recurso para os tribunais estaduais.
 Sistema Paralelo:
 SAJT funciona paralelamente ao sistema de justiça estadual.
 As partes litigantes escolhem um dos sistemas de justiça
existente (forum shoping).
 SAJT não são reconhecidos pelo direito estadual e suas decisões
não são vinculativas, sendo que os casos são reapreciados pelos
tribunais estatais.
SAJT: O Caso Angolano
 Debate geral.
Bibliografia
 ARAÚJO, Sara (2010). O Estado moçambicano e as justiças comunitárias: uma história dinâmica de imposições e respostas locais
diferenciadas. In: Congresso Ibérico de Estudos Africanos,7. Lisboa, set. 2010. Disponível em:< http://repositorio-
iul.iscte.pt/handle/10071/2332>. Acesso em: 11 set. 2014.
 BARATA, José Fernando Nunes (2003) «A África e o Direito.» Disponível em <https://portal.oa.pt/upl/%7B2b19b3b5-959c-4852-
9753-c038b31039e4%7D.pdf>. Acesso em: 15 set., 2017.
 Chicoadão (2010), «Direito costumeiro e poder tradicional dos povos de Angola», Mayamba Editora, Luanda.
 FEIJÓ, Carlos (2012), «A coexistência normativa entre o Estado e as Autoridades tradicionais na ordem jurídica plural angolana»,
Almedina, Coimbra.
 GOMES, Conceição; FUMO, Joaquim; MBILANA, Guilherme; SANTOS, Boaventura de Sousa (2003) Os Tribunais Comunitários.
In: SANTOS, Boaventura de Sousa; TRINDADE, João Carlos (Org.). Conflito e Transformação Social: Uma Paisagem das Justiças
em Moçambique. Porto: Afrontamento, v. 2, p. 189-340.
 GUEDES, Armando Marques (2004), «O Estudo dos Direitos Africanos. Estado, Sociedade, Direito e Poder», Almedina, Coimbra.
 GUERRA, José Morais (2003) «Em Defesa do Direito Consuetudinário Angolano», in OLIVEIRA, Ana Maria de (Coord.), 1.º
Encontro sobre a Autoridade Tradicional em Angola, Ministério da Administração do Território, Editorial Nilza, Lda., Luanda,
(155-164).
 HINZ, M.O. e SINDANO, J.L. (Edts.), «Traditional Governance and African Customary Law: Comparative Observations from a
Namibian Perspective.» Conferência Estado, Direito e Pluralismo Jurídico – Perspectivas a partir do Sul Global, organizada pelo
Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Coimbra, Maio de 2007. Disponível em
<http://www.kas.de/upload/auslandshomepages/namibia/HumanRights/hinz.pdf>. Acesso em: 15 set., 2017.
 KARIUKI, Francis (), «African Traditional Justice Systems.» Disponível em
http://www.kmco.co.ke/attachments/article/192/African%20Traditional%20Justice%20Systems.pdf . Acesso em: 7 Nov, 2017.
 MENESES, Maria Paula (2003) «O Moderno e o Tradicional no Campo das Justiças: Desafios Conceptuais a Partir de
Experiências Africanas, in SANTOS, Boaventura de Sousa e MENESES, Maria Paula, FUMO, Joaquim, MBILANA, Guilherme e
GOMES, Conceição, «As Autoridades Tradicionais no Contexto do Pluralismo Jurídico», in SANTOS, Boaventura de Sousa e
TRINDADE, João Carlos (org.), Conflito e Transformação Social: Uma Paisagem das Justiças em Moçambique, 2.º volume, Porto,
Edições Afrontamento, (341-425).
 NETO, Conceição (2004), «Respeitar o passado – e não regressar ao passado.» In: MINISTÉRIO DA ADMINISTRAÇÃO DO
TERRITÓRIO (Org.). Encontro Nacional sobre a Autoridade Tradicional em Angola,1. Luanda: Ed. Nzila, p. 177-186.
 SANGO, André (2006), «A relação entre o direito costumeiro e o direito estatal e entre as autoridades tradicionais e o estado.»
In: HEINZ, Manfred (Org.). The Shade of New Leaves: Governance in Traditional Authority – a Southern African Perspective.
Berlim: Lit Verlag, p. 121-132.
 DAVID, Raúl (1997) «Da justiça tradicional nos Umbundos.» INALD: Luanda.
SISTEMAS AFRICANOS
DE
JUSTIÇA TRADICIONAL

Direitos Africanos (2017)


Amílcar Mário QUINTA
marquinta@yahoo.com

Você também pode gostar