DIREITO E GLOBALIZAÇÃO - O PARADIGMA DOS DIREITOS

AFRICANOS: UM ENFOQUE PARA O SUL DE MOÇAMBIQUE

LAW AND GLOBALIZATION - THE PARADIGM OF AFRICAN RIGHTS: A

FOCUS ON SOUTH MOZAMBIQUE

Manuel Armando Mabote

Mestre em Direito Público
Docente Universitário
Magistrado Judicial

Introdução

Actualmente são colocadas inúmeras questões nos valores implícitos que

estão por detrás das relações jurídicas entre os Estados (maxime os do centro
e periferia) e deste modo importa perceber os pressupostos dos fazedores do
direito global, face a um modos vivendi nativo e/ou natural. Como ficam o
contrato social natural das comunidades ou grupos sociais e as percepções e
expectativas de determinados grupos sociais face ao direito imposto?

Depara-se com muito pouca pesquisa empírica sobre a violação dos direitos
originários dos nativos como resultado da globalização, um fenómeno dirigido
pelo ocidente, profundamente marcado pelo poderio do ocidente.

A globalização afecta certamente a vida nas suas mais diversas dimensões,

maxime a politica, a económica e a cultural, contribuindo para um novo
paradigma de relações sociais que afectam a maneira de viver tradicionais e
culturais de várias regiões do mundo.

Nao se pode descurrar que está em surgimento, pouco a pouco, um mundo

global onde domina a cultura e tradições dos países do primeiro mundo em
detrimento dos restantes.

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Este fenómeno, apesar de não ser novo (pois, os direitos africanos foram
grandemente influenciados pelos direitos dos colonizadores), vem sendo cada
vez crescente e gravemente influenciado pelas relações globais, onde novas
formas de acções e comportamentos são impostos aos países pobres, como
acontece com a panóplia de direitos humanos, direitos das mulheres e
crianças, direitos da sexualidade, novos tipos legais de crimes, de entre outros.

Problemas de Pesquisa

Constitui-se, deste modo, como problema de pesquisa, o questionamento

seguinte:

Que tipo de normas melhor satisfazem … em função disso, como deve o

Estado, os aplicadores do direito e as comunidades encontrarem o equilíbrio
de modo a haver uma justiça “justa e plena”, cujas decisões são livremente
acatadas por todos os membros da comunidade?

Nesta etapa de fusões e imposições surge como imperativo ético das

instituições do Estado (as fazedoras do direito), maxime da Assembleia da
República, a conservação de um mínimo de direitos nativos não nocivos, com
vista a salvaguarda da identidade dos povos africanos e de Moçambique em
particular, o que pressupõe um profundo e mais exigente conhecimento do
grau em que se vai modificando ou transformando as velhas relações sociais e
qual é o substrato na regulamentação e implementação das tão propaladas
normas sobre direitos humanos, género e mulher, sexualidade, etc…, em
suma, quais as regras de jogo presentes e quais as que estando ausentes
podem fazer mudar a perceção, o envolvimento e o comprometimento dos
fazedores do direito pátrio.

Metodologia

Em termos objectivos, o estudo realizado conjugará características de uma

pesquisa bibliográfica, exploratória, descritiva e explicativa, mas basicamente,
lançando mão ao paradigma qualitativo.

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A pesquisa é bibliográfica porque terá como base fontes escritas, recorrendo-
se a diversos manuais que tratam sobre a matéria. Preferir-se-á as fontes
directas (manuais, artigos) e só alternativamente se optará por fontes
disponíveis em sites académicos disponiveis na internet.

A pesquisa é exploratória porque visa proporcionar maior conhecimento e

familiaridade com o problema proposto, tendo em vista o despertar das
instituições de justiça e torná-lo percetível aos mais diversos actores sociais e
sistematizar formas de encontrar alternativas de respostas e procedimentos
futuros que devem prevalecer sem se cortar o vinculo social originário. Esta
pesquisa envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com pessoas que
tenham experiências práticas com o problema pesquisado e a sua ilustração
com exemplos adequados que melhor possam antecipar-se a consequências
negativas no que tange à perda de entidade do modelo de organização e de
gestão de conflitos africanos e do moçambicano e particular. Os recursos de
que falamos assumem a forma de pesquisa bibliográfica, pesquisa documental
e de campo.

A pesquisa será igualmente explicativa pois nela se procurará estabelecer uma

relação entre variáveis e explicar determinados fenómenos que tem ocorrido
nas comunidades e nos julgamentos (consuetudinários e formais ou orgânicos).

Por fim, a pesquisa será descritiva na medida em que pretende assinalar os

aspectos mais relevantes das características gerais e especificas das
comunidades e pessoas atingidas bem como as suas tradições e raízes
culturais, como sejam, conhecer as práticas indígenas de resolução de
diferendos, mostrando que estas são mais facilmente acatadas pelas
comunidades em relação as medidas impostas pelo direito (global) importado.
Aliás esta é também mais uma razão porque a pesquisa é explicativa.

A pesquisa te como base a revisão bibliográfica e documental sobre o

problema proposto na actual fase da positivação e globalização da resolução
de conflitos

As entrevistas serão feitas a magistrados da jurisdição civil e/ou criminal e

eventualmente magistrados do Ministério Público, que constituirão a unidade

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de análise. Poderão ser aplicados questionários via online ou telefónica como
forma de assegurar a tão profanado evitamento da proliferação da COVID-19.

A amostragem é de 4 magistrados e dois juízes eleitos, para além de 2 anciãos

influentes, entendido como o conjunto dos actores sociais que partilham um
conjunto de características comuns.

Os questionários a elaborar terão em vista auscultar as percepções dos

intervenientes na resolução de litígios e na aplicação da lei, percebendo o seu
sentimento em relação ao constante e mais frequente abandono das resolução
de conflitos com uso de normas costumeiras com destaque para: informações
preliminares, nível de aplicação de normas costumeiras, nível de acatamento
voluntário das decisões impostas pelos tribunais com base na aplicação do
direito global

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