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UNIVERSIDADE PÚNGUÈ

FACULDADE DE CIÊNCIA EXACTAS E TECNOLOGIAS

Literatura Africana Língua Portuguesa

Curso de Licenciatura em Ensino de Português

Unipúngué extensão de Tete

Tete, Maio de 2023

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Manuela Voraz

SISTEMA DE DIREITOS HUMANOS EM AFRICA

Trabalho Cientifico a ser apresentado à Faculdade de


Ciências Exactas e Tecnologia da Universidade Púnguè
como requisitos para avaliação da cadeira de Literatura
Africana de Língua Portuguesa (LALP).
Tutor: Dr. João José Divala

Unipúngué extensão de Tete

Tete, Maio de 2023

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Índice
1.Contextualização............................................................................................................3

1.2.Tema............................................................................................................................3

1.3.Delimitação da pesquisa..............................................................................................3

1.4.PROBLEMAS.............................................................................................................4

1.5.JUSTIFIFICATICA.....................................................................................................5

1.6.Hipoteses.....................................................................................................................6

1.7.OBJECTIVO...............................................................................................................7

2.FUNDAMENTOS TEORICOS.....................................................................................8

2.1.ÁFRICA......................................................................................................................8

2.3.Direito humanos em Moçambique..............................................................................8

2.4.O Desafio do empoderamento dos cidadãos em matéria dos Direitos Humanos......11

.2.4.Género e Direitos Humanos.....................................................................................11

2.5.Evolução da Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos na África Os Direitos


Humanos e dos Povos nos Períodos Pré-Colonial e Colonial.........................................12

2.6.O CONFLITO ENTRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A UNIÃO


AFRICANA: «SOLUÇÕES AFRICANAS PARA OS PROBLEMAS AFRICANOS?»
.........................................................................................................................................13

2.7.A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos...............................................14

2.8.Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos.............................................16

2.9.O Tribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos...........................................17

3.Metodologia..................................................................................................................17

4.Cronograma..................................................................................................................19

5.Orçamento....................................................................................................................19

6.REFERÊNCIA.............................................................................................................20

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1.Contextualização

O continente africano historicamente tem sido o palco de diversas violações graves e


sistemáticas de direitos humanos, e ainda hoje, é possível identificar situações de
violações dentro das diversas sociedades no continente. A despeito de que em muitos
países africanos as liberdades fundamentais estarem protegidas em sua magna carta, de
possuírem instituições nacionais para a defesa dos direitos humanos, de todos os
integrantes da União África terem assinado a Carta Africana dos Direitos Humanos e
dos Povos e 26 países terem assinado o protocolo de criação do Tribunal Africano de
Direitos Humanos, ainda restam no continente diversas lacunas legais para a proteção
destes. Na visão de Garcia (2014), a sociedade do continente continua a segregar e
descriminar cidadãos, as forças de segurança continuam a perpetrar abusos contra a sua
população, com indícios de prisões arbitrárias, tortura e altos 1 níveis de corrupção,
além de violenta repressão a manifestantes, membros de oposição e observadores
políticos.

Como consequência disto, há a necessidade de se continuar o debate a cerca de direitos


humanos em África. No continente africano, a criação de organizações internacionais
com preocupações humanitárias vem se desenvolvendo desde dos anos 60 do século
passado. A criação da Organização da Unidade Africana (OUA) é um exemplo disto.
Esta foi fundada em Addis, na Etiópia, em 25 de Maio de 1963 e já continha em seus
objetivos “coordenar e intensificar a sua cooperação e esforços para alcançar uma vida
melhor para os povos de África” (OUA, 1963).

1.2.Tema

SISTEMA DE DIREITOS HUMANOS EM AFRICA

1.3.Delimitação da pesquisa

Como o próprio tema sugere, apesar de ter vários pontos de intercepção com as
relações colectivas entre humanos, que são um ramo do direito do cidadão, o nosso
estudo incide sobre a colectivização das relações do emprego público , boa
convinvencia na sociedade, numa perspectiva de laboralização da valorizacao da raça
humana, que é um fenómeno cada vez mais crescente em muitos ordenamentos
jurídicos, tal é o caso de Portugal. Portanto, o nosso estudo concentra-se nas limitações
que os funcionários e agentes do Estado encontram, ainda nos dias de hoje, para o
exercício pleno e efectivo da liberdade sindical em Moçambique.

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1.4.PROBLEMAS

Entre os principais abusos de direitos humanos registados destacam-se a falha do


governo em salvaguardar os direitos políticos e a liberdade de reunião, as mortes ilegais
e os abusos cometidos pelo governo e pelas forças de segurança do partido da oposição,
assim como a violência doméstica. Outros problemas graves relacionados com os
direitos humanos foram: prisões preventivas prolongadas; influência do partido no
poder sobre um sistema judiciário ineficiente, com pessoal insuficiente e formação
precária; condições prisionais duras; violação dos direitos políticos dos partidos da
oposição; e pressão do governo sobre a imprensa. A corrupção constituiu também um
problema grave. Os problemas sociais incluíram a discriminação contra as mulheres;
abuso, exploração e trabalho infantil forçado; discriminação contra pessoas portadoras
de deficiência; tráfico de mulheres e crianças; e discriminação contra pessoas lésbicas,
gays, bissexuais e transgéneros (LGBT) e pessoas portadoras do VIH/SIDA .com base
nessas injusticas temos que nos fazer a seguinte questão.

Qual é motivo que elava as organizações humaniatrias ao fraco controle e exigência de


cumpprimentos dos direitos humanos em Africa?

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1.5.JUSTIFIFICATICA

Os tratados que consagram os direitos humanos conformam com os quatro elementos


constitutivos de um tratado como fonte de Direito internacional identificados acima,
porém, possuem um certo grau de particularidade em relação à produção de efeitos
jurídicos quando comparados com outros tipos de tratados. É importante salientar que
aos tratados de direitos humanos remontam aspetos particulares sobre os efeitos
jurídicos decorrentes da sua violação. A estes tratados não é aplicável o princípio geral
do direito segundo o qual o incumprimento das obrigações por uma das partes de um
acordo alivia a outra das suas obrigações, uma vez que têm por objetivo regular
primordialmente o relacionamento entre o Estado e os indivíduos sob a sua jurisdição, e
não relações inter-Estatais (98). Isto é, a violação das normas dos tratados de direitos
humanos não são causa de denúncia por uma das partes, nem implicam a cessação dos
seus deveres, mas acionam mecanismos variados que possuem como objeto a garantia
do cumprimento das normas convencionais.

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1.6.Hipoteses

Corrupcao dentro das oraganizaoes humanitarias

Falta de recursos fianceiros, huamnos, administrativos, etc

Nigligencia dos representantes que estao enfrente desses asssuntos

Nao actualizacao das leis que atende os direitos de humanos especificamente em Africa

Má administracao e gestao dos recursos que visam atender esees asssuntos

Má intercepretacao dos diereitos e deveres que um individuo deve Gozar

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1.7.OBJECTIVO

Objectivo Geral

Conhercer o Sistema africano dos direitos humanos

Objectivo Especifico

Avaliar sistema de direitos humanos em Moçambique

Indicar pos direitos fundamentais humanos que um cidadao Moçambicano deve gozar

Analisar os fundamentos teoricos que relatam sobre direitos humanos

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2.FUNDAMENTOS TEORICOS

2.1.ÁFRICA

O sistema africano de direitos humanos foi criado em 1981 com a adoção, pela então
Organização da União Africana (OUA), da Carta Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos, que entrou em vigor em 1986. A Carta estabelece a Comissão Africana dos
Direitos Humanos e dos Povos, formada por 11 membros, que tem sede em Banjul, na
Gâmbia. Atualmente, todos os 54 Estados-membros da União Africana (UA), que
sucedeu à OUA em (Ratifi ,2001), rcaram a Carta Africana que segue a abordagem da
Declaração Universal dos Direitos Humanos unindo todas as categorias de direitos
humanos num documento O seu preâmbulo faz referência aos valores da civilização
africana que tem como objetivo inspirar o conceito africano dos direitos humanos e dos
povos. Além dos direitos individuais, consagra também direitos dos povos. Enuncia,
ainda, os deveres dos indivíduos, por exemplo, relativamente à família e à sociedade
mas, na prática, aqueles deveres são pouco relevantes.

A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos tem um mandato amplo na
área da promoção dos direitos humanos, mas pode também receber queixas de Estados
(o que nunca aconteceu até à data) e de indivíduos ou grupos. Os critérios de
admissibilidade são amplos e também permitem comunicações de ONG ou indivíduos,
em nome das vítimas das violações. No entanto, a Comissão não pode emitir decisões
juridicamente vinculativas, uma das razões que justifi cou a adoção de um protocolo
adicional à Carta sobre o estabelecimento do Tribunal Africano dos Direito

2.3.Direito humanos em Moçambique

Moçambique é hoje um país em construção, após um longo período sob jugo colonial e
de 16 anos de guerra civil, fora aos constantes desastres naturais, como secas e cheias
cíclicas. E, neste processo de construção, tem procurado implantar um Estado de Direito
Democrático, onde o respeito pelos Direitos Humanos seja uma realidade.

Entretanto, o país ainda enfrenta enormes desafios para uma cabal promoção e respeito
dos Direitos Humanos originada, principalmente, pela sua situação económica e social
(a taxa de pobreza em Moçambique tem estado a aumentar desde 2015 devido à crise
económica que assola o país e empurrou muitas famílias para indigência), pois, apesar
das grandes expectativas económicas e sociais trazidas pelos grandes investimentos

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internacionais na indústria extractiva, a pobreza ainda continua a caracterizar a vida de
grande parte da população moçambicana (O Secretariado da Sociedade Civil, 2020).

Se o desenvolvimento económico e social é crucial para a promoção e respeito dos


Direitos Humanos em Moçambique, essa importância do desenvolvimento económico e
social para os Direitos Humanos é inversamente proporcional, ou seja, o
desenvolvimento económico e social é tão essencial para a realização dos Direitos
Humanos, tal como os Direitos Humanos são essenciais para o desenvolvimento
económico e social.

Assim sendo, a promoção e o respeito dos Direitos Humanos não pode ficar refém do
desenvolvimento económico e social. Aqueles podem e devem ser feitos de todas
formas possíveis, sendo de destacar o aumento da consciência dos cidadãos em matéria
dos Direitos Humanos. Ou seja, um dos principais desafios em matéria dos Direitos
Humanos é o ainda insuficiente nível de consciência da importância e da necessidade de
promoção e protecção dos cidadãos sobre os Direitos Humanos, particularmente entre as
populações vulneráveis. Se tal insuficiência pode ser usada para explicar algumas
violações de alguns Direitos Humanos pelas próprias populações, como por exemplo, a
igualdade de género, direitos das minorias, o direito à participação política, acesso à
informação, etc., ela constitui, principalmente, um handicap para a efectiva e necessária
participação dos cidadãos no processo de promoção e protecção dos Direitos Humanos
(O Secretariado da Sociedade Civil, 2020).

No plano nacional, os Direitos Humanos também encontram uma consagração satisfatória. Em


Moçambique, desde a conquista da independência que a temática dos Direitos Humanos constitui
uma preocupação de todos, principalmente, como forma de repor os direitos e as garantias

fundamentais dos cidadãos, antes negados à maior parte da população pelo colonialismo .( O
Secretariado da Sociedade Civil, 2020, p.12).

A primeira Constituição da República Popular de Moçambique, promulgada em 1975,


estipulava uma série de direitos aos cidadãos e, de acordo com o sistema político da
época, centrava-se nos direitos sociais, económicos e nos direitos colectivos. Ainda
neste período inicial da República Moçambique, ratificaram alguns tratados
internacionais e africanos relacionados aos Direitos Humanos, com destaque para
Convenção das Nações Unidas para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
Racial de 1983 e a Carta Africana dos Direitos dos Homens e dos Povos de 1989.

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As mudanças político-ideológicas ocorridas no fim da década de 1980, que tiveram na
aprovação da Constituição de 1990 o seu principal marco, permitiram o reforço e
expansão da consagração e protecção dos Direitos Humanos dos moçambicanos, no
plano nacional. Foi a partir deste novo texto constitucional que os direitos e garantias
fundamentais vincaram raízes no sistema jurídico moçambicano, com a consequente
ratificação da maior parte dos instrumentos internacionais e regionais na área dos
Direitos Humanos.

A Constituição de 2004, actualmente em vigor em Moçambique, reafirmou o seu


compromisso com a promoção e protecção dos Direitos Humanos. Desde o seu
preâmbulo, podemos encontrar reafirmado como princípios e objectivos fundamentais
do Estado moçambicano ”o respeito e garantia pelos direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos” e a “defesa e a promoção dos Direitos Humanos e da harmonia social e
individual” (O Secretariado da Sociedade Civil, 2020. P.13)., respectivamente.

Quer na própria Constituição da República quer na legislação ordinária são elencados


vários Direitos Fundamentais/Humanos que gozam os cidadãos moçambicanos, dentre
os quais podemos destacar:

I. O Direito à vida;
II. O Direito à assistência na incapacidade e na velhice;
III. O Direito à educação;
IV. O direito à protecção especial e aos cuidados do seu bem-estar da Criança;
V. O Direito à saúde;
VI. O Direito ao ambiente;
VII. O Direito ao trabalho, à retribuição e segurança no emprego;
VIII. O Direito de propriedade;
IX. O Direito de recurso aos tribunais;
X. A Igualdade de todos perante a lei e da não-discriminação;
XI. A Liberdade de associação;
XII. A Liberdade de consciência, de religião e de culto;
XIII. A Liberdade de constituir, aderir e participar de programas e partidos políticos;
XIV. A liberdade de expressão e informação;
XV. A Liberdade de residência e de circulação.
XVI. A Liberdade de reunião e manifestação;
XVII. A proibição expressa da tortura e de tratamentos cruéis e desumanos;
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XVIII. Entre outros.

2.4.O Desafio do empoderamento dos cidadãos em matéria dos Direitos Humanos

O quadro normativo e institucional, ao nível internacional, regional e nacional, tem sido


propício ao respeito pelos Direitos Humanos dos cidadãos e à consolidação de um
”Estado de Direitos Humanos”. Ao nível nacional, podemos registar uma certa
apropriação do discurso dos Direitos Humanos pelas instituições governamentais, com
uma crescente referência aos Direitos Humanos em documentos oficiais e outras
estratégias de médio-prazo, assim como nas políticas e estratégias sectoriais. (O
Secretariado da Sociedade Civil, 2020. ).

No entanto, a distância que separa o discurso da prática ainda é muito significativa e, se


o seu encurtamento passa pela afirmação clara do Estado, através dos seus órgãos e
agentes, como promotor, protector e provedor dos Direitos Humanos, ele passa também
pelo empoderamento dos cidadãos em matéria dos Direitos Humanos. A falta de um
conhecimento pleno dos cidadãos sobre os seus Direitos Humanos e como protegê-los,
tem contribuído, significativamente, para alargar a distância entre o quadro normativo
institucional, o discurso do governo e a efectiva implementação dos Direitos Humanos
em Moçambique. Construir uma cultura nacional dos Direitos Humanos, mediante uma
educação em Direitos Humanos que contemple todos os segmentos da sociedade
moçambicana, desde a tenra idade até a fase adulta, mostra-se indispensável para a
efectiva implementação dos Direitos Humanos em Moçambique. (O Secretariado da
Sociedade Civil, 2020).

É preciso incentivar o exercício da cidadania em Direitos Humanos, através, não só da


promoção de valores éticos e sociais que valorizam a universalidade e a diversidade, de
acções que estimulem atitudes e práticas, em conformidade com os padrões dos Direitos
Humanos e, sobretudo, municiam o cidadão com ferramentas para a compreensão,
promoção e defesa dos Direitos Humanos.

.2.4.Género e Direitos Humanos

Uma das principais críticas que se faz à construção conceptual dos Direitos Humanos é
a subalternização da questão de género. Isto é, trata-se de uma construção baseada na
igualdade formal entre homens e mulheres, ignorando as profundas desigualdades

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sociais e assimetrias de poder que ainda subsistem no mundo entre estes, pondo em
causa, mesmo, a essência dos Direitos Humanos.

A necessidade de uma concepção dos Direitos Humanos que tenha em conta a questão
de género é advogada para a edificação e implementação efectiva dos Direitos
Humanos. Desde 1979, com a aprovação, pela organização das Nações Unidas, da
Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra as
Mulheres, novas concepções dos Direitos Humanos que tenham em conta a questão de
género, são exigidas. Ou seja, a ideia de que o homem e a mulher, enquanto seres
sociais, devem ter a oportunidade de fazer e refazer o mundo, deve nortear a construção
e implementação dos Direitos Humanos. (O Secretariado da Sociedade Civil, 2020).

Assim sendo, um olhar necessário e atento à questão de género na produção e


interpretação de dados sobre Direitos Humanos mostra-se crucial para a uma plena
compreensão da percepção dos Direitos Humanos pelos cidadãos moçambicanos,
principalmente, quando se sabe que problemas como, a feminização da pobreza, a baixa
representatividade das mulheres nos espaços de poder do Estado e da sociedade, o
distanciamento entre os instrumentos legais nacionais e internacionais e as práticas
sociais, etc. ainda minam a promoção e o respeito dos Direitos Humanos, em
Moçambique3 . O ter em conta a questão de género na elaboração deste relatório não
violará, no nosso entender, o critério da universalidade dos Direitos Humanos, antes
pelo contrário, reafirma a necessidade de entender os contextos e as sociedades em que
estão inseridos os moçambicanos e, consequentemente, apresentar uma radiografia mais
completa da questão da percepção dos Direitos Humanos pelos cidadãos
moçambicanos. (O Secretariado da Sociedade Civil, 2020).

2.5.Evolução da Proteção dos Direitos Humanos e dos Povos na África Os Direitos


Humanos e dos Povos nos Períodos Pré-Colonial e Colonial

A África durante seu período pré-colonial era composta de cidades independentes e


principados, reinos e impérios, sendo suas relações baseadas na soberania,
independência e cooperação. Apesar de não ser homogênea, nem cultural nem
politicamente8, havia uma série de características comuns que, ainda hoje, se
diferenciam de forma destacada dos padrões ocidentais.

Essas características podem ser resumidas, grosso modo, no conceito de ideal


comunitário. Este se distingue do mundo ocidental em função de três pontos cruciais,

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quais sejam: a) as pessoas não se vêem como indivíduos, nem se preocupam com seus
direitos individuais, sendo a cidadania atingida em razão do papel da pessoa na
comunidade, estando todas preocupadas com o grupo, com os direitos étnico-culturais;
b) as decisões políticas são tomadas através de consenso comunitário, devendo o chefe
consultar os mais velhos, que representam o povo – descarta-se a possibilidade de
"oposição leal", i.e., os leais fazem parte do grupo e os oponentes, por definição, não
são leais; e c) a riqueza é automaticamente redistribuída, não havendo conceito de
propriedade privada – o que faz com que o homem rico seja respeitado somente se ele divide
seus pertences com seus familiares e partícipes de seu grupo étnico social. Nota-se, portanto,
que o senso comunitário tinha como contrapeso dos direitos e privilégios certos deveres, que
poderiam ou não se refletir na violação de outros direitos.

Outros fatores de extrema importância em qualquer organização sócio-política pré-colonial


africana eram a família e a vila, ou tribo.

A terra contava pouco e por essa razão, para os Estados africanos, fronteiras eram algo móvel,
flexível, indefinido. Discutir se estes conceitos são tipicamente africanos ou não, i.e. se são eles
encontráveis na maioria das sociedades tipicamente agrárias, marcadas pelas relações pré-
capitalistas em estruturas não-estatais, não é importante. Essencial, isto sim, é dar-se conta de
que estas concepções mantiveram-se por séculos e que, ainda hoje, influenciam a tomada de
decisão – seja política ou jurídica – das sociedades africanas.

O período colonial significou a diminuição, senão a extinção por completo, do exercício dos
direitos humanos. Não havia respeito nem aos direitos civis e políticos, tampouco aos
econômicos, sociais e culturais. Não houve, no geral, preocupação por parte dos Estados
colonizadores quanto ao desenvolvimento econômico de suas colônias – pelo menos até o início
da segunda Grande Guerra, quando as exigências do estado de beligerância forçaram uma

consideração mais racional de seus recursos.

2.6.O CONFLITO ENTRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E A


UNIÃO AFRICANA: «SOLUÇÕES AFRICANAS PARA OS PROBLEMAS
AFRICANOS?»

Perante a incapacidade das instituições africanas para a luta contra a impunidade e para
a proteção às vítimas, entregou-se à justiça penal internacional, inspirada nas leis de
competência universal, o julgamento e punição dos autores dos crimes mais graves do
direito internacional, como o Tribunal Penal Internacional sobre o Ruanda adotado em
Roma em 17 de julho de 1998 e em vigor desde 1 de julho de 2002. O tpi está neste
momento a instruir ou a julgar os crimes contra a humanidade, de genocídio, de guerra e

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de agressão cometidos na Libéria-Serra Leoa, no Uganda, na parte oriental da República
Democrática do Congo, no Darfur, na Costa do Marfim e no Quénia, precisamente
devido ao abandono ou à ausência de instrumentos e instân- cias de controlo e garantia
dos direitos humanos em África

2.7.A Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos

O sistema de proteção dos direitos humanos em África foi impactado direitamente


pelas circunstâncias históricas da região. Principalmente nos quesitos relacionados com
o processo de descolonização e o direito à autodeterminação dos povos. Estes eram de
caráter central para a Organização de Unidade Africana, durante toda a década de 60 e
70 no continente. Pires (1999), destaca em seu artigo que o debate acerca dos direitos do
homem, apenas surge formalmente no Preâmbulo da Carta da OUA, referenciandose à
adesão aos princípios da Declaração Universal dos Direitos do Homem, ao direito dos
povos a disporem do seu próprio destino,assim como a cooperação em matéria de
respeito pelos direitos do homem. Na visão da autora, esta seria uma abordagem
demasiadamente “avara” e “tímida”, a qual causaria apenas uma interpretação dos
princípios gerais da declaração, impedindo interpretação “ao pé da letra”. Para Victor
Insali (2010), esta ausência se explicaria em decorrência do período pósindependência,
no qual os governos africanos estariam mais preocupados com o desenvolvimento
econômico e social de seu país e em manter a estabilidade política de seus governos, do
que em reconhecer e promover os direitos e liberdades.

Como resultado da conjuntura na qual foi criada, se estabeleceu com destaque na Carta
da OUA, os princípios do respeito pela soberania nacional e da não ingerência nos
assuntos internos dos Estados (Ouguergouz, 2003).

Durante quase 20 anos, a OUA mantevese inerte em relação as violações de Direitos


Humanos perpetradas no continente, defendendo que a questão se tratava de assuntos
internos dos Estados, e que não cabia a OUA ser o tribunal que julgaria os seus
membros em função das suas políticas internas. O fervor com que os países da OUA,
anteriormente, tinham denunciado as violações dos direitos dos povos nos resquícios do
colonialismo e nos regimes racistas da África Austral mostrouse fortemente contrastante
com o desinteresse demonstrado nas violações dos direitos dos indivíduos em território
de algum dos Membros da organização (Ouguergouz, 2003, P.3)

á no final dos anos 70, os países do ocidente iniciaram a condicionar os seus programas de
assistência humanitária ao respeito pelos Direitos Humanos nos Estados receptores. As
Nações Unidas chamaram a atenção para a necessidade de instaurar um sistema regional

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protetivo dos Direitos Humanos em África. Essa pressão internacional, gerou o inicio de
uma certa abertura política e introdução de modelos democráticos no continente (Insali,
2010).

Segundo(Tavares ,2013. P.3), a Carta teve influencia direta de alguns instrumentos de


defesa dos direitos humanos do sistema ONU, entretanto também possuiu características
próprias, principalmente conter em seu texto os deveres da pessoa humana e o fato de
além dos direitos individuais, os quais denominase como direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais), também defender os direitos coletivos, no texto
chamado de direito dos povo.

Uma analise da CAHPR como um todo é feita por Maria José Morais Pires, é quando
define que

A Carta Africana constitui naturalmente um contributo importante para o desenvolvimento do direito


regional africano e preenche uma lacuna em matéria de protecção dos direitos humanos. Tratase de um
progresso significativo, resultante de um compromisso entre as concepções políticas e jurídicas opostas, que
veio trazer ao direito internacional dos direitos humanos a consagração de uma relação dialéctica entre
direitos e deveres, por um lado, e a enunciação tanto de direitos humanos como de direitos dos povos, por
outro. As tradições históricas e os valores da civilização africana influenciaram os Estados autores da Carta,
a qual traduz, pelo menos no plano dos princípios, uma especificidade africana do significado dos direitos
humanos. (PIRES,1999, p.40)

Ainda acerca dos direitos dos Povos, a autora defende que estes são de forma geral
pouco elaborados na doutrina, definidos por esta de forma imprecisa. A inclusão deste
conceito no texto da carta, se deve ao histórico colonial do continente. Entretanto, não
se definiu nele o que se entende por povos, em razão desta discussão ser muito
controversa, o que certamente teria retardado a sua conclusão (PIRES,1999). Para
Garcia

Este entendimento constitui uma “ruptura” com a concepção ocidental dos direitos humanos, que
considera à luz da doutrina positivista, a dialéctica direitodever essencialmente baseada no
direito como um conjunto de prerrogativas, que originam por reciprocidade um feixe de deveres
ou obrigações. A “autonomização” dos deveres altera a natureza deste conceito, embora não
seja possível afirmar que a Carta estabelece uma relação hierárquica entre direitos e deveres,
nem tãopouco uma precedência dos direitos sobre os deveres (GARCIA,2014, p.43).

O texto da Carta ainda estipula que os países membros têm o compromisso de


reconhecer os direitos e deveres contidos em seu texto. Assim como a obrigação de
adotar medidas legislativas ou de outra natureza para os implementar domesticamente,
contemplando as áreas do ensino, da educação e da divulgação. Ademais de garantir

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“uma administração da justiça independente e de criar instituições nacionais para
promover e proteger os direitos humanos“ (TAVARES,2013).

. O autor reafirma, que “os seus autores optaram implicitamente por uma
solução que nos parece pouco compatível com a efectiva protecção dos direitos
nela enunciados.”(GARCIA, 2014, p.45).

Para corroborar sua análise, o autor cita as reservas do Egito em relação aos Direitos das
mulheres presente na carta, o que seria contrária à visão ocidental de direitos humanos e
ao conceite de indivisibilidade destes..Ainda em seu texto a Carta prevê “nos termos de
seu artigo 30, é criada uma Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, que
tem por competência promover os direitos humanos e dos povos e assegurar sua
respectiva proteção na África” (PIOVESAN,2014, p.298). A qual será tratada na
próxima seção deste artigo.

2.8.Comissão Africana de Direitos Humanos e dos Povos

Com o objetivo de resguardar e promover os direitos humanos, a OUA criou a


Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos, esta encontrase em
funcionamento desde 1987 e tem como sede Gâmbia. Como destacado por Piovesan
(2014), a comissão é “um órgão destituído de caráter jurisdicional, visto a natureza
nãoobrigatória de suas decisões.É um órgão político ou “quase
judicial”(PIOVESAN,2014,p.298)

A comissão executa suas funções através da ocorrência de, ao menos, duas reuniões
anuais, tendo cada aproximadamente duas semanas de duração. Estas são regidas por
seu Presidente em exercício e são realizadas na sede da Comissão em Banjul, no Estado
da Gâmbia. Há a possibilidade de se realizar eventuais sessões extraordinárias e,
mediante autorização prévia de seu Secretário administrativo, transferir as reuniões para
locais distintos de sua sede. Durante as reuniões, a Comissão é autônoma para decidir
entre realizar sessões abertas ao públicas ou às portas fechadas (BARROS, BRANT,
PEREIRA,2006).

A Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos tem três funções principais: a
promoção e a protecção dos direitos humanos, ademais da interpretação da Carta
Africana de Direito dos Homens e dos Povos. Em seu texto, Piovesan elucida
claramente as competências deste órgão, sendo estas:

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Cabe à Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos Povos promover os direitos
humanos e dos povos; elaborar estudos e pesquisas; formular princípios e regras;
assegurar a proteção dos direitos humanos e dos povos; recorrer a métodos de
investigação; criar relatórios temáticos específicos; adotar resoluções no campo dos
direitos humanos; e interpretar os dispositivos da Carta. Competelhe ainda apreciar
comunicações interestatais (nos termos dos artigos 47 a 49 da Carta), bem como
petições encaminhadas por indivíduos ou ONGs que denunciem violação aos direitos
humanos e dos povos enunciados na Carta (nos termos dos artigos 55 a 59 da Carta).

Em ambos os procedimentos, buscará a Comissão o alcance de uma solução amistosa .

(PIOVESAN,2014,p.299)

O tribunal possui como missão, complementar e reforçar as funções da Comissão na


promoção e defesa dos direitos, das liberdades e dos deveres do homem e dos povos nos
Estados Membros da União Africana. A Comissão, sendo um organismo parajudicial,
somente pode fazer recomendações, enquanto o Tribunal toma decisões vinculantes
(UA,2015).

2.9.O Tribunal Africano de Direitos Humanos e dos Povos

O Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos foi fundado com o objetivo de
complementar e reforça as funções da Comissão Africana dos Direitos Humanos e dos
Povos. Percebeuse durante os anos de atuação da Comissão a necessidade de criação de
um órgão verdadeiramente jurisdicional, ou seja, com as decisões com caráter
vinculante, para assim garantir uma melhor rede protetiva dos direitos humanos em
África. Sua criação foi estipulada no Artigo 1º do Protocolo à Carta Africana dos
Direitos Humanos e dos Povos, a qual foi aprovado pelos Estadosmembros da OUA, em
Junho de 1998. Como citado anteriormente, o Protocolo entrou em vigor em 25 de
Janeiro de 2004, após ratificação minima de 15 países. Sua criação representou um
grande passo no sentido de reforçar o sistema Africano de defesa dos direitos humanos,
mesmo que atualmente apenas 26 países da União Africana reconheçam a jurisdição do
órgão

Já em sua função contenciosa, o Tribunal poderá analisar os cados submetidos pela


Comissão ou pelos EstadosMembros. A aprovação de processos apresentados por
indivíduos e ONGs esta condicionado ao fato de os Estados dos quais os requerentes
sejam nacionais devem declarado, expressamente, que aceitam a submissão de
demandas individuais ao Tribunal, no momento da ratificação do documento ou
posteriormente,conforme versa o artigo 34º do Protocolo. Ou seja, no sistema africano

18
os indivíduos podem levar demandas diretamente ao Tribunal, assim como no sistema
europeu. Porém, o primeiro apresenta uma acessibilidade limitada.Segundo Piovesan,
até 2013 somente sete países haviam elaborado a citada declaração, sendo eles Burkina
Faso, Gana, Malawi, Mali, Tanzânia, Ruanda e Costa do Marfim (PIOVESAN,2014)

3.Metodologia

O trabalho consistiu numa pesquisas bibliografica e documento de cunho qualitativo


atraves da uma abordagen historica, descitiva e analiticas. Foram utilazados fontes
secundarios: livros, documentos, revista,

Na busca, foram selecionados artigos publicados no período que compreende os anos


entre 2007 a 2023, apenas um único estudo teve 2003 como seu ano de publicação. Na
busca por artigos na plataforma Google Acadêmico, através dos termos “Direitos
Humanos” e “Africa”, utilizando os critérios adotados, houve um total de 16.400
resultados. Além disso, nesta mesma plataforma, foram pesquisados “câncer de mama”
e “Revista Brasileira de Ginecologia”, obtendo 5.470 resultados.

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4.Cronograma

Actividades Junh Julho agosto Setembro Outobro Novembro


o
Mobilizacao das x x
pessosas para a
marchar na luta pela
liberdadedos direitos
humanos
Reunião com os x x x
represantantes das
organizacoes
humanirtaris
Emisaao da carta ao x x
governo para a
Manifestacao
organizada
Organizacao dos x x
materias
marcha x x

5.Orçamento

Materiais quantidade Valr Valor Total ( MT)


Unitario( MT)
Camisas 300 200 60.000,00
Panos Tecidos 150 m 100 15 000,00
Aparelho de Som 1 20,000,00 20 000,00
Alimentacao - 5.000,00/dia 5.000,00
Outros - 150.000,00 150.000,00

20
Total 250.000,00

6.REFERÊNCIA

S EVANS, Malcolm D.; MURRAY, Rachel. The African charter on human and
peoples’ rights: the system in practice — 19862000. Cambridge: Cambridge University,
2002. 400 p.

GARCIA, Walker Marcolino dos Reis. O Sistema Africano de Protecção dos Direitos
Humanos e a sua Garantia em Angola. 2014. 144 f. Dissertação (Mestrado) Curso de
Ciência Política, Universidade de Évora, Évora, 2014

INSALI, Victor. A proteção dos direitos e liberdades fundamentais na carta africana dos
direitos do homem e dos povos. 2010. 198 f. Dissertação (Mestrado) Curso de Direito,
Univerdidade Federal da Bahia, Salvador, 2010.

PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e Justiça Internacional: um estudo


comparativo dos sistemas regionais europeu, interamericano e africano. 5. ed. São
Paulo: Saraiva, 2014.

PIRES, Maria JosÉ Morais. CARTA AFRICANA DOS DIREITOS HUMANOS E


DOS POVOS. Documentação e Direito Comparado,v. 80, n. 79, p.335350, jul. 1999.

TAVARES, Raquel. O Sistema Africano De Protecção Dos Direitos Humanos. 2013.


Disponível em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/2_3/IIPAG2_3_1.htm>. Acesso em: 02
jul. 2015

UNIÃO AFRICANA. Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Banjul,1981

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APÊNDICE 1- NOTAS DAS ENTREVISTAS

.1. Detalhes da entrevista que séra realizada na Universidade Púnguè-tete Fonte:


Elaborado pelo Autor)

Data 15 de Junho de 2023

Local UNIVERSIDADE PÚNGUÈ-TETE


Hora 08 horas e 05 minutos
Duração 2 hora e 55 minuto
Tipo de Entrevista Entrevista Semiestruturada
Entrevistado Dr. João José Divala
Docente de literatura africana língua
portuguesa na Universidade Púnguè-Tete
objectivo Obter informação que como os direitos
humanos vem cido implemento nas epoca
pos colonial e como se faz sentir na
educação, politica e economia do Pais

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ANEXO EXEMPLO

Entrevista com Joaquim Muchanga, feita a 5 de Janeiro de 2018, na cidade de Nampula.


Formado em Psicologia e Pedagogia pela Universidade Pedagógica de Nampula,
sempre deu aulas de filosofia em várias escolas secundárias. Atualmente está
aposentado e dedica-se ao trabalho de coordenação do Fórum das Associações de
Nampula. Faz parte do movimento 8 de Março (período de transição).

1. Qual é a sua opinião em torno do respeito pelos Direitos Humanos em


Moçambique?

Desde o período dito de transição houve a violação dos direitos humanos, o próprio
movimento 8 de março cometeu muitas violações na medida em que obrigava aos
jovens a fazerem os cursos que não gostavam consequentemente fazer trabalhos que não
queriam. O governo da Frelimo comete muitas irregularidades, desde há muito tempo
que a Frelimo comete muitas irregularidades, até hoje moçambique é um estado
contraditório. No período o dito movimento 08 de março foi o próprio Estado que
contratava a mão-de-obra infantil, não havia liberdade de escolha do trabalho que queria
fazer. No período de Samora havia muitas irregularidades. Quando estávamos sendo
recrutados para irmos para exterior nos formar nos cursos que pelas ordens do próprio
Samora devias de fazer. Para ter ideia que havia muitas irregularidades, sabe, no meu
grupos dos que iam ser preparados para serem professores, havia colegas que não
queriam ser professores. Acontece que depois de poucos dias de formação, eles fugiram
da formação e foram se escondeu. Foram procurados até serem encontrados, mas
quando foram encontrados, foram brutalmente torturados até parem no hospital de tanto
ferimento, em seguida foram obrigados a voltar para a formação. O outro aspeto que
tanto violou e cometeu muitas irregularidades foi o sistema de reeducação. Nestes
centros as pessoas eram largadas sem mínimas condições básicas, resultado; muitos
morreram ora por causa da fome, ou devorados pelos animais salvagem, uma vez que
eram abandonados no meio da floresta para a partir do trabalho deles deviam construir
as casa e produzir os seus alimentos, não tinham hospitais, não tinha escolas.

2. Qual é a situação dos DH hoje no nosso País em relação a atuação da


polícia?

Hoje como sempre a PRM cumpre as leis do Estado, a PRM tema tarefa de aconselhar
pelo contrário ela faz-se de juiz, dão processos legais. Por causa do sistema, a PRM não
23
aconselha mas substitui o poder jurídico. A PRM hoje agem de forma muito arbitrária, e
eles agem com consciência (isso é por causa do sistema) porque sabe que o povo não ai
denunciar. Há muito medo na população de denunciar as violências que a PRM hoje
comete)

3. Qual é a sua opinião sobre os esquadrões da morte aqui em Nampula?

Já li uma entrevista do jornal a verdade sobre isso, mas não posso dizer que conheço um
esquadrão da morte aqui na nossa cidade. Para mim este polícia que depois pediu ao
jornal para revelar tudo sobre as mortes encomendadas por parte dos grandes do
governo, eu acho que ele ficou dececionado, porque foi prometido um valor de dinheiro
muito alto que nunca mais recebeu. Se ele não gostava de fazer porque aceirou treinar e
fazer esse trabalho ao longo desses anos todos. O militar quando é treinado é para abater
o inimigo, é ensinado a disparar para atingir o alvo. Enquanto os polícias aprendem a
disparar parar dispersar qualquer tumulto ou imobilizar o criminoso que ameaça as
vidas das pessoas e não para matar. Só para recordar, no ano passado (2016) o programa
televisivo Balanço geral trouxe dados que revelavam que em nemos de 30 dias a PRM
abateu mortalmente 30 criminosos..

4. Acha que o povo moçambicano conhece os DH?

O maior número da população não conhece os DH, porque as pessoas não têm acesso à
informação?

5. Acha que o aumento dos linchamentos tem a ver com a falta de


conhecimentos dos DH?

Não, o aumento dos linchamentos tem com a perda da confiança do povo em relação
aos seus governantes. O que acontece que basta o criminoso ter dinheiro não fica muito
tempo, paga e sai. Por essa razão como o povo está infeliz devia desobedecer ao estado
por isso que quando apanha um criminosa o povo resolve os problemas da sua forma, o
estado não protege o povo.

6. Qual é o nível de conhecimento dos DH dentro da organização que


coordena?

Os DH é um tema transversal, fala-se muito dos DH nas organizações do que no estado.


As organizações têm o desejo de divulgar os DH mas não têm fundos para isso. Os
membros participam ativamente, sabem os seus direitos e deveres. A sociedade tem
24
noção dos DH. No entanto ainda Moçambique precisa de muito trabalho em matéria de
ensinar os DH. Cada momento assistimos o agravamento na da violação dos DH; por
exemplo os linchamentos não havia nos períodos antecedentes aos nossos dias, a partir
dos anos 2000 até hoje cada dia os números de linchados está aumentar, isto leva a crer
que em moçambique a violência não está a diminuir, mas a aumentar. Os outros direitos
que são cada vez violados são os direitos políticos que estão muito comprometidos
porque não há liberdade. Por exemplo o povo de Nampula estava muito 195 bem com
Amurane40, que mantinha sempre a cidade muito limpa, as coisa eram diferem aqui,
mas como não era do sistema, algum grupo que não gostava da sua forma verdadeira e
competente de trabalhar por isso abateram-no. Os moçambicanos têm o direito de
viverem harmoniosamente, ter alguém que lhe proteja, mas ao contrário nós não temos
ninguém que nos proteja, mas aqui não há respeito pelos DH. O pior é que esta situação
de violação dos DH está cada vez mais a agravar. Se compararmos entre Brasil que têm
mais traficantes de droga e Moçambique que não é tato assim, aqui em moçambique os
polícias matam mais aos criminosos do em Brasil que a taxa dos crimes é mais elevada.
Por exemplo foi apanhado o traficante de droga mais perigosa do Brasil, ele foi
apanhado julgado e condenado a 300 anos de prisão, mas foi preservada a vida, mas se
fosse aqui moçambique, já estaria morto.

7. No nosso país não é permitido um civil ter arma, mas há pessoas que têm
armas, o que fazem com elas?

Aqui em Moçambique temos um número considerável de pessoas mortas pelas belas


ditas perdidas. O estado devia ser investigado e deveria assumir essas mortes porque
quem mata são as pessoas que são dadas as armas pelo próprio estado. Em Moçambique
quem tem as armas é só o Estado, que dizer que é ele que fornece a todos os outros
moçambicanos que têm e matam com elas. As tais balas perdidas é uma linguagem
usada para abater os indesejados, depois convocam os meios de comunicação social
para encobertar os crimes e ludibriar o povo da verdade. Depois fazem-se entrevistas a
pessoas previamente instruídas daquilo que devem dizer e não devem, são pessoas que
fazem parte do sistema. Por exemplo a questão da vala comum encontrada na Beira em
2016 que são corpos reconhecidos de pessoas que viviam junto da zona da onde está a
base da Renamo só por isso foi suficiente de matarem as pessoas porque eram
desconfiadas de serem do partido Renamo

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