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REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA E COMÉRCIO

POLÍTICA E ESTRATÉGIA COMERCIAL


2023 – 2032

Maputo, Março de 2023

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INDICE

PREFÁCIO ________________________________________________________________ 5
SUMÁRIO EXECUTIVO_____________________________________________________ 7
1. INTRODUÇÃO ________________________________________________________ 9
1.1. Antecedentes_______________________________________________________ 11
1.1.1. Contexto socio-económico em que acontece a revisão da Política Comercial _____ 11
1.1.2. Avaliação da Implementação da PEC-1998 ______________________________ 11
1.1.3. Evolução da Balança Comercial _______________________________________ 16
1.1.4. Contribuição do Comércio no PIB_____________________________________ 17
1.1.5. Sector monetário e cambial __________________________________________ 19

2. POLÍTICA COMERCIAL ______________________________________________ 20


2.1. Visão, Natureza, Missão, Objectivos e Metas da Política Comercial ________________ 20
2.1.1. Visão _________________________________________________________ 20
2.1.2. Natureza ______________________________________________________ 20
2.1.3. Missão ________________________________________________________ 20
2.1.4. Objectivos _____________________________________________________ 20
2.1.5. Metas da Política Comercial ________________________________________ 21

2.2. Princípios Orientadores_______________________________________________ 22


2.3. Pressupostos da Política Comercial ______________________________________ 22
2.4. Prioridades da Política Comercial _______________________________________ 23
2.5. Relevância da Política Comercial ________________________________________ 24
2.6. Áreas da Política Comercial ____________________________________________ 24
2.6.1. Comércio Interno________________________________________________ 24
2.6.2. Comércio Internacional ___________________________________________ 28
2.6.3. Comércio Electrónico ____________________________________________ 29
2.7. Papel do Sector Privado ______________________________________________ 29
2.8. Aspectos Institucionais _______________________________________________ 30

3. ESTRATÉGIA COMERCIAL ___________________________________________ 31


3.1. PILAR I – MELHORIA da EFICÁCIA do Mercado InternO ______________ 31

3.1.1. Vector Estratégico 1- Comércio Interno ______________________________ 31


3.1.2. Vector Estratégico 2- Comércio Informal _____________________________ 32
3.1.3. Vector Estratégico 3- Comércio Rural ________________________________ 33
2
3.1.4. Vector Estratégico 4- Licenciamento da Actividade Comercial______________ 34
3.1.5. Vector Estratégico 5 - Sistemas de Comercialização de Produtos Agrícolas ____ 34
3.1.6. Vector Estratégico 6 - Defesa do Consumidor, Propriedade Intelectual e
Concorrência___________________________________________________________35
3.1.7. Vector Estratégico 7- Desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas ____ 36
3.1.8. Vector Estratégico 8- Vias de Acesso _________________________________ 36

3.2. PILAR II- Maximização de Benefícios da Integração no Mercado Regional e


Global _________________________________________________________________ 36
3.2.1. Vector Estratégico 1- Comércio Externo ______________________________ 37
3.2.2. Vector Estratégico 2 - Diplomacia Comercial___________________________ 37
3.2.3. Vector Estratégico 3– Facilitação do Comércio _________________________ 37
3.2.4. Vector Estratégico 4- Infraestruturas de comércio, turismo, transporte e logística ____ 38

3.3. PILAR III - Políticas Transversais ____________________________________ 38


3.3.1. Vector Estratégico 1- Comércio Electrónico ___________________________ 38
3.3.2. Vector Estratégico 2- Parceria público-privada, protecção de direitos de
propriedade intelectual ___________________________________________________ 39

3.4. PILAR IV –DESENVOLVIMENTO DA Capacitação Institucional ________ 39


3.4.1. Vector 1- Mecanismo de Implementação da Política Comercial _____________ 39

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LISTA DE ABREVIATURAS

Af CFTA African Continental Free Trade Area (Zona de Comércio Livre Continental
Africana)
AGOA Lei de Oportunidades e Crescimento para Africa (abreviatura em inglês)
AMPCM Associação Moçambicana para Promoção do Cooperativismo Moderno
APE Acordo de Parceria Económica com a União Europeia
ARC Autoridade Reguladora de Concorrência
BMM Bolsa de Mercadorias de Moçambique
COMESA Common Market for Easten and Southern Africa (Mercado Comum para a
África Oriental e Austral)
DASP Direcção de Apoio ao Sector Privado
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nation (Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação)
GC Governo Central
GL Governo Local
INAE Inspecção Nacional das Actividades Económicas
INFOCOM Informação do Comércio (Boletim Informativo do Comércio)
INSS Instituto Nacional de Segurança Social
IPPC Convencao Internaciaonal de Proteccao de Plantas International
MIC Ministério da Indústria e Comércio
MPME’s Micro, Pequenas e Médias Empresas
OIE Organização Mundial de Saúde
OMC Organização Mundial do Comércio
PDEIR Plano de Desenvolvimento Estratégico Indicativo Regional
PEC Política e a Estratégia Comercial
PEDSA Plano Estratégico para o Desenvolvimento do Sector Agrário
PEI Política e Estratégia Industrial
PIB Produto Interno Bruto
PMEs Pequenas e Médias Empresas
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
RISDP Plano Estratégico Integrado de Desenvolvimento Regional da SADC
SADC Southern Africa Development Community (Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral)
SINEM Sistema de Informação e Negociação de Mercadorias
SPS Sanitary and Phytosanitary Measures (Medidas Sanitárias e Fitossanitárias)
TBT Technical Barriers to Trade (Barreiras Técnicas ao Comércio)
TFTA Tripartite Free Trade Area (Área de Comércio Livre Tripartida )
TIFA Trade Investment Framework Agreement (Acordo Quadro sobre Comércio e
Investimento)

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PREFÁCIO

A Política e Estratégia Comercial 2023-2032 é um


instrumento do Governo Moçambicano que foi elaborado
num contexto em que o mundo enfrenta grandes desafios.
Esta situação sublinha a urgência de, a curto e médio prazos,
se avançar para uma transformação da economia através do
aumento da produção nacional para melhorar a balança
comercial do país.

Com o final da Guerra Civil Moçambicana, o governo embarcou em uma série de reformas
macroeconómicas destinadas a estabilizar a economia, a aprovação e implementação do
Programa de Reabilitação Económica e Social nos anos 1987/1988 associada à celebração de
acordos internacionais, e às transformações da economia nacional, ditaram mudanças
substanciais na governação que obrigam a revisão de políticas.

Igualmente, é necessário reiterar o papel do comércio na redução da pobreza e para o aumento


da renda e prosperidade do povo moçambicano. A dinâmica da economia requer uma
coordenação entre várias instituições, trabalhando para o mesmo propósito.

A política comercial é fruto de uma longa e cuidadosa pesquisa, consulta e deliberação, por
isso, impõe uma abordagem integrada.

A PEC dá impulso às reformas robustas que o país tem implementado e traduz-se nos
compromissos assumidos a nível nacional, regional, continental, bilateral e multilateral com
vista a solidificar as políticas e criar oportunidade para a sua apropriação, contribuindo
igualmente para o fortalecimento da integração regional e consolidar o nosso país como um
parceiro comercial racional, confiável e previsível.

A política define as principais linhas de orientação nas áreas do comércio interno e externo,
realça as componentes de defesa do consumidor e concorrência, do comércio informal, rural e
electrónico, do associativismo e cooperativismo na perspectiva da formalização da economia,
acomoda as questões de direitos de propriedade intelectual, promoção e defesa da
concorrência, certificação de produtos e serviços e, aborda o regime comercial externo de
Moçambique.

A PEC visa promover a eficiência no crescimento do comércio interno por meio de medidas
transformacionais que abordam os constrangimentos e desenvolvimento dos sectores grossista,
retalhista e informal. O reforço da cadeia de abastecimento actual é, portanto, uma prioridade
nos esforços para o desenvolvimento sustentável dos sectores comerciais.

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Esta política procura, igualmente, criar e consolidar os mercados abertos para as exportações
de Moçambique, ao mesmo tempo em que mantém condições equitativas para os agricultores,
fabricantes, prestadores de serviços, criadores e inovadores para competir. Adicionalmente,
defende os trabalhadores e as empresas, promovendo as melhores práticas comerciais e
fazendo cumprir os direitos comerciais decorrentes dos acordos comerciais que o país é
subscritor.

O Governo está comprometido em proporcionar um quadro legal e regulatório favorável para


apoiar o crescimento e desenvolvimento do subsector da distribuição e do comércio grossista e
retalhista, com forte interligação com os sectores produtivos da economia como premissa da
industrailização e para facilitar a integração regional e continental.

Maputo, Março de 2023

Ministro da Indústria e Comércio

Silvino Augusto José Moreno

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SUMÁRIO EXECUTIVO

A Política e Estratégia Comercial de Moçambique de 1998 reflectiu as condições económicas


e sociais do País e a dinâmica do comércio interno e internacional na época. Para responder
às novas dinâmicas do mercado e à exposição dos desafios da conjuntura global, surge a
necessidade de Moçambique actualizar a Política e Estratégia Comercial à realidade
económica actual, nacional e internacional de forma a responder aos interesses económicos e
sociais do País nos próximos dez anos.

A Política e Estratégia Comercial de Moçambique de 1998 delineou a estratégia de


Moçambique para o desenvolvimento comercial através do estímulo à produção de bens e
serviços, para atender à demanda interna e para exportação, com destaque para a .
contribuição do comércio no abastecimento e segurança alimentar, promoção de uma rede
comercial eficiente e defesa do consumidor.

A Política e Estratégia Comercial 2023-2032 apresenta os objectivos, os princípios


orientadores, os pressupostos, as prioridades, as metas e as áreas de actuação,
designadamente o comércio interno, externo, informal, rural, electrónico, o investimento, a
propriedade intelectual, a defesa do consumidor, a livre concorrência, os mecanismos de
facilitação de comércio e um plano de acção que congrega intervenções a nível dos sectores
sócio-económicos do País, viabilizando a formulação, implementação, monitorização e
fiscalização do regime comercial nacional e internacional de Moçambique.

A revisão da Política e Estratégia Comercial pretende incorporar aspectos de melhoria do


ambiente de negócios, a internacionalização da economia, a agenda e compromissos do País a
nível da facilitação do comércio, o melhoramento da cadeia de valor, processamento de
produtos primários e a substituição de importações, através do estímulo às MPME's, ao
aumento da produção e produtividade interna , tendo em conta a dinâmica actual da economia
moçambicana face à crescente necessidade da sua melhor integração na economia mundial.

A melhoria da competitividade, a remoção de barreiras ao comércio e ao investimento com


vista à modernização e diversificação da base produtiva e ao desenvolvimento de infra-
estruturas de apoio ao comércio, são factores importantes para promover o crescimento
económico inclusivo e sustentável.

A Política e Estratégia Comercial visa impulsionar o desenvolvimento e facilitação do


comércio no País, estimular a produção e diversificação de bens e serviços de modo a
responder às necessidades do mercado interno e o incremento das exportações e dos
investimentos.

Esta Política é definida no contexto da visão estratégica, inclusiva e sustentável de longo


prazo, de tornar Moçambique num país agro-industrial, de renda média até ao ano de 2030,
com base em várias iniciativas e programas de dinamização de agro-negócios, do turismo, da
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energia, das infra-estruturas e sistemas de logística e do processo de industrialização
integrada.

Ela fornece directrizes objectivas e específicas para a implementação da agenda de comércio


nacional e internacional do Governo, estando projectada para garantir um ambiente político
consistente e estável no qual o sector privado, os investidores e consumidores podem operar
de forma eficaz e segura.

A Política e Estratégia Comercial deve:


a) Melhorar e fortalecer o desenvolvimento do mercado interno, para suprir as necessidades
internas, aumento da capacidade produtiva para substituir as importações e promover as
exportações;
b) Melhorar a distribuição da riqueza e o nível de vida da população;
c) Elevar a competitividade empresarial e da economia;
d) Consolidar a participação das MPME’s e das cooperativas no desenvolvimento
económico do país como forma de aumentar os níveis de geração de emprego e renda,
e) Integrar a economia nacional no mundo;
f) Consolidar a abertura do mercado interno aos produtos e serviços externos, impondo
reciprocidade de benefícios, concorrência e desafios acrescidos às empresas nacionais;
g) Defender o consumidor e promover a sã concorrência entre os agentes económicos;
h) Promover e apoiar a estruturação, profissionalização, modernização da rede comercial
rural e estimular o estabelecimento de mecanismos de criação e aceleração de empresas;
i) Adoptar o cooperativismo como alternativa para formalização da economia, alargamento
da base tributária, desenvolvimento inclusivo e sustentável;
j) Assegurar a transformação do sector informal para o formal;
k) Promover a construção de infra-estruturas comerciais, hídricas, ferroviárias e rodoviárias;
l) Promover a transformação, o processamento e conservação de produtos a nível local;
m) Promover o desenvolvimento da actividade turística nacional através da criação de
condições e infra-estruturas necessárias.

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1. INTRODUÇÃO
A economia moçambicana cresceu 4.15 por cento em 2022, após uma contracção de 1,2% no
crescimento real do Produto Interno Bruto em 2020, devido à covid-19. A taxa de Cambio em
2022 manteve-se estável face ao Dólar o que se reflectiu na fluidez no mercado cambial
nacional a traduzir um incremento das exportações. Em termos de média acumulada, os
câmbios observados foram de 63.90 MZN/USD em Dezembro de 2022 contra 63.79
MZN/USD registados em Dezembro de 2021. O País registou em Dezembro de 2022, uma
inflação média de 10.28%, da média de 5.3% prevista para o ano de 2022, contra 6.41%
registada em igual igual período de 2021.

O comércio rege-se pelo código comercial, regulamentos de licenciamento de actividades


económicas, legislação avulsa relativa a direitos e obrigações fiscais, laboral e de defesa do
consumidor, investimentos, política de preços e regimes de comercialização de produtos e
serviços.

O regime comercial externo de Moçambique, como resultado da operacionalização da


diplomacia económica, tem como base a negociação e o estabelecimento de diversos acordos
e protocolos comerciais de promoção e protecção de investimentos de âmbito multilateral e
bilateral, normal e preferenciais com incidência nos mercados africano, europeu, americano,
do médio oriente e asiático. No quadro multilateral, ressalta o Sistema Generalizado de
Preferências Tudo Menos Armas-TMA e o processo em curso da ratificação do Acordo da
Zona de Comércio Livre Continental Africana bem assim, a nível Bilateral, os esquemas
preferenciais dos Países Desenvolvidos, concedidos aos Países Menos Desenvolvidos, através
do Sistema Generalizado de Preferências (GSP).

A Política e Estratégia Comercial de 1998 delineou a estratégia de Moçambique para o


desenvolvimento comercial através de estímulo da produção de bens e serviços para atender a
demanda doméstica e para exportação. Igualmente, ela foi inovadora e continua actualizada
em muitos aspectos referentes a contribuição do comércio no abastecimento e segurança
alimentar, promoção de uma rede comercial eficiente e defesa do consumidor.

A revisão da Política e Estratégia Comercial tende a incorporar aspectos como a consolidação


das MPME’S, a melhoria do ambiente de negócios, a facilitação do Comércio, a promoção e
protecção de investimentos, o melhoramento da cadeia de valor e a substituição de
importações através do estímulo ao aumento da produção interna, tendo em conta a dinâmica
actual da economia moçambicana e da economia mundial.

A formulação da PEC tem em conta os principais instrumentos que orientam a governação, as


prioridades nacionais do desenvolvimento e os compromissos internacionais do Governo e
está alinhada com a Agenda 2025, Estratégia Nacional de Desenvolvimento, Programa
Quinquenal do Governo e em outros documentos relevantes para o desenvolvimento do país.
Inspira-se nos compromissos do país no quadro do sistema multilateral do comércio, nos
Objectivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 das Nações Unidas, na Agenda 2063 da

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União Africana e no Plano Estratégico Integrado de Desenvolvimento Regional (RISDP) da
SADC.

Esta política servirá de estímulo para o desenvolvimento económico e a transformação social


do país, abordando de forma incisiva os aspectos de desenvolvimento integrado, inclusivo e
sustentável, geração de emprego, renda e sua distribuição equilibrada e equitativa de riqueza
e bem-estar económico e social das populações.

A P E C promoverá, igualmente, a abordagem do desenvolvimento socioeconómico baseado


nas empresas no modelo, proporcionando sinergias para colmatar situações adversas em
conjunto e transformá- las em oportunidade para o desenvolvimento inclusivo.

Neste sentido, considerando que a Política e Estratégia Comercial deve ser o marcopolítico
orientador para o desenvolvimento do comércio e de investimentos, é complementada por
outras políticas e estratégias sectoriais, nomeadamente, a Política e Estratégia Industrial
(PEI), Política de Concorrência, Política de Emprego, Estratégia Nacional de
Desenvolvimento, Plano Estratégicode Investimento Privado e Exportações, o Programa
Nacional Industrializar Moçambique (PRONAI), o Plano Estratégico para o
Desenvolvimento do Sector Agrário (PEDSA), as Estratégias de Exportações, do Turismo, da
Energia, dos Transportes e Comunicações, da Comercialização agrícola e da Propriedade
Intelectual.

A P E C está estruturada em três partes, nomeadamente:

Política Comercial – Aborda o Conceito sobre Visão, Missão, Objectivos, Princípios


Orientadores, Prioridades, Pressupostos,Áreas da Política Comercial, Defesa do Consumidor,
Concorrência, Papel do Sector Privado e Aspectos Institucionais.

Estratégia Comercial – Aborda as acções que o Governo prossegue para a elevação da


eficiência do mercado nas componentes do Comércio Interno, investimentos, Comércio
Informal, Comércio Rural, Licenciamento da actividade económica, Sistemas de
Comercialização de produtos Agrícolas, Comércio Externo, Comércio Electrónico,
facilitação do comércio, Defesa do Consumidor e Concorrência e Aspectos institucionais.

Plano de Acção – Como m o meio para guiar ou operacionalizar a implementação da PEC,


com actualizações anuais, faz a calendarização das actividades que irão ser monitoradas e
avaliadas em cada sector, indicando, objectivos, acções, indicadores, metas, sectores
responsáveis e orçamento.

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1.1. ANTECEDENTES

1.1.1. Contexto socio-económico em que acontece a revisão da Política Comercial

A actual Política e Estratégia Comercial de Moçambique (PEC) foi aprovada em 1998 pelo
Conselho de Ministros através da Resolução nº 25/98 de 01 de Julho e oficialmente publicada
no Boletim da Republica, I série, número 26, de 07 de Julho de 1998. Ela reflectiu as
condições económicas e sociais de Moçambique e a dinâmica do comércio interno e
internacional na época. A revisão e actualização deste instrumento acontece numa altura em
que Moçambique continua a braços com efeitos combinados dos choques climáticos e do
conflito em algumas regiões da província de Cabo Delgado.

Na convicção de que o facto pode elevar os níveis de insegurança alimentar , levando a uma
ameaça ao potencial económico de investimentos nesta área, o Governo estabilizou a
situação com apoio das forcas regionais e pela elaboração e operacionalização de um plano
de reconstrução para as áreas afectadas. bem como do Programa de Resiliência e
Desenvolvimento Integrado do Norte de Moçambique (PREDIN). Trata-se de uma
abordagem de curto a médio prazo para a prevenção e mitigação de conflitos, coesão social e
resiliência, prevista para as Províncias de do norte do pais, Cabo Delgado, Niassa e Nampula.

Em 2020, Moçambique sofreu a sua primeira contracção económica em quase três décadas,
devida à pandemia da COVID-19 que afectou seriamente os sectores extractivo e de serviços.
Uma ligeira recuperação do crescimento em 2021 reflectiu por um lado, o resultado
combinado da recuperação no crescimento agrícola e nos serviços e, por outro lado um fraco
desempenho das indústrias extractivas e transformadoras.

Dados da atualização económica do Banco Mundial sobre Moçambique indicam a previsão


de uma aceleração do crescimento a médio prazo, situando-se numa média de 5,7% entre
2022 e 2024 à medida que a economia beneficia do início da produção de Gás Natural
Liquefeito GNL em 2022, esperando-se o estimulo do sector extractivo, aumento da procura
de serviços, o fomento das exportações e o crescimento da produção agrícola.

1.1.2. Avaliação da Implementação da PEC-1998

Apesar da Política e Estratégia Comercial não ter sido acompanhada de um plano de acção
nem prazo de validade que permitisse uma avaliação mais objectiva da sua implementação,
foi notória a realização de várias acções estratégicas relativas ao desenvolvimento do sector
do comércio definidas nos seus objectivos e prioridades.

A PEC de 1998 definiu, pela primeira vez, o comércio como sendo uma actividade
essencialmente baseada na iniciativa privada e como elo de ligação necessária entre a
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produção e consumo, o que mais tarde veio a ser consubstanciado na Lei nº.6/98, de 15 de
Junho, Lei do Comércio e no Regulamento de Licenciamento Comerci aprovado pelo
Decretonº.43/98, de 9 de Setembro.

Volvidos 25 anos da sua implementação, pode-se concluir que a PEC-1998, ficou aquém dos
objectivos que se propunha alcançar enquanto instrumento orientador de desenvolvimento do
sector comercial, uma vez que não foi possível com a sua implementação, o aproveitamento
cabal das oportunidades oferecidas no contexto da abertura do mercado interno aos produtos
e serviços externos, converter os operadores comerciais informais em formais , o aumento e
diversificação das exportações, a criação de uma reserva estratégica alimentar, mostrando –se
a necessidade da sua actualização em face de:

a) Novas dinâmicas do comércio rural e a carga da informalidade;


b) Novas dinâmicas do comércio de serviços;
c) Aproveitamento marginal do efeito da balança comercial e de capitais;
d) Questões da Facilitação do Comércio;
e) Dinâmicas da concorrência;
f) Evolução do posicionamento competitivo e comparado do país a nível regional e global;
g) Efeito orientador integrado que deveria ter nos transportes, turismo e nos investimentos.

Contudo, a PEC 1998 guiou a acção do Governo e dos agentes económicos na dinamização
da produção, com ênfase para a produção,através da comercialização agrícola, facilitada pela
aprovação sucessiva de estratégias e planos operacionais de comercialização agrícola.

A taxa média de crescimento da comercialização agrícola situou-se em 45% durante o


período da vigência da PEC-1998. O desenvolvimento e expansão da rede comercial,
conheceu um desempenho positivo, sobretudo, nas zonas urbanas e periurbanas, onde se
destaca o surgimento de grandes superfícies comerciais modernas e lojas de especialidade, a
rede comercial urbana conheceu um crescimento médio anual de 16 %.

A rede comercial rural desempenha um papel importante na comercialização dos excedentes


agrícolas da população para o mercado nacional e para a exportação, actuando como o ponto
de absorção dos excedentes dos produtorese de venda de produtos de primeira necessidade.

Para revitalizar a rede comercial nas zonas rurais, o Governo procedeu, ao abrigo do Diploma
Ministerial nº81/2008, de 24 de Setembro, à venda e reabilitação de lojas rurais abandonadas
e/ou destruídas durante a guerra de desistabilização, tendo muitas delas não sido alienadas,
em virtude de serem ruínas e localizarem-se em zonas isoladas, apesar dos preços de
adjudicação serem acessíveis. O nível de reabilitação e reinício de actividade por parte dos
novos proprietários (privados) ficou muito aquém do esperado.

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O balanço do Plano Económico e Social de 2017, indica que dos 3.866 estabelecimentos
comerciais rurais disponíveis para alienação, apenas 731 foram efectivamente alienados.
Esta situação deriva de problemas, de entre os quais se destacam, as dificuldades para a sua
expansão, a concorrência desleal, , o endividamento insustentável dos agentes, a
inexperiência de gestão de alguns agentes , a localização em zonas com índices de
insegurança elevados e/ou em que as populações não possuem fontes de rendimento de base
monetária, entre outros.

A construção e a reabilitação de infra-estruturas de armazenamento conheceu uma evolução


positiva, quer através da intervenção do Estado, quer através da acção dos privados. Embora
exista no país uma elevada capacidade de armazenamento, a localização da rede de armazéns
e silos para a comercialização agrícola e segurança alimentar mostra-se distante para cobrir as
necessidades, particularmente nas zonas de difícil acesso, de modo a garantir a armazenagem
e conservação dos produtos agrícolas.

Foi criado no Ministério da Indústria e Comércio (MIC), um sistema de recolha,


processamento e disseminação de informação sobre preços e mercados agrícolas nacionais,
regionais e internacionais(INFOCOM). Este sistema permitiu melhorar a orientação dos
produtores (em especial de pequenos produtores) e outros intervenientes na comercialização
agrícola e teve como impacto a facilitação e redução de custos nas transacções comerciais,
pesquisa de preços e mercados para compra ou venda de produtos negociação na hora de
contratos imediatos ou futuros a partir de qualquer ponto do país..

O sector privado expandiu e diversificou a sua presença no mercado, passando a


desempenhar um papel preponderante na comercialização agrícola, no processamento e
exportação de produtos agrícolas. Todavia, apesar dos esforços em curso para o
melhoramento dos constrangimentos de ordem financeira, ambiente de negócios, cobertura
de infra-estruturas comerciais e de comunicação, a presença do sector privado mostra-se
ainda insuficiente para cobrir na totalidade as necessidades do mercado em todo o país.

Para assegurar o escoamento, conservação e venda de produtos agrícolas, garantir reservas


estratégicas para a segurança alimentar e estabilização de preços na comercialização agrícola
foi revisto, através do Decreto nº 62/2016 de 26 de Dezembro, o mandato do ICM, passando
a ser facilitador e o comprador de último recurso. Contudo, o ICM,IP ainda não foi dotado de
recursos, sobretudo financeiros, para cumprir com este desiderato.

Com a extinção do Fundo de Comercialização surgiu a necessidade de criação de um


mecanismo de apoio aos intervenientes na comercialização e financiamento para a criação de
reserva alimentar. Nessa perspectiva, foi criado, através do Decreto nº 33/2019 de 29 de
Abril, o Fundo Rotativo para a Comercialização Agrícola (FRCA) com o objectivo de dar
maior flexibilidade e dinamismo à comercialização agrícola, pelo financiamento dos
intervenientes da cadeia de comercialização, cuja gestão é assegurada pelo Instituto de
Cereais de Moçambique, Instituto Público (ICM,IP) através da constituição de linhas de
crédito em Parceria com instituições financeiras.

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Foi criada a Bolsa de Mercadorias de Moçambique, abreviadamente designada por BMM,
através do Decreto 36/2012 de 17 de Outubro, cujo mandato pressupõe o estabelecimento de
um mercado organizado de mercadorias, zelando pela sua organização, funcionamento,
eficiência e transparência, incluindo a negociação de qualquer espécie de mercadorias e
contratos, sejam eles para transacção nas modalidades à vista ou de liquidação futura. O
mercado criado pela BMM deve ser organizado sob princípios de: benefícios partilhados
entre os agentes de mercado; eficiência de mercado; integridade do sistema; padronização de
critérios de classificação da qualidade; sustentabilidade financeira, material e de recursos
humanos; e, transparência das transacções e operações.

O Decreto orienta à BMM a competência de organizar o mercado de mercadorias, e


desenvolver uma Plataforma Electrónica, com módulos e aplicativos que permitam ao
público realizar operações comerciais de mercadorias agrícolas e não agrícolas, na
modalidade de leilões e apregoação por oferta, presenciais e/ou electrónicos e difundir
informações sobre mercados (incluindo preços, quantidades, qualidades) e outros dados
económicos e estatísticos relevantes sobre stocks e fluxos de mercadorias.

Pelas atribuições, compete ainda à BMM “constituir depósito seguro de produtos com
garantia de um título válido para efeitos de crédito”. Para este fim, o Governo aprovou, por
Decreto n.º 100/2014 de 31 de Dezembro, o Regulamento do Certificado de Depósito que
confere à BMM a competência de emitir Certificados de Depósito e de autorizar a sua
emissão por terceiros (e.g. armazenistas, públicos e privados), cujo operacionalização esta em
processo de consolidação.

A Política e Estratégia Comercial de 1998 referencia o papel socioeconómico do comércio


informal com base no qual foram desenvolvidas acções específicas para apoiar a sua
transição para o formal. A simplificação de procedimentos e a descentralização dos processos
de licenciamento, bem como a criação de infra-estruturas adequadas ao exercício desta
actividade constituíram principais linhas de força para a indução à formalização dos
operadores informais. Contudo, de acordo com as reflexões feitas pelo MIC, aquelas medidas
não foram suficientemente robustas para converter os operadores comerciais informais em
formais devido a vários aspectos, dentre eles o uso dissimulado do sistema informal por
operadores comerciais formais como plataforma para fuga ao fisco e ao controlo das
autoridades. Outrossim, as infra-estruturas criadas e colocadas à disposição dos comerciantes
informais, tais como mercados municipais e outros, não são usadas, continuando a observar-
se a realização do comércio fora delas.

No comércio externo, durante a vigência da PEC-1998 não se verificou aumento nem


diversificação das exportações e o aprovisionamento do mercado interno com matérias-
primas devido a combinação de vários aspectos adversos. A balança comercial continuou a
ser dominada pela importação de bens de consumo finais com maior ênfase para os
alimentares e, de produtos intermédios para suportar a indústria de manufactura.

Com efeito, a taxa de crescimento do PIB do ano 2000 a 2015 esteve acima dos 7%. De 2015
a 2018 o crescimento real do produto interno bruto desacelerou para 3,8% em 2016, 3,7%
14
em 2017, 2.5% em 2019, -1.28% em 2020 tendo um ligeito aceleramento de 2.1 % em 2021
e 4.15% em 2022.

1.1.2.1. Lições Aprendidas

A elaboração da Politica e Estratégia Comercial (2023-2032) teve em consideração as lições


aprendidas na avaliação feita à Política e Estratégia Comercial de 1998, sobre as quais
assentam as linhas estratégicas para a concepção desta política, designadamente:
a) Necessidade de maior inclusão, cometimento e envolvimento de todos os intervenientes
do processo de implementação e operacionalização da Política e Estratégia Comercial
bem como o desenvolvimento de um ambiente institucional favorável e propício para
garantir o sucesso e o alcance dos objectivos preconizados;
b) Necessidade de actualizar e socializar as principais políticas e regulamentos sectoriais
relativos ao comércio. Por outro lado, a pertinência da indicação clara dos papéis
institucionais dos sectores público e privado na implementação da Política Comercial;
c) Necessidade da concepção de um modelo de mobilização de fundos para a
implementação da Política Comercial;
d) Necessidade da concepção de um mecanismo de implementação, monitorização e
avaliação da Política Comercial; e
e) Necessidade de um plano de acção que indique os custos e recursos, responsabilidades de
cada interveniente, metas ambiciosas e mensuráveis no horizonte temporal de sua
vigência.

1.1.2.2. Factores críticos de sucesso.

As condições ou variáveis sem as quais a implementação da Política e Estratégia Comercial


não pode lograr sucesso compreendem:

 Consolidação da Paz e Estabilidade Política do pais.

Moçambique continua a caminhar firmemente na consolidação da paz e estabilidade política,


com destaque para o Desarmamento, Desmobilização e Reintegração (DDR), dos antigos
guerrilheiros e nos esforços para a normalização do clima de segurança nas zonas centro e
norte do país.

No que se refere a restauração do clima de segurança nas zonas afectadas pelo terrorismo em
Cabo Delgado, destaca-se a intervenção das Forças de Defesa e Segurança (FDS) de
Moçambique conjuntamente com as forças armadas de Ruanda e da Comunidade de
Desenvolvimento da África Austral (SADC)., Ambiente macro económico favorável ao
comércio.

15
O ambiente de negócios em Moçambique deve ser mais atractivo para investimentos e
assumir uma posição de referência no ranking regional e mundial, através da simplificação de
procedimentos para fazer negócios e melhorar a competitividade nos negócios, tendo como
linhas de força a colocação do investidor nacional como foco pelo papel que desempenha na
economia através de micro, pequenas e médias empresas, como verdadeiro mobilizador de
sinergias técnicas e financeiras para o desenvolvimento.

 Inclusão das acções estratégicas sectoriais da PEC no ciclo de planificação e


orçamentação dos respectivos sectores.

Disponibilidade de fundos para os diferentes programas do Governo tem se mostrado como


o grande constrangimento para a implementação e operacionalização dos mesmos. Nestes
termos, a inclusão das acções estratégicas sectoriais da PEC no ciclo de planificacao e
orçamentação de cada sector anualmente, mostra como uma solução a avançar para o efeito.

 Coordenação inter sectorial na implementação da PEC

O processo de implementação da Política e Estratégia Comercial requere o cometimento,


coordenação e articulação de todos os intervenientes e deve envolver acções articuladas e
coordenadas de várias instituições a todos os níveis, central e local , sendo o Ministério da
Indústria e Comércio a entidade responsável pela coordenação das acções.

1.1.3. Evolução da Balança Comercial

Estrutura das Exportações de Moçambique

A composição das exportações de Moçambique ainda é limitada a alguns produtos agrícolas


tais como castanha de caju, algodão, açúcar bruto, tabaco, produtos da pesca,
electricidade, recursos minerais tais como, carvão, gás natural, pedras preciosas para
além do alumínio. Os volumes de exportação aumentaram a partir do momento em que o
alumínio se tornou a exportação dominante, chegando a atingir quase dois terços do total das
exportações.

Os principais mercados destinatários das exportações são: A Europa com um peso de 34%,
seguido da Ásia com 20%, África com 19% e América com 2%. A tabela a baixo mostra os
principais destinos das Exportações do país.

Gráfico 1: Evolução da Balança Comercial de Moçambique 2005 -2022

16
Fonte: INE, Compilado pelo MIC

A economia de mercado aliada aos processos de integração regional impôs concorrência e


desafios às empresas nacionais, por um lado, mas por outro trouxe benefícios ao consumidor
disponibilizando bens e serviços diversificados e a preços mais baixos e competitivos.

No âmbito dos compromissos internacionais, seja dos acordos de liberalização comercial ou


de investimento, Moçambique deverá criar e implementar um quadro legal que lhe possibilite
salvaguardar a economia seja contra prácticas desleais ao comércio (dumping e subsídios) e
medidas de protecção da indústria nascente.

Ao longo dos anos de vigência da Política e Estratégia Comercial desde 1998, foram
implementadas várias medidas de promoção comercial do país, que incluem a organização e
participação em feiras comerciais, realização de missões comerciais e de negócios, colocação
de representantes comerciais nas missões diplomáticas de Moçambique.

1.1.4. Contribuição do Comércio no PIB

Segundo dados do INE, divulgados em Fevereiro de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do
país registou um crescimento de 4,15 2% em 2022, como reflexo da retoma da actividade
económica resultante do levantamento gradual das medidas de contenção da COVID-19 que
impulsionou o consumo privado, alimentando a recuperação dos serviços.

A Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Caça tiveram um desempenho positivo, com


crescimento conjunto cumulativo de 4.63% para os quatro trimestres.Este desempenho foi
influenciado pelo aumento da área cultivada para sementeira das culturas de milho, mapira,
feijões, gergelim, algodão e o aumento da produção de cana-de açúcar.

O Ramo da Pesca e Aquacultura no período em análise, em termos acumulados registou


um crescimento de 1.39% nos quatro trimestres, devido ao bom desempenho das três
componentes deste ramo, nomeadamente, Pesca Artesanal, Pesca Industrial e Semi-Industrial
e Aquacultura.

A Indústria Extractiva registou um desempenho positivo em termos cumulativos na ordem


de 10.55%, influenciado com o início da produção de gás na Bacia do Rovuma, o aumento da
17
produção do carvão térmico e coque, a subida dos níveis de produção de areias pesadas, de
grafite e de outros minerais.

No ramo da Indústria Transformadora, o desempenho foi negativo, situando-se em -


0.08%, quando comparado com igual período de 2021. Este desempenho negativo foi
influenciado pela estabilização da produção de alumínio, decréscimo da produção do cimento
e na produção de produtos alimentares

Para Electricidade, Gás e Água, no período em análise, registou um crescimento na ordem


de 2.76%, motivado pelo aumento da produção da HCB que tem um peso de 80% na
estrutura produtiva deste ramo, não obstante o decréscimo da produção da electricidade por
via térmica e solar. A Produção e a distribuição da água também registaram desempenho
positivo devido ao aumento de fontes de abastecimento de água.

Para Construção, o desempenho deste ramo situou-se em 0.55%, pese embora a subida de
preço de materiais de construção, como o cimento e ferro.

O ramo do Comércio e Serviços de Reparação registou um desempenho positivo, quando


comparado com o mesmo período de 2021, situando-se em 2.94%.

No ramo dos Transportes e Comunicações, o desempenho situou-se em de 9.41%, com o


alívio das medidas de contenção dos impactos da COVID-19, que influenciou positivamente
o desempenho dos transportes ferroviários de carga e de passageiro, bem como dos
transportes rodoviários de passageiros e de carga.

O ramo de Hotéis e Restaurantes registou uma recuperação, situando-se em 12.79% devido


ao alívio das restrições impostas pela COVID-19 que permitiu a livre circulação de pessoas e
bens.

Tabela 4 – Taxa de crescimento do PIB por ramos de actividade, 2022

1 Agricultura, Producao animal, Caça, e Florestas 4.63


2 Pesca 1.39
3 Industria Extrativa 10.55
4 Industria Transformadora -0.08
5 Electricidade, Gas, Agua 2.76
6 Construção 0.55
7 Comercio e Servicos 2.94
8 Hoteis, Alojamento, Restauracao e Similares 12.79
9 Transporte e Armazenagem, Informacao e Comunicacao 9.41
10 Servicos Financeiros e Seguros 2.86
18
11 Aluguer de Imoveis, Servicos Prestação de Empreitadas 1.81
12 Administracao Publica, Defesa e Seguranca Social 1.86
13 Educação 3.19
14 Saude Humana e Accao Social 2.10
Taxa de crescimento do PIB(%) 4.15

Fonte: MEF, INE Fevereiro 2023

1.1.5. Sector monetário e cambial

Como medida de política e na perspectiva do controlo da inflação para o curto e médio prazo
a taxa de juro de política (a taxa MIMO) foi fixada em 200 pontos base (pb), para 17.25%
pelo Comité de Política Monetária do Banco de Moçambique em 2022.

Taxas de Câmbio

Em 2022, o Metical manteve-se estável face ao Dólar o que se reflectiu, essencialmente, na


fluidez no mercado cambial nacional, a traduzir um incremento das exportações. Em termos
de média acumulada, os câmbios observados foram de 63.90 MZN/USD em Dezembro de
2022 contra 63.79 MZN/USD registados em Dezembro de 2021.

Inflação

O País registou em Dezembro de 2022, uma inflação média de 10.28%, da média de 5.3%
prevista para o ano de 2022, contra 6.41% registada em igual igual período de 2021.

19
2. POLÍTICA COMERCIAL
2.1. VISÃO, NATUREZA,MISSÃO E OBJECTIVOS E METAS DA POLÍTICA
COMERCIAL

2.1.1. Visão

Transformar Moçambique numa economia produtiva, competitiva, formal esustentável,


orientada para auto-suficiência, exportação, investimentos e integrada no mercado regional e
global.

2.1.2. Natureza

Política Comercial é o conjunto de princípios, objectivos, prioridades e acções que baseadas


na política económica do país, visam impulsionar o desenvolvimento do sector comercial,
com vista a estimular a produção de bens e serviços para responder às necessidades do
mercado interno e para a exportação, usando o capital humano e os recursos naturais numa
base sustentável.

2.1.3. Missão

Desenvolver e acelerar um sector comercial integrado, assente na iniciativa privada, que


promova a participação na integração económica no comércio internacional.

2.1.4. Objectivos

Objectivo Geral

Promover o desenvolvimento do comércio no país, estimulando a produção e a diversificação


de bens e serviços, aumento das exportações e a promoção de investimentos de modo a
responder às necessidades dos mercados nacional e internacional em conformidade com a
Estratégia Nacional de Desenvolvimento.

Objectivos Específicos

A Política Comercial persegue os seguintes objectivos específicos:


20
a) Criar um ambiente interno favorável a uma economia aberta e orientada para
exportação e investimentos;
b) Criar um ambiente favorável para o crescimento do comércio interno de
investimentos;
c) Optimizar os benefícios da integração de Moçambique na economia mundial.

2.1.5. Metas da Política Comercial

A Política comercial preve imprimir mudanças quantitativas e qualitativas na estrutura


comercial do país nos próximos dez anos de sua vigência.

Metas quantitativas

São aspiração nocontexto da transformação a longo prazo da estrutura comercial nacional


guiadas e motivadas pelo actual desempenho económico do país associado às suas
potencialidades.

Indicadores Ano Base 2021 2024 2027 2030

Substituição de importações (em %) 0 10% 12% 15%

Aumento de Exportações de produtos 0 5% 10% 15%


industriais (em %)

Metas qualitativas

Visam mostrar o impacto e resultados que se pretentem alcançar sobre a estrutura comercial
do país nos próximos dez anos, como sendo:

a) Melhorar a eficácia e eficiência do mercado interno


b) Maximizar os benefícios da integração no mercado regional e global
c) Aumentar o uso das vantagem comparativas e competitivas para retirar maiores
benefícios da integração regional e global ;
d) Diversificar e ampliar a base comercial e as interdependências.
e) Consolidar a abertura do mercado interno aos produtos e serviços externos, impondo
reciprocidade de benefícios, concorrência e desafios acrescidos às empresas nacionais;

21
2.2. PRINCÍPIOS ORIENTADORES

A Política reconhece as oportunidades e os desafios que Moçambique enfrenta a nível


nacional e na sua integração na economia mundial, pelo que será implementada de acordo
com os seguintes princípios:

a) Complementaridade: apoiar os objectivos de desenvolvimento social e económico


de Moçambique conforme plasmado nas prioridades nacionais e estratégias sectoriais
aprovadas pelo Governo;

b) Coordenação: implementar a Política e Estratégia Comercial em coordenação e


cooperação com outros ministérios, agências governamentais e de desenvolvimento e
sector privado;

c) Diplomacia Económica: desenvolver acções que contribuam para a afirmação e


promoção sustentável e credível no exterior da capacidade económica nacional do país.

d) Sustentabilidade – implementar a Política e Estratégia Comercial de forma


sistémica, inclusiva, local, global e transversal.

e) Multissectorialismo e transparência- privilegiar modelos mais inclusivos e


participativos que levam a decisões mais trabalhadas e consensuais baseadas na equidade
e transparência

2.3. PRESSUPOSTOS DA POLÍTICA COMERCIAL

A redução das imperfeições do mercado visando o alcance de uma maior organização dos
intervenientes e que propicie o desenvolvimento dos sectores produtivos, especialmente as
cooperativas, as micro, pequenas e médias empresas bem como orientação para o
estabelecimento do modelo e abordagem-fim do comércio externo do paísconstituindo-se em
pressupostos da Politica Comercial, nomeadamente:

a) A facilidade e fluidez das trocas comerciais;


b) A disponibilidade de bens, produtos e serviços aos consumidores;
c) O alcance da segurança alimentar e nutricional;
d) A estabilidade de preços;
e) A redução da dependência económica do exterior;
f) Concorrência leal e defesa do consumidor;
g) A integração regional e participação no comércio internacional;
h) Melhoria das condições de acondicionamento de produtos;
i) Mecanismos operacionais de facilitação do comércio;

22
j) Geração de emprego e renda.

2.4. PRIORIDADES DA POLÍTICA COMERCIAL

A identificação de prioridades é fundamental para a materialização dos objectivos da Política


Comercial, bem como garantir que os recursos financeiros e humanos disponíveis possam ser
alocados de forma mais eficiente e efectiva. A Política Comercial orienta-se pelo seguinte:

a) Comercialização de bens e serviços no geral, e de produtos agrícolase a promoção da


segurança alimentar;
b) Garantia do aprovisionamento do mercado nacional em bens, matérias-primas e
equipamentos para impulsionar a produção e comercialização de bens para o consumo e
exportação;
c) Eliminação das barreiras administrativas;
d) Simplificação e transparência na legislação comercial;
e) Promoção da integração económica rural e urbana para reduzir as assimetrias locais e
regionais;
f) Aumento e diversificação das exportações e de investimentos;
g) Incremento da cooperação e integração económica ao nível regional e internacional;
h) Coordenação intersectorial visando a promoção dos sectores privado e cooperativo;
i) Assegurar a inclusão do cooperativismo nas políticas e estratégias nacionais;
j) Elaboração de legislação e de um ambiente favorável ao desenvolvimento do comércio
electrónico no país;
k) Implementação dos compromissos internacionais de comércio;
l) Inclusão das questões do meio ambiente e género nas políticas e estratégias nacionais;
m) Coordenação intersectorial visando a promoção dos sectores privado e cooperativo;
n) Diálogo permanente, governo e instituições financeiras para facilitar o acesso ao
financiamento às PMEs;
o) Adopção de medidas que encorajem a inclusão e participação de investidores nacionais
nos empreendimentos estrangeiros;
p) Facilitação do comércio;
q) Promoção atraves da viabilização de investimentos a construção de infra-estruturas
comerciais, hídricas, ferroviárias, rodoviarias, barragens, cabotagem, dos principais
corredores de desenvolvimento e mecanismos para facilitar o desenvolvimento dos
sectoresdo turismo e de aviacao;
r) Promover a transformação, o processamento, conservação e acréscimo de valor aos
produtos a nível local;

23
s) Promover a criação de mecanismos e infraestruturas para dinamizar o sector do turismo; e
t) Estabelecer o quadro jurídico regulador ao exercício da actividade comercial.

2.5. RELEVÂNCIA DA POLÍTICA COMERCIAL

Pretende-se com o estabelecimento de uma Política Comercial, o seguinte:

a) Definir os objectivos e as prioridades do desenvolvimento comercial no quadro da


política económica global;
b) Traçar as grandes opções que guiarão o desenvolvimento do sector comercial do país;
c) Garantir a previsibilidade na actuação do Estado e;
d) Definir o quadro de intervenção do Estado em matéria comercial

2.6. ÁREAS DA POLÍTICA COMERCIAL

São áreas da Política Comercial:

2.6.1. Comércio Interno.


2.6.2. Comércio Internacional.
2.6.3. Comércio Electrónico.

2.6.1. COMÉRCIO INTERNO

O comércio interno é um dos principais sectores da actividade económica moçambicana a


nível dos meios rurais e urbano.

Constituem prioridades da Política Comercial nesta área, os seguintes objectivos:

a) Promover, melhorar, profissionalizar e modernizar a rede comercial através da


reorganização e normalização do seu funcionamento, privilegiando a categorização e
especialização dos estabelecimentos, particularmente nas zonas urbanas, periurbanas e
rural;
b) Consolidar os processos de descentralização, desconcentração e simplificação de
procedimentos do licenciamento das actividades económicas;
c) Prosseguir com a modernização e impulsionar a celeridade do sistema de
licenciamento, usando tecnologias modernas de informação e comunicação;
d) Organizar o comércio fronteiriço e rever o papel e o lugar das instituições públicas
que intervêm no processo;
e) Divulgar, proteger e promover os direitos fundamentais do consumidor no contexto
de uma economia de mercado;

24
f) Promover a adesão às normas de qualidade, propriedade industrial e medidas
sanitárias e fitossanitárias;
g) Promover a Melhoria do Ambiente de Negócios;
h) Promover a mobilização de recursos financeiros para apoio a criação e ao
desenvolvimento do empresariado nacional e da produção;
i) Promover a Capacitação e Desenvolvimento Institucional;
j) Promover o desenvolvimento do movimento cooperativo com base nos princípios
internacionais do cooperativismo;
k) Promover a implantação de infra-estruturas rodoviárias para ancorar o desenvolvimento
económico dos distritos do país, dando primazia aqueles com maior potencial económico
obedecendo ao princípio da complementaridade com os sistemas modais marítimos,
ferroviários aéreos; e
l) Promover o desenvolvimento e competitividade do empresariado privado nacional,
igualdade de género e redução das desigualdades sociais, e
m) Promover a criação de condições especiais para o desenvolvimento do comercio através
de implantacao de zonas económicas especiais.

2.6.1.1. COMÉRCIO INFORMAL

O comércio informal desempenha um papel importante na realização de trocas comerciais,


preenchendo o espaço que o sector formal ainda não consegue cobrir. Em face da
liberalização e da globalização, o comércio informal continua a ser o ponto de entrada para a
maioria das empresas e empreendedores emergentes, sob a forma de Micro Empresas,
desempenhando igualmente um papel importante no comércio transfronteiriço através de
actividades de carácter informal de operadores nas zonas de fronteira. O desafio é formalizar
o comercio informal e integrá-los no contexto da integração nacional, regional e bilateral.

Constituem prioridades do Governo para a formalização do comércio informal os seguintes


objectivos:

a) Introduzir e implementar mecanismos deferidos de registos fiscal e licenciamento de


actividades económicas;
b) Promover e operacionalizar o controlo de novas formas de organização e
profissionalização do comércio informal;
c) Promover a integração progressiva do sector informal no comércio formal, através da
assistência empresarial, criação de infra-estruturas comerciais e implementação de
medidas apropriadas e de um clima propício ao desenvolvimento da actividade comercial
no plano formal;

25
d) Monetarizar a economia nas zonas rurais, através da extensão dos serviços financeiros
inclusivos;
e) Maximizar a divulgação das vantagens da formalização para atrair os operadores
informais

2.6.1.2. COMÉRCIO RURAL

O comércio rural desempenha um papel fundamental na geração de renda e no crescimento


económico das famílias Moçambicanas. A sua revitalização é um imperativo para a
diversificação da economia comunitária e desenvolvimento sustentável.

Constituem prioridades da Política Comercial nesta sub-área,os seguintes objectivos:

a) Estabelecer um quadro legal que simplifica e regula o exercício da actividade


comercial;
b) Promover a expansão e diversificação do comércio rural;
c) Promover novas formas de organização do comércio rural que evite e desincetive o
comércio extrativo;
d) Criar mecanismos e oportunidades para a participação dos camponeses em
mercados de bens agrícolas;
e) Promover acções específicas para que os produtores e comerciantes possam
comercializar as mercadorias via Bolsa;
f) Criar um quadro legal que estimule os principais intervenientes a transacionarem
mercadorias estratégicas via BMM;
g) Estimular o uso da Plataforma Electrónica de Negociação de Mercadorias para a
promoção e comercialização agrícola;
h) Promover acções específicas focalizadas para a melhoria da economia familiar e da
cadeia de valor;
i) Promover o aumento da produção agrícola através da comercialização no meio
rural, ampliação de infra-estruturas que impulsionam a comercialização, expansão da
malha de estradas, postos de abastecimento de água e energia;
j) Melhorar a capacidade dos pequenos empresários, das cooperativistas e das
associações de produtores no ramo do comércio rural;
k) Promover acções com vista a redução dos custos das transacções comerciais e
condições de acesso aos serviços;
l) Dinamizar, incentivar e promover financiamento ao empreendedorismo e o
cooperativismo;
m) Promover as ligações de mercado entre o meio rural e urbano e a transferência de
excedentes de produção agrícola das zonas de produção para as de consumo;
26
n) Promover a construção de infra-estruturas rodoviárias, de conservação e de represas
de água para irrigação, transportes e conservação de produtos agrícolas e aquisição de
insumos.

2.6.1.3. SISTEMAS DE COMERCIALIZAÇÃO DE BENS

O sistema de comercialização de bens joga um papel fundamental dentro da economia ao


proceder a ligação entre o sector produtivo e os consumidores finais. Este encaminhamento
organizado da produção permite que os consumidores finais obtenham os produtos com as
características desejadas.

Constituem prioridades da Política Comercial nesta área, os seguintes objectivos:

a) Facilitar as condições para assegurar a ligação dos centros de produção aos


mercados;
b) Promover a armazenagem e instalações de armazenamento de produtos frescos a fim de
garantir fluxos constantes de fornecimento para mercados grossistas;
c) Promover Parcerias Público-Privadas (PPP) no desenvolvimento e manutenção de
plataformas de distribuição e mercados grossistas e de infra-estruturas de comercialização
no geral;
d) Promover, através da cooperação com os governos dos distritos, o desenvolvimento de
mercados transfronteiriços e infra-estruturas de apoio;
e) Assegurar e promover a consolidação do Mecanismo funcional de intermediação do
segundo mercado de produtos básicos e de valor competitivo internacional;
f) Promover acções com vista a priorização do consumo da matéria-prima agrícola local
pela indústria nacional.

2.6.1.4. LICENCIAMENTO DA ACTIVIDADE ECONÓMICA E


REVITALIZAÇÃO DA REDE COMERCIAL E DE DISTRIBUIÇÃO

Constituem prioridades da Política Comercial nesta área, os seguintes objectivos:

a) Promover e facilitar o licenciamento da actividade comercial para o exercício de


qualquer actividade económica no território Moçambicano;
b) Promover e facilitar a atracção de investimento e fixação de actividades económicas
no território nacional;
c) Desenvolver um quadro legal e regulador favorável aos negócios para subsector do
comércio a retalho;
d) Incentivar práticas comerciais competitivas e equitativas através de disposições
específicas quadro legal para o comércio a retalho;

27
e) Consolidar o balcão de atendimento único para aceder a todas as informações e licenças
de todas as instituições e dos órgãos de governação descentralizada e municipais ;
f) Melhorar a governação e o cumprimento através de uma comunicação coordenada e
criação de consciência;
g) Promover práticas de comércio justo no acesso a infra-estruturas de mercado e
oportunidades de negócio, através de um quadro regulamentar que assegure e garanta a
inclusão e equidade no acesso aos mercados retalhistas;

2.6.1.5. DEFESA DO CONSUMIDOR, PROPRIEDADE INTELECTUAL E


CONCORRÊNCIA

Constituem prioridades da Política comercial nesta área, os seguintes objetivos:

a) Criar condições para assegurar e defender o direito do consumidor;


b) Assegurar a protecção dos direitos da propriedade intelectual;
c) Incentivar o estabelecimento da concorrência sã entre os agentes económicos;e
d) Assegurar a consolidação das actividades de Normalização, Metrologia, Certificação e
Gestão da Qualidade, que visem o desenvolvimento da economia nacional.

2.6.2. COMÉRCIO INTERNACIONAL

O desenvolvimento económico e social do país pressupõe, entre outros aspectos, o aumento e


diversificação dos mercados e produtos para as exportações.

Constituem prioridades da Política Comercial nesta área, os seguintes objectivos:

a) Busca, negociação e estabelecimento de mercados estratégicos com países


parceiros;
b) Promover o apoio as iniciativas com vista a diversificar cada vez mais os produtos
destinados à exportação;
c) Consolidar, mobilizar e estabelecer novos mercados para os produtos de exportação,
sobretudo, os não tradicionais;
d) Acompanhar a evolução dos mercados externos e apoiar os exportadores nos domínios
de marketing, desenvolvimento e qualidade dos produtos;
e) Fortalecer a capacidade produtiva de bens exportáveis para os mercados regionais e
internacionais;
f) Promover os interesses comerciais do país no exterior;
g) Estabelecimento, manutenção e uso de uma base de dados integrada de exportadores e
mercados-alvo para promoção de investimentos e exportações;
h) Implementar as obrigações dos tratados internacionais na área do comércio e
investimento internacionais;
i) Desenvolver capacidade interna do país para o estabelecimento de um regime de defesa
comercial e de salvaguarda compatíveis com as regras da OMC;
28
j) Participação recíproca em exposições e feiras comerciais e de investimentos, bem como
nos respectivos eventos promocionais;
k) Promover o intercâmbio de informações de mercado e missões comerciais;
l) Incentivar a cooperação institucional, tais como, instituições de normalização, Câmaras
de Comércio e Indústria, Organizações Aduaneiras, Instituições de investigação, entre
outras;
m) Acompanhamento das questões levantadas durante as reuniões bilaterais;
n) Intercâmbio de missões comerciais e de investimento de produtos específicos;
o) Promover o Comércio e Investimento;
p) Estabelecer uma equipa de negociação comercial com experiência em negociação
comercial e acordos comerciais;
q) Promover investimentos para actividade económica visando a internacionalização da
economia;
r) Desenvolver acções de preparação da adesão da República de Mocambique aos tratados
e convenções regionais e internacionais de interesse para o pais; e
s) Promover o desenvolvimento, manutenção e eficiência das infraestruturas de transporte
e logística.

2.6.3. COMÉRCIO ELECTRÓNICO

O comércio electrónico constitui um novo modelo de negócios gerado a partir do crescimento


vertiginoso da Internet. São operadores de comércio electrónico, os processadores
intermediários de serviços electrónicos.

Constituem prioridades da Política Comercial neste domínio, os seguintes objectivos:

a) Promover o desenvolvimento do comércio electrónico;


b) Promover a criação de um quadro legal para o suporte do comércio electrónico,
segurança cibernética e certficacao digital;
c) Assegurar a adesão do país aos tratados e convenções regionais e internacionais sobre a
Segurança Cibernética e Protecção de Dados,; e
d) Facilitar e simplificar o processo de licenciamento dos operadores e prestadores de
serviços electrónicos e a tributação das transmissões electrónicas.

2.7. PAPEL DO SECTOR PRIVADO

A Política e Estratégia Comercial privilegia as confederações empresariais como grupo de


interacção no diálogo público-privado sobre ambiente de negócios e as câmaras de Comércio
para internacionalização produtiva e Investimentos.
Cabe ao sector privado assumir liderança na implementação dos seguintes objectivos.

29
a) Realizar investimentos para reabilitação, modernização e expansão da rede comercial e
infra-estruturas de apoio ao desenvolvimento do comércio, com prioridade para as zonas
rurais e a criação do emprego;
b) Desenvolver e explorar infra-estruturas logísticas que garantam a recepção,
armazenamento, conservação e distribuição da produção nacional;
c) Participar na criação e estímulo para o estabelecimento de uma rede grossista assente em
empresários nacionais e cooperativistas capazes de contribuir de forma decisiva para
garantir a normalização da oferta de produtos e assegurar a estabilidade
d) Participar na dinamização e diversificação da produção nacional através da compra dos
produtos agrícolas, processamento e canalização para o mercado interno e externo;
e) Propor no âmbito e através do diálogo público-privado, medidas de apoio ao
desenvolvimento do comércio;
f) Realizar investimentos na área comercial e contribuir para a expansão da rede comercial;
g) Melhorar a dissiminação da informação ao sector privado e aos demais interessados;
h) Internacionalizar-se nos mercados estratégicos estabelecidos;
i) Apoiar programas de ligação comercial do produtores locais ao mercado internacional
empresarial; e
j) Desenvolver acções de adição do conteúdo local ao produto nacional.

2.8. ASPECTOS INSTITUCIONAIS

Os aspectos institucionais a observar no contexto da implementacao da Política Comercial


compreendem, entre outros, as seguintes:

a) A entidade responsável pela coordenação da Implementação da Política e Estratégia


Comercial é o Ministério da Indústria e Comércio,
b) Cabe ao Estado no sector comercial desempenhar um papel regulador, criar e estabelecer
um ambiente favorável ao desenvolvimento do comércio, promover e facilitar
investimentos nacionais e estrangeiros bem como incentivar o desenvolvimento e
fortalecimento da organização do sector privado (associações empresariais, associação de
produtores, associações cooperativistas, entre outros actores privados relevantes).

Ao sector privado cabe a tarefa de assumir liderança na implementação da Política


Comercial, relizando investimentos nas infraestruturas comerciais, bem como a
reabilitação e modernização da rede comercial
Aos Parceiros de cooperação, Organizações Humanitárias e Não Governamentais
cabe o papel de apoiar as iniciativas do Governo na implementação da Política
Comercial.

30
c) A implementação e operacionalizacao da Política e Estratégia Comercial deve envolver
acções articuladas e coordenadas de várias instituições a nível central e local e de todos os
intervenientes no processo;
d) Constitui prioridade de todos os sectores e intervenientes no processo de implementação
da Política e Estratégia Comercial, o fortalecimento da capacidade técnica institucional e
desenho de planos curriculares apropriados à elevação de habilidades empreendedoras e
do saber fazer;
e) Inclusão das acções estratégicas sectoriais constantes do Plano de Acção da PEC no ciclo
de Planificação e Orçamentação dos respectivos sectores;
f) A criação de uma equipa tecnica intersectorial para implementar a Política Comercial; e
g) O mecanismo de implementação e monitoria da Política Comercial constar da respectiva
Estratégia.

3. ESTRATÉGIA COMERCIAL

A economia nacional é relativamente pouco competitiva, não se beneficia plenamente da


integração de Moçambique na economia mundial e não está produzir de forma eficiente e em
níveis consistentes com os objectivos gerais de desenvolvimento económico almejados.

Para reverter este paradigma, o Governo concebeu a presente Estratégia Comercial que
sequente a Visão e Missão constante da Política Comercial, e comporte um conjunto de
directrizes que orientarão o desenvolvimento das actividades e programação das acções do
sector comercial.

Neste contexto, para alcançar os objectivos da Política Comercial, a elevação da eficiência do


mercado interno e maximização dos benefícios da integração no mercado regional e global,
foram seleccionados quatro pilares de aposta estratégica sobre os quais recairão as acções do
Governo e do sector privado.

3.1. PILAR I – MELHORIA DA EFICÁCIA DO MERCADO INTERNO

3.1.1. Vector Estratégico 1- Comércio Interno

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Estimular a expansão e modernização da rede comercial, privilegiando a categorização e


especialização por classes de artigos e tipo de estabelecimentos, sobretudo nas zonas
urbanas;

31
b) Incentivar o investimento privado, cooperativo e parcerias público-privadas para a criação
de infra-estruturas de armazenagem, cadeias de serviços de frio, de conservação de
produtos e parques de negócios, adequados ao exercício do comércio de pequena escala,
nas zonas rurais, urbanas e periurbanas

c) Promover o surgimento de cadeias de distribuição e transporte de produtos, focalizando


os da produção nacional;
d) Criar e manter um serviço de registo e cadastro de operadores comerciais a vários níveis
e, de um regime de registo e documentação obrigatória sobre mercadorias
comercializadas nos estabelecimentos comerciais;
e) Em coordenação com as entidades respectivas, estimular a reserva e a utilização ordenada
de espaços para infra-estruturas e zonas comerciais, no ordenamento e planificação
territorial, tendo em conta a segurança do consumidor e a promoção da estética urbana;
f) Simplificar e harmonizar a tributação fiscal e municipal sobre a actividade
económica no sector comercial;
g) Estimular a concorrência e a práticas comerciais sãs, através da lei da concorrência;

h) Criar condições para implantação de zonas económicas especiais , tais como portos
francos, zonas francas comerciais, zonas de comércio ao exterior, zonas de trânsito de
mercadorias e zonas de transbordo de mercadorias;

i) Criar mecanismos para incentivar os agentes económicos a transacionarem produtos via


BMM, de modo a reduzir o número de intermediários na comercialização agrícola e
melhorar o preço ao nível do produtor;

j) Expandir a disseminação da informação comercial e de mercados para reduzir as


assimetrias de informação e aumento do poder de negociação dos pequenos produtores.

3.1.2. Vector Estratégico 2- Comércio Informal

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Estabelecer um quadro normativo (directiva) que defina os parâmetros do comércio


informal, estabeleça o seu âmbito, parâmetros de avaliação e, uniformemente, regule o seu
tratamento a nível dos órgãos locais do Estado e municipais, incluindo a imposição do
princípio de ónus de prova da proveniência da mercadoria oferecida;
b) Promover o investimento público, privado, cooperativo e parcerias público-privadas para
criação de infra-estruturas e parques de negócios adequados ao exercício do comércio de
pequena escala;
c) Incentivar a formalização dos informais através da sua integração nos sectores que tem
potencial em programas de desenvolvimento empresarial;
32
d) Conceber estratégia nacional multissectorial faseada para mitigação dos impactos
negativos do sector informal, tendo como linhas de força a segurança e protecção social
dos intervenientes, a defesa da saúde pública, estética e urbanidade;
e) Realizar acções de educação cívica do consumidor e dos operadores do comércio
informal;
f) Simplificar procedimentos de tributação e registo de actividade;

g) Criação de um comité para a formalização da economia informal integrando os sectores


responsáveis pelas áreas do Comércio, Finanças, Segurança Social, Emprego, Municipios
e cooperativismo através das seguintes acções:

i. Identificação e mapeamento de unidades de produção ou comerciais informais


elegíveis a formalização;
ii. Identificação de programas de promoção de auto-emprego financiados pelo
Governo para a formalização;
iii. Atribuição de NUITs e documentos especificos às unidades de mercados
informais formalizando as para as pequenas empresas;
iv. Cadastrar as unidades de mercados informais formalizadas no Sistema de
segurança Social;
v. Atribuir documentação especifica para o inicio de contribuição no INSS;
vi. Capacitar os Comerciantes informais sobre o controlo contabilístico.

3.1.3. Vector Estratégico 3- Comércio Rural

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Actualizar o quadro legal que regula o exercício da actividade comercial e agrícola


e o papel dos intervenientes incluindo as Organizações Não Governamentais;
b) Expandir e diversificar o comércio rural;
c) Criar mecanismos e oportunidades para a participação dos produtores em mercados
de bens agrícolas;
d) Promover acções específicas focadas na melhoria da economia familiar e da cadeia
de valor;
e) Melhorar a produção agrícola através da comercialização no meio rural;
f) Melhorar as capacidades e habilidades dos pequenos empresários, dos
cooperativistas e das associações de produtores no ramo do comércio rural;
g) Promover a reabilitação e expansão da rede comercial rural;

33
h) Estabelecer as ligações de mercado entre o meio rural e urbano através da
transferência de excedentes de produção agrícola das zonas de produção para as de
consumo;
i) Assegurar a consolidação das micro, pequenas e medias industriais de
processamento de produtos locais, incluindo pequenas empresas de produção ou
fornecimento de embalagens;
j) Promover acções específicas para que os produtores e comerciantes possam
comercializar as mercadorias via Bolsa;
k) Criar quadro legal que estimule os principais intervenientes a transacionarem as
mercadorias estratégicas via BMM;
l) Fomentar e promover a micro exportação qualificada de cadeias de valor;
m) Estimular o uso da Plataforma Electrónica de Negociação de mercadorias para a
promoção e comercialização agrícola;

3.1.4. Vector Estratégico 4- Licenciamento da Actividade Comercial

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Consolidar, modernizar, harmonizar, descentralizar e simplificar o licenciamento da


actividade comercial;

b) Estabelecer um mecanismo de controlo da legalidade e fiscalização do exercício da


actividade comercial e coordenação efectiva entre as entidades que licenciam a actividade
ou que de alguma forma intervêm no processo;

c) Assegurar a observância do princípio de categorização e especialização das actividades


comerciais;
d) Realizar censo nacional comercial e concepção do Cadastro Comercial.

3.1.5. Vector Estratégico 5 - Sistemas de Comercialização de Produtos Agrícolas

a) Manter a política de preços livres para os produtos agrícolas e adoptar medidas


necessárias para a correcção de falhas de mercado;

b) Estabelecer, quando se mostre necessário, preços de referência para certos produtos


agrícolas com vista a assegurar a disponibilidade e oferta;

c) Desenvolver, disponibilizar e manter um sistema de recolha, registo, pesquisa,


processamento e disseminação de informação estatística de mercados e preços de
produtos agrícolas nos mercados e, do seu impacto económico aos níveis nacional
regional e internacional que apoie os produtores e intervenientes, na tomada de
decisões;

34
d) Incrimentar a criação de feiras comerciais e centros de negócios rurais para insumos e
produtos agrícolas, com particular ênfase nas zonas de maior produção e fronteiriças;

e) Viabilizar a criação de associações e cooperativas que promovam sinergias e reforcem


a capacidade negocial e de exportação dos produtores e intervenientes na
comercialização de insumos e de produtos agrícolas;

f) Impulsionar investimento privado, cooperativo e parcerias público-privadas para a


criação implantação e manutenção de infra-estruturas de apoio a produção,
armazenamento, conservação e comercialização de insumos e de produtos agrícolas;

g) Promover as ligações entre produtores, zonas de produção e grandes superfícies,


consumidores e indústrias de processamento;

h) Fomentar a exportação de produtos agrícolas com valor acrescentado, explorando a


marca “Made in Moçambique”.

i) Promoção de um ambiente favorável a realização de negócios de compra e venda,


leilões e operações especiais em Bolsa.

j) Criar uma plataforma digital conjunta sobre o comércio e agricultura com dados sobre
quantidades produzidas e comercializadas e, os respectivos locais de maior produção
e comercialização;

k) Promover o uso da Plataforma Electrónica de Negociação de Mercadorias agrícolas;


l) Assegurar a criação, expansão e consolidação de serviços e infra-estruturas de apoio a
comercialização agrícola;
m) Criar um sistema transparente de negociação entre produtores agrícolas e os grandes
compradores de produtos agrícolas;
n) Consolidar o funcionamento da BMM para que o mercado opere num quadro de
funcionamento organizado, eficiente, transparente e com base em padrões já
definidos;
o) Criar mecanismos e oportunidades para a participação dos produtores em mercados de
bens agrícolas e não agrícolas.

3.1.6. Vector Estratégico 6 - Defesa do Consumidor, Propriedade Intelectual e


Concorrência

Para estabelecer o controlo de qualidade, inspecção, protecção da propriedade intelectual,


defesa do consumidor, combate às práticas anti-concorrenciais, controlo de concentrações de
empresas, a estratégia do Governo persegue as seguintes acções:

a) Criar um sistema de protecção do consumidor;


35
b) Implementar sistemas de verificação, controlo, ensaio e certificação da qualidade de
produtos, bens e serviços nacionais e importados, normas de qualidade e de aspectos
ligados à biossegurança;
c) Aperfeiçoar o sistema normativo moçambicano em todos os domínios para promover a
defesa do consumidor e da livre concorrência;
d) Fiscalizar, inspeccionar e supervisionar a actividade comercial de forma a garantir a
observância das normas e leis vigentes no país;
e) Harmonizar o quadro legal e institucional com os instrumentos legais em matéria de
concorrência de âmbito regional e continental, bem como a promoção da cooperação
internacional nesta área;
f) Assegurar a aplicação das regras de promoção e defesa da concorrência nos sectores
privado e público em Moçambique;
g) Promover o incremento da cultura da sã concorrência, o funcionamento eficiente dos
mercados, a afectação óptima dos recursos, a promoção da inovação e a protecção dos
interesses dos concumidores;
h) Proteger os direitos do consumidor e da propriedade intelectual

3.1.7. Vector Estratégico 7- Desenvolvimento das Pequenas e Médias Empresas

a) Promover e facilitar a internacionalização das MPME’S nos mercados estratégicos


estabelecidos;
b) Definir um quadro legal de estímulo ao investimentos dedicadoàs MPME’s;
c) Promover a criação de linhas de financiamento para o desenvolvimento das MPME’s;
d) Promover acções de profissionalização das MPME’s através dos COrEs e Incubadoras de
empresas;
e) Promover o cadastro das MPMEs na base de dados das MPMEs;
f) Promover intercâmbios entre as MPMEs para a ligações empresariais (nacionais e
internacionais).

3.1.8. Vector Estratégico 8- Vias de Acesso

a) Assegurar a manutenção das vias de acesso dinamizadoras das actividades económicas;


b) Implementar um programa de Estradas Rurais, com prioridade para a rede de estradas
que permitem o acesso aos polos de produção agrícola , industrial pesqueiro e turístico;
c) Desenvolvimento das vias de acesso ou adjacentes aos principais corredores de
transporte;
d) Melhorar a resiliência das vias de acesso aos eventos climáticos externos.

3.2. PILAR II- MAXIMIZAÇÃO DE BENEFÍCIOS DA INTEGRAÇÃO NO


MERCADO REGIONAL E GLOBAL

No comércio externo a estratégia do Governo persegue as seguintes acções:


36
3.2.1. Vector Estratégico 1- Comércio Externo

a) Assegurar a elaboração e implementação de uma estratégia nacional de exportações;


b) Criar um portal de facilitação do comércio;
c) Fortalecer a capacidade institucional e técnicas de apoio ao comércio;
d) Simplificar os procedimentos para comércio externo;
e) Divulgar e disseminar acordos preferenciais do comércio;
f) Promover acções com vista a retirar maiores benefícios da integração regional e do
posicionamento geográfico do país;
g) Capacitar os quadros nacionais para zelar pela observância de normas técnicas e
certificação da qualidade de produtos e serviços para exportação e, obtenção de
conhecimentos para melhor aproveitamento das vantagens dos acordos comerciais de que
o pais é signatário;
h) Promover as vendas internacionais através de uma plataforma electrónica de negociação,
Sistema de Informação e Negociação de Mercadorias (SINEM);
i) Promover a criação de empresas nacionais com capacidade de certificação internacional
para facilitar o acesso a mercados competitivos; e
j) Facilitar a criação de agências moçambicanoas no exterior para apoio logístico aos
exportadores nacionais.

3.2.2. Vector Estratégico 2 - Diplomacia Comercial

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Definir e promover os interesses comerciais do país no exterior;


b) Mobilizar apoio técnico e financeiro para o sector e dinamizar as exportações e
investimentos;
c) Participar nas negociações comerciais;
d) Avaliar periodicamente os impactos, validade e pertinência dos acordos e protocolos
comerciais para o país;
e) Implementar a política comercial em consonância com as regras da OMC e outras
organizações especializadas; e
f) Promover a colaboração regional na troca de informação sobre comércio externo e
divulgar informação estatística actualizada e do seu impacto na esfera económica.

3.2.3. Vector Estratégico 3– Facilitação do Comércio


Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Assegurar a aprovação e implementação de uma Plano Nacional Estratégico de


facilitação de comércio;
b) Corresponder o cumprimento das provisões do Acordo de Facilitação do Comércio ao
Plano e compromissos regionais e continentais;
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c) Operacionalizar um mecanismo de monitoria de facilitação do comércio assentes em boas
prácticas, para melhor mensurar o índice de competitividade do país.

3.2.4. Vector Estratégico 4- Infraestruturas de comércio, turismo, transporte e logística

a) Promover, atraves da viabilização de investimentos, a construção desenvolvimento e


manutenção de infra estruturas comerciais, turísticas, hídricas, portuárias, rodoviárias,
ferroviárias, aeroportuárias, barragens, dos principais corredores de desenvolvimento e
mecanismos para facilitar o desenvolvimento do sector da aviação e dinamização do
sector do turismo;
b) Promover a melhoria da eficiência e competitividade das infra-estruturas de transportes e
logística ao serviço do comércio internacional existentes no país;

c) Consolidar a implementação e operacionalizacao das fronteiras de paragem única em todo


o pais.

3.3. PILAR III - POLÍTICAS TRANSVERSAIS

3.3.1. Vector Estratégico 1- Comércio Electrónico

Constituem acções prioritárias deste vector:

a) Assegurar a angariação dos recursos financeiros institucionais necessários para


implementação do comércio electrónico;
b) Assegurar a concepção e implementação de uma estratégia de monitoria do comércio
electrónico;
c) Fortalecer a capacidade técnica humana, institucional e de negociações para todos os
sectores envolvidos no desenvolvimento do comércio electrónico;
d) Regulamentar o comércio electrónico;
e) Assegurar o registo e licenciamento dos provedores de serviços do comércio electrónico
pela Entidade Reguladora de Tecnologias de Informação e Comunicação;
f) Assegurar a tributação das transmissões electrónicas;
g) Garantir um ambiente electrónico seguro de transações electrónicas no país e que
consagram o uso de assinaturas digitais e certificação digital nas plataformas digitais de
comércio electrónico, desenvolvidas e implementadas em Moçambique;
h) Garantir a segurança cibernética em particular a responsabilidade dos operadores de
plataformas de comércio electrónico, como processadores de dados e como controladores
de dados.
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3.3.2. Vector Estratégico 2- Parceria público-privada, protecção de direitos de
propriedade intelectual

3.3.2.1. Protecção de Direitos de Propriedade

Constituem acções prioritárias desta componente do vector:

a) Assegurar a protecção dos direitos da propriedade intelectual;

b) Combater o comércio de produtos e serviços contrafeitos;


c) Promover a educação do consumidor nos direitos, deveres e comportamento no mercado;
d) Encorajar iniciativas comerciais nacionais compatíveis com a protecção do meio
ambiente e uso sustentável dos recursos naturais.

3.3.2.2. Papel do Sector Privado

O sector empresarial deve desempenhar um papel crucial na materialização da Política


Comercial assumindo a liderança e dianteira nas seguintes acções prioritárias desta
componente do vector:
a) Realizar investimentos para reabilitar, modernizar e expandir a rede comercial e infra-
estruturas de apoio ao desenvolvimento do comércio, com prioridade para as zonas rurais
e a criação do emprego;
b) Desenvolver e explorar infra-estruturas logísticas que garantam a recepção,
armazenamento, conservação e distribuição da produção interna;
c) Participar na criação e estímulo ao estabelecimento de uma rede grossista assente em
empresários nacionais e cooperativistas para garantir a normalização da oferta de
produtos e assegurar a estabilidade de preços;
d) Participar no abastecimento e distribuição de bens e serviços mercantis no circuito
urbano e rural;
e) Participar na dinamização e diversificação da produção nacional através da compra dos
produtos agrícolas, processamento e canalização para o mercado interno e externo;
f) Propor, no âmbito e através do diálogo público-privado, medidas de apoio ao
desenvolvimento do comércio;
g) Realizar investimentos na área comercial e contribuir para a expansão da rede comercial;

3.4. PILAR IV –DESENVOLVIMENTO DA CAPACITAÇÃO INSTITUCIONAL

3.4.1. Vector 1- Mecanismo de Implementação da Política Comercial

Constituem acções prioritárias deste vector:


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3.4.1.1. Aspectos Institucionais

a) Assegurar o envolvimento e cometimento de todos os sectores intervenientes na


implementação da Política e Estratégia Comercial,

b) Assegurar o fortalecimento da capacidade técnica e institucional em matérias do comércio


interno e internacional, através da promoção de acções de formação e desenvolvimento de
serviços de facilitação adequados, para responder às exigências da actual conjuntura
nacional, regional e internacional e envolvimento de todos os sectores, a todos os níveis,
na definição de estratégias negociais;

c) Assegurar a concepção de planos curriculares para as instituições de ensino públicas e


privadas com disciplinas que tenham por objectivo a promoção do empreendedorismo e
direccionadas à produção e auto-suficiência;

d) Assegurar a criação de uma equipe técnica multissectorial com a responsabilidade de


implementar a Política e Estratégia Comercial.

3.4.1.2. Mecanismo de Implementação

A entidade responsável pela coordenação da implementação da Política e Estratégia


Comercial é o Ministério da Industria e Comércio.

a) O plano operacional será o instrumento para guiar e operacionalizar a implementação da


Política e Estratégia Comercial, cujas actividades poderão ser actualizadas anualmente.
b) O plano de acção contém acções de carácter geral sobre as quais serão derivadas
actividades concretas de cada sector, que concorrem para o desenvolvimento do
comércio, sobre as quais incidirá a monitoria da implementação e será igualmente o meio
paraguiar e operacionalizar a implementação da Política e Estratégia Comercial, cujas
actividades poderão ser actualizadas anualmente.

c) Cada sector fara a orçamentação das acções estratégicas de sua alçada contantes do Plano
de Acção da Política e Estrategia Comercial.
d) O envolvimento e cometimento dos sectores na implementação da Política e Estratégia
Comercial será assegurado através de uma articulação, coordenação e planificação
integrada das actividades aos níveis central e local.
e) Será criada uma equipe técnica multissectorial com a responsabilidade de implementar a
Política e Estratégia Comercial, realizar estudos e análise das imperfeições do mercado e
propor, quando necessário, a aplicação das medidas de salvaguarda e defesa comercial do
país e fazer parte das negociações comerciais.
.
3.4.2. Vector Estrategico 2 - Mecanismo de Monitoria
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Constituem acções prioritárias deste vector:

a) A institucionalização de um Observatório da Política Comercial como plataforma de


acompanhamento e avaliação de implementação e de impactos.
b) Criar e operacionalizar um sistema integrado de Monitoria e Avaliação associado a outros
instrumentos de política afins.
c) O Plano de Acção da Política e Estratégia comercial será o meio para guiar a sua
implementação e operacionalização.

Maputo, Março de 2023

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