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CHIPANDE
Dr. Eusébio Lambo, Jurista e Crminalista, Docente Universitário do ISCTAC na faculdade de Ciências Juridicas e Criminais e
Faculdade de Ciências Económicas, Mestrando em Ciências Juridicas Público Forense. Contactos: 847777499/877774499
(lamboeusebio284@gmail.com).
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Direito Marítimo – Conceito, Âmbito e Objecto
A expressão DM pode ser vista em sentido amplo (lato sensu), ou sem sentido restrito (strictu
sensu).
No sentido lato, DM pode ser visto como o conjunto e regras jurídicas que regulam o 1-
comércio marítimo e 2- a navegação pelo mar 1 . Várias outras definições podem ainda ser
avançadas neste sentido (lato), sendo que o que há de comum entre elas é a ideia de que ao
Direito Marítimo corresponderá ao conjunto de normas jurídicas viradas a regulamentação tanto
da navegação marítima (tráfego) assim como do comercial marítimo (trafico).
Com vista a busca do concreto e estrito sentido que interessa ao nosso estudo e que melhor
delimita o âmbito da nossa disciplina, mostra-se fundamental estabelecer a diferença entre:
Tráfego e Trafico Marítimos.
As normas que disciplinam o tráfego marítimo são normas de Direito público, podendo
consoante o caso ser de Direito Internacional Publico (Direito do Mar) ou Direito Público
Interno do Mar.
1
Martins, Eline M. Octaviano, Curso de Direito Marítimo, 3ª Edição, Manole, 2008, p. 3.
Dr. Eusébio Lambo, Jurista e Crminalista, Docente Universitário do ISCTAC na faculdade de Ciências Juridicas e Criminais e
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Consoante o objecto concreto que se pretender regulamentar, o tráfico marítimo pode ser
disciplinado pelo Direito Internacional Marítimo privado – Este que apenas visa resolver
problemas de conflitos de normas potencialmente aplicáveis em situação de conexão
transnacional; ou
Ao Direito Marítimo Interno que visa regular as relações jurídicas decorrentes da exploração
mercantil da navegação, que compreende a armação e expedição dos navios, os seguros,
fragmentos, riscos e contractos relativos ao comércio marítimo2 - É Este o sentido estrito do
Direito Marítimo que, por preponderar em si a questão mercantil ou comercial tem sido
designado por DM e que a nós interessará estudar nesta disciplina.
Autonomia do DM
Nota-se antes de muito uma relação profunda entre o DM e o Direito Comercial e no geral uma
relação entre este e os vários ramos que regulam relações marítimas não comerciais. Porem, a
relação entre o DM e o Direito Comercial é a que mais enfoque merece quando o problema é
discutir a autonomia do DM.
Note-se a este respeito que, apesar de no nosso ordenamento jurídico existirem e serem
aplicáveis em matéria de comércio marítimo, vários instrumentos, dentre os quais internacionais
(Ex: Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e o Acordo para
implementação da parte XI da mesma convenção, de 1994), maior relevância em matéria de
Comercio marítimo é de reconhecer ao livro III do Código Comercial de 1888 que, tendo
resistido a entrada em vigor no novo Código Comercial, aprovado pelo DL2/2005, de 27 de
Dezembro, representa na actualidade o instrumento por essência de regulamentação interna do
Comercio Marítimo.
Daqui, conclui-se antes de mais e não apenas por fundamentos de isenção sistemática que o
DCM é antes de mais Direito Comercial, porém especial. Esta especialidade é que hoje tem
sido vista como correspondente a verdadeira autonomia, na medida em que, o carácter peculiar
2
Idem.
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das normas do DM, a especialidade do cenário mar e as especificidades dos fenómenos
marítimos e eventos de mar torna o Direito Marítimo algo concreto e distinto o tradicional
Direito Comercial, embora tal não signifique a perca da qualidade substancial do “Comercial”. –
Actos de Comercio Marítimo.
Conforme foi dito ao longo da última aula, o Direito Marítimo Publico visa regular questões nas
quais se reconhece um grande poder político e de poder estadual – a limitação dos poderes dos
Estados sobre o mar – As normas que regulam esta questão são consideradas normas de Direito
Publico, que podem corresponder ao Direito Público Internacional ou ao nacional.
Na verdade, tem sido discutida e negada, nomeadamente pelo Prof. Costa Gomes a autonomia
do Direito do Mar face ao Direito Internacional Publico, assumindo-se quês aquele nada mais é
senão um capítulo deste.
Por sua vês, o DIREITO MARITIMO, já identificado como um ramo de Direito Privado, ou
como um ramo de Direito Comercial Especial, é um verdadeiro ramo de Direito, cuja autonomia
tem sido afirmada, que se vocaciona ao estudo do comercio marítimo, correspondendo ao Direito
Marítimo em sentido estrictu.
4
razão pela qual assiste-se a existência de um grande movimento unificador das várias leis
internas por forma a se criar uma identidade nos regimes comerciais marítimos internos, com
harmonia nos principio gerais, nas instituições e institutos gerais e, da mesma forma uma
tendendo harmonização do modus de tratamento. (EX: Seguros e Icoterms)
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CC – Aplicável subsidiariamente por conter os princípios gerais de Direito
Provado.
Fontes Internacionais:
Jurisprudência e a Doutrina.
O art. 405CC estabelece o princípio basilar subjacente a disciplina dos contractos – o princípio
da autonomia privada.
Este princípio estabelece que “dentro dos limites estabelecidos na lei, as partes podem
livremente fixar os efeitos jurídicos que pretendam ver repercutidos nas suas esferas
jurídicas”.
Celebração;
Estipulação e
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Escolha do Tipo contratual
IDEIA DE CONTRATO
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CONTRATO DE TRANSPORTE
TRANSPORTE
Certo é que, se o contracto tiver por objecto o transporte oneroso de pessoas ou bens este será o
contracto de transporte que aqui interessa estudar.
É assim que, nos termos do art. 557 Ccom, o legislador vem a definir o contracto de transporte
como sendo “aquele pelo qual uma pessoa se obriga a conduzir pessoas ou bens de um lugar
para o outro, mediante retribuição”.
ELEMENTOS:
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Existem várias modalidades de transporte, em função do meio a usar, existindo, por isso uma
classificação doutrinária de modalidades de transporte, conforme o disposto no art. 558 Ccom.
Estabelece o art. 558 Ccom que o transporte pode efectuar-se por via terrestre, marítima,
lacustre, fluvial, aérea e ferroviária.
Daqui resultam as modalidades de transporte, sendo elas:
Esta distinção não é meramente estética, sendo de particular relevância no que diz respeito ao
regime jurídico pois a lei estabelece uma disciplina normativa diferente em função do concreto
objecto do contracto de transporte, sendo distinguidas as situações de transporte de pessoas das
de transporte de bens.
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NO CONTEXTO MARÍTIMO, o Livro III do Ccom de 1888, regula concretamente o
transporte de coisas ou bens dos artigos 538 a 562 e o Transporte de pessoas, nos artigos 563 a
573.
PREÇO – FRETE VS PASSAGEM/BILHETE
Baseada na diferença entre o transporte de pessoas e o de bens, está a distinção sobre a
designação legal do preço a ser paga pelo beneficiário do transporte, consoante se esteja em face
de transporte de bens ou de pessoas. A este propósito, o nº1 do art. 560 Ccom, estabelece que o
preço no contracto de transporte de pessoas designa-se por Passagem, enquanto que no transporte
de coisas designa-se por frete – o mesmo sucede ao nível do regime específico do transporte
marítimo.
Com relevância para a actividade mercantil de transporte, e por isso com relevância para o
nosso estudo, existem dois tipos de contractos com escopo no transporte marítimo de
mercadorias que são considerados mercantis.
Por um lado, o contracto de transporte de mercadorias pelo mar e por outro lado o contracto
de fretamento.
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O CONTRATO DE FRETAMENTO não se enquadra na definição do art. 557 do Ccom,
não sendo um contracto de transporte marítimo por não ter como objecto o transporte oneroso de
bens, mas sim a cedência onerosa, para utilização, de um navio pelo fretador ao afretado –
Podendo ser um fretamento por viagem, por tempo e em casco nu- TPC
DIFERENÇAS:
SEMELHANÇAS
Carácter comercial – Onerosidade
Formalidade – Ambos são contractos formais, devendo estar reduzidos a escrito, sendo que, em
ambos os casos, é exigido um documento particular para que a celebração do contracto se tenha
por efectiva, distinguindo-se porem:
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marítima, não se podendo considerar como fretamento o aluguer de um navio, por exemplo para
servir de hotel ou restaurante flutuante.
O NAVIO
A Questão dos limites do poder dos estados costeiros sobre o mar (tráfego Marítimo) – limites de
soberania e de jurisdição.
O Espaço marítimo é alvo de varias considerações sob ponto de vista de Direito Interno e sob
ponto de vista de Direito internacional – A questão o tráfego marítimo, que já se disse ser um
problema de Direito Publico do Mar (internacional ou interno), tem uma relação bastante intensa
com o Comercio Marítimo, exactamente porque, ao nível da actividade mercantil sobre o mar,
várias são as vezes em que se levantam questões relacionadas com a amplitude ou limitação
dos poderes dos estados costeiros, bem como questões relacionadas com os direitos dos
estados não costeiros, sem deixar de lado o problema do estatuto jurídico do navio.
O Espaço Marítimo é dividido, por lei, em 6 Zonas Básicas: As aguas interiores, o mar
territorial, a zona contigua, a ZEE, a Plataforma Continental e o Alto mar.
LINHA DE BASE
Assim, o ponto de partida é uma linha de Base, que deverá ser traçada, nos termos do art. 7
daquela convenção, a partir da qual se medirão as dimensões das zonas marítimas deixando-se
para trás e mais adjacente a terra as chamadas águas interiores.
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Águas Interiores – São definidas nos termos do art. 8 da CNUDM – correspondem as aguas
situadas no interior da linha de base – Aqui o Estado exerce soberania plena (pleníssima), pois as
águas em causa equiparam-se completamente ao território.
A Jurisdição limita-se apenas ao estatuto no navio.
Águas/ Mar Territorial – correspondem as águas situadas até 12 milhas da linha de base – Art.
3 da CNUDM, Art. 4, nº4 da Lei do Mar (lei nº4/96); -
Passagem inofensiva – Não prejudicial a paz, a boa ordem e a segurança do Estado costeiro. –
Art. 19 da CNUDM.
A soberania é limitada na medida em que qualquer navio, inclusive de estados não costeiros tem
direito de passagem não ofensiva nos termos do art. 17 a 19 da CNUDM, estando sujeitos a
jurisdição do Estado da Bandeira.
Zona Contigua – (art. 33 CNUDM) Espaço marítimo adjacente ao mar territorial com dimensão
não superior a 24 milhas contadas da linha de base – art. 8 da Lei do Mar – 24 milhas.
Os Estados não Exercem soberania exclusiva sobre a zona contigua, sendo apenas reconhecidos
poderes com vista a garantia da segurança interior, relacionados com – Art. 33 CNUDM
“evitar infracções aduaneiras, fiscais, migratórias e sanitárias”; “Reprimir infracções a leis ou
regulamentos do seu território”;
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Zona Economia Exclusiva – Adjacente ao mar territorial e não se pode estender para além de
200 milhas a partir da linha de base, ou 188 milhas contadas do limite do mar territorial – arts 55
e ss CNUDM e art. 11 da Lei do Mar.
O Estado Costeiro exerce jurisdição em matéria de: Colocação e utilização de ilhas artificiais,
instalações e estruturas; Investigação científica e Protecção e preservação do meio marinho Art.
56, nº1 b) da CNUDM.
DIREITOS DE OUTROS ESTADOS SOBRE A ZEE: Art. 58 da CNUDM: “liberdade de
navegação e sobrevoo e colocação de cabos e ductos submarinos”.
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Alto-mar – é a parte do mar não pertencente soberania de nenhum estado (art. 89 da CNUDM).
Encontra-se para além da ZEE. – Aqui vigora o princípio da liberdade (de Navegação,
investigação, exploração de recursos) e o princípio da jurisdição exclusiva do Estado de
bandeira.
Os Estados devem definir os requisitos legais para a atribuição da sua nacionalidade aos navios,
sendo que estes não podem navegar em alto mar alvorando mais do que a bandeira de um Estado,
casos me que serão considerados navios sem nacionalidade – arts 91 e 92.
O NAVIO
O navio representa num ponto de estudo fundamental ao nível do Direito Marítimo, mesmo
porque no que concerne ao Comercio Marítimo (objecto fundamental da nossa disciplina), o
mesmo representa o meio principal de transporte.
Conceito
O navio é definido como sendo “um engenho flutuante destinado à navegação por água”.
PARTES INTEGRANTES
O navio é composto por partes principais e partes integrantes, conforme resulta do §Único do
art. 485 do Ccom 1888 – “fazem parte do navio os botes, lanchas, escaletes, aprestos,
aparelhos, armas, provisões e outros objectos destinados ao seu uso; e, se o navio é movido a
vapor, a sua máquina e os acessórios dela”.
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Assim, conclui-se no que à natureza jurídica diz respeito que o “navio é uma coisa (art. 202
CC0, dotada de certas características funcionais (um engenho destinado à navegação por
água) e com determinadas partes integrantes e acessórias destinada a sua utilização3.”
Na categorização das coisas, ao navio vale a categoria óbvia de coisa móvel, distinguindo-se
assim das coisas imóveis. Porem, nos termos conjugados dos artigos 205 CC e 22 da Lei do Mar
e art. 2 do Decreto 42644, o navio é considerado coisa móvel sujeita a registo
PERSONALIDADE JUDICIARIA
Tal faz com que, o navio, apesar de ser uma coisa e não uma pessoa (física ou colectiva) seja
colocado na condição de poder ter, por lei, responsabilidade civil, ou seja o dever de
indemnizar. Tais situações ocorrem por previsões legais destinadas concretamente a casos em
que não se conheça o capitão do navio, seu armador ou proprietário havendo por razoes
mercantis obrigações a se exigirem. Nesses casos, a alternativa tem sido instituir uma
responsabilidade ao próprio navio, passando a ser este a responder nos termos em que aqueles
responderiam, ainda que de modo acessório.
Porem, para que se possa afirmar uma responsabilidade sobre o navio é fundamental que haja
hipóteses de materialização desta responsabilidade através de acções judiciais, o que faz com
que ao navio seja reconhecida a possibilidade de estar em Juízo, ainda que representado.
Assim ocorre em Portugal, por exemplo, em que através do Decreto nº202/98, de 10 de Julho
que revoga uma seria de normas do Ccom de 1888, consagra-se ao navio personalidade
judiciária.
3
II Jornadas de Lisboa de Direito Marítimo, O Navio, Almedina, Coimbra, 2010, pag.11.
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seja signatário de algum instrumento internacional que nesse sentido indique, o que faz com que
a questão continue sob a regulamentação do Ccom de 1888, não se retirando deste instrumento
orientação semelhante.
NACIONALIDADE DO NAVIO
O navio é uma coisa, mas assume no plano normativo uma individualização especial. Tem
nome, assume uma identidade, é dirigido por um capitão, presta serviços.
Um dos aspectos mais marcantes da individualização do navio, com impacto sobretudo no pleno
jurídico é a sua nacionalidade. Como se sabe, é com base nesta que muitas das vezes se discute
e se afere a jurisdição aplicável ao navio.
É aos Estados que é reconhecido, no âmbito da sua soberania o poder de estabelecer normas
internas sobre os requisitos da atribuição da nacionalidade no geral e, em particular sobre os
requisitos da atribuição da nacionalidade ao navio.
O art. 486 Ccom 1888 estabelece que “é havido como nacional para efeitos comerciais o navio
como tal matriculado nos termos do acto especial de navegação”.
Registo/Matricula
Por se tratar de uma coisa móvel sujeita a registo, o navio deverá obrigatoriamente ser
registado/matriculado, sendo que, conforme resulta do já referido art. 486 do Ccom de 1888, o
navio tem se por Moçambicano se tiver sido registado em Moçambique.
O Decreto nº42644 de 1959 é aplicável à matéria de registo comercial, sendo por isso também
extensivo à matéria do registo comercial do Navio, estabelecendo no seu art. 2, alínea c) que o
registo comercial compreende, dentre outras questões a matrícula do navio mercantil –
Cominação – Não poder empreender viagem art. 10.
O Art. 4 do mesmo Decreto, elenca uma serie de outros actos que, quando referentes ao Navio
devem ser sujeitas ao registo.
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CONTRATO DE CONSTRUÇÃO DO NAVIO
Natureza
A Construção de um navio é uma obra e aquele que a executa o faz a titulo oneroso, o que
significa que recebe daquele que a encomenda uma contraprestação – Um preço –
Legalmente designa-se o vínculo de contracto de construção de navio, sendo que pela sua
natureza e essência jurídica é mais adequado e correcto designa-se de contracto de empreitada
de navio.
REGIME.
No que ao regime jurídico diz respeito, partindo de pressuposto geral de que a construção em
causa é lavada a cabo no âmbito de um contracto, tal significará que lhe serão aplicáveis as 1-
regras gerais sobre a autonomia privada decorrentes dos artigos 405 e ss do Código Civil,
sendo também de se aplicar as 2 -regras específicas sobre o contracto de empreitada
resultantes dos artigos 1207 e ss do CC devendo aplicar-se com maior 3- especialidade as
regras concretamente especificas decorrentes do art. 489 do Ccom de 1888.
FORMA
O §2º do mesmo artigo estabelece que o título de construção (o escrito do contracto) deve
indicar o preço (a divida que o dono da obra contrai a favor do empreiteiro).
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EQUIPARAÇÃO DA GRANDE REPARAÇÃO À CONSTRUÇÃO
Dos §s 3º e 4º do art. 489 do Ccom 1888, resulta a equiparação para efeitos legais do contracto
de grande reparação do navio ao de construção deste (empreitada), sendo que conforme resulta
do §4º, considera-se como grande reparação, o contracto cuja importação excede a metade do
valor do navio.
Assim, são aplicáveis à grande reparação as normas gerais e especificas previstas para a
empreitada ou construção do navio.
REGIME DE RESPONSABILIDADE
O art. 1208 do CC estabelece que “o empreiteiro deve executar a obra em conformidade com o
foi convencionado e sem vícios que excluam ou reduzam o valor dela, ou a sua aptidão para o
uso ordinário ou previsto no contracto”;
Se o Dono da obra, mediante a verificação ou sem ela constatar a existência de defeitos no navio,
pode adoptar três comportamentos possíveis:
a) Recusar a obra –
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b) Aceitar a obra – Irresponsabilidade do Empreiteiro – 1219.
c) Aceitar a obra com reserva (condicionando a posterior eliminação dos defeitos nos
termos do art. 1221 CC.
Caducidade dos Direitos – 1224 (Ler todos os números com muita atenção).
Os artigos 477 e ss do Ccom, versam, no geral sobre o regime dos contractos de compra e
venda comerciais ou mercantis, sendo que, relativamente ao contracto de compra e venda de
navios, de particular relevância é o art. 490 do Ccom de 1888.
FORMA
Nos termos do art. 490 Ccom 1888, o contracto de compra e venda de navios deve ser
celebrado por escrito autêntico ou autenticado – Sob pena de invalidade nos termos do art.
220 CC.
OBRIGATORIEDADE DE REGISTO
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Art. 4, alínea a) do Decreto 42644, de 1959, conjugado com o art. 490, §s2ᵒ e 3ᵒ do Ccom de
1888.
44
DIOGO, Luís da Costa e JANUARIO, Rui, Direito Comercial Marítimo, Edição única, Quid Juris, Lisboa, 2008, P. 67 e
ss.
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c) O Capitão do Navio – É a pessoa encarregue pela direcção, governo e expedição do
navio, sobre quem recai responsabilidade nas faltas cometidas no exercício das suas
funções – Art. 496 Ccom. Obrigações – arts 498 (tripulação) e 508 (materiais);
Representação judicial do Proprietário e dos armadores (art. 509).
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O art. 492 Ccom, define o âmbito da responsabilidade o Proprietário do navio ao nível da
expedição marítima, estabelecendo no essencial que este responde:
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Os reboques podem ser determinados por leis ou outras normas de navegação, sem se
reportarem sempre a casos de avaria, mas também, por exemplo, a casos de melhor gestão da
linha de navegação em função do peso da embarcação e em função da profundidade das
águas;
Uma das mais marcantes características do Direito Comercial Marítimo é a existência legal
de privilégios creditórios especiais e peculiares, relativamente a determinados créditos. Os
mesmos, conforme de lei, podem incidir sobre o navio, a carga ou o frete.
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Privilégios sobre a Carga – Graduação das Dividas – art. 580 Ccom
Cessação – 581 – Descarga ou 10 dias depois enquanto os bens em causa não forem
transmitidos a terceiros;
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARTINS, Eliane M. Octaviano, Manole, Curso de Direito Marítimo, , 3ª Edição, 2008.
GOMES, Manuel Januário da Costa, Almedina O Ensino do Direito Marítimo, Coimbra, 2005.
GOMES, Manuel Januário da Costa, Almedina, Direito Marítimo, IV, Coimbra, 2008.
GOMES, Manuel Januário da Costa, Almedina, Limitação de Responsabilidade por Créditos
Marítimos, Coimbra, 2010.
GOMES, Manuel Januário da Costa, Direito Marítimo- Apontamentos das aulas teóricas;
Cadernos números 3 e 5,
GOMES, Manuel Januário da Costa, in“Estudos de Direito das Garantias, Sobre a Vinculação
del credere,”, II, Almedina, Coimbra, 2010.
GOMES, Manuel Januário da Costa, in “Temas de Direito dos Transportes, I”Introdução às
Regras de Roterdão , Almedina, Coimbra, 2010.
DIOGO, Luís da Costa e JANÚÁRIO, Rui Direito Comercial Marítimo, Quid Juris, Lisboa,
2008.
O Docente
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