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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HUMANAS

LICENCIATURA EM DIREITO

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS HUMANAS
LICENCIATURA EM DIREITO

DIREITO DOS ESTADOS NO ALTO MAR; A LIBERDADE DE NAVEGAÇÃO E A PIRATARIA


NO ALTO MAR.
O SISTEMA ELEITORAL MOÇAMBICANO

GILBERTO SEBASTIÃO JOSÉ

GILBERTO SEBASTIÃO JO

MAXIXE, 10 de Abril de 2021


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Instituto Superior de Ciências e Educação à Distância

CENTRO DE RECURSO MAXIXE

1º Ano 2020
1. O estudante:

Nome: Gilberto Sebastião José

Código do Estudante:
Curso: Direito
41200624

Ano de Frequência: 2˚ano /2021

2. O trabalho

Trabalho de: Código:

Direito Administrativo ISCED21-CJURCFE005

Tutor: Nº de Páginas: 16

Registo de Data da Entrega:

Recepção por:

3. A correcção:

Corrigido por:

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4. Feedback do Tutor:
3

Introdução
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................ 4

2. DIREITO DOS ESTADOS NO ALTO MAR; A LIBERDADE DE NAVEGAÇÃO E A PIRATARIA


NO ALTO MAR. .......................................................................................................................................... 5

2.1 Breves Conceitos sobre Direitos dos Estados, Navegação Marítima e Pirataria. ................................... 5

2.1.1 O Direito ....................................................................................................................................... 5

2.1.2 O Estado ............................................................................................................................................... 5

3. DIREITO DOS ESTADOS NO ALTO MAR .......................................................................................... 6

3.1 Delimitação do Alto Mar ........................................................................................................................ 7

3.2 Meios de transporte Marítimo ................................................................................................................. 8

4. A CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR ........................................ 8

5. LIBERDADES E RESTRIÇÕES NA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA NO ALTO MAR .......................... 9

5.1 Liberdades ............................................................................................................................................... 9

5.1 As Restrições ........................................................................................................................................ 10

6. A PIRATARIA E A NAVEGAÇÃO NO ALTO MAR ......................................................................... 10

6.1 O Combate a Pirataria ........................................................................................................................... 12

6.1.1 Direito a Perseguição ......................................................................................................................... 12

6.1.2 Limites ao Direito a Perseguição ....................................................................................................... 13

6.2 A Organização Marítima Internacional (IMO) ..................................................................................... 13

7. CONCLUSÃO. ................................................................................................................................... 15

8. BIBLIOGAFIA ................................................................................................................................... 16
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INTRODUÇÃO

O mar é fundamental para a manutenção da vida e sobrevivência do planeta, estando diretamente


ligado a seu equilíbrio, não só por ocupar maior porção geográfica na Terra, mas porque dele e de
sua influência depende a subsistência da biodivercidade e, por conseguinte, do ecossistema
planetário, que estão em permanente conexão de interdependência.

O presente trabalho tem como objetivo analisar direito dos estados no alto mar; a liberdade de
navegação no alto mar a partir da revisão de bibliografia e legislação acerca do assunto, procura-
se compreender a pirataria como um fenômeno recorrente no cenário atual, impondo ao Direito
Internacional um importante desafio, por se tratar de um crime cometido em alto-mar, onde não
há jurisdição propria de cada Estado.
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2. DIREITO DOS ESTADOS NO ALTO MAR; A LIBERDADE DE NAVEGAÇÃO E A


PIRATARIA NO ALTO MAR.

2.1 Breves Conceitos sobre Direitos dos Estados, Navegação Marítima e Pirataria.

Quando se pretende abordar com profundidade os direitos dos Estados no alto mar, a liberdade de
navegação e a pirataria no alto mar tal não se pode efetivar sem que se faça uma abordagem aos
conceitos básicos sobre Direitos dos Estados, os princípios da Navegação Marítima e pirataria
Marítima.

2.1.1 O Direito

O direito é o conjunto de normas de conduta impostas pelo Estado, os quais se traduzem em


princípios de conduta social com finalidade de realizar Justiça, assegurando a sua existência e a
coexistência pacífica dos indivíduos em sociedade. O Direito para fins didáticos é dividido
inicialmente em dois principais ramos os quais denominam-se Direto Privado e o Direito Publico.
Consoante a sua destinação.
Segundo Reale (2002), o direito é um sistema ordenação heterónoma, coercível e bilateral
atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos segundo
valores.

Os procedimentos, os padrões de conduta não nascem na consciência de cada indivíduo. A


sociedade cria essas regras de forma espontânea, natural e por considerá-las úteis ao bem-estar,
passa a impor o seu cumprimento.

O caráter heterónomo dessas regras é resultado do facto de que obrigam os indivíduos


independentemente de suas vontades. O Direito possui heteronomia, que quer dizer que mesmo
independente de vontade, o indivíduo é obrigado a se adaptar e aceitar regras instituídas pela
sociedade de acordo com preceito.

2.1.2 O Estado
O Estado detém o poder absoluto, dentro de seu território físico e legal, e a política atua nessa
esfera como força motriz, capaz de fazer o Estado funcionar dentro de seus parâmetros, dando
certa conotação.
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Por outro lado, a concepção de Estado surge a partir da propriedade privada e da divisão social do
trabalho. Para esses, o Estado criaria as condições necessárias para o desenvolvimento das relações
capitalistas. O Estado moderno funcionaria como um comitê executivo das classes dominantes, a
chamada burguesia.

3. DIREITO DOS ESTADOS NO ALTO MAR


O conceito e caracterização do Alto Mar têm sofrido transformação e limitação através dos tempos.
Seus limites, natureza jurídica e definição têm variado historicamente. Se antes a regra era a
unidade dos mares, atualmente já não é assim.

Segundo Fiorati (1998), com a evolução histórica da disciplina jurídica dos espaços marinhos, as
águas marítimas começaram a ser divididas conforme o grau de jurisdição do Estado costeiro sobre
determinada faixa de mar.

O Direito da navegação está ligado diretamente a própria história da civilização, uma vez que o
mar sempre foi um ambiente muito utilizado por todos os povos, seja para navegação como meio
de transporte e comunicação, seja para exploração de seus recursos.

Assim, o acesso ao mar constituiu o ponto de partida de todo o direito internacional das
comunicações, pois a livre utilização dos espaços marítimos representa a forma mais antiga de
comércio entre as civilizações. A navegação marítima foi essencial às primeiras trocas mercantis
internacionais, às comunicações com nações mais longínquas e à atividade econômica
internacional.
Segundo Carvalho (1995), o mar revela-se como o meio que mais se destaca no desenvolvimento
econômico mundial, correspondendo atualmente por cerca de 95% do transporte internacional de
mercadorias. Neste sentido, vale ainda ressaltar que os mares e oceanos corresponde
aproximadamente a 71% da super-fície do globo terrestre e ainda mais impressionante que 70%
da população mundial viva a uma distância inferior a 50 km dos litorais.

Na navegação marítima, o mau tempo sempre representou um dos maiores perigos, constituindo
na antiguidade um desafio mortal. Durante séculos somente era possível a navegação na chamada
“bela estação” e mesmo assim, apenas navagava-se durante o período diurno.
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Atualmente, a importância dos mares para o comércio internacional é irrefutável, pois, como já foi
citado, a maior parte do transporte de mercadorias no mundo ocorre via marítima.

De acordo com Guedes (1998), as crescentes disputas pelo espaço marinho e a necessidade de
solucionar as controvérsias relativas à navegação marítima, o direito internacional convergiu para
um processo gradativo de codificação e juridificação. Nasce, então, o ramo do direito que tem
como objeto o conjunto de regras jurídicas relativas à navegação que se faz sobre o mar: o Direito
da Navegação.

3.1 Delimitação do Alto Mar


A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de Montego Bay inovou e transformou a
disciplina jurídica dos espaços marítimos. Neste sentido, os limites referentes ao Alto Mar foram
profundamente modificados a partir deste tratado internacional.

De acordo a Convenção sobre o Alto Mar (1958), o mar delimita-se do seguinte modo:
verticalmente integravam esta zona marítima a camada aérea sobrejacente, a superfície e a
espessura das águas pelágicas, bem como o leito e subsolo desde que não pertencentes a plataforma
continental de um Estado costeiro. Os limites horizontais nesta convenção eram fixados a partir da
orla exterior dos mares territoriais dos diferentes países ribeirinhos.

Com a criação de novas zonas marítimas a partir de 1982, os limites do Alto Mar são modificados,
tendo havido uma substancial redução em seu espaço. Primeiramente com a criação da chamada
Área, onde os fundos oceânicos deixaram de pertencer ao Alto Mar e passam a constituir um novo
espaço marítimo, com natureza e regime jurídico pró-prios.

Assim, verticalmente, o Alto Mar compreende somente a superfície, a coluna de água e o espaço
aéreo sobreja-cente, o leito e subsolo marinho não mais fazem parte, nem estão sujeitas as
regulamentações do Alto Mar.

De acordo com Guedes (1998), com a criação da Zona Contígua e da Zona Econômica Exclusiva, o
Alto Mar passa a ser delimitado a partir da orla exterior das ZEEs dos diferentes Estados costeiros.
Assim, o Alto Mar, que antes iniciava onde finalizava as águas territoriais, passou a ter início onde
acaba a ZEE. Portanto, o limite interior do Alto Mar coincide com o limite exterior da ZEE, a 200
milhas marítimas da linha de base a partir da qual se mede a extensão do Mar Territorial.
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3.2 Meios de transporte Marítimo

O navio possui uma individualidade que provem de seu nome e nacionalidade. Na realidade, toda
unidade de transporte (seja por terra, ar ou mar) deve possuir um sinal de identificação, do contrário
não haveria como identificar e aplicar responsabilidades. No caso do navio, três são as marcas de
identificação: o número e nome visíveis na embarcação; nacionalidade exposta pela bandeira que
o navio trasporta e os papéis de bordo.

Segundo Mello (2001), o princípio da lei do pavilhão rege todo o direito do mar e da navegação.
A regra geral é a de que apenas o país de nacionalidade da embarcação pode lhe impor regras e
jurisdição.

Neste sentido, a nacionalidade do navio tem uma relevância muito grande para o direito
internacional, porque a este se aplica-se a legislação nacional (lei do trabalho, tributária, penal,
civil, entre todas as outras), tendo em conta as liberdades e restrições dos diversos espaços
marítimos, os tratados internacionais aos quais seu Estado é signatário.

De acordo com Mello (2001), a regra para aquisição de nacionalidade é o critério do vínculo
substancial. A nacionalidade é uma qualidade conferida pela lei, primordialmente às pessoas
físicas e sempre decorre de um vínculo entre elas e o Estado que lhes confere esse status. O critério
de fundo desse vínculo é uma opção política de cada Estado, mas são internacionalmente
consagrados para as pessoas físicas os critérios da ascendência (Ius sanguinis) e do lugar do
nascimento.

4. A CONVENÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, composta por 320 artigos, entrou em
vigor no dia 16 de Novembro de 1994.

Os Estados adiaram a ratificação e promoveram alterações no texto original, resultando num


acordo subsequente relacionado à execução da parte XI da Convenção, adotado em 28 de julho de
1994 e incorporado em 28 de julho de 1996. Esse acordo e a parte XI da Convenção devem ser
interpretados em conjunto e aplicados como um único instrumento, até o presente momento,
contam com a adesão de mais de 154 Estados.
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De acordo com Soares (2014), a convenção estabeleceu uma estrutura legal detalhada para regular
todo o espaço do oceano, seus usos e recursos contendo normas disciplinadoras sobre o mar
territorial, a zona contígua, a plataforma continental, a zona econômica exclusiva e o alto‑mar.

Esta convnsao, fornece regras para a proteção e preservação do ambiente marinho, para a pesquisa
científica, para o desenvolvimento e transferência da tecnologia marinha para a exploração dos
recursos do oceano e de seu subsolo, delimitando os limites da jurisdição nacional para cada
matéria; também consolidou princípios costumes que devem ser observados pelos Estados na
utilização conjunta dos espaços marítimos, como a liberdade do mar, o exercício da jurisdição
interna dos Estados dentro de limites do mar adjacente ao Estado e a caracterização da plataforma
continental.

5. LIBERDADES E RESTRIÇÕES NA NAVEGAÇÃO MARÍTIMA NO ALTO MAR

5.1 Liberdades
Para além de estabelecer a liberdade de uso do Alto Mar, a Convenção destaca que tal liberdade
deve ser exercida nas condições estabelecidas na própria Convenção e demais normas de Direito
Internacional.

Podemos citar aqui a liberdade de navegação, de sobrevoo, de pesca, de colocação de cabos e


condutas, de investigação científica e de construir ilhas artificiais e outras instalações. Todas estas
liberdades são sujeita a igualdade de uso, ao uso pacífico, a preservação do meio marítimo e a não
submissão de qualquer parte do Alto Mar à soberania de um Estado.

Segundo Guedes (1998), sobre a liberdade de navegação, pode-se entender que a ideia central
reside no conceito da proibição de interferência em tempos de paz de um pavilhão sobre outro.
Isto é, uma embarcação, mesmo militar, que arvore uma bandeira não pode interferir na navegação
de outro navio com bandeira diversa do seu. Esta ideia esta centrada na noção de pavilhão, no
símbolo que vincula um navio a um Estado.

A pesca em Alto Mar consiste em mais uma liberdade expressa desta zona marítima. Esta liberdade,
que possui grande impacto econômico, sempre causou controvérsias no Direito do Mar.
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Todavia, a liberdade de pesca em Alto Mar foi durante muito tempo entendida como irrestrita,
fundamentando-se na concepção de que os recursos pesqueiros eram inesgotáveis. Através deste
conceito a liberdade de pesca era incondicionada, sem qualquer limitação.

5.1 As Restrições
Para manter a ordem em Alto Mar, preservar a paz e o direito internacional, existe neste espaço
algumas restrições à livre navegação, pois, a ausência de soberania não significa admitir a
anarquia.

De acordo co Silva (2003), as restrições à liberdade dos mares possuem origem costumeira e,
atualmente, estão todas regulamentadas em tratados e convenções internacionais, principalmente
na Convenção de Montego Bay de 1982.

Desta forma, os Estados acordaram em cooperar na repressão de algumas atividades ilícitas que,
por serem próprias do meio marítimo ou por encontrarem meio propício neste espaço, foram
especialmente tratadas na Convenção, a fim de que todos exerçam fiscalização sobre as
embarcações de seu pavilhão e até mesmo contra embarcações estrangeiras.

Assim, a respeito do princípio mencionado, qualquer Estado possui legitimidade para através de
um navio de guerra aproximar-se, fiscalizar e investigar uma embarcação. Contudo, fora os casos
de pirataria e transmissão não autorizadas, o país estrangeiro não tem o direito de julgar os
infratores e deve entregá-los as autoridades competentes do Estado da proveniencia do navio.

6. A PIRATARIA E A NAVEGAÇÃO NO ALTO MAR


A pirataria é considerada um dos atos mais antigos reconhecido internacionalmente como crime,
sendo entendida atualmente como uma norma Ius Congens de Direito Internacional. Desta forma,
assumindo ou não qualquer responsabilidade com os tratados internacionais, todas as nações se
obrigam a combater e cooperar contra a pirataria.

Para melhor compreensão do tema abordado, é importente que se faça, inicialmente, uma breve
definição de “pirataria”.

O termo pirataria vem do grego (peirateia, peiratçs) que quer diser ataque e, por extensão, “ladrão
do mar”) e designa um dos tipos de crimes mais antigos da história da humanidade. Agindo como
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autônomos, ou organizados em grupos, os piratas sempre navegaram pelos mares com a intenção
de saquear e pilhar navios e cidades para obter riquezas.

De acordo com Brandão (2010), são abarcados pelo conceito de pirataria os seguintes atos:
violência, detenção ou depredação ilegítimas cometidas para fins pessoais pela tripulação ou
passageiros de um navio privado ou de uma aeronave privada, e dirigidos, no alto mar, contra outro
navio ou aeronave, ou contra pessoas e bens a seu bordo, ou, ainda, contra um navio ou aeronave,
pessoas ou bens, em local fora da jurisdição de qualquer Estado.

Também se enquadram no conceito todos os demais atos de participação voluntária para utilização
de um navio ou de uma aeronave, quando aquele que os comete tem conhecimento de fatos que
conferem a esse navio ou a essa aeronave o caráter de navio ou aeronave pirata. Por fim, a
Convenção considera pirataria toda a ação tendo por fim incitar a cometer os atos acima definidos
ou empreendida com a intenção de facilitá-los.

Na Idade Média, a pirataria passou a ser praticada pelos normandos, que atuavam principalmente
nas ilhas britânicas, França e império germânico. Posteriormente, a pirataria expandiu-se pelas
colônias europeias, nomeadamente nas Caraíbas, onde havia grande quantidade de piratas em
busca de riquezas das colônias americanas, atingindo o auge no século XVIII.

Por outro lado, no final do século XVI até o século XVIII, o Mar do Caribe era um ponto
estratégico para piratas, que atacavam navios espanhóis, bem como de outras nações com colônias
e postos avançados de comércio na área.

De acordo com Cretella Neto, (2008), os grandes tesouros, como o ouro e a prata que a Espanha
começou a enviar do Novo Mundo para a Europa, rapidamente chamaram a atenção desses piratas
que, diante de uma lenta comunicação e falta de um patrulhamento em alto-mar, efetuavam seus
ataques.

Segundo Cretella Neto, (2008), os piratas formavam tripulações que, em sua maioria, contavam
com homens do mar que desejavam obter riquezas e liberdades reais. A maioria deles eram escra-
vos fugitivos ou servos sem rumo. Normalmente, suas frotas eram formadas de navios pequenos e
rápidos, que pudessem lutar ou fugir, conforme a ocasião.
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6.1 O Combate a Pirataria


Para a comunidade internacional, o pirata, ao retirar a bandeira do mastro de um navio, passa a
viver rompido com a sociedade à qual pertencia, formando comunidade diversa à da sociedade
regular. Essa ‘des-sujeição’ de seu Estado de origem faz presumir que os piratas renunciaram a
qualquer proteção diplomática.

Em virtude disso, todo e qualquer Estado pode prender um navio pirata que se encontra em alto-
mar, bem como as pessoas e os produtos provenientes de atos ilícitos que nele forem encontrados.
E os tribunais do Estado que realizou a operação são competentes para puni-los, podendo,
inclusive, decidir a respeito da forma que irão dispor do navio e dos bens confiscados,
resguardados os direitos de terceiros de boa-fé.

O fato de que qualquer Estado pode prender e julgar pessoas acusadas de pirataria torna esse crime
excepcional no Direito Internacional, de acordo com a soberania e jurisdição de cada Estado, no
interior de seu território.

De acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982), em seu artigo 105,
todo Estado pode apresar, no alto mar ou em qualquer outro lugar não submetido à jurisdição de
qualquer Estado, um navio ou aeronave pirata, ou um navio ou aeronave capturados por atos de
pirataria e em poder dos piratas e prender as pessoas e apreender os bens que se encontrem a bordo
desse navio ou dessa aeronave. Os tribunais do Estado que efetuou o apresamento podem decidir
as penas a aplicar e as medidas a tomar no que se refere aos navios, às aeronaves ou aos bens sem
prejuízo dos direitos de terceiros de boa-fé.

6.1.1 Direito a Perseguição


O artigo 111 da Convenção trata detalhadamente sobre o direito de perseguição conferido às
autoridades competentes do Estado.

Segundo o disposto, a condição de possibilidade para dar início à perseguição de um navio


estrangeiro é a existência de “motivos funda dos” para acreditar que o navio infringiu as leis e
regulamentos do Estado costeiro, sendo que a perseguição deve ter início “quando o navio
estrangeiro ou uma das suas embarcações se encontrar nas águas interiores, nas águas
arquipelágicas, no mar territorial ou na zona contígua do Estado perseguidor, e só pode continuar
fora do mar territorial ou da zona contígua se a perseguição não tiver sido interrompida.
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Por outro lado, a Convenção salienta não ser necessário que o navio que dá a ordem de parar a um
navio estrangeiro que navega pelo mar territorial ou pela zona contígua se encontre também no
mar territorial ou na zona contígua no momento em que o navio estrangeiro recebe a referida
ordem. Por fim, dispõe que se o navio estrangeiro se encontrar na zona contígua, a perseguição só
poderá ser iniciada se tiver havido violação dos direitos para cuja proteção a referida zona foi
criada.

6.1.2 Limites ao Direito a Perseguição


O direito de perseguição é limitado aos navios de guerra de um Estado, ou navio a trabalho do
governo e que esteja identificado como tal. Somente estes podem perseguir os infratores em alto-
mar, bem como aprisioná-los e conduzi-los a um porto do seu Estado.

De acordo com Nobre (2014), para que a perseguição aos delitos nas águas territoriais desse Estado
prejudicado obtenha êxito em questões legais, a exigência é que a perseguição haja começado em
tais águas e não seja interrompida, sendo uma perseguição contínua. Percebe-se, portanto, que a
questão da perseguição é bastante complexa para o Estado prejudicado, o que favorece, em muitas
situações, a fuga dos piratas.

Considerando-se o marco legal da perseguição e apresamento de navios piratas, é importante


investigar qual o papel desempenhado, nesse mister, pela Organização Marítima Internacional e
pelo Tribunal Internacional do Direito do Mar.

6.2 A Organização Marítima Internacional (IMO)


A International Maritime Organization (IMO) é a agência especializada das Nações Unidas
(ONU), criada em março de 1948, em Genebra, com a responsabilidade pela proteção e segurança
da navegação e a prevenção da poluição marítima. A IMO possui 169 Estados-Membros e três
membros associados, estando baseada no Reino Unido, com cerca de 300 funcionários
internacionais.

Conforme destaca artigo 1 da Convenção sobre a Organização Marítima Internacional, os


propósitos da organização são instituir mecanismos de cooperação entre os governos no domínio
da regulamentação e das práticas governamentais relacionados com assuntos técnicos de todos os
tipos que interessem à atividade marítima relacionada ao comércio internacional, com o intuito de
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incentivar e facilitar a adoção dos mais altos padrões possíveis em matéria de segurança marítima,
eficiência da navegação e prevenção e controle da poluição marinha causada por navios, bem como
tratar de assuntos administrativos e jurídicos relacionados com os propósitos acima destacados.

A Organização Marítima Internacional possui um programa de cooperação técnica, que identifica


as necessidades de recursos entre os membros mais resguardados e os resultados da assistência,
tais como a formação. Essa organização fundou três níveis avançados de instituições marítimas de
ensino em Malmö, Malta e Gênova.

A IMO desempenha um papel fundamental na garantia de não colocar em risco a vida de


marinheiros, bem como turistas e que o ambiente marinho não seja poluído por meio da sua
utilização.
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7. CONCLUSÃO.

No final do presente trabalho, podemos concluir que, no geral embora o espaço marítimo
acompanhe desde sempre as relações entre povos na História, no comércio, na conquista ou na
interação cultural e social, a construção de normas sobre Direito do Mar teve regulação tardia,
considerada sua importância e utilização desde as civilizações mais primitivas.

Com a criação da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar em 1982, estabeleceu-se
a liberdade de uso do Alto Mar, a Convenção destaca que tal liberdade deve ser exercida nas
condições estabelecidas na própria Convenção e demais normas de Direito Internacional.

No que tange a Pirataria marítima, o presente trabalho enquadra-no como sendo todos os demais
atos de participação voluntária para utilização de um navio ou de uma aeronave, quando aquele
que os comete tem conhecimento de fatos que conferem a esse navio ou a essa aeronave o caráter
de navio ou aeronave pirata.
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8. BIBLIOGAFIA

 BRANDÃO, Eduardo Henrique Serra. (2010), Afinal o que é pirataria? (PDF) Acessado em:
https://www.publicacoesacademicas.uniceub.br
 CARVALHO, Virgílio de. (1995), A importância do mar para Portugal: passado, presente e
futuro. Ed. Bertrand; Lisboa, (PDF) Acessado em https://repositorio.ucp.pt/bitstream
 CELSO D. de Albuquerque. (2001), Alto Mar. Renovar, Rio de Janeiro (PDF) Acessado em:
https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br
 CNUDM, Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (1982),
 CRETELLA NETO, José.( 2008), Curso de direito internacional penal. Ijuí: Unijuí (PDF)
Acessado em: https://www.editoraunijui.com.br
 FIORATI, Jete Jane. (1999), A disciplina jurídica dos espaços marítimos na Convenção das
Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 e na jurisprudência internacional. Renovar;
Rio de Janeiro; (PDF) Acessado em: https://www.lexml.gov.br/urn/urn:lex:br:rede.virtual
 GUEDES, Armando M. Marques (1998), Direito do Mar. Ed. Coimbra, 2° edição; Coimbra,
Portugal; (PDF) Acessado em: https://www.amazon.co.uk
 IMO. International Maritme Organization. Informações disponíveis em:
<http://www.imo.org>. Acesso em: 05 mar. 2021.
 SOARES, G. F. M. (2014), O Brasil e as negociações sobre Direito do Mar, Brasília: FUNAG,
 NOBRE, Luciana. Pirataria é assunto de debate da OMI. El País.com.co, 14 abr. 2013. OMI.
Disponível em: <http://mundiuepb.com.br/elpais/pirataria-e-assunto-de-debate-na-omi/>.
Acesso em: 09 set. 2014.

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