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CONTRATAÇÃO E

FISCALIZAÇÃO DE
OBRAS PÚBLICAS

MATERIAL TEXTUAL
Créditos Equipe Técnica

Equipe Executiva Docente Conteudista


Rafael do Amaral Guedes

Realização
Coordenação Pedagógica
Escola de Contas e Gestão do Tribunal de
Dalva Stella Pinheiro da Cruz
Contas do Estado do Rio de Janeiro – Marcia Araujo Calçada
ECG/TCE-RJ Maurício Nunes Rodrigues
Juliany de Souza Batista
Apoio (estagiária)
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Letícia Alves Bomfim
Pequenas Empresas - Sebrae (estagiária)

Coordenadoria de Gestão e Tecnologia


Educacional
Rachel Constant Vergara Mann
Ronald de Lima Andrade
Gabriel Alves dos Santos Carelli Toyo
(estagiário)
Maria Eduarda Bortoloto de Oliveira
(estagiária)
Oirã Ferrer Pereira da Silva (estagiário)
Coordenação de Gestão e Tecnologia
Educacional – CGT/ECG

Novembro
2022
2
Este material didático destina-se, exclusivamente, ao
uso interno da ECG/TCE-RJ.
O material didático fornecido pela ECG/TCE-RJ tem
caráter meramente educativo e não vincula as decisões
do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro,
sendo o respectivo conteúdo de inteira e exclusiva
responsabilidade de seu autor.
(Deliberação TCE nº 243/07)

3
Sumário
LISTA DE SIGLAS ............................................................................... 6
INTRODUÇÃO ................................................................................... 8
1. PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO .......................................................... 11
1.1. Fase Preliminar à Licitação............................................................................... 13
1.1.1. Programa de Necessidades .............................................................................. 14
1.1.2. Estudos de Viabilidade .................................................................................... 15
1.1.3. Anteprojeto .................................................................................................... 17
1.2. Fase Interna da Licitação ................................................................................. 21
1.2.1. Projeto Básico ................................................................................................. 23
1.2.2. Projeto Executivo ............................................................................................ 42
1.2.3. Licenciamento Ambiental ................................................................................ 43
1.2.4. Previsão de Recursos Orçamentários ............................................................... 43
1.2.5. Edital de Licitação ........................................................................................... 44
1.3. Fase Externa.................................................................................................... 64
1.3.1. Análise das Propostas de Preço........................................................................ 65
1.4. Dispensa de Licitação ...................................................................................... 66
1.5. Inexigibilidade de Licitação .............................................................................. 67
RECAPITULANDO – MÓDULO 1 ...................................................................................... 69
2. EXECUÇÃO CONTRATUAL E UTILIZAÇÃO DO OBJETO ............................... 73
2.1 Execução Contratual (ou fase contratual) ......................................................... 73
2.1.1. Alterações Contratuais .................................................................................... 75
2.1.1.1. Acréscimos e Supressões (base de cálculo) ....................................................... 76
2.1.1.2. Jogo de Planilha .............................................................................................. 80
2.1.1.3. Reequilíbrio Econômico-Financeiro (Revisão de Preços) ................................... 84
2.1.1.4. Tempestividade dos Aditivos ........................................................................... 85
2.1.2. Obrigações da Contratada ............................................................................... 85
2.1.3. Atrasos, Rescisão e Sanções na Execução do Contrato ...................................... 86
2.1.4. Fiscalização ..................................................................................................... 87
2.1.5. Medições e Pagamentos .................................................................................. 93
2.1.6. Recebimento da obra ...................................................................................... 96
2.2 Utilização do Objeto ........................................................................................ 97
2.2.1. Garantia dos Serviços ...................................................................................... 98

4
2.2.2. Manutenção ................................................................................................... 99
RECAPITULANDO – MÓDULO 02 .................................................................................. 100
3. PRINCIPAIS IRREGULARIDADES E POSSÍVEIS SANÇÕES.......................... 103
3.1. Principais Irregularidades .............................................................................. 103
3.1.1. Superfaturamento ......................................................................................... 113
3.2. Sanções......................................................................................................... 118
3.2.1. Sanções a cargo do TCE-RJ ............................................................................. 118
3.2.2. Demais Sanções ............................................................................................ 120

CONCLUSÃO .......................................................................................................... 123


REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 124

5
LISTA DE SIGLAS
SIGLA DESCRIÇÃO
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ART Anotação de Responsabilidade Técnica

BDI Benefícios e Despesas Indiretas

CAU Conselho de Arquitetura e Urbanismo

CGC Cadastro Geral de Contribuintes

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente

CONFEA Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

CONFINS Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social

CPF Cadastro de Pessoas Físicas

CREA Conselho Regional de Engenharia e Agronomia

CSLL Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

EMOP Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro

EPI Equipamento de Proteção Individual

EVTEA Estudos de Viabilidade Técnico Econômica Ambiental

FGTS Fundo de Garantia do Tempo de Serviço

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBRAOP Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas

ICMS Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços

INCC Índice Nacional de Custo de Construção

INSS Instituto Nacional de Seguro Social

IPCA Índice de Preços ao Consumidor Amplo

6
IPI Imposto sobre produtos industrializados

IRPJ Imposto de Renda da Pessoa Jurídica

ISS Imposto Sobre Serviços

LDI Lucro e Despesas indiretas

LOA Lei Orçamentária Anual

PIS Programa de Integração Social

RDC Regime Diferenciado de Contratação

RRT Registro de Responsabilidade Técnica

SCO Sistema de Custo de Obras

SEAP Secretaria de Estado da Administração e do Patrimônio

SICRO Sistema de Custos Referenciais de Obras

Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da


SINAPI
Construção Civil

TCE-RJ Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro

TCPO Tabela de Composição de Preços para Orçamentos

TCU Tribunal de Contas da União

7
INTRODUÇÃO
Prezado aluno,

Seja bem-vindo ao curso de Contratação e Fiscalização de Obras

Públicas!

Durante os seus trabalhos de auditoria, é muito comum o Tribunal de

Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) se deparar com diversas

irregularidades na execução de obras e serviços de engenharia realizadas com o

dinheiro público, irregularidades essas que são decorrentes, na maioria das vezes,

de deficiência no planejamento e na fiscalização desses empreendimentos.

Diante desse cenário, o TCE-RJ idealizou este curso, que visa a orientar os

mais diversos atores envolvidos na execução de uma obra pública, a fim de que

compreendam, efetivamente, os procedimentos e controles relacionados a esse

tipo de investimento, desde a fase de sua concepção até o seu recebimento

definitivo.

Vale destacar que tais orientações, no presente momento, se fazem ainda

mais relevantes, considerando-se as recentes alterações nas questões afetas a

licitações e contratos, com a promulgação da Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de

Licitações e Contratos).

Sobre esse aspecto, aliás, cabe salientar que continuam vigorando as Leis

nos 8.666/93, 10.520/02 e 12.462/11 (arts. 1º a 47-A), de forma conjunta com a

recém-editada Lei nº 14.1333/2021, situação que permanecerá até abril de 2023,

momento a partir do qual a licitação e a contratação somente serão possíveis por

meio deste último normativo. Ainda assim, é certo que, mesmo após essa data,

haverá muitos contratos vigentes originados com base nas leis anteriores (que já

estarão, finalmente, revogadas).

8
Desta forma, procurou-se abordar, neste material, os procedimentos a

serem adotados em conformidade com toda a legislação atualmente vigente,

fazendo-se, sempre que pertinente, a correlação entre os dispositivos das leis

afins, de forma a facilitar um pouco mais a compreensão deste período de

transição.

Obviamente, dada a complexidade de grande parte das matérias que serão

tratadas ao longo deste curso, não há a menor pretensão de esgotá-las, mas sim

de incentivar o debate, a reflexão, a busca por novos conhecimentos e a troca de

experiências entre o Tribunal e todos aqueles que atuam em uma obra pública,

objetivando-se, ao final, um melhor aproveitamento dos recursos envolvidos.

E, para tanto, faz-se imprescindível que você leia atentamente esta apostila

e realize as atividades propostas.

Então, vamos começar?

Lembre-se de que você é a pessoa mais


importante nesse processo de aprendizagem!

9
MÓDULO 01

10
1. PLANEJAMENTO DA CONTRATAÇÃO

A implantação de uma obra pública é um evento complexo em que, para

fins didáticos, se faz pertinente a sua divisão em etapas, conforme representado

no fluxograma a seguir:

11
Leitura Recomendada
Para um melhor entendimento do fluxograma apresentado acima,
recomendamos a leitura do documento:
Tribunal de Contas da União. Obras públicas: recomendações básicas
para a contratação e fiscalização de obras de edificações públicas
– 3. ed. Brasília: TCU, SecobEdif, 2013

Disponível no Link:
https://portal.tcu.gov.br/data/files/1E/26/8A/06/23DEF610F5680BF6F1881
8A8/Obras_publicas_recomendacoes_basicas_contratacao_fiscalizacao_obra
s_edificacoes_publicas_4_edicao.PDF

As fases de I, II e III indicadas no fluxograma acima e que são tratadas neste

Tópico podem ser consideradas como as de planejamento da contratação,

momento em que se definem basicamente: “o que” e “com quem” se pretende

contratar.

PRINCIPAIS NORMAS APLICADAS

Lei nº 8.666/1993

Lei nº 14.133/2021 (Nova Lei de Licitações e Contratos)

Decreto nº 7.983/2013

Súmulas e decisões do Tribunal de Contas da União

Orientações técnicas do IBRAOP

12
1.1. Fase Preliminar à Licitação
Fase cuja duração vai desde a decisão política de executar a obra até a

abertura do processo administrativo referente à licitação; compreende,

principalmente, o programa de necessidades, os estudos de viabilidade e o

anteprojeto.

Conhecendo a Legislação
A previsão desta fase consta do art. 6º, IX, da Lei nº 8.666/1993:

Art. 6° Para os fins desta Lei, considera-se:

(...)

IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com


nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou
complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
seguintes elementos: (...)

A Resolução nº 361/91 do CONFEA, em seu art. 2°, também deixa clara a


necessidade de elaboração dos estudos preliminares:

Art. 2º - O Projeto Básico é uma fase perfeitamente definida de um


conjunto mais abrangente de estudos e projetos, precedido por estudos
preliminares, anteprojeto, estudos de viabilidade técnica, econômica
e avaliação de impacto ambiental, e sucedido pela fase de projeto
executivo ou detalhamento.

No âmbito da Lei nº 14.133/2021, essa fase, juntamente com a fase interna


da licitação, é denominada “preparatória” (art. 17, I), estando os seus
componentes descritos, basicamente, no art. 18 desse diploma legal.

13
1.1.1. Programa de Necessidades
Documento em que se definem as características básicas do

empreendimento, bem como o seu padrão de acabamento, considerando-se a

sua área de influência, a população atingida, a região beneficiada etc.

É neste documento, em síntese, que se define basicamente que obra se quer

executar, sendo a partir dele que se desenvolvem os estudos de viabilidade do

empreendimento, objeto da próxima etapa.

Atenção
Apesar de sua previsão normativa, a fase preliminar é, normalmente,
menosprezada, sendo esse um dos principais motivos paras as diversas
obras inacabadas em nosso país.

14
Saiba mais
Para melhor compreensão de sua abrangência e conteúdo, busque na
internet exemplos de programas de necessidades para diversos tipos de
empreendimento.
A título de sugestão inicial, segue o link de uma proposta de programa
de necessidades para uma biblioteca pública de Porto Alegre – RS, que
dá uma exata dimensão do que deve conter este relevante documento
para a implementação de uma obra pública:
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/33049/000550150.pdf

OBS: Analisar sobretudo o item 9 do estudo, que inicia na página 75.

1.1.2. Estudos de Viabilidade


Tendo por base o programa de necessidades, os estudos de viabilidade

visam avaliar as alternativas possíveis para execução do empreendimento,

definindo a melhor solução conceitual sob os aspectos legal, técnico, econômico

e ambiental.

São constituídos por estudos, desenhos e relatórios, os quais devem

conter:

a descrição e a avaliação da alternativa selecionada;

os critérios,

os índices e os parâmetros empregados;

o pré-dimensionamento do empreendimento.

Metodologia expedita: estimativa aproximada, preparada sem dados detalhados de engenharia


A avaliação do valor financeiro a ser investido se dá por metodologia

expedita, sendo utilizados indicadores que refletem os custos médios por

unidade que melhor caracterize o empreendimento.

15
Exemplos de indicadores:

Custo por metro quadrado de edificação (adota-se, em geral, a

metodologia preconizada na NBR 12.721 da Associação Brasileira

de Normas Técnicas (ABNT), com os valores do m2 sendo extraídos

dos sindicatos da construção civil); CUB


Custo por metro linear de rede de drenagem ou esgoto;

Custo por hectare de urbanização;

Custo por megawatt de energia instalado (para usinas

hidrelétricas);

Custo por quilômetro de rodovia.

Esses indicadores podem ser obtidos em publicações de entidades/órgãos

públicos, em revistas/sites de empresas especializadas, em contratos de obras

semelhantes etc.

A escolha da melhor alternativa para a implantação da obra pode se dar

sob diversos aspectos, tais como metodologia construtiva, traçado (no caso de

rodovia e ferrovia), localização (no caso de escolas, hospitais, praças etc.), tipo de

terreno, entre outros.

Apenas a título de ilustração, seguem as variáveis que podem ser avaliadas

quando a seleção das alternativas envolver a escolha do terreno em que será

construída determinada obra:

Tipo de solo do terreno por sondagem;

Nível do lençol freático;

Zonas de enchentes;

Legislação de uso de solo;

Topografia do terreno no entorno;

Características da comunidade do entorno;

16
Disponibilidade de redes de serviços públicos;

Facilidade de acesso;

Disponibilidade de meios de transporte público;

Disponibilidade de materiais, jazidas e bota fora;

Documentação do terreno – Parecer Jurídico.

Exemplo

Um bom exemplo desses indicadores são os custos médios gerenciais


disponibilizados no site do Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes (DNIT):
https://www.gov.br/dnit/pt-br/assuntos/custos-e-pagamentos/custo-medio-
gerencial/ANEXOIXCUSTOMDIOGERENCIALNOVEMBRO2016.pdf

É aconselhável a elaboração de um check list padronizado, com elementos


mínimos necessários para a verificação, assim como a elaboração de
relatório técnico de escolha do terreno, apresentando croquis e
posicionamentos via satélite.
Destacamos o exemplo de check list abaixo, disponível em:
http://www.paranaedificacoes.pr.gov.br/arquivos/File/CadernosOrientadores/
caderno08.pdf

1.1.3. Anteprojeto
Trata-se da representação técnica da opção aprovada nos estudos de

viabilidade, tendo como objetivo subsidiar a elaboração do projeto básico; deve

ser apresentado em desenhos, em números, e em escalas e detalhes suficientes

para a compreensão da obra planejada, contemplando, em seu conteúdo,

especificações técnicas, memorial descritivo e orçamento estimativo.

17
Para fins de elaboração deste orçamento, o custo global da obra poderá

ser aferido mediante orçamento sintético ou metodologia paramétrica.

O orçamento sintético é elaborado mediante levantamentos de

quantitativos de serviços e insumos calculados com base no anteprojeto de

engenharia, com precisão compatível com o seu nível de detalhamento, sendo

composto pela descrição, unidade de medida, preço unitário, quantidades e

preço dos serviços da obra; e deve ser balizado pelos sistemas referenciais oficiais

tais como Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP),

Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (SINAPI),

Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO), ou outro de reconhecida

utilização, devidamente adaptados às condições regionais e peculiares de cada

obra.

A metodologia paramétrica deve ser utilizada exclusivamente nos casos


dos serviços ou itens para os quais não haja detalhamento suficiente no
anteprojeto de engenharia, quando os quantitativos ou custos poderão ser

estimados por meio de índices médios, utilizando-se como parâmetro outras

obras com características similares.

18
Exemplo
Exemplos de serviços/itens que podem ser estimados por meio de
metodologia paramétrica:

1. Volume de concreto: área dos pavimentos x espessura média


Sendo a espessura média: Prof. Aldo Dórea
Entre 12 e 16 cm para estruturas abaixo de 10 pavimentos; e
Entre 16 e 20 cm para estruturas acima de 10 pavimentos.

2. Armação (aço) Prof. Aldo Dórea


Em função do volume de concreto, sendo:
Entre 83 e 88 kg por m³ para estrutura abaixo de 10 pavimentos;
Entre 88 e 100 kg por m3 para estrutura acima de 10 pavimentos.

3. Área de forma Prof. Aldo Dórea


Em função do volume de concreto, sendo entre 12 e 14 por m³.

Saiba Mais
Veja maiores detalhes a respeito dos 3 documentos que compõem a
fase preliminar à licitação (programa de necessidades, estudos de
viabilidade e anteprojeto) no Material Complementar – Slides, slides 7
até 41.

Orçamento na fase de anteprojeto, portanto, apresenta maior precisão

em relação ao elaborado no momento dos estudos de viabilidade, pois são

levantadas as quantidades dos principais insumos e serviços com base nos

desenhos e demais elementos do anteprojeto, e pesquisados os seus respectivos

preços, preferencialmente, em sistemas de custos oficiais (orçamento sintético),

sendo estimados por índices médios com base em obras similares somente os

quantitativos ou custos para itens ou serviços que não estejam bem detalhados

no anteprojeto (metodologia paramétrica); ao passo que nos estudos de

viabilidade é adotada ordinariamente a metodologia expedita, sendo


NÍVEL DE PRECISÃO DOS ORÇAMENTOS
Orçamento sintético > Orçamento Paramétrico > EV's

19
utilizados indicadores que refletem os custos médios por unidade que melhor

caracterize o empreendimento, a exemplo do custo por m2, km etc.

Leitura Recomendada
Para uma definição mais detalhada do conceito de anteprojeto de
engenharia e dos parâmetros necessários quando de sua utilização na
contratação de obras públicas, leia a OT - IBR 006/2016 do IBRAOP,
disponível em:
http://www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2016/09/OT_-_IBR_006-
2016-Vers%C3%A3o-Definitiva-10-05-2017.pdf

Resumindo Fase Preliminar à Licitação:

Definição das características básicas do


PROGRAMA DE
empreendimento e padrão;
NECESSIDADES É a base para os estudos de viabilidade.

Descrição e avaliação da alternativa


ESTUDO DE
selecionada;
VIABILIDADE
Critérios;
(constituído por estudos, Índices e os parâmetros empregados;
desenhos e relatórios) Pré-dimensionamento do empreendimento.

Especificações técnicas;
Memorial descritivo;
ANTEPROJETO
Orçamento estimativo (orçamento
sintético ou metodologia paramétrica).

20
1.2. Fase Interna da Licitação
Esta etapa inaugura-se com abertura do processo administrativo e termina

com a publicação do edital.

É de extrema relevância para o alcance dos objetivos de uma obra pública,

pois é nela que são definidas as especificações do que será contratado em termos

técnicos e de custo (por meio do projeto básico e/ou do projeto executivo), assim

como são informados os atributos necessários aos interessados em contratar com

a Administração, o que se dá na elaboração das cláusulas do edital, preservando-

se, obviamente, os princípios da isonomia, da supremacia do interesse público,

da seleção da proposta mais vantajosa, entre outros afetos ao Direito

Administrativo.

Essas definições, que, conforme destacado, ocorrem na elaboração do

projeto básico, do projeto executivo e do edital propriamente dito, embora

imprescindíveis, não são suficientes para que a licitação aconteça. Faz-se

imperioso, também, que o ente contratante preveja os recursos orçamentários

que assegurem o cumprimento das obrigações resultantes das obras ou serviços

21
de engenharia a serem realizados durante o exercício financeiro, em consonância

com o cronograma físico-financeiro constante do projeto básico.

É necessário, ainda, quando a execução da obra ultrapassa um exercício

financeiro, que o produto dela esperado esteja contemplado nas metas

estabelecidas no Plano Plurianual, previsto no art. 165 da Constituição Federal.

Tal obrigação deriva do art. 167, § 1º, da Constituição Federal.

Todos esses elementos/ações pertinentes à fase interna da licitação

encontram-se dispostos no art. 7°, § 2º, da Lei nº 8.666/1993 (e no art. 18 da Lei

nº 14.133/2021, de forma conjunta com a fase preliminar à licitação).

A seguir, serão detalhados esses principais componentes da fase interna

da licitação.

22
• PROJETO BÁSICO – Perfeita caracterização do objeto. Constitui-
se de: desenho, memorial descritivo, especificação técnica,
cronograma físico-financeiro e orçamento.
1
• PROJETO EXECUTIVO – Conjunto de elementos necessários e
suficientes à execução completa da obra.

2
• LICENCIAMENTO AMBIENTAL – É necessário verificar se a
atividade para a qual a obra está sendo realizada precisa de
licenciamento, estando as condicionantes impostas pelo órgão
ambiental estarem contempladas no projeto básico ou executivo.
3
• PREVISÃO DE RECURSOS ORÇAMENTÁRIOS – Garante que as
obras somente serão licitadas se houver previsão de recursos.
IMPERATIVO LEGAL
4
• EDITAL DE LICITAÇÃO – Produto principal a ser materializado na
fase interna da licitação, incluindo seus anexos.

1.2.1. Projeto Básico


A fim de contratar determinada obra, é necessária a perfeita caracterização

do objeto, o que é viabilizado pela existência de um projeto básico que atenda

aos requisitos insculpidos no inciso IX do art. 6º da Lei nº 8.666/1993 (ou art. 6º,

XXV, da Lei nº 14.133/2021, de conteúdo bastante similar ao da Lei anterior).

23
Conhecendo a Legislação

Lei nº 8.666/1993
Art. 6º (...)
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários e suficientes, com
nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou
complexo de obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com base
nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a
viabilidade técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
definição dos métodos e do prazo de execução, devendo conter os
seguintes elementos:
a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a fornecer visão global
da obra e identificar todos os seus elementos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficientemente detalhadas, de
forma a minimizar a necessidade de reformulação ou de variantes durante
as fases de elaboração do projeto executivo e de realização das obras e
montagem;
c) identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais e
equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especificações que
assegurem os melhores resultados para o empreendimento, sem frustrar
o caráter competitivo para a sua execução;
d) informações que possibilitem o estudo e a dedução de métodos
construtivos, instalações provisórias e condições organizacionais para a
obra, sem frustrar o caráter competitivo para a sua execução;
e) subsídios para montagem do plano de licitação e gestão da obra,
compreendendo a sua programação, a estratégia de suprimentos, as
normas de fiscalização e outros dados necessários em cada caso;
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em
quantitativos de serviços e fornecimentos propriamente avaliados.

O projeto básico pode ser elaborado pelos próprios órgãos ou entidades

licitantes, quando estes dispuserem de corpo técnico competente para este fim,

24
ou por meio da contratação de empresas especializadas, em certame licitatório

específico.

No que concerne à sua precisão, tendo em vista que a Lei nº 8.666/1993

refere-se a “nível de precisão adequado”, faz-se relevante observar que a

Resolução nº 361/1991 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia

(CONFEA), em seu art. 3º, alínea f, estabelece uma margem de precisão de

aproximadamente 15%.

Atenção
A insuficiência do projeto básico poderá redundar em uma série de
problemas, tais como: aditivos ao contrato; não obtenção da proposta
mais vantajosa para a Administração; obras inacabadas, entre outros.

Nestes casos, poderá haver responsabilização do autor do projeto, bem


como da autoridade competente pela sua aprovação, cujo ato é previsto
no art. 7°, § 2º, inc. I, da Lei nº 8.666/1993.

1.2.1.1. Elementos do Projeto Básico


Os principais elementos que compõem o projeto básico, segundo a

Orientação Técnica OT – IBR 001/2006 do Instituto Brasileiro de Auditoria de

Obras Públicas, são: desenho, memorial descritivo, especificação técnica,

cronograma físico-financeiro e orçamento. Esses elementos estão detalhados nos

tópicos seguintes.

Desenhos

Representação gráfica do objeto a ser executado, elaborada de modo a

permitir sua visualização em escala adequada, demonstrando formas, dimensões,

funcionamento e especificações, perfeitamente definida em plantas, cortes,

elevações, esquemas e detalhes, obedecendo às normas técnicas pertinentes.

25
Memorial Descritivo

O memorial descritivo consiste na descrição detalhada do objeto

projetado, na forma de texto, onde são apresentadas as soluções técnicas

adotadas, bem como suas justificativas, necessárias ao pleno entendimento do

projeto, complementando as informações contidas nos desenhos;

Especificação Técnica

A especificação técnica, por sua vez, é o documento no qual se fixam todas

as regras e condições que se devem seguir para a execução da obra ou serviço

de engenharia, caracterizando individualmente os materiais, equipamentos,

elementos componentes, sistemas construtivos a serem aplicados e o modo

como serão executados cada um dos serviços apontando, também, os critérios

para a sua medição.

Cronograma físico-financeiro

Demonstração temporal (geralmente mensal) dos quantitativos dos

diversos serviços executados durante todo o período previsto para a execução da

obra, bem como o respectivo valor a ser gasto para a remuneração desses

serviços. Esse documento permite estimar os recursos orçamentários necessários

ao longo de cada exercício financeiro.

Atenção

Deve-se ter especial atenção para com os períodos chuvosos, os quais já


devem ser considerados na elaboração do cronograma.
Outro ponto a se destacar diz respeito à diferença conceitual entre
cronograma de desembolso e cronograma físico-financeiro. O primeiro
representa a disponibilidade financeira do órgão para o pagamento de
suas obrigações contratuais em função do tempo, enquanto que o
segundo demonstra o avanço das etapas físicas dos serviços da obra,
associado ao seu respectivo pagamento.

26
Orçamento

Avaliação do custo total da obra tendo como base preços dos insumos

praticados no mercado ou valores de referência e levantamentos de quantidades

de materiais e serviços obtidos a partir do conteúdo dos elementos descritos nos

itens 1, 2 e 3, sendo inadmissíveis apropriações genéricas ou imprecisas, bem

como a inclusão de materiais e serviços sem previsão de quantidades.

O orçamento apresenta as seguintes características ou propriedades:

Especificidade – Cada orçamento tem uma característica específica,

devendo ser levado em conta:

Especificações e projetos da obra;

Condições da empresa que executará a obra; e

Condições locais da obra (clima, vegetação, relevo, condições do solo,

qualidade da mão de obra, facilidade de acesso a matérias-primas etc.).

Temporalidade – um orçamento realizado em tempos atrás não é válido

para hoje. Isso se deve a:

Flutuação no custo dos insumos ao longo do tempo;

Criação ou alteração nos impostos e encargos sociais e trabalhistas,

tanto em espécie quanto em alíquota;

Evolução dos métodos construtivos – surgimento de técnicas, materiais

e equipamentos mais adequados;

Diferentes cenários financeiros.

Aproximação – Por se basear em previsões, todo orçamento é

aproximado. O orçamento não deve ser exato, porém preciso. A margem de erro

27
de um orçamento está atrelada à fase do desenvolvimento do projeto e ao

quanto mais for criteriosa e apurada a orçamentação.

Além disso, o orçamento de uma obra é elaborado durante as diversas

fases de seu planejamento. Conforme o andamento desse planejamento, as

informações contidas nos projetos serão mais confiáveis e mais detalhadas, assim

como os orçamentos elaborados em cada fase.

Saiba mais

Veja maiores detalhes a respeito do percentual de precisão do orçamento


(esta informação se encontra no item 4 do documento) nas diversas fases
do planejamento de uma obra pública na OT- IBR 004/2012 do IBRAOP,
disponível em:
http://www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2013/04/OT_IBR0042012.pdf

Para aprofundar os conhecimentos sobre os documentos que compõe o


projeto básico, consulte o Material Complementar – Slides, slides 45 até
163, que contém uma série de exemplos e informações extras.

Orçamento sintético (planilha orçamentária)

A planilha orçamentária deve compor o projeto básico, sendo parte

integrante do edital de licitação, conforme disciplinado na Lei nº 8.666/1993, em

seu art. 40, § 2º, inc. II.

Recomenda-se que as planilhas orçamentárias apresentem em seu

cabeçalho:

Descrição da obra a que se refere, apresentando também o número

do contrato/concorrência;

Data de referência do orçamento;

28
Sistema de Custo Unitário utilizado;

No corpo da planilha, as informações necessárias são:

Discriminação de cada serviço;

Unidade de medida, quantidade, custo unitário e custo parcial;

Apresentação dos códigos de cada serviço do sistema de custo

unitário.

Na planilha, deve constar, também, a identificação do técnico responsável

por sua elaboração, contendo o nome completo, seu registro no Conselho

Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) e assinatura. Cabe destacar, todavia,

que essa identificação não substitui a emissão de Anotação de Responsabilidade

Técnica (ART) ou Registro de Responsabilidade Técnica (RRT), conforme será

abordado no tópico relativo à responsabilidade técnica.

Conhecendo a Legislação

Lei nº 8.666/1993
Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de ordem em série
anual, o nome da repartição interessada e de seu setor, a modalidade, o
regime de execução e o tipo da licitação, a menção de que será regida
por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da documentação e
proposta, bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará,
obrigatoriamente, o seguinte:
(...)
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte integrante:
(...)
II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e preços unitários;
No âmbito da Lei nº 14.133/2021, menciona-se no art. 18, IV, apenas o
orçamento analítico, que será visto no tópico a seguir. Todavia, faz-se
menção à planilha em outros dispositivos da Lei, como, por exemplo, no
seu art. 56, § 5º).

29
Orçamento analítico (estimativa de quantidades, composição de custos
unitários e BDI detalhado)

Estimativa de Quantidades

A planilha orçamentária deve estar respaldada por uma minuciosa

estimativa das quantidades, a qual deve prever todos os serviços necessários à

execução do objeto a ser contratado, contemplando a infraestrutura de apoio, os

serviços complementares e os explicitamente definidos no projeto básico (por

meio de desenhos técnicos, memoriais descritivos e especificações técnicas).

Devem ser levadas em consideração a boa técnica construtiva e a prática mais

econômica, sendo as quantidades compatíveis com a conformação geológica do

local, com a localização dos elementos que irão interferir na obra e com as

dimensões projetadas.

As diversas atividades previstas para a realização de um determinado

elemento devem ser compatíveis entre si, tanto em escopo, quanto em suas

quantidades estimadas. Como exemplo, podem-se citar os serviços para a

implantação de uma rede de tubulação de drenagem pluvial - escavação,

escoramento (quando necessário), embasamento, implantação dos tubos,

reaterro e pavimentação da superfície - em que os equipamentos devem estar

adequados ao tipo de escavação pretendida; a retirada do material que não será

reaproveitado deve estar prevista, com carregamento, transporte e disposição

final; e o reaterro deve considerar, além do material a ser utilizado, o

equipamento para a compactação adequada.

A planilha orçamentária não deve ser composta por itens de insumos

(mão-de-obra, materiais e equipamentos), mas sim por serviços de engenharia

compostos por esses insumos, de forma a dar maior transparência ao orçamento,

facilitando, inclusive, o trabalho da fiscalização na medição dos itens. Os

30
quantitativos e custos dos insumos deverão constar da composição de custo

unitário de cada serviço, a qual será abordada a seguir.

A fim de facilitar o entendimento da planilha orçamentária, tanto pelas

licitantes, quanto pelos órgãos de controle, é recomendável a apresentação da

memória de cálculo das quantidades estimadas, acompanhada, conforme o caso,

das justificativas técnicas que motivaram a adoção de determinados serviços.

Verifica-se, frequentemente, que alguns itens do orçamento suscitam

dúvida acerca de sua quantificação, estando sujeitos à superestimativa de

serviços/materiais ou, até mesmo, à duplicidade, sendo esta impropriedade,

muita das vezes, decorrente da falta de conhecimento, por parte do orçamentista,

do Sistema de Custo Unitário utilizado como base. São exemplos comuns destes

itens: administração local; serviços com critérios de medição com volumes

compactados, mas que são calculados com volumes empolados; uso incorreto de

massa específica dos materiais não correspondente aos materiais de projeto;

cálculo de funcionamento de equipamentos, considerando custos em

funcionamento, parado e produtivo; e outros.

Outra constatação comum é a existência de mão de obra excessiva

presente em alguns orçamentos, uma vez que o orçamentista, por vezes,

desconsidera a mão de obra já incluída pelo sistema de custos.

Desta forma, para evitar estes equívocos, faz-se necessário estudar

previamente as orientações de cada sistema de custo para a consideração de suas

peculiaridades.

31
Conhecendo a Legislação
Lei nº 8.666/1993
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se:
(...)
IX - Projeto Básico – (...), devendo conter os seguintes elementos:
f) orçamento detalhado do custo global da obra, fundamentado em quantitativos
de serviços e fornecimentos propriamente avaliados;

O orçamento analítico é previsto no art. 18, IV, da Lei nº 14.133/2021.

Estimativa de Custo Unitário

O preço unitário de um item de serviço resulta da soma dos seus custos

diretos, indiretos e do lucro da empresa fornecedora dos serviços, sendo:

Custo direto – soma dos custos dos insumos (equipamentos, materiais e

mão-de-obra, inclusive encargos sociais) necessários à realização direta dos

serviços. Despesas como as de “administração local”, “mobilização e

desmobilização” e “instalação e manutenção do canteiro”, embora não possam

ser alocadas diretamente na execução de um determinado serviço, devem ser

consideradas como diretas, constando da planilha orçamentária.

Custo indireto – todas as demais despesas que não podem ser alocadas

diretamente na execução de um serviço, tais como tributos, administração

central, riscos etc.

Lucro - parcela destinada a remunerar o custo de oportunidade do capital

aplicado, capacidade administrativa, gerencial e tecnológica, responsabilidade

pela administração do contrato e condução da obra por estrutura organizacional

32
da empresa e investimentos na formação profissional do seu pessoal, a

capacidade de reinvestir no próprio negócio e o risco do negócio.

O somatório das parcelas referentes ao custo indireto e ao lucro forma o

Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) ou Lucro e Despesas Indiretas (LDI), que, por

sua importância, será abordado mais adiante, separadamente.

Cabe ressaltar que a composição de todos os custos unitários deve constar

do edital de licitação, conforme disposto no art. 7º, § 2º, II, da Lei nº 8.666/1993

(art. 18, IV, da Lei nº 14.133/2021).

Estas composições demonstram o valor financeiro a ser despendido na

execução de uma unidade de serviço (m², m³, t/km etc.), e são elaboradas com

base nos preços e nos coeficientes de produtividade e de consumo dos insumos

utilizados (materiais, mão-de-obra e equipamentos), devendo conter, no mínimo:

a. Discriminação de cada insumo, unidade de medida, sua incidência

na realização do serviço, preço unitário e custo parcial;

b. Custo unitário total do serviço, representado pela soma dos custos

parciais de cada insumo.

Em caso de serviços cujos valores tenham sido retirados diretamente de

sistemas de custos, tais como EMOP, SCO, SINAPI, SICRO, TCPO etc., ou de

tabelas referenciais de órgãos ou entidades da Administração em que seja

permitida a consulta pública, é desnecessária a apresentação da composição de

custo unitário correspondente, bastando que sejam informados, apenas, o

sistema utilizado e os códigos de referência.

Caso os serviços ou insumos de determinada obra não constem dos

sistemas de custos disponíveis, podem ser utilizadas outras fontes, tais como

publicações especializadas (devendo ser feita a sua identificação e informada a

33
sua edição) e cotações de mercado (devendo ser anexadas as respectivas

propostas comerciais, com, no mínimo, 3 consultas).

Conhecendo a Legislação
Lei nº 8.666/1993
Art. 7o As licitações para a execução de obras e para a prestação de
serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte
sequência:
(...)
§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:
(...)
II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição
de todos os seus custos unitários;

Benefícios e Despesas Indiretas (BDI)

Geralmente expresso em forma de percentual, o BDI é utilizado como fator

multiplicador sobre o custo direto, de forma a se obter o preço de um

determinado serviço:

Custo direto x (1+BDI) = preço

Para fins de cálculo do BDI, são usualmente consideradas, além do lucro,

as seguintes despesas indiretas (definições baseadas no Acórdão nº 325/2007 –

TCU - Plenário):

Despesas financeiras

São gastos relacionados ao custo do capital decorrente da necessidade de

financiamento exigida pelo fluxo de caixa da obra e ocorrem sempre que os

desembolsos acumulados forem superiores às receitas acumuladas.

34
Nas obras públicas, as empresas construtoras normalmente necessitam

investir capital, pois, legalmente, as entidades contratantes só podem pagar, em

regra, pelos serviços efetivamente realizados (Lei nº 4.320/1964, arts. 62 e 63) e

dispõem de 30 (trinta) dias para realizar o pagamento.

A Administração deve se resguardar de taxas abusivas, pois o preço da obra

não pode ser onerado por ineficiência operacional do executor. Desta forma,

conforme estudos feitos pelo TCU, a taxa de juros referencial para o mercado

financeiro mais adequada é a taxa SELIC, taxa oficial definida pelo comitê de

política monetária do Banco Central e aplicados conforme a fórmula apresentada

a seguir:

𝐃𝐔
𝐓𝐀𝐗𝐀 𝐒𝐄𝐋𝐈𝐂 𝟐𝟓𝟐
𝐃𝐅 = ቀ𝟏 + ቁ -1
𝟏𝟎𝟎

Onde:

DF = taxa representativa das Despesas


Financeiras;

Assim, considerando uma taxa SELIC de 12%, por exemplo, obter-se-iam

os seguintes valores apresentados na tabela a seguir:

DESPESAS
DESCRIÇÃO DIAS ÚTEIS FINANCEIRAS

Mínima 11 0,50%
Média 22 1,00%
Máxima 33 1,50%
No entanto, as empresas podem equilibrar seus fluxos de caixa com os prazos

obtidos junto aos seus fornecedores. Por este motivo, alguns órgãos da

Administração Pública consideram como nula a despesa financeira.

35
Administração Central

As despesas da Administração Central são aquelas incorridas durante um

determinado período com salários de todo o pessoal administrativo e técnico

lotado ou não na sede central, no almoxarifado central, na oficina de manutenção

geral, pró-labore de diretores, viagens de funcionários a serviço, veículos,

aluguéis, consumos de energia, água, gás, telefone fixo ou móvel, combustível,

refeições, transporte, materiais de escritório e de limpeza, seguros, etc.

Diversos fatores podem influenciar a taxa de administração central praticada

pelas empresas, dentre eles podem ser citados: estrutura da empresa, número de

obras que a empresa esteja executando no período, complexidade e prazo das

obras.

Daí se depreende que, por exemplo, uma empresa com maior número de

obras poderá praticar uma taxa de administração central inferior à da empresa

de mesmo porte com apenas um contrato.

Seguros e Riscos

As despesas com seguros visam a resguardar a empresa contratada de

incidentes relacionados ao empreendimento, havendo posterior indenização pela

ocorrência de eventuais sinistros. Dessa forma, o seguro deve corresponder a

objetos definidos da obra, pelos quais o empreendedor deseja ser ressarcido no

caso de perdas e pode abranger casos de roubo, furto, incêndio, perda de

máquinas ou equipamentos, dentre outros aspectos das obras civis.

A taxa de riscos é determinada em percentual sobre o custo direto da obra e

depende de uma análise global do risco do empreendimento em termos

orçamentários, sendo justificada por existirem ocorrências não previstas em

projetos e que podem repercutir no custo da obra, devendo ser arcadas pelo

36
contratado. Dentre elas podemos citar: perdas excessivas de material (devido a

quebra ou retrabalho), perdas de eficiência de mão-de-obra, greves, condições

climáticas atípicas, dentre outros.

Tributos

PIS

O Programa de Integração Social (PIS) foi instituído pela Lei Complementar

nº 7, de 7 de setembro de 1970 e tem como objetivo o financiamento do

programa do Seguro-Desemprego e o abono aos empregados que recebem até

dois salários mínimos mensais.

COFINS

A Contribuição Social para Financiamento da Seguridade Social (COFINS)

foi instituída pela Lei Complementar nº 70, de 30 de dezembro de 1991, com a

finalidade de financiar as despesas das áreas de Saúde, Previdência e Assistência

Social.

ISS

O Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS), de competência dos

Municípios e do Distrito Federal, tem como fato gerador a prestação de serviços

relacionados na lista anexa à Lei Complementar nº 116/2003, de 01 de agosto de

2003. Conforme o art. 7º da referida Lei, a base de cálculo do imposto é o preço

do serviço, podendo ou não se incluir neste valor a parte referente ao material (a

depender da legislação de cada município).

37
Cálculo do BDI:

O BDI pode ser calculado mediante a seguinte expressão:


CUSTOS DIRETOS

𝐀𝐂 𝐃𝐅 𝐑 𝐋
ቀ𝟏+𝟏𝟎𝟎ቁቀ𝟏+𝟏𝟎𝟎ቁቀ𝟏+𝟏𝟎𝟎ቁቀ𝟏+𝟏𝟎𝟎ቁ
BDI = {[ 𝐈 ] − 𝟏} 𝐗 𝟏𝟎𝟎
𝟏−
𝟏𝟎𝟎

PV(FATURAMENTO)

Sendo,

AC = percentual de rateio da Administração Central;

DF = percentual de despesas financeiras;

R = percentual de risco e seguro;

L = percentual de lucro; e

I = percentual de tributos.

Os percentuais constantes do numerador incidem sobre os custos diretos,

ao passo que o do denominador recai sobre o preço de venda (faturamento).

No cálculo do BDI não devem ser consideradas as despesas indiretas que

não são proporcionais ao custo total de execução da obra ou ao seu preço final.

Desta forma, os itens “mobilização e desmobilização”; “instalação e manutenção

do canteiro de obras”; “administração local”; bem como outros que possam ser

estimados sem a utilização de percentuais, devem constar da planilha

orçamentária (sendo considerados como custos diretos, embora, a rigor, não o

sejam).

Tal procedimento visa, precipuamente, a evitar que sejam pagos valores

indevidos em uma eventual celebração de termo aditivo. Como exemplo, pode-

38
se citar uma obra em que os custos da administração local fossem incluídos no

BDI e que, posteriormente, houvesse necessidade de um aditivo ao valor do

contrato que não implicasse em acréscimo do prazo de execução nem na

contratação de novos profissionais (engenheiros, mestre-de-obras,

encarregados, almoxarifes etc.).

Nesse caso, ao incidir o BDI sobre o custo direto dos serviços acrescidos,

estar-se-ia pagando, indevidamente, à empresa contratada, uma parcela relativa

à administração local que não lhe é devida, haja vista que não houve acréscimo

nos componentes deste item.

Também não devem ser considerados, no BDI, os tributos Imposto de

Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido

(CSLL), por se constituírem em tributos de natureza direta e personalística, os

quais devem onerar pessoalmente o contratado, sem o seu repasse à contratante.

Outrossim, não devem ser computados os impostos sobre produtos

industrializados (IPI) e Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS),

visto que são considerados diretamente no preço de aquisição dos insumos.

Cabe destacar que a composição detalhada do BDI utilizado pela

Administração para a estimativa do preço unitário de todos os itens da planilha

orçamentária deve constar do projeto básico, de forma a dar maior transparência

ao orçamento estimado e a facilitar o gerenciamento de eventuais termos

aditivos ao contrato.

Outro fator que deve ser levado em conta é a desoneração fiscal realizada

nos encargos sociais que incidem sobre o custo da mão de obra, conforme Lei nº

12.546/2011 (e alterações).

Para efeito de orçamentação, poderão ser utilizados os custos de mão de

obra desonerados, os quais já se encontram disponíveis nos sistemas de custos,

39
e acrescentado o valor referente ao Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), no

cálculo do BDI.

Leitura Recomendada
Orientação Técnica OT – IBR 001/2006 do Instituto Brasileiro de
Auditoria de Obras Públicas, em que estão listados, de forma não
exaustiva, os elementos técnicos necessários para cada tipo de obra
(edificações, rodoviárias e pavimentação urbana); disponível em:
http://www.ibraop.org.br/media/orientacao_tecnica.pdf;

Acórdão 2.622/2013 – Plenário do Tribunal de Contas da União,


decisão de referência para BDI, disponível em:
http://licitacoes.ufsc.br/files/2014/10/Ac%C3%B3rd%C3%A3o-2622-2013-
BDI.pdf;

Orientações para elaboração de planilhas orçamentárias de obras


públicas do Tribunal de Contas da União, disponível em:
https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A
25232C6DE0152A279A5CA4601 BAIXAR

Saiba mais

Preparamos uma videoaula sobre o tema Orçamento Analítico para


facilitar a compreensão deste tema tão importante.

40
1.2.1.2. Responsabilidade Técnica pelo Projeto Básico
A elaboração de projeto de engenharia requer a presença de profissional

habilitado, conforme se depreende da Lei nº 5.194/1966. Para que se defina

legalmente a responsabilidade técnica pela execução deste projeto, faz-se

necessário providenciar a emissão da ART, conforme previsto no art. 2º da

Resolução n° 1.025/2009 do CONFEA.

A obrigatoriedade da ART para os profissionais responsáveis pela

elaboração do projeto básico encontra-se explícita no art. 7º da Resolução nº

361/1991 do CONFEA.

A(s) ART(s) referente(s) ao projeto básico e ao orçamento deve(m) constar

do processo administrativo do certame licitatório. Esta obrigação também se

estende aos certames para contratação de empresas para elaboração de projeto

básico, haja vista que um profissional habilitado deverá ser responsável pela

definição do objeto (determinando as peças que deverão compô-lo e as

respectivas abrangências) e pelo seu orçamento (estimando os custos de cada

projeto / etapa e o preço global do certame).

Conhecendo as Resoluções

Resolução n° 1.025/2009 do CONFEA


Art. 2º - A ART é o instrumento que define, para os efeitos legais, os
responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de serviços
relativos às profissões abrangidas pelo Sistema CONFEA/CREA.

Resolução nº 361/1991 do CONFEA


Art. 7º - Os autores do Projeto Básico, sejam eles contratados ou
pertencentes ao quadro técnico do órgão contratante, deverão
providenciar a ART, instituída pela Lei Federal nº 6.496, de 07 DEZ 1977, e
regulamentada através de Resoluções específicas do Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CONFEA.

41
Tendo em vista a criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU),

por meio da Lei nº 12.378/2010, aplicam-se as mesmas disposições acima para a

profissão de arquiteto, com as devidas adaptações. RRT – Resolução nº 17, de 2

de março de 2012.

1.2.2. Projeto Executivo


A Lei nº 8.666/1993 define projeto executivo como o conjunto dos

elementos necessários e suficientes à execução completa da obra, de acordo com

as normas pertinentes da ABNT.

Embora seja desejável que a licitação ocorra somente após a elaboração

do projeto executivo, de forma a minimizar alterações no objeto, na prática o que

se observa é que o certame ocorre, quase sempre, com base no projeto básico,

sendo o projeto executivo elaborado posteriormente, sob a responsabilidade da

própria empresa executora das obras.

Conhecendo a Legislação
Lei nº 8.666/1993
Art. 7° As licitações para a execução de obras e para a prestação de
serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, em particular, à seguinte
sequência:
I - projeto básico;
II - projeto executivo;
III - execução das obras e serviços.
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente precedida da
conclusão e aprovação, pela autoridade competente, dos trabalhos
relativos às etapas anteriores, à exceção do projeto executivo, o qual
poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e
serviços, desde que também autorizado pela Administração.

O art. 46, § 3º, da Lei nº 14.133/2021 permite a realização de obras e


serviços comuns de engenharia sem projeto executivo, desde que
atendidas as condicionantes expressas no seu art. 18, § 3º.

42
1.2.3. Licenciamento Ambiental
O licenciamento ambiental prévio deve ocorrer em momento anterior à

licitação, devendo as situações condicionantes impostas pelo órgão ambiental

serem contempladas no projeto básico ou executivo (dependendo de qual desses

dois projetos foi utilizado como referência para o certame licitatório). Este

procedimento tem por objetivo evitar modificações significativas no objeto após

a sua adjudicação, em decorrência de exigências do órgão ambiental licenciador.

As atividades sujeitas ao licenciamento encontram-se elencadas no Anexo

1 da Resolução nº 237/1997 do Conselho Nacional do Meio Ambiente

(CONAMA), e, no âmbito estadual, no Decreto nº 42.159/2009.

A Resolução nº 001/1986 do CONAMA, por sua vez, define as atividades

modificadoras do meio ambiente que dependem da elaboração e aprovação de

estudo de impacto ambiental e relatório de impacto ambiental para seu

licenciamento prévio.

1.2.4. Previsão de Recursos Orçamentários


De forma a garantir a execução Contratual, a Lei nº 8.666/1993, em seu art.

7º, § 2º, inc. III, dispõe que as obras e os serviços de engenharia somente poderão

ser licitados quando houver previsão de recursos orçamentários que assegurem

o pagamento das obrigações no exercício financeiro. Essa previsão deve constar

da Lei Orçamentária Anual (LOA), a qual se encontra prevista no art. 165, III, da

Constituição Federal de 1988.

O art. 7º, § 2º, inc. IV, da Lei nº 8.666/1993, por sua vez, assevera que a

licitação só poderá ocorrer quando o produto dela esperado estiver contemplado

nas metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. 165 da

Constituição Federal, quando for o caso; ou seja, quando a execução ultrapassar

43
um exercício financeiro (na Lei nº 14.133/2021, a necessidade de observância às

leis orçamentárias encontra-se prevista nos art. 11, parágrafo único, e art. 18).

1.2.5. Edital de Licitação


O produto principal a ser materializado na fase interna da licitação é o

edital, incluindo os seus anexos (projeto básico; minuta de contrato etc.). A Lei nº

8.666/1993 estabelece, em diversos artigos, um conjunto de informações

obrigatórias a constarem no edital, com o objetivo de propiciar aos licitantes a

perfeita compreensão de toda a licitação (no âmbito Lei nº 14.133/2021, o

conteúdo do edital se encontra previsto, principalmente, no seu art. 25).

A seguir, são detalhadas algumas dessas informações obrigatórias em um

edital de licitação.

1.2.5.1. Modalidades de Licitação


Considerando os diplomas normativos editados antes da promulgação da

Lei nº 14.133/2021, as modalidades de licitação são as seguintes: concorrência,

tomada de preços, convite, concurso, leilão e pregão, sendo as cinco primeiras

definidas pela Lei nº 8.666/1993, em seu art. 22, §§ 1º ao 5º, e esta última pela Lei

nº 10.520/2002, em seu art. 1º. Segundo esses normativos:

a. Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer

interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem

possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para

execução de seu objeto;

b. Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados

devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as condições

exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do

recebimento das propostas, observada a necessária qualificação;

44
c. Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo

pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados

em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual

afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o

estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade

que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e

quatro) horas da apresentação das propostas;

d. Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados

para escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a

instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme

critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com

antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias;

e. Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para

a venda de bens móveis inservíveis para a administração ou de produtos

legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens

imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou

superior ao valor da avaliação.

f. Para aquisição de bens e serviços comuns, poderá ser adotada a

licitação na modalidade de pregão.

Segundo o parágrafo único do art. 1º da Lei nº 10.520/2002, bens e

serviços comuns são “aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam

ser objetivamente definidos pelo edital, por meio de especificações usuais do

mercado”. No que se refere à contratação de obras, é irregular a utilização da

modalidade pregão, sendo possível para a contratação de serviços de engenharia,

desde que estes possam ser considerados comuns (Ver Súmula nº 257 e Acórdão

nº 1.617/2006, Plenário, do TCU).

45
Saiba Mais

Veja maiores detalhes a respeito da distinção entre obras e serviços de


engenharia na OT - IBR 002/2009 do IBRAOP, disponível em:
http://www.ibraop.org.br/media/OT%20IBR%2002-2009%20-
%20Ibraop%2001-07-10.pdf

Considerando esse cenário anterior à Lei nº 14.133/2021, portanto,

verifica-se que, não se tratando de concurso, leilão e pregão (opções cuja escolha

deriva da natureza do objeto licitado), a definição da modalidade para compras,

obras e serviços em geral pode variar conforme o valor do objeto. Quanto a esse

critério, os limites de valor para a definição das modalidades de licitação no caso

de obras e serviços de engenharia são:

MODALIDADES POSSÍVEIS VALOR

Convite, Tomada de Preços e Concorrência Até R$ 330.000,00

Tomada de preços e Concorrência Até R$ 3.300.000,00

Concorrência Acima de R$ 3.300.000,00

Parcelamento X Fracionamento da Licitação

O gestor deve dividir o objeto a ser contratado em tantas parcelas quantas

se comprovarem técnica e economicamente viáveis, procedendo-se à licitação

com vistas ao melhor aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à

ampliação da competitividade, sem perda da economia de escala, conforme

estabelece o art. 23, § 1º da Lei nº 8.666/1993 (art. 40, V, “b” da Lei nº

14.133/2021).

O parcelamento do objeto é, portanto, a regra.

46
Exemplo
Obra no valor de R$ 4.800.000,00 (considerando a Lei nº 8.666/93)
Concorrência 01: R$ 2.400.000,00
Concorrência 02: R$ 2.400.000,00
Procedimento correto, desde que técnica e economicamente viável, com
vistas a aumentar a competitividade, atentando para que não haja perda
da economia de escala.

Entretanto, deve ser preservada sempre a modalidade pertinente para a

execução do objeto como um todo.

O principal objetivo é evitar o fracionamento, ou seja, o desmembramento

do objeto com vistas a utilizar modalidade de licitação mais simples do que

deveria, caso esse mesmo objeto fosse licitado em sua totalidade.

Exemplo

Obra no valor de R$ 4.800.000,00


Tomada de Preços 01: R$ 2.400.000,00
Tomada de Preços 02: R$ 2.400.000,00
Procedimento irregular!!!
Houve o fracionamento da despesa (fuga da modalidade licitatória cabível,
sob a égide da Lei nº 8.666/93).

No caso de serviços especializados acessórios em relação à obra,

entretanto, a Lei nº 8.666/1993 autoriza, no seu § 5º do art. 23, a utilização de

47
modalidade específica com base no valor de contratação desses serviços, com

vistas a viabilizar o maior número de empresas participantes.

Exemplo
Sistema de ar condicionado em uma obra de construção de edifício.
Obra s/ sist. ar: R$ 5.000.000,00
Sistema de ar: R$ 400.000,00
Neste caso, deveria ocorrer o parcelamento do objeto, realizando-se dois
procedimentos licitatórios:
Concorrência 01: Obra de edificação s/ sist. Ar - R$ 5.000.000,00
Tomada de preços 01: Sistema de ar – R$ 400.000,00
Os serviços relativos ao sistema de ar seriam, neste caso, executados por
empresa especializada. Caso fosse licitado em conjunto com o objeto
principal, seria, em tese, mais oneroso para a Administração, uma vez que
a empreiteira acabaria por subcontratá-lo, incidindo BDI duplamente
sobre o custo desse serviço.

48
Conhecendo a Legislação
Lei nº 8.666/1993

Art. 23.(…)
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Administração serão
divididas em tantas parcelas quantas se comprovarem técnica e
economicamente viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e à ampliação da
competitividade sem perda da economia de escala.
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de bens, parceladas
nos termos do parágrafo anterior, a cada etapa ou conjunto de etapas da
obra, serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta, preservada
a modalidade pertinente para a execução do objeto em licitação.
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja
o valor de seu objeto, tanto na compra ou alienação de bens imóveis,
ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real de
uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso,
observados os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão
ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o
convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração poderá utilizar a
tomada de preços e, em qualquer caso, a concorrência.
§ 5º É vedada a utilização da modalidade "convite" ou "tomada de preços",
conforme o caso, para parcelas de uma mesma obra ou serviço, ou ainda
para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam
ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que o somatório de
seus valores caracterizar o caso de "tomada de preços" ou "concorrência",
respectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as parcelas de
natureza específica que possam ser executadas por pessoas ou empresas
de especialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.

49
A Súmula 247 do Tribunal de Contas da União (TCU) assim dispõe:

É obrigatória a admissão da adjudicação por item e não por


preço global, nos editais das licitações para a contratação de
obras, serviços, compras e alienações, cujo objeto seja divisível,
desde que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo ou
perda de economia de escala, tendo em vista o objetivo de
propiciar a ampla participação de licitantes que, embora não
dispondo de capacidade para a execução, fornecimento ou
aquisição da totalidade do objeto, possam fazê-lo com relação a
itens ou unidades autônomas, devendo as exigências de
habilitação adequar-se a essa divisibilidade.

Pela Lei nº 14.133/2021, todavia, deixam de existir no ordenamento

jurídico as modalidades “tomada de preços” e “convite”, mudança bastante

relevante no que diz respeito ao assunto “fracionamento”, o qual, em breve, não

mais ocorrerá. Outra alteração relevante diz respeito à previsão da modalidade

“diálogo competitivo”, que é assim definida no art. 6º, XLII, da Nova Lei de

Licitações e Contratos:

- diálogo competitivo: modalidade de licitação para contratação


de obras, serviços e compras em que a Administração Pública
realiza diálogos com licitantes previamente selecionados
mediante critérios objetivos, com o intuito de desenvolver uma
ou mais alternativas capazes de atender às suas necessidades,
devendo os licitantes apresentar proposta final após o
encerramento dos diálogos;

Sendo assim, as modalidades adotadas pela nova Lei são (art. 28): pregão;

concorrência; concurso; leilão e diálogo competitivo. Além disso, estão previstos

os seguintes procedimentos auxiliares (art. 78): credenciamento; pré-qualificação;

procedimento de manifestação de interesse; sistema de registro de preços; e

registro cadastral.

50
Portanto, não há mais definição de modalidade pelo valor do objeto, mas

sim pelo seu tipo/característica.

1.2.5.2. Regimes de Licitação


De acordo com os arts. 6º e 10 da Lei nº 8.666/1993, são os seguintes os

regimes de execução de obras e serviços de engenharia, quando contratados com

terceiros:

a. empreitada por preço global: quando se contrata a execução da obra

ou do serviço por preço certo e total;

b. empreitada por preço unitário: quando se contrata a execução da

obra ou do serviço por preço certo de unidades determinadas;

c. tarefa: quando se ajusta mão-de-obra para pequenos trabalhos por

preço certo, com ou sem fornecimento de materiais;

d. empreitada integral: quando se contrata um empreendimento em

sua integralidade, compreendendo todas as etapas das obras, serviços e

instalações necessárias, sob inteira responsabilidade da contratada até a

sua entrega ao contratante em condições de entrada em operação,

atendidos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em condições

de segurança estrutural e operacional e com as características adequadas

às finalidades para que foi contratada;

A Lei nº 12.462/2011, que instituiu o Regime Diferenciado de Contratação

(RDC), acrescentou outro regime de execução de obras e/ou serviços de

engenharia: a contratação integrada, que, conforme definição constante do § 1º

do art. 9º daquela Lei, compreende a elaboração e o desenvolvimento dos

projetos básico e executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a

51
montagem, a realização de testes, a pré-operação e todas as demais operações

necessárias e suficientes para a entrega final do objeto.

No caso de utilização da contratação integrada, o instrumento

convocatório deverá conter anteprojeto de engenharia que contemple os

documentos técnicos destinados a possibilitar a caracterização da obra ou

serviço.

A Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais), por sua vez, acresceu o regime de

contratação semi-integrada, que envolve a elaboração e o desenvolvimento do

projeto executivo, a execução de obras e serviços de engenharia, a montagem, a

realização de testes, a pré-operação e as demais operações necessárias e

suficientes para a entrega final do objeto.

Recentemente, a Lei nº 14.133/2021, além de contemplar os quatro

regimes já previstos na Lei nº 8.666/1993, também abarcou os dois inseridos no

ordenamento jurídico pelas legislações posteriores, tendo sido acrescido, ainda,

o “fornecimento e prestação de serviço associado”, que é assim definido (art. 6º,

XXXIV):

- fornecimento e prestação de serviço associado: regime de


contratação em que, além do fornecimento do objeto, o
contratado responsabiliza-se por sua operação, manutenção ou
ambas, por tempo determinado;

A escolha do regime de execução da obra não é decisão de livre arbítrio

do gestor. Ao contrário, deve ser pautada pelo interesse público e estar sempre

motivada, visto que impactará as relações entre contratado e contratante, as

medições do contrato firmado e os aditivos, entre outros fatores relacionados à

gestão do empreendimento contratado.

52
As empreitadas integrais e por preço global, assim como as contratações

integrada e semi-integrada, constituem os regimes de preço global fixo.

Atualmente, os dois principais regimes utilizados nas obras públicas do país ainda

são as empreitadas por preço global e por preço unitário, sendo que a principal

diferença entre elas consiste na forma em que os serviços contratados serão

medidos e pagos.

Nas empreitadas por preço unitário, a regra de medição é a aferição dos

serviços na exata dimensão em que foram executados no local da obra. Desde

que obedecida esta regra, os riscos dos contratantes em relação a diferenças

entre o previsto e o realizado são pequenos. Pressupõe a necessidade de

acompanhamento minucioso da execução dos serviços, tendo em vista a

possibilidade de variações em relação ao quantitativo de projeto devido à

natureza do objeto contratado.

Já nas empreitadas por preço global, a licitante vencedora se compromete

a realizar o serviço por preço certo e total, assumindo o risco de eventuais

distorções de quantitativos a serem executados a maior do que os previstos no

contrato. Por outro lado, a Administração também assume o risco em pagar

serviços cujas quantidades foram avaliadas em montante superior no momento

da licitação. Pressupõe a elaboração de projeto básico preciso em função da

natureza do objeto a construir, menos sujeito a variações que aquele próprio das

empreitadas por preço unitário - o que não significa que os projetos básicos nas

empreitadas por preço unitário possam ser de qualidade inferior.

53
Exemplo
Obra em uma repartição pública cuja quantidade contratada de piso
cerâmico seja de 100 m².
Caso o regime escolhido seja o de empreitada por preço unitário, mede-
se exatamente o que foi feito. Ou seja, se foram medidos 100,5m², então
100,5m² serão pagos (e não 100 m²).
No caso de empreitada por preço global, diversamente, remunera-se o
que foi previsto em contrato (100 m²).

Saiba mais

Veja maiores detalhes a respeito das diferenças entre regimes de


execução no Material Complementar - Slides, slides 197 até 212.

1.2.5.3. Tipos de Licitação (critérios de julgamento)


Os tipos de licitação correspondem, em verdade, aos critérios de

julgamento que poderão ser utilizados para avaliação das propostas

apresentadas pelos licitantes. Segundo o § 1º do art. 45, combinado com o § 3º

do art. 46 da Lei nº 8.666/1993, são eles:

a. Menor preço - quando o critério de seleção da proposta mais

vantajosa para a Administração determinar que será vencedor o

licitante que apresentar a proposta de acordo com as especificações

do edital ou convite e ofertar o menor preço;

b. Melhor técnica – utilizado, no caso de obras e serviços de

engenharia, exclusivamente: para serviços de natureza

predominantemente intelectual, em especial na contratação da

elaboração de estudos técnicos preliminares, projetos, cálculos,

54
fiscalização, supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva

em geral; e para execução de obras ou prestação de serviços de

engenharia de grande vulto majoritariamente dependentes de

tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado

por autoridades técnicas de reconhecida qualificação, nos casos em

que o objeto pretendido admitir soluções alternativas e variações de

execução, com repercussões significativas sobre sua qualidade,

produtividade, rendimento e durabilidade concretamente

mensuráveis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos

licitantes, na conformidade dos critérios objetivamente fixados no

ato convocatório;

c. Técnica e preço – valem as mesmas considerações acima.

d. Maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou

concessão de direito real de uso.

A Lei nº 12.462/2011, do RDC, em seu art. 18, inovou ao trazer a seguinte

relação de critérios de julgamento:

Menor preço ou maior desconto, os quais poderão considerar os

custos indiretos, relacionados com as despesas de manutenção,

utilização, reposição, depreciação e impacto ambiental, dentre outros

fatores, para a definição do menor dispêndio;

Melhor combinação de técnica e preço, sendo permitida a atribuição

de fatores de ponderação distintos para valorar as propostas técnicas

e de preço, não devendo o percentual de ponderação mais relevante

ser superior a 70%;

Melhor técnica ou conteúdo artístico, quando, fixado o orçamento

por parte da Administração, serão consideradas exclusivamente as

55
propostas técnicas ou artísticas apresentadas pelos licitantes com base

em critérios objetivos previamente estabelecidos no instrumento

convocatório;

Maior oferta, a ser utilizado no caso de contratos que gerem receita

para a administração pública; ou

Maior retorno econômico, de forma a selecionar a proposta que

proporcionará maior economia decorrente da execução do contrato

para a administração pública e será utilizado exclusivamente para a

celebração de contratos de eficiência.

A Lei das Estatais trouxe como novidade o critério de julgamento pela

“melhor destinação de bens alienados”, o qual não consta da Nova Lei de

Licitações, a qual conjuga, basicamente, os critérios da Lei nº 8.666/1993 com os

da Lei do RDC.

Conhecendo a Legislação

Lei nº 14.133/2021

Art. 33. O julgamento das propostas será realizado de acordo com os seguintes
critérios:

I - menor preço;

II - maior desconto;

III - melhor técnica ou conteúdo artístico;

IV - técnica e preço;

V - maior lance, no caso de leilão;

VI - maior retorno econômico.

56
1.2.5.4. Habilitação Técnica
Por quase 30 anos, a documentação exigível para fins de qualificação

técnica das licitantes foi balizada pelo art. 30 da Lei nº 8.666/1993, o qual, todavia,

ao longo de todo esse período, foi objeto de diversos julgados dos Tribunais de

Contas, com destaque para a jurisprudência do TCU.

Atualmente, com a edição da Nova Lei de Licitações e Contratos, tal

documentação passa a ser regida pelo seu art. 67, dispositivo que incorporou

muito dessa jurisprudência das Cortes de Contas.

Entre as novidades trazidas pelo novel diploma está a limitação de

quantidades mínimas de até 50% das parcelas mais relevantes (§ 2º do art. 67), a

declaração de conhecimento do local (inc. VI do art. 67), em detrimento à visita

técnica obrigatória (§ 3º do art. 63), assim como considerar um valor acima de 4%

em relação ao valor estimado da contratação para fins de definição do seu valor

significativo (§ 1º do art. 67).

1.2.5.5. Subcontratação
O art. 72 da Lei nº 8.666/1993 estabelece que “o contratado, na execução

do contrato, sem prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá

subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o limite admitido, em

cada caso, pela Administração” (na Lei nº 14.133/2021, o assunto se encontra

disciplinado no art. 122).

Conforme asseverou o TCU, a previsão de transmissão de direitos e

obrigações, para que possa ser levada a efeito, precisa estar prevista tanto no

edital quanto no contrato, somente podendo-se lançar mão de tais mecanismos

para o quantitativo e para as partes do objeto especificados pela Administração.

Ademais, por ter sido o licitante aquele que efetivamente demonstrou a

57
capacidade técnica para a execução do objeto (estudada no tópico precedente),

não é possível a subcontratação das parcelas tecnicamente mais complexas ou

de valor mais significativo do objeto, não se eximindo o contratado principal de

suas responsabilidades nas demais situações em que a subcontratação for cabível

(ver Acórdãos nº 153/2002 e n° 3.144/2011, ambos do Plenário do TCU).

A fim de coibir a possibilidade de que a subcontratação possa acobertar

negócios escusos, seja pelo ajuste prévio entre empresas, seja pela participação

de agente que teve sua atuação vedada na licitação, o TCU formulou

entendimento de que as empresas subcontratadas também devem comprovar,

perante a Administração, que estão em situação regular fiscal e previdenciária e

que entre seus diretores, responsáveis técnicos ou sócios não constem

funcionários, empregados ou ocupante de cargo comissionado no órgão

contratante (ver Acórdão nº 1.529/2006, Plenário).

Vale ainda acrescentar não ser admissível que o órgão ou entidade público

realize pagamentos ou outras ações diretamente à subcontratada, por ocasionar

uma série de vantagens à empreiteira principal não previstas na licitação, como,

por exemplo, a redução de despesas tributárias.

1.2.5.6. Critérios de Aceitabilidade de Preços


Segundo o art. 40 da Lei nº 8.666/1993, o edital deverá especificar o critério

de aceitabilidade dos preços unitário e global, permitida a fixação de preços

máximos e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos ou faixas

de variação em relação a preços de referência, ressalvando-se obrigatória

desclassificação de propostas com preços manifestamente inexequíveis.

De acordo com o que dispõe a Súmula nº 259 do TCU, “nas contratações

de obras e serviços de engenharia, a definição do critério de aceitabilidade dos

58
preços unitários e global, com fixação de preços máximos para ambos, é
obrigação e não faculdade do gestor”.

A finalidade maior da exigência de estabelecimento de critérios de

aceitabilidade de preços é proteger a Administração contra eventuais prejuízos

no decorrer da execução contratual, que têm como causa o chamado “jogo de

planilha”, objeto de estudo em item mais à frente.

A Lei nº 14.113/2021, a seu turno, prevê que “no caso de obras e serviços

de engenharia e arquitetura, para efeito de avaliação (...) de sobrepreço, serão

considerados o preço global, os quantitativos e os preços unitários tidos como

relevantes, observado o critério de aceitabilidade de preços unitário e global a

ser fixado no edital, conforme as especificidades do mercado correspondente”.

1.2.5.7. Cláusulas de Reajuste


O reajustamento tem como principal objetivo assegurar que os preços

contratuais sejam compensados em função de variações dos preços dos insumos

(material, mão de obra, equipamentos) que ocorrem em determinado período.

Ou seja, nada mais é do que a atualização do poder aquisitivo da moeda em face

da inflação setorial, evitando-se, assim, o desequilíbrio econômico-financeiro do

contrato.

Conhecendo a Legislação
Lei nº 8.666/1993
Art. 40 (...)
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação efetiva do custo de
produção, admitida a adoção de índices específicos ou setoriais, desde a
data prevista para apresentação da proposta, ou do orçamento a que essa
proposta se referir, até a data do adimplemento de cada parcela;

59
A Lei nº 8.666/1993 foi promulgada em época de alta inflação, o que

justificava a aplicação do reajuste desde a data prevista para apresentação da

proposta, ou do orçamento a que essa proposta se referisse, até a data do

adimplemento de cada parcela. No entanto, com o advento do Plano Real em

1994 e o consequente controle da inflação, o reajuste passou a ter periodicidade

anual, e não mais se aplicar até a data do adimplemento de cada parcela.

Conhecendo a Legislação
Lei nº 10.192/2001
Art. 2o É admitida estipulação de correção monetária ou de reajuste por
índices de preços gerais, setoriais ou que reflitam a variação dos custos de
produção ou dos insumos utilizados nos contratos de prazo de duração
igual ou superior a um ano.
§ 1º É nula de pleno direito qualquer estipulação de reajuste ou correção
monetária de periodicidade inferior a um ano.
Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entidade da
Administração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios, serão reajustados ou corrigidos
monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no que com
ela não conflitarem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.
§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste
artigo será contada a partir da data limite para apresentação da
proposta ou do orçamento a que essa se referir.

A Nova Lei de Licitações e Contratos trouxe novidades (em relação à Lei nº

8.666/1993) quanto a esse tema, fazendo uma distinção entre espécies de

reajustes (já prevista na legislação federal infralegal e amplamente difundida na

doutrina e na jurisprudência pátrias), nos termos de seu art. 6º, LVIII e LIX.

Verifique-se:

60
LVIII - reajustamento em sentido estrito: forma de manutenção
do equilíbrio econômico-financeiro de contrato consistente na
aplicação do índice de correção monetária previsto no contrato,
que deve retratar a variação efetiva do custo de produção,
admitida a adoção de índices específicos ou setoriais;
LIX - repactuação: forma de manutenção do equilíbrio
econômico-financeiro de contrato utilizada para serviços
contínuos com regime de dedicação exclusiva de mão de obra
ou predominância de mão de obra, por meio da análise da
variação dos custos contratuais, devendo estar prevista no edital
com data vinculada à apresentação das propostas, para os custos
decorrentes do mercado, e com data vinculada ao acordo, à
convenção coletiva ou ao dissídio coletivo ao qual o orçamento
esteja vinculado, para os custos decorrentes da mão de obra;

Outra mudança está prevista em seu art. 25, § 7º, o qual dispõe que a data-

base para fins de reajuste será sempre a do orçamento (não havendo, portanto,

a possibilidade de escolha pela data de apresentação da proposta, conforme

ocorria na Lei anterior). O mesmo dispositivo assevera, ainda, que,

independentemente da duração do contrato (portanto, mesmo que inferior a 1

ano), deve haver a previsão de seu reajustamento no edital.

Sobre esse aspecto, é importante atentar para o fato de que o reajuste não

deve ocorrer 1 ano após a assinatura do contrato, mas sim após 1 ano da data de

seu orçamento.

Exemplo
Data-base do orçamento: maio/2022;
Licitação: janeiro/2023;
Assinatura do contrato: março/2023
Quando deverá ocorrer o 1° reajuste?
Ocorrerá em maio de 2023 (ou seja, pouco tempo depois de sua
assinatura).

61
Para atualização dos preços, pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Pn = In/Io x Po
Sendo,
Pn = Preço no mês desejado;
Po = Preço relativo à proposta inicial;
In = Índice do mês desejado para atualização;
Io = Índice do mês da proposta inicial.

62
Cumpre salientar que esses índices devem sempre ser específicos ou

setoriais (famílias EMOP, Índice Nacional de Custo de Construção (INCC) etc.), não

sendo adequados os índices gerais, a exemplo do Índice de Preços ao

Consumidor Amplo (IPCA) / Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Exemplo
Calcular o reajustamento relativo a uma medição do mês de
dezembro/2022, no valor de R$ 300.000,00.
A data do orçamento foi outubro/2020 e o contrato foi assinado em
fevereiro/2021.
Índices INCC- FGV:
outubro/20 = 419,405
outubro/21 = 449,103
outubro/22 = 483,760
Reajustamento para o mês outubro/2022:

Pn = (In/Io) x Po

Pn = (483,760 / 419,405) x R$ 300.000,00

Pn = R$ 346.033,07

O reajuste, portanto, será de R$ 46.033,07, que representa 15,34%.

OBS.: Esse percentual será utilizado para todas as medições a partir de


outubro/2022 até setembro/2023.

Saiba mais

Veja maiores detalhes a respeito de reajuste no Material Complementar


- Slides, slides 222 a 242.

63
1.3. Fase Externa
Esta etapa tem início na publicação do edital e termina com a assinatura

do contrato.

No âmbito da execução de obras públicas, a publicação dos avisos

contendo os resumos dos editais, até a promulgação da Lei nº 14.133/2021, se

encontrava disciplinada, basicamente, no art. 21 da Lei nº 8.666/1993 e no art. 15

da Lei do RDC.

Atualmente, além dos dispositivos acima, vige o disposto no art. 54 da Lei

nº 14.133/2021, o qual trouxe como novidade o fato de a publicidade do edital

de licitação ser realizada mediante divulgação e manutenção do inteiro teor do

ato convocatório e de seus anexos no Portal Nacional de Contratações Públicas

(PNCP). Nada obstante, remanesce a necessidade de publicação das licitações

nos diários oficiais dos entes e nos jornais diários de grande circulação.

64
Conhecendo a Legislação
Conhecebnd
Lei nº 14.133/2021

Art. 54. A publicidade do edital de licitação será realizada mediante divulgação


e manutenção do inteiro teor do ato convocatório e de seus anexos no Portal
Nacional de Contratações Públicas (PNCP).

§ 1º Sem prejuízo do disposto no caput, é obrigatória a publicação de extrato


do edital no Diário Oficial da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município,
ou, no caso de consórcio público, do ente de maior nível entre eles, bem como em
jornal diário de grande circulação.

§ 2º É facultada a divulgação adicional e a manutenção do inteiro teor do


edital e de seus anexos em sítio eletrônico oficial do ente federativo do órgão ou
entidade responsável pela licitação ou, no caso de consórcio público, do ente de
maior nível entre eles, admitida, ainda, a divulgação direta a interessados
devidamente cadastrados para esse fim.

§ 3º Após a homologação do processo licitatório, serão disponibilizados no


Portal Nacional de Contratações Públicas (PNCP) e, se o órgão ou entidade
responsável pela licitação entender cabível, também no sítio referido no § 2º deste
artigo, os documentos elaborados na fase preparatória que porventura não tenham
integrado o edital e seus anexos.

1.3.1. Análise das Propostas de Preço


Na análise das propostas, verificam-se os preços total e unitários

ofertados, devendo ser desclassificadas aquelas com valor global superior ao

limite estabelecido, ou com preços unitários de serviços superiores aos definidos

no critério de aceitabilidade de preços unitários, ou, ainda, com preço total

manifestamente inexequível, cuja definição se encontrava disciplinada no § 1° do

art. 48 da Lei nº 8.666/1993.

Com a promulgação da nova Lei, entretanto, a inexequibilidade, no que

tange às obras públicas, passa a estar prevista no § 4º do art. 59 da Lei nº

65
14.133/2021, sendo considerada quando ocorrerem preços inferiores a 75% do

valor orçado pela Administração.

1.4. Dispensa de Licitação


Ocorre quando a licitação é possível, porém fica a critério do gestor optar

pela sua não realização, estando os critérios previstos no art. 24 da Lei 8.666/1993

e, mais recentemente, no art. 75 da Lei nº 14.133/2021.

Dentre esses, são listados a seguir os mais importantes para o nosso curso:

Obras e serviços de engenharia de valor até R$ 100.000,00 (pela Lei nº

8.666/93, o valor é de até R$ 33.000);

Casos de emergência ou de calamidade pública, quando

caracterizada urgência de atendimento de situação que possa

ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança de pessoas, obras,

serviços, equipamentos e outros bens, públicos ou particulares, mas

66
somente para os bens necessários ao atendimento da situação

emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que

possam ser concluídas no prazo máximo de 1 ano (pela Lei nº

8.666/1993, o prazo era de, apenas, de 180 dias);

Para contratação que mantenha todas as condições definidas em edital

de licitação realizada há menos de 1 (um) ano, quando no certame (i)

não surgiram licitantes interessados ou não foram apresentadas

propostas válidas; ou (ii) as propostas apresentadas consignaram

preços manifestamente superiores aos praticados no mercado ou

incompatíveis com os fixados pelos órgãos oficiais competentes.

Atenção

Em casos dispensa de licitação decorrente de situação de emergência ou


calamidade pública, entende-se que a completa caracterização do objeto,
abordando na totalidade os elementos necessários a um projeto básico,
podem levar alguns meses em determinados casos.
Neste sentido, de forma a atender a necessidade da Administração Pública
em situação emergencial, admite-se que o projeto básico apresente uma
planilha estimativa de preços, fundamentada em relatório técnico, desde
que tais serviços tenham natureza emergencial e de baixa complexidade
executiva, em caráter excepcional, conforme previsto no acórdão 614/2010
– TCU – Plenário e acórdão 2049/2011 – TCU – Plenário.

1.5. Inexigibilidade de Licitação


Diversamente do que ocorre para a dispensa, a licitação é considerada

inexigível quando a competição é inviável, ou seja, não há sentido em se proceder

à licitação quando as características do objeto a ser contratado não permitirem

competitividade, não sendo possível atribuir ao gestor a possibilidade de escolher

67
entre licitar ou não. O assunto é tratado no art. 25 da Lei nº 8.666/1993 e, mais

recentemente, no art. 74 da Nova Lei de Licitações e Contratos.

Em relação a obras ou serviços de engenharia, a situação mais importante

a se destacar diz respeito à contratação aos serviços técnicos especializados de

natureza predominantemente intelectual com profissionais ou empresas de

notória especialização, sendo assim considerados os responsáveis técnicos cujo

conceito no campo de sua especialidade — decorrente de desempenho anterior,

estudos, experiência, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica

ou outros requisitos relacionados com suas atividades — permita inferir que o

seu trabalho é essencial e reconhecidamente adequado à plena satisfação do

objeto do contrato.

68
RECAPITULANDO – MÓDULO 1
Neste módulo, vimos a etapa de planejamento da contratação a ser

realizada, composta pela fase preliminar à licitação, e pelas fases interna e externa

da licitação.

Na fase preliminar à licitação, destacam-se o programa de necessidades,

que define as características básicas do empreendimento bem como o seu padrão

de acabamento, considerando-se a sua área de influência, a população atingida,

a região beneficiada etc.; os estudos de viabilidade, que, com base no

programa de necessidades, visam avaliar as alternativas possíveis para execução

do empreendimento, definindo a melhor solução conceitual sob os aspectos

legal, técnico, econômico e ambiental; e, por fim, o anteprojeto, que é a

representação técnica da opção aprovada nos estudos de viabilidade, tendo

como objetivo principal subsidiar a elaboração do projeto básico.

Na fase interna da licitação, ganha destaque a elaboração dos projetos

básico e executivo com o nível de precisão exigido pela Lei. Deve-se atentar para

que estes projetos contenham todos os elementos previstos nas normas e que

os seus orçamentos estejam detalhados tanto nas suas quantidades quanto na

formação dos preços. Outro cuidado que se deve tomar é com relação às

cláusulas do edital, que devem garantir a isonomia do certame, ampliar a sua

concorrência tanto quanto possível, e garantir o equilíbrio econômico-financeiro

da contratação futura.

A fase externa deve iniciar com a correta publicação do certame, de forma

a ampliar o universo de concorrentes, o que tende a favorecer a obtenção da

proposta mais vantajosa para a administração. É nesta fase que se verifica a

conformidade de cada proposta com os requisitos do edital e com os preços

correntes no mercado.

69
Para auxiliar a organização do seu aprendizado e uma melhor visualização

dos conteúdos chave, preparamos o quadro abaixo. A cada módulo estudado,

haverá indicação das fases para Contratação de uma Obra Pública, que você

deverá preencher com suas anotações. Lembrando, este é um material construído

por você, para uma melhor fixação dos conteúdos. Não haverá feedback do

docente, mas você poderá conferir suas anotações com o que foi apresentado

para o estudo deste tópico.

Sugerimos fortemente o preenchimento a cada etapa aprendida para que

todo o processo fique mais claro e mais fácil de visualizar!

70
Organizando ideias sobre as fases de implantação de uma contratação:

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MÓDULO 02
EXECUÇÃO CONTRATUAL E
UTILIZAÇÃO DO OBJETO

72
2. EXECUÇÃO CONTRATUAL E UTILIZAÇÃO DO
OBJETO

Neste módulo são abordadas as fases IV e V do fluxograma apresentado

no item 1 do módulo anterior deste material, denominadas como: “fase

contratual” e “fase posterior à contratação”, respectivamente, sendo que esta

última se refere ao momento de utilização do objeto, nomenclatura que será

utilizada no item 2.2 do presente.

No módulo 2 vamos explorar as fases IV e V do


Fluxograma de Implantação da Obra Pública

2.1 Execução Contratual (ou fase contratual)


Esta fase tem início na assinatura do contrato e se encerra com o

recebimento da obra.

No entanto, o início da execução da obra propriamente dita não se dá por

meio apenas da assinatura do contrato, estando, em geral, condicionado à

emissão de um documento denominado “ordem de início” ou “ordem de serviço”

ou, ainda, “ordem de início de serviço” etc.

73
Além deste, são necessários outros documentos, conforme o caso, que

devem ser verificados pela Fiscalização do contrato para o regular início da obra.

São eles:

ARTs dos responsáveis técnicos pela obra, registrada no CREA do estado

onde se localiza o empreendimento (Arts. 1º e 2º da Lei nº 6.496/1977);

Licença ambiental de instalação obtida no órgão ambiental competente,

quando for o caso (Art. 8º, inciso II, da Resolução nº 237/1977 do

CONAMA);

Alvará de construção, obtido na prefeitura municipal (legislação

municipal);

Certificado de matrícula da obra de construção civil, obtido no Instituto

Nacional do Seguro Social, no prazo de trinta dias contados do início de

suas atividades (Art. 256, § 1º, inciso II, do Decreto nº 3.048/1999);

Ordem de serviço da Administração autorizando o início dos trabalhos.

Na sequência, são tratados os principais aspectos relativos à execução

contratual.

74
2.1.1. Alterações Contratuais
Durante a execução de uma obra, muitas vezes se verifica a necessidade

de executar serviços não previstos inicialmente, seja em termos qualitativos ou

quantitativos. Por este motivo, é prevista pela legislação (art. 65 da Lei nº

8.666/1993 e arts. 124 a 136 da Lei nº 14.133/2021) a possibilidade de alterações

do contrato firmado, desde que motivadas, de forma a melhor se atingir o

interesse público.

Todavia, há que se ter uma série de cuidados de forma a se garantir a

economicidade dessas alterações, atentando-se para a manutenção da equação

econômico-financeira estabelecida no
Glossário termo inicial avençado, bem como para o

AVENÇADO* – não desvirtuamento do objeto contratado,


ajustado; combinado. assegurando-se, assim, a seleção da

proposta mais vantajosa e o princípio da


*www.dicio.com.br/aurelio-2/
isonomia.

No caso particular de inclusão de itens novos na planilha contratual, devem

ser observados os seguintes procedimentos:

Demonstração da composição de custos unitário do novo serviço;

Demonstração da memória de cálculo dos quantitativos;

Adoção dos mesmos custos para insumos que estejam presentes em

outros serviços já constantes da planilha orçamentária (ex. areia, brita etc.);

Verificação da compatibilidade com preços de mercado;

Verificação da manutenção do desconto global inicialmente ofertado.

75
Demonstração da composição dos custos;
INCLUSÃO DE Demonstração da memória de cálculo;
NOVOS ITENS Adoção dos mesmos custos declarados anteriormente;
Verificação da compatibilidade de preço de mercado;
Manutenção do desconto global inicialmente ofertado.

Garantir a economicidade;
PRINCIPAIS Manutenção da equação econômico-financeira
estabelecida no termo inicial avençado;
CUIDADOS
Atenção para o não desvirtuamento da obra;
Seleção da proposta mais vantajosa e do princípio
da isonomia.

Arts. 124 a 136 da Lei nº 14.133/2021 e art. 65 da Lei


ALTERAÇÕES nº 8.666/1993;
Possibilidade de executar serviços não previstos
CONTRATUAIS
anteriormente, mediante alteração no contrato
firmado, desde que motivadas, de forma a melhor se
atingir o interesse público.

2.1.1.1. Acréscimos e Supressões (base de cálculo)


As alterações dos contratos administrativos podem ocorrer consensual ou

unilateralmente (ou seja, de forma impositiva pela administração pública),

devendo-se observar, todavia, neste último caso, os percentuais discriminados no

quadro a seguir (art. 65, § 1º, da Lei Federal nº 8.666/1993 e art. 125 da Lei nº

14.133/2021):

OBJETO VARIAÇÃO LIMITE

Acréscimo 25%
UNILATERAL

Obras, serviços e compra, em geral


Supressão 25%

Acréscimo 50%
Reforma
Supressão 25%

76
Conhecendo a Legislação

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...)
§ 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições
contratuais, os acréscimos ou supressões que se fizerem nas obras,
serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco por cento) do valor inicial
atualizado do contrato, e, no caso particular de reforma de edifício ou de
equipamento, até o limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus
acréscimos.

Não obstante a clara redação desse dispositivo, o seu alcance, por anos,

tornou-se objeto de divergência entre Tribunais de Contas, doutrinadores,

entidades/órgãos públicos, empresas licitantes, órgãos de controle interno etc.,

porquanto se percebeu que os limites determinados na Lei, quando aplicada a

compensação entre acréscimos e supressões, permitiam mudanças significativas

no objeto contratado.

77
Esta compensação, em sede de termos aditivos, está ilustrada no exemplo

a seguir.

Exemplo
Obra de construção de edifício

Serviços Contrato inicial Após aditivo

Qtde. Preço unit. Preço total Qtde. Preço total

A 500 650,00 325.000,00 300 195.000,00

B 600 800,00 480.000,00 300 240.000,00

C 250 350,00 87.500,00 100 35.000,00

D 380 490,00 186.200,00 120 58.800,00

E 720 500,00 360.000,00 1000 500.000,00

F 450 610,00 274.500,00 600 366.000,00

G 200 380,00 76.000,00 800 304.000,00

H 100 900,00 90.000,00 600 540.000,00

Total 1.879.200,00 2.238.800,00

Na tabela acima, verificam-se acréscimos e supressões de serviços que,


isoladamente, superam o limite de 25% determinado pela lei. Quando
compensadas, todavia, essas alterações se encontram abaixo do limite
legal, conforme detalhado na tabela a seguir:

Alterações R$ %

Acréscimos 909.500,00 48,40

Supressões 549.900,00 29,26

Total (saldo) 359.600,00 19,14

Consoante o atual entendimento do TCU, essas alterações estariam


infringindo o disposto na Lei Federal 8.666/93.

78
Conhecendo a Jurisprudência do TCU
Acórdão n° 749/2010-TCU-Plenário
(...) as reduções ou supressões de quantitativos devem ser consideradas de
forma isolada, ou seja, o conjunto de reduções e o conjunto de acréscimos
devem ser sempre calculados sobre o valor original do contrato,
aplicando-se a cada um desses conjuntos, individualmente e sem nenhum
tipo de compensação entre eles, os limites de alteração estabelecidos no
dispositivo legal.
Acórdão nº 591/2011-TCU-Plenário
(...) para efeito de observância dos limites de alterações contratuais
previstos no art. 65 da Lei nº 8.666/1993, passe a considerar as reduções
ou supressões de quantitativos de forma isolada, ou seja, o conjunto de
reduções e o conjunto de acréscimos devem ser sempre calculados sobre
o valor original do contrato, aplicando-se a cada um desses conjuntos,
individualmente e sem nenhum tipo de compensação entre eles, os limites
de alteração estabelecidos no dispositivo legal';
Nesse sentido também se posicionam os Acórdãos TCU - Plenário nº
3126/2013; 1915/2013; 2819/11; 2530/2011; 1428/2003; 1080/2008;
1599/2010; 1910/2012, entre outros.

Vale destacar os limites previstos no § 1º do art. 65 da Lei Federal nº

8.666/1993 (que são os mesmos plasmados no art. 125 da Lei nº 14.133/2021) se

aplicam tanto às alterações contratuais quantitativas quanto às qualitativas,

conforme jurisprudência do TCU e, atualmente, pelo próprio art. 125 da Nova Lei

de Licitações e Contratos.

79
Conhecendo a Jurisprudência do TCU
Decisão Plenária nº 215/1999 do TCU
8.1. (...)
a) tanto as alterações contratuais quantitativas - que modificam a
dimensão do objeto - quanto as unilaterais qualitativas - que mantêm
intangível o objeto, em natureza e em dimensão, estão sujeitas aos
limites preestabelecidos nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº 8.666/1993,
em face do respeito aos direitos do contratado, prescrito no art. 58, I, da
mesma Lei, do princípio da proporcionalidade e da necessidade de esses
limites serem obrigatoriamente fixados em lei;

2.1.1.2. Jogo de Planilha


Questão bastante relevante a ser observada nos aditivos contratuais diz

respeito ao “jogo de planilha”, expediente no qual é alterado o equilíbrio

econômico-financeiro do contrato em prejuízo da Administração. Geralmente,

essa manobra é feita por meio do acréscimo de serviços com preços mais altos,

acompanhado da supressão de itens com preços mais baixos, conforme

exemplificado na sequência.

80
Exemplo

Serviço Contrato inicial Após aditivos

Qtde. Preço Contrato Preço Paradigma Qtde. Preço Preço


inicial final Contrato Paradigma

$ unit $ total $ unit $ total $ total $ total

A 800 500,00 400.000,00 400,00 320.000,00 1600 800.000,00 640.000,00

B 800 300,00 240.000,00 420,00 336.000,00 400 120.000,00 168.000,00

C 600 200,00 120.000,00 280,00 168.000,00 150 30.000,00 42.000,00

D 200 250,00 50.000,00 280,00 56.000,00 200 50.000,00 56.000,00

E 0 70,00 0,00 70,00 0,00 200 14.000,00 14.000,00

Total 810.000,00 880.000,00 1.014.000,00 920.000,00

Desconto 7,95% -10,22%

Da tabela acima, observa-se que o desconto inicial ofertado, de 7,95%, foi


substituído por um sobrepreço de 10,22% em relação ao preço paradigma,
em virtude das seguintes alterações:
Acréscimo do serviço A, cujo preço contratado encontra-se acima
do preço paradigma;
Supressão dos itens B e C, cujos preços encontram-se abaixo dos
preços paradigmas;
Inclusão do serviço E, que foi contratado pelo preço paradigma
(sem haver desconto).

Além da alteração do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, o jogo

de planilha, muitas vezes, faz com que não seja escolhida a melhor proposta pela

Administração, pois a empresa vencedora do certame, ao final da execução

contratual, pode não ser a detentora dos melhores preços, quando comparadas

às outras licitantes, conforme situação hipotética ilustrada a seguir.

81
Exemplo

Suponha-se que foi elaborado, por determinada Secretaria, o seguinte


orçamento estimativo para execução de uma obra:

Serviço Qtde. inicial Orçamento estimativo

$ unit $ total

X 1100 600,00 660.000,00

Y 900 500,00 450.000,00

Z 600 700,00 420.000,00

K 450 800,00 360.000,00

Total 1.890.000,00

Participaram do certame licitatório três empresas, cujas propostas


encontram-se detalhadas abaixo, tendo sido sagrada vencedora a
empresa A, em virtude de oferecer o menor preço global.

Serviço Qtde. Empresa A Empresa B Empresa C


inicial
$ unit $ total $ unit $ total $ unit $ total

X 1100 520,00 572.000,00 650,00 715.000,00 680,00 748.000,00

Y 900 450,00 405.000,00 500,00 450.000,00 450,00 405.000,00

Z 600 650,00 390.000,00 650,00 390.000,00 600,00 360.000,00

K 450 1.000,00 450.000,00 720,00 324.000,00 700,00 315.000,00

Total 1.817.000,00 1.879.000,00 1.828.000,00

82
Exemplo

No decorrer da obra, foi celebrado termo aditivo acrescentando o


quantitativo do serviço K:

Serviço Qtde. Empresa A Empresa B Empresa C


inicial
$ unit $ total $ unit $ total $ unit $ total

X 1100 520,00 572.000,00 650,00 715.000,00 680,00 748.000,00

Y 900 450,00 405.000,00 500,00 450.000,00 450,00 405.000,00

Z 600 650,00 390.000,00 650,00 390.000,00 600,00 360.000,00

K 900 1.000,00 900.000,00 720,00 648.000,00 700,00 630.000,00

Total 2.267.000,00 - 2.203.000,00 - 2.143.000,00

Conforme se observa na tabela acima, as alterações contratuais tornaram


a proposta da empresa A mais onerosa para a Administração, se
comparada com as das outras licitantes. Ademais, gerou-se um sobrepreço
na contratação, visto que, pelos preços estimados no orçamento da
Administração, o valor máximo a ser pago pela obra, com as alterações,
seria de R$ 2.250.000,00, conforme demonstrado na tabela abaixo:

Serviço Qtde. inicial Orçamento estimativo

$ unit $ total

X 1100 600,00 660.000,00

Y 900 500,00 450.000,00

Z 600 700,00 420.000,00

K 900 800,00 720.000,00

Total 2.250.000,00

83
Saiba mais
Para melhor compreensão de sua abrangência e conteúdo,
disponibilizamos o material de apoio: Videoaula sobre o Jogo de
Planilha. Não deixe de conferir para entender melhor o assunto!

No Material
2.1.1.3. de Apoio: Econômico-Financeiro
Reequilíbrio Podcast, você encontrará o relato
(Revisãode uma
fiscalização em uma Obra Pública, que encontrou inconsistências no
de Preços)
anteprojeto e poderá ouvir as orientações do docente a respeito.
O reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos administrativos traduz-

se no restabelecimento da relação entre a prestação pecuniária a ser paga pela

Administração e os encargos do particular, após a ocorrência de fatos

supervenientes à assinatura do instrumento contratual que alteram

significativamente as suas condições iniciais.

A revisão dos valores contratados tem amparo no art. 65, II, alínea “d”, da

Lei Federal nº 8.666/1993 (art. 124, II, alínea “d”, da Lei nº 14.133/2021).

Conhecendo a Legislação
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as
devidas justificativas, nos seguintes casos:
(...)
II - por acordo das partes:
(...)
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram inicialmente entre
os encargos do contratado e a retribuição da administração para a justa
remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a
manutenção do equilíbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na
hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da
execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força maior, caso fortuito
ou fato do príncipe, configurando álea econômica extraordinária e
extracontratual.

84
Para a celebração de termo aditivo visando ao reequilíbrio econômico-

financeiro, há que se verificar, todavia, o contrato de forma global, uma vez que

outros insumos e serviços podem ter tido variação negativa no mesmo período,

mantendo o equilíbrio contratual.

2.1.1.4. Tempestividade dos Aditivos


Segundo o art. 62 da Lei Federal nº 4.320/1964, o pagamento da despesa

só será efetuado quando ordenado após sua regular liquidação.

O art. 63, por sua vez, dispõe que a liquidação da despesa consiste na

verificação do direito adquirido pelo credor, e que esta terá por base: o contrato,

o ajuste ou o acordo respectivo; a nota de empenho; os comprovantes da entrega

de material ou da prestação efetiva do serviço.

Desta forma, o pagamento pela execução de novos serviços somente pode

ser efetuado após a realização de aditivo contratual.

2.1.2. Obrigações da Contratada


Cabe à empresa contratada o cumprimento das seguintes obrigações

legais:

Obter ARTs referentes ao objeto do contrato;

Obter alvará de construção;

Quitar obrigações tributárias relativas à execução do objeto.

Além das descritas acima, devem ser observadas também as obrigações

de natureza contratual.

85
Leitura Recomendada
No Manual de Obras Públicas da Secretaria de Estado da Administração
e do Patrimônio (SEAP) do Governo Federal (disponível no sítio
http://www.comprasnet.gov.br/publicacoes/manuais/manual_projeto.pdf),
constam diversas obrigações que devem integrar os editais e os
contratos de obras em âmbito federal, tais como:
Manter no local dos serviços e obras instalações, funcionários e
equipamentos em número, qualificação e especificação
adequados ao cumprimento do contrato;
Submeter à aprovação da fiscalização, até cinco dias após o início
dos trabalhos, o plano de execução e o cronograma detalhado
dos serviços e obras, elaborados em conformidade com o
cronograma do contrato e técnicas adequadas de planejamento,
bem como eventuais ajustes;
Submeter à aprovação da fiscalização os protótipos ou amostras
dos materiais e equipamentos a serem aplicados nos serviços e
obras objeto do contrato;
Realizar, por meio de laboratórios previamente aprovados pela
fiscalização e sob suas custas, os testes, ensaios, exames e provas
necessárias ao controle de qualidade dos materiais, serviços e
equipamentos a serem aplicados nos trabalhos.

2.1.3. Atrasos, Rescisão e Sanções na Execução do


Contrato

Atraso

Consoante o art. 86 da Lei nº 8.666/1993 (art. 162 da Lei nº 14.133/2021),

o atraso injustificado na execução do contrato sujeitará o contratado à multa de

mora, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato. A multa a

que alude aquele artigo não impede que a Administração rescinda

unilateralmente o contrato e aplique as outras sanções previstas na Lei Geral de

Licitações.

86
Rescisão/extinção do contrato

Constitui motivo para rescisão/extinção do contrato a sua inexecução total

ou parcial, além de outras circunstâncias previstas no art. 78 da Lei nº 8.666/1993

ou no art. 137 da Nova Lei de Licitações.

Sanções

Nos termos do art. 87 da Lei nº 8.666/1993, garantida a prévia defesa, a

Administração poderá aplicar ao contratado, em virtude da inexecução total ou

parcial do contrato, as seguintes sanções:

advertência;

multa, na forma prevista no instrumento convocatório ou no contrato;

suspensão temporária de participação em licitação e impedimento de

contratar com a Administração, por prazo não superior a dois anos;

declaração de inidoneidade para licitar ou contratar.

A Lei nº 14.133/2021, em seu art. 156, em vez de suspensão, se refere a

“impedimento de licitar e contratar”, penalidade que pode durar por até três anos.

2.1.4. Fiscalização
Em face das peculiaridades que envolvem a fiscalização de contratos de

execução de obras públicas, os profissionais das áreas de engenharia e

arquitetura, envolvidos no processo de fiscalização, detentores de conhecimentos

técnicos e legalmente habilitados na área de engenharia e arquitetura,

necessitam, também, deter conhecimentos, consoante diretrizes estabelecidas na

legislação e jurisprudência que regem a matéria, desde a licitação ao recebimento

definitivo da obra.

87
Alguns cuidados especiais devem ser observados pelos profissionais

responsáveis pela fiscalização, como por exemplo, a observância do vínculo às

diretrizes estabelecidas no edital.

A organização dos registros relevantes sobre a obra é de vital importância

para um controle efetivo e sistemático dos empreendimentos.

Uma vez que a Administração designou um fiscal para o acompanhamento

da obra, será, tal preposto, o principal responsável pela supervisão da correta

execução e qualidade dos serviços, atestação de medições, solicitações à

contratada, aprovação técnica de alterações e justificativas para os aditamentos

ao contrato.

A fiscalização deve manter um arquivo completo e atualizado de toda a

documentação pertinente aos trabalhos, individualizado por obra, incluindo a

seguinte documentação:

Ato de Nomeação da Fiscalização;

ART dos profissionais responsáveis pela execução das obras e pela

elaboração dos projetos, com comprovante de pagamento;

Ordens de serviço (de início das obras e de início para cada etapa);

Comunicações feitas à contratada, e recebidas desta;

Edital/contrato e seus anexos (plantas, planilha contratada, especificação,

memorial descritivo e cronograma atualizado);

Especificações Técnicas, Memorial Descritivo e Caderno de Encargos;

Relação nominal atualizada dos empregados designados para a execução

dos serviços;

Documentação contra riscos de acidentes de trabalho e os documentos

comprobatórios da regularidade fiscal e previdenciária da empresa

88
contratada, quais sejam, as guias de recolhimento do Fundo de Garantia

do Tempo de Serviço (FGTS), Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) e

certificados de regularidade perante as Fazendas Públicas;

Licença ambiental, caso seja obrigatório para o empreendimento;

Projeto executivo atualizado;

Medições (memória de cálculo, relatório fotográfico e planilha de

medição);

Eventuais solicitações de aditamento;

Cópias das Notas de Crédito, de Empenho e Fiscais (emitidas pelo

contratado) com objetivo de acompanhamento e controle da

disponibilidade financeira do órgão para cumprimento das obrigações de

pagamento perante o contratado;

Certificados de ensaios e testes de materiais e serviços, protótipos e

catálogos de materiais e equipamentos aplicados nos serviços e obras;

Cópias de Normas Técnicas pertinentes ao serviço contratado

Determinações do TCE-RJ (obter informação no Controle Interno).

A fiscalização deverá certificar-se se o responsável técnico pela execução

das obras é o mesmo profissional indicado no processo licitatório, ou se seu

substituto tem experiência profissional equivalente.

Como instrumento complementar e obrigatório, tem-se o diário de obra,

que, ao ser preenchido corretamente e revisado com pertinência, deve registrar

a ocorrência de falhas que podem resultar em má qualidade ou orientar as

soluções que devem ser adotadas na prevenção de transtornos futuros.

A fiscalização deverá exigir relatórios diários de execução dos serviços e

obras (Diário de Obra), com páginas numeradas em 3(três) vias, 2(duas)

89
destacáveis, contendo o registro de todos os fatos do andamento dos serviços,

como: entrada e saída de equipamentos, aprovação dos materiais a serem

empregados na obra, serviços em andamento, efetivo de pessoal, condições

climáticas, visitas ao canteiro de serviço, problemas ocorridos durante a execução,

inclusive para as atividades de suas subcontratadas. Todas as folhas devem ser

assinadas pelo responsável técnico da execução das obras e pelo responsável

pela fiscalização.

2.1.4.1. Principais Atividades da Fiscalização


São extensas as tarefas e responsabilidades que deverão ser assumidas

pela fiscalização para a garantia do bom andamento dos trabalhos. No Manual

de Obras Públicas da Secretaria de Estado da Administração e do Patrimônio, do

Governo federal (leitura já recomendada anteriormente) e no Manual do Fiscal de

Contratos da Marinha do Brasil, constam, por exemplo, as seguintes:

Analisar e aprovar o projeto das instalações provisórias e canteiro de

serviço apresentados pela Contratada no início dos trabalhos;

Analisar e aprovar o plano de execução e o cronograma detalhado dos

serviços e obras a serem apresentados pela Contratada no início dos

trabalhos;

Obter da Contratada o Manual de Qualidade contendo o Sistema de

Gestão de Qualidade e verificar a sua efetiva utilização;

Promover reuniões periódicas no canteiro de serviço para análise e

discussão sobre o andamento dos serviços e obras, esclarecimentos e

providências necessárias ao cumprimento do contrato;

Esclarecer ou solucionar incoerências, falhas e omissões eventualmente

constatadas nos desenhos, memoriais, especificações e demais elementos

90
de projeto, bem como fornecer informações e instruções necessárias ao

desenvolvimento dos trabalhos;

Solucionar as dúvidas e questões pertinentes à prioridade ou sequência

dos serviços e obras em execução, bem como às interferências e interfaces

dos trabalhos da Contratada com as atividades de outras empresas ou

profissionais eventualmente contratados pelo Contratante;

Promover a presença dos Autores dos projetos no canteiro de serviço,

sempre que for necessária a verificação da exata correspondência entre as

condições reais de execução e os parâmetros, definições e conceitos de

projeto;

Paralisar e/ou solicitar o refazimento de qualquer serviço que não seja

executado em conformidade com projeto, norma técnica ou qualquer

disposição oficial aplicável ao objeto do contrato;

Determinar o afastamento do preposto ou de qualquer empregado da

Contratada, desde que constate a inoperância, o desleixo, a incapacidade

ou atos desabonadores, procedendo da mesma forma em relação ao

preposto ou empregados de subcontratadas;

Ordenar a imediata retirada do local, de empregado da Contratada que

estiver sem uniforme ou Equipamento de Proteção Individual (EPI)

adequado, que dificulte a sua Fiscalização ou cuja permanência na área, a

seu critério, julgar inconveniente;

Solicitar a substituição de materiais e equipamentos que sejam

considerados defeituosos, inadequados ou inaplicáveis aos serviços e

obras;

91
Solicitar a realização de testes, exames, ensaios e quaisquer provas

necessárias ao controle de qualidade dos serviços e obras objeto do

contrato;

Exercer rigoroso controle sobre o cronograma de execução dos serviços e

obras, aprovando os eventuais ajustes que ocorrerem durante o

desenvolvimento dos trabalhos;

Verificar e aprovar a substituição de materiais, equipamentos e serviços

solicitada pela Contratada e admitida no Caderno de Encargos, com base

na comprovação da equivalência entre os componentes, de conformidade

com os requisitos estabelecidos no Caderno de Encargos;

Verificar e aprovar os relatórios periódicos de execução dos serviços e

obras, elaborados de conformidade com os requisitos estabelecidos no

Caderno de Encargos;

Verificar e aprovar os desenhos “as built” elaborados pela Contratada,

registrando todas as modificações introduzidas no projeto original, de

modo a documentar fielmente os serviços e obras efetivamente

executados;

Notificar a contratada, sempre por escrito, com prova de recebimento da

notificação (procedimento formal, sempre com prazo, etc.), anotando

todas as ocorrências no diário de obras, tomando as providências que

estejam sob sua alçada e encaminhando as que fugirem a sua

competência;

Comunicar por escrito as irregularidades encontradas em situações que se

mostrem desconformes com o edital ou contrato e com a lei;

92
Propor aplicação das sanções administrativas à Contratada, em virtude de

inobservância ou desobediência às cláusulas contratuais e instruções ou

ordens da Fiscalização;

Aprovar partes, etapas ou a totalidade dos serviços executados, verificar e

atestar as respectivas medições, bem como conferir, revisar e encaminhar

para pagamento as faturas emitidas pela Contratada; por sua relevância a

atividade de medição encontra-se mais bem detalhada, separadamente, a

seguir, juntamente com o assunto relativo aos pagamentos.

2.1.5. Medições e Pagamentos


Somente podem ser considerados para efeito de medição e pagamento os

serviços efetivamente executados pelo contratado e aprovados pela fiscalização,

a qual deverá analisar e aprovar parte ou totalidade dos serviços executados, em

obediência ao regime de execução e ao caderno de encargos.

Além disso, a fiscalização deverá verificar se estão sendo utilizados na obra

os equipamentos, as instalações e a equipe técnica previstos na proposta ou no

contrato. Também deverá aprovar os materiais propostos pelo contratado,

avaliando se eles estão em conformidade com a garantia, qualidade, composição

e desempenho requeridos pelas especificações técnicas.

Caso os serviços tenham sido executados em conformidade com as

especificações, a fiscalização deverá atestar as medições dos serviços, bem como

conferir e encaminhar para pagamento as faturas emitidas pelo contratado. Caso

contrário, a fiscalização deve determinar o refazimento dos serviços às expensas

da empresa executora.

Para adequada verificação dos serviços, se faz necessário que a medição

seja baseada em relatórios periódicos emitidos pelo contratado, com a indicação

dos setores e áreas em que os serviços estão sendo aferidos, registrando

93
levantamentos e apresentando gráficos e memórias de cálculo necessários à

discriminação e determinação das quantidades dos serviços efetivamente

executadas.

A discriminação e quantificação dos serviços deverão respeitar

minuciosamente a planilha contratual e os critérios de medição e pagamento,

anexo em todo edital de licitação de obras, pois se trata de elemento essencial

do projeto básico, tendo como uma de suas finalidades a orientação prévia dos

licitantes sobre as regras que serão seguidas pela fiscalização durante a execução

do contrato.

Para reduzir os riscos em relação a possíveis irregularidades nas medições,

necessita-se que:

As planilhas de medições demonstrem os serviços realizados no mês e os

serviços acumulados desde o início da obra;

Os fiscais que estejam entrando e saindo realizem inventário, inclusive por

meio de foto ou filme, a respeito da real situação da obra;

Sejam avaliados os saldos dos serviços contratados para verificação da

devida adequação à conclusão do empreendimento.

A contratante efetuará pagamento das faturas emitidas pelo contratado

somente após a regular liquidação da respectiva despesa, a qual se dá com base

nas medições de serviços aprovados pela fiscalização, respeitando-se as

condições estabelecidas no contrato. Nesse aspecto dispõem os artigos 62 e 63

da Lei nº 4.320/1964:

Art. 62. O pagamento da despesa só será efetuado quando


ordenado após sua regular liquidação.
Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do
direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e
documentos comprobatórios do respectivo crédito.

94
(...)
§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos
ou serviços prestados terá por base:
I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
II - a nota de empenho;
III - os comprovantes da entrega de material ou da
prestação efetiva do serviço.

Portanto, é vedada a antecipação de pagamentos à empresa contratada,

ou seja, sem que haja a efetiva comprovação da prévia contrapartida, salvo em

casos excepcionais.

A adoção dos procedimentos de controle apresentados neste tópico

contribui para a redução de diversos tipos de irregularidades, a saber:

Várias modalidades de superfaturamento;

Ausência de termo aditivo que formalize alterações das condições

inicialmente pactuadas;

Fiscalização ou supervisão deficiente ou omissa;

Descumprimento de cláusulas contratuais;

Pagamento por serviços não previstos contratualmente;

Adiantamento de pagamentos;

Execução de serviços sem autorização do órgão competente;

Pagamento de um serviço não executado por outro previsto na planilha

orçamentária (“Química”);

Retenção/pagamento de tributos em desacordo com os percentuais

previstos no BDI da contratada ou na legislação vigente.

95
2.1.6. Recebimento da obra
Os termos de recebimento de etapas estabelecerão os parâmetros de

aceitação dos serviços, visando à verificação da ocorrência de vícios detectáveis

a curto prazo. Tudo isso sem que a contratada se escuse, no futuro, de tender às

exigências do Código de Defesa do Consumidor e do Código Civil Brasileiro, que

trazem recomendações de significativo impacto sobre obras de qualidade

insuficiente.

Executado o contrato, o seu objeto deverá ser recebido, provisoriamente,

pelo responsável por seu acompanhamento e fiscalização através de Termo

Circunstanciado (descrição pormenorizada da situação que se encontra a obra

naquele momento), nos termos do art. 73, I, alínea “a”, da Lei nº 8.666/1993 (art.

140, I, alínea “a”, da Nova Lei de Licitações).

Com o recebimento provisório ocorre a simples transferência do bem ou

do resultado dos serviços, não importando liberação ou quitação ao particular, já

que não significa que a prestação foi corretamente executada. Após o

recebimento provisório é que a administração pública examinará o objeto para

verificar sua adequação às exigências legais, do contrato e da técnica, sendo

assegurado ao particular o contraditório e a ampla defesa.

Esta é a ocasião para:

Indicação das correções e complementações necessárias ao

recebimento definitivo (lista de pendências);

Entrega dos catálogos, manuais de montagem, operação e

manutenção de todas as instalações, equipamentos e componentes da

obra, e certificados de garantia;

Obtenção do “habite-se”, além da vistoria e regularização dos serviços

e obras construídas junto aos órgãos federais, estaduais e municipais,

96
de acordo com as legislações pertinentes e junto às concessionárias de

serviços públicos.

A obra deverá ser recebida definitivamente, por servidor ou comissão

designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado,

assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que

comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, (art. 73, inciso I, alínea

”b”, da Lei nº 8.666/1993 e art. 140, I, alínea “a”, da Nova Lei de Licitações).

O recebimento definitivo ocorrerá após a conclusão das correções e

complementações solicitadas e entrega do “as built” aprovado pela fiscalização.

2.2 Utilização do Objeto


Após o recebimento do objeto contratual de forma definitiva, inicia-se a

fase de utilização do empreendimento, cujas principais atividades são a operação

e as intervenções (manutenção, conservação, restauração, recuperação,

melhoramento e reforma). A administração deverá se cercar de todos os cuidados

a fim de que as condições previstas em projeto sejam obedecidas de modo a

evitar o desgaste prematuro da obra e a redução de sua condição funcional.

O gestor responsável pelo gerenciamento desta fase deverá solicitar da

autoridade que contratou e fiscalizou a execução do empreendimento a seguinte

documentação: caderno de especificações, documentação “as built”, condições

de operação definidas em projeto, e devidas licenças emitidas pelos órgãos

públicos competentes (habite-se, licença ambiental de instalação, etc). Essa

documentação servirá como referência para as ações que deverão ser

implementadas para assegurar a qualidade da obra.

97
2.2.1. Garantia dos Serviços
O recebimento definitivo exonera o contratado dos encargos contratuais,

mas não exclui a responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou do

serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do contrato, dentro dos

limites estabelecidos pela lei ou contrato.

Ressalte-se que, mesmo durante a execução das obras, o contratado é

obrigado a reparar, corrigir, remover, reconstruir ou substituir, às suas expensas,

no total ou em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, defeitos

ou incorreções, resultantes da execução ou de materiais empregados.

O Código Civil de 2002 preconiza, no seu art. 618, que nos contratos de

empreitada de edifícios ou outras construções consideráveis, o empreiteiro de

materiais e execução responderá, durante o prazo irredutível de cinco anos, pela

solidez e segurança do trabalho, assim em razão dos materiais, como do solo.

Conforme previsto no seu parágrafo único, decairá do direito, porém, o

dono da obra que não propuser a ação contra o empreiteiro, nos cento e oitenta

dias seguintes ao aparecimento do vício ou defeito.

98
2.2.2. Manutenção
Os serviços de conservação e manutenção referem-se aos procedimentos

de vistoria, limpeza e reparos dos componentes e sistemas do empreendimento.

Periodicamente, deve a Administração realizar rotinas de inspeção, a fim de

detectar os estágios iniciais de quaisquer vícios/defeitos que possam ocasionar

diminuição da vida útil da obra.

A periodicidade das inspeções será estabelecida em função da intensidade

de uso das instalações e componentes, das condições locais e das

recomendações dos fabricantes e fornecedores, bem como dos Manuais de

utilização entregues ao contratante quando do recebimento definitivo.

99
RECAPITULANDO – MÓDULO 02
No presente módulo vimos os aspectos relacionados à fase contratual e

também à de utilização do objeto.

Quanto à primeira, questão muito relevante diz respeito às alterações

contratuais, as quais são foco de muitas irregularidades, seja pelo desrespeito aos

limites impostos pelo art. 65 da Lei nº 8.666/1993 (e pelo art. 125 da Lei nº

14.133/2021), seja pela prática do jogo de planilha, o qual reduz a “vantajosidade”

obtida pela administração no momento da celebração do contrato. Outro assunto

de relevo se refere à atuação da fiscalização, a fim de que aquilo que foi

contratado seja fielmente executado, de acordo com as cláusulas avençadas no

contrato e definidas no edital, resguardando a administração de prejuízos futuros.

Quanto à fase de utilização, ganha destaque a atenção com a garantia dos

serviços, de acordo com a legislação vigente, e com a manutenção de forma a

prolongar a vida útil do objeto construído.

Vamos dar continuidade ao exercício de autoestudo indicado no final do

Módulo 1? Agora, você irá anotar os pontos principais sobre as fases estudadas

neste módulo.

Lembramos que este é um material construído por você, para uma melhor fixação

dos conteúdos. Não haverá feedback do docente, mas você poderá conferir suas

anotações com o que foi apresentado nesta apostila.

Organizando ideias sobre as fases contratual e posterior à contratação:

100
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101
MÓDULO 03
PRINCIPAIS IRREGULARIDADES
E POSSÍVEIS SANÇÕES

102
3. PRINCIPAIS IRREGULARIDADES E POSSÍVEIS
SANÇÕES

Neste módulo, são apresentadas as principais irregularidades relativas à

execução de uma obra pública, desde a sua concepção até o recebimento

definitivo do objeto. São apontados, ainda, os prováveis responsáveis, cabendo

ressaltar, todavia, que a apuração efetiva dessa responsabilidade se dará em cada

caso específico, estando limitada, em regra, pela não exigência de conduta

adversa do agente envolvido. Em outras palavras, deve ser avaliado se em

determinada situação seria razoável exigir do agente público médio (fiscal ou

gestor do contrato, membro da comissão de licitação, ordenador de despesa etc.)

uma atuação de modo diverso da que foi praticada ao se consumar a

irregularidade.

Destaque especial é dado às irregularidades que resultam em dano ao

erário público (superfaturamento), nos seus tipos mais recorrentes, utilizando-se

com base o que dispõe a OT-05 do Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras

Públicas (IBRAOP).

Por fim, são abordadas as principais sanções nas esferas administrativa,

civil e penal que são passíveis de serem aplicadas em decorrência dessas

irregularidades.

3.1. Principais Irregularidades

Irregularidades concernentes ao procedimento licitatório

As irregularidades relativas ao procedimento licitatório, listadas a seguir,

estão relacionadas, basicamente, a não observância do princípio constitucional

da isonomia, à restrição à competitividade do certame e à não seleção da

proposta mais vantajosa.

103
Veja nos quadros abaixo as situações mais comuns e os responsáveis

prováveis:

CONCERNENTES AO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO

SITUAÇÃO RESPONSÁVEL PROVÁVEL

Exigências desnecessárias de caráter


restritivo no edital, especialmente no
que diz respeito à capacitação técnica Membros da comissão de licitação.
dos responsáveis técnicos e técnico-
operacional da empresa.

Membros da comissão de licitação;


Ausência de critério de aceitabilidade de autoridade responsável pela
preços no edital de licitação. homologação do certame
(geralmente, o ordenador de despesa).

Autores projeto básico e/ou


servidores públicos responsáveis por
Projeto básico inadequado ou sua fiscalização e recebimento. A
incompleto, sem os elementos responsabilização nesse último caso
necessários e suficientes para ocorre quando a elaboração do
caracterizar a obra. projeto for objeto de contratação
específica, não sendo de autoria da
própria Administração.

Projeto básico não aprovado pela Autoridade competente pela


autoridade competente e/ou elaborado aprovação do projeto básico
posteriormente à licitação. (geralmente, o ordenador de despesa).

Membros da comissão de licitação;


Modalidade de licitação autoridade competente pela
incompatível. homologação do certame
(geralmente, o ordenador de despesa).

104
Obra não dividida em parcelas com Membros da comissão de licitação;
vistas ao melhor aproveitamento dos autoridade competente pela
recursos disponíveis no mercado e à homologação do certame
ampliação da competitividade. (geralmente, o ordenador de despesa).

Obra dividida em parcelas, porém, não Membros da comissão de licitação;


respeitando a modalidade de licitação autoridade competente pela
pertinente para a execução total do homologação do certame
empreendimento. (geralmente, o ordenador de despesa).

Membros da comissão de licitação;


autoridade competente pela
Tipo inadequado de licitação.
homologação do certame
(geralmente, o ordenador de despesa).

Autoridade máxima do
Dispensa de licitação sem justificativa ou
órgão/entidade (geralmente, o
com justificativa incompatível.
ordenador de despesa).

Inexigibilidade de licitação sem Autoridade máxima do


justificativa ou com justificativa órgão/entidade (geralmente, o
incompatível. ordenador de despesa).

Membros da comissão de licitação;


autoridade competente pela
Ausência da devida publicidade de
homologação do certame
todas as etapas da licitação.
(geralmente, o ordenador de despesa).

Ausência de exame e aprovação Membros da comissão de licitação;


preliminar por assessoria jurídica da autoridade competente pela
Administração das minutas de editais de homologação do certame
licitação, contratos, acordos, convênios e (geralmente, o ordenador de despesa).
ajustes.

Não conformidade da proposta


vencedora com os requisitos do edital e, Membros da comissão de licitação.
conforme o caso, com os preços

105
máximos fixados pelo órgão
contratante.

Inadequação do cronograma físico-


financeiro proposto pelo vencedor da
licitação, indicando manipulação dos
Membros da comissão de licitação;
preços unitários de forma que os
fiscal de obras e/ou
serviços iniciais do contrato ficam muito
gestor do contrato, a depender da
caros e os finais muito baratos, podendo
etapa em que foi apresentado o
gerar um crescente desinteresse do
cronograma.
contratado ao longo das etapas finais da
obra por conta do baixo preço dos
serviços remanescentes.

Inadequação do critério de reajuste


previsto no edital, sem retratar a Membros da comissão de licitação.
variação efetiva do custo de produção.

Participação na licitação, direta ou


indiretamente, do autor do projeto
básico ou executivo, pessoa física ou
Membros da comissão de licitação.
jurídica, pois a ele só é permitida a
participação como consultor ou técnico,
nas funções de fiscalização, supervisão
ou gerenciamento, exclusivamente a
serviço da Administração interessada.

106
Irregularidades concernentes ao contrato

Na celebração e execução de contratos, destacam-se as seguintes

irregularidades:

CONCERNENTES AO CONTRATO

SITUAÇÃO RESPONSÁVEL PROVÁVEL

Se as modificações derivarem da
insuficiência do projeto básico, os
responsáveis são os:
autores deste projeto e/ou dos
servidores públicos responsáveis
por sua fiscalização e recebimento;
a responsabilização, nesse último
caso, ocorre quando a elaboração
for objeto de contratação
Divergências relevantes entre os projetos
específica, não sendo realizado
básico e executivo.
pela própria administração.

Caso as modificações não tenham


como motivação a imprecisão do
projeto básico, a responsabilidade
provavelmente recairá sobre:
o fiscal e/ou
gestor do contrato.

Não vinculação do contrato ao edital de


Fiscal de obra e/ou
licitação (ou ao termo que a dispensou ou não
gestor do contrato.
a exigiu) e à proposta do licitante vencedor.

107
Ausência de aditivos contratuais para
Fiscal de obra e/ou
contemplar eventuais alterações de projeto ou
gestor do contrato.
cronograma físico-financeiro.

Fiscal de obra e/ou


gestor do contrato;
autoridade competente pela
Não justificativa de acréscimos ou supressões assinatura do termo aditivo
de serviços. (geralmente, o ordenador de
despesa);
assessor jurídico, caso haja
emissão de parecer favorável.

Fiscal de obra e/ou


gestor do contrato;
autoridade competente pela
Extrapolação, quanto aos acréscimos ou
assinatura do termo aditivo
supressões de serviços, dos limites definidos
(geralmente, o ordenador de
nas leis de licitações.
despesa);
assessor jurídico, caso haja
emissão de parecer favorável.

Alterações, sem justificativas coerentes e


Fiscal de obra e/ou
consistentes, de quantitativos, reduzindo
gestor do contrato;
quantidades de serviços cotados a preços
autoridade competente pela
muito baixos e/ou aumentando quantidades
assinatura do termo aditivo
de serviços cotados a preços muito altos,
(geralmente, o ordenador de
podendo gerar sobrepreço e
despesa).
superfaturamento (jogo de planilha).

Acréscimo de serviços contratados por preços


Fiscal de obra e/ou
unitários diferentes da planilha orçamentária
gestor do contrato.
apresentada na licitação.

Acréscimo de serviços cujos preços unitários Orçamentista, se o sobrepreço


são contemplados na planilha original, porém derivar do orçamento constante
acima dos praticados no mercado. do edital, ou

108
membros da comissão de licitação,
caso o preço contratado esteja
superior ao do item
correspondente na planilha
estimativa da administração.

Execução de serviços não previstos no contrato Fiscal de obra e/ou


original e em seus termos aditivos. gestor do contrato.

Subcontratação não admitida no edital e no Fiscal de obra e/ou


contrato. gestor do contrato.

Fiscal de obra e/ou


gestor do contrato;
Contrato encerrado com objeto inconcluso. autoridade máxima do
órgão/entidade (geralmente, o
ordenador de despesa).

Fiscal de obra e/ou


gestor do contrato;
autoridade competente pela
assinatura do termo aditivo
Prorrogação de prazo sem justificativa.
(geralmente, o ordenador de
despesa);
assessor jurídico, caso haja
emissão de parecer favorável.

109
Irregularidades concernentes à execução orçamentária

No que toca à execução orçamentária, destacam-se as seguintes

irregularidades:

CONCERNENTES À EXECUÇÃO ORÇAMENTÁRIA

SITUAÇÃO RESPONSÁVEL PROVÁVEL

Não inclusão da obra no plano plurianual ou em lei


que autorize sua inclusão, no caso de sua execução Ordenador de despesa.
ser superior a um exercício financeiro.

Ausência de previsão de recursos orçamentários


que assegurem o pagamento das etapas a serem Ordenador de despesa.
executadas no exercício financeiro em curso.

Irregularidades concernentes às medições e aos pagamentos

No tocante a medições e pagamentos, destacam-se as seguintes

irregularidades:

CONCERNENTES ÀS MEDIÇÕES E AOS PAGAMENTOS

SITUAÇÃO RESPONSÁVEL PROVÁVEL

Ordenador de despesa e
Pagamento de serviços executados, porém
servidor responsável pela liquidação
não aprovados pela fiscalização.
da despesa.

Pagamento de serviços relativos a contrato de Fiscal de obra e/ou


supervisão, apesar de a obra estar paralisada. gestor do contrato;
servidor responsável pela liquidação e
o ordenador de despesas, se
conhecedores da situação da obra.

110
Falta de comprovação e conferência pela Fiscal de obra
fiscalização dos serviços executados.

Divergências entre as medições atestadas e Fiscal de obra


os valores efetivamente pagos.

Medições e pagamentos executados com


critérios divergentes dos estipulados no edital Fiscal de obra
de licitação e contrato.

Inconsistências e incoerências nos relatórios Fiscal de obra e


de fiscalização. gestor do contrato.

A depender do tipo de superfaturamento


(quantidade, qualidade, preço etc.),
poderão responder:
o fiscal da obra;
Superfaturamento. o gestor do contrato;
o autor do projeto básico;
o orçamentista;
a empresa que tiver auferido valores
indevidos, solidariamente, entre
outros envolvidos.

111
Irregularidades concernentes ao recebimento da obra
Quanto ao recebimento, destacam-se as seguintes irregularidades:

CONCERNENTES AO RECEBIMENTO DA OBRA

SITUAÇÃO RESPONSÁVEL PROVÁVEL

Fiscal de obra e
Ausência de recebimento provisório da obra
gestor do contrato;
pelo responsável por seu acompanhamento e
autoridade máxima do órgão ou
fiscalização, mediante termo circunstanciado
entidade (geralmente, o ordenador de
assinado pelas partes.
despesa).

Ausência de recebimento definitivo da obra,


por servidor ou comissão designada por
Gestor do contrato;
autoridade competente, mediante termo
autoridade máxima do órgão ou
circunstanciado, assinado pelas partes, após
entidade (geralmente, o ordenador de
prazo de observação ou vistoria que
despesa).
comprove a adequação do objeto aos termos
contratuais.

Fiscal de obra, se a irregularidade


Descumprimento de condições descritas no ocorrer no recebimento provisório, ou
edital de licitação e no contrato para o o servidor/comissão designada por
recebimento da obra. autoridade competente, no caso de
recebimento definitivo.

Sendo por razões imputadas à


contratada, e não tendo sido tomadas as
devidas providências por parte da
Descumprimento dos prazos de conclusão,
Administração:
entrega, observação e recebimento definitivo,
fiscal de obra e
conforme o caso, previsto no contrato e em
gestor do contrato;
seus termos aditivos.
autoridade máxima do órgão ou
entidade (geralmente, o ordenador de
despesa).

112
Fiscal da obra, no caso do
Recebimento da obra com falhas visíveis de recebimento provisório, e
execução. servidor ou comissão designada, no
caso do recebimento definitivo.

3.1.1. Superfaturamento
Dentre as diversas irregularidades explicitadas acima, ganham destaque as

relacionadas a superfaturamento, sendo estas, por este motivo, objetos de

abordagem específica neste item 3.1.1.

A seguir, são detalhados os principais tipos de superfaturamento de

acordo com a OT-05 do IBRAOP.

Superfaturamento por quantidade

Ocorre quando o que foi pago, em termos quantitativos, é superior ao que

foi executado.

Exemplo
Em uma obra estava prevista a execução de 500 m3 de escavação
mecânica, a um preço unitário de R$ 3,00. No entanto, ao realizar auditoria,
o TCE-RJ verifica que a quantidade escavada de fato, ao final do contrato,
é de 400 m3, embora tenha sido pago o valor referente ao total previsto
em projeto (500 m3).
Neste caso, o cálculo do superfaturamento é obtido pela quantidade
excedente (100 m3) multiplicada pelo preço unitário desse serviço: 100 m3
x R$3,00/m3 = R$ 300,00.

113
Superfaturamento por qualidade

Ocorre quando o serviço executado é diferente, em termos qualitativos, do

que foi pago.

Nestes casos, quando há comprovadamente substituição de serviços por

outros de qualidade inferior, o superfaturamento apurado será o quantitativo

executado multiplicado pela diferença de preço dos dois serviços, desde que essa

qualidade inferior ou o não atendimento da especificação técnica não

comprometa a durabilidade, destinação ou viabilidade do empreendimento.

Exemplo
Em projeto estava prevista a colocação de 100 m2 de um piso tipo X, cujo
preço unitário era R$45,00, mas foi colocado, de fato, 100 m2 de um piso
tipo Y, cujo preço de mercado era R$ 35,00.
Nesta situação, o superfaturamento é de R$10/m2. Como foram pagos 100
m2, o superfaturamento total é: 100 m2 x R$10/m2 = R$ 1.000,00.

Todavia, nas situações em que a qualidade inferior ou o não atendimento

da especificação técnica comprometer a durabilidade, destinação ou viabilidade

do empreendimento, não será possível apropriar o superfaturamento desta

forma. Nestes casos, o superfaturamento de qualidade deve corresponder aos

custos diretos e indiretos de todos os serviços associados ao reparo, refazimento

ou correção dos serviços defeituosos.

114
Superfaturamento por preços

Ocorre quando o preço contratado para determinada obra é superior ao

preço de mercado.

A análise do preço de determinado empreendimento deve ser feita

considerando o somatório de todos os itens da planilha, efetuando eventuais

compensações entre os preços estimados acima dos de mercado com aqueles

que se encontram abaixo.

Exemplo

Item Quant. Planilha Orçamento Sobrepreço


Inicial Contratual Paradigma (R$)

Preço Preço Preço Preço


Unit. Total Unit. Total
(R$) (R$) (R$) (R$)

1 500 30,00 15.000,00 20,00 10.000,00 5.000,00

2 400 40,00 16.000,00 30,00 12.000,00 4.000,00

3 300 50,00 15.000,00 55,00 16.500,00 (1.500,00)

4 200 10,00 2.000,00 20,00 4.000,00 (2.000,00)

5 100 20,00 2.000,00 20,00 2.000,00 -

Total 50.000,00 44.500,00 5.500,00

Sobrepreço 12,36%

115
Superfaturamento por jogo de planilha

Ocorre quando, após a celebração de termos aditivos, o desconto

inicialmente ofertado pela licitante vencedora é reduzido.

Exemplo
Situação Original Situação após Aditivos

Planilha Orçamento
Planilha Contratual Orçamento paradigma
Contratual Paradigma
Quant Quant.

Item Inicial Preço Preço Final Preço


Preço Preço Preço
Unit. Unit. Total
Total (R$) Total (R$) Total (R$)
(R$) (R$) (R$)

1 200 30,00 6.000,00 20,00 4.000,00 500 15.000,00 10.000,00

2 420 40,00 16.800,00 30,00 12.600,00 400 16.000,00 12.000,00

3 300 50,00 15.000,00 55,00 16.500,00 300 15.000,00 16.500,00

4 800 10,00 8.000,00 20,00 16.000,00 200 2.000,00 4.000,00

5 100 20,00 2.000,00 20,00 2.000,00 100 2.000,00 2.000,00

Total 47.800,00 51.100,00 50.000,00 44.500,00

Sobrepreço
Desconto original 6,46% 12,36%
Após Aditivos

Método do Desconto

Orçamento paradigma final: R$ 44.500,00


Desconto de 6,46% R$ (2.873,78)
Valor final paradigma do contrato com desconto R$ 41.626,22

Valor do contrato após aditivos R$ 50.000,00


Valor final paradigma do contrato com desconto R$ 41.626,22

Superfaturamento apurado pelo método de manutenção


do equilíbrio econômico-financeiro R$8.373,78

116
Saiba Mais

Para uma melhor compreensão a respeito do assunto


superfaturamentos/sobrepreços, faz-se relevante a leitura da OT - IBR
005/2012 do IBRAOP, disponível em:
http://www.ibraop.org.br/wp-content/uploads/2013/04/OT_-_IBR_005-
2012.pdf

Ouça também o podcast que preparamos para sua melhor


compreensão do assunto.

117
3.2. Sanções

Como consequência de eventuais irregularidades praticadas ao longo da

execução de uma obra pública, podem ser aplicados, além da imputação de

débito para ressarcimento do erário, diversos tipos de sanções.

De maneira geral, os agentes públicos se submetem a três esferas de

responsabilidade, quais sejam: civil, penal e administrativa disciplinar, em

princípio, autônomas e de competência de instância jurisdicional ou

administrativa própria. Além dessas, esses agentes estão sujeitos à

responsabilidade administrativa ampla perante o Controle Externo da

Administração Pública quando administram recursos públicos.

3.2.1. Sanções a cargo do TCE-RJ


As punições passíveis de imputação pelo TCE-RJ encontram-se

disciplinadas nos arts. 61 a 67 da Lei Complementar nº 63/1990, sendo a aplicação

de multa a mais usual.

118
Conhecendo a Legislação

Art. 62 - Quando o responsável for julgado em débito, poderá ainda o


Tribunal de Contas aplicar-lhe multa de até 100% (cem por cento) vezes
do dano causado ao erário.
Art. 63. O Tribunal de Contas poderá aplicar multa de até cem vezes o
maior piso salarial estadual aos responsáveis por:
I - contas julgadas irregulares de que não resulte débito, nos termos do
art. 23, parágrafo único desta lei:
II - ato praticado com grave infração à norma legal ou regulamentar de
natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial;
III - ato ilegal, ilegítimo ou antieconômico, inclusive editais de licitação, de
que resulte, ou possa resultar, dano, ao erário;
IV - não atendimento, no prazo fixado, sem causa justificada, a diligência
ou a decisão do Tribunal;
V - obstrução ao livre exercício das inspeções ou auditorias determinadas;
VI - sonegação de processo, documento ou informação, em inspeções ou
auditorias realizadas pelo Tribunal;
VII - reincidência no descumprimento da decisão do Tribunal.
§ 1º - Ficará sujeito à multa prevista no caput deste artigo aquele que
deixará de cumprir a decisão do Tribunal, salvo, motivo justificado, a
critério do Plenário.
(...)
Art. 66 - O Tribunal de Contas, por maioria absoluta dos seus membros,
poderá, cumulativamente, ou não, com as sanções previstas na Seção
anterior, aplicar ao responsável, por prática de atos irregulares, a pena de
inabilitação para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança
na administração estadual, por prazo não superior a 5 (cinco) anos, bem
como propor a pena de demissão, na forma da lei, no caso de servidor.

119
3.2.2. Demais Sanções

Sanções penais

As sanções penais a que o agente público está submetido encontram-se

previstas, em sua maioria, nos art. 312 a 327 do Código Penal.

Sanções administrativas disciplinares

O agente público, no exercício de suas funções, está sujeito a sanções

disciplinares, com base no poder hierárquico da Administração. O servidor

responde administrativamente pelos ilícitos definidos na lei (geralmente o

estatuto dos servidores), estando passível de punições, tais como advertência,

suspensão, demissão etc.

No caso dos servidores do Estado do Rio de Janeiro, por exemplo, aplicam-

se as penas previstas no art. 46 do Decreto-Lei nº 220/1975, a saber:

I. advertência;

II. repreensão;

III. suspensão;

IV. multa;

V. destituição de função;

VI. demissão;

VII. cassação de aposentadoria, jubilação ou disponibilidade.

120
Sanções por improbidade administrativa

Os atos de improbidade administrativa deverão ser punidos conforme o

previsto na Lei nº 8.429/1992, sendo as sanções variáveis de acordo com o tipo

de ato praticado (atos que importam enriquecimento ilícito – art. 9°; atos que

causam prejuízo ao erário – art. 10; e atos que atentam contra os princípios da

Administração Pública – art. 11). Essas sanções estão elencadas no art. 12 da

referida Lei.

121
Conhecendo a Legislação

Lei nº 8.429/1992

Art. 12. Independentemente do ressarcimento integral do dano


patrimonial, se efetivo, e das sanções penais comuns e de
responsabilidade, civis e administrativas previstas na legislação específica,
está o responsável pelo ato de improbidade sujeito às seguintes
cominações, que podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, de
acordo com a gravidade do fato:
I - na hipótese do art. 9º desta Lei, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, perda da função pública, suspensão
dos direitos políticos até 14 (catorze) anos, pagamento de multa civil
equivalente ao valor do acréscimo patrimonial e proibição de contratar
com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos fiscais ou
creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa
jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a 14
(catorze) anos;
II - na hipótese do art. 10 desta Lei, perda dos bens ou valores
acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância,
perda da função pública, suspensão dos direitos políticos até 12 (doze)
anos, pagamento de multa civil equivalente ao valor do dano e proibição
de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou incentivos
fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de
pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo não superior a
12 (doze) anos;
III - na hipótese do art. 11 desta Lei, pagamento de multa civil de até
24 (vinte e quatro) vezes o valor da remuneração percebida pelo agente e
proibição de contratar com o poder público ou de receber benefícios ou
incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo
não superior a 4 (quatro) anos;
(...)

122
CONCLUSÃO
Na presente apostila, procurou-se destacar, sem se pretender o

esgotamento do assunto, os principais aspectos relacionados à execução de uma

obra pública, desde a sua concepção até a sua fase de utilização.

Os destaques aqui realizados levaram em conta as principais

irregularidades verificadas nos trabalhos de fiscalização do TCE-RJ ao longo dos

últimos anos, buscando-se, com isso, que tais erros sejam minimizados ou até

não ocorram em contratações futuras.

Em complemento à presente apostila, está disponível o Material de Apoio,

formado essencialmente pelos slides e demais recursos pedagógicos


disponibilizados.

123
REFERÊNCIAS
ALTOUNIAN, Cláudio Sarian. Obras Públicas: licitação, contratação,
fiscalização e utilização (Legislação, decretos, jurisprudência e orientações
normativas atualizadas até 30 dez. 2013). 4ªEd. Belo Horizonte: Fórum, 2014. 539
p. ISBN 978-85-7700-828-5.

BAETA, André Pachioni. Orçamento e Controle de Preços de Obras Públicas.


São Paulo: Pini, 2012.

BRASIL, Tribunal de Contas da União. Obras públicas: recomendações básicas


para a contratação e fiscalização de obras de edificações públicas. 3ªEd.
Brasília: TCU, SecobEdif, 2013.

BRASIL, Tribunal de Contas da União. Orientações para elaboração de planilhas


orçamentárias de obras públicas / Tribunal de Contas da União, Coordenação-
Geral de Controle Externo da Área de Infraestrutura e da Região Sudeste. –
Brasília: TCU, 2014.

BRASIL. Acórdão n° 591/2011. Plenário. Relator: Augusto Nardes. Data da sessão:


16/03/2011. Tribunal de Contas da União Disponível em:<
https://contas.tcu.gov.br/pesquisaJurisprudencia/#/detalhamento/11/%252a/N
UMACORDAO%253A591%2520ANOACORDAO%253A2011/DTRELEVANCIA%25
20desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/false/1/false>. Acesso em:
22 jul. 2018.

BRASIL. Lei n° 12.462, de 4 de agosto de 2011. Institui o Regime Diferenciado de


Contratações Públicas - RDC; altera a Lei no 10.683, de 28 de maio de 2003, que
dispõe sobre a organização da Presidência da República e dos Ministérios, a
legislação da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a legislação da Empresa
Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero); cria a Secretaria de Aviação
Civil, cargos de Ministro de Estado, cargos em comissão e cargos de Controlador
de Tráfego Aéreo; autoriza a contratação de controladores de tráfego aéreo
temporários; altera as Leis nos 11.182, de 27 de setembro de 2005, 5.862, de 12
de dezembro de 1972, 8.399, de 7 de janeiro de 1992, 11.526, de 4 de outubro de
2007, 11.458, de 19 de março de 2007, e 12.350, de 20 de dezembro de 2010, e a
Medida Provisória no 2.185-35, de 24 de agosto de 2001; e revoga dispositivos
da Lei no 9.649, de 27 de maio de 1998. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10
ago. 2011. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-
2014/2011/Lei/L12462.htm>. Acesso em: 29 maio. 2022;

124
BRASIL. Súmula nº 263/2010. Tribunal de Contas da União Data da sessão:
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<https://portal.tcu.gov.br/lumis/portal/file/fileDownload.jsp?fileId=8A8182A257
53C20F0157679AA5617071&inline=1>. Acesso em: 22 jul. 20018;

BRASIL. Súmula nº 259/2010. Tribunal de Contas da União. Data da sessão:


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BRASIL. Acórdão n° 749/2010. Plenário. Relator: Augusto Nardes. Tribunal de


Contas da União, Data da sessão: 14/04/2010. Disponível
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BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário


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complementares ao Plano Real e dá outras providências. Diário Oficial da
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Macedo. Tribunal de Contas da União. Data da sessão: 12/05/1999. Disponível
em:
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NUMACORDAO%253A215%2520ANOACORDAO%253A1999/DTRELEVANCIA%2
520desc%252C%2520NUMACORDAOINT%2520desc/false/6/false>. Acesso em:
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BRASIL. Lei n° 14.1330, de 1º de abril de 2021. Lei de Licitações e Contratos
Administrativos. Diário Oficial da União, 1º abril de 2021. Disponível em:<
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mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta,
indireta ou fundacional e dá outras providências. Diário Oficial da União,
Brasília DF, 02 jun. 1992. Disponível em:<
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Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União,
dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. Diário Oficial da União, 04
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CAMPEL, V.; CAVALCANTE, R. Obras Públicas: comentários à jurisprudência do


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CONFEA. Resolução nº 1.025, de 30 de outubro de 2009. Dispõe sobre a


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http://normativos.confea.org.br/ementas/visualiza.asp?idEmenta=43481>
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MENDES, A. Aspectos polêmicos de licitações e contratos de obras públicas.


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RIO DE JANEIRO. Lei Complementar n° 63, de 01 de agosto de 1990. Dispõe


sobre a lei orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro e dá
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Disponível em: <https://www.tce.rj.gov.br/lei-organica>. Acesso em: 29 maio.
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RIO DE JANEIRO. Decreto-lei nº 220, de 18 de julho de 1975. Dispõe sobre o
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http://alerjln1.alerj.rj.gov.br/decest.nsf/13a8832c3ad51674832569d0006c75a4/c
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SOUZA, R., et al. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras.


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127
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