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Fernando Pessoa, poesia do ortónimo

“Autopsicografia”,
de Fernando Pessoa
“Autopsicografia” – O fingimento artístico

noção de si relacionado escrita


próprio com a mente

descrição psicológica escrita que o


“eu” faz sobre si próprio.
“Autopsicografia”

Presente do indicativo – generalização

Emoção fingida pelo “eu”  intelectualização

Emoção genuinamente sentida pelo “eu”


 sentimento (emoção)
“Autopsicografia”

Perífrase Os leitores  parte do processo


de criação
Emoção interpretada pelos leitores
(imaginação)
“Autopsicografia”

Metáfora O coração é um
brinquedo que distrai a
razão, mas de forma
controlada, nas “calhas”

Subordinação do sentimento ao
pensamento

Mural Coração, Third, Covilhã, 2021


Em síntese – O fingimento artístico
• A arte como construção racional da realidade.

• Processo de intelectualização das emoções.

• A imaginação (processo intelectual) sobrepõe-se à


emoção.
“Ela canta, pobre ceifeira”,
de Fernando Pessoa
“Ela canta, pobre ceifeira” – A dor de pensar
“Ela canta, pobre ceifeira”
Comparação “ave”  liberdade

Descrição do canto da
ceifeira

Despreocupação
“Ela canta, pobre ceifeira”
Antítese Contradição no
estado de espírito
do “eu”

Efeito do canto no “eu”

Angústia
“Ela canta, pobre ceifeira”
Antítese Contradição no
estado de espírito
do “eu”

Manifestação da vontade do “eu”

Anulação, perante a
impossibilidade de o
“eu” ser como a ceifeira
“Não sei se é sonho, se realidade”,
de Fernando Pessoa
“Não sei se é sonho, se realidade” – Sonho e realidade
“Não sei se é sonho, se realidade”
Características da ilha sonhada – espaço dominado pelo
sonho, paraíso perdido, de difícil definição, longínqua e
distante, onde há felicidade

Ideia de afastamento  sonho


“Não sei se é sonho, se realidade”
Características da ilha real – espaço dominado pela razão
(simbolizada pelo “frio” e “luar”). Local desconfortável, que
provoca dor

Ideia de proximidade – realidade

Reflexão do “eu” sobre o confronto


entre sonho e realidade

A felicidade não se
encontra no sonho mas
em “nós”
Em síntese – Sonho e realidade
• O sonho surge como um meio de evasão da realidade e de refúgio.

• Pessoa anseia por um mundo onírico para reivindicar a felicidade da


imaginação (“Onde ser feliz consiste / Apenas em ser feliz” ).
“Quando as crianças brincam”,
de Fernando Pessoa
“Quando as crianças brincam” – A nostalgia de
infância
“Quando as crianças brincam”
Estímulo exterior que espoleta
uma recordação

Efeito no ”eu”
“Quando as crianças brincam”

Metáfora Intensidade do
sentimento

Sentimento de nostalgia construído


pela imaginação  fingido
“Quando as crianças brincam”

Passado  perdido no esquecimento

Futuro  escondido na antevisão

Presente  felicidade construída


Em síntese – A nostalgia de infância
• A infância como um paraíso perdido, idílico, de felicidade.

• Saudade intelectual de um passado irrecuperável e desejo frustrado de


reviver a infância.
“Não sei quantas almas tenho”,
de Fernando Pessoa
“Não sei quantas almas tenho” – A fragmentação do “eu”
“Não sei quantas almas tenho”

Indefinição do “eu”
Anáfora Caracterização do “eu”
 agitação, indefinição,
autoanálise, perda de
identidade
Redução do “eu” à sua essência
“Não sei quantas almas tenho”

Despersonalização do “eu”

Solidão e desconhecimento de si
“Não sei quantas almas tenho”

Comparação O ”eu” é como um livro


 a página anterior
esquece-se e a página
seguinte desconhece-se
Ato reflexivo  razão. Mas nem a
racionalidade explica a sua
essência. Apenas Deus
Em síntese – A fragmentação do “eu”
• A introspeção e a autoanálise conduzem ao desconhecimento de si próprio.

• O drama da identidade perdida e da despersonalização.

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