Você está na página 1de 8

Resenha do livro: A Coragem de ser Imperfeito - Brené Brown

Neste livro, a autora Brené Brown trata de assuntos que costumam ser


evitados como vulnerabilidade, vergonha, medo e imperfeição. Com seu texto,
Brown busca mostrar ao leitores que a vulnerabilidade não é uma fraqueza,
mas sim a melhor definição de coragem.
Quando fugimos de emoções complicadas como medo e decepção também
nos fechamos ao amor, aceitação e criatividade, por isso Brené nos convida a
entender a causa dos nossos medos, anseios, fugas, como também nos
apresenta o quantos somos imperfeitos a fim de que tenhamos uma vida plena.
A obra tem uma linguagem simples e clara, a autora apresenta situações reais,
que servem de exemplos para combater a vergonha e viver com ousadia.
A grande mensagem do livro é que não podemos nos submeter à escravidão
de buscar sempre a perfeição. Para estar bem e viver uma vida com plenitude
devemos aceitar a nós mesmos e compreendermos que somos frágeis e
imperfeitos.
Não é o crítico que importa; nem aquele que aponta onde foi que o homem
tropeçou ou como o autor das façanhas poderia ter sido melhor. O crédito
pertence ao homem que está por inteiro na arena da vida, cujo rosto está
manchado de poeira, suor e sangue; que luta bravamente; que erra; que
decepciona; porque não há esforço sem erros e decepções; mas que, na
verdade se empenha em seus feitos; que conhece o entusiasmo, as grandes
paixões; que se entrega a uma causa digna; que na melhor das hipóteses,
conhece no final o triunfo da grande conquista e que, na pior, se fracassar, ao
menos fracassa ousando grandemente.

Brené inicia o livro com esse trecho do discurso"Cidade de uma República". Ao


lê-lo interpretamos que o que realmente importante não é ganhar ou perder, é a
coragem de se lutar bravamente.

Ao longo do livro, a autora fala como nós humanos esperamos


incansavelmente o 'momento certo' ou 'ser perfeito', porém essa espera só nos
faz perder tempo, pois esses conceitos não existem na realidade humana.
Assim como diz no trecho, devemos entrar na arena da vida, seja ela qual for,
como o espírito de lutar bravamente e de se empenhar o melhor possível não
visando ser perfeito.

Brené também fala sobre a importância da coragem, pois vivemos em uma


época que reina o medo do julgamento, e devido a isso estamos sempre com
vergonha de nos mostrar e não nos sentindo bons o suficiente.
A coragem faz com que saiamos da nossa zona de conforto e nos mostremos.
Se mostrar e deixar que outras pessoas nos vejam é ser vulnerável, isso
é coragem de ser imperfeito e é viver com ousadia. 

Quando a vergonha se torna um estilo de gerenciamento, a motivação vai


embora. Quando errar não é uma opção, não existe aprendizado, criatividade
ou inovação.
Saber lidar com a vergonha e ser vulnerável é ser capaz de dizer:"Isso me
machuca e me decepciona, porém o reconhecimento e a aprovação dos outros
não são opiniões que me controlam. O meu valor é a coragem, e eu fui
corajosa. Não tenho vergonha da minha atitude."

A vulnerabilidade é o caminho que nos leva a uma vida plena, é o que nos faz
sentir vivos. Entender nossas questões, medos e fazer as pazes com eles.

E você? Quais vulnerabilidades você têm escondido?

As vezes o lado que você mais esconde, é na verdade o seu melhor lado, o
lado mais bonito. E às vezes, quando ousamos caminhar na arena da vida, o
maior crítico que enfrentamos somos nós mesmos.

A pergunta, para Brené, passou então a ser: qual o segredo por trás desse
grupo mais seguro de si? O que ela encontrou em comum entre essas pessoas
é que elas abraçam a vulnerabilidade e a entendem como algo necessário e
parte natural da vida. “Elas falavam da disposição de fazer algo para o qual não
há garantias. Viam isso como fundamental”, diz Brené em seu TED Talk O
Poder da Vulne...

A vulnerabilidade é definida como aquilo que experimentamos em momentos


de incerteza, risco e exposição. Ela nos deixa ansiosos e com medo. O
problema, segundo Brené, é quando evitamos situações e relações porque
provocarão esse sentimento. Ter coragem para arriscar, viver experiências
novas, dizer coisas importantes, tudo isso implica abraçar a vulnerabilidade.

Adotar a vulnerabilidade também envolve escutar mais o que os outros têm a


dizer — sem tentar impor nossas ideias e julgamentos enquanto ouvimos.

Aliás, um dos pontos reforçados por Brené Brown é que a vulnerabilidade não
pode ser vista como uma atitude confessional exagerada. Abraçar a
vulnerabilidade não quer dizer se abrir para todo mundo independentemente
das consequências. Parte importante dela é justamente entender quais são
seus limites: até onde você está disposto a ir, o que é importante para você e
quais são os momentos em que, de fato, você precisa se proteger mais.
O medo de ser ridicularizado ou de falhar também impede que muitas ideias
potenciais sejam implantadas, por receio de se expor e de ser julgado em uma
cultura que prioriza os que parecem fortes e infalíveis

É preciso coragem para ser imperfeito. Aceitar e abraçar as nossas


fraquezas e amá-las. E deixar de lado a imagem da pessoa que devia ser, para
aceitar a pessoa que realmente sou.
A Cultura de Não Ser Bom o Bastante

A escassez, no âmbito psicológico, é a sensação de nunca ser ou ter o


suficiente. O que torna a escassez tão avassaladora em nossas vidas é a
comparação que fazemos dela, em todos os aspectos, baseados em uma visão
de perfeição inatingível que é propagada pela mídia.
Além disso, também nos comparamos com a visão ficcional de quanto aquelas
pessoas que estão próximas de nós já conquistaram e até com a nostalgia do
passado.

A escassez atua em 3 componentes:

1. Vergonha;
2. Comparação;
3. Desmotivação.
O contrário da escassez é a plenitude ou o suficiente. Isso quer dizer, enfrentar
a exposição, a incerteza e os riscos emocionais tendo a certeza que você é
bom o bastante.
Derrubando os Mitos da Vulnerabilidade
Mito 1 – Vulnerabilidade é Fraqueza
A vulnerabilidade não é boa ou ruim.
A rejeição à vulnerabilidade vem muito da associação que fazemos dela com
sentimentos ruins, como decepção, tristeza, medo e vergonha.
Porém, a vulnerabilidade também é o berço de experiências e emoções que
você tanto deseja. Quando você está vulnerável, o amor surge, assim como a
aceitação, alegria, empatia e coragem.
Se abrir para o amor é muito incerto, é se tornar vulnerável a quem se ama.
Porque você não tem nenhuma segurança de que vai ser amado de volta.
Mesmo assim, você conseguiria viver sem amar e ser amado?

Mito 2 – Vulnerabilidade Não é Comigo

Mesmo que opte se isolar do mundo e abra mão dos relacionamentos, ainda
assim estará sujeito à vulnerabilidade. Se sentir vulnerável não é uma opção. A
única escolha que você tem é de como vai reagir assim que você for
confrontado com a exposição emocional e a incerteza.

Mito 3 – Vulnerabilidade é Expor Toda a Minha Vida

A vulnerabilidade é fundamentada na reciprocidade e exige limites e confiança.

Ser vulnerável é compartilhar as suas experiências e sentimentos com pessoas


que conquistaram o direito de conhecê-los.
Mito 4 – Eu me Garanto Sozinho
Se garantir sozinho é uma coisa muito reverenciada na nossa sociedade.
Mas a jornada da vulnerabilidade não deve ser percorrida sem companhia
nenhuma.
Todos precisam de apoio. Além disso, a coragem de enfrentar a
vulnerabilidade encoraja aquelas pessoas que estão próximas de você.
Compreendendo e Combatendo a Vergonha
Todos sentimos vergonha de algo e temos medo de falar sobre ela. Aprender a
lidar com a vergonha faz parte da vulnerabilidade.
As pessoas que não são prisioneiras da vergonha são, normalmente, mais
comprometidas, ousadas, criativas e dispostas a tentar de novo até funcionar.

Para Brené Brown, a vergonha é um sentimento extremamente doloroso ou a


experiência de você acreditar que é defeituoso e, por isso, indigno de aceitação
ou amor.

Existe uma diferença entre culpa e vergonha. A culpa é quando você diz que
fez algo ruim. Já a vergonha é quando você fala que você é ruim.

Quando sente vergonha, você tem uma maior tendência de se proteger


apontando um culpado, que pode ser algo ou alguém, para tentar justificar o
seu erro.

Quando você se desculpa por algo ou repara um erro, a culpa, e não a


vergonha, é geralmente a força que o impulsiona a mudar o seu
comportamento.

Você sabe o que fazer com a vergonha?

A resposta é resiliência, que é a sua capacidade de se recuperar rapidamente


de uma adversidade ou de se adaptar a uma mudança.

A resiliência tem a ver com sair de um estado de sentimento de vergonha para


o afeto da empatia.

Quando compartilha a sua história com alguém que é compreensivo e se


solidariza, a vergonha perde a força. Neste processo, a autoaceitação também
é muito importante.

Existem 4 elementos da resiliência à vergonha:

1. Reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos;


2. Praticar a consciência crítica;
3. Ser acessível;
4. Falar da vergonha.

Além disso, existem 3 ações que você pode tomar para também se livrar da
vergonha:
1. Praticar coragem e se manter acessível. Compartilhe a sua experiência
com alguém que ganhou o direito de ouvi-la.
2. Conversar consigo mesmo do modo que você conversaria com alguém
que você amasse e estivesse tentando encorajar no meio de um
desastre.
3. Assumir o que ocorreu.

A vergonha é alimentada pelo segredo. O professor James Pennebaker, da


Universidade do Texas, concluiu a partir de um estudo que não revelar o
acontecimento traumático pode ser mais nocivo do que o próprio sentimento.

Arsenal Contra a Vulnerabilidade


1. Escudo da Alegria Como mau Presságio

Numa cultura que valoriza a escassez, a alegria parece uma farsa. Sabe
quando você pensa “as coisas estão indo bem, algo de errado vai acontecer”?

Isso ocorre porque a felicidade nos deixa vulneráveis.

Praticar a gratidão é um antídoto para a alegria como mau presságio, que pode
ser expressa através de um diário ou em reuniões com a família.

2. Escudo do Perfeccionismo

O perfeccionismo é um desvio perigoso, que não nos leva ao sentido da vida


ou aos nossos talentos.

O perfeccionismo não é uma busca pela excelência, mas um mecanismo de


defesa. É a crença de que você poderá diminuir ou evitar a culpa ou vergonha,
caso faça algo com perfeição.

O perfeccionismo, por si só, é autodestrutivo, já que não existe nada que seja
perfeito.

Para se livrar da perfeição você precisa passar por uma longa jornada, que
começa no “o que os outros vão pensar?” e chega no “eu sou bom o bastante”.

Esta jornada começa com resiliência à vergonha, aceitação e amor próprio.

Você precisa aceitar a verdade sobre quem você é, de onde veio, em que
acredita e na natureza imperfeita da vida.

Pegue leve nas cobranças e aprecie a beleza de suas falhas e imperfeições.

3. Escudo do Entorpecimento

O que você faz diariamente para se anestesiar de alguma coisa? Pouquíssimas


pessoas não são afetadas por algum vício.
A necessidade de entorpecimento surge da combinação de 3 fatores:
vergonha, ansiedade e isolamento.

Para que você consiga combater este o entorpecimento é preciso:

1. Aprender como realmente viver os sentimentos;


2. Ficar atento a respeito dos seus comportamentos entorpecentes;
3. Saber lidar com o desconforto das emoções difíceis.
4. Escudo Viking ou Vítima

Quem usa o escudo de vítima está sempre sendo passado para trás e não
consegue, de maneira nenhuma, se impor.

Quem usa o escudo viking enxerga a vitimização como uma ameaça, então se
mantém no controle e nunca mostra vulnerabilidade.

5. Escudo Holofote

O escudo holofote é usado quando alguém expõe a vulnerabilidade com quem


não possui um vínculo genuíno.

Infelizmente, na maior parte das vezes, o uso desse escudo gera o efeito
contrário daquele que esperamos porque o resultado é que os outros se
retraem.

6. Escudo Invadir e Roubar

Aqui, a vulnerabilidade é usada como forma de manipulação.

Invadir e roubar significa invadir as fronteiras sociais das pessoas com


informações íntimas e então roubar toda a atenção e energia possível.

7. Escudo Ziguezaguear

Nós gastamos muita energia tentando driblar a vulnerabilidade, ao invés de


enfrentá-la de frente, o que custaria muito menos esforço.

Nesta forma de escudo, as pessoas tentam controlar a situação dando as


costas para ela ou fingindo que ela não existe.

8. Escudo Desconfiança, Crítica, Frieza e Crueldade

Além de manter a vulnerabilidade longe, este escudo pode ser como uma arma
porque fere as pessoas que estão vulneráveis, as colocando em situações
complicadas.

Mudanças e Motivação
Para que você consiga criar uma estratégia de transformação eficaz e
coerente, é preciso confrontar as suas virtudes desejadas e praticadas, ou seja,
como você realmente vive, sente, pensa e age.

Você está vivendo de acordo com aquilo que prega?

A falta de motivação é muito comum em todos os ambientes. É comum você se


desligar e deixar de se envolver com alguma coisa para proteger a sua
vulnerabilidade.

A distância entre as virtudes praticadas e as desejadas é conhecida


como “lacuna de valores”.

A expectativa de valores que você não consegue alcançar é uma das grandes
causas da desmotivação.

Ousadia Para Reumanizar a Educação e o Trabalho

Para a sociedade recuperar a criatividade, a inovação e o aprendizado, os


líderes precisam se comprometer a reumanizar o trabalho e a educação.

Isso significa que é preciso entender como o padrão de escassez afeta a


maneira como trabalhamos e lideramos. Além do mais, é preciso abraçar a
vulnerabilidade e reconhecer e enfrentar a vergonha.

Quando vemos que a vergonha é tratada como uma ferramenta de controle e


gerenciamento, é preciso tomar providências para acabar com esta atitude.

Sem feedback não existe mudança transformadora. Quando não conversamos


com nossos liderados sobre os seus pontos fortes e oportunidades de
crescimento, eles começam a questionar as próprias contribuições.

Criando Filhos Plenos - Precisamos ajudar nossos filhos a entender,


potencializar e aproveitar a própria estrutura emocional, ensinando-os a
combater as insistentes mensagens da sociedade que dizem que eles nunca
serão bons o bastante.

Para que os seus filhos se amem e se aceitem como são, você também precisa
se amar e se aceitar como você é.

Como pai, a sua função é ajudar os seus filhos a enfrentarem a vergonha e


desenvolverem a dignidade.

Fique atento aos pré-requisitos que de forma consciente, ou não, você está
transmitindo para eles.

Além disso, combata a sensação de perfeccionismo nas crianças e nos


adolescentes, ensine a importância da resiliência, da autoaceitação e de como
diminuir a lacuna de valores.

Você também pode gostar