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SUMÁRIO
PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS ......................................................................................................................... 2
1. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA ...................................................................................................................... 2
1.1 – SENTIDO ............................................................................................................................................ 2
1.2 – JURISPRUDÊNCIA DO STF .................................................................................................................. 2
1.3 – ASPECTOS RELEVANTES .................................................................................................................... 2
1.4 – DISTINÇÕES ENTRE REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO ............................................................................... 3
1.5 – ATOS ADMINISTRATIVOS IRREVOGÁVEIS ......................................................................................... 3
1.6 – LIMITES À ANULAÇÃO – LEI Nº 9.784/99.......................................................................................... 4
1.7 – DIFERENÇA ENTRE AUTOTUTELA E TUTELA...................................................................................... 4

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PRINCÍPIOS ADMINISTRATIVOS
1. PRINCÍPIO DA AUTOTUTELA
1.1 – SENTIDO
A Administração Pública exerce controle sobre seus próprios atos, restabelecendo a
situação de regularidade quando comete equívocos.
Não se trata apenas de uma faculdade, mas também de um dever, tendo em vista que não
se pode admitir que, diante de situações irregulares, a Administração permaneça inerte. Assim,
restaurando-se a situação de regularidade é que a Administração observará o princípio da
legalidade, do qual a autotutela é uma das mais relevantes vertentes.
Trata-se de uma decorrência natural da aplicação do princípio da legalidade, pois se
Administração Pública está sujeita à lei, a ela cabe também o controle de legalidade.
Trata-se de um princípio implícito da Administração Pública.

1.2 – JURISPRUDÊNCIA DO STF


Essa capacidade ou poder de controle que detém a Administração Pública está consagrado
em duas súmulas do STF, a saber, 346 e 473.

SÚMULA 346
“A administração pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos”.

SÚMULA 473
“A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que
os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
em todos os casos, a apreciação judicial”.

1.3 – ASPECTOS RELEVANTES


a) Controle de MÉRITO dos atos administrativos, que confere a possibilidade de revogação
dos atos administrativos que se tornaram inoportunos e inconvenientes. Neste caso, a
revogação dos atos administrativos representa uma mera faculdade administrativa,
tendo em vista que, embora inconvenientes e inoportunos, tais atos pressupõem
expedidos dentro da legalidade;
b) Controle de LEGALIDADE dos atos administrativos, que se caracteriza pelo poder-dever
de anular os atos ilegais. Contrariamente à revogação, a anulação representa uma
obrigação que tem a Administração Pública para restabelecer a legalidade que foi
rompida;
c) Poder que tem a Administração Pública de zelar pelos bens que integram o seu
patrimônio, sem necessidade de título ou autorização judicial. Para tanto, a

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Administração fará uso de medidas decorrentes do exercício de polícia administrativa,


impedindo quaisquer atos que ponham em risco a conservação dos bens públicos.

1.4 – DISTINÇÕES ENTRE REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO


REVOGAÇÃO ANULAÇÃO

1. Trata-se de ato discricionário 1. Trata-se de ato vinculado

2. Pressupõe que o ato seja legal 2. Pressupõe que o ato seja ilegal

3. Ocorre por razões de oportunidade e 3. Decorre de vício insanável


conveniência

4. Controle de MÉRITO 4. Controle de LEGALIDADE

5. Realizada somente pela própria 5. Realizada pela Administração Pública ou


Administração Pública pelo Poder Judiciário

6. Efeitos prospectivos ou EX NUNC 6. Efeitos retroativos ou EX TUNC


7. Limites = Atos IRREVOGÁVEIS 7. Limites = Art. 54 da Lei nº 9.784/99

1.5 – ATOS ADMINISTRATIVOS IRREVOGÁVEIS


a) Atos vinculados. Não podem ser revogados os atos vinculados porque nestes não há
como valorar os aspectos de oportunidade e conveniência administrativa. Exemplos: a
concessão de licenças, o ato de concessão de uma aposentadoria a um servidor público;
b) Atos que geram direitos adquiridos, em virtude da proteção constitucional, bem como
da previsão expressa na Súmula 473 do STF;
c) Atos exauridos ou consumados. Estes atos não podem ser revogados por já terem
produzido todos os efeitos jurídicos, além do mais a revogação não retroage. Exemplo:
é irrevogável uma autorização de férias concedida a um servidor que já tenha gozado do
referido direito;
d) Atos enunciativos ou meros atos administrativos. Estes atos informam, atestam,
certificam ou apenas representam uma opinião da Administração Pública sobre
determinada situação de fato ou de direito que ela tem conhecimento. Tais atos não
produzem efeitos jurídicos. Exemplos: certidões, atestados, pareceres, votos,
apostilamentos;
e) Atos que integram um procedimento administrativo quando alcançados pela preclusão
administrativa, ou seja, a cada novo ato ocorre a preclusão com relação ao ato anterior.
Exemplo: no procedimento licitatório, previsto na Lei nº 8.666/93, o ato de habilitação
dos licitantes não poderá ser revogado caso o certame se encontre na etapa de
julgamento das propostas de preços;
f) Atos cuja autoridade administrativa já tenha exaurido a competência relativamente ao
objeto do ato. Exemplo: suponha-se que o interessado tenha recorrido de um ato

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administrativo e que este esteja sob apreciação de autoridade superior; a autoridade


que praticou o ato deixou de ser competente para revogá-lo.

1.6 – LIMITES À ANULAÇÃO – LEI Nº 9.784/99


Art. 54. O direito da Administração de anular os atos administrativos
de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em
cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo
comprovada má-fé.
O dispositivo legal acima mencionado impõe limites à Administração Pública para que
reveja os próprios atos quando ilegais e se deles decorrerem efeitos favoráveis para os
destinatários. Verifica-se ainda que o prazo previsto na referida norma é decadencial de cinco
anos, contados da data em que foram praticados.
Por outro lado, verificada a má-fé dos destinatários do ato, a anulação poderá ser feita a
qualquer tempo pela Administração Pública.
Em que pese a Lei nº 9.784/1999 ser aplicável apenas no âmbito da Administração
Pública Federal, a jurisprudência do STJ se manifestou no sentido de sua aplicação nos demais
entes federativos, quando inexistente norma local e específica que verse sobre processo
administrativo, especialmente quanto ao disposto no art. 54 da referida lei. Confira o teor da
Súmula 633 do STJ:
SÚMULA 633
“A Lei n. 9.784/1999, especialmente no que diz respeito ao prazo decadencial
para a revisão de atos administrativos no âmbito da Administração Pública federal,
pode ser aplicada, de forma subsidiária, aos estados e municípios, se inexistente
norma local e específica que regule a matéria.”

De qualquer sorte, nada impede que a ilegalidade, porventura praticada pela


Administração Pública, seja corrigida pelo Poder Judiciário.

1.7 – DIFERENÇA ENTRE AUTOTUTELA E TUTELA


O princípio da autotutela não se confunde com o princípio da tutela administrativa.
Tutela ou controle é a supervisão que a Administração Pública Direta (União, Estados,
Distrito Federal e Municípios) exerce sobre as entidades administrativas (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista) que compõem a
Administração Pública Indireta, sem, contudo, existir relação de subordinação.
Referido princípio nasce com o objetivo de garantir que as entidades administrativas
observem e cumpram suas finalidades institucionais. Para tanto, haverá uma espécie de
supervisão exercida pela Administração Direta sobre tais entidades (supervisão ministerial ou
controle finalístico).
A relação existente entre tais entidades administrativa e a Administração Direta será de
mera de vinculação, considerando que não há relação de hierarquia entre pessoas jurídicas
distintas, além do que todas as entidades da Administração Indireta possuem autonomia
administrativa, financeira e orçamentária.
Ao tratar do princípio da tutela administrativa e as consequências decorrentes do
controle exercido sobre às entidades da Administração Indireta, a professora Maria Sylvia
Zanella Di Pietro adverte:

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“Colocam-se em confronto, de um lado, a independência da entidade que


goza de parcela de autonomia administrativa e financeira, já que dispõe de fins
próprios, definidos em lei e patrimônio também próprio destinado a atingir aqueles
fins; e, de outro lado, a necessidade de controle para que a pessoa jurídica política
(União, Estado e Município) que instituiu a entidade da Administração Indireta se
assegure de que ela está agindo de conformidade com os fins que justificaram a sua
criação.
A regra é a autonomia; a exceção é o controle; este não se presume; só pode
ser exercido nos limites definidos em lei”.

Assim, por exemplo, o Ministério do Meio Ambiente (órgão da Administração Direta)


exerce controle sobre o IBAMA (autarquia federal que integra a Administração Indireta).

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