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PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PODER DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: significa prerrogativas que são conferidas ao poder público
para a sua atuação e proteção do interesse público, do bem-estar coletivo.Para isso são conferidos certos
poderes à AP com as seguintes características:

a) instrumentalidade: os poderes da administração são instrumentos pelos quais a AP procura


atingir o seu fim, qual seja, a proteção e promoção do interesse público.
b) poder-dever: o administrador tem o dever de utilizar esse poder, não podendo dispor de seu
exercício. São os poderes da AP irrenunciáveis.

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a) limites definidos em lei: os poderes estão condicionados ao disposto em lei, qualquer infração a
este regra culminará na responsabilização do agente público.

Os principais poderes elencados pela doutrina são:

1) PODER VINCULADO OU REGRADO: será exercido pelo agente público quando este estiver
diante de uma tipificação objetiva e clara da situação em que deve agir e do único comportamento
que poderá tomar. A lei não permite qualquer margem de liberdade em seu exercício. Não cabe ao
administrador fazer apreciações pessoais, subjetivas. EXEMPLO: concessão de aposentadoria,
licença para construir.

O administrador deve utilizar o critério de conveniência (analisa se há interesse público que justifique a
produção do ato administrativo) e critério de oportunidade (analisa a partir de qual momento o interesse
público em questão deve ser satisfeito).

2) PODER DISCRICIONÁRIO: consiste naquele em que o agente público tem uma margem de
liberdade ditada pela lei para avaliar a situação em que deve agir e/ou para escolher qual o
comportamento que poderá tomar. EXEMPLO: autorização de uso de bem público para que o
particular realize um evento.

O administrador deve utilizar o critério de conveniência (analisa se há interesse público que justifique a
produção do ato administrativo) e critério de oportunidade (analisa a partir de qual momento o interesse
público em questão deve ser satisfeito).

O QUE EXISTE É MARGEM DE LIBERDADE E NÃO ARBITRARIEDADE. EXEMPLO: uma pena de


suspensão em que a lei prevê prazo de 30 a 60 dias e o agente suspende por 90 dias, trata-se de um ato
arbitrário e não discricionário.

LIMITES AO EXERCÍCIO DO PODER DISCRICIONÁRIO: a liberdade de atuação corresponde ao


limites definidos em lei, caberá ao Judiciário por meio do princípio da razoabilidade e proporcionalidade
controlar o exercício desse poder discricionário, declarando a ilegalidade de atuação que viole estes
princípios.

3) PODER HIERÁRQUICO: é conferido ao agente público para organizar a estrutura da Administração


e fiscalizar a atuação de seus subordinados, e se expressa por meio da distribuição e orientação das
funções, na expedição de ordens e na revisão dos atos. É este poder que autoriza a Administração a
estabelecer graus de subordinação entre seus órgãos e agentes. Prerrogativas do superior ao
subordinado: dar ordens, fiscalizar e delegar.

4) PODER DISCIPLINAR: conferido ao agente para aplicação de sanções aos demais agentes devido
a prática de infração disciplinar funcional. As sanções só poderão ser as administrativas: advertência,
suspensão, demissão etc. Ocorre discricionariedade tão apenas na escolha da pena. A penalidade deve
sempre ser motivada e a apuração da falta deve respeitar o contraditório e a ampla defesa.

5) PODER REGULAMENTAR OU NORMATIVO: em sentido amplo significa o poder conferido ao


agente para a expedição de atos normativos gerais e abstratos, trata-se de um poder normativo. Em
sentido estrito é o poder que concede autorização ao chefe do Executivo para expedição de decretos,
denominado de poder regulamentar. A lei provém do legislativo, o regulamento do executivo. (Ver art. 84,
IV, CF/88)

6) PODER DE POLÍCIA: é a atividade do estado que consiste em limitar o exercício dos direitos
individuais em benefício do interesse coletivo. EXEMPLO: fiscalização de trânsito, fixação e fiscalização
das normas sanitárias para açougue, barulho produzido por casas noturnas.

PREVISÃO DO CTN

Conceito legal (art. 78 do CTN): “considera-se poder de polícia atividade da administração


pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
obtenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, no exercício das atividades econômicas
dependentes de concessão ou autorização do poder público, à tranquilidade pública ou o respeito
à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos”.

• Art. 78, parágrafo único, CTN

“Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo
órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de
atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.”

Quer o poder público evitar que situações sejam efetuadas de maneira perigosa. EXEMPLO: fazer exame
de habilitação para motorista evitar acidentes; a colocação de extintor de incêndio nos prédios.

REFLITAM A RESPEITO: As pessoas cedem um pouco de sua liberdade e propriedade em troca de


segurança no exercício desses direitos.

O poder de polícia limita, restringe, mas não aniquila, não extingue um direito.

6.1) FUNDAMENTO DO PODER DE POLÍCIA: art. 23, I, da CF/88. “é competência comum dos entes
políticos zelar pela guarda da Constituição , das leis e das instituições democráticas e conservar o
patrimônio público”. Também decorre o seu fundamento do princípio da supremacia do interesse público
sobre o privado.
POLÍCIA ADMINISTRATIVA POLÍCIA JUDICIÁRIA

1 Caráter, em geral, preventivo, mas pode ser 1 Caráter, em geral, repressivo.


fiscalizador.
2 Exercida pela polícia civil e militar.
2 Exercidas pelas autoridades administrativas e
polícias. 3 Atua sobre pessoas.

3 Atua sobre bens, direitos e atividades. 4 Age sobre ilícitos penais.

4 Age sobre ilícitos administrativos.

6.2) MEIOS DE ATUAÇÃO DO PODER DE POLÍCIA: O poder de polícia atua por meio de atos concretos,
significa que tem um destinatário específico. EXEMPLO: interdição de restaurante. E também atua por
meio de atos gerais, não tendo um destinatário específico. EXEMPLO: proibição, por portaria ou
regulamento, de soltar balão em festa junina; horário para venda de bebidas alcoólicas fixado por decreto.

A manifestação do poder de polícia pode também se dar por meio de atos preventivos, autorizações e
licenças as quais a Administração tem a competência de conceder ou não. EXEMPLO: ato que proíbe a
venda de bebidas alcoólicas após certo horário. Também por atos fiscalizadores, por meio de inspeções,
vistorias e exames realizados pela Administração. EXEMPLO: fiscalização de peso e medidas. E ainda
atos repressivos, como multa, embargo, intervenção de atividade e apreensões. EXEMPLO: fechamento
de estabelecimento por falta de condições de higiene.

6.3) LIMITES: o poder de polícia deve ser exercido nos limites da lei. Algumas regrinhas devem ser
observadas de forma a não extrapolar tais limites. Necessidade significa que a AP deve valer da medida
para evitar ameaças reais ou prováveis que violem o interesse coletivo. Proporcionalidade consiste na
ponderação entre a proteção ao interesse público e a limitação do direito de liberdade e propriedade
individuais. Eficácia significa que a medida a ser utilizada deve ser a mais adequada. Limites também são
todos os direitos fundamentais da CF/88.

6.4) ATRIBUTOS: a) discricionariedade, b) coercibilidade, c) auto-executoriedade.


Discricionariedade é a regra para o poder de polícia. Exceções: polícia administrativa das construções é
vinculada. Coercibilidade as medidas podem ser impostas coativamente ao administrado. Auto-
executoriedade a execução da medida independe de prévia autorização judicial.

EXCESSOS NA APLICAÇÃO DOS ATRIBUTOS

O particular poderá se opor? Sim, recorrendo ao Poder Judiciário, conforme garante a


CF/88 (art. 5º, XXXV): “A lei não excluirá da apreciação do poder judiciário lesão ou ameaça a
direito”.

6.5) SANÇÕES DO PODER DE POLÍCIA: as sanções devem ser aplicadas observando o


devido processo legal. São tipos de sanções: o fechamento de estabelecimento, a multa, a
interdição de atividade, a demolição de construção irregular, a apreensão e destruição de
objetos. Prescreve em 5 anos a ação punitiva da AP, direta e indireta, no exercício do poder de
polícia, contados da notificação da infração.

7) ABUSO DE PODER: ocorre abuso do poder sempre que os poderes conferidos à


Administração forem utilizados com desrespeito à lei, à moral ou com finalidade diversa da
prevista em sua criação.

a) por excesso de poder: o agente atua fora dos limites de sua competência
administrativa, invadindo competências de outros agentes ou atuando fora da competência que
lhe foi delimitada legalmente. EXEMPLO: presidente da república institui imposto através de
decreto.

b) desvio de poder ou desvio de finalidade: ocorre quando o agente atua no limite de


sua competência, mas com finalidade diversa da determinada pela lei. EXEMPLO:
desapropriação de imóvel de desafeto político com o fim de prejudica-lo; remoção de ofício de
servidor para puni-lo.

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