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1.

A anulação na Nova Lei de Licitações:


Anulação: vícios insanáveis que inviabilizam a legalidade do certame.
A anulação é aplicada diante da constatação de vício que macula a legalidade do ato. Ocorre por
prá ca administra va afrontosa aos princípios e normas. Detectado a mácula, é dever do gestor a
anulação do ato.

art. 71 da Lei nº 14.133/2021, vejamos:

Art. 71. Encerradas as fases de julgamento e habilitação, e exauridos


os recursos administrativos, o processo licitatório será encaminhado à
autoridade superior, que poderá:

I – determinar o retorno dos autos para saneamento de


irregularidades;

[…]

III – proceder à anulação da licitação, de ofício ou mediante


provocação de terceiros, sempre que presente ilegalidade insanável;
[…]

Conforme estabelece o art. Supracitado, constatada ilegadidade no procedimento licitatório, a


autoridade pública deverá anulá-lo. O ato administrativo quando realizado em discordância a
preceito legal torna-se viciado, defeituoso, devendo, pois ser anulado.

o STJ fixou o entendimento de que a apreciação de eventuais ilegalidades não pode ser afastada
do Poder Judiciário, em qualquer tempo, sendo possível, inclusive, determinar-se a anulação da
licitação mesmo após o seu encerramento.

No mesmo sendo é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:


SÚMULA 473 A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os
tornam ilegais, porque dêles não se originam direitos; ou revogá-los, por mo vo de conveniência
ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a preciação
judicial.
SÚMULA 346 A Administração Pública pode declarar a nulidade dos seus próprios atos.

Assim, da leitura dos disposivos supra, tem-se que, no exercício de sua competência, a
Administração Pública poderá desfazer seu ato anterior, por reputá-lo inconsistente ou eivado de
vícios que o torne ilegal, conforme já constatado e jus ficado anteriormente.

Desta forma, apurada a ilegalidade, se impõe a Administração Pública a decretação da nulidade


do ato e a descons tuição dos efeitos gerados. Discorrendo sobre o assunto, Maria Sylvia Zanella
de Pietro declara que "a Administração tem, em regra, o dever de anular os atos ilegais, sob pena
de cair por terra o princípio da legalidade".
Declarado a nulidade, os efeitos serão considerados ex tunc, retroagindo as origens, descons
tuindo todas as consequências geradas, pois se este não era legal, não produziu consequências
jurídicas válidas.

Assim, diante de uma irregularidade ou uma anulação de certame, existem uma série de medidas
legais que o particular poderá adotar. Como, por exemplo:

pedido administrativo de nulidade;


prévia manifestação ao ato de anulação;
recurso administrativo em face de ato anulação;
representação junto ao Tribunal de Contas;
ação judicial.

Fundamentação
Diante do exame dos atos e fatos ocorridos no procedimento licitatório em comento, que resultou
no equívoco cometido pela Administração constituiu vício insanável, hipótese que leva a anulação
do edital.
Ocorrido o erro substancial, o ato produzido estará suscetível à anulação, uma vez que restarão
descumpridos princípios básicos do Direito Administrativo, tais como, isonomia, vinculação ao
instrumento convocatório, da legalidade, da segurança jurídica, entre outros.

A apossibilidade do exercício da autotutela administrativa é inclusive, objeto de orientação


normativa do Supremo Tribunal Federal que nos termos das Súmulas 346 e 473, onde autoriza a
invalidação dos atos/decisões administrativas pelo Poder Público.

Conclusão
Por todo o exposto, levando em conta o princípio da legalidade que deve nortear as relações da
Administração Pública, a anulação do edital em questão é medida que se impõe.

2. Dos fundamentos jurídicos da revisão do processo sancionatório


princípio da revisibilidade das decisões administrativas, a instauração de um processo revisivo
poderá ser deflagrado por meio de um requerimento calcado no direito de petição, o qual é
garantido constitucionalmente pelo art. 5º, inc. XXXIV, inc. “a” da Constituição Federal de 1988.
permite-se que a Administração sancionadora de ofício, instaure competente processo
administrativo objetivando a revisão da penalidade aplicada, expediente que denota obediência
do princípio da autotutela administrativa, consubstanciado na Súmula nº 473 do Supremo
Tribunal Federal.
revisão do processo sancionatório é garantida legalmente no âmbito federal por meio do disposto
no art. 65 da Lei nº 9.784/99, denominada de Lei Federal de Processo Administrativo, cujo teor
reproduze-se:

Art. 65 - Os processos administrativos de que resultem sanções poderão ser


revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando surgirem fatos novos ou
circunstâncias relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da sanção
aplicada.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento da
sanção (BRASIL, 1999)

Devendo o referido expediente ser processado como um direito de petição, circunstância que
prestigia o princípio da revisibilidade das decisões administrativas.

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