Você está na página 1de 2

Disciplina: Direito Administrativo

Professor: Celso Spitzcovsky


Aula: 03 | Data: 27/01/2020
/03/2018

ANOTAÇÃO DE AULA

SUMÁRIO

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA


6. Princípio da supremacia do interesse público sobre o particular
7. Princípio da autotutela
8. Princípio da motivação
9. Princípio da razoabilidade
10. Princípio da segurança das relações jurídicas/proteção à confiança

PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

6. Princípio da supremacia do interesse público sobre o particular (princípio implícito)

Por esse princípio, a Administração Pública está autorizada a sacrificar direitos de particulares, ainda que não
tenham cometido nenhuma irregularidade, porque o interesse público se sobrepõe ao particular. A Administração
Pública poderá fazê-lo de forma unilateral, sem a necessidade de autorização do Poder Judiciário (exemplo –
desapropriação).

7. Princípio da autotutela (princípio implícito)

Por esse princípio, a Administração Pública está autorizada a rever seus próprios atos, anulando-os por razões de
ilegalidade ou revogando-os por razões de conveniência ou oportunidade.

Anulação dos atos na hipótese de ilegalidade: os efeitos de tais atos são eliminados, pois são atos ilegais desde o
início. Há efeito ex tunc, pois a decisão que anula o ato retroage até o momento em que ele foi editado para eliminar
os efeitos até então produzidos. Se a decisão que anula elimina os efeitos, é possível falar-se em direitos adquiridos?
Não, pois os atos são ilegais desde que foram emitidos.

Revogação dos atos na hipótese de conveniência ou oportunidade: o ato até a decisão que o revogou era legítimo,
de modo que os efeitos produzidos até o momento são mantidos. Há efeito ex nunc, pois a decisão que revoga o
ato não retroage, gerando desdobramento apenas da decisão em diante.

Súmula 473, STF: é reflexo do artigo 5º, XXXV, CF. O Poder Judiciário não aprecia o mérito, mas se a Administração
não respeitar os efeitos adquiridos, será caso de ilegalidade, e o Poder Judiciário poderá intervir.

“Súmula 473, STF. A Administração pode anular seus próprios atos,


quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se
originam direitos; ou revoga-los, por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em
todos os casos, a apreciação judicial.”

MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL


CARREIRAS JURÍDICAS
Damásio Educacional
8. Princípio da motivação (princípio implícito)

Por esse princípio, a Administração Pública é obrigada, a cada ato que edita, apresentar as razões e os motivos que
deram origem a eles, sob pena do ato ser inválido. Conhecer esses motivos é base do controle de legalidade
realizado pelo Poder Judiciário. A apresentação de razões e motivos dos atos permite a verificação da observância
do princípio do interesse público.
- Teoria dos motivos determinantes: por essa teoria – a) os motivos sempre devem aparecer;
b) apresentados os motivos, eles passam a determinar a conduta do administrador. O administrador, em regra, não
poderá se afastar dos motivos que usou para edição do ato, exceto se o interesse público for preservado. Portanto,
o administrador pode se afastar dos motivos desde que seja preservado o interesse público, sob pena de
configuração do desvio de finalidade (exemplo – todos atos do concurso público devem ser motivados).

“Súmula 684, STF. É inconstitucional o veto não motivado à


participação de candidato a concurso público.”

9. Princípio da razoabilidade (princípio implícito)

Embora implícito na Constituição Federal, o princípio da razoabilidade está expresso na Lei n. 9.784/99, que
disciplina em processos administrativos no âmbito federal. Artigo 2º, parágrafo único, inciso VI proíbe o
administrador de fazer qualquer exigência ou aplicar qualquer sanção em medida superior àquela necessária para
a preservação do interesse público.

Entendimento do STF em sede de recurso extraordinário (RE 898.450): candidato não pode ser eliminado só por
tatuagem, a menos que a tatuagem seja contrária a valores e princípios que a CF preserva.

10. Princípio da segurança das relações jurídicas/proteção à confiança (princípio implícito)

Embora implícito na CF, o princípio da segurança das relações jurídicas está expresso na Lei n. 9.784/99, que
disciplina processos administrativos no âmbito federal. Artigo 2º, parágrafo único, XIII impede o administrador de
realizar interpretações de lei em caráter retroativo, atingindo situações já consolidadas ao longo do tempo. Exceção
– para beneficiar e não para prejudicar.

Artigo 5º, XXXVI, CF: é um direito fundamental, mas a previsão legal se dirige ao administrador.

“Artigo 5º, XXXVI, Constituição Federal. A lei não prejudicará o direito


adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.”

• Lei n. 13.655/18: artigos 20 ao 30 referem-se à área do Direito Administrativo que buscam privilegiar a
confiança jurídica.

Página 2 de 2

Você também pode gostar