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PROCESSO PENAL

COMPETÊNCIA
CONCEITO:
Como se sabe, jurisdição é o poder (para alguns a função ou atividade) que o
Estado tem de aplicar a lei abstrata aos casos concretos, quando solicitado (resolver a
lide, ou seja, os conflitos que acontecem na sociedade), através do Poder Judiciário. Já
a competência é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional
poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
CAPEZ: Se houvesse apenas um juiz no Brasil, seria desnecessário falar sobre competência. É a distribuição das
causas aos juízes.

Segundo Vicente Greco Filho, a competência é “o poder de fazer atuar a


jurisdição que tem um órgão jurisdicional diante de um caso concreto. Decorre esse
poder de uma delimitação prévia, constitucional e legal, estabelecida segundo critérios
de especialização da justiça, distribuição territorial e divisão de serviço. A exigência
dessa distribuição decorre da evidente impossibilidade de um juiz único decidir toda a
massa de lides existente no universo e, também, da necessidade de que as lides sejam
decididas pelo órgão jurisdicional adequado, mais apto a melhor resolvê-las.
COMPETÊNCIA MATERIAL E COMPETÊNCIA FUNCIONAL:
COMPETÊNCIA MATERIAL: é a delimitação de competência ditada por três
aspectos: a) em razão da matéria (“ratione materiae”); b) em razão da pessoa (“ratione
personae”); e c) em razão do território, levando-se em conta o lugar da infração ou da
residência ou domicílio do réu (“ratione loci”).
COMPETÊNCIA FUNCIONAL: é aquela em que a competência é fixada, de
acordo com a função que cada um dos órgãos jurisdicionais exerce no processo.

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA MATERIAL:


Tradicionalmente, a doutrina costuma distribuir a competência material
considerando quatro aspectos diferentes:
1. “RATIONE MATERIAE” (EM RAZÃO DA MATÉRIA): é a determinação da
competência em razão do direito material, ou seja, da natureza da infração penal
praticada. Exemplos: a competência da Justiça Militar para julgar crimes militares; da
Justiça Eleitoral para julgar crimes eleitorais; do Tribunal do Júri para processar e julgar
crimes dolosos contra a vida; etc.
2. “RATIONE PERSONAE” (EM RAZÃO DA PESSOA): leva em
consideração alguma característica circunstancial das pessoas envolvidas no litígio.
Exemplos: deputados federais e senadores são julgados pelo Supremo Tribunal Federal
(CF, 102, I, “b”); Governadores de Estado e Desembargadores são julgados perante o
Superior Tribunal de Justiça (CF, art. 105, I, “a”); Juízes de Direito e Promotores de
Justiça dos Estados são processados e julgados perante o respectivo Tribunal de
Justiça, salvo em relação a crimes eleitorais (CF, art. 96, III).
Trata-se de competência fixada por questões de política criminal, onde se
entende que determinadas pessoas, ao desempenhar certas funções ou ocupar certos

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cargos, devem ser julgados por órgãos diferentes daqueles que ordinariamente
julgariam os demais infratores.
Renato Brasileiro critica o termo “ratione personae”, preferindo usar o termo
“ratione funcionae” (em razão da função), uma vez que essa espécie de competência
não guarda relação com a pessoa do acusado, mas com as funções por ele exercidas.
3. “RATIONE LOCI” (EM RAZÃO DO LUGAR): neste caso, leva-se em
consideração, para a fixação da competência, o local em que os fatos ocorreram ou o
local do domicilio ou residência do réu. Importa saber em qual comarca (no âmbito da
Justiça Estadual) ou subseção Judiciária (no âmbito da Justiça Federal) será
processado e julgado o agente, uma vez que os casos trazidos ao Poder Judiciário só
poderão ser julgados por órgãos situados em locais que guardem alguma relação com
os fatos que o originaram.
A doutrina, realocou os critérios de maneira mais abstrata, ficando relacionadas à competência material os critérios
relacionados às características da lide, da relação jurídica material que constitui o objeto do processo e à
competência funcional os critérios relacionados aos atos processuais.
Existem certas expressões que são muito comumente utilizadas pela doutrina e pela jurisprudência para se referir
aos mesmos critérios de fixação de competência mencionados no Código de Processo Penal. Assim, a
competência pelo lugar da infração é chamada de “ratione loci” ou competência territorial . A competência
pela natureza da infração é conhecida como “ratione materiae” ou competência em razão da matéria. Por fim,
o foro por prerrogativa de função é denominado “ratione personae” ou competência em razão da pessoa.

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA FUNCIONAL:


Subdivide-se em:
1. POR FASE DO PROCESSO: leva se em conta a fase processual para
reconhecimento da competência, ou seja, de acordo com a fase em que o processo
estiver, um órgão jurisdicional diferente exercerá a competência. Ex.: Tribunal do Júri,
onde há um procedimento bifásico, em que, numa primeira fase, chamada de sumário
da culpa (“judicium accusationis”), o juiz é chamado de “juiz sumariante”, que poderá
pronunciar ou impronunciar o réu; absolve-lo sumariamente ou desclassificar o delito
para outro que não seja da competência do Tribunal do Júri; já numa segunda fase, que
é o juízo da causa (“judicium causae”), temos a participação do juiz presidente e mais
vinte e cinco jurados (sete deles irão compor o Conselho de Sentença), onde estes é
que julgarão o caso, podendo haver a condenação ou absolvição do réu, ou então a
desclassificação do delito, nos moldes acima citados.
2.2. POR OBJETO DO JUÍZO: é aquela em que cada órgão jurisdicional
exerce a competência sobre determinadas questões a serem decididas no processo.
Ex.: também o Tribunal do Júri, onde os jurados, no conselho de sentença, decidem
sobre autoria e materialidade e o juiz presidente, em regra, é responsável pelas
questões de direito.
2.3. POR GRAU DE JURISDIÇÃO: é aquela que divide a competência entre
órgãos jurisdicionais inferiores (juízo “ad quo”) e superiores (juízo “ad quem”).
Alguns autores classificam a competência funcional ainda em COMPETÊNCIA FUNCIONAL HORIZONTAL: os
órgãos jurisdicionais estão no mesmo plano hierárquico (exemplo: Tribunal do Júri); e COMPETÊNCIA FUNCIONAL
VERTICAL: os órgãos jurisdicionais estão em planos hierárquicos distintos (Exemplo: julgamento de apelação e
recursos em geral...).
Em suma:
Por fase: horizontal;
Por objeto: horizontal; e
Por grau: vertical.

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COMPETÊNCIA ABSOLUTA E COMPETÊNCIA RELATIVA


A competência pode ser absoluta ou relativa.
COMPETÊNCIA ABSOLUTA: é aquela que não admite prorrogação de
competência, ou seja, não torna competente o juízo originalmente incompetente, se não
alegada pelas partes. As competências “ratione materiae” e “ratione personae” bem
como a funcional são casos de competência absoluta, pois são de interesse público.
A competência absoluta gera nulidade absoluta e pode ser alegada e
reconhecida a qualquer momento. Ex.: crime militar julgado pela Justiça Comum ou
Governador do Estado julgado por Tribunal de Justiça do próprio Estado onde exerce as
funções, e não pelo Superior Tribunal de Justiça.
COMPETÊNCIA RELATIVA: ao contrário da absoluta, é aquela que admite a
prorrogação. Nesse caso, dá-se a prorrogação da competência, tornando competente o
juízo originalmente incompetente, caso não seja alegada pelas partes até o momento
oportuno da ação (fase da resposta escrita). A competência “ratione loci” é relativa.
Exemplo: um roubo ocorrido em Londrina que, por algum motivo, tem o
inquérito policial instaurado em Maringá, com posterior denúncia do Ministério Público,
recebida pelo juiz. Em não havendo a alegação respectiva (exceção de incompetência)
na resposta escrita, tal competência será prorrogada e não poderá ser reconhecida
posteriormente, inclusive em grau de recurso.
Não obstante, Aury Lopes Jr. destaca que, apesar da predominância do
entendimento doutrinário de que a competência em razão do local do crime é relativa,
ante a eficácia do princípio do juiz natural, não se pode permitir que se relativize tal
critério de fixação de competência.
COMPETÊNCIA NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL:
A Constituição Federal de 1988 descreve a jurisdição (“ratione materiae”) em
três partes: a primeira é a chamada jurisdição especial, que são aquelas que tratam
de delitos de ordem trabalhista, eleitoral, militar e política (crimes de responsabilidade
praticados por certas autoridades, cujo julgamento se dá pelo Poder Legislativo); e a
segunda, chamada jurisdição comum, que é composta dos Tribunais e Juízes dos
Estados, Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais.
Existe ainda a competência dos juizados especiais ou juizados de pequenas
causas, de natureza federal e estadual.
JUSTIÇA ESPECIALIZADA E TRIBUNAIS DE EXCEÇÃO: A proibição da existência de tribunais de exceção não
abrange a justiça especializada, na medida em que esta representa divisão de atividade jurisdicional do Estado
(Celso Bastos e Ives Gandra, “in”, Comentários à Constituição do Brasil, Saraiva).
OBSERVAÇÃO: É dito que os órgãos jurisdicionais de competência militar, eleitoral, trabalhista, e ainda o senado
federal (que não é integrante do Poder Judiciário, mas é utilizado para fiscalizar, processar e julgar crimes
específicos, como o do Presidente da República, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, dos membros do
Conselho Nacional de Justiça, dos membros do Conselho Nacional do Ministério Público, dos Ministros de Estado,
do Procurador Geral da República, dos Comandantes das Três Armas e do Advogado-Geral da União) fazem parte
de órgãos jurisdicionais especiais ou Justiças Especiais, enquanto a Justiça Estadual e do Distrito Federal e
Territórios são denominados a exceção destes órgãos especiais.

PRORROGAÇÃO DE COMPETÊNCIA NECESSÁRIA E VOLUNTÁRIA:


Como visto, prorrogação de competência ocorre quando o juiz, que não é
competente para o julgamento de determinado delito, passa a sê-lo. Pode se dar de
duas maneiras.

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1. NECESSÁRIA: decorre de lei. Ex.: juiz que, analisando um processo de


homicídio doloso, no momento da sentença de pronúncia, desclassifica o crime de
homicídio para o crime de lesões corporais, considerando que não houve “animus
necandi” por parte do réu. Neste caso, a competência para julgar aquele delito, que
antes era do juízo do Tribunal do Júri, agora é do juízo Comum (art. 74, § 3°, do CPP)
0bs.: atualmente é o art. 419, do CPP, que trata da situação posta. Se for do próprio Tribunal do Júri a
desclassificação: Art. 492, § 2°, Em caso de desclassificação, o crime conexo que não seja doloso contra a vida
será julgado pelo juiz presidente do Tribunal do Júri, aplicando-se, no que couber, o disposto no § 1o deste artigo.   

2. VOLUNTÁRIA: embora deva estar prevista em lei, essa forma de


prorrogação de competência decorre da manifestação da vontade das partes. Ex.: no
caso de ação penal exclusivamente privada, onde o querelante pode optar pelo foro do
domicílio do réu, em vez do foro do local da infração (art. 73, do CPP) ou nos casos de
competência territorial, quando não alegada no momento processual oportuno (art. 108,
do CPP).
DELEGAÇÃO DE COMPETÊNCIA:
É a transferência da competência de um juízo para outro, sempre que os atos
processuais não puderem ser realizados no foro original. Não há alteração de
competência.
Existem casos dentro do andamento processual em que é necessário o auxílio de juízos de outras comarcas, seja
para citação, intimação ou para ouvir testemunhas em outras comarcas, assim como também pode acontecer de um
juiz delegar a outro juiz o poder de atuar dentro daquele processo, sem a alteração da competência.

A delegação de competência pode ser


1. DELEGAÇÃO EXTERNA: quando determinados atos são praticados em
juízos diferentes, como no caso das cartas precatórias, rogatórias e de ordem;
2. DELEGAÇÃO INTERNA: quando a delegação ocorre dentro de um
mesmo juízo, como no caso de juízes substitutos, que atendem os processos do titular
quando houver necessidade (férias, licença, etc.).
DESAFORAMENTO: é o deslocamento do julgamento pelo Tribunal do Júri para outra comarca, se presente uma
das situações previstas nos arts. 427 e 428, do CPP, com as modificações operadas pela Lei 11.689/08.
PROCESSO DE COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA: nestes casos, o relator poderá delegar a realização do
interrogatório ou de outro ato da instrução, nos termos do art. 9°, § 1°, da Lei 8.038/90, mas não poderá delegar a
competência para atos decisórios (Capez, pág. 274).

CRITÉRIOS DE FIXAÇÃO DE COMPETÊNCIA NO CPP:


Segundo o art. 69, do CPP, são critérios para fixação de competência o lugar
da infração (inc. I); o domicílio ou residência do réu (inc. II); a natureza da infração (inc.
III); a distribuição (inc. IV); a conexão ou a continência (inc. V); a prevenção (inc. VI); e a
prerrogativa de função (inc. VII).
CRITÉRIOS PARA CONHECIMENTO DO JUIZ COMPETENTE:
Ensina a Doutrina que, para se detectar o juiz competente para uma causa,
devem ser percorridos os seguintes caminhos:
Grinover, Scarance e Magalhães: As nulidades no processo penal).

1. Buscar a jurisdição competente, se justiça comum ou justiça especial;


2. Buscar qual o órgão jurisdicional hierarquicamente competente, ou seja,
verificar se o acusado tem foro especial por prerrogativa de função;

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3. Buscar o foro territorialmente competente: competência “ratione loci” (lugar


da infração ou domicílio do réu);
As competências pelo lugar da infração e pelo domicílio (ou residência) do acusado têm a finalidade de estabelecer
o foro (a comarca) onde se dará o julgamento.

4. Buscar o juízo competente: “competência de juízo” (qual a vara


competente, comum ou do Júri, por exemplo);
Uma vez fixada a comarca, é o critério da natureza da infração que apontará a Justiça competente (Eleitoral, Militar
ou Comum). Dentro da mesma Justiça, a natureza da infração pode ainda levar o julgamento a varas
especializadas, como, por exemplo, ao Júri, ao Juizado Especial Criminal para as infrações de menor potencial
ofensivo, ou ao Juizado de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher.

5. Qual o juiz competente (competência interna);


Por fim, fixados o foro e a Justiça, será possível que coexistam vários juízes igualmente competentes.  Assim, caso
algum deles tenha se adiantado aos demais na prática de algum ato relevante, ainda que antes do início da ação,
estará ele prevento e será o competente. Se, entretanto, não houver nenhum juiz prevento, deverá ser feita
a distribuição, uma espécie de sorteio, para que os autos sejam direcionados a um  juiz determinado (aquele a quem
foi feita a distribuição). 

6. Qual o órgão competente para julgar eventual recurso.


EXEMPLO (LENZA): Dessa forma, suponha-se um crime de furto cometido contra caixa eletrônico dentro de uma
agência da Caixa Econômica Federal na cidade de São  Paulo. Por ter o crime se consumado em São Paulo, esta
será a comarca onde se dará o julgamento. O critério do domicílio do réu não será utilizado pois tem  aplicação
subsidiária, só sendo levado em conta quando totalmente desconhecido o local onde ocorreu o delito. Considerando,
por sua vez, que o crime foi praticado em prejuízo de empresa pública controlada pela União (Caixa Econômica
Federal), a competência é da Justiça Federal da cidade de São Paulo (art. 109, IV, da CF). Por fim, como existem
inúmeras varas federais criminais em São Paulo, cada qual com juiz competente para conhecer e julgar o crime em
tela, deverá ser analisado se há algum deles prevento. Se houver, será o competente, caso contrário será feita a
distribuição. 

DA COMPETÊNCIA PELO LUGAR DA INFRAÇÃO:


A competência territorial (art. 69, I, do CPP) em regra é determinada pelo
local da consumação do delito e no caso da tentativa será determinada pelo local do
último ato de execução (art. 70, do CPP1).
Nos casos em que a prática criminosa se iniciar no Brasil com o intuito de ser
finalizada em território estrangeiro a competência se fixará no local em que se der o
último ato de execução em solo nacional.
A doutrina trás, como fundamentos dessa espécie de competência, duas
ideias: a primeira, de caráter educativo, é no sentido de que o crime deverá ser apurado
na sociedade atingida, ou seja, onde ocorreu o crime, ante sua repercussão,
demonstrando que o Estado está agindo e mantendo a ordem; a segunda, de caráter
instrumental, funda-se na ideia de que a apuração dos fatos, no local onde ocorreu a
infração penal, propiciará maiores possibilidades para facilitar a sua elucidação
(evidências, provas, etc).
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Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução.
§ 1°. Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução.
§ 2°. Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz do
lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado.
§ 3°. Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a jurisdição por
ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a competência firmar-
se-á pela prevenção.
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção.
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A doutrina em sua maioria trata a competência territorial, como relativa e prorrogável (com precedentes do STF:
RHC 1009/DF, 1ª T. Rel. Ricardo Lewandowski, j. 27.4.2010, Dje 14.5.2010). Deve, portanto, ser arguida em tempo
hábil, caso contrário resultará em prorrogação da competência.
COMPETÊNCIA RELATIVA:
PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO PELO JUIZ: Sim. CPP Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz
reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo se na forma do artigo anterior.
NORBERTO AVENA diz que NÃO pode ser declarada de ofício.
PROCESSO CIVIL: STJ: Súmula 33. – NÃO se aplica ao processo penal. (A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO
PODE SER DECLARADA DE OFICIO). Não confundir com processo civil!
Exceção de incompetência relativa. Deve ser arguida por meio de petição específica no primeiro momento (seguindo
a tese de que não pode ser declarada de ofício...).
Até quando pode ser reconhecida?
Antes da lei 11.719, a incompetência relativa podia ser declarada de ofício, até o momento da sentença. Com a
adoção do PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (art. 399, §2º), essa incompetência relativa, só pode ser
declarada até o início da instrução processual. Porque se o juiz fizer a audiência, fizer a instrução, ele não poderá
enviar para o outro, por conta do supracitado princípio, visto que o juiz que faz a instrução deve ser o mesmo que
profere a sentença.
CRIME PLURILOCAL E O HOMICÍDIO DOLOSO: plurilocal é o crime que envolve duas ou mais comarcas. Tiros
são desferidos em Campinas, mas a vítima morre em hospital de São Paulo. Pela regra do art. 70, seria São Paulo a
consumação e a competência.
No entanto, para a jurisprudência, nesse caso não aplica a regra do art. 70 (teoria do resultado), prevalecendo que o
foro competente será o do local da conduta (teoria da atividade), por dois motivos:
• Questões probatórias: no Tribunal do Júri a prova se concentra na audiência de julgamento, portanto não
conseguiria ouvir as testemunhas de outra comarca no dia do julgamento.
• Questões de política criminal: o julgamento deve ser feito onde foi feita a conduta, que é onde o crime teve
repercussão.

DA COMPETÊNCIA PELO DOMICÍLIO OU RESIDÊNCIA DO RÉU:


Os conceitos de domicílio e residência do réu, aqui (artigos 72 e 73 e no
inciso II do art. 69, todos do CPP), são comparados aos conceitos de direito civil
(arts. 70 a 73 Código Civil), sendo considerado domicílio, portanto, o local onde o
indivíduo estabelece sua residência com animo definitivo, lugar onde exerce profissão e
na ausência dessas, o lugar onde for encontrado e residência, por não necessitar de
ânimo definitivo, será simplesmente o local da habitação ou morada.
O “forum domicilli” fixará a competência em duas hipóteses: a primeira, que é
aplicável a todos os tipos de ação, ocorrerá quando não for possível determinar o local
onde se deu a infração (art. 72, do CPP2).
Frise-se que em casos tais não se enquadra a situação apresentada no art.  70, § 3º ou art. 71 do CPP, onde há
pluralidade de opções para determinação do local, a possibilidade abrangida pelo art. 72 trata de uma
impossibilidade de apuração do local.

Já a segunda hipótese (art. 73, CPP3), aplica-se apenas aos casos de


exclusiva ação privada, quando o ofendido, mesmo que se conheça o local da infração,
poderá optar pelo foro de domicílio ou residência do réu. Tal medida visa proporcionar
maior facilidade ao querelante, máxime em se tratando de uma competência relativa.
DA COMPETÊNCIA PELA NATUREZA DA INFRAÇÃO:

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Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.
§ 1°. Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2°. Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que
primeiro tomar conhecimento do fato.
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Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
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A competência quanto a natureza da infração (art. 74, do CPP 4) será arguida


quando já se houver estabelecido a competência quanto aos critérios de local e matéria
(Justiça Comum ou Especial, Justiça Estadual ou Federal) e somente terá cabimento
caso haja mais de um juiz, desprovidos de competência plena (onde haveria apenas a
distribuição). Mirabete diz que tal competência não configura um critério para fixação de
juízo e sim de juiz, cabendo à Lei de Organização Judiciária sua regulamentação.
O art. 74, § 1°, do CPP, determina a competência privativa do Tribunal do Júri
para os crimes dolosos contra a vida, consumados ou tentados, sendo que o § 3° do
artigo referido dita duas possibilidades de desclassificação da infração. A primeira, é a
desclassificação seria feita pelo juiz da pronúncia, que remete então os autos ao juiz
singular; a segunda, trata-se da desclassificação feita pelos jurados no momento da
votação dos quesitos, quando caberá ao juiz presidente proferir a sentença respectiva.
Em ambos os casos, porém, o juiz deverá remeter os autos ao que se apresentar
competente, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá
sua competência prorrogada (art. 74, § 3°, do CPP).
DA COMPETÊNCIA POR DISTRIBUIÇÃO:
Prevista no art. 75 do CPP5, ocorre quando há mais de um juiz com idêntica
competência no mesmo juízo. Haverá, então, um sorteio e o feito será distribuído para
um dos juízes competentes, de forma equitativa.
OBJETIVO: visa equiparar as quantidades de ações tramitando nas varas e evitar que o juiz seja “escolhido” pelas
partes, por se conhecer suas tendências doutrinárias, por exemplo.

O parágrafo único do citado art. 75, trata dos casos de prevenção do juiz que
já atuou no feito antes do recebimento da denúncia ou queixa, como no caso de um juiz
que decretar uma prisão preventiva ou determina uma prova cautelar ainda na fase do
inquérito policial.
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Para a doutrina, trata-se de critérios modificadores da competência e não de
determinação da competência, como utilizado pelo legislador.
É aplicada a conexão em casos que por estarem intrinsecamente interligadas as infrações, desencadeia-se a
necessidade de reunirem-se sob a competência de um único juiz, visando, conforme colocado por Mougenot (2012),
a economia processual e a efetividade jurisdicional.

DA CONEXÃO:

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Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária,
salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º. Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122,
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
§ 2°. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de
outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal
caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3°. Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular,
observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a
seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2°). OBS: atualmente é o art. 419 e não mais o 410.
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Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária,
houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
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1. CONEXÃO INTERSUBJETIVA: prevista no art. 76, I, do CPP6, envolve


vários crimes (pluralidades de condutas) e várias pessoas (pluralidade de pessoas). Há
circunstâncias que interligam os sujeitos envolvidos.
CONTINÊNCIA: Esse critério diferencia da continência.

A conexão intersubjetiva subdivide-se em três:


1.1. POR SIMULTANEIDADE: quando a reunião dos sujeitos foi ocasional,
ou seja, duas ou mais infrações foram cometidas por várias pessoas ao mesmo tempo,
quando ocasionalmente reunidas. Não há liame subjetivo entre os agentes (não há
concurso). Ex.: saque de mercado.
OBS: Bittencourt diz que há concurso nesses casos de saques, linchamentos etc.

1.2. POR CONCURSO DE PESSOAS: quando duas ou mais infrações são


cometidas por várias pessoas em concurso, em tempo e local diversos. Ex.: roubo de
cargas por quadrilha especializada; e
1.3. POR RECIPROCIDADE: quando duas ou mais infrações são cometidas
por várias pessoas, umas contra as outras. Ex.: briga de torcedores fora do estádio.
2. CONEXÃO OBJETIVA (LÓGICA OU MATERIAL): prevista no art. 76, II,
do CPP7, o corre quando uma infração é cometida para facilitar, ocultar, assegurar a
impunidade ou vantagem em relação outra infração.
Pode ser:
2.1. TELEOLÓGICA: quando uma infração é cometida para facilitar a prática
de outra(s). Ex.: um dos assaltantes mata o outro para ficar com todo o dinheiro do
roubo.
2.2. CONSEQUENCIAL: quando uma infração é cometida a fim de assegurar
a ocultação, impunidade ou vantagem em relação às outras. Ex.: matar alguém para
ocultar a prática de um crime de estupro.
CONEXÃO OCASIONAL: A doutrina se refere ainda a um outro tipo de conexão a ocasional, que se verifica
quando, por ocasião de um crime, realiza-se outro, como no exemplo em que o autor de um homicídio percebendo
que a vítima carrega valioso brilhante, dele se apodera. Ou, noutro exemplo, o agente está furtando e resolve matar
a vítima por vingança. Há concurso material de crimes.
CONEXÃO TELEOLÓGICA: quando o homicídio é cometido a fim de assegurar a execução de outro delito;
CONEXÃO CONSEQUENCIAL: quando o homicídio é cometido a fim de assegurar a ocultação, impunidade ou
vantagem em relação a outro delito.
TELEOLOGICA: relaciona um fato com sua causa final (diz-se de argumento, explicação ou conhecimento). A
teleologia (do grego τέλος, finalidade, e -logía, estudo) é o estudo filosófico dos fins, isto é, do propósito, objetivo ou
finalidade. É o estudo dos fins.
ASSEGURAR PRÁTICA DE CONTRAVENÇÃO - não se aplica tal dispositivo - podendo haver motivo TORPE ou
FUTIL, conforme o caso.
NÃO HÁ necessidade que o sujeito REALMENTE ASSEGURE a execução de outro crime. Vale a intenção; -O outro
crime pode ser praticado por intermédio de TERCEIRO;
CRIME IMPOSSÍVEL - matar a testemunha DEPOIS DE APUNHALAR um MORTO - SUBSISTE. Existem
divergências.

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Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações,
houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão: II. se, no mesmo caso, houverem sido umas
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas.
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CRIME PUTATIVO - Não, por o outro fato a ser praticado pelo sujeito é atípico - Ex. pensa que matou cometeu um
crime, mas não cometeu. Pode haver o motivo TORPE.
Inexiste conexão entre contrabando e porte de arma de fogo (informativo 507); e Inexiste conexão entre tráfico
de drogas e moeda falsa (informativo 495)

3. CONEXÃO INSTRUMENTAL (PROBATÓRIA OU PROCESSUAL):


prevista no art. 76, III, do CPP8, ocorre quando a prova de um crime influencia na prova
de outro. Ex.: o crime de receptação em relação ao crime anterior.
OUTRO EXEMPLO: o crime de lavagem de capitais em relação ao crime antecedente.

DA CONTINÊNCIA:
Ocorre quando uma infração está contida em outra. Há só uma conduta
gerando um ou vários resultados.
Está regulada pelos artigos 76 a 82, do Código de Processo Penal.
O conceito de continência para o processo penal está intimamente ligado ao significado do verbo “conter” em seu
sentido leigo, qual seja: ter em si, ter a capacidade de abrigar.

Pode ser:
1. CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO SUBJETIVA: prevista no art. 77,
inciso I, do CPP9, ocorre quando várias pessoas são acusadas pela mesma infração
penal (um crime apenas). Ex.: linchamento (crime de homicídio praticado em coautoria);
e
2. CONTINÊNCIA POR SUMULAÇÃO OBJETIVA: prevista no art. 77, inciso
10
II, do CPP , ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (art. 70 CP), “aberratio
ictus” (art. 73, CP) e “aberratio criminis” (art. 74 CP). Ex.: o agente pretende atingir o
automóvel de seu vizinho, mas, ao lançar uma pedra em direção ao carro, atinge
terceiro que trafegava pela rua.
CONCURSO FORMAL: Com uma conduta o agente pratica mais de um crime.
“ABERRATIO ICTUS” (ERRO NA EXECUÇÃO): ocorre a continência por erro na execução. O agente mira na
pessoa desejada e mata outra, além da desejada. Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.
“ABERRATIO CRIMINIS OU “ABERRATIO DELICTI ou RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO”: ocorre
quando o agente atinge bem jurídico diverso do pretendido, além do pretendido. Pode ser entendida como uma
espécie de erro causada pelo desvio de um delito, ou resultado diverso do pretendido.
Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.
Em síntese, a principal diferença entre a aberratio ictus e aberratio delicti, está na diferença de bem jurídico
atingido. Na aberratio ictus, embora exista um erro nos meios de execução, que alcança vítima distinta, um
mesmo bem jurídico é atingido. Conforme o exemplo mencionado, o agente queria atingir, e, de fato, atinge o bem
jurídico vida, mas em pessoa diversa. Já na aberratio delicti, o erro na execução produz um resultado diverso
atingindo bens jurídicos diferentes. Tendo por base o exemplo referido, o agente queria atingir o bem jurídico
patrimônio, mas acaba atingindo a integridade física.
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS: Nas situações em que as ações tratarem de infrações ocorridas em tempo e lugar
diferentes, houver um excessivo número de acusados ou por outra razão que o juiz considere relevante será
possível a separação dos processos.

8
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: III - quando a prova de uma infração ou de
qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
9
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem
acusadas pela mesma infração.
10
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: II - no caso de infração cometida
nas condições previstas nos arts. 51, § 1°, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
9
PROCESSO PENAL

PRORROGAÇÃO DA COMPETÊNCIA – OUTROS PROCESSOS: Prorrogada a competência por conexão ou


continência, mesmo que seja proferida sentença absolutória ou desclassificada a infração para outra o juiz ou
tribunal permanecem competentes em relação ao restante do processo.

TRIBUNAL DO JÚRI: no tribunal do júri, caso o juiz da pronúncia


desclassificar a infração, impronunciar ou absolver o acusado de maneira a excluir a
competência do júri, os autos deverão ser remetidos a quem competente for; caso a
absolvição decorra de decisão do conselho de sentença, o mesmo deverá apreciar os
crimes conexos ou continentes, entretanto, se o referido conselho desclassificar o crime
de maneira que esse saia da esfera de sua competência caberá ao juiz presidente do
júri proferir sentença (nos crimes afetos aos Juizados Especiais Criminais existe
divergência a respeito).
PROCESSO CIVIL: No processo civil não há essas regras, sempre é pela prevenção. O art. 87 do Código
de Processo Civil (CPC) têm a seguinte redação: "Art. 87. Determina-se a competência no momento em que a
ação é proposta. São irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente,
salvo quando suprimirem o órgão judiciário ou alterarem a competência em razão da matéria ou da
hierarquia."

PROCESSO JÁ JULGADO: Se já houve decisão de primeira instância em


um dos processos, não é possível a reunião dos feitos.
Súmula 235, do STJ: A conexão não determina a reunião dos processos,
se um deles já foi julgado.
REGRAS DE ESTABELECIMENTO DA FORÇA ATRATIVA: No processo civil não há essas regras, sempre é pela
prevenção. No processo penal, segue conforme art. 78 e 79 CPP:
1) Primeira regra: Prevalece a competência do TRIBUNAL DO JÚRI ou ÓRGÃO DE MAIOR GRAU, salvo em
relação a atos infracionais, crimes eleitorais e crimes militares (art. 79), nos quais inexiste a reunião de causas.
2) Segunda regra: Em não existindo um órgão jurisdicional de grau superior (Tribunal do júri ou competência por
prerrogativa de função), as causas devem ser reunidas conforme a observância das seguintes regras: 2.1)
Conforme prevê a Súmula 122 do STJ, prevalece a competência da JUSTIÇA FEDERAL, atraindo o crime conexo
da justiça estadual.
2.2) Se forem competentes à mesma Justiça prevalece a comarca em que foi praticado o DELITO MAIS GRAVE.
Exemplo: Roubo em SP, receptação em Santos. Compete à SP, pois foi mais grave.
3.1) Se forem crimes de igual gravidade, prevalece o local em que foi praticado o MAIOR NÚMERO DE
INFRAÇÕES.
3.2) Se nenhum dos critérios anteriores for suficiente, firma-se a competência pela PREVENÇÃO.
STJ Súmula 122 Compete a justiça federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos de competência
federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, II, “a”, do Código de Processo Penal.
3) Terceira regra: Qual o delito mais grave? Primeiro analisa-se a NATUREZA DA PENA (reclusão é mais grave
que detenção); sendo de mesma natureza, considera-se mais grave a que tenha MAIOR PENA MÁXIMA cominada;
o derradeiro critério é aferição da MAIOR PENA MÍNIMA COMINADA. A partir daqui:
3.1. Se forem crimes de igual gravidade, prevalece o local em que foi praticado o MAIOR NÚMERO DE
INFRAÇÕES.
3.2. Se nenhum dos critérios anteriores for suficiente, firma-se a competência pela PREVENÇÃO.
CONEXÃO NO CPP:
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras:          
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do
júri;
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:  
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave;
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas penas forem de
igual gravidade;  
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;   
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior graduação;              
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta.                 
Art. 79.  A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;

10
PROCESSO PENAL

II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.


§ 1°  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum co-réu, sobrevier o caso previsto
no art. 152.
§ 2°  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu foragido que não possa ser julgado à
revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80.  Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em circunstâncias
de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão
provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81.  Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que no processo da sua competência
própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não
se inclua na sua competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único.   Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou continência, o juiz, se vier a
desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o acusado, de maneira que exclua a competência do júri,
remeterá o processo ao juízo competente.
Art. 82.  Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de
jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com
sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.

COMPETÊNCIA POR PREVENÇÃO


Prevista no artigo 83, do CPP11, trata-se de competência residual, ou seja, se
apresenta como uma possibilidade dentro dos critérios competência territorial
(domicílio/residência do réu) e conexão ou continência. Ocorre em casos onde há mais
de um juiz igualmente competente.
“Prevenire” significa “chegar antes”. Assim, neste caso, torna-se prevento o
juízo que preceder aos demais em alguma pratica processual ou de medidas ao
processo relacionadas.
MOUGENOT, coloca que por “igualmente competente” compreende-se os juízes com a mesma competência ratione
materiae e ratione loci. Tal competência é relativa.

DA COMPETÊNCIA POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO


Vulgarmente conhecida e chamada de “foro privilegiado” tal critério de
competência está previsto no art. 84, do CPP12,
É na verdade mais uma proteção ao sistema do que um privilégio daquele que está sendo julgado. Proteção ao
sistema porque se aplica a casos em que a posição daquele que está sendo julgado poderia coibir a efetiva
aplicação da lei e o alcance da justiça, o exercício da jurisdição estaria então sendo prejudicado.

FUNÇÃO ESPÉCIE DA INFRAÇÃO


PRESIDENTE DA Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, b)
REPÚBLICA Crime de responsabilidade - Senado Federal (CF, artigo 52, I)
Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, b)
VICE-PRESIDENTE
Crime de responsabilidade - Senado Federal (CF, artigo 52, I)
DEPUTADOS Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, b)
FEDERAIS E Crime de responsabilidade - Casa correspondente (CF, artigo 55,
SENADORES §2º)
MINISTRO DO STF Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, b)
11
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de
algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da denúncia ou
da queixa (arts. 70, § 3o, 71, 72, § 2o, e 78, II, c).
12
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.
11
PROCESSO PENAL

Crime de responsabilidade - Senado Federal (CF, artigo 52, II)


Crime comum - Depende do cargo de origem
MEMBROS DO CNMP
Crime de responsabilidade - Senado Federal (CF, artigo 52, II)
MINISTROS DE Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, c)
ESTADO, Crime de responsabilidade - STF (CF, artigo 102, I, c)
COMANDANTES DAS Crime de responsabilidade conexo com o Presidente da
FORÇAS ARMADAS República - Senado Federal (CF, artigo 52, I)
ADVOGADO-GERAL Crime comum - STF (CF, artigo 102, I, b)
UNIÃO Crime de responsabilidade - Senado Federal (CF, artigo 52, II)
MEMBROS DOS Crime comum/crime de responsabilidade - STF (CF, artigo 102, I,
TRIBUNAIS c)
SUPERIORES (STJ,
TSE, STM, TST), E TCU
Crime comum - STJ (CF, artigo 105, I, a)
GOVERNADOR DE
Crime de responsabilidade - Tribunal Especial (Lei 1079/50,
ESTADO
artigo 78)
VICE-GOVERNADOR Crime comum/crime de responsabilidade - Depende da
ESTADO Constituição Estadual (em regra, TJ)
DESEMBARGADORES, Crime comum/crime de responsabilidade - STJ (CF, artigo 105, I,
DESEMBARGADORES a)
FEDERAIS, MEMBROS
DO TCE, MEMBROS
DO MPU QUE
OFICIAM PERANTE
OS TRIBUNAIS
Crime Comum - Depende da Constituição Estadual (em regra, TJ)
DEPUTADOS Crime de responsabilidade - Assembleia Legislativa do Estado
ESTADUAIS Crime Federal - Tribunal Regional Federal
Crime Eleitoral - Tribunal Regional Federal
JUÍZES Crime comum/crime de responsabilidade - TRF (CF, artigo 108, I, a)
FEDERAIS Crime eleitoral - TRE
MEMBROS DO Crime comum/Crime de responsabilidade - TRF (artigo 108, I, a)
MPU QUE Crime eleitoral - TRE
ATUAM NA 1ª
INSTÂNCIA
Crime comum/Crime de responsabilidade - TJ (CF, artigo 96, III)
JUÍZES
Crime eleitoral – TRE
ESTADUAIS
Crime Comum - TJ (CF, artigo 96, III)
Crime de responsabilidade - Poder Legislativo Estadual (CF, artigo 128,
PROCURADOR-
§4º)
GERAL DE
Crime de responsabilidade conexo com Governador de Estado -
JUSTIÇA
Tribunal Especial
Crime Eleitoral - TRE
MEMBROS DO Crime comum/crime de responsabilidade - TJ (CF, artigo 96, III)
MPE Crime eleitoral - TRE
PREFEITOS Crime Comum - TJ (CF, artigo 29, X)
Crime de responsabilidade - Câmara de Vereadores (CF, artigo 31)
Crime Federal– TRF
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PROCESSO PENAL

Crime Eleitoral - TRE

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PROCESSO PENAL

ANOTAÇÕES SOBRE O TEMA_______________________________________

 DISTRIBUIÇÃO CONFORME A FASE DO PROCESSO: é o que ocorre, por exemplo, no Tribunal do


Júri, em que a instrução é conduzida por um órgão e o julgamento por outro.
 DISTRIBUIÇÃO QUANTO AO OBJETO DO JUÍZO: ocorre quando os órgão julgadores apenas podem
atuar no processo em relação a uma parcela específica do seu objeto.
 DISTRIBUIÇÃO VERTICAL: podem atuar no processo órgãos julgadores alocados em diferentes
instâncias, no recurso de apelação, por exemplo.

COMPETÊNCIA ABSOLUTA X COMPETÊNCIA RELATIVA


COMPETÊNCIA RELATIVA COMPETÊNCIA
ABSOLUTA
Interesse público Interesse das partes
Improrrogável, imodificável Prorrogável, derrogável
Inobservância de regra de competência absoluta: Inobservância de regra de competência relativa:
-Produz nulidade absoluta. -Nulidade relativa.
-Ada: decisão inexistente (minoritária)
Pode ser arguida a qualquer momento. Não está Deve ser arguida oportunamente, sob pena de
sujeita a preclusão. preclusão.
Em se tratando de sentença condenatória ou
absolutória imprópria, uma nulidade absoluta pode
ser arguida mesmo após o trânsito em julgado, seja
por meio de HC seja por meio de Revisão Criminal
(pro reo).
O prejuízo é presumido. Prejuízo deve ser comprovado
Pode ser declarada de ofício. (Não confundir com
processo civil!)
Pode ser declarada de ofício. *Norberto Avena diz que NÃO pode ser declarada
de ofício.
Exceção de incompetência absoluta. Tem forma CPP Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz
livre – mesmo que não seja arguida por meio de reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-
exceção poderá ser apreciada pelo juiz. á nos autos, haja ou não alegação da parte,
Até quando pode ser reconhecida? prosseguindo se na forma do artigo anterior .
O juiz pode reconhecer enquanto exercer jurisdição -STJ: Súmula 33. – NÃO se aplica ao processo
no processo. penal. (A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO
PODE SER DECLARADA DE OFICIO)
Exceção de incompetência relativa. Deve ser
arguida por meio de petição específica no primeiro
momento (seguindo a tese de que não pode ser
declarada de ofício...).
Até quando pode ser reconhecida?
Antes da lei 11.719, a incompetência relativa podia
ser declarada de ofício, até o momento da
sentença. Com a adoção do PRINCÍPIO DA
IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (art. 399, §2º), essa
incompetência relativa, só pode ser declarada até o
início da instrução processual. Porque se o juiz fizer
a audiência, fizer a instrução, ele não poderá enviar
para o outro, por conta do supracitado princípio,
visto que o juiz que faz a instrução deve ser o
mesmo que profere a sentença.

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PROCESSO PENAL

Reconhecimento pelo juízo ad quem


‘Non reformatio in pejus’ - art. 617 - nem mesmo em caso de erro material.
Art. 617. O tribunal, câmara ou turma atenderá nas suas decisões ao disposto nos arts. 383, 386 e 387, no que for
aplicável, não podendo, porém, ser agravada a pena, quando somente o réu houver apelado da sentença .
Diante deste princípio, ao juízo ad quem não é permitido reconhecer de ofício incompetência absoluta
nem relativa por recurso exclusivo da defesa.
Salvo nas hipóteses de recurso de ofício ou quando a acusação devolver ao tribunal o conhecimento
daquela matéria.
Súmula 160 do STF - É NULA A DECISÃO DO TRIBUNAL QUE ACOLHE, CONTRA O RÉU, NULIDADE NÃO
ARGUIDA NO RECURSO DA ACUSAÇÃO, RESSALVADOS OS CASOS DE RECURSO DE OFÍCIO .
Se a incompetência for reconhecida pelo tribunal em recurso exclusivo da defesa, o juízo para o qual o
processo for remetido não poderá agravar a situação do acusado, aplicando-lhe pena mais grave (non
reformatio in pejus INDIRETA).
Consequências do reconhecimento da Consequências do reconhecimento da
incompetência. incompetência.
Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os Art. 567. A incompetência do juízo anula somente os
atos decisórios, devendo o processo, quando for atos decisórios, devendo o processo, quando for
declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente . declarada a nulidade, ser remetido ao juiz competente .
*Jurisprudência: somente os atos decisórios serão *Jurisprudência: somente os atos decisórios serão
anulados. A partir do HC 83006, o STF passou a anulados. A partir do HC 83006, o STF passou a
admitir a possibilidade de ratificação pelo juízo admitir a possibilidade de ratificação pelo juízo
competente dos atos decisórios. competente dos atos decisórios.
*Doutrina: tanto os atos decisórios quanto os atos *Doutrina: somente os atos decisórios serão
probatórios deverão ser anulados. Princípio da anulados. Pode ser que mude, devido ao princípio
Identidade física do juiz colabora para esse da identidade física do juiz.
entendimento. E a peça acusatória?
E a peça acusatória? Jurisprudência: pode ser ratificada, não precisa de
Jurisprudência: pode ser ratificada, não precisa de nova denúncia. Se for o mesmo MP, no mesmo
nova denúncia. Se for o mesmo MP, no mesmo grau, nem ratificação será necessária. Princípio da
grau, nem ratificação será necessária. Princípio da unidade do MP.
unidade do MP.

Conexão e continência Conexão e continência


Como não admite modificações, não podem alterar Como admite modificações, podem modificar suas
as suas regras. regras.

Ratione materiae Ratione Loci


Ratione personae (funcionae) Entende-se também:
Funcional Por distribuição
Por prevenção (Súmula 706 STF)
Conexão (STF HC 95.921)

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PROCESSO PENAL

Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão


observadas as seguintes regras:          
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição
comum, prevalecerá a competência do júri;  
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria:                  
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais
grave;                   
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se
as respectivas penas forem de igual gravidade;
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos;                  
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias, predominará a de maior
graduação;                   
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá
esta.                     
Art. 79.  A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento,
salvo:
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar;
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores.
§ 1o  Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum
co-réu, sobrevier o caso previsto no art. 152.
§ 2o  A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver co-réu
foragido que não possa ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461.
Art. 80.  Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem
sido praticadas em circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo
excessivo número de acusados e para não Ihes prolongar a prisão provisória, ou por
outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação.
Art. 81.  Verificada a reunião dos processos por conexão ou continência, ainda que
no processo da sua competência própria venha o juiz ou tribunal a proferir sentença
absolutória ou que desclassifique a infração para outra que não se inclua na sua
competência, continuará competente em relação aos demais processos.
Parágrafo único.   Reconhecida inicialmente ao júri a competência por conexão ou
continência, o juiz, se vier a desclassificar a infração ou impronunciar ou absolver o
acusado, de maneira que exclua a competência do júri, remeterá o processo ao juízo
competente.
Art. 82.  Se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos
diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que
corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste
caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de
unificação das penas.

Art. 152.  Se se verificar que a doença mental sobreveio à infração o processo


continuará suspenso até que o acusado se restabeleça, observado o § 2o do art. 149.

Art. 461.  O julgamento não será adiado se a testemunha deixar de comparecer,


salvo se uma das partes tiver requerido a sua intimação por mandado, na oportunidade
de que trata o art. 422 deste Código, declarando não prescindir do depoimento e
indicando a sua localização. 
Atualmente 469

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PROCESSO PENAL

Art. 461 (antigo).  Se os réus forem dois ou mais, poderão incumbir das recusas um só
defensor; não convindo nisto e se não coincidirem as recusas, dar-se-á a separação dos
julgamentos, prosseguindo-se somente no do réu que houver aceito o jurado, salvo se este,
recusado por um réu e aceito por outro, for também recusado pela acusação.

Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal,


do Superior Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça
dos Estados e do Distrito Federal, relativamente às pessoas que devam responder
perante eles por crimes comuns e de responsabilidade.                       (Redação dada
pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)

§ 1o A competência especial por prerrogativa de função, relativa a atos administrativos


do agente, prevalece ainda que o inquérito ou a ação judicial sejam iniciados após a cessação
do exercício da função pública.   (Incluído pela Lei nº 10.628, de 24.12.2002)                   
(Vide ADIN nº 2797)

§ 2o A ação de improbidade, de que trata a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, será
proposta perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o
funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de
função pública, observado o disposto no § 1o.       

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