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COMPETÊNCIA
CONCEITO:
Como se sabe, jurisdição é o poder (para alguns a função ou atividade) que o
Estado tem de aplicar a lei abstrata aos casos concretos, quando solicitado (resolver a
lide, ou seja, os conflitos que acontecem na sociedade), através do Poder Judiciário. Já
a competência é a medida e o limite da jurisdição, dentro dos quais o órgão jurisdicional
poderá aplicar o direito objetivo ao caso concreto.
CAPEZ: Se houvesse apenas um juiz no Brasil, seria desnecessário falar sobre competência. É a distribuição das
causas aos juízes.
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cargos, devem ser julgados por órgãos diferentes daqueles que ordinariamente
julgariam os demais infratores.
Renato Brasileiro critica o termo “ratione personae”, preferindo usar o termo
“ratione funcionae” (em razão da função), uma vez que essa espécie de competência
não guarda relação com a pessoa do acusado, mas com as funções por ele exercidas.
3. “RATIONE LOCI” (EM RAZÃO DO LUGAR): neste caso, leva-se em
consideração, para a fixação da competência, o local em que os fatos ocorreram ou o
local do domicilio ou residência do réu. Importa saber em qual comarca (no âmbito da
Justiça Estadual) ou subseção Judiciária (no âmbito da Justiça Federal) será
processado e julgado o agente, uma vez que os casos trazidos ao Poder Judiciário só
poderão ser julgados por órgãos situados em locais que guardem alguma relação com
os fatos que o originaram.
A doutrina, realocou os critérios de maneira mais abstrata, ficando relacionadas à competência material os critérios
relacionados às características da lide, da relação jurídica material que constitui o objeto do processo e à
competência funcional os critérios relacionados aos atos processuais.
Existem certas expressões que são muito comumente utilizadas pela doutrina e pela jurisprudência para se referir
aos mesmos critérios de fixação de competência mencionados no Código de Processo Penal. Assim, a
competência pelo lugar da infração é chamada de “ratione loci” ou competência territorial . A competência
pela natureza da infração é conhecida como “ratione materiae” ou competência em razão da matéria. Por fim,
o foro por prerrogativa de função é denominado “ratione personae” ou competência em razão da pessoa.
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A doutrina em sua maioria trata a competência territorial, como relativa e prorrogável (com precedentes do STF:
RHC 1009/DF, 1ª T. Rel. Ricardo Lewandowski, j. 27.4.2010, Dje 14.5.2010). Deve, portanto, ser arguida em tempo
hábil, caso contrário resultará em prorrogação da competência.
COMPETÊNCIA RELATIVA:
PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO PELO JUIZ: Sim. CPP Art. 109. Se em qualquer fase do processo o juiz
reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou não alegação da parte,
prosseguindo se na forma do artigo anterior.
NORBERTO AVENA diz que NÃO pode ser declarada de ofício.
PROCESSO CIVIL: STJ: Súmula 33. – NÃO se aplica ao processo penal. (A INCOMPETENCIA RELATIVA NÃO
PODE SER DECLARADA DE OFICIO). Não confundir com processo civil!
Exceção de incompetência relativa. Deve ser arguida por meio de petição específica no primeiro momento (seguindo
a tese de que não pode ser declarada de ofício...).
Até quando pode ser reconhecida?
Antes da lei 11.719, a incompetência relativa podia ser declarada de ofício, até o momento da sentença. Com a
adoção do PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ (art. 399, §2º), essa incompetência relativa, só pode ser
declarada até o início da instrução processual. Porque se o juiz fizer a audiência, fizer a instrução, ele não poderá
enviar para o outro, por conta do supracitado princípio, visto que o juiz que faz a instrução deve ser o mesmo que
profere a sentença.
CRIME PLURILOCAL E O HOMICÍDIO DOLOSO: plurilocal é o crime que envolve duas ou mais comarcas. Tiros
são desferidos em Campinas, mas a vítima morre em hospital de São Paulo. Pela regra do art. 70, seria São Paulo a
consumação e a competência.
No entanto, para a jurisprudência, nesse caso não aplica a regra do art. 70 (teoria do resultado), prevalecendo que o
foro competente será o do local da conduta (teoria da atividade), por dois motivos:
• Questões probatórias: no Tribunal do Júri a prova se concentra na audiência de julgamento, portanto não
conseguiria ouvir as testemunhas de outra comarca no dia do julgamento.
• Questões de política criminal: o julgamento deve ser feito onde foi feita a conduta, que é onde o crime teve
repercussão.
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Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou
residência do réu.
§ 1°. Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção.
§ 2°. Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que
primeiro tomar conhecimento do fato.
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Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração.
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O parágrafo único do citado art. 75, trata dos casos de prevenção do juiz que
já atuou no feito antes do recebimento da denúncia ou queixa, como no caso de um juiz
que decretar uma prisão preventiva ou determina uma prova cautelar ainda na fase do
inquérito policial.
DA COMPETÊNCIA POR CONEXÃO OU CONTINÊNCIA
Para a doutrina, trata-se de critérios modificadores da competência e não de
determinação da competência, como utilizado pelo legislador.
É aplicada a conexão em casos que por estarem intrinsecamente interligadas as infrações, desencadeia-se a
necessidade de reunirem-se sob a competência de um único juiz, visando, conforme colocado por Mougenot (2012),
a economia processual e a efetividade jurisdicional.
DA CONEXÃO:
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Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária,
salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º. Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122,
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
§ 2°. Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de
outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal
caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3°. Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular,
observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a
seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2°). OBS: atualmente é o art. 419 e não mais o 410.
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Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária,
houver mais de um juiz igualmente competente.
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de prisão
preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal.
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações,
houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em
concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras;
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão: II. se, no mesmo caso, houverem sido umas
praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou para conseguir impunidade ou vantagem em relação a
qualquer delas.
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CRIME PUTATIVO - Não, por o outro fato a ser praticado pelo sujeito é atípico - Ex. pensa que matou cometeu um
crime, mas não cometeu. Pode haver o motivo TORPE.
Inexiste conexão entre contrabando e porte de arma de fogo (informativo 507); e Inexiste conexão entre tráfico
de drogas e moeda falsa (informativo 495)
DA CONTINÊNCIA:
Ocorre quando uma infração está contida em outra. Há só uma conduta
gerando um ou vários resultados.
Está regulada pelos artigos 76 a 82, do Código de Processo Penal.
O conceito de continência para o processo penal está intimamente ligado ao significado do verbo “conter” em seu
sentido leigo, qual seja: ter em si, ter a capacidade de abrigar.
Pode ser:
1. CONTINÊNCIA POR CUMULAÇÃO SUBJETIVA: prevista no art. 77,
inciso I, do CPP9, ocorre quando várias pessoas são acusadas pela mesma infração
penal (um crime apenas). Ex.: linchamento (crime de homicídio praticado em coautoria);
e
2. CONTINÊNCIA POR SUMULAÇÃO OBJETIVA: prevista no art. 77, inciso
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II, do CPP , ocorre nas hipóteses de concurso formal de crimes (art. 70 CP), “aberratio
ictus” (art. 73, CP) e “aberratio criminis” (art. 74 CP). Ex.: o agente pretende atingir o
automóvel de seu vizinho, mas, ao lançar uma pedra em direção ao carro, atinge
terceiro que trafegava pela rua.
CONCURSO FORMAL: Com uma conduta o agente pratica mais de um crime.
“ABERRATIO ICTUS” (ERRO NA EXECUÇÃO): ocorre a continência por erro na execução. O agente mira na
pessoa desejada e mata outra, além da desejada. Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.
“ABERRATIO CRIMINIS OU “ABERRATIO DELICTI ou RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO”: ocorre
quando o agente atinge bem jurídico diverso do pretendido, além do pretendido. Pode ser entendida como uma
espécie de erro causada pelo desvio de um delito, ou resultado diverso do pretendido.
Há concurso formal dos crimes, provocando a continência.
Em síntese, a principal diferença entre a aberratio ictus e aberratio delicti, está na diferença de bem jurídico
atingido. Na aberratio ictus, embora exista um erro nos meios de execução, que alcança vítima distinta, um
mesmo bem jurídico é atingido. Conforme o exemplo mencionado, o agente queria atingir, e, de fato, atinge o bem
jurídico vida, mas em pessoa diversa. Já na aberratio delicti, o erro na execução produz um resultado diverso
atingindo bens jurídicos diferentes. Tendo por base o exemplo referido, o agente queria atingir o bem jurídico
patrimônio, mas acaba atingindo a integridade física.
SEPARAÇÃO DE PROCESSOS: Nas situações em que as ações tratarem de infrações ocorridas em tempo e lugar
diferentes, houver um excessivo número de acusados ou por outra razão que o juiz considere relevante será
possível a separação dos processos.
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Art. 76. A competência será determinada pela conexão: III - quando a prova de uma infração ou de
qualquer de suas circunstâncias elementares influir na prova de outra infração.
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Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem
acusadas pela mesma infração.
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Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: II - no caso de infração cometida
nas condições previstas nos arts. 51, § 1°, 53, segunda parte, e 54 do Código Penal.
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Art. 461 (antigo). Se os réus forem dois ou mais, poderão incumbir das recusas um só
defensor; não convindo nisto e se não coincidirem as recusas, dar-se-á a separação dos
julgamentos, prosseguindo-se somente no do réu que houver aceito o jurado, salvo se este,
recusado por um réu e aceito por outro, for também recusado pela acusação.
§ 2o A ação de improbidade, de que trata a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992, será
proposta perante o tribunal competente para processar e julgar criminalmente o
funcionário ou autoridade na hipótese de prerrogativa de foro em razão do exercício de
função pública, observado o disposto no § 1o.
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