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Conquanto nem sempre seja obrigatória, a formação do litisconsórcio não fica ao alvedrio
das partes. O litisconsórcio é disciplinado pela lei. Em alguns casos, em razão da relevância
do direito controvertido, o legislador condicionou a validade do processo à integração de
marido e mulher no polo passivo (art. 73, § 1º). Em outros, o litisconsórcio, embora facultativo,
só pode ser formado se entre os litisconsortes houver comunhão de direitos ou obrigações,
conexão ou afinidade (art. 113, I à III).
CLASSIFICAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO
Quanto à posição das partes, o litisconsórcio pode ser ativo, passivo ou misto. Ativo quando
a pluralidade for de autores; passivo quando a pluralidade for de réus; e misto quando a
pluralidade for de autores e réus.
Quanto ao momento de sua formação, o litisconsórcio pode ser inicial ou incidental (ulterior).
Inicial quando sua formação é pleiteada na petição inicial. Várias pessoas envolvidas em
acidente de veículos, em conjunto, ingressam com ação de reparação de danos contra o
ofensor (litisconsórcio ativo inicial). O litisconsórcio incidental ou ulterior ocorre quando o
litisconsorte não é indicado na petição inicial, e poderá se formar das seguintes maneiras:
Ações que versem sobre direito real imobiliário devem ser propostas contra marido e mulher.
Na ação de usucapião, a lei exige não só a citação daquele em nome de quem estiver
registrado o imóvel usucapiendo, mas também a citação dos confinantes (art. 246, § 3º),
exceto quando a demanda tiver por objeto unidade autônoma de prédio em condomínio,
caso em que a citação será dispensada.
O litisconsórcio facultativo, por sua vez, pode ser irrecusável ou recusável. Geralmente,
preenchidos os requisitos legais, o juiz não pode recusar o litisconsórcio pretendido pelo
autor. Por isso, dissemos que, a princípio, a formação depende da vontade do autor, sendo
irrelevante a irresignação do réu ou do juiz. Entretanto, pode ocorrer de o número de autores
ou de réus alcançar nível extremamente elevado (litisconsórcio multitudinário),
comprometendo a rápida solução do litígio (efetividade), dificultando a defesa ou o
cumprimento da sentença. O desmembramento do litisconsórcio ativo multitudinário poderá
ser decretado de ofício pelo juiz ou a pedido da parte ré. Nesta última hipótese, o
requerimento interromperá o prazo de resposta, que recomeçará a correr da intimação da
decisão.
Lembrete:
· A obrigação solidária nem sempre implicará formação de litisconsórcio unitário. Exemplo:
na solidariedade passiva, um dos devedores opõe uma exceção pessoal ao credor. Nesse
caso, obviamente, a sentença será diferente em relação àquele que opôs a exceção pessoal
e os demais codevedores.
O art. 113 elenca as hipóteses de litisconsórcio facultativo, ao passo que o art. 114 especifica
as condições em que o litisconsórcio é necessário.
b) Conexão pelo objeto ou pela causa de pedir: credor executa devedor principal e avalista,
conjuntamente (o objeto mediato visado contra ambos é idêntico = crédito). Quanto à
conexão pela causa de pedir, pode-se repetir o exemplo acima. Vários passageiros acionam
a empresa de ônibus com base na mesma causa de pedir (o acidente = causa remota).
Ressalte-se que a nova redação suprimiu o inciso II, do art. 46, do CPC de 1973, que tratava
da hipótese de litisconsórcio quando os direitos e obrigações derivavam do mesmo
fundamento de fato ou de direito. A alteração seguiu entendimento doutrinário que
considerava tal previsão desnecessária, já que a identidade acerca dos fundamentos (de fato
ou de direito) é capaz de gerar conexão pela causa de pedir, hipótese já contemplada no
inciso III, do art. 46, do CPC/73 (e atual art. 113, II).