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Prof.ª Me.

Letícia Sandri
DIREITO PROCESSUAL CIVIL

▪ Bibliografias utilizadas para confecção do material:

• ASSUMPÇÃO NEVES, Daniel Amorim. Código de Processo Civil Comentado. 5ª. Ed. -
Editora JusPodivm, 2020.

• MOZART, Borba. Diálogos sobre o CPC. Salvador. Editora Juspodivm, 2021, 1.472 p. -
incluindo tabelas/quadros -.
LITISCONSÓRCIO

O litisconsórcio
corresponde a
pluralidade de partes.
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO (Obrigatório):

▪ Art. 114, do CPC. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela
natureza da relação jurídica controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de
todos que devam ser litisconsortes. (negritei e sublinhei)

• Ex.: Ação de usucapião, onde o autor terá que litigar contra antigo proprietário e
confrontantes. Ações de divisão e demarcação.
• Discussões imóveis que envolvam cônjuges.
• Dissolução de sociedade (com relação aos sócios) - Natureza jurídica obriga a formação do
litisconsórcio.
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO

LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO: o Juiz determinará ao AUTOR que requeira a citação de todos que
devam ser litisconsortes, dentro do prazo que assinar (prazo judicial), sob pena de extinção do processo (art. 115,
do CPC):
LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO

LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO:
▪ Art. 113, do CPC Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
(negritei e sublinhei)

I - entre elas houver comunhão II - entre as causas houver III - ocorrer afinidade de questões
de direitos ou de obrigações conexão pelo pedido ou pela por ponto comum de fato ou de
relativamente à lide; causa de pedir; direito.
• Ex.: Questões envolvendo • Ex.: Dois sócios poderão em • Ex.: Reunião de contribuintes
condomínio. conjunto propor uma demanda para litigar contra multas –
contra a sociedade objetivando fatos gerados individualizados
a anulação de uma assembleia – aplicados pelo mesmo
(identidade de pedidos), como fundamento.
também será possível o
ingresso de demanda contra
dois réus causadores do
mesmo acidente (identidade de
causa de pedir).
LITISCONSÓRCIO FACULTATIVO

Possibilidade de limitar litisconsórcio FACULTATIVO (doutrina chama de multitudinário). Não aplica no litisconsórcio
necessário, em que o Juízo não pode fazer essa limitação (art. 113, § 1º e 2º, do CPC).
LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO/SIMPLES

LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO: relação que une as partes é INDIVISÍVEL (decisão do capítulo da sentença de
forma uniforme para todos os litisconsortes).

• Art. 116, do CPC. “O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de
modo uniforme para todos os litisconsortes”. (negritei e sublinhei)

• Ex.: Ação de anulação de deliberação de assembleia. / nulidade de casamento (requerida pelo MP).

LITISCONSÓRCIO SIMPLES: a relação que une as partes é DIVISÍVEL (decisão do capítulo da sentença de
modo diferente entre os litisconsortes).

Regime de tratamento dos litisconsortes: litisconsórcio serão vistos em suas relações com a parte
adversa como sendo litigantes distintos (simples/divisível), ou seja, o ato ou omissão praticado por um
dos litisconsortes não beneficiará ou prejudicará os demais (art. 117, do CPC).
– Ex.: Art. 391, do CPC: “A confissão judicial faz prova contra o confitente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes”.
LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO/SIMPLES

Exceções em que o ato pode beneficiar – unitário/indivisível (art. 345, inciso I, do CPC e art. 1.005, do
CPC):
Art. 1.005, do CPC. O recurso interposto por um dos litisconsortes a
Art. 344. Se o réu não contestar a ação, todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses.
será considerado revel e presumir-se-ão - Se o litisconsórcio for unitário: como a relação que os une é
verdadeiras as alegações de fato indivisível -, ou seja, quando não for possível existir solução
formuladas pelo autor. diferente para cada um deles – o ato praticado por um dos
litisconsortes provavelmente beneficiará os demais (mas não pode
prejudicar). Art. 117, do CPC:
Art. 345. A revelia não produz o efeito
- Art. 117, do CPC “Os litisconsortes serão considerados, em
mencionado no art. 344 se:
suas relações com a parte adversa, como litigantes distintos,
I - havendo pluralidade de réus, algum exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as
deles contestar a ação; omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão
- “automático” litisconsórcio unitário - beneficiar”. (negritei).
LITISCONSÓRCIO/PRAZO

Prazos para litisconsortes com diferentes procuradores e de escritórios de advocacia distintos


serão contados em dobro.

Art. 229, do CPC. “Os litisconsortes que tiverem diferentes procuradores, de escritórios de
advocacia distintos, terão prazos contados em dobro para todas as suas manifestações, em
qualquer juízo ou tribunal, independentemente de requerimento”.

• Exceções: art. 915, § 3º, do CPC: § 3º, do CPC: “Em relação ao prazo para oferecimento dos
embargos à execução, não se aplica o disposto no art. 229 “.

• E, estando diante de autos eletrônicos.


LITISCONSÓRCIO/PRAZO

Cada litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo e todos


devem ser intimados dos respectivos atos (art. 118, do CPC).

▪ Autonomia dos litisconsortes para a prática de atos processuais.

▪ Início da contagem dos prazos - ATENÇÃO: art. 335, § 1º., + art. 334, § 6º, art. 231,
§ 1º. e por fim a exceção do art. 915, § 1º, todos do CPC.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS

As partes são os sujeitos que primitivamente se assentaram num dos polos da relação jurídica. Após este
momento, o ingresso póstumo de qualquer sujeito lhe dará a condição de terceiro.

Nestes termos, o terceiro pode ser definido como, aquele que, não revestindo a qualidade de parte, ingressa no
feito em virtude de vínculo jurídico estreito que mantém com a relação processual deduzida em juízo.

Pode se operar de forma voluntária (ex: assistência) ou provocada (ex: denunciação a lide, chamamento ao
processo e desconsideração da personalidade jurídica). + Amicus Curiae (voluntária ou provocada).
1. ASSISTÊNCIA

1. ASSISTÊNCIA – art. 119 a 124, do CPC.

Aplicação: caberá a assistência todas as vezes que um terceiro tiver interesse jurídico de que a sentença
seja favorável a uma das partes. Nela, o ingresso do terceiro objetiva a vitória de uma das partes, haja vista
que o resultado do julgamento poderá afetar a sua esfera jurídica (interesse jurídico).
Art. 119, do CPC. “Pendendo causa entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma
delas poderá intervir no processo para assisti-la.

Parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no
estado em que se encontre”.

Exemplo: “A” ingressa com ação em face de “B” para reaver um imóvel que fora dado em locação. Ocorre que
“B” já havia sublocado esse imóvel para “C”. Perceba que, sendo o pedido julgado procedente, “C” terá sua
esfera jurídica afetada, na medida em que verá extinta a relação jurídica (contrato de sublocação) que
mantém com “B”.
Modalidades:

A assistência será simples (art. 121 a 123, do CPC) quando o resultado da sentença puder afetar a relação jurídica entre
assistente e assistido (exemplo da locação).

– o assistente vincula-se às declarações do assistido. É que, apesar de figurar na demanda, o interesse controvertido é do assistido.

– a atuação do assistente é de mero auxiliar ou coadjuvante da parte principal. Auxilia na defesa da parte, defende em nome próprio, direito alheio.

– caso o assistido seja revel, o assistente será considerado seu substituto processual, já que estará, em nome próprio, defendendo interesse alheio
(não poderá dispor sobre direito material: reconhecer pedido, renunciar, transacionar). A substituição não transfere a titularidade do direito.

– o assistente não poderá, em outro processo, questionar a justiça da decisão (art. 123, CPC). O termo “justiça da decisão” se refere aos
fundamentos da decisão (fáticos e jurídicos) e não ao dispositivo (até mesmo porque, não sendo parte, não poderia ser o mesmo atingido pela
coisa julgada).

• Ex.: Promovida ação de reparação de danos por acidente automobilístico, ingressando a seguradora como assistente do réu (que poderia tê-la
denunciado à lide, mas não o fez) e acolhido o pedido do autor com o fundamento que o réu lhe deu causa ao acidente, não poderá a seguradora
– assistente na primeira demanda – na futura ação regressiva a ser promovida pelo segurado – assistido na primeira demanda – alegar que não
deve ressarcir porque a responsabilidade pelo acidente é de terceiro e o contrato não cobre tal circunstância.

• Exceção – exemplo: o assistido pedir o julgamento antecipado da lide, tornando ineficaz o pedido de produção de prova feita pelo assistente.
Modalidades:

Assistência litisconsorcial: quando o julgamento puder afetar a relação jurídica entre o assistente e o adversário do
assistido. O assistente possui pretensão a ser defendida em juízo. Poderia ter sido parte, mas não o foi.

• Ex.: Ação proposta por um dos sócios visando anular deliberação adotada pela sociedade, ingressando,
posteriormente, sócio que não figurava como parte.

• Herdeiro que intervêm na ação em que a parte é o espolio da demanda.

• Disputa entre duas partes que envolvem bem vendido à terceiro. Esse terceiro pode requerer a intervenção, na
modalidade de assistência litisconsorcial.

- Na modalidade litisconsorcial, ambos (assistente e assistido) têm direito de se defender em juízo, motivo pelo qual o
assistente não se vincula às declarações emitidas pelo assistido, de modo que se forma um verdadeiro litisconsórcio.

- Logo, pode formar pretensão e defesa própria.


2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE – art. 125 a 129, do CPC.


▪ A denunciação da lide é uma demanda incidente, regressiva e eventual:

1. Incidente: 2. Regressiva: 3. Eventual:


Guarda uma relação de
prejudicialidade com a
demanda originária,
Fundada no direito de
Será instaurada no processo considerando-se que, se o
regresso da parte contra o
já existente. denunciante não suportar
terceiro.
dano algum em razão do
resultado, a denunciação da
lide perderá o seu objeto.
2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE

É facultativa: pode haver regresso em ação autônoma.

▪ Art. 125, do CPC. É admissível a denunciação da lide, Entre denunciante e denunciado forma-se um
promovida por qualquer das partes: litisconsórcio no processo principal (alguns
doutrinadores defendem que se formaria uma
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa condição de “assistente”, sendo que
cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de denunciado tem interesse no êxito da
que possa exercer os direitos que da evicção lhe demanda por parte de quem procedeu a
resultam; denúncia - denunciante).

II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo


contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo Visa ao direito de garantia ou de regresso.
de quem for vencido no processo.

Ex.: Contrato de seguro (réu denuncia a seguradora);


hipótese legal de que o empregador reponde pelos Vedação nas relações de consumo (art. 88,
atos danosos de seus empregados. do CDC).
2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
RECURSO ESPECIAL. PROCESSO CIVIL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. CONSUMIDOR QUE ADQUIRE VEÍCULO
COM DEFEITO DE FABRICAÇÃO. NUMERAÇÃO DUPLICADA. DENUNCIAÇÃO DA LIDE. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. DEMANDA
REGRESSIVA NOS PRÓPRIOS AUTOS. POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E DA ECONOMIA PROCESSUAL. TRANSAÇÃO
OCORRIDA NA LIDE PRINCIPAL. AUSÊNCIA DE PREJUÍZO. 1. A denunciação da lide é intervenção de terceiros com natureza jurídica
de ação, cuja pretensão está associada ao direito de regresso, não ensejando, porém, a formação de outro processo, e sim de duas
demandas que serão decididas por uma mesma sentença. O mote de sua existência é justamente permitir, com arrimo no princípio
da economia processual, que o titular do direito exerça, no mesmo processo em que demandado, a sua pretensão ressarcitória (ação
de garantia). 2. Instaurada e julgada a denunciação da lide, obtendo-se um título executivo judicial na ação regressiva, por consectário
lógico, deve ser autorizado, no mesmo processo, o início do correspondente cumprimento de sentença, por se tratar de direito
subjetivo do denunciante. 3. Ademais, a ausência de trânsito em julgado da denunciação da lide não pode ser tida como impeditivo do
cumprimento de sentença da ação regressiva, uma vez que a coisa julgada apenas influencia a estabilidade do título, autorizando a
instauração da execução provisória da sentença. 4. Na hipótese, a transação ocorrida na lide principal entre o autor/exequente e o
réu/denunciante, além de não ter prejudicado a denunciada (a dívida atualizada acabou sendo substancialmente reduzida), não pode ser
fundamento para a extinção automática da demanda de regresso, seja porque a denunciação da lide deve correr simultaneus processus,
garantindo celeridade e economia processual, seja porque a condenação do litisdenunciado não interfere na relação jurídico-substancial entre
o denunciante e a parte contrária, seja porque o cumprimento (provisório) de sentença é uma fase do processo de conhecimento. 5. Recurso
especial provido.

(STJ - REsp: 1338907 RJ 2012/0166487-2, Relator: Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, Data de Julgamento: 18/02/2020, T4 - QUARTA
TURMA, Data de Publicação: DJe 04/08/2020)
2. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE TRÂNSITO. CULPA EXCLUSIVA DO RÉU COMPROVADA. DANOS MORAIS. CONFIGURAÇÃO.
QUANTUM. REDUÇÃO. CONDENAÇÃO DIRETA E SOLIDÁRIA DA SEGURADORA DENUNCIADA. SUCUMBÊNCIA. PRETENSÃO RESISTIDA. 1. O exame da
responsabilidade civil decorrente de acidente de trânsito demanda a análise da conduta subjetiva dos agentes, nos termos dos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Comprovada a culpa exclusiva da condutora do veículo do réu no caso concreto, que ingressou em via preferencial sem as cautelas necessárias, sem sequer frear, e,
portanto, colidiu com a motocicleta em que trafegava o autor. 2. No tocante à reparação dos danos morais, o autor resultou com lesão em sua integridade física, tendo
se submetido a procedimento cirúrgico para implante de haste, ficando afastado de suas atividades laborais por mais de trinta dias, inclusive percebendo o auxílio-
doença. É entendimento pacificado deste Colegiado que esse tipo de dano se caracteriza como dano in re ipsa. 3. Em relação ao quantum indenizatório deve ser
levada em conta a extensão do dano (art. 944 do Código Civil), sendo a indenização fixada de forma proporcional ao abalo sofrido pela vítima. Sopesadas ditas
circunstâncias, considerado que o autor ficou sem exercer as suas atividades... laborais por período de pelo menos dois meses desde a data do acidente, além do dano
estético apurado, tenho como adequado à reparação do dano sofrido o valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), posto que atento aos critérios de proporcionalidade e
razoabilidade. 4. A correção monetária sobre o montante indenizatório deve incidir a contar do arbitramento, na forma da Súmula nº 362 do STJ, enquanto os juros de
mora se contam do evento danoso, consoante o disposto na Súmula nº 54 do STJ. 5. A imputação da sucumbência à seguradora na lide principal deve ser mantida,
uma vez que restou responsável de forma solidária pela integralidade da condenação, abarcando danos materiais (não impugnados pelo recurso) e morais, e contestou
a discussão principal. 6. A condenação direta e solidária da seguradora se encontra consolidada na jurisprudência do STJ, nos termos da súmula nº 537. 7.
No que tange à existência de cobertura securitária para os danos morais, na apólice trazida pelo réu constou a para danos corporais, sem ressalva, não contendo o
documento exclusão expressa quanto a danos morais. Aplicável o entendimento sedimentado na súmula 402 do STJ. A exclusão contida nas cláusulas gerais não
afasta a responsabilidade da seguradora, por não disponibilizadas ao segurado. 8. A condenação do denunciado ao pagamento de honorários sucumbenciais na
lide secundária somente é cabível quando opuser resistência à pretensão do denunciante. Precedentes do STJ e desta Corte. Caso em que a seguradora não
se opôs ao pagamento da cobertura securitária, limitando-se a requerer observância aos limites previstos na apólice e a contestar a pretensão externada na
lide principal, em defesa da segurada, e foi condenada a arcar com custas e honorários na lide principal. Descabida, pois, sua condenação ao pagamento da
verba sucumbencial na lide acessória. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE. (Apelação Cível Nº 70077264919, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Cláudia Maria Hardt, Julgado em 10/05/2018).
(TJ-RS - AC: 70077264919 RS, Relator: Cláudia Maria Hardt, Data de Julgamento: 10/05/2018, Décima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça
do dia 14/05/2018)
3. CHAMAMENTO AO PROCESSO

O chamamento ao processo ocasiona o alargamento processual, na medida em que se inclui na demanda sujeito que partilha
responsabilidades com o réu da demanda originária. Visa a declaração, na mesma sentença, de eventuais responsabilidades.

O CPC contempla o chamamento do afiançado pelo fiador; dos demais fiadores pelo fiador demandado; ou, finalmente, dos
demais devedores solidários quando demandado apenas um ou alguns deles (art. 130, CPC).

- Se pode chamar ao processo sujeitos que sejam tão responsáveis quanto ou mais responsáveis do que aquele que efetua o
chamamento. Assim, é possível que o fiador chame ao processo o devedor principal. Mas o contrário, não cabe (devedor
principal chamar fiador).
3. CHAMAMENTO AO PROCESSO

🙇🏻‍♂️ Quando o Réu


🙋🏻‍♂️ Afiançado
for o fiador
Autor

CHAMAMENTO 🧍🏻‍♂️🧍🏻‍♂️🧍🏻‍♂️
Ação Proposta Quando o Réu for um
AO contra o Réu Demais dos fiadores
Fiadores
PROCESSO

🙍🏻‍♂️ 🧍🏻‍♂️🧍🏻‍♂️🧍🏻‍♂️
Demais Quando o Réu for um
RÉU Devedores dos devedores
Solidários
4. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
4. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA § 2º Entende-se por confusão patrimonial a ausência de separação de
PERSONALIDADE JURÍDICA (art. 133 a 137, do CPC). fato entre os patrimônios, caracterizada por: (Incluído pela Lei nº 13.874,
de 2019)
O Código de Processo Civil prevê um incidente processual para
a desconsideração da personalidade jurídica, regulando seu I - cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou
procedimento. do administrador ou vice-versa; (Incluído pela Lei nº 13.874, de
2019)
Art. 50, do CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente
quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os insignificante; e (Incluído pela Lei nº 13.874, de 2019)
efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou de III - outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial
sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente
pelo abuso. (Redação dada pela Lei nº 13.874, de 2019) • A desconsideração inversa da personalidade jurídica objetiva o
afastamento da autonomia patrimonial da sociedade empresária,
com o fito desta responder pelas obrigações adquiridas pelos seus
§ 1º Para os fins do disposto neste artigo, desvio de finalidade é a sócios-administradores.
utilização da pessoa jurídica com o propósito de lesar credores e
para a prática de atos ilícitos de qualquer natureza. (Incluído pela Lei
nº 13.874, de 2019)
4. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
▪ O art. 133 e seguintes, do CPC criou um incidente para a desconsideração de personalidade jurídica e fixou
processualmente a desconsideração inversa da personalidade jurídica, isto é, a pessoa jurídica passa a responder por
obrigações que não são originárias, mas sim de seus sócios ou administrador, servindo o patrimônio da pessoa jurídica para
cumprir a obrigação do sócio devedor.

▪ Art. 134, do CPC, caput: “O incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no
cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial”.
[...] § 3º A instauração do incidente suspenderá o processo, salvo na hipótese do § 2º”. (petição inicial, em que não será instaurado o incidente).
Questão envolvendo execução/cumprimento sentença (Enunciado)

▪ Enunciado 110, II Jornada de Direito Processual Civil (2018): “A instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica não suspenderá a tramitação do processo de execução e do cumprimento de sentença em face dos
executados originários”.
4. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
▪ O artigo 135, do CPC, dispõe que: "instaurado o incidente, o sócio ou a pessoa jurídica será citado para manifestar-se
e requerer as provas cabíveis no prazo de 15 (quinze) dias" (contraditório) – Desconsideração e desconsideração
inversa.

▪ Incidente será resolvido por decisão interlocutória (eventual recurso, Agravo). – art. 136, do CPC.

▪ Desconsideração requerida na petição inicial: neste caso, será dispensada a instauração do incidente, hipótese em
que será citado o sócio ou a pessoa jurídica (art. 134, § 2, do CPC).
• Nesse caso, forma-se litisconsórcio passivo entre a PJ e seus sócios.
• Armadilha processual: como a formulação de pedido inicial faz nascer o litisconsórcio, a contestação não deve se
ater a discutir os pressupostos da desconsideração, mas também o mérito, pois ao final se sujeitará aos efeitos
da sentença. Se for caso de ação de execução de título extrajudicial, terá legitimidade para opor embargos à
execução (art. 917, do CPC).
4. DO INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO
DA PERSONALIDADE JURÍDICA
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PRIVADO NÃO ESPECIFICADO. RECONHECIMENTO DE GRUPO ECONÔMICO. EXECUÇÃO DE
TÍTULO EXTRAJUDICIAL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA REQUERIDA EM PETIÇÃO INICIAL. DESNECESSIDADE DE
INSTAURAÇÃO DE INCIDENTE. Grupo econômico de fato. Reconhecimento. Os elementos trazidos pela agravante demonstram as ligações
patrimoniais e pessoais entre as duas empresas, constatando-se, nitidamente, a confusão patrimonial entre estas devendo ser reconhecida a existência
de grupo econômico entre elas. Desconsideração da personalidade jurídica. O § 2º, do art. 134, do CPC/15 dispensa a instauração do incidente de
desconsideração da personalidade jurídica quanto esta for postulada na inicial, como no caso dos autos. Determinação para prosseguimento do pedido
com citação dos sócios para defesa. DERAM PROVIMENTO AO AGRAVO DE INSTRUMENTO. UNÂNIME. (Agravo de Instrumento Nº 70080135965,
Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Giovanni Conti, Julgado em 23/05/2019).
(TJ-RS - AI: 70080135965 RS, Relator: Giovanni Conti, Data de Julgamento: 23/05/2019, Décima Sétima Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da
Justiça do dia 27/05/2019)

EMENTA: RECURSO ESPECIAL. AGRAVO DE INSTRUMENTO NA ORIGEM. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE


JURÍDICA. CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. DESCABIMENTO. ART. 85, § 1º, DO CPC/2015. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1.
Não é cabível a condenação em honorários advocatícios em incidente processual, ressalvados os casos excepcionais. Precedentes. 2. Tratando-se de
incidente de desconsideração da personalidade jurídica, o descabimento da condenação nos ônus sucumbenciais decorre da ausência de previsão legal
excepcional, sendo irrelevante se apurar quem deu causa ou foi sucumbente no julgamento final do incidente. 3. Recurso especial provido.
(STJ - REsp: 1845536 SC 2019/0322178-0, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 26/05/2020, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de
Publicação: DJe 09/06/2020)
AMICUS CURIAE

- Qual a função do amicus curiae? Contribuir com o debate do tema objeto de julgamento.

Art. 138, do CPC. “O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda
ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de
quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade
especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.

§ 1º A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos,
ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3º.

§ 2º Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae .

§ 3º O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas”.
AMICUS CURIAE
Obrigada!

Prof.ª Me. Letícia Sandri

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