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Direito Processual Civil A

15.10.16 até 15.11.13


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Direito Processual Civil A - 15.10.16

A jurisdição é inerte, é preciso que alguém provoque o exercício da jurisdição


através do exercício do direito de ação, que pode ser conseguida em sentido
constitucional, como garantia de acesso à justiça, ou em sentido processual, a
demanda em face de um caso concreto, segundo as teorizações de Enrico Tullio
Liebman. A demanda comporta três elementos: partes, pedidos e causa de pedir.
Esses elementos justificam a demanda, a ação em face do caso concreto.

No entanto, ainda que provocada a jurisdição pela demanda, devemos ter um


meio através do qual a jurisdição possa exercer seu poder. Esse meio é o processo.
Processo este que, de acordo com a teoria ainda hegemônica de Oskar von Bülow,
é uma relação jurídica, distinta da relação jurídica de direito material, sendo uma
relação de direito público. A partir de Bülow, a existência e a validade do processo
se submetem a pressupostos processuais.

Falar de ação é falar de condições da ação: legitimidade e interesse. Falar de


processo é falar de pressupostos processuais: de existência e de validade. Para que
o juiz possa resolver o mérito, para que ele possa analisar o pedido, é necessária a
presença concomitante das condições de ação e dos pressupostos processuais.

Toda demanda, sem exceção, têm os três elementos da ação: as partes, a


causa de pedir e o pedido.

O primeiro elemento são as partes, autor e réu, ou requerente e requerido. As


partes, autor e réu, são os sujeitos parciais, tem interesse no processo.

O autor é quem pede a tutela jurisdicional, mas não é propriamente quem


propõe a demanda, porque o réu pode se transformar em autor. É possível que o
réu, dentro do processo, faça um pedido contra o autor da demanda, se
transformando em autor, através da chamada reconvenção. 1 Autor, portanto, é

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Reconvenção é a possibilidade do réu da ação formular um pedido contra o autor da demanda dentro dos
mesmos autos. O autor da demanda postula uma indenização por acidente de trânsito, por exemplo, afirmando
que foi atropelado pelo carro do réu, e que quer pagamento pelos danos que sofreu. O réu é citado, e é réu
porque o pedido é formulado contra ele. O réu, no entanto, apresenta contestação, para resistir ao pedido, e
dentro da própria contestação afirma um detalhe que não foi dito pelo autor: O autor do processo não falou que
se jogou na frente do carro e, ainda por cima, ao fazer isso acabou quebrando o carro do réu. Em função disso, o
réu afirma que é ele que deve receber indenização. Ele quer que o autor da primeira demanda é que seja o
devedor. A reconvenção é uma demanda em que as partes trocam de posição. O réu passa a ser autor e o autor
passa a ser réu, dentro dos mesmos autos. Por isso costuma-se falar, na reconvenção, que o réu que propõe a
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quem pede, de alguma forma, a tutela judicial. Sempre que a expressão tutela
aparecer, deve-se lembrar da proteção. A pessoa não pode se proteger com suas
próprias forças, ela precisa da jurisdição para se proteger.

O réu é aquele contra quem se pede a tutela jurisdicional. Muitas vezes se diz
que o réu é aquele que resiste ao pedido. No entanto, é possível que o réu não
resista, que ele aceite o pedido.

No entanto, pode acontecer de existir mais de um autor, ou mais de um réu.


Nesse caso, temos a formação do litisconsórcio.

Litisconsórcio

Quando houver pluralidade de partes no mesmo polo, ativo ou passivo,


teremos o fenômeno do litisconsórcio. Quando houver mais de um autor, temos o
litisconsórcio ativo. Quando houver mais de um réu, temos o litisconsórcio passivo.
Quando houver, na mesma demanda, mais de um autor e mais de um réu, teremos
um litisconsórcio misto.

Quando é possível formar litisconsórcio? Existe algum critério para a reunião


de pessoas em litisconsórcio?

Suponhamos que a União seja réu, e temos três autores. O primeiro quer
isenção de imposto de renda, o segundo autor quer uma casa no minha casa minha
vida, e o terceiro quer uma bolsa de estudos do FIES. Temos o mesmo réu, e três
autores. Nesse caso, é possível essas três pessoas consorciarem contra o réu para
pedirem três coisas totalmente distintas?

reconvenção é o reconvinte, e o autor da demanda, que sofre a reconvenção, é o reconvindo. No Novo CPC, a
reconvenção é pedida na contestação, de acordo com o artigo 343. Atualmente, ela não é assim, e deve ser feita
através de um pedido separado. (fonte: o professor falou na aula, oras)
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O litisconsórcio não depende exclusivamente da vontade. Nos termos do art.


113:

Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em


conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações relativamente
à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato ou de direito.

Esse artigo apresenta as três denominações que surgirão com o


litisconsórcio, a comunhão, a conexão e a afinidade. Os litisconsortes, para
poderem litigar em conjunto, devem ter alguma coisa em comum. Esse algo em
comum pode ser um laço mais forte, a comunhão, ou mais tênue, a afinidade, mas
essa ligação é necessária. Sem ligação, eles não podem litigar em litisconsórcio.

Comunhão (laço forte)

A comunhão de direitos ou de obrigações, disposta no inciso I do artigo 113,


significa que as partes em litisconsórcio pertencem à mesma lide.

Exemplo: Temos um prédio com seis pessoas, e esse prédio foi construído
em área de proteção ambiental. O Ministério Público, então, quer demolir o prédio.
Aqui, não se pode afastar um dos moradores, porque todos participam da mesma
lide, caracterizando a comunhão. Todos serão necessariamente afetados pelo
resultado da demanda. Os moradores vivem em condomínio, de forma que, se o
prédio for destruído, o direito de todos será destruído ao mesmo tempo. Vale notar,
ainda, que nesse caso temos um litisconsórcio passivo.

Conexão (laço médio)

Na conexão, ligação mais tênue que a comunhão, temos a conexão entre


duas lides, que pressupõem o mesmo pedido, ou a mesma causa de pedir.
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Nos casos de conexão, devem-se reunir as demandas conexas para evitar


decisões contraditórias. Trata-se do juízo prevento, onde o juiz prevento, aquele que
recebe a primeira ação, reúne as ações conexas. Vale destacar que já é possível
perceber a conexão antes da ação.

Exemplo: Suponhamos um contrato que tenha duas pessoas como


beneficiárias, mas essas pessoas têm direitos diferentes. Uma pessoa tem direito de
receber um automóvel, e outra pessoa tem direito de receber dinheiro. Aqui, o
pedido de recebimento do automóvel, por parte de uma pessoa, e o pedido de
recebimento do dinheiro, por outra, são diferentes, mas o contrato é o mesmo. Há,
então, um litisconsórcio pela causa de pedido, o mesmo contrato. O mesmo
contrato, conexão entre o que uma pessoa quer e o que outra pessoa quer, justifica
o litisconsórcio ativo. Se os devedores forem dois bancos, por exemplo, teremos
litisconsórcio passivo.

Conexão é lide diferente, mas com o mesmo pedido ou causa de pedir.


Comunhão é a mesma lide para todos.

Afinidade (laço fraco)

A mais tênue ligação entre litisconsortes é a afinidade. Para a afinidade, deve


ocorrer afinidade de questões. Nesse caso, não chega a existir o mesmo pedido ou
causa de pedir. Existem, entretanto, questões em comum.

Exemplo: Uma farmacêutica conhecida coloca no mercado uma pílula


anticoncepcional falsa, e algumas pessoas acabam engravidando sem
planejamento, porque tomaram essa pílula falsa. O fato de a pessoa engravidar pela
pílula falsa gera uma relação jurídica indenizatória entre a mulher e a farmacêutica.
Cada pessoa tem uma lide distinta contra a farmacêutica, já que a gravidez não
planejada terá efeitos distintos sobre cada pessoa, mas existe um ponto em comum.
É a mesma farmacêutica, e é a mesma pílula, é o mesmo fato originador, ou fato
gerador. Temos vários fatos, várias pílulas consumidas em momentos diferentes,
que tiveram resultados diferentes, mas com algo em comum, a negligência da
farmacêutica. Nesse caso, essas pessoas podem se aliar em litisconsórcio ativo e
propor uma única ação indenizatória contra a farmacêutica. Nesse caso específico,
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a união não trará diferença no plano jurídico, embora possa produzir maior
possibilidade para as partes produzirem provas, etc.

Alguns chamam o litisconsórcio de cumulação subjetiva de demandas. No


litisconsórcio pode haver apenas um advogado, ou vários advogados. Do ponto de
vista subjetivo, cada autor é uma demanda. Pode ser que o valor da indenização
aumente, com o juiz vendo um grande número de pessoas afetadas. Pode ser que
as pessoas recebam o mesmo valor da indenização, pode ser que esse valor varie.
Tudo isso dependerá do caso concreto.

Comunhão, conexão e afinidade são os três casos em que é possível


pessoas se reunirem dentro do mesmo processo. Agora, veremos a classificação do
litisconsórcio de acordo com o resultado da demanda.

Litisconsórcio simples e unitário

O litisconsórcio é chamado simples, ou comum, quando o resultado da


demanda puder ser diferente para cada litisconsorte. O litisconsórcio é simples nos
casos de afinidade e conexão. No exemplo anterior, o resultado final da demanda
pode ser diferente, uma pode provar que engravidou, outra não, uma pode receber
indenização, outra não. Quando o resultado final puder ser diferente entre as
pessoas, o litisconsórcio é simples.

O litisconsórcio é unitário, ou uniforme, se o resultado tiver que ser


exatamente igual para todas as pessoas. Trata-se do exemplo do prédio construído
em área de proteção ambiental, mencionado no início da aula. O resultado não pode
ser diferente entre as diferentes pessoas. Para definir se o resultado da demanda
pode, ou não, ser diferente para cada litisconsórcio, só analisando casos concretos.

A divisão entre litisconsórcio simples e unitário é relativa à natureza do


pedido, nos termos do artigo 116. 2

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Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o
mérito de modo uniforme para todos os litisconsortes.
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Litisconsórcio facultativo e necessário

Temos também a divisão entre litisconsórcio facultativo e necessário. O


litisconsórcio facultativo é facultativo, 3 ou seja, a formação do litisconsórcio não é
obrigatória. O litisconsórcio necessário, definido pelo artigo 114, 4 é a hipótese em
que a formação do litisconsórcio é obrigatória.

Qual seria a razão para que o litisconsórcio seja necessário? Temos duas
situações: quando o litisconsórcio for imposto pela lei, ou quando o litisconsórcio for
unitário. No exemplo da ação de demolição do prédio, exige-se que seja
litisconsórcio necessário, não é possível pensar em uma situação em que não exista
o litisconsórcio, nesse exemplo. Um exemplo de litisconsórcio necessário por
imposição legal é a ação real imobiliária de cônjuges, na qual ambos os cônjuges
devem ser citados, nos termos do artigo 73, §1º, inciso I. 5

Direito Processual Civil A – 15.10.22

Faltei! (Anotações do Henrique Marques valeu Henrique Marques)

QUESTÕES SOBRE LITISCONSÓRCIO

1. O que é litisconsórcio multitudinário?

Trata-se de uma expressão cunhada por Cândido Dinamarco para,


literalmente, apontar uma “multidão” em um dos polos da demanda. Numa situação
hipotética na qual cinquenta pessoas figurassem como réus em uma demanda, o
processo certamente seria dificultado.

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Sério!
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Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando, pela natureza da relação jurídica
controvertida, a eficácia da sentença depender da citação de todos que devam ser litisconsortes.
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Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro para propor ação que verse sobre direito real
imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens.
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de bens;
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2. É possível limitar esse tipo de litisconsórcio? Em que casos?

Art. 113 § 1º O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao


número de litigantes na fase de conhecimento, na liquidação de sentença
ou na execução, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou
dificultar a defesa ou o cumprimento da sentença.

§ 2º O requerimento de limitação interrompe o prazo para manifestação ou


resposta, que recomeçará da intimação da decisão que o solucionar.

Segundo o artigo 113, o juiz poderá limitar o número de litisconsortes quando


este comprometer a defesa ou a rápida solução do litígio. Entretanto, não poderá
fazê-lo de ofício: trata-se de uma iniciativa dos réus. Se assim fosse, isso seria
considerada uma questão de ordem pública, status reservado apenas às questões
atinentes às condições da ação e aos pressupostos processuais. Para o réu que
tenha interesse em limitar o litisconsórcio multitudinário para melhor se defender
deve faze-lo na contestação ou no prazo para contestar. Se o juiz definir a limitação
do litisconsórcio o processo será desmembrado, não extinto. A ação em
litisconsórcio será dividida em processos filhotes. Os processos desmembrados
serão julgados perante o mesmo juízo, pois apresentarão conexão. Cabe recurso de
agravo de instrumento se o juiz indeferir o pedido de limitação do litisconsórcio.

O parágrafo segundo autoriza a interrupção do prazo para resposta quando


por aceita o pedido de limitação do litisconsórcio, que voltará a correr da intimação
da decisão do juiz. O mero protocolo intempestivo do requerimento interrompe o
prazo para contestação.

3. No caso de litisconsórcio passivo necessário, quais as consequências da


sua não formação em relação ao litisconsórcio unitário e ao litisconsórcio simples?

Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a integração do


contraditório, será:

I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos que deveriam


ter integrado o processo;

II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram citados.
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A sentença proferida sem citação dos litisconsortes passivos necessários


será nula se o litisconsórcio for unitário. Se for simples, a sentença será ineficaz aos
que não foram citados.

4. Pode o juiz ordenar de ofício a citação do litisconsorte passivo necessário?


Em caso negativo, o que deve o juiz determinar?

Art. 115 Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo necessário, o


juiz determinará ao autor que requeira a citação de todos que devam ser
litisconsortes, dentro do prazo que assinar, sob pena de extinção do
processo.

O juiz não pode agir de ofício para chamar um réu ao processo que não foi
apontado pelo autor na petição inicial, em consonância com o princípio da inércia da
jurisdição. O juiz deve intimar o autor para requerer a citação de todos os
litisconsortes necessário. Se o autor se recusar a fazer isso ou deixar de atender a
ordem do juiz o processo será extinto sem resolução de mérito, pois, havendo
litisconsórcio necessário, é obrigatória a presença de todos no processo.

5. Em havendo litisconsórcio passivo, qual a consequência da revelia de um


dos litisconsortes? Isso prejudicará os demais?

Art. 344. Se o réu não contestar a ação, será considerado revel e presumir-
se-ão verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor.

Art. 345. A revelia não produz o efeito mencionado no art. 344 se:

I - havendo pluralidade de réus, algum deles contestar a ação;

Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas relações com a


parte adversa, como litigantes distintos, exceto no litisconsórcio unitário,
caso em que os atos e as omissões de um não prejudicarão os outros, mas
os poderão beneficiar.

Art. 391. A confissão judicial faz prova contra o confitente, não


prejudicando, todavia, os litisconsortes.

A atuação de um litisconsorte jamais prejudicará a ação do outro. Por


exemplo, a confissão de um réu não vincula o juiz na definição da situação jurídica
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dos demais litisconsortes. O efeito da revelia é limitado: presunção de confissão.


Quem não contesta, confessa. Isso é um benefício do litisconsórcio.

Direito Processual Civil A – 15.10.23

Faltei! (Anotações do Henrique Marques e do Hemerson valeu Henrique Marques e


Hemerson)

O litisconsórcio é, em regra, facultativo. As pessoas não são obrigadas a


litigar em consórcio. A principal razão para consórcio de litigantes é a economia:
contratação de apenas um advogado, menos custas geradas, maior facilidade de
tratar a demanda, etc.

No entanto, sempre que a relação jurídica de direito material for indivisível, o


litisconsórcio será unitário, o que significa dizer que o resultado da demanda será
igual para todos.

A lei pode transformar litisconsórcio unitário em facultativo. A lei outorga, por


exemplo, a cada condômino legitimação extraordinária para defender todo o
condomínio numa ação contra uma construtora, por exemplo. Trata-se de
litisconsórcio unitário facultativo.

Do mesmo modo, a regra é que o litisconsórcio seja simples e facultativo. No


entanto, pode existir litisconsórcio simples e necessário, quando a lei impuser. Por
exemplo, a ação de usucapião inclui a necessária citação dos confrontantes
(vizinhos) do terreno alvo da discussão para definir exatamente os limites do imóvel.

Polêmica: é possível o litisconsórcio ativo necessário? Pode a lei exigir que


duas ou mais pessoas entrem com ação em conjunto, sob pena de nulidade? Didier
nega essa possibilidade argumentando que ninguém pode ser obrigado a exercer o
direito de ação. Nelson Nery Jr. defende essa possibilidade, usando o exemplo do
litisconsórcio necessário no caso de ações reais imobiliárias envolvendo pessoas
casadas.
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Direito Processual Civil A - 15.11.05

Intervenção de terceiros

1. CPC 1973 2. CPC 2015


a) Assistência a) Assistência
b) Denunciação b) Denunciação
c) Chamamento c) Chamamento
d) Nomeação 6 d) Amicus curiae
e) Oposição 7 e) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica

Em regra, uma demanda comporta as partes, autor e réu. Essas partes


podem se apresentar individualmente ou em pluralidade, formando o litisconsórcio.

Existem algumas situações, entretanto, onde outras pessoas que não são
parte do processo participam de demanda alheia. Os terceiros, que não são parte,
podem se habilitar ou podem ser convocados a participar de demanda alheia. Essas
situações recebem o nome de intervenção de terceiro. De todas essas formas, a
mais comum é a denunciação da lide, embora nenhuma delas apareça com tanta
frequência.

Temos diferentes formas de intervenção de terceiros no novo Código de


Processo Civil, e a remoção de algumas situações da categoria de formas de
intervenção de terceiros. A nomeação à autoria e a oposição desaparecem como
forma de intervenção de terceiros. Em contrapartida, o novo Código cria duas novas
formas de intervenção de terceiro, o amicus curiae e o incidente de
desconsideração de personalidade jurídica.

As formas de intervenção que foram removidas dessa categoria, entretanto,


não desapareceram, mas foram transformadas em outros institutos. A oposição será
transformada em uma ação de procedimento especial, uma ação de rito especial. A
nomeação à autoria desaparece como intervenção de terceiros, mas no novo
Código será uma hipótese de correção da ilegitimidade passiva na contestação.

6
Transformada em hipótese de correção da ilegitimidade passiva na contestação, no novo Código.
7
Transformada em ação de procedimento especial, no novo Código.
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Assistência, denunciação e chamamento, por outro lado, não sofreram alterações


com o novo Código.

Nessa introdução, será apresentada a noção geral, as expressões chave


para que identifiquemos quando um terceiro pode ingressar em processo alheio. As
expressões que serão lançadas agora são importantes, porque associam as
justificativas às formas de intervenção.

1. CPC 1973

a) Assistência

Na assistência, a palavra-chave é “interesse jurídico”. O terceiro tem


interesse jurídico na demanda alheia. Porque esse terceiro teria interesse? Porque
ele tem algum tipo de relação jurídica com as partes. Ele tem, por isso, interesse
que uma das partes vença a demanda alheia, vença o processo.

Para isso, ele se habilita no processo alheio para assistir, somar forças,
ajudar, auxiliar uma das partes a vencer a demanda. O assistente vai ajudar o
assistido, uma das partes, a vencer a demanda, produzindo provas, indo na
audiência, conversando com o juiz, etc.

Exemplo: Um estudante aluga quarto em casa alheia. Esse quarto,


entretanto, está em um apartamento que já é alugado. O locatário do apartamento
subloca um dos quartos para o estudante. No entanto, esse locatário sofre ação de
despejo. Se ele for despejado, o estudante também perderá o quarto. O estudante,
então, tem interesse de que o locatário ganhe a demanda. Nesse momento ele se
habilita como assistente para somar forças.

Só é possível entrar em processo alheio como assistente se a pessoa tiver


interesse jurídico na demanda pendente entre autor e réu.
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b) Denunciação

A palavra-chave, na denunciação, é "direito de regresso". Através da


denunciação da lide, uma das partes poderá exercer seu direito de regresso contra
terceiro.

Exemplo: Uma pessoa celebra um contrato de seguro dizendo que, caso ela
perca a demanda, determinada seguradora deverá ressarcir seus prejuízos. No
entanto, se a lide não for denunciada à seguradora, o ressarcimento não será
possível. A ideia, aqui, é uma das partes poder se ressarcir daquilo que ela perdeu
no processo, fazendo com que a seguradora, que é o terceiro, restitua parte dos
prejuízos da perda do processo.

Nesse caso, temos as figuras do denunciante e do denunciado.

c) Chamamento

No chamamento a palavra-chave é “solidariedade civil”. É o caso do fiador.


Se o credor entra com ação de cobrança contra o fiador, o fiador poderá chamar o
devedor principal. O fiador pede o chamamento ao processo do devedor principal.
Isso acontece nas obrigações solidárias em geral, onde um chama o outro para
responder em conjunto.

Não se trata de um litisconsórcio, porque neste não temos um terceiro que


não faz parte do processo. Alguns dizem que é uma forma de litisconsórcio
superveniente, mas no litisconsórcio temos a ideia de que ambos são parte do
processo. O terceiro, no chamamento, forma um litisconsórcio chamativo.

d) Nomeação

A nomeação é uma forma de correção da ilegitimidade passiva. Por exemplo,


suponhamos que um autor, ao invés de apontar o proprietário de determinado
imóvel como réu, aponta o caseiro. Nessa situação, substitui-se o caseiro pelo
proprietário. Hoje, faz-se pela nomeação à autoria, mas com o novo Código, será
feita através da correção de ilegitimidade passiva na contestação.
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e) Oposição

Aqui, a palavra-chave é "exclusão de ambas as partes". Nesse caso, o


terceiro pede a exclusão do réu e do autor de um processo.

Exemplo: Suponhamos um autor e réu que disputam propriedade de um


imóvel. O autor afirma que é proprietário, já que seu nome consta no registro do
imóvel. O réu, por outro lado, afirma que ele é o proprietário, já que está no imóvel
há quinze anos, constituindo usucapião. Nesse momento, um terceiro aparece e
afirma que o proprietário não é nem o autor nem o réu, mas sim ele mesmo, que
está no imóvel há trinta e cinco anos. Ele pede, então, a exclusão do réu, do autor e
a adjudicação do imóvel para ele. Ele se opõe em ambas as partes.

2. CPC 2015

*a) Assistência, b) denunciação e c) chamamento permanecem iguais no novo


Código.

d) Amicus Curiae:

A palavra-chave aqui é “auxiliar técnico para melhor compreensão da lide”. O


amicus curiae é diferente das demais formas de intervenção de terceiros. Nas
outras formas, o terceiro tem algum interesse direto na lide. O amicus curiae, por
outro lado, não possui tal interesse.

A figura do amicus curiae não deve ser confundida com a do perito. O amicus
curiae se enquadra nas situações de intervenção de terceiro. Trata-se de um
especialista que vai ajudar o juiz a compreender melhor a lide.

Exemplo: Quando o STF teve que decidir sobre a possibilidade de pesquisa


com células tronco, o ministro do supremo dificilmente teria conhecimento técnico
sobre o assunto. Diante disso, ele busca a ajuda de associações de médicos,
geneticistas, etc. Eles ajudaram o ministro a entender o que estava se passando.

O perito, por outro lado, pega um objeto, uma pessoa, uma coisa, e analisa
apenas aquilo, terminando por fazer um laudo. O amicus curiae não faz isso, ele
apenas dá informações teóricas a respeito da lide.
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O juiz pode nomear mais de um amicus curiae, buscando diferentes pontos


de vista, porque o amicus curiae pode trazer certas perspectivas teóricas que não
são hegemônicas em sua área, fato que não poderia ser observado pelo juiz que
busca sua ajuda, já que ele não tem nenhum conhecimento sobre a área em
questão.

e) Incidente de desconsideração da personalidade jurídica

A pessoa jurídica serve para dividir patrimônio dos sócios e da empresa. Por
vezes, a empresa não tem nenhum patrimônio, e os sócios tem muita coisa, de
forma que não é possível cobrar algo da empresa. Se isso acontece por fraude,
pode-se desconsiderar a pessoa jurídica.

Uma coisa comum, especialmente em ações de alimentos, é ação de


alimentos proposta contra marido, onde esse marido não tem nada em seu nome.
Ele colocou tudo em nome da empresa. Nesse caso, temos a desconsideração
inversa da pessoa jurídica.

Intervenção de terceiros espontânea x provocada

A intervenção de terceiros pode ser espontânea, quando o terceiro ingressa


no processo por seu próprio interesse, ou provocada, quando alguém provoca a
intervenção do terceiro, sem que o terceiro manifeste interesse.

A assistência é espontânea, a denunciação é provocada, o chamamento é


provocado, a nomeação à autoria é provocada e a oposição é espontânea. O
amicus curiae, entretanto, pode ser tanto espontâneo quanto provocado. O juiz pode
requisitar a participação do amicus curiae, mas o próprio amicus curiae pode se
colocar nessa posição.

Direito Processual Civil A – 15.11.06

Trabalho suave nota extra uhules!


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Direito Processual Civil A – 15.11.12

Faltei! (Anotações do Hemerson valeu Hemerson)

Assistência simples ou adesiva

A assistência simples, de palavra chave “interesse jurídico”, é a forma mais


tradicional de intervenção de terceiros. Nela o terceiro não é parte, mas sim auxiliar
de uma das partes, sendo seu objetivo o de somar esforços. O que justifica a
integração do terceiro para somar esforços é o seu interesse jurídico na demanda
alheia. O interesse jurídico que justifica a assistência é um interesse baseado em
alguma relação jurídica entre o terceiro e o assistido. Interesse jurídico, o que
significa dizer que não pode ser apenas interesse familiar, sentimental, etc. Na
assistência simples ou adesiva o terceiro somente tem relação jurídica com o
assistido, não possuindo nenhuma relação com o adversário do assistido. Entende-
se que o terceiro pretende somar forças porque resultado favorável vai beneficiar a
relação jurídica do assistido com o terceiro.

De acordo com o parágrafo único do artigo 119, 8 o terceiro pode ingressar no


processo quando quiser, desde que a sentença não tenha transitado em julgado. No
entanto, deve-se notar que não cabe assistência nos juizados especiais.

Para entrar no processo, o terceiro deve escrever uma petição de habilitação


no processo, devendo provar o motivo, o interesse jurídico. Quando o assistente
pede sua participação, antes do trânsito em julgado, o juiz intima as partes a opinar.
Caso não o façam, o pedido será deferido, nos termos do artigo 120. 9 Caso o
pedido não seja deferido, cabe agravo de instrumento, nos termos do artigo 1.015,
inciso IX. 10

Pra ajudar o assistido, o terceiro possui todos os poderes para agir como se
fosse parte, de forma que ele pode contestar, pode requerer provas, pode participar
da audiência, pode recorrer, tudo que uma parte pode fazer, mas sempre com o
8
Art. 119, parágrafo único. A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de
jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
9
Art. 120. Não havendo impugnação no prazo de 15 (quinze) dias, o pedido do assistente será deferido, salvo
se for caso de rejeição liminar.
Parágrafo único. Se qualquer parte alegar que falta ao requerente interesse jurídico para intervir, o juiz decidirá
o incidente, sem suspensão do processo.
10
Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que versarem sobre:
IX - admissão ou inadmissão de intervenção de terceiros;
17

objetivo de favorecer o assistido, de acordo com o disposto no artigo 121. 11 O


parágrafo único desse mesmo artigo determina que, se o réu for revel, o terceiro
assistente atuará como substituto processual do assistido, pois o assistente possui
legitimação extraordinária do assistente, atuando em nome próprio em defesa de
interesse alheio.

O assistente ajudará o assistido a vencer a demanda, mas a parte no


processo é sempre o assistido, de forma que a vontade que deve prevalecer é
sempre a do assistido. Em outras palavras, o assistente não pode contrariar a
vontade do assistido. Diante disso, a compreensão do artigo 122 12 se torna
possível.

Resta uma questão, se o assistente deve se submeter ou não à coisa julgada


do processo. O assistente não se submete a coisa julgada porque ele não foi parte
no processo alheio. O assistente se submete a outra forma de estabilidade da
demanda, que não é coisa julgada, mas é muito semelhante, a chamada eficácia da
intervenção, que tem efeitos práticos similares.

"A eficácia da intervenção impede que o assistente rediscuta em processo


posterior a justiça da decisão (fundamentos + dispositivo), desde que tenha o
assistente podido influenciar eficazmente a decisão do juiz, sem obstáculos criados
pelo assistido".

Se a pessoa que recebe a assistência do terceiro foi negligente, se ela deixou


de utilizar provas, se ela atrapalhou o assistente, a eficácia da intervenção não vai
acontecer. Essa negligência por parte do assistido é demonstrada através da
chamada exceptio male gesti processus, a exceção de má gestão processual. Se o
assistente provar que o assistido foi negligente na condução do processo, o
assistente impede a eficácia da intervenção, podendo rediscutir a mesma causa em

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Art. 121. O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-
se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu
substituto processual.
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Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte principal reconheça a procedência do pedido, desista
da ação, renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija sobre direitos controvertidos.
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processo posterior, como versa o artigo 123. 13 O ônus da prova de má gestão


processual é do assistente.

No caso de substituição processual o assistente passa a ser parte. Se o


terceiro, além de ter relação jurídica com o assistente, tem uma relação jurídica com
o adversário do assistido, não há mais assistência simples, mas sim assistência
litisconsorcial, de forma que o terceiro passa a ser litisconsorte do assistido, ou seja,
passa a ser parte. Por ser parte, se submeterá à coisa julgada, não se falando,
nesse caso, de eficácia de intervenção

Direito Processual Civil A - 15.11.13

Ontem vimos a formula de intervenção de terceiros mais tradicional, em que o


terceiro quer somar esforço com uma das partes para que ela vença a demanda,
porque o terceiro tem interesse jurídico na demanda alheia. Não é um interesse
sentimental, familiar ou econômico, é um interesse jurídico, ou seja, o terceiro será
necessariamente afetado pelo resultado da demanda.

Na assistência simples, ou adesiva, o terceiro assistente não tem "nada a


ver" com o adversário do assistido, ele não tem relação jurídica com o adversário
assistido. Dentre as formas clássicas, a assistência simples é a única forma de
intervenção de terceiros em que o terceiro não ingressa como parte. Atualmente
podemos falar também na figura do amicus curiae, mas nas formas clássicas
apenas na assistência simples ou adesiva o terceiro não ingressa como parte,
atuando apenas como auxiliar. Por esse motivo, não se submete a coisa julgada
material, se submete apenas à eficácia da intervenção, que impede o terceiro
assistente de rediscutir, em processo alheio, a justiça da decisão.

Uma das marcas da coisa julgada é que aquilo que se torna indiscutível é a
decisão. Não se torna indiscutível, pela coisa julgada, a fundamentação da
sentença. A eficácia da intervenção, por sua vez, é mais violenta que a coisa

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Art. 123. Transitada em julgado a sentença no processo em que interveio o assistente, este não poderá, em
processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:
I - pelo estado em que recebeu o processo ou pelas declarações e pelos atos do assistido, foi impedido de
produzir provas suscetíveis de influir na sentença;
II - desconhecia a existência de alegações ou de provas das quais o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.
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julgada, porque a ela torna indiscutível a justiça da decisão, englobando não só o


dispositivo, como também a fundamentação. A eficácia da intervenção vai impedir
que seja discutida a justiça da decisão.

Chamamento ao processo

Falaremos agora da segunda forma de intervenção, cuja palavra chave é


"solidariedade civil". Trata-se do chamamento ao processo, regulado pelos artigos
130-132.

Esquema 1

Devedor 1

Credor Devedor 2

Devedor 3

Esse esquema representa uma relação que está no plano material, no plano
das obrigações e, mais especificamente, na solidariedade civil. Havendo
solidariedade civil, o credor não é obrigado a cobrar dos três devedores. O credor
pode cobrar a dívida integral de qualquer um dos devedores.

O chamamento ao processo é uma forma do devedor cobrado se resguardar


em relação aos demais devedores. Suponhamos que a divida é de 900, e que o
credor cobra a integralidade dos 900 do devedor 1. Se o devedor 1 paga, ele terá
direito de se ressarcir com os demais devedores. O devedor poderá, então, cobrar
300 de cada um dos devedores. O devedor, réu, poderá chamar ao processo os
outros devedores, para garantir seu ressarcimento. Então, o chamamento ao
processo é uma maneira de permitir que o devedor que paga a divida se ressarça
com os demais, dentro do mesmo processo.

O chamamento ao processo tem como características o fato de que é sempre


uma forma de intervenção provocada, e o fato de que só pode ser realizado pelo
réu. O chamante, portanto, será sempre o réu. O chamado será o terceiro, que
passa a ser litisconsorte passivo, se submetendo à coisa julgada.

O artigo 130 fala também da figura do fiador, que poderá chamar os


afiançados ou os demais fiadores ao processo.
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De acordo com o artigo 131, o chamamento ao processo requer citação. Isso


significa que o réu, que deseja o chamamento, deve arcar com as custas de
promover a citação.

Normalmente, quem executa a sentença é quem vence a demanda. No


entanto, de acordo com o artigo 132, o réu, que perde a demanda na cobrança, tem
título executivo para executar a sentença contra os demais réus, por conta do
chamamento ao processo. Ele poderá usar a mesma sentença que o condenou para
executar a própria parte dos demais. A execução parte do réu chamante contra os
chamados. Logicamente, o credor deverá receber antes, e apenas depois os outros
serão executados para pagar sua própria parte, em favor do réu que satisfez a
dívida.

Denunciação da lide

A denunciação da lide, de palavra chave “direito de regresso”, nada mais é


que o direito de se ressarcir com alguém. Mas não é solidariedade civil, onde várias
pessoas são responsáveis pela mesma dívida. A denunciação da lide é considerada
uma ação eventual. Eventual porque só haverá a execução da denunciação da lide
se o denunciante perder a demanda.

Exemplo: O autor da lide pede indenização contra o réu, em decorrência de


um acidente de transito. Se o autor ganha a demanda, o réu terá que pagar a
indenização. No entanto, se ele tiver contrato com uma seguradora, ele poderá
denunciar a lide à seguradora. Mas isso acontece apenas caso o réu perca a
demanda. Por isso é uma lide eventual.

A denunciação da lide, portanto, é o direito de regresso que o réu tem contra


a seguradora, que só aparecerá caso o réu perca a demanda. Mesmo assim, a
denunciação deve sempre ser feita antes do julgamento da sentença. O
denunciante pode ser tanto o autor quanto o réu, sendo que o autor deve fazer a
denunciação na petição inicial e o réu deve fazer a denunciação na contestação.
Certas demandas permitem que o réu faça pedido contra o autor. Nesse caso, o
autor, perdendo a demanda, poderá se ressarcir com uma seguradora, por exemplo.
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Se for admitida a denunciação, o denunciado passa a ser litisconsorte. O


denunciado, portanto, também é parte, e se submeterá à coisa julgada.

Art. 125. É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das


partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi
transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da
evicção lhe resultam;
II - àquele que estiver obrigado, por lei ou pelo contrato, a indenizar, em
ação regressiva, o prejuízo de quem for vencido no processo.

O caso apresentado no inciso I diz respeito à evicção, enquanto o inciso II é o


regresso em geral. Evicção é a existência de um defeito jurídico em coisa adquirida.

Exemplo: Você compra um imóvel e não sabe que já existe outra pessoa
morando lá, dizendo que é proprietária por usucapião. Essa outra pessoa, então,
entra com ação contra você. Esse defeito jurídico do imóvel é chamado de evicção.
Nesse caso, é possível requerer, na contestação, a denunciação da lide ao
alienante do imóvel, àquele que te vendeu o imóvel, para que ele te ressarça o
prejuízo no caso de você perder o imóvel.

No segundo caso, de regresso em geral, temos a situação das seguradoras,


que já abordamos.

O que acontece se o réu não fizer a denunciação da lide? Quem não pede a
denunciação da lide perde o direito à indenização? Até pouco tempo atrás, a
denunciação da lide em casos de evicção era obrigatória. Agora, com o Novo
Código de Processo Civil, a denunciação da lide não é mais obrigatória. Mais do
que isso, se o réu não fizer a denunciação da lide, nada obsta que ele requeira a
indenização através de ação autônoma de indenização, como dispõe o artigo 125,
§1º. 14

Esquema 2

Proprietário original Alienante Réu

14
Art. 125, §1º O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for
indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
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Suponhamos, agora, que o alienante do imóvel já tenha comprado o imóvel


com defeito jurídico de outra pessoa. Nesse caso, o alienante, que foi denunciado
pelo réu, poderia denunciar a lide para essa pessoa que vendeu o imóvel para ele,
em primeiro lugar? Sim, através da chamada denunciação sucessiva. O réu
denuncia a lide para quem vendeu para ele, e o alienante denuncia a lide para a
pessoa que vendeu o imóvel para ele. No entanto, é vedada a denunciação
sucessiva per saltum, ou seja, em vez do réu realizar a denunciação para o
alienante, ele realize a denunciação diretamente para o proprietário original,
desconsiderando o alienante.

A denunciação sucessiva vale tanto para a evicção quanto para a regressão


em geral, mas é mais comum na evicção. Pelo Novo Código de Processo Civil, só é
possível uma única denunciação sucessiva. O réu denuncia a lide para o alienante,
e o alienante denuncia a lide para o proprietário antes dele. Nesse caso, o
proprietário anterior ao alienante não poderá denunciar a lide, caso exista algum
outro antes dele, já que o Código só permite uma única denunciação sucessiva, nos
termos do artigo 125, §2º. 15

Esquema 3

15
Art. 125, §2º Admite-se uma única denunciação sucessiva, promovida pelo denunciado, contra seu antecessor
imediato na cadeia dominial ou quem seja responsável por indenizá-lo, não podendo o denunciado sucessivo
promover nova denunciação, hipótese em que eventual direito de regresso será exercido por ação autônoma.

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