Você está na página 1de 15

Universidade Brasil

Graduação de Psicologia

Abeni Carneiro Bastos Junior

Relatório Individual de Estágio Supervisionado Básico em Psicologia Jurídica

Descalvado
2019
Abeni Carneiro Bastos Junior

Relatório Individual de Estágio Supervisionado Básico em Psicologia Jurídica

Relatório Individual de Estágio


Supervisionado Básico em Psicologia
Jurídica da Universidade Brasil, campus
Descalvado, como parte das exigências de
estágio.

Orientadora: Profª Drª Chayene Hackbarth

Descalvado
2019
RESUMO

Este relatório é referente ao estágio supervisionado da matéria de Psicologia Jurídica,


e tem como objetivo apresentar um panorama geral do que é esta área da psicologia,
bem como seu campo de atuação, estabelecendo uma relação entre o conceitual
teórico e a prática desta profissão, através da observação de uma audiência, realizada
no Fórum da cidade de Descalvado – SP.
Esta área da psicologia está amplamente definida como qualquer aplicação de
pesquisa, métodos, teoria e prática psicológica em uma tarefa desempenhada pelo
sistema jurídico. Ou seja, é um ramo da psicologia, que estuda a integração da mesma
com o Direito, seja ele na área civil ou criminal. Tendo surgido do campo da Psiquiatria
Forense, que tinha a finalidade de realizar perícias para avaliar pessoas envolvidas
com o sistema judicial, a Psicologia Jurídica, se tornou uma Ciência autônoma,
complementar ao Direito, contudo, sem estar subordinada ao mesmo.
A Psicologia Jurídica, ou Psicologia Forense, termo pelo qual será referido daqui em
diante neste trabalho, muito embora ainda seja algo, relativamente recente no Brasil,
está em constante expansão e conquistando seu espaço, graças ao excelente
trabalho realizado pelos pesquisadores da área, que tem se empenhado no estudo do
comportamento humano em interface com o Direito, bem como na produção de
material psicológico para ser aplicado dentro do sistema judiciário brasileiro.
A atuação do psicólogo forense é definida pelo código de ética da sua categoria e este
profissional tem a base legal para desenvolver seu trabalho no âmbito judicial,
garantida por uma Lei Federal de 1964, a qual prevê que o mesmo possa realizar
perícias e emitir laudos e pareceres. Sendo o alvo do seu trabalho, clientes que
estejam necessariamente envolvidos com a justiça, tanto vítimas como agressores,
bem como seus familiares e até mesmo agentes de segurança.
Dentro do Direito podem ser destacados alguns ramos com maior demanda da
participação do psicólogo, os quais são: Direito da Família, Direito da Criança e do
Adolescente, Direito Civil, Direito penal e Direito do Trabalho.
No que diz respeito a metodologia deste trabalho, sua construção se deu a partir das
aulas de supervisão, nas quais foram dadas as orientações para a elaboração deste
relatório, bem como a preparação para a visita de estágio, além dos temas e
discussões pertinentes a Psicologia Forense, que foram sendo apresentados a cada
aula. Especificamente sobre a visita ao Fórum, a mesma ocorreu no dia 08 de outubro
de 2019, onde tivemos a oportunidade de assistir a uma audiência de conciliação,
instrução e julgamento, relacionada a uma causa trabalhista, na qual foi possível
observar a aplicação na prática, do tema Modalidades de Perguntas em Entrevista
Forense, assunto abordado em sala de aula e que inclusive foi o que norteou toda a
audiência, que que teve a duração de aproximadamente duas horas.

Palavras-chave: Psicologia Jurídica; Modalidade de Perguntas; Testemunho.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 6

2. MÉTODO .............................................................................................................. 9

3. RESULTADOS ................................................................................................... 10

4. DISCUSSÃO ....................................................................................................... 12

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 12

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 14
6

1. INTRODUÇÃO

O termo Psicologia Forense se tornou muito conhecido nos Estados Unidos,


na última década, principalmente devido alguns seriados de televisão que trazem a
imagem do psicólogo clínico procurando entender a natureza de um determinado
crime ou criminoso para solucionar tal crime, ou testemunhar como especialista sobre
esse crime depois de resolvido. Mas a Psicologia Forense é muito mais do que isso,
ela é amplamente definida como qualquer aplicação de pesquisa, métodos teoria e
prática psicológica em uma tarefa enfrentada pelo sistema jurídico (WRIGHTSMAN &
FULERO, 2009).
A Psicologia Forense, é, portanto, a área da Psicologia que estuda a
integração da Psicologia com o Direito, tanto civil como criminal. Área esta que apesar
de ser ainda recente no Brasil, tem conquistado seu espaço, devido ao desempenho
dos seus vários pesquisadores que tem se dedicado ao estudo do comportamento
humano em interface com o Direito, produzindo conhecimento psicológico para ser
aplicado dentro do sistema de justiça. É a junção de duas profissões antigas, a
Psicologia que é o estudo do comportamento humano, e o Direito que é o estudo de
como as pessoas estabelecem as regras que norteiam suas ações na sociedade.
Sendo a Psicologia Forense uma ciência autônoma, complementar ao Direito e que
não está subordinada a este (GOMIDE e STAUT JR, 2016).
Este ramo da psicologia surgiu do campo da psiquiatria forense, com a
finalidade de realizar perícia, que é a avaliação de alguém que tenha qualquer
envolvimento com o sistema judicial, com o objetivo de informar se esta pessoa
compreende e se responsabiliza pelos próprios atos. Era responsabilidade da
Psiquiatria Forense esclarecer as questões do indivíduo e a sua responsabilidade
criminal. O primeiro médico a opinar legalmente sobre as condições mentais de uma
pessoa, em um processo judicial, foi Paulo Zacchia, na Itália, em 1650 (GOMIDE e
STAUT JR, 2016).
No Brasil, a atuação do psicólogo forense iniciou-se com o reconhecimento
da profissão na década de 1960. O que ocorreu de forma lenta e gradual, sendo
muitas vezes praticada informalmente, através de trabalhos voluntários. Os primeiros
trabalhos desenvolvidos foram na área criminal, tendo o foco em estudos sobre
adultos criminosos e menores infratores. Apesar de existir, ainda que não oficialmente,
junto ao sistema penitenciário há 40 anos, o trabalho do psicólogo forense só foi
7

reconhecido legalmente pela instituição penitenciária no ano de 1984, com a


promulgação da Lei de Execução Penal, Lei Federal nº 7.210/84. (LAGO, 2009).
As responsabilidades e diretrizes pra a atuação do psicólogo forense estão
descritas nos Princípios Fundamentais do Código de Ética Profissional do Psicólogo
(2005), que cita no seu inciso II. “que o psicólogo trabalhará visando promover a saúde
e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação
de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade
e opressão”, e no inciso IV. “Que o psicólogo atuará com responsabilidade, por meio
do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da
Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática”. Levando dessa
forma o psicólogo desenvolver uma investigação cuidadosa, nesta nova área de
atuação, tendo em vista que o cliente forense é alguém que geralmente em situação
de risco.
Dentro da área do Direito, a atuação do psicólogo como perito judicial está
garantida pelo Decreto n° 53.464 de 21 de janeiro de 1964 (BRASIL, 1964) que
regulamenta a Lei nº 4.119, de agosto de 1962, onde estabelece a criação da
profissão, prevendo sua atuação na área jurídica, realizando perícias e emitindo
laudos e pareceres. Garantia esta, também concedida pelo Conselho Federal de
Psicologia (CFP), através da Resolução n° 017/2012 (CFP, 2012), que dispõe sobre
a atuação do psicólogo como perito nos diversos contextos bem como da Resolução
n° 008/2010 (CFP, 2010), que dá ao psicólogo perito a incumbência de assessorar as
decisões no poder judiciário, de forma isenta em relação às partes envolvidas, se
comprometendo de forma ética a fazer uso de sua competência teórico-técnica. O
assistente técnico é o profissional de confiança de uma das partes, designado para
assessorar e garantir o direito ao contraditório.
O local de atuação do psicólogo forense é definido pela necessidade do
cliente, que necessariamente deve estar envolvido com o sistema jurídico. Por tanto
estes profissionais poderão atuar nos presídios, nos centros socioeducativos, nas
comunidades terapêuticas, nas clínicas particulares ou clínicas escolas, nos fóruns,
nos programas de liberdade assistida, em ONGs, no CRAS, no CREAS e etc. Tendo
como principais campos: Psicologia do Crime, Avaliação Forense, Clínica Forense,
Psicologia do sistema correcional, Psicologia aplicada aos Programas de Prevenção,
Psicologia da Polícia, Assessoria e Pesquisa, dentre outros. Vítimas, agressores,
8

familiares de ambos, bem como agentes de segurança e instituições, serão o objeto


de estudo e intervenção desses profissionais (GOMIDE e STAUT JR, 2016).
A elaboração de laudos, pareceres e relatórios é uma atividade predominante
na Psicologia Forense, enfatizando o quanto esta Ciência tem um cunho avaliativo e
de subsídio ao Direito, podendo o psicólogo ao concluir um processo de avaliação,
recomendar soluções para conflitos apresentados, porém sem jamais definir os
procedimentos jurídicos a serem tomados, já que esta é uma prerrogativa do juiz.
Portanto o psicólogo não decide, apenas conclui a partir de dados coletados mediante
avaliações, o que lhe permite sugerir ou indicar possibilidades de solução das
questões apresentadas na esfera judicial (LAGO, 2009).
Os ramos do direito com maior demanda da participação do psicólogo são:
Direito Civil, Direito da Família, Direito da Criança e do Adolescente, Direito Penal e
direito do Trabalho. Muito embora o Direito da Família bem como o Direito da Criança
e do Adolescente, façam parte do Direito Civil, optou-se por fazer esta divisão, tendo
em vista que na prática as ações são ajuizadas em diferentes varas (LAGO, 2009)..
Portanto a participação do psicólogo forense no Direito da família, destaca-se
nos processos de separação e divórcio, disputa de guarda e regulamentação de
visitas. No Direito da Criança e do Adolescente, destaca-se no trabalho junto aos
processos de adoção e destituição de poder familiar e também no desenvolvimento e
aplicação de medidas socioeducativas para menores infratores (LAGO, 2009).
No Direito civil, atua nos processos onde são requeridas indenizações por
danos psíquicos e também nos casos de interdição judicial, enquanto que no Direito
Penal, pode ser solicitado para atuar como perito na averiguação de periculosidade,
das condições de sanidade mental e discernimento das partes envolvidas, tendo uma
atuação também no Sistema Penitenciário e nos Institutos Psiquiátricos Forenses
(LAGO, 2009).
Já no Direito do Trabalho o psicólogo pode atuar como perito nos processos
trabalhistas, realizando perícias, verificando possíveis danos psicológicos decorrentes
de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, casos de afastamento e
aposentadoria, bem como elaborar um laudo, no qual suas habilidades e
conhecimentos da natureza dos processos psicológicos investigados sejam
evidenciados (LAGO, 2009).
Rabelo e Silva (2017) apontam em seu relato de experiência profissional,
algumas contribuições para o desenvolvimento do psicólogo como perito na justiça
9

brasileira, afirmando que seu trabalho está geralmente relacionado ao direito da


família, da criança e do adolescente e que a Justiça do Trabalho tem sido pouco
contemplada pela perícia psicológica, mesmo em vista do crescente número de
processos trabalhistas que envolvem adoecimentos psíquicos decorrentes do
trabalho. As autoras realizam a perícia através de uma abordagem multidimensional,
abordando aspectos pessoais do periciado, como dados do seu cotidiano, suas
vivências no trabalho, por meio de entrevistas que levam em consideração evidências
epidemiológicas, estudos dos locais de trabalho, entre outros estudos que se fizerem
necessários, tendo em vista que as demandas de cada caso definirão os instrumentos
e técnicas para a construção metodológica de cada laudo.
No esforço de produzir materialização de provas para solucionar diversos
casos de abuso sexual em crianças e adolescentes, muitos estudos têm sido feitos
para aprimorar as entrevistas, evitando a sugestionabilidade a que as crianças e
adolescentes estão suscetíveis. Cabendo ao psicólogo forense, realizar escutas livres
de sugestões, utilizando o mínimo de questões fechadas possível. Dentre os vários
protocolos de entrevista utilizados por estes profissionais, destaca-se o NICHD, que
aumenta a efetividade da entrevista, sendo este protocolo formado por perguntas
abertas, que são usadas conforme os relatos da criança na maior parte da sessão,
evitando-se perguntas sugestivas, com a finalidade de diminuir a contaminação dos
relatos. (HACKBARTH, WILLIAMS e LOPES, 2015).

2. MÉTODO

Ao longo do semestre tivemos várias aulas de supervisão de estágio, com o


objetivo de fornecer materiais para construção deste relatório, bem como nos preparar
para a visita de estágio que teríamos no Fórum de Descalvado. Durante estas aulas
foram trabalhadas tanto o conceitual teórico como a prática de alguns assuntos
pertinentes a atividade do psicólogo no ambiente jurídico.
Já na primeira aula, no dia 22 de agosto de 2019, foram separadas as equipes
para a visita ao fórum e definidas algumas datas para as mesmas que seriam
confirmadas nas próximas aulas. Durante esta aula foi trabalhado o tema Violência
Contra a Mulher, enfatizando como as crenças sociais, somados a falta de recursos e
10

aos papéis “tradicionais” tanto do homem como da mulher, na sociedade patriarcal,


tem sustentado a culpabilidade das vítimas, mantendo-as na posição de culpadas. Na
mesma aula houve a apresentação e discussão da Lei Maria da Penha (Lei
11.340/2006), reconhecida pela ONU como uma das três melhores legislações do
mundo no enfrentamento à violência contra as mulheres, a qual define a proteção da
mulher vítima de violência doméstica e familiar através de medidas protetivas de
urgência.
Na segunda aula, que ocorreu no dia 26 de setembro de 2019, foi abordado o
tema Maus Tratos Infantis e Violência Intrafamiliar, mostrando que a violência é um
tema permeia por toda a sociedade e que precisa ser combatida em todas as esferas.
Sendo que a “Violência trata-se do uso intencional de força física ou poder, em forma
de ameaça ou praticada, contra si mesmo, contra outra pessoa, ou contra um grupo
ou comunidade que resulta ou tem uma grande possibilidade de ocasionar ferimentos,
morte, consequências psicológicas negativas, problemas de desenvolvimento ou
privação”, conforme definido pela OMS (2002). Esta aula enfatizou a violência contra
a criança e o adolescente, abordando os tipos de maus tratos que podem ser tanto
físicos, como psicológico, sexual ou a negligência, bem como os fatores de risco e
formas de combate a esta violência.
Na terceira aula, além de esclarecer dúvidas sobre a confecção deste relatório
e discutir situações relacionadas às visitas ao fórum, também foi trabalhado o tema
Modalidades de Perguntas em Entrevista Forense, as quais são: perguntas abertas
ou de evocação orientada, perguntas de múltipla escolha, perguntas sugestivas e
perguntas diretas, do tipo o que? Como? Onde? Quem? Quando? Nesta aula houve
toda uma interação relacionando o tema abordado com o que já estava se observando
nas visitas de estágio.

3. RESULTADOS

Na visita ao Fórum realizada no dia 08 de outubro de 2019, assistimos a uma


audiência de conciliação, instrução e julgamento, relacionada a uma causa trabalhista,
que teve início às 14:00h. A audiência iniciou-se com o depoimento do requerente Sr.
A., que alegava ter trabalhado do final de 2016 até fevereiro de 2017 nas terras do Sr.
R., que o havia contratado por um determinado valor calculado por horas de trabalho,
11

para realizar serviços relacionados ao preparo da terra, plantio e colheita de


determinados produtos, porém na hora do acerto o Sr. R. não o pagou e agora em tal
audiência alegava que nunca havia contratado tais serviços e que o Sr. A., nunca
havia trabalhado em suas terras. Após o depoimento o juiz fez algumas perguntas
abertas ou de evocação orientada ao requerente e abriu para que os advogados
também o fizessem, sendo que estes usaram tanto perguntas diretas, como
sugestivas. No momento seguinte foi solicitado o depoimento do requerido, que
sustentou a versão de que o Requerente nunca havia trabalhado em suas terras e da
mesma forma ao final foi submetido a perguntas do juiz e posteriormente dos
advogados.
Após ouvidas e interrogadas ambas as partes, passaram a ser ouvidas as
testemunhas, sendo três em favor do requerente e por último uma em favor do
requerido, sendo informado que uma segunda testemunha do requerido não havia
comparecido. A medida que as testemunhas iam sendo interrogadas, era possível
observar várias contradições por parte de todas elas, principalmente quando os
advogados questionavam sobre quantidade de dias trabalhados, tipo de trabalho
realizado pelo requerente, bem como a reações do requerente e do requerido, que
demonstravam irritação com algumas respostas e faziam alguns gestos como se
estivessem concordando ou discordando das testemunhas. Quanto aos advogados,
principalmente os do requerido, também era possível observar a movimentação deles,
que conversavam entre si antes de fazerem determinadas perguntas sugestivas,
tentando manipular alguns fatos ou até mesmo confundir as testemunhas.
Com relação a postura do Juiz, todo o tempo esteve atento, porém muito
seguro de si, sempre agindo de forma séria, porém gentil. Quanto aos advogados era
possível perceber suas movimentações principalmente no caso dos dois advogados
do requerido que todo o tempo conversavam entre si para tentar definir a melhor
estratégia de defesa para o seu cliente. Também vale destacar a postura do escrivão
que todo o tempo esteve realizando seu trabalho com muita discrição.
A audiência terminou por volta das 16:00h com os advogados de ambas as
partes lançando mão de alguns recursos e solicitando mais provas para darem
sequência ao caso.
12

4. DISCUSSÃO

Pelo fato de termos presenciado uma audiência de um processo trabalhista,


onde inclusive não houve a necessidade da atuação de um psicólogo, restringiu-se
um pouco as possibilidades de associar o conceitual teórico estudado nas aulas de
estágio supervisionado, com o que realmente aconteceu no momento da visita ao
fórum. Tendo em vista o que a literatura científica aborda sobre a atuação do psicólogo
forense nesses processos da área trabalhista, onde o psicólogo poderá atuar
realizando perícias que servirão como uma vistoria para avaliar a relação ou o vínculo
entre as condições de trabalho e a repercussão na saúde mental do indivíduo, sendo
na maioria das vezes solicitadas verificações de possíveis danos psicológicos
supostamente causados por acidentes e ou doenças associadas ao trabalho, casos
de afastamento e aposentadoria por sofrimentos psicológicos, conforme Lago (2009).
No entanto nesta audiência em específico não se aplicava nenhum desses casos, já
que se tratava de uma ação onde o que estava sendo alegado era um dano financeiro.
Contudo foi possível observar na prática algumas modalidade de perguntas
em entrevista Forense, pois logo no início da audiência conseguimos identificar tanto
o juiz quanto os advogados se utilizando de perguntas de evocação orientada, onde
partiam de informações já contidas no processo, para tentar esclarecer outros
detalhes, mas também em muitas situações foram utilizadas perguntas diretas, do
tipo: O que? Como? Onde? Quem? Quando? E em outras situações também fizeram
uso de perguntas sugestivas. Sendo que o benefício das perguntas de evocação
orientada, assim como as diretas, é que elas ajudam a esclarecer pontos já relatados
anteriormente, enquanto que as perguntas sugestivas podem acarretar uma
contaminação nos relatos, conforme Hackbarth, Williams e Lopes, (2015).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao ser informado de que não poderíamos presenciar uma audiência criminal,


fiquei um pouco apreensivo por achar que não teríamos a possibilidade ver na prática
o que estávamos recebendo em sala de aula, mas a medida que fomos seguindo,
tanto com as aulas, como através das pesquisas para a elaboração deste relatório,
fui sendo surpreendido com as descobertas sobre esta área da psicologia, até então
13

desconhecida por mim, já que a imagem que eu trazia sobre a mesma, era aquela
adquirida através dos seriados de televisão, de um psicólogo clínico procurando
entender a natureza de um determinado crime ou criminoso para solucionar o crime,
ou testemunhar como especialista sobre esse crime depois de resolvido, exatamente
como a imagem difundida na última década, nos Estados Unidos, segundo
Wrightsman & Fulero (2009). Então para mim foi enriquecedora a experiência de
construção deste relatório, pois abriu os meus olhos para a abrangência desta área
da psicologia, bem como para a fundamental importância da mesma nos contextos
sociais onde estamos inseridos.
Até mesmo a visita ao fórum que de início estava me causando desconforto,
acabou sendo algo muito especial no sentido de me fazer compreender melhor a
dinâmica de funcionamento de uma audiência, que era outra coisa que eu
desconhecia completamente, além de motivar a buscar mais informações sobre a
atuação do psicólogo forense na área trabalhista, me fazendo enxergar mais uma das
inúmeras possibilidades de atuação do psicólogo forense, gerando em mim o desejo
de conhecer mais sobre os campos de atuação desta área da psicologia e até mesmo
um certo interesse em futuramente atuar como um profissional desta área.
14

REFERÊNCIAS

BRASIL. Decreto n.º 53.464, de 21 de janeiro de 1964. Regulamenta a Lei nº 4.119,


de agosto de 1962, que dispõe sobre a Profissão de Psicólogo. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D53464.htm

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP), Código de Ética Profissional do


Psicologo, Brasília, DF; 2005. 7 p

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução CFP Nº 008/2010 de 30


de junho de 2010 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como perito e assistente
técnico no Poder Judiciário. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2010/07/resolucao2010_008.pdf. Acesso em 28 out. 2019

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução CFP nº 017/2012 de 29


de outubro de 2012 - Dispõe sobre a atuação do psicólogo como Perito nos
diversos contextos. Disponível em: https://site.cfp.org.br/wp-
content/uploads/2013/01/Resolu%C3%A7%C3%A3o-CFP-n%C2%BA-017-122.pdf.
Acesso em 28 out. 2019

GOMIDE, P. I. C., & STAUT JR. S. S. Introdução a Psicologia Forense, Curitiba:


Juruá; 2016

LAGO, Vivian de Medeiros et al. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil


e seus campos de atuação. Estud. psicol. (Campinas), Campinas, v. 26, n. 4, p. 483-
491, dez. 2009. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-
166X2009000400009&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 27 set. 2019.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-166X2009000400009.

RABELO, Lais Di Bella; SILVA, Julie Amaral. A perícia judicial como atuação do
psicólogo do trabalho. Arq. bras. psicol., Rio de Janeiro, v. 69, n. 2, p. 230 - 237,
2017. Disponível em
15

<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-
52672017000200016&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 27 out. 2019.

WRIGHTSMAN, L. S., & FULERO, S. M. Forensic Psychology, Third Edition.


Wadsworth, Belmont; 2009

GONÇALVES, P J. Ciclo Vital: Início, Desenvolvimento e fim da Vida Humana Possíveis


Contribuições Para Educadores. Revista Contexto & Educação, v. 31, n. 98, p. 79-110, 4
nov. 2016. Disponível em
<https://www.revistas.unijui.edu.br/index.php/contextoeducacao/article/view/5469>.
acessos em 4 nov. 2019.

HACKBARTH, C., WILLIAMS, L. C. A e LOPES, N. R. L. Avaliação de capacitação


para utilização do Protocolo NICHD em duas cidades brasileiras. Revista de
Psicologia, v. 24, n. 1, p. 1 – 18, 31 jul. 2015. Disponível em
<https://revistapsicologia.uchile.cl/index.php/RDP/article/view/36916>. acessos
em 18 nov. 2019.

Você também pode gostar