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PSICOLOGIA JURÍDICA
Autoria
Denise Gonçalves Moura Pinheiro /
Maria Helena Rodrigues Campelo
Expediente
Reitor: Ficha Técnica
Prof. Cláudio Ferreira Bastos Autoria:
Denise Gonçalves Moura Pinheiro /
Pró-reitor administrativo financeiro: Maria Helena Rodrigues Campelo
Prof. Rafael Rabelo Bastos Supervisão de produção NEAD:
Francisco Cleuson do Nascimento Alves
Pró-reitor de relações institucionais:
Prof. Cláudio Rabelo Bastos Design instrucional:
Antonio Carlos Vieira
Pró-reitora acadêmica:
Profa. Flávia Alves de Almeida Projeto gráfico e capa:
Francisco Erbínio Alves Rodrigues
Diretor de operações:
Diagramação e tratamento de imagens:
Prof. José Pereira de Oliveira Ismael Ramos Martins
Coordenação NEAD: Revisão textual:
Profa. Luciana Rodrigues Ramos Antonio Carlos Vieira
Ficha Catalográfica
Catalogação na Publicação
Biblioteca Centro Universitário Ateneu
PINHEIRO, Denise Gonçalves Moura / CAMPELO, Maria Helena Rodrigues. Psicologia ju-
rídica. / Denise Gonçalves Moura Pinheiro e Maria Helena Rodrigues Campelo. – Fortaleza:
Centro Universitário Ateneu, 2020.
108 p.
ISBN:
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ANOTAÇÕES
CONECTE-SE
REFERÊNCIAS
SUMÁRIO
01
3. Direitos humanos como
foco da psicologia jurídica.......................................... 12
4. A psicologia social e a sua interface com
o campo jurídico..................................................... 16
5. A recepção da criminologia no brasil e os
"peritos da subjetividade”........................................ 20
Referências................................................................ 27
CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS E
PRÁTICAS DA PSICOLOGIA PARA O DIREITO
1. A prática do psicólogo no campo jurídico............... 30
2. Análise do sistema penitenciário: atuação da
02
psicologia no sistema prisional............................... 31
3. A proteção à criança e ao adolescente.................. 34
3.1. A atuação do psicólogo com crianças e
adolescentes em conflito com a lei......................... 42
4. O psicólogo que atua em projetos de lei:
uma área emergente.............................................. 44
Referências................................................................ 46
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NO
ÂMBITO FAMILIAR
1. A psicologia da família e suas
contribuições teóricas............................................. 48
2. As concepções de família e
03
a legislação vigente................................................ 51
3. A atuação do psicólogo nas
varas de família...................................................... 60
4. A adoção de crianças e adolescentes:
perspectivas psicológicas e jurídicas...................... 64
4.1. O trabalho do psicólogo na adoção................. 67
5. A atuação do psicólogo com crianças e
adolescentes que sofrem violência......................... 67
Referências................................................................ 81
A PSICOLOGIA NA PROTEÇÃO DE
GRUPOS ESPECÍFICOS
1. Políticas públicas de prevenção, atendimento e
garantia de direitos das mulheres........................... 84
2. Violência de gênero, violência doméstica,
violência familiar..................................................... 86
3. Atuação de psicólogos/as com a atenção às
04
mulheres em situação de violência......................... 92
4. A atuação do psicólogo nas delegacias
especializadas de atendimento
às mulheres (deams).............................................. 94
5. A psicologia no combate ao racismo...................... 99
6. A psicologia e a diversidade sexual..................... 102
7. A proteção à pessoa idosa e às
pessoas com deficiência....................................... 104
8. A atuação com usuários de
álcool e outras drogas.......................................... 107
Referências.............................................................. 108
Unidade Contribuições teóricas e
02
práticas da psicologia
para o direito
Apresentação
Nesta unidade, observaremos várias contribuições, teóricas e práticas.
A psicologia jurídica ocorre apenas no âmbito do direito, é necessário
compreender o horizonte. Não isoladamente, mas para se comunicar com
operadores legais. Portanto, é necessário conceituar o encontro entre
psicologia e direito.
1. A prática do psicólogo
no campo jurídico
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No texto A psicanálise e a determinação dos fatos nos processos
jurídicos, Freud (1996) explica que o trabalho do profissional que atua
em áreas diversas deverá se adequar ao contexto no qual elas ocorrem,
não devendo, portanto, fixar-se em uma mesma técnica para os mesmos
ambientes. O atendimento psicológico aplicado na clínica não poderá ser
o mesmo no atendimento das pessoas no ambiente jurídico, ainda que já
tenha se constatado que os psicólogos que atuam, por exemplo, nas Varas
de Família possuem especialização na área clínica.
Deve-se observar que uma entrevista com uma família ou parte dela
que está vivendo um processo jurídico poderá apresentar dificuldades
em expressar sinceramente seus pensamentos sem medo de ser julgado
pelo profissional, ainda que este seja um psicólogo. Isso ocorre porque o
indivíduo poderá falar algo que poderá prejudicar na sua luta judicial. O
magistrado quando solicita uma avaliação psicológica para um determinado
caso, o profissional deverá saber que o fato de ser uma obrigação para a
pessoa ainda poderá esta emitir respostas comportamentais divergentes
das previstas.
PSICOLOGIA JURÍDICA | 31
As prisões brasileiras não oferecem os serviços para os quais
constaria em sua proposta original: punir e responsabilizar. Na prática,
observa-se que a grande demanda que afeta esse tipo de serviço e o público
que caracteriza a população carcerária indica que há um escasso acesso
desses usuários a serviços públicos e direitos fundamentais. Observa-
se que a privação da liberdade das pessoas que cometem crimes e delitos
nas prisões poderia oferecer métodos de reinserir, reintegrar, reincluir ou
ressocializar essas pessoas ao convívio social, o que não ocorre.
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O contexto sociocultural e econômico incide diretamente na história
de vidas desses sujeitos que são classificados à margem da sociedade,
tornaram-se marginais, conceito estigmatizado associado à dimensão do
significado: perigosos, bandidos, criminosos, perdendo seu reconhecimento
como seres humanos.
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democracia, direitos e deveres, uma vez que não cabe a mesma lógica de
aprendizagem proferida nas escolas. Alfabetizar, possibilitar conhecimento a
essas pessoas que cumpriram ou cumprem medidas é oferecer oportunidades
de desenvolver a aprendizagem.
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Após a criação do ECA, outras medidas foram implantadas, tais como:
a criação do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente -
CONANDA (1991); a Resolução nº 113 (19 de abril de 2006), que apresenta
elementos sobre a institucionalização e fortalecimento do Sistema de Garantia
dos Direitos da Criança e do Adolescente; a criação da Lei Nacional da
Adoção em 2009; a lei que versa sobre a alienação parental (2010); a criação
do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE (2012); a Lei
13.509 sobre a adoção (2017).
PSICOLOGIA JURÍDICA | 35
para adolescentes autores de ato infracional. Constituem ações das
medidas socioeducativas os seguintes programas e serviços: programas
socioeducativos em meio aberto - prestação de serviço à comunidade;
liberdade assistida; programas socioeducativos com privação de liberdade
- semiliberdade; internação; auxiliares dos programas socioeducativos,
os programas acautelatórios de atendimento inicial (previsto no ECA),
os programas de internação provisória (ECA) e os programas de apoio e
assistência aos egressos.
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De acordo com os documentos que orientam o cumprimento
das medidas socioeducativas, seguem-se conceitos sobre as práticas
interventivas. Em conformidade com a lei do SINASE e com as Resoluções
165, de 2012, e 191, de 2014, do Conselho Nacional de Justiça, temos:
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d. Fluxo de Procedimentos - É a sequência ordenada de
procedimentos que deve ser executada pela Equipe de Referência
na execução da Liberdade Assistida (Fluxo da LA), na execução
da Prestação de Serviços à Comunidade (Fluxo da PSC) ou para
articular instituições parceiras da Rede de Apoio para fortalecer
o cumprimento das medidas (Fluxo de Articulação Institucional e
Comunitária).
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b. Visita Domiciliar - Visitas realizadas por técnico de referência à
residência do(a) adolescente, com fins de estabelecer contato com
este(a) e com sua família. É mais um momento para avaliação
do PIA, verificando o impacto da execução da medida em seu
contexto social bem como a efetivação de seus vínculos familiares
e comunitários.
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Modelo de descumprimento e acompanhamento dos adolescentes:
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a. Atores do Poder Judiciário - Cinco Varas da Infância e da
Adolescência, sendo que a 5ª Vara da Infância e da Adolescência
é o órgão do Poder Judiciário cearense responsável por
acompanhar a execução de todas as medidas socioeducativas, e
incluindo as medidas de responsabilidade do município, a LA e a
PSC. Para cada adolescente em cumprimento de medida em um
CREAS, deve existir um processo de execução de ato infracional
na 5ª Vara. É para o(a) juiz(a) desta vara que as equipes de
referência dos CREAS devem remeter seus relatórios acerca do
acompanhamento dos adolescentes, sendo deste juiz, também, o
poder de decidir sobre a extinção, manutenção ou transformação
da medida. A equipe técnica pode e deve manifestar sua opinião
acerca do encaminhamento a ser dado ao adolescente, mas o juiz
não é obrigado a segui-lo. A equipe técnica da 5ª Vara é a equipe
multiprofissional e transdisciplinar cuja função é oferecer ao juiz
de execução subsídios para a avaliação dos relatórios enviados
pelas equipes de referência dos CREAS, de modo a contribuir com
outros saberes na interpretação do magistrado.
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d. Atores da Defensoria Pública - o NUAJA - Núcleo de Atendimento
aos Jovem e Adolescente em conflito com a lei – é a unidade da
Defensoria Pública por acompanhar os processos de execução de
medidas socioeducativas, incluindo as de LA e de PSC.
42 | PSICOLOGIA JURÍDICA
No contexto das medidas socioeducativas, o trabalho do psicólogo
deverá ser norteado com o envolvimento na construção de práticas que
possam efetivamente contribuir para a efetivação das políticas públicas
pautadas neste paradigma, articulando ações entre o Estado, a família
e a sociedade (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA - CFP, 2012).
Além disso, é dever do profissional ser capaz de garantir os direitos das
crianças e dos adolescentes como também ser um agente transformador
das instituições envolvidas, construindo, assim, novas mentalidades, que
geralmente encontram-se orientadas pela doutrina da situação irregular
(CFP, 2012).
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Nos atendimentos individuais com os adolescentes, o psicólogo
realizará para os quais não é referência para avaliação psicológica sempre que
solicitado por outro técnico da equipe. No apoio na articulação institucional, o
psicólogo irá apoiar os demais técnicos da equipe no contato com os órgãos
e serviços da rede de apoio voltados para a saúde mental, sempre que o
técnico de referência necessitar de apoio especializado.
A lei, segundo Bicalho (2016), é uma prática social e deve ser tomada
em seu processo de construção e no qual a psicologia pode contribuir. O
psicólogo é, por muitas vezes, consultado como assessores de parlamentares,
é solicitado que ministre palestras em determinadas audiências públicas para
corroborar com a convicção particular dos parlamentares acerca da verdade
sobre as leis que eles desejam aprovar ou não (BICALHO, 2016). Quando
um determinado projeto de lei é controverso e chega à mídia nacional, os
psicólogos podem ser consultados acerca de determinado assunto e dessa
forma sua participação é mais potencializada.
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Dessa forma, o profissional envolvido com esta atividade
deverá, para além do seu saber, configurar-se de maneira que o
seu conhecimento seja produtivo para atender demandas sociais
entrelaçadas em um percurso histórico-ético-político. É preciso ainda
os profissionais observarem com atenção os discursos proferidos na
atividade legislativa e a quem eles atendem.
PRATIQUE
1. Qual o papel da rede social na execução de penas e medidas alternativas?
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RELEMBRE
REFERÊNCIAS
ANOTAÇÕES
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www.UniATENEU.edu.br