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DIREITO PENAL
Introdução Ao Direito Penal, Fontes,
Interpretação, Princípios e Evolução
Doutrinária
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DIREITO PENAL
Introdução Ao Direito Penal, Fontes,
Interpretação, Princípios E Evolução Doutrinária
Sumário
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CF/88
⦁ Art. 5º, II
⦁ Art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV, XLV e XLVII
⦁ Art. 5º, XXXIX
⦁ Art. 5º, §3º
⦁ art. 7º, X
⦁ Art. 22, I e §único
⦁ art. 227, § 4º
CP
⦁ Art. 1º
⦁ Art. 59
⦁ Art. 71
1.1 Conceito
Conjunto de normas que objetiva definir os crimes, proibindo ou impondo condutas, sob a
ameaça de imposição de pena ou medida de segurança, e também a criar normas de aplicação geral.
Segundo Cleber Masson (2017, p. 3) é “o conjunto de princípios e regras destinados a combater
o crime e a contravenção penal, mediante a imposição de sanção penal”.
Importa salientar que “sanção penal” é gênero, do qual são espécies as penas e as medidas de
segurança.
#CAIEMPROVA: Diz-se que a pena é a 1ª via do direito penal, a medida de segurança é a 2ª e a reparação
do dano é a 3ª.
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É um ramo do Direito Público, vez que suas normas são indisponíveis, impostas e dirigidas a
todas as pessoas.
Além disso, o Estado é o titular do direito de punir e por isso sempre figura como sujeito passivo
das infrações penais, ainda que de forma mediata.
Ainda sobre o conceito de direito penal:
CIÊNCIA Suas regras e normas estão sistematizadas por um conjunto de princípios que
compõem a dogmática jurídico-penal.
CULTURAL É a expressão de um tempo, de determinadas circunstâncias sociais, culturais,
políticas, econômicas
NORMATIVO Formado por um conjunto de normas jurídicas (princípios e regras) que
definem as infrações de natureza penal e suas consequências jurídicas
correspondentes (penas ou medidas de segurança).
VALORATIVO A proibição legislativa de uma determinada conduta, através da norma penal,
importa em uma valoração negativa que conduz à criminalização dela. Isso
implica em mandamentos e proibições relacionados a determinados bens
jurídicos, que definem o injusto penal e as consequências para as condutas
desviadas, estabelecendo o desvalor de certas ações e resultados.
O Direito Penal é predominantemente sancionador porque não cria bens
SANCIONADOR jurídicos, mas acrescenta proteção penal aos bens jurídicos disciplinados por
(E NÃO outros ramos do Direito. No entanto, é possível que ele seja também
CONSTITUTIVO) constitutivo, quando protege interesses não regulados por outras áreas do
Direito, como o uso indevido de drogas.
FINALISTA Tem o fim de dar proteção aos bens jurídicos fundamentais.
(Visão de Claus
Roxin)
Não protege todos os bens jurídicos, somente os mais importantes e é a última
etapa (ultima ratio) de proteção dos bens jurídicos, sendo sua principal
característica.
FRAGMENTÁRI Obs: Fragmentariedade às avessas: É um juízo negativo, o crime já existe. O
O legislador percebe que o crime não é mais necessário, assim não há mais
motivo para a conduta ser típica. É o que aconteceu com o antigo crime de
adultério. Caracteriza a abolitio criminis.
O emprego da intervenção jurídico-penal somente é justificado quando outros
SUBSIDIÁRIO ramos do Direito se mostram insuficientes à tutela eficaz do bem em questão.
Suas normas conformam um sistema que estabelece garantias ao cidadão
diante do poder punitivo, pois exigem uma série de condições para o seu
exercício, de modo que o Direito Penal – enquanto instrumento de controle
GARANTISTA social formalizado – também tem uma função de proteção e garantia, que lhe
é inerente e necessária, uma vez que a partir da intervenção jurídico-penal é
possível retirar direitos da pessoa humana que lhe são constitucionalmente
assegurados.
Bens Jurídicos penais: “é a coisa, o valor, o atributo espiritual ou intelectual cujo usufruto e
gozo são reconhecidos como significativamente relevantes. Primeiro, para o efetivo desenvolvimento
pessoal de seu titular e, depois e em consequência, para todo o corpo social, de que é exemplo o meio
ambiente ecologicamente equilibrado” (PACELLI, 2017, p. 61). O legislador seleciona os bens jurídicos
a serem defendidos pelo Direito Penal. No entanto, NÃO se pode falar em discricionariedade ampla e
irrestrita, pois os bens jurídicos mais importantes são tratados na Constituição. Logo, a Constituição
possui a seguinte missão:
● Orienta o legislador, ao eleger valores considerados indispensáveis à manutenção da
sociedade;
● Impede que o legislador viole direitos fundamentais atribuídos a toda pessoa humana (Visão
Garantista Do Direito Penal).
Aqui, é necessário lembrarmos do funcionalismo penal, que trará as duas correntes de mais
destaque acerca do tema (anote esses nomes na testa):
* Contextualizando:
O Direito Penal tem a função de proteger um fragmento dos bens jurídicos. Protege
apenas os bens mais importantes para a vida em sociedade. O legislador escolhe quais
bens serão tutelados pelo Direito Penal, com base na intervenção mínima, na
fragmentariedade e na subsidiariedade. O Direito Penal tutela bens jurídicos relevantes
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com base no tipo penal que descreve uma conduta em seu preceito primário e uma sanção
penal em seu preceito secundário.
* Contextualizando:
#APROFUNDANDO: Vamos a uma tabelinha com mais características das duas vertentes do
funcionalismo para fixarmos as diferenças?
FUNCIONALISMO PENAL
FUNCIONALISMO
TELEOLÓGICO
(Características:
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● Garantia dos cidadãos contra o arbítrio estatal, vez que só podem ser punidos por atos previstos
como infração penal e por pena também determinada em lei;
● Simbólica – não produz efeitos externos, mas somente na mente dos cidadãos e governantes,
sendo uma função inerente a todas as leis, não apenas ao Direito Penal;
● Redução da violência estatal – pois, embora legítima e necessária, a pena não deixa de ser uma
agressão ao indivíduo, devendo, portanto, restringir-se aos casos necessários e legais.
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#APROFUNDAMENTO:
Exemplo do fenômeno de liquefação do Direito Penal foi a criação, pelo legislador, dos denominados
“crimes de perigo abstrato” (a serem aprofundados mais a frente). Apesar de, em tese, proteger-se
bem jurídico que ainda não foi defraudado, antecipando-se a incidência do Direito Penal (que, como
visto, funciona como ultima ratio), o Supremo Tribunal Federal, incitado a manifestar-se sobre a
questão, declarou a constitucionalidade de tais tipos penais. Veja-se:
como os conceitos de domicílio (art. 150, §§4º e 5º) e funcionário público (art. 327);
III – Direito Penal Comum: é o conjunto de normas penais aplicável indistintamente a todas as pessoas,
como o Código Penal;
IV – Direito Penal Especial: é o conjunto de normas penais aplicável apenas a pessoas determinadas
que preencham certas condições legais. São exemplos o Código Penal Militar e o Decreto-lei nº
201/1967 (crimes de responsabilidade dos prefeitos);
V – Direito Penal Geral: é o conjunto de normas penais aplicáveis em todo o território nacional. Essas
normas são produzidas privativamente pela União (art. 22, I, da CF);
VI – Direito Penal Local: é o conjunto de normas penais aplicáveis somente a determinada parte do
território nacional. A existência dessas normas somente é possível se houver autorização da União por
lei complementar para que os Estados legislem sobre questões específicas de Direito Penal (art. 22,
parágrafo único, da CF);
VIII – Direito Penal Subjetivo: é o direito de punir (ius puniendi), que pertence exclusivamente ao
Estado e nasce quando uma lei penal é violada;
IX – Direito Penal Substantivo: é o direito penal material, propriamente dito. É o que consta no Código
Penal.
Abordado por Hassemer. Segundo ele, o direito penal deve se preocupar apenas com os bens
jurídicos individuais, tais como a vida, patrimônio, propriedade, etc., bem como de infrações penais
que causem perigo concreto.
Por outro lado, se o intuito da previsão da infração é proteger apenas bem jurídico difuso, coletivo
ou de natureza abstrata, não deveria ser considerada uma infração penal. Deveria ser regulada por
um sistema jurídico diverso, com sanções mais brandas que as do direito penal, sem risco de privação
da liberdade do infrator, mas aplicadas também por uma autoridade judiciária, de forma mais célere
e ampla, podendo ser até mais efetiva, para não tornar o direito penal inócuo e simbólico. Exemplo
no BR: Lei 8429/92.
Este seria o direito de intervenção. O direito de intervenção estaria acima do direito administrativo,
mas abaixo do direito penal. Para o autor, de um lado, o Direito Penal, dada sua gravidade, não pode
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ser utilizado para a tutela de bens jurídicos difusos, coletivos, transindividuais etc. Lado outro, sabe-
se que as autoridades administrativas não possuem a independência necessária para a aplicação das
penalidades. Por isso, propõe o Direito de Intervenção.
Há críticas acerca de tal posicionamento na doutrina, pela dúvida de como seria a legitimidade e
como atuaria o direito de intervenção, bem como se tais sanções seriam suficientes para tutelar bens
importantes que se caracterizam como coletivos, difusos ou de natureza abstrata.
O estudo do crime, do criminoso e da sanção penal é o objeto de várias ciências, tendo sido
chamadas por José Cerezo Mir de “enciclopédia de ciências penais”.
A doutrina não é uníssona acerca de quantas ou quais exatamente seriam elas, mas, para o
nosso estudo, as mais importantes são a dogmática, a criminologia e a política criminal.
Ademais, apesar de serem inúmeras, por todas se debruçam sobre o estudo do mesmo objeto
(como dito, sobre o crime e seu entorno – sujeito criminoso, vítima, controle social etc), tais ciências
compõem o que a doutrina chama de “unidade global” ou “teleológica-funcional” do direito global.
I – DOGMÁTICA PENAL: tem por objetivo interpretar de forma sistemática o direito penal, entendendo
o sentido das normas e aplicando-o de forma lógico-racional (não emocional).
Obs.: Dogmática ≠ Dogmatismo: Dogmatismo é a aceitação cega de verdades tidas como absolutas e
imutáveis (deve ser desprezado). Se opõe à ideia de ciência, que admite flexibilização, na qual estaria
enquadrada a dogmática.
II – CRIMINOLOGIA: A criminologia, de acordo com Luiz Flávio Gomes e Antônio Molina, é uma ciência
empírica (estuda o que “é”, ao contrário do direito penal, que estuda o que “deve ser” –
caracterizando-se como uma ciência valorativa e normativa) e interdisciplinar (observa diversos
fatores: econômicos, políticos, sociais, religiosos etc), a qual estuda o crime, a vítima, o criminoso e o
controle social. Suas constatações se dão a partir da observação daquilo que acontece na realidade
social, na experiência.
Ps.: Gravando as palavras-chave sobre as características da criminologia, que são diversas das do
direito penal, vocês já matam várias questões!
III – POLÍTICA CRIMINAL: trabalha com estratégias e mecanismos de controle social da criminalidade,
para que os bens jurídicos relevantes sejam protegidos. Possui a característica de vanguarda, pois
orienta a criação e a reforma das leis, a partir de uma análise crítica acerca destas estarem ou não
cumprindo os fins a que se propõem, considerando dados obtidos por outros ramos (como a
criminologia).
Funciona como “filtro” entre a letra fria da lei e a realidade social. Revela as leis que “pegam” e as que
não.
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O ponto mais cobrado desse tópico é, sem dúvidas, a diferença entre direito penal, criminologia
e política criminal.
* #NÃOCUSTALEMBRAR:
Vitimologia: é o estudo da vítima em seus diversos planos. Inicialmente, a análise era quanto às formas
de contribuição da vítima para a prática dos crimes. Modernamente, tal estudo preocupa-se também
com a proteção destas no momento posterior à prática do crime, como por exemplo com a sua
reinserção na sociedade. No direito brasileiro, temos o exemplo da composição dos danos civis (art.
74, parágrafo único, Lei 9.099/95) #TERCEIRAVIA
Ademais, uma das circunstâncias judiciais que deve ser considerada na fixação da pena base é o
comportamento da vítima (art. 59, CP).
ATENÇÃO
Sobre a seletividade, define Zaffaroni:
DEFENSORIA!
Ao menos em boa medida, o sistema penal seleciona pessoas ou ações, como
também criminaliza certas pessoas segundo sua classe e posição social. [...] Há
uma clara demonstração de que não somos todos igualmente ‘vulneráveis’ ao
sistema penal, que costuma orientar-se por ‘estereótipos’ que recolhem os
caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera
fenômeno de rejeição do etiquetado como também daquele que se solidariza
ou contata com ele, de forma que a segregação se mantém na sociedade livre.
A posterior perseguição por parte das autoridades com rol de suspeitos
permanentes, incrementa a estigmatização social do criminalizado
(ZAFFARONI;PIERANGELI, 2011, p. 73).” (Guarda relação com o movimento do
labeling approach / teoria da reação social / da rotulação social / do
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Temas quentes!
Dica de leitura: livro Manual de Direito Penal com Perspectiva de gênero, capítulo 1.
#SELIGA: Você sabe o que é Direito Penal Subterrâneo e Direito Penal Paralelo? Referem-se aos
sistemas penais subterrâneos e paralelos.
De acordo com Zaffaroni, “sistema penal é o conjunto das agências que operam a criminalização
primária e a criminalização secundária ou que convergem na sua produção”.
A criminalização primária é a elaboração das leis penais, ao passo que a fiscalização e a execução das
punições devem ser cumpridas pelas agências de criminalização secundária (Polícia, Ministério
Público, Judiciário e agentes penitenciários).
Como o sistema penal formal do Estado não exerce todo do poder punitivo, outras agências acabam
se apropriando desse espaço e passam a exercer o poder punitivo paralelamente ao estado (sistemas
penais paralelos).
Portanto, o DIREITO PENAL SUBTERRÂNEO consiste no exercício desmedido do direito de punir pelas
próprias agências estatais responsáveis pela execução do controle, à margem da lei e de maneira
violenta e arbitrária. É dizer: ocorre quando as instituições oficiais a tuam com poder punitivo
ilegal, acarretando abuso de poder. Ex.: institucionalização de pena de morte (execução sem
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4.1. Conceito
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isto é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos
direitos de todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”.
* ATENÇÃO: Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor
da vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de tudo, o guardião de direitos fundamentais.
● Nulla poena sine crimine: somente será possível a aplicação de pena quando houver,
efetivamente, a prática de determinada infração penal;
● Nullum crimen sine lege: a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na
lei penal;
● Nulla lex (poenalis) sine necessitate: a lei penal somente poderá proibir ou impor
determinados comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade
de proteger determinados bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade,
(direito penal mínimo);
● Nulla necessitas sine injuria: as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente,
ultrapassar a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua
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* CONTEXTUALIZANDO:
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5.1. Conceito
Aquele que viola o sistema deve ser considerado e tratado como inimigo. O delinquente, autor
de determinados crimes, não é ou não deve ser considerado como cidadão, mas como um “cancro
societário”, que deve ser extirpado (Munhoz Conde).
Jakobs fomenta o Direito Penal do inimigo para o terrorista, traficante de drogas, de armas e
de seres humanos e para os membros de organizações criminosas transnacionais (vide lei
12.850/2013).
Destaque-se que nem todo criminoso é inimigo, apenas uma parcela reduzida de criminosos é
que entra neste rol.
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Segundo, Cleber Masson (2017, p. 111) a teoria das velocidades do direito penal “parte do
pressuposto de que o Direito Penal, no interior de sua unidade substancial, contém dois grandes
blocos, distintos, de ilícitos: o primeiro das infrações penais às quais são cominadas penas de prisão
(direito penal nuclear), e o segundo, daqueles que se vinculam aos gêneros diversos de sanções penais
(direito penal periférico)”.
● Primeira velocidade: Direito Penal “da prisão”, aplicando-se penas privativas de liberdade
como resposta aos crimes praticados, com a rígida observância das garantias constitucionais e
processuais. Aplicada a delitos graves.
● Segunda velocidade: Direito penal reparador. São aplicadas aqui penas alternativas à prisão,
como restritivas de direitos ou pecuniárias, de forma mais rápida, sendo admissível, para tanto,
uma flexibilização proporcional dos princípios e regras processuais. Aplicável a delitos de menor
gravidade.
● Terceira velocidade: Novamente temos aqui a prisão por excelência. Contudo, difere-se da
primeira por permitir a flexibilização e até a supressão de determinadas garantias. Aplicada aos
delitos de maior gravidade.
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Diz respeito à criação do Direito Penal. Via de regra, é a União, art.22, I, da CF/88, pois “compete
privativamente à União legislar sobre direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário,
marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”.
*Atenção: O artigo 22, parágrafo único, CF/88, prevê que “Lei Complementar poderá autorizar os
Estados a legislar sobre questões específicas relacionadas neste artigo”, o que permite entender que
abarca, inclusive, o Direito Penal.
Diz respeito à aplicação do Direito Penal. Esse ponto varia um pouco de doutrinador para
doutrinador.
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#DETALHANDO:
O que é costume? Costume é a repetição de um comportamento (elemento objetivo) em face
da crença na sua obrigatoriedade (elemento subjetivo).
≠ de hábito, que consiste na mera repetição de comportamento (elemento objetivo), mas sem
a crença na sua obrigatoriedade.
Costume não cria crime, não comina pena, só a Lei (veda-se o costume incriminador).
Espécies de costumes:
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1ª Corrente: Admite-se o costume abolicionista, aplicado nos casos em que a infração penal
não mais contraria o interesse social. Ex. Para esta corrente, o jogo do bicho não é mais
contravenção penal.
2ª Corrente: Diz que não existe costume abolicionista. Quando o fato já não é mais indesejado
pela sociedade, o juiz não deve aplicar a lei. Ex: Para esta corrente, o jogo do bicho permanece
formalmente típico, porém não aplicável, sem eficácia social (não tem tipicidade material).
3ª Corrente: Entende que não existe costume abolicionista. Enquanto não revogada por outra
lei, a norma tem plena eficácia. É a que prevalece e está de acordo com a lei de introdução às
normas do direito brasileiro. Ex. Jogo do bicho continua tipificado como contravenção penal,
sendo aplicável no caso concreto. (PREVALECE)
* ATENÇÃO: Para aqueles que não adotam a tese do costume abolicionista, é possível o uso do
costume segundo a lei (costume interpretativo), que vai servir para aclarar o significado de uma
palavra, de um texto.
* ATENÇÃO: Para alguns autores, a doutrina não é fonte do direito penal por não ter força cogente, ou
seja, não ser revestida de obrigatoriedade. Os tratados internacionais podem ser classificados como
fonte do direito penal apenas quando incorporados ao direito interno. Se versar sobre direitos
humanos e for aprovado seguindo o rito de emendas constitucionais, terá força normativa de emendas
constitucionais (art. 5º, §3°, CF). Caso não siga tal rito, terá força de norma supralegal.
O Direito Penal deve servir apenas e tão somente para proteger bens jurídicos relevantes
(Roxin). Ademais, nenhuma criminalização é legítima se não busca evitar a lesão ou o perigo de lesão
a um bem juridicamente determinado. Impede que o Estado utilize o Direito Penal para a proteção de
bens ilegítimos.
*Relembrando: A espiritualização dos bens jurídicos no Direito Penal (Roxin) revela uma evolução
quanto à proteção dos bens jurídicos dentro do Direito Penal. Em um momento inicial, apenas os
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crimes de dano contra bens jurídicos individuais possuíam relevância no âmbito penal. Modernamente,
o Direito Penal antecipou a tutela, assumindo um papel preventivo, passando a punir os crimes de
perigo contra bens supraindividuais (como por exemplo, a tipificação de crimes ambientais).
- Parcela da doutrina critica essa expansão da tutela penal na proteção de bens jurídicos de caráter
difuso ou coletivo. Argumenta-se que tais bens são formulados de modo vago e impreciso, bem como,
que não seria esse o papel do direito penal, que deve ser utilizado apenas como última ratio, havendo
outras searas que poderiam solucionar tais questões, em razão dos princípios que estudaremos a
seguir.
ILÍCITOS EM GERAL
ILÍCITOS
PENAIS
Como na figura, nem tudo o que é ilícito caracteriza um ilícito penal, mas apenas uma pequena
parcela. Porém, todo ilícito penal será também ilícito perante as demais searas do direito.
Ex.: se um funcionário público pratica crime, isso sempre configurará também uma infração
administrativa. Porém, a recíproca não é verdadeira. Nem toda infração administrativa encontrará uma
correspondente tipificação penal.
Do princípio da intervenção mínima decorrem dois outros princípios:
- FRAGMENTARIEDADE
Somente devem ser tutelados pelo direito penal os casos de relevante lesão ou perigo de lesão
aos bens jurídicos fundamentais para a manutenção e o progresso do ser humano e da sociedade.
Direciona-se ao legislador, ao plano abstrato, quando da eleição de condutas que devem ou
não ser tipificadas.
#SELIGA: Em que consiste a fragmentariedade às avessas? Ocorre nas situações em que o direito penal
perde o interesse em uma determinada conduta, inicialmente tida por criminosa, por entende-la
desnecessária, com a evolução da sociedade e modificação de seus valores, ocorrendo a abolitio
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criminis, sem prejuízo de sua tutela pelos demais ramos do direito. É um juízo negativo, o crime
existia e deixa de existir.
Ex.: Adultério, que era crime tipificado no art. 240 do CP e deixou de ser em 2005, quando a Lei nº
11.106 revogou o tipo penal.
- SUBSIDIARIEDADE
A intervenção penal fica condicionada ao fracasso dos demais ramos do direito, funcionando
como um soldado de reserva.
Direciona-se ao aplicador do direito, no plano concreto, devendo ser aplicado apenas quando
todos os demais ramos se revelarem impotentes.
STJ (HC 197.601/RJ) O Direito Penal deve ser encarado de acordo com a
principiologia constitucional. Dentre os princípios constitucionais implícitos
figura o da subsidiariedade, por meio do qual a intervenção penal somente é
admissível quando os demais ramos do direito não conseguem bem equacionar
os conflitos sociais.
#ATENÇÃO: Como bem observado no julgamento destacado acima, o princípio da subsidiariedade trata-se
de princípio constitucional implícito, não constando expressamente do texto constitucional, mas de possível extração
a partir da interpretação das normas ali contidas.
Tipicidade formal: juízo de adequação do fato à norma (analisa se o fato praticado na vida real, se
amolda, se encaixa ao modelo de crime descrito na lei penal).
Ex.: Sujeito subtrai um iogurte de um hipermercado. Como subtraiu coisa alheia móvel, o fato se
adequa ao tipo penal de furto.
Tipicidade material: é a lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico protegido.
No exemplo acima, em que pese tenha havido a tipicidade formal, o ato praticado não foi capaz de
causar lesão relevante ao bem protegido, vez que o valor de um iogurte não faria a menor diferença
no patrimônio de um hipermercado, não havendo, portanto, tipicidade material.
Mas atenção: NÃO É SÓ O VALOR que deve ser analisado para que seja reconhecida a
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insignificância da conduta! Existem outros requisitos que devem ser observados, conforme
jurisprudência consolidada da Suprema Corte.
Ademais, valor insignificante e pequeno valor não são necessariamente sinônimos. Por vezes,
em casos de furto, por exemplo, a questão apresenta um bem de um valor baixo, mas não
irrisório/insignificante, que servirá apenas para caracterizar a causa de diminuição de pena do furto
privilegiado, mas não excluirá a tipicidade material, seja pelo fato de o valor ser pequeno, mas não
irrisório, seja por não preencher algum outro requisito. Então fique de olho!
Sobre os valores, não há nenhuma tese fixa sobre. É necessário analisar o contexto. Porém,
analisando as decisões proferidas, o STF tem aceito como insignificantes normalmente valores que que
giram em torno de 10% do salário mínimo, com variações para mais e para menos (é só uma ideia). Já
como pequeno valor, para o privilégio, admite-se o valor de até 1 salário mínimo integral (raciocínio
aplicável aos demais delitos que admitem o privilégio).
Quanto ao parâmetro de 10% do valor do salário mínimo para fins de insignificância, fixado pelo
STF, eis julgado do Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido:
REQUISITOS SUBJETIVOS
▪ Condições pessoais do agente
▪ Condição da vítima
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#ATENÇÃO2: Enunciado nº 10 editado em Congresso Jurídico dos Delegados da Polícia Civil do Estado
do Rio de Janeiro (que também serve para corroborar o entendimento da segunda corrente, pela
possibilidade da aplicação do P. da insignificância pelo Delegado de Polícia):
“O Delegado de Polícia pode, mediante decisão fundamentada, deixar de lavrar o auto de prisão em
flagrante, justificando o afastamento da tipicidade material com base no princípio da insignificância,
sem prejuízo de eventual controle externo.”
Obs.: Ao criminoso habitual, tanto o STF como o STJ, costumam negar a aplicação
Assim, de acordo com o caso concreto, é possível sim aplicar a insignificância mesmo para réus
reincidentes. Veja recentes julgados em que os Tribunais Superiores aplicaram o princípio da
insignificância mesmo havendo a reincidência.
É possível a aplicação ao réu reincidente quando o crime anterior tutelava bem jurídico distinto
patrimônio, é o que o STF chamou de TEORIA DA REITERAÇÃO NÃO CUMULATIVA DE CONDUTAS DE
GÊNEROS DISTINTOS (*termo de prova).
Entendendo a fonte da expressão acima que foi utilizada no seguinte julgado do STF:
TURMA HABEAS CORPUS 114.723, MINAS GERAIS
RELATOR : MIN. TEORI ZAVASCKI
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Ressalta-se ainda que, em 2018 e 2019, os Tribunais Superiores tinham encontrado uma
espécie de “meio termo” entre a aplicação do princípio da insignificância e a reincidência do agente.
Isso porque, no caso concreto, o juiz via que, pelo critério objetivo, o réu faria jus à
insignificância, mas que os critérios subjetivos não estariam preenchidos, em razão da reincidência.
Então, considerando a proporcionalidade, o STF criou um “meio termo”: ao invés de absolver por
atipicidade material da conduta, aplicou outros institutos mais benéficos, como a substituição da
pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos. Vejamos os julgados em que os Tribunais
Superiores aplicaram esse entendimento:
STF reconheceu que o valor econômico do bem furtado era muito pequeno,
mas, como o réu era reincidente, em vez de absolvê-lo aplicando o princípio
da insignificância, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a
pena restritiva de direitos
Em regra, o reconhecimento do princípio da insignificância gera a absolvição do
réu pela atipicidade material. Em outras palavras, o agente não responde por
nada. Em um caso concreto, contudo, o STF reconheceu a insignificância do
bem subtraído, mas, como o réu era reincidente em crime patrimonial, em vez
de absolvê-lo, o Tribunal utilizou esse reconhecimento para conceder a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. Em razão
da reincidência, o STF entendeu que não era o caso de absolver o condenado,
mas, em compensação, determinou que a pena privativa de liberdade fosse
substituída por restritiva de direitos. STF. 1ª Turma. HC 137217/MG, Rel. Min.
Marco Aurélio, red. p/ ac. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 28/8/2018
(Info 913).
#PENSANDONADISCURSIVA - Justificativas
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STF/STJ: Via de regra, entendem não ser possível a aplicação do princípio da insignificância no
furto qualificado, pois falta o requisito do reduzido grau de reprovabilidade do comportamento. No
entanto, recentemente, o Plenário do STF analisou a questão e entendeu que não há como fixar tese
sobre isso, que também deve ser analisado caso a caso. (STF-HC 123108/MG).
Ressalta-se que, em um julgado recente, o STJ entendeu pela aplicação do referido princípio, à
luz da análise do caso concreto. Veja:
Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo
quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. A
despeito da presença de qualificadora no crime de furto possa, à primeira vista,
impedir o reconhecimento da atipicidade material da conduta, a análise
conjunta das circunstâncias pode demonstrar a ausência de lesividade do fato
imputado, recomendando a aplicação do princípio da insignificância. STJ. 5ª
Turma. HC 553872-SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
11/02/2020 (Info 665).
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Sim, amigo concurseiro, nem o STF se entende! Você não está sozinho nessa! Mas a você, cabe
entender a situação e analisar a melhor alternativa, a forma como cada uma está descrita, na hora de
marcar. Se for prova discursiva ou oral, exponha ambos posicionamentos.
Em regra, se o bem jurídico é difuso ou coletivo, os tribunais superiores vêm entendendo pela
NÃO APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA, pois se estaria atingindo a coletividade e,
portanto, não caberia a insignificância da lesão.
Além disso, normalmente os crimes contra bens jurídicos difusos/coletivos são crimes de perigo
abstrato, motivo pelo qual, de “perigo presumido” pelo legislador.
▪ Tráfico de drogas – não aplicação do princípio, por se tratar de crime de perigo abstrato (perigo
presumido, de acordo com a jurisprudência do STJ), sendo irrelevante a quantidade de droga
apreendida. HC 318926, STJ – 2015
#QUESTÃODEPROVA: Foi considerada correta a seguinte afirmativa: “ainda que com pouca quantidade
de droga o princípio da insignificância não incide no crime de tráfico de drogas, não sendo fundamento
para recomendação de arquivamento do inquérito policial por atipicidade”.
▪ Crime de moeda falsa: Inaplicabilidade do princípio, AINDA QUE SEJA 1 ÚNICA NOTA DE
PEQUENO VALOR, uma vez que se trata de crime contra a fé pública, havendo o interesse do
Estado e da coletividade em não ter a fé pública abalada por aquela falsificação. Considerando
que se trata de um bem jurídico coletivo difuso “fé pública”, não se leva em consideração
somente o aspecto material/patrimonial do bem falsificado, mas sim um bem coletivo. Essa
argumentação se aplica aos outros crimes contra a fé pública.
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STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 1816993/B1, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
julgado em 16/11/2021
▪ Crimes ambientais: Em regra, nos crimes com bem jurídico difuso/coletivo, não se aplica o
princípio da insignificância, pois a lesividade/exposição a perigo transcende o aspecto
individual. No entanto, nos crimes ambientais, essa regra é invertida, uma vez que os tribunais
superiores adotam como regra a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância em
crimes ambientais, devendo ser analisadas as circunstâncias específicas no caso concreto para
verificar a atipicidade da conduta em exame/verificar se aquela conduta não gerou
efetivamente um perigo ao meio ambiente. (Info 816)
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● O STJ (Info 602 – 6ª Turma. RESP 1409051 – 2017) afirmou, de forma excepcional, pela aplicação
do princípio da insignificância no caso de pesca ilegal, na hipótese em que o indivíduo pescou 1
único peixe e devolveu esse peixe vivo ao rio, não havendo um prejuízo efetivo ao meio
ambiente.
● Se a pessoa é flagrada sem nenhum peixe efetivamente pescado, mas portando consigo
equipamentos de pesca, em um local onde essa atividade é proibida. Nessa hipótese
pontual/casuística, temos discussão nos tribunais superiores, pois há 2 julgados da mesma
turma em sentidos opostos:
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· SIM (possibilidade de aplicação da insignificância) - STF (info 816) – STF, 2ª Turma, inq.
3788/DF (2016)
· NÃO – STF (info 845 – 2016) – não pode aplicar
Embora sejam julgados anteriores ao informativo 901, pode ser interessante abordar em uma prova
discursiva/oral.
Observações importantes:
1) O valor máximo para aplicar o princípio da insignificância é de 20 mil reais (e agora, tanto
para o STF como para o STJ).
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que nem sequer será cobrado no âmbito administrativo-tributário. Se a própria “vítima” não
irá cobrar o valor, não faz sentido aplicar o direito penal contra o autor desse fato.
⋅ Vale lembrar que o direito penal é a ultima ratio. Se a Administração Pública entende que, em
razão do valor, não vale a pena movimentar a máquina judiciária para cobrar a quantia, com
maior razão também não se deve iniciar uma ação penal para punir o agente.
Não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos
crimes tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, devendo ser observada a lei
estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo. STJ. 5ª Turma.
AgRg-HC 549.428-PA. Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 19/05/2020.
STJ. 3ª Seção. REsp 1688878-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em
28/02/2018 (recurso repetitivo).
STF. 2ª Turma. HC 155347/PR, Rel. Min. Dias Tóffoli, julgado em 17/4/2018 (Info
898).
Porém, STF e STJ admitem nos crimes contra a Administração Pública praticados por
particulares, a exemplo do descaminho, que, apesar de ser um crime tributário, topograficamente,
estão inseridos no título dos Crimes contra a Administração Pública, então cuidado em prova!
#QUESTÃODEPROVA: Foi considerada INCORRETA a seguinte alternativa: “Segundo o STJ, nenhum dos
crimes contra a administração pública admite a incidência do princípio da insignificância”. A questão
foi objeto de vários recursos e a banca não anulou justamente por ter utilizado a palavra “nenhum” e
ser aplicável ao descaminho. Além disso, tinha outra que era “mais certa” que essa. É como já havíamos
falado. Tem que pensar na mais certa! Fique de olho nas palavras-chave ou se a banca pediu o
entendimento sumulado.
Via de regra, STF e STJ não aplicam o princípio da insignificância, mesmo que a arma encontrada esteja
desmuniciada ou a munição seja encontrada de forma isolada (sem armamento por perto); isso se dá
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porque tanto a posse quanto o porte de arma de fogo (e munição) são crimes de perigo abstrato, de
forma a incidir o Direito Penal de forma antecipada (tal como consta no julgado do Supremo Tribunal
Federal transcrito quando falávamos sobre a liquefação do Direito Penal).
Todavia, tanto STF quanto STJ têm flexibilizado a regra geral desde o ano de 2019, quando passaram a
admitir em algumas hipóteses (apreensão de pequena quantidade de munição desacompanhada da
arma) a incidência do princípio bagatelar:
Assim, devemos nos manter alertas às próximas movimentações dos Tribunais Superiores, vez que os
julgados acerca da matéria flutuam a depender do caso concreto em comento. Logo:
- Regra geral: não se admite a incidência do Princípio da Insignificância nos crimes previstos no
Estatuto do Desarmamento.
1. STF/STJ: para aplicação do princípio da insignificância, considera-se a capacidade econômica da vítima (STJ-
Resp. 1.224.795).
3. STF: O princípio da insignificância pode ser reconhecido mesmo após o trânsito em julgado da sentença
condenatória (STF-HC 95570).
4. “Flanelinha” e exercício da profissão sem registro competente: STF admite a aplicação (Info. 699).
5. STF/STJ NÃO admitem o princípio da insignificância nos crimes contra a fé pública, mais precisamente, nos
crimes de moeda falsa (STF-HC105.829).
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6. STF/STJ: Não se aplica o princípio da insignificância aos delitos praticados em situação de violência doméstica
(STJ-HC 33195/MS; STF-RHC 133043/MT).
Neste sentido: Súmula 589, STJ: É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções
penais praticados contra a mulher no âmbito das relações domésticas.
7. STF/STJ: Ao Tráfico internacional de armas e munições não se aplica o princípio da insignificância (STF-HC
97777), de igual modo é inaplicável aos crimes de posse e porte de arma de fogo (STJ-HC 338153/RS). Obs.: É
atípica a conduta daquele que porta, na forma de pingente, munição desacompanhada de arma. (STF - HC
133984/MG)
8. Crimes contra a vida, lesões corporais, crimes praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, crimes
sexuais, tráfico de drogas – nenhum admite.
9. Porte de drogas para uso (art. 28 da LD) – Majoritariamente, o STF e o STJ não aplicam a insignificância, nem
mesmo em se tratando de quantidades ínfimas, pelo fato de ser crime de perigo presumido e o bem tutelado
ser a saúde pública. No entanto, há um antigo julgado isolado do STF permitindo a aplicação.
AGORA: tanto o STF como o STJ afirmam que é inaplicável o princípio da insignificância ao crime de
apropriação indébita previdenciária.
Não se aplica o princípio da insignificância para o crime de apropriação indébita previdenciária. Não é
possível a aplicação do princípio da insignificância aos crimes de apropriação indébita previdenciária e de
sonegação de contribuição previdenciária, independentemente do valor do ilícito, pois esses tipos penais protegem
a própria subsistência da Previdência Social, de modo que é elevado o grau de reprovabilidade da conduta do
agente que atenta contra este bem jurídico supraindividual. O bem jurídico tutelado pelo delito de apropriação
indébita previdenciária é a subsistência financeira da Previdência Social. Logo, não há como afirmar-se que a
reprovabilidade da conduta atribuída ao paciente é de grau reduzido, considerando que esta conduta causa
prejuízo à arrecadação já deficitária da Previdência Social, configurando nítida lesão a bem jurídico supraindividual.
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O reconhecimento da atipicidade material nesses casos implicaria ignorar esse preocupante quadro. STF. 1ª Turma.
HC 102550, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 20/09/2011. STF. 2ª Turma. RHC 132706 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgado em 21/06/2016. STJ. 3ª Seção. AgRg na RvCr 4.881/RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 22/05/2019
STF: Já negou em situação de pesca ilegal, a um indivíduo flagrado junto a outras três pessoas, POR TRÊS VEZES
CONSECUTIVAS, em embarcação motorizada, praticando pesca em local proibido e com redes de arrasto de fundo
(HC 137652).
- Já negou em caso de realização de pesca de 7kg de camarão em período de defeso com o uso de método não
permitido (HC 122560/SC).
- A partir do caso acima, publicou a seguinte redação no Info 891: O princípio da bagatela não se aplica ao crime
previsto no art. 34, caput c/c parágrafo único, II, da Lei 9.605/98 (pesca ilegal).
- No entanto, existem julgados tanto do STF como do STJ aplicando, excepcionalmente, o princípio da
insignificância para este delito. Atente-se ao comando da questão!
13. É possível aplicar o princípio da insignificância para a conduta de manter rádio clandestina? Para o STJ NÃO,
mesmo que seja de baixa potência, por ser crime formal de perigo abstrato. Para o STF SIM, em situações
excepcionais, se for operada em baixa frequência.
Súmula 606-STJ: não se aplica o princípio da insignificância aos casos de transmissão clandestina de sinal de
internet via radiofrequência que caracterizam o fato típico previsto no artigo 183 da lei 9.472/97. (O STF tem
um julgado publicado em informativo em sentido contrário, ou seja, aplicando, mas a maioria das decisões é no
mesmo sentido do STJ.)
14. STJ – Info 672/2020: Não se admite a incidência do princípio da insignificância na prática de estelionato
qualificado por médico que, no desempenho de cargo público, registra o ponto e se retira do hospital.
Cinge-se a controvérsia a saber acerca da possibilidade do trancamento de ação penal pelo
reconhecimento de crime bagatelar no caso de médico que, no desempenho de seu cargo público, teria registrado
seu ponto e se retirado do local, sem cumprir sua carga horária. A jurisprudência desta Corte Superior de Justiça
não tem admitido, nos casos de prática de estelionato qualificado, a incidência do princípio da insignificância,
inspirado na fragmentariedade do Direito Penal, em razão do prejuízo aos cofres públicos, por identificar maior
reprovabilidade da conduta delitiva. Destarte, incabível o pedido de trancamento da ação penal, sob o fundamento
de inexistência de prejuízo expressivo para a vítima, porquanto, em se tratando de hospital universitário, os
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pagamentos aos médicos são provenientes de verbas federais. AgRg no HC 548.869-RS, Rel. Min. Joel Ilan Paciornik,
Quinta Turma, por unanimidade, julgado em 12/05/2020, DJe 25/05/2020
Para finalizar o estudo deste princípio, precisamos ainda fazer uma última diferenciação:
BAGATELA PRÓPRIA X BAGATELA IMPRÓPRIA1, o que faremos com a ajuda do Dizer o Direito.
Enquanto para a infração bagatelar própria já nasce irrelevante por se tratar de conduta
materialmente atípica, “a infração bagatelar imprópria é aquela que nasce relevante para o Direito
penal, mas depois se verifica que a aplicação de qualquer pena no caso concreto apresenta-se
totalmente desnecessária” (GOMES, Luiz Flávio; Antonio Garcia-Pablos de Molina. Direito Penal Vol. 2,
São Paulo: RT, 2009, p.305).
Em outras palavras, o fato é típico, tanto do ponto de vista formal como material. No entanto,
em um momento posterior à sua prática, percebe-se que não é necessária a aplicação da pena. Logo,
a reprimenda não deve ser imposta, deve ser relevada (assemelhando-se ao perdão judicial).
Porém, ao contrário do instituto mencionado, as situações em que a bagatela imprópria é
aplicável não estão expressamente previstas.
Segundo LFG, este instituto possui fundamento legal no direito brasileiro (porém, de forma
implícita e “genérica” – termos nossos). Trata-se do art. 59 do CP que prevê que o juiz deverá aplicar a
pena “conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime”.
1 Fonte: https://dizerodireitodotnet.files.wordpress.com/2015/01/ebook-princc3adpio-da-insignificc3a2ncia-vf.pdf
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Dessa forma, se a pena não for mais necessária, ela não deverá ser imposta (princípio da
desnecessidade da pena conjugado com o princípio da irrelevância penal do fato).
A bagatela imprópria foi acolhida pela 5ª Turma do STJ, confirmando decisão da 1ª e 2ª
instâncias judiciais no AgRg no AREsp 1423492 / RN (decisão publicada 29/05/2019)
Tema quente!
Para a Defensoria do RJ esse é um tema extremamente atual e relevante, razão pelo qual deve
ser estudado com profundidade. Há inúmeras notícias no site da Defensoria Pública do Estado
do Rio de Janeiro, das atuações dos defensores de varas criminais, inclusive com atuação no
STF. Importante estudar também sobre casos em que mesmo com uma proposta de acordo de
não persecução penal, trata-se de caso de absolvição por força da aplicação da Insignificância.
Conforme caso noticiado no dia 09/02/20232
Para que ocorra o delito, é imprescindível a efetiva lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico
tutelado. O direito penal não deve se ocupar de questões éticas, morais, religiosas, políticas, filosóficas.
Em razão do princípio da lesividade, PROÍBE-SE:
- A criminalização de pensamentos e cogitações (direito à perversão)
- A criminalização de condutas que não tenham caráter transcendental (vedação à autolesão).
2 Justiça absolve homem que furtou itens alimentícios em mercado - Site DPGERJ - Notícia veiculada no dia 09/02/2023
<https://defensoria.rj.def.br/noticia/detalhes/22880-Justica-absolve-homem-que-furtou-itens-alimenticios-em-mercado>
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Relacionado a este ponto está o princípio da alteridade: o Direito Penal se preocupa apenas
com condutas que ultrapassam a esfera pessoal do agente.
- A criminalização de meros estados existenciais (criminalização da pessoa pelo que ela é – ex:
revogação da contravenção de mendicância).
Crime de dano: exige efetiva lesão ao bem jurídico. (Ex.: homicídio, exige a lesão morte).
Crime de perigo: contenta-se com o risco de lesão ao bem jurídico. (Ex. abandono de incapaz/omissão
de socorro).
a. crime de perigo concreto - o risco de lesão deve ser demonstrado.
b. perigo abstrato: o risco de lesão é absolutamente presumido por lei.
Temos doutrina entendendo que o crime de perigo abstrato é inconstitucional, pois o perigo não pode
ser presumido, mas comprovado. Presumir-se prévia e abstratamente o perigo, significa, em última
análise, que o perigo não existe. Para os adeptos dessa corrente, os crimes de perigo abstrato violariam
o princípio da lesividade. Essa tese, no entanto, como já acima explanado, hoje não prevalece no STF.
No HC 104.410, o Supremo decidiu que a criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si
só, comportamento inconstitucional, mas proteção eficiente do Estado.
Ex.: Embriaguez ao volante – STF decidiu que o ébrio não precisa dirigir de forma anormal para
configurar o crime – bastando estar embriagado (crime de perigo abstrato).
Súmula 575, STJ: Constitui crime a conduta de permitir, confiar ou entregar a direção de veículo
automotor a pessoa que não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das situações previstas
no art. 310 do CTB, independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo de dano concreto na
condução do veículo.
Ex.: Arma desmuniciada – STF – jurisprudência atual – crime de perigo abstrato – demanda efetiva
proteção do Estado.
O Estado só pode incriminar condutas humanas voluntárias, fatos, atos lesivos. Ninguém pode
ser castigado por seus pensamentos, desejos ou meras cogitações ou estilo de vida. Esse princípio
busca impedir o direito penal do autor. Decorrência do princípio da lesividade.
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Encontra previsão no art. 5º, XXXIX da CFRB/88 e no art. 1º do CP: “Não há crime sem lei anterior
que o defina, nem pena sem prévia cominação legal”. Assim, a lei em sentido estrito tem o monopólio
na criação de crimes e cominação de penas – que só serão aplicados a condutas posteriores à sua
vigência, não podendo haver criação de crimes e penas por costumes ou analogias, tampouco
tipificação de condutas genéricas.
Ademais, a lei precisa ser anterior, escrita, estrita, certa (taxativa) e necessária.
A legalidade subdivide-se em:
A doutrina trabalha com uma dupla face do princípio da legalidade. Ora legitimando o Estado,
ora limitando esse poder de punir. Veja:
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2) Funções de garantia (face de garantia) – busca limitar o poder de punir do estado trazendo
garantias mínimas ao cidadão perante o estado. Exclui penas ilegais por exemplo. Nesse ponto,
o princípio da legalidade se desdobra em 4 máximas:
a) Lex scripta: A lex scripta proibi que se utilize dos costumes como fonte incriminadora do direito
penal
b) Lex stricta: proibição do emprego da analogia in malan partem
c) Lex Praevia: Representa o princípio da anterioridade penal: veda a criminalização ex post facto
d) Lex certa (aspecto material do princípio da legalidade): A lex certa materializa a proibição de o
legislado formular tipos penais genéricos, vazios, vagos, etc. (Princípio da taxatividade)
Caiu no MPE-PR (2017) - Dentre as proibições derivadas do princípio da legalidade, a fórmula lex scripta
representa a proibição do costume como fundamento de criminalização ou de punição de condutas, e
a fórmula lex certa representa a proibição de indeterminação, de forma a excluir a indefinição e a
obscuridade de leis penais – ASSERTIVA CORRETA!
CESPE/2019: A norma penal deve ser instituída por lei em sentido estrito, razão por que é proibida, em
caráter absoluto, a analogia no direito penal, seja para criar tipo penal incriminador, seja para
fundamentar ou alterar a pena. Item correto.
* ATENÇÃO: Medida provisória não pode criar crimes nem penas, mas STF admite para favorecer o réu
(RE 254818/PR).
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DIREITO PENAL
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* ATENÇÃO²: os princípios da reserva legal (estrita legalidade) e o da legalidade são considerados como
sinônimos por parte da doutrina, enquanto outra corrente defende que se diferenciam nos seguintes
aspectos:
Em que pese a criação de crimes e cominação de penas seja exclusiva da lei em sentido estrito,
a Constituição Federal estabelece mandados explícitos e implícitos de criminalização, ou seja, situações
em que é obrigatória a intervenção do legislador penal.
Conforme já afirmado pelo STF, “A Constituição de 1988 contém significativo elenco de normas
que, em princípio, não outorgam direitos, mas que, antes, determinam a criminalização de condutas
(CF, art. 5º, XLI, XLII, XLIII, XLIV; art. 7º, X; art. 227, § 4º)” (HC 102.087/MG).
Podem ser de duas espécies:
Tema recente: Até 2016, o crime de terrorismo ainda não tinha sido concretizado na legislação
brasileira. Pela Lei 13.260/16, houve o cumprimento desse mandado de criminalização.
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Assim como no crime de terrorismo, é em nome do Princípio da Legalidade que o Superior Tribunal de
Justiça afirma que, para que o agente seja processado por crime contra a humanidade, é necessária a
internalização do conceito na legislação pátria, não bastando que Tratados internacionais conceituem
o tema, mesmo que o Brasil já tenha manifestado sua adesão ao Diploma internacional:
#VAICAIR: O que seria mandado de criminalização por omissão? Consiste na hipótese do art. 5º, XLIII
da CF, que determina que a omissão, nos casos de crimes hediondos e equiparados, deve ser punida.
Exteriorizado nos mesmos dispositivos que podemos extrair o princípio da reserva legal.
De acordo com o princípio da anterioridade, a lei penal apenas se aplica a fatos praticados após
a sua entrada em vigor.
Daí, por consequência lógica, deriva a sua irretroatividade, não se aplicando a fatos pretéritos,
nem mesmo os praticados durante a vacatio legis, SALVO se benéfica ao acusado.
Nesse sentido, temos o art. 5º XL da CF, dispondo que “a lei penal não retroagirá, salvo para
beneficiar o réu”.
Tem previsão no art. 8º, 4 do Pacto de São José da Costa Rica, incorporado ao nosso
ordenamento jurídico pelo Dec. 678/1992.
Proíbe que o agente seja punido duas vezes pelo mesmo fato, inclusive sopesando a mesma
situação ou circunstância para agravar a pena em mais de um momento da dosimetria. Como exemplo,
temos a Súmula 242 do STJ proíbe o uso de uma única reincidência como circunstância judicial
desfavorável e como agravante, pois haveria violação a este princípio.
Idealizado por Hans Welzel, este princípio traz a ideia de que ainda que uma conduta seja formal
e materialmente típica, não poderá ser considerada típica, caso ela seja socialmente adequada, ou seja,
não afronte o sentimento social de justiça.
Comporta duas vertentes, reduzindo a abrangência do tipo penal.
1. Se o fato está de acordo com a norma, mas não está de acordo com o interesse social, a
conduta deverá ser tida como atípica.
2. Também deve ser direcionado ao legislador. Isso porque, se a conduta está de acordo com a
sociedade, o legislador não pode criminalizar esta conduta, orientando o parlamentar a como proceder
na definição dos bens jurídicos a ser tutelados.
Há 3 correntes sobre a natureza jurídica do princípio da adequação social:
1. Excludente da tipicidade (doutrina majoritária): A adequação social exclui a tipicidade
material da conduta, uma vez que não seria crime, pois a conduta não é socialmente
reprovável/é socialmente adequada. De acordo com Toledo, "a adequação social exclui
desde logo a conduta em exame do âmbito de incidência do tipo, situando-a entre os
comportamentos normalmente permitidos, isto é, materialmente atípicos". O autor cita o
exemplo de lesões corporais causadas por um pontapé em partidas de futebol.
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DIREITO PENAL
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Há forte crítica na doutrina acerca deste princípio, pelo fato de adotar um critério impreciso,
inseguro e relativo.
CESPE/2018 - A fim de garantir o sustento de sua família, Pedro adquiriu 500 CDs e DVDs piratas
para posteriormente revendê-los. Certo dia, enquanto expunha os produtos para venda em
determinada praça pública de uma cidade brasileira, Pedro foi surpreendido por policiais, que
apreenderam a mercadoria e o conduziram coercitivamente até a delegacia. Com referência a essa
situação hipotética, julgue o item subsequente. O princípio da adequação social se aplica à conduta de
Pedro, de modo que se revoga o tipo penal incriminador em razão de se tratar de comportamento
socialmente aceito.
Item incorreto
Proíbe-se o castigo penal pelo fato de outrem. Somente o condenado é que terá de se submeter
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DIREITO PENAL
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Não basta que o fato seja materialmente causado pelo agente, o agente somente pode ser
responsabilizado se o fato tiver sido querido, assumido ou previsto. Não há responsabilidade penal sem
dolo ou culpa.
Só pode o Estado impor sanção penal ao agente imputável (penalmente capaz), com potencial
consciência da ilicitude (possibilidade de conhecer o caráter ilícito do comportamento), quando dele
exigível conduta diversa (podendo agir de outra forma).
Temos doutrina anunciado dois CASOS de responsabilidade penal objetiva (autorizados por lei):
1º Embriaguez voluntária - Crítica: A teoria da actio libera in causa que permite a punição do
agente completamente embriagado, não sendo a embriaguez acidental, exige não somente
uma análise pretérita da imputabilidade, mas também da consciência e vontade do agente.
Exige responsabilidade subjetiva.
2º Rixa qualificada. *qualificado pela lesão grave e morte. Independentemente de quem tenha
causado a lesão ou morte, todos responderão pela rixa qualificada. Crítica: só responde pelo resultado
agravador, isto é, o crime de lesão, quem atuou com dolo, evitando-se responsabilidade penal objetiva
Exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o bem que é lesionado
ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que alguém pode ser privado (gravidade da pena).
Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, haverá desproporção. Ou seja, a pena
deve ser proporcional à gravidade do fato. O presente princípio apresenta uma dupla face, pois de um
lado proíbe o excesso (garantismo negativo), enquanto de outro lado não admite a proteção
insuficiente (garantismo positivo) – já estudamos também no tópico do garantismo.
Está atrelado ao princípio da dignidade da pessoa humana. Assim, a CF prevê, em seu art. 5º,
XLVII, que não haverá penas de morte (salvo em caso de guerra declarada), de caráter perpétuo, de
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Direito Penal – Parte Geral – Volume 1 – 13ª edição – Cleber Masson;
- Sinopse nº1 – Direito Penal – Parte geral – 7ª edição – Alexandre Salim e Marcelo André de Azevedo;
- Nucci, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 6ed. São Paulo: RT, 2016.
- André Estefam e Victor Eduardo Rios Gonçalves. – 7. ed. – São Paulo: Saraiva Educação, 2018. (Coleção
esquematizado/coordenador Pedro Lenza)
- Dizer o Direito (https://www.dizerodireito.com.br/);
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- Suas funções
03. Diferencie:
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06. Diferencie:
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07. Conceitue:
08. Diferencie:
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- Conceito
- Máximas do garantismo
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Velocidade 1
Velocidade 2
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Velocidade 3
Velocidade 4
Velocidade 5
Da intervenção mínima
Da ofensividade
Da alteridade
Da materialização do fato
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Da reserva legal
Da anterioridade
Da adequação social
Da responsabilidade pessoal
Da responsabilidade subjetiva
Da culpabilidade
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Da proporcionalidade
Da confiança
- Conceito
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- Diferencie:
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QUESTÕES PROPOSTAS
a) Na teoria luhmanniana, o observador deve ser tido por pressuposto para que seja possível diferenciá-lo de
uma forma geral e ontológica em relação ao objeto de estudo.
b) A teoria dos sistemas visa encontrar o conhecimento final sobre a sociedade, utilizando a contingência como
o redutor da complexidade.
c) O sistema social se diferencia pela comunicação. É a diferença que faz a diferença desse sistema em relação
ao meio.
d) A teoria da seleção natural é perfeitamente compatível com os sistemas autopoiéticos, uma vez que se admite
que o meio será capaz de determinar um sentido positivo de evolução do sistema.
e) Considerando que não há comunicação sem consciência, o sistema social incorpora a consciência como parte
das suas operações através do encerramento operativo.
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a) é reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça em casos de violência doméstica e familiar contra mulher.
b) é aplicado, diante da ausência de previsão legal, por analogia o instituto do arrependimento posterior, com a
redução da pena de um terço a dois terços.
c) permite que o julgador deixe de aplicar a pena em razão desta ter se tornado desnecessária.
d) pressupõe para sua aplicação a existência de infração bagatelar própria.
e) possui reflexos na dosimetria da pena, como circunstância atenuante da pena.
O funcionalismo radical, defendido por Gunther Jakobs, baseia-se na premissa de que a função do direito penal
é a proteção dos bens jurídicos, sendo a conduta um comportamento humano voluntário causador de relevante
e intolerável lesão ou perigo de lesão do bem jurídico pela norma penal.
( ) Certo ( )Errado
Nenhum dos princípios que regem o direito penal veda a criminalização, pelo legislador, da tentativa de suicídio,
embora, no momento, esta conduta não esteja tipificada.
( ) Certo ( )Errado
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( ) Certo ( )Errado
( ) Certo ( )Errado
a) Quando o legislador encontra-se diante de um ente e tem interesse em tutelá-lo, é porque o valora. Sua
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valoração do ente traduz-se em uma norma, que eleva o ente á categoria de bem jurídico. Quando quer dar uma
tutela penal a esse bem jurídico, com base na norma elabora um tipo penal e o bem jurídico passa a ser
penalmente tutelado.
b) Não se concebe a existência de uma conduta típica que não afete um bem jurídico, posto que os tipos não
passam de particulares manifestações de tutela jurídica desses bens. Embora seja certo que o delito é algo mais
- ou muito mais - que a lesão a um bem jurídico, esta lesão é indispensável para configurar a tipicidade.
c) Bem jurídico penalmente tutelado é a relação de indisponibilidade de um indivíduo com um objeto, protegida
pelo Estado, que revela seu interesse mediante a tipificação penal de condutas que o afetam.
d) O bem jurídico cumpre duas funções, que são duas razões fundamentais pelas quais não podemos dele
prescindir: uma função garantidora e outra função teleológico-sistemática. Ambas funções são necessárias para
que o direito penal se mantenha dentro dos limites da racionalidade dos atos de governo, impostos pelo
princípio republicano.
a) o princípio da humanidade das penas veda que o réu permaneça algemado durante audiência de instrução e
julgamento, bem como que o condenado cumpra pena em estabelecimento prisional em localidade distante da
família.
b) o princípio da adequação social implica revogação da norma penal que estiver em desacordo à ordem social
estabelecida.
c) são princípios limitadores ao poder punitivo do Estado o da insignificância, o da fragmentariedade e o da
proporcionalidade.
d) são princípios constitucionais explícitos o da proporcionalidade, o da reserva legal e o da insignificância.
e) são princípios norteadores da aplicação e execução da pena o da legalidade, o da intranscendência da pena e
o da intervenção mínima do direito penal.
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a) O princípio da taxatividade, ou do mandado de certeza, preconiza que a lei penal seja concreta e determinada
em seu conteúdo, sendo vedados os tipos penais abertos.
b) O princípio da bagatela imprópria implica a atipicidade material de condutas causadoras de danos ou de
perigos ínfimos.
c) O princípio da subsidiariedade determina que o direito penal somente tutele uma pequena fração dos bens
jurídicos protegidos, operando nas hipóteses em que se verificar lesão ou ameaça de lesão mais intensa aos
bens de maior relevância.
d) O princípio da ofensividade, segundo o qual não há crime sem lesão efetiva ou concreta ao bem jurídico
tutelado, não permite que o ordenamento jurídico preveja crimes de perigo abstrato.
e) O princípio da adequação social serve de parâmetro ao legislador, que deve buscar afastar a tipificação
criminal de condutas consideradas socialmente adequadas.
( ) As orientações espiritualistas que foram influenciadas pela filosofia neokantiana, na esfera penal,
desenvolveram a concepção metodológica ou teleológico-metodológica de bem jurídico.
( ) O bem jurídico, conforme a diretriz do neokantismo, é entendido como um valor cultural, porém não situado
apenas no “plano social”, porque ao delito é atribuído valor econômico.
( ) A essência da noção de bem jurídico tutelado reside apenas na natureza dos bens e valores que a
determinaram, e não da descrição legal respectiva.
( ) A função teleológica ou interpretativa revela que o bem jurídico constitui o núcleo da norma e do tipo penal.
( ) Não há distinção entre a noção de bem jurídico e objeto da ação, uma vez que o objeto material é uma
característica comum a qualquer delito.
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é
a) V V V F V
b) V F V V F
c) V V F V F
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d) F V F V F
e) F F V F V
a) O denominado direito penal do inimigo, que tem como expoente Günther Jakobs, pode ser entendido como
um direito penal de segunda velocidade, restringindo garantias penais e processuais.
b) A terceira velocidade do direito penal, ligada à ideia de aplicação de penas alternativas, encontra amparo no
ordenamento penal brasileiro na Lei n. 9.099/1995.
c) A quarta velocidade do direito penal refere-se ao neopunitivismo, abrangendo aquelas pessoas que violaram
tratados e convenções internacionais de direitos humanos, ostentando a condição de Chefes de Estado, devendo
sofrer a incidência de normas internacionais.
d) A teoria da primeira velocidade do direito penal, fundada no respeito às garantias individuais, tinha a ideia de
um direito penal de mínima intervenção e sanções não privativas de liberdade.
e) A ideia de velocidades do direito penal foi concebida e sistematizada pelo professor Manuel Cancio Meliá.
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a) analógicos.
b) autênticos.
c) sociológicos.
d) gramaticais.
e) sintáticos.
a) punibilidade.
b) executividade.
c) tipicidade material.
d) ilicitude formal.
e) culpabilidade.
a) proporcionalidade.
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O direito penal, mediante a interpretação das leis penais, proporciona aos juízes um sistema orientador de
decisões que contém e reduz o poder punitivo, para impulsionar o progresso do estado constitucional de direito.
( ) Certo ( )Errado
Com relação ao fragmento de texto acima, aos princípios de direito penal e às teorias do bem jurídico, julgue o
item a seguir.
O fragmento em questão, seu autor, há já mais de duzentos anos, se referia ao que hoje se entende como
princípios jurídico-penais da intranscendência e da fragmentariedade.
( ) Certo ( )Errado
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Respostas3
3 01: C 02: B 03: C 04: E 05: E 06: C 07: E 08: C 09: C 10: C 11: E 12: C 13: D 14: C
15: C 16: C 17: C 18: D 19: C 20: E
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