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Belo Horizonte
2021
POLÍCIA CIVIL DO ESTADO DE MINAS GERAIS
ACADEMIA DE POLÍCIA CIVIL DE MINAS GERAIS
Coordenação Geral
Dra. Cinara Maria Moreira Liberal
Subcoordenação Geral
Dr. Marcelo Carvalho Ferreira
Coordenação Didático-Pedagógica
Rita Rosa Nobre Mizerani
Coordenação Técnica
Dr. Luiz Fernando da Silva Leitão
Conteudistas:
Dra Isabella Franca Oliveira
Dra Ana Paula Lamego Balbino
Produção do Material:
Polícia Civil de Minas Gerais
Revisão e Edição:
Divisão Psicopedagógica - Academia de Polícia Civil de Minas Gerais
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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 30
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Assim, o juiz pode determinar (artigo 22, inciso I) que a ofendida e seus
dependentes sejam encaminhados a programas oficiais ou comunitários destinados à
proteção ou atendimento à mulher em situação de violência. Isso para que haja um
apoio a ela e seus dependentes.
Ainda, poderá ser determinada a recondução ao lar da ofendida e de seus
dependentes por meio de auxílio policial, desde que haja o afastamento do agressor
(artigo 22, inciso II, da Lei 11.340 de 2006). Ou mesmo o seu afastamento do lar, sem
que haja prejuízo em relação aos direitos relativos à guarda e alimentos e bens
patrimoniais do casal (artigo 22, inciso III da mesma Lei).
Pode ser autorizada a saída da mulher da residência comum, sem prejuízo dos
direitos relativos a bens, guarda de filhos e alimentos (art. 23. III), não caracterizando,
caso os envolvidos sejam casados, abandono do lar, a servir de fundamento para
eventual ação de divórcio.
A Lei prevê também que, conforme dispõe o inciso IV, do artigo 22, poderá ser
determinada a separação de corpos, para que a vítima não permaneça no mesmo
ambiente que o agressor, resguardando assim sua integridade física e psicológica e
de sua família.
O art. 24 da Lei 11.340/2006 prevê medidas para a proteção patrimonial dos
bens da sociedade conjugal ou daqueles de propriedade particular da mulher,
podendo o juiz determinar, liminarmente, as seguintes medidas, entre outras:
I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor à ofendida;
II - proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra,
venda e locação de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicial;
III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor;
IV - prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e
danos materiais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a
ofendida.
Parágrafo único. Deverá o juiz oficiar ao cartório competente para os fins
previstos nos incisos II e III deste artigo.
Urge mencionar que as medidas que obrigam o agressor, as medidas
direcionadas para a proteção da mulher e de seus filhos e as medidas para proteção
patrimonial podem ser cumuladas.
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Em abril de 2018 foi sancionada a Lei 13.41/2018, que introduziu o artigo 24-A
na Lei 11.340 e criou o crime de descumprimento de medidas protetivas.
Antes da nova tipificação, no caso de descumprimento da medida protetiva e
aproximação do agressor ou seu retorno ao lar depois de judicialmente afastado, caso
a mulher em situação de violência acionasse a Polícia Militar, a prisão em flagrante só
poderia se dar caso houvesse novo fato típico, como uma nova ameaça ou agressão
física.
Deveria ser solicitada pela Autoridade Policial a prisão preventiva do agressor,
com fulcro no art. 313, inc. IV, do Código de Processo Penal, devendo o magistrado
analisar o pedido, inclusive muitos entendiam que o descumprimento sem ofensa à
ordem pública ou sem fato típico não seria motivo para decretação da prisão
preventiva.
Em sua exposição de motivos, o projeto de Lei traz como por objetivo dirimir
controvérsia instalada no sistema de Justiça acerca da tipicidade da desobediência na
hipótese de descumprimento das medidas protetivas, bem como oferecer maior
proteção à vítima, criando uma punição mais rigorosa para o agressor, tendo em vista
que antes da edição da lei era muito mais dificultoso para a mulher noticiar o
descumprimento, devendo procurar a Defensoria Pública ou o Ministério Público para
esse fim.
Com a Lei 13.41/2018, o descumprimento de medidas protetivas passou a ser
crime, conforme a seguir:
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de
urgência previstas nesta Lei:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º A configuração do crime independe da competência civil ou criminal do
juiz que deferiu as medidas.
§ 2º Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá
conceder fiança.
§ 3º O disposto neste artigo não exclui a aplicação de outras sanções
cabíveis.
Para que o delito seja caracterizado, o agressor deve ter sido devidamente
cientificado da decisão judicial.
O projeto de lei n.° 2450/2019, prevê que a intimação das medidas protetivas
de urgência previstas nos incisos I, II e III do art. 22 da Lei 11.340/2006 possa ser
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entregue pelo defensor da ofendida ou pelo agente policial nos casos urgentes, não
havendo disponibilidade imediata do oficial de justiça. Na exposição de motivos do
citado projeto, é ressaltada a importância da ciência da decisão que defere a medida
protetiva com a maior brevidade possível, possibilitando a caracterização do delito de
descumprimento, bem como garantindo a integridade física e psicológica da ofendida,
além de evitar a prática de novas violências contra a mulher.
A decisão deverá ser válida, ou seja, concedida por juiz competente e
devidamente fundamentada ou pela autoridade policial, que deverá comunicar ao juiz
no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, o qual deverá decidir em igual prazo pela
manutenção ou revogação das medidas protetivas, conforme artigo 12-C incluído na
Lei Maria da Penha através da Lei 13.827/2019.
Para que haja o descumprimento, não há necessidade de um novo episódio de
violência contra a mulher, bastando para sua configuração a simples desobediência à
ordem judicial concedida através de medida protetiva de urgência, como por exemplo,
retornar à residência mesmo após concedido o afastamento do agressor do lar, enviar
mensagens de forma insistente ou rondar a casa ou local de trabalho da vítima.
Nos casos de prisão em flagrante, a Autoridade Policial não poderá arbitrar
fiança, apesar da pena máxima ser de dois anos. Afasta-se a incidência do artigo 322
do Código de Processo Penal, o qual afirma que no caso de infrações em que a pena
privativa de liberdade não seja superior a 04 (quatro) anos, a autoridade policial
poderá conceder a fiança. No caso do crime de descumprimento de medida protetiva
de urgência, apenas a autoridade judicial poderá arbitrar a fiança, em respeito ao
princípio da especialidade.
De acordo com Mello e Paiva (2019), a lei garante pela reserva de jurisdição
uma análise mais aprofundada da situação antes de colocar o agressor em liberdade,
pois o juiz que acompanha o conflito deferiu as medidas protetivas de urgência tem,
em tese, maior conhecimento dos riscos e vulnerabilidades de cada caso.
A 3ª Turma Criminal do TJDFT decidiu que o consentimento da vítima não
desobriga o agressor de cumprir as medidas protetivas deferidas judicialmente, ou
seja, consentimento da vítima de violência doméstica quanto à permanência do
agressor na residência do casal, após o deferimento de medidas protetivas de
urgência, não afasta os efeitos da decisão judicial.
Há decisões judiciais que determinam que as medidas protetivas de urgência
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devem ser observadas tanto pela ofendida tanto pelo agressor, sob pena de incorrer
na prática do crime de descumprimento de medida protetiva, previsto no art. 24-A da
Lei 11.340/200. Assim, caso a mulher descumpra a medida protetiva deferida, poderá
ser responsabilizada pela prática do crimes de descumprimento.
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físico no prazo máximo de dez dias, podendo este prazo ser prorrogado em
casos excepcionais, mediante requerimento do perito;
III – instruir o laudo pericial com fotografias, mediante prévia
autorização da vítima ou de seu representante legal, informando a existência
de exames anteriores em relação à pericianda;
IV – observar, na elaboração dos laudos periciais, os termos da
Portaria do Diretor Técnico de Departamento, de 30-12-2014.
Artigo 6º - A Delegacia Geral de Polícia, o Comando Geral da Polícia Militar
e a Superintendência da Polícia Técnica-Científica editarão os atos
complementares, dentro de suas respectivas competências, para o
detalhamento do procedimento previsto nesta Resolução.
Artigo 7º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação,
revogadas as disposições em contrário.
Anexo à Resolução SSP-002, de 12-01-2017
Tabela de Fatores de Risco
1. Histórico de Violência Anterior entre o Mesmo Agressor e Vítima
2. Histórico de Violência pelo Agressor Contra Outras Pessoas
3. Uso de Álcool e/ou Drogas Ilícitas pelo Agressor
4. Transtorno ou Doença Mental pelo Agressor
5. Comportamento Controlador, Ciúmes ou Alegação de Traição
6. Separação ou Tentativa de Separação no Último Ano
7. Disputa Familiar (Por Bens ou Filhos)
8. Presença de Crianças ou Adolescentes no Núcleo Familiar
9. Agressor com Acesso a Arma de Fogo (Profissional de Segurança e
Outros)
10. Agressor Envolvido com Atividades Criminosas
11. Agressor já Descumpriu Anteriormente Ordem Judicial de Medidas
Protetivas de Urgência
12. Vítima com Dependência Econômica
13. Vítima com Fator de Vulnerabilidade (Criança, Adolescente, Idosa, com
Deficiência Etc)
14. Vítima sem Parentes Próximos ou Rede de Proteção
15. Vítima Gestante
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e ciúmes excessivos devem ser alerta para risco elevado de letalidade, mesmo que
não tenham sido contabilizadas muitas respostas positivas.
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REFERÊNCIAS
CUNHA, Rogério Sanches; PINTO, Ronaldo Batista. Violência doméstica (Lei Maria
da Penha): Lei 11.340/2006 comentado artigo por artigo. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2007.
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MELLO, Adriano Ramos, PAIVA, Lívia de Meira Lima (2019). Lei Maria da Penha na
Prática. São Paulo, 2019.
MELO, Mônica de; TELES Maria Amélia de Almeida. O que é violência contra a
mulher. São Paulo: Brasiliense, 2003, p. 24.
REPRODUÇÃO PROIBIDA.
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