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Aula 02

Legislação Penal e Processual Penal Especial p/ Polícia Civil-GO (Agente)

Professores: Marcos Girão, Paulo Guimarães


Legislação Penal e Processual Penal Especial para PC-GO
Teoria e exercícios comentados
Prof. Paulo Guimarães - Aula 02
AULA 02: Crimes de tortura. Crimes de Abuso de
autoridade (Lei nº 4.898/1965).

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autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera,
atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá
outras providências.

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SUMÁRIO PÁGINA
1. Crimes de tortura 2
2. O direito de representação e o processo de
responsabilidade administrativa civil e penal, nos casos 12
de abuso de autoridade (Lei n° 4.898/1965).
3. Resumo do concurseiro 25
4. Questões comentadas 32
5. Lista das questões apresentadas 52

Olá, amigo concurseiro! Nosso curso está andando


rapidamente e imagino que você está ganhando cada vez mais confiança
na preparação, não é mesmo? 
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Quero desde já chamar sua atenção para a necessidade de


estruturar uma boa estratégia de revisão. Claro que isso será mais
importante nos dias que antecederem a sua prova, mas desde já é bom
pensar nisso, ok?

Força! Bons estudos!

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1. CRIMES DE TORTURA

A Lei dos Crimes de Tortura é pequena, mas muito


importante. A Constituição Federal traz como princípio o repúdio à tortura
e às penas degradantes, desumanas e cruéis. Vejamos o que diz a nossa
Constituição sobre o assunto.

Art. 5°, III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento


desumano ou degradante;
[...]
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de
graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá -los,
se omitirem.

A tortura, portanto, é um crime inafiançável e insuscetível


de graça ou anistia. ATENÇÃO! O crime de tortura não é imprescritível!
Essa característica é aplicável apenas aos crimes de racismo e às ações
de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o
estado democrático.
Já houve decisão do STF no sentido de negar também a
aplicação do indulto a condenado por crime de tortura.
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A Constituição determina que o crime de tortura é


inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é
imprescritível.

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O STF também já decidiu que o condenado por crime de
tortura também não pode ser beneficiado com indulto.

A definição de tortura deve ser buscada na Convenção


Internacional contra a Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis,
Desumanos e Degradantes, aprovada pelas Nações Unidas em 1984 e
ratificada e promulgada pelo Brasil em 1991.

O termo tortura designa qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos


agudos, físicos ou mentais, são infligidos intencionalmente a uma
pessoa a fim de obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações ou
confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha
cometido ou seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta
pessoa ou outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza, quando tais dores ou sofrimentos
são infligidos por um funcionários público ou outra pessoa no
exercício de funções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu
consentimento ou aquiescência.

Podemos ver, portanto, que a tortura não resume à imposição


de dor física, mas também está relacionada ao sofrimento mental e
emocional. Essa agonia mental muitas vezes é chamada de tortura
limpa, pois não deixa marcas perceptíveis facilmente.
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Antes da Lei n° 9.455/1997 não havia qualquer definição legal


acerca do crime de tortura. O termo era mencionado em algumas leis,
mas de forma genérica e esparsa, de modo que a Doutrina nunca aceitou
que houvesse a tipificação do crime de tortura antes da referida lei.
A Lei da Tortura é muito criticada pela imprecisão na
tipificação do crimes. A lei foi votada às pressas e sem muita discussão no
Poder Legislativo, sob o impacto emocional no que aconteceu na Favela
Naval, em Diadema.

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Esse caso se refere a uma série de reportagens investigativas
conduzidas em 1997 acerca de condutas praticadas por policiais militares
na Favela Naval. Esses policiais foram filmados extorquindo dinheiro,
humilhando, espancando e executando pessoas numa blitz.
O fervor das discussões então levou à apresentação de um
projeto de lei que foi rapidamente aprovado pelo Poder Legislativo, sem
as discussões que seriam necessárias à elaboração de uma lei
tecnicamente bem feita.
Esse é o pano da fundo da história, mas isso obviamente não
interessa para a nossa prova, não é mesmo!? Vamos ao que realmente
interessa, que é a análise do texto legal.

Art. 1º Constitui crime de tortura:


I - constranger alguém com emprego de violência ou grave
ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
a) com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa;
b) para provocar ação ou omissão de natureza criminosa;
c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autoridade, com
emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico
ou mental, como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
preventivo. 01406544108

Pena - reclusão, de dois a oito anos.

A tortura, em qualquer de suas modalidades, é crime


material, pois só ha consumação com o próprio resultado: o sofrimento
da vítima. Pela mesma razão, podemos dizer que é possível a tentativa
e a desistência voluntária.
Além disso, não se admite o arrependimento eficaz e
nem o arrependimento posterior. O crime de tortura é de ação penal
pública incondicionada.

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CRIME DE TORTURA
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
É um crime material
É possível a tentativa e a desistência voluntária
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
Ação penal pública incondicionada

Pelo texto do art. 1°, podemos concluir que há diferentes


modalidades de tortura, a depender da intenção do agente criminoso.
Vejamos quais são essas modalidades, de acordo com a própria lei e a
Doutrina.

MODALIDADES DE TORTURA
Infligida com a finalidade de obter
TORTURA-PROVA ou TORTURA informação, declaração ou
PERSECUTÓRIA confissão da vítima ou de terceira
pessoa (inciso I, alínea “a”).
TORTURA PARA A PRÁTICA DE Infligida para provocar ação ou
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CRIME ou TORTURA-CRIME omissão de natureza criminosa.


TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou Infligida em razão de
TORTURA-RACISMO discriminação racial ou religiosa
Infligida como forma de aplicar
TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.

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Marquei de cor diferente a TORTURA-CASTIGO para que
você memorize uma característica diferente. O inciso II do art. 1° tipifica
a conduta daquele que inflige sofrimento a pessoa que esteja sob sua
guarda, poder ou autoridade, com finalidade de castigar.
Podemos concluir, portanto que a TORTURA-CASTIGO é um
crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem tenha o dever
de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima. Ao mesmo
tempo exige-se também uma condição especial do sujeito passivo, que
precisa estar sob a autoridade do torturador.
O exemplo de TORTURA-CASTIGO mais comum é o do agente
penitenciário que tortura presos, ou do pai que tortura os próprios filhos.
As demais modalidades de tortura são crimes comuns,
pois não se exige nenhuma qualidade especial do agente ou da vítima.

§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou


sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por
intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de
medida legal.

Esta é a TORTURA DA PRESO OU DE PESSOA SUJEITA A


MEDIDA DE SEGURANÇA. A tipificação específica de crime cometido
contra essas pessoas reforça o que determina a Lei do Abuso de
Autoridade e a própria Constituição Federal, que assegura “aos presos o
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respeito à integridade física e moral”.


Perceba que esta conduta é a única que não exige dolo
específico do agente. Basta que a pessoa presa ou sujeita a medida de
segurança seja submetida a sofrimento, não sendo exigida nenhuma
finalidade especial por parte do torturador.

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§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a
quatro anos.

Esta é a OMISSÃO PERANTE A TORTURA. Já sabemos que,


de acordo com o próprio Código Penal, a omissão só é penalmente
relevante “quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”.
A Doutrina critica duramente este dispositivo, pois ele apenas
criminaliza a omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar a
tortura, e não inclui aquele que, apesar de não ter o dever, tinha a
possibilidade de impedir o ato de tortura e não o fez.

Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA


aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz.

§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima,


a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta morte, a reclusão
é de oito a dezesseis anos.

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Estas são as hipóteses de TORTURA QUALIFICADA. Apenas


chamo sua atenção para as qualificadoras, que são o resultado lesão
corporal grave ou gravíssima, ou morte. A lesão corporal leve não é
qualificadora do crime de tortura.

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A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de


tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o
resultado morte.

Para esclarecer as questões acerca da natureza da lesão


corporal, é interessante que você relembre o teor do art. 129 do Código
Penal, que trata do tema. As hipóteses de lesão corporal grave estão
previstas no §1°, enquanto o §2° traz os casos de lesão corporal
gravíssima.

CP, Art. 129.


[...]
§ 1º Se resulta:
I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta
dias;
II - perigo de vida;
III - debilidade permanente de membro, sentido ou função;
IV - aceleração de parto: 01406544108

[...]
§ 2° Se resulta:
I - Incapacidade permanente para o trabalho;
II - enfermidade incurável;
III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente;
V - aborto:

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Agora voltaremos à Lei n° 9.455/1997 para analisar as causas
de aumento de pena para o crime de tortura.

§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço:


I - se o crime é cometido por agente público;
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.

A definição de agente público deve ser tomada de forma


ampla, nos termos do Código Penal, que estabelece que, para efeito
penais, deve ser considerado funcionário público “aquele que, embora
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função
pública”.
Você já sabe que, nos casos em que a condição de agente
público é elementar do crime, não pode se aplicada esta agravante. Não
faria sentido, por exemplo, aplicar agravante à TORTURA-CASTIGO
infligida por agente penitenciário contra presos, pois, se o agente não
fosse funcionário público, não poderia haver o crime.
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente, são
consideradas crianças as pessoas que tenham menos de 12 anos,
enquanto adolescentes são aqueles que têm mais de 12 e menos de 18.
Por fim, a agravante relacionada ao sequestro é aplicável
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quando a vítima é sequestrada e, durante o sequestro, o agente comete


crime de tortura. Caso o agente cerceie a liberdade da vítima com a
finalidade única de infligir a tortura, não há que se falar em sequestro.

§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função ou


emprego público e a interdição para seu exercício pelo dobro do
prazo da pena aplicada.

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Este é um efeito extrapenal administrativo da
condenação. Caso o agente do crime de tortura seja funcionário público,
perderá seu cargo, função ou emprego e ficará interditado para seu
exercício pelo período equivalente ao dobro da pena.
O STF e o STJ já decidiram que esse efeito decore
automaticamente da condenação.

§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do §


2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado.

Para responder as questões de prova com precisão, é


importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n°
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a
tortura.
A mencionada lei estabelecia o cumprimento das penas
relativas aos crimes hediondos e equiparados em regime integralmente
fechado. Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que
houve derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos.
Em 2007 a Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje
todos os crimes hediondos e equiparados devem ter suas penas
cumpridas inicialmente em regime fechado, mas é possível a
progressão de regime.
A polêmica, porém, não acabou. O STJ tem afirmado, em
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julgados recentes, que não é obrigatório que o condenado por crime


de tortura inicie o cumprimento da pena em regime fechado. Esse
entendimento decorre do posicionamento do STF relacionado aos crimes
hediondos e equiparados, e entre os equiparados está o crime de tortura.

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DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DE PENA NO
CRIME DE TORTURA.
Não é obrigatório que o condenado por crime de tortura inicie o
cumprimento da pena no regime prisional fechado. Dispõe o art. 1º,
§ 7º, da Lei 9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e dá outras
providências – que “O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a
hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em regime fechado”.
Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário do STF, ao julgar o HC
111.840-ES (DJe 17.12.2013), afastou a obrigatoriedade do
regime inicial fechado para os condenados por crimes hediondos e
equiparados, devendo-se observar, para a fixação do regime inicial de
cumprimento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP.
Assim, por ser equiparado a crime hediondo, nos termos do art. 2º, caput
e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que essa interpretação também
deve ser aplicada ao crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar a
regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997, que possui a mesma
disposição da norma declarada inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao
adotar essa posição, não se está a violar a Súmula Vinculante n.º 10, do
STF, que assim dispõe: "Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, art.
97) a decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare
expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder
público, afasta sua incidência, no todo ou em parte". De fato, o
entendimento adotado vai ao encontro daquele proferido pelo Plenário do
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STF, tornando-se desnecessário submeter tal questão ao Órgão Especial


desta Corte, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: "Os órgãos
fracionários dos tribunais não submeterão ao plenário, ou ao órgão
especial, a arguição de inconstitucionalidade, quando já houver
pronunciamento destes ou do plenário do Supremo Tribunal Federal sobre
a questão". Portanto, seguindo a orientação adotada pela Suprema Corte,
deve-se utilizar, para a fixação do regime inicial de cumprimento de pena,
o disposto no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ
e 719 do STF. Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes

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sumulares: "Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em
razão da sanção imposta, com base apenas na gravidade abstrata do
delito." (Súmula 440 do STJ) e "A imposição do regime de cumprimento
mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea."
(Súmula 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-PR, Quinta
Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado
em 13/5/2014.

Art. 2º O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não


tenha sido cometido em território nacional, sendo a vítima brasileira ou
encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.

Em algumas situações, a Lei de Tortura pode ser aplicada


mesmo fora do território nacional:
- Quando a vítima do crime for brasileira;
- Quando o agente se encontre em local em que a lei
brasileira seja, em geral, aplicável.

Encerramos aqui nosso estudo dos crimes de tortura.

2. CRIMES DE ABUSO DE AUTORIDADE (LEI Nº 4.898/1965)


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2.1. Introdução e aspectos gerais

Quando pensamos em abuso de autoridade, vem à nossa


mente logo a imagem de um policial excedendo seus poderes. Entretanto,
qualquer servidor público que tenha entre suas atribuições a
determinação de conduta pode cometer abuso de autoridade.

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Vejamos a definição de autoridade trazida pela Lei nº
4.898/1965.

Art. 5º Considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem


exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar,
ainda que transitoriamente e sem remuneração.

A definição trazida pela lei é bastante ampla, lembrando


bastante o conceito de funcionário público para fins penais, não é
mesmo?
Já houve questões anteriores que cobraram o conhecimento
dessa definição, então preste atenção. Pode ser considerado autoridade o
servidor público, o membro do Poder Legislativo (Senador, Deputado,
Vereador), o magistrado, o membro do Ministério Público (Promotor de
Justiça, Procurador da República), bem como o militar das Forças
Armadas, o Policial, o Bombeiro, etc.

Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se


autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza
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civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

O crime de abuso de autoridade é, via de regra, um atentado


contra as liberdades e garantias do cidadão. A própria Constituição
confere a qualquer pessoa, na qualidade de garantia individual, o direito
de petição contra o abuso de poder (art. 5°, XXXIV).

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Vamos agora estudar de forma mais profunda esse direito,
utilizando as definições e institutos trazidos pela Lei n° 4.898/1965,
conhecida como Lei do Abuso de Autoridade.

Art. 1º O direito de representação e o processo de


responsabilidade administrativa civil e penal, contra as autoridades
que, no exercício de suas funções, cometerem abusos, são regulados pela
presente lei.

Perceba que o objeto da lei não é apenas a responsabilidade


penal do servidor público que cometer abuso, mas também a
responsabilidade civil e a administrativa.

A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da


responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que
cometerem abusos.

Art. 2º O direito de representação será exercido por meio de


petição: 01406544108

a) dirigida à autoridade superior que tiver competência legal para


aplicar, à autoridade civil ou militar culpada, a respectiva sanção;
b) dirigida ao órgão do Ministério Público que tiver competência
para iniciar processo-crime contra a autoridade culpada.
Parágrafo único. A representação será feita em duas vias e conterá
a exposição do fato constitutivo do abuso de autoridade, com todas as
suas circunstâncias, a qualificação do acusado e o rol de
testemunhas, no máximo de três, se as houver.

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Já vimos que o direito de representação contra o abuso de
autoridade pode ser exercido por qualquer pessoa. Além disso, não é
necessária a assistência de advogado.
Perceba que a petição deve ser dirigida a duas autoridades
diferentes: uma é a autoridade superior àquela que cometeu o abuso, e
que tenha competência para apurar o ilícito e aplicar a sanção. Outra é o
Ministério Público, que detém competência constitucional para apurar
crimes e promover a ação penal contra os culpados.
Apesar de o dispositivo dar a entender que a persecução penal
do abuso de autoridade deve dar-se por meio de ação penal pública
condicionada à representação, a Lei n° 5.249/1967 deixa claro que o
abuso de autoridade é crime de ação penal pública incondicionada e,
portanto, não é necessário que haja a representação para que o Ministério
Público aja.
Os elementos formais que devem estar presentes na
representação são os seguintes:
- Exposição do fato;
- Qualificação do acusado;
- Rol de testemunhas (no máximo 3).

2.2. Crimes em espécie

Os crimes de abuso de autoridade em geral obedecem a um


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formato específico: o atentado aos direitos fundamentais. São, portanto,


crimes de perigo.
Estudaremos agora as condutas previstas no art. 3º, e logo
após as condutas do art. 4º.

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ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:


A liberdade é um direito fundamental tutelado por
diversos dispositivos constitucionais, e pressupõe
também princípio do nosso Direito Processual Penal:
À liberdade de locomoção o indivíduo apenas pode ser preso quando praticar
flagrante delito, mediante ordem judicial ou em
hipóteses de prisão administrativa aplicáveis apenas
aos militares.
A Constituição qualifica a casa como “asilo inviolável
do indivíduo” e proíbe a entrada sem o
consentimento do morador, salvo em quatro
hipóteses:
- Flagrante delito;
- Desastre;
À inviolabilidade do domicílio
- Para prestar socorro;
- Durante o dia, por determinação judicial.
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito de
casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o
local não aberto ao público onde é exercida
atividade profissional.
A Constituição estabelece que “é inviolável o sigilo
da correspondência e das comunicações
telegráficas”.
Ao sigilo da correspondência A Jurisprudência já relativizou essa garantia,
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aceitando, por exemplo, que a correspondência


destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente do
estabelecimento prisional.

A liberdade de consciência e de crença também é


considerada inviolável pela Constituição. Essa noção
À liberdade de consciência e também já foi relativizada pela Jurisprudência: hoje
de crença e ao livre exercício do já é pacífico que as manifestações religiosas não
culto religioso podem ofender outros direitos fundamentais, a
exemplo do direito à vida, à liberdade, à integridade
física, etc.

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A Constituição assegura o direito de associaç ão,
independentemente de autorização estatal. A
À liberdade de associação exceção fica por conta da proibição constitucional às
associações de caráter paramilitar e com fins
ilícitos.
O voto é um direito fundamental de todo cidadão
Aos direitos e garantias legais
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das
assegurados ao exercício do
eleições também são tipificados como crimes de
voto
responsabilidade.

A Constituição assegura o direito de reunião, desde


que as pessoas reúnam-se de forma pacífica e sem
armas, e não frustrem uma reunião anteriormente
Ao direito de reunião
convocada para o mesmo local. Apenas para fins de
organização do Poder Público, é necessário
comunicar previamente a ocorrência de reunião.

À incolumidade física do Não só a violência física, mas também a violência


indivíduo psicológica pode caracterizar o abuso de autoridade.

A liberdade de profissão também é assegurada pela


Constituição, desde que sejam atendidas as
Aos direitos e garantias legais
qualificações profissionais estabelecidas em lei. Para
assegurados ao exercício
exercer a advocacia, por exemplo, é requisito legal
profissional
ser bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros
da OAB.

ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS


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Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:


Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a
Ordenar ou executar medida
liberdade. As formalidades legais mencionadas
privativa da liberdade
estão relacionadas, via de regra, à exigência de
individual, sem as formalidades
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em
legais ou com abuso de poder
flagrante delito e à prisão administrativa militar.

Submeter pessoa sob sua guarda Vexame é uma humilhação, uma vergonha
ou custódia a vexame ou a infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele
constrangimento não cometido pelo agente público que detém autoridade
autorizado em lei (poder de guarda) sobre outra pessoa.

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Deixar de comunicar, A Constituição determina que a prisão de qualquer
imediatamente, ao juiz pessoa deve ser comunicada imediatamente à
competente a prisão ou autoridade judicial competente e à família do
detenção de qualquer pessoa preso.

Obviamente esta conduta somente pode ser


Deixar o Juiz de ordenar o
praticada por magistrado, e também ofende um
relaxamento de prisão ou
dispositivo constitucional, que determina que a
detenção ilegal que lhe seja
“prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
comunicada
autoridade judiciária”.

A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a


Levar à prisão e nela deter quem liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a lei
quer que se proponha a prestar determina que a autoridade deve arbitrar uma
fiança, permitida em lei fiança, e nesse caso se ela for paga não há razão
para negar a liberdade.

Cobrar o carcereiro ou agente de Esta conduta é praticada pela autoridade que cobra
autoridade policial carceragem, valores indevidos dos presos. Normalmente essas
custas, emolumentos ou cobranças estão relacionadas à concessão de certos
qualquer outra despesa, desde privilégios, ou à “vista grossa” feita a ilícitos
que a cobrança não tenha apoio praticados dentro da prisão.
em lei, quer quanto à espécie
quer quanto ao seu valor

Recusar o carcereiro ou agente


de autoridade policial recibo de
importância recebida a título
de carceragem, custas,
emolumentos ou de qualquer
outra despesa
01406544108

Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de


O ato lesivo da honra ou do
autoridade praticados de forma ofensiva à honra e
patrimônio de pessoa natural ou
ao patrimônio da pessoa. É o caso, por exemplo,
jurídica, quando praticado c om
do agente de trânsito que, em vez de apenas
abuso ou desvio de poder ou sem
aplicar a multa devida, profere xingamentos contra
competência legal
o motorista que pratica irregularidade.
Prolongar a execução de prisão A prisão temporária pode durar no máximo 5 dias
temporária, de pena ou de (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, se
medida de segurança, deixando não foi decretada a prisão preventiva, o próprio
de expedir em tempo oportuno delegado deve providenciar o alvará de soltura.

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ou de cumprir imediatamente Também comete crime de abuso o juiz que não
ordem de liberdade emite ordem para que seja solto o preso que
cumpriu sua pena, bem como o dirigente do
estabelecimento prisional que não cumpre a ordem.

Para concluirmos nosso estudo das condutas relacionadas ao


abuso de autoridade, chamo sua atenção para o conteúdo da Súmula
Vinculante nº 11, do STF, editada em meio a uma grande controvérsia
gerada pela anulação de um julgamento em razão do uso de o réu estar
algemado durante a sessão.

SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF


Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e
do Estado - Nulidades
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,
sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

2.3. Sanções

01406544108

A Lei do Abuso de Autoridade traz a possibilidade da aplicação


de sanções administrativas, civis e penais. Estudaremos agora as sanções
aplicáveis em cada uma das esferas.
Para compreendermos as sanções administrativas, precisamos
ter atenção a alguns aspectos relacionados ao Direito Administrativo, e
também precisamos lembrar, em nossa análise, que a lei que estamos
estudando é de 1965 e, portanto, pode ser necessário um esforço
interpretativo direcionado à atualização dos institutos por ela
mencionados.

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ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
Advertência Apenas verbal.

Repreensão Por escrito.

Suspensão do cargo, função


ou posto por prazo de 5 a O agente deixa de exercer o cargo por um período
180, com perda de determinado, sem percepção de remuneração.
vencimentos e vantagens

Devemos entender que se trata da destituição de


Destituição de função função de confiança ou de cargo em comissão. É
uma penalidade equivalente à demissão.

É a penalidade mais gravosa prevista na Lei nº


Demissão 8.112/1990, e consiste na perda de vínculo do
servidor com a Administração Pública.

Esta modalidade de demissão era prevista no antigo


estatuto dos servidores civis federais. Atualmente,
ainda existe na Lei nº 8.429/1992, para a hipótese
Demissão, a bem do serviço de demissão em razão de não entrega ou entrega
público fraudulenta de declaração de bens para posse e na
Lei nº 8.026/1990, a qual definiu dois ilícitos
funcionais contra a Fazenda Nacional e para eles
previu tal pena de demissão.

Quando a autoridade administrativa competente para aplicar a


sanção receber a representação, deve determinar a instauração de
inquérito para apurar o fato. Esse inquérito deve obedecer às normas
01406544108

próprias de cada esfera federativa, devendo a sanção ser anotada nos


assentamentos funcionais.

Vejamos agora o que a Lei do Abuso de Autoridade determina


a respeito das sanções civis aplicáveis.

Art. 6º, § 2º A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do
dano, consistirá no pagamento de uma indenização de quinhentos a dez
mil cruzeiros.

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Hoje o valor determinado pela lei para a indenização civil


obviamente não é mais aplicável. Na realidade, o estabelecimento de
valores absolutos por meio de lei merece duras críticas, pois a
Jurisprudência é pacífica no sentido de que em casos como esses não
deve ser aplicada correção monetária.
Para aplicar uma sanção civil hoje, o ofendido deve recorrer
ao Poder Judiciário, que determinará o valor a ser pago a título de
indenização, seguindo o regramento comum, constante do Código de
Processo Civil.

ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES PENAIS


Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente
Mais uma vez a lei trata de valores, que
não são aplicáveis hoje. Hoje tem sido
Multa de cem a cinco mil cruzeiros aplicada a regra de cálculo de multas do
Código Penal, utilizando-se os dias-multa
para determinar o montante.
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei.

Perda do cargo e a inabilitação para o


exercício de qualquer outra função pública
por prazo até 3 anos
Quando o abuso for cometido por agente
de autoridade policial, civil ou militar,
de qualquer categoria, poderá ser Esta é uma pena específica, aplicável
01406544108

cominada a pena autônoma ou acessória, somente quando o abuso de autoridade for


de não poder o acusado exercer funções cometido por policial civil ou militar.
de natureza policial ou militar no município
da culpa, por prazo de um a cinco anos.

2.4. Processo penal

Como regra geral, os crimes de abuso de autoridade são


considerados de menor potencial ofensivo, sendo processados perante os

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Juizados Especiais Criminais, por meio do procedimento sumaríssimo,
criado pela Lei nº 9.099/1995.
Para os casos em que o procedimento sumaríssimo não é
aplicável, a própria Lei do Abuso de Autoridade traz procedimento próprio.

Art. 12. A ação penal será iniciada, independentemente de


inquérito policial ou justificação por denúncia do Ministério Público,
instruída com a representação da vítima do abuso.
Art. 13. Apresentada ao Ministério Público a representação da vítima,
aquele, no prazo de quarenta e oito horas, denunciará o réu, desde que
o fato narrado constitua abuso de autoridade, e requererá ao Juiz a sua
citação, e, bem assim, a designação de audiência de instrução e
julgamento.
§ 1º A denúncia do Ministério Público será apresentada em duas vias.

Lembre-se de que a ação penal é pública incondicionada,


não sendo necessário que haja inquérito policial e nem representação da
vítima.
Caso haja representação da vítima, a denúncia deve ser
apresentada no prazo de 48h. Essa regra demonstra a urgência
conferida pela lei à apuração dos crimes de abuso de autoridade.
Perante a inércia do Ministério Público, a própria lei permite a
apresentação da ação penal privada subsidiária da pública. O
01406544108

Ministério Público poderá, porém, aditar a queixa, repudiá-la e oferecer


denúncia substitutiva, além de intervir em todos os termos do processo,
interpor recursos e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante,
retomar a ação como parte principal.

Art. 14. Se a ato ou fato constitutivo do abuso de autoridade houver


deixado vestígios o ofendido ou o acusado poderá:

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a) promover a comprovação da existência de tais vestígios, por meio
de duas testemunhas qualificadas;
b) requerer ao Juiz, até setenta e duas horas antes da audiência de
instrução e julgamento, a designação de um perito para fazer as
verificações necessárias.

Caso haja vestígios do crime de abuso de autoridade, não é


necessário que haja perícia, sendo suficiente a oitiva de duas
testemunhas. Não há óbice, porém, à realização de perícia mediante
requerimento formulado pelo ofendido ou pelo acusado.

Art. 17. Recebidos os autos, o Juiz, dentro do prazo de quarenta e


oito horas, proferirá despacho, recebendo ou rejeitando a denúncia.
§ 1º No despacho em que receber a denúncia, o Juiz designará,
desde logo, dia e hora para a audiência de instrução e julgamento, que
deverá ser realizada, improrrogavelmente, dentro de cinco dias.
§ 2º A citação do réu para se ver processar, até julgamento final e
para comparecer à audiência de instrução e julgamento, será feita por
mandado sucinto que, será acompanhado da segunda via da
representação e da denúncia.

Perceba mais uma vez os prazos enxutos da lei. São apenas


48h para que o magistrado decida pelo aceitação ou rejeição da
01406544108

denúncia. Caso haja a aceitação, no despacho já deve constar a data e


hora da audiência, que deve ser realizada em no máximo 5 dias.
Caso o membro do Ministério Público requeira o arquivamento
do feito ao invés de oferecer a denúncia e o Juiz considerar as razões
improcedentes, deverá enviar a representação ao Procurador-Geral, para
que este ofereça a denúncia ou insista no arquivamento.
Por fim, temos as regras da lei quanto à realização da
audiência, nomeação de defensor, etc.

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Art. 22. Aberta a audiência o Juiz fará a qualificação e o


interrogatório do réu, se estiver presente.
Parágrafo único. Não comparecendo o réu nem seu advogado, o
Juiz nomeará imediatamente defensor para funcionar na audiência e nos
ulteriores termos do processo.
Art. 23. Depois de ouvidas as testemunhas e o perito, o Juiz dará a
palavra sucessivamente, ao Ministério Público ou ao advogado que houver
subscrito a queixa e ao advogado ou defensor do réu, pelo prazo de
quinze minutos para cada um, prorrogável por mais dez (10), a critério do
Juiz.
Art. 24. Encerrado o debate, o Juiz proferirá imediatamente a
sentença.

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3. RESUMO DO CONCURSEIRO

LEI Nº 9.455/1997

A Constituição determina que o crime de tortura é


inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, mas não é
imprescritível.
O STF também já decidiu que o condenado por crime de
tortura também não pode ser beneficiado com indulto.

CRIME DE TORTURA
CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS MODALIDADES
É um crime material
É possível a tentativa e a desistência voluntária
Não se admite arrependimento eficaz e nem arrependimento posterior
Ação penal pública incondicionada

MODALIDADES DE TORTURA
Infligida com a finalidade de obter
TORTURA-PROVA ou TORTURA informação, declaração ou
PERSECUTÓRIA confissão da vítima ou de terceira
pessoa (inciso I, alínea “a”).
TORTURA PARA A PRÁTICA DE 01406544108
Infligida para provocar ação ou
CRIME ou TORTURA-CRIME omissão de natureza criminosa.
TORTURA DISCRIMINATÓRIA ou Infligida em razão de
TORTURA-RACISMO discriminação racial ou religiosa
Infligida como forma de aplicar
TORTURA-CASTIGO castigo pessoal ou medida de
caráter preventivo.

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Apenas responde por OMISSÃO PERANTE A TORTURA
aquele que tinha o dever de agir para evitar o ato de tortura e não o faz.

A lesão corporal leve não é qualificadora do crime de


tortura. A TORTURA QUALIFICADA somente ocorre quando houver
como resultado lesão corporal grave ou gravíssima ou, ainda, o
resultado morte.

LEI Nº 4.898/1965

Para fins de apuração do abuso de autoridade, considera-se


autoridade quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza
civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

A Lei n° 4.898/1965 trata do direito de representação e da


responsabilidade administrativa, civil e penal das autoridades que
cometerem abusos.

ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:


A liberdade é um direito fundamental tutelado por
diversos dispositivos constitucionais, e pressupõe
também princípio do nosso Direito Processual Penal: o
01406544108

À liberdade de locomoção indivíduo apenas pode ser preso quando praticar


flagrante delito, mediante ordem judicial ou em
hipóteses de prisão administrativa aplicáveis apenas
aos militares.

A Constituição qualifica a casa como “asilo inviolável


do indivíduo” e proíbe a entrada sem o consentimento
do morador, salvo em quatro hipóteses:
À inviolabilidade do domicílio
- Flagrante delito;
- Desastre;
- Para prestar socorro;

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- Durante o dia, por determinação judicial.
A Jurisprudência já tem assentido que o conceito de
casa deve ser encarado de forma ampla, incluindo o
local não aberto ao público onde é exercida atividade
profissional.
A Constituição estabelece que “é inviolável o sigilo da
correspondência e das comunicações telegráficas”.
A Jurisprudência já relativizou essa garantia,
Ao sigilo da correspondência
aceitando, por exemplo, que a correspondência
destinada ao preso seja conhecida pelo dirigente do
estabelecimento prisional.
A liberdade de consciência e de crença também é
considerada inviolável pela Constituição. Essa noção
À liberdade de consciência e
também já foi relativizada pela Jurisprudência: hoje já
de crença e ao livre exercício
é pacífico que as manifestações religiosas não podem
do culto religioso
ofender outros direitos fundamentais, a exemplo do
direito à vida, à liberdade, à integridade física, etc.

A Constituição assegura o direito de associação,


independentemente de autorização estatal. A exceção
À liberdade de associação
fica por conta da proibição constitucional às
associações de caráter paramilitar e com fins ilícitos.

O voto é um direito fundamental de todo cidadão


Aos direitos e garantias legais
brasileiro. Atos atentatórios à sistemática das eleições
assegurados ao exercício do
também são tipificados como crimes de
voto
responsabilidade.

A Constituição assegura o direito de reunião, desde


que as pessoas reúnam-se de forma pacífica e sem
01406544108

armas, e não frustrem uma reunião anteriormente


Ao direito de reunião
convocada para o mesmo local. Apenas para fins de
organização do Poder Público, é necessário comunicar
previamente a ocorrência de reunião.

À incolumidade física do Não só a violência física, mas também a violência


indivíduo psicológica pode caracterizar o abuso de autoridade.

A liberdade de profissão também é assegurada pela


Aos direitos e garantias legais
Constituição, desde que sejam atendidas as
assegurados ao exercício
qualificações profissionais estabelecidas em lei. Para
profissional
exercer a advocacia, por exemplo, é requisito legal ser

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bacharel em Direito e estar inscrito nos quadros da
OAB.

ABUSO DE AUTORIDADE – CONDUTAS TÍPICAS

Art. 4º Constitui também abuso de autoridade:


Mais uma vez o bem jurídico tutelado aqui é a
Ordenar ou executar medida
liberdade. As formalidades legais mencionadas
privativa da liberdade
estão relacionadas, via de regra, à exigência de
individual, sem as formalidades
ordem judicial, exceto no que tange à prisão em
legais ou com abuso de poder
flagrante delito e à prisão administrativa militar.

Submeter pessoa sob sua guarda Vexame é uma humilhação, uma vergonha
ou custódia a vexame ou a infligida a uma pessoa. Esse abuso é aquele
constrangimento não cometido pelo agente público que detém autoridade
autorizado em lei (poder de guarda) sobre outra pessoa.
Deixar de comunicar, A Constituição determina que a prisão de qualquer
imediatamente, ao juiz pessoa deve ser comunicada imediatamente à
competente a prisão ou autoridade judicial competente e à família do
detenção de qualquer pessoa preso.

Obviamente esta conduta somente pode ser


Deixar o Juiz de ordenar o
praticada por magistrado, e também ofende um
relaxamento de prisão ou
dispositivo constitucional, que determina que a
detenção ilegal que lhe seja
“prisão ilegal será imediatamente relaxada pela
comunicada
autoridade judiciária”.

A regra do Direito Processual Penal brasileiro é a


Levar à prisão e nela deter quem liberdade provisória. Em alguns casos, porém, a lei
01406544108

quer que se proponha a prestar determina que a autoridade deve arbitrar uma
fiança, permitida em lei fiança, e nesse caso se ela for paga não há razão
para negar a liberdade.

Cobrar o carcereiro ou agente de


autoridade policial carceragem, Esta conduta é praticada pela autoridade que cobra
custas, emolumentos ou valores indevidos dos presos. Normalmente essas
qualquer outra despesa, desde cobranças estão relacionadas à concessão de certos
que a cobrança não tenha apoio privilégios, ou à “vista grossa” feita a ilícitos
em lei, quer quanto à espécie praticados dentro da prisão.
quer quanto ao seu valor

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Recusar o carcereiro ou agente
de autoridade policial recibo de
importância recebida a título
de carceragem, custas,
emolumentos ou de qualquer
outra despesa

Este tipo é muito amplo, e diz respeito a atos de


O ato lesivo da honra ou do
autoridade praticados de forma ofensiva à honra e
patrimônio de pessoa natural ou
ao patrimônio da pessoa. É o caso, por exemplo,
jurídica, quando praticado com
do agente de trânsito que, em vez de apenas
abuso ou desvio de poder ou sem
aplicar a multa devida, profere xingamentos contra
competência legal
o motorista que pratica irregularidade.

A prisão temporária pode durar no máximo 5 dias


Prolongar a execução de prisão (exceto nos crimes hediondos), ao fim dos quais, se
temporária, de pena ou de não foi decretada a prisão preventiva, o próprio
medida de segurança, deixando delegado deve providenciar o alvará de soltura.
de expedir em tempo oportuno Também comete crime de abuso o juiz que não
ou de cumprir imediatamente emite ordem para que seja solto o preso que
ordem de liberdade cumpriu sua pena, bem como o dirigente do
estabelecimento prisional que não cumpre a ordem.

SÚMULA VINCULANTE Nº 11 do STF


Uso de Algemas - Restrições - Responsabilidades do Agente e
do Estado - Nulidades
Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado
receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por
01406544108

parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito,


sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou
da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se
refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES ADMINISTRATIVAS


Advertência Apenas verbal.
Repreensão Por escrito.

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Suspensão do cargo, função ou O agente deixa de exercer o cargo por um período
posto por prazo de 5 a 180, determinado, sem percepção de remuneração.
com perda de vencimentos e
vantagens

Devemos entender que se trata da destituição de


Destituição de função função de confiança ou de cargo em comissão. É
uma penalidade equivalente à demissão.
É a penalidade mais gravosa prevista na Lei nº
Demissão 8.112/1990, e consiste na perda de vínculo do
servidor com a Administração Pública.
Esta modalidade de demissão era prevista no
antigo estatuto dos servidores civis federais.
Atualmente, ainda existe na Lei nº 8.429/1992,
Demissão, a bem do serviço para a hipótese de demissão em razão de não
público entrega ou entrega fraudulenta de declaração de
bens para posse e na Lei nº 8.026/1990, a qual
definiu dois ilícitos funcionais contra a Fazenda
Nacional e para eles previu tal pena de demissão.

ABUSO DE AUTORIDADE – SANÇÕES PENAIS


Essas penas podem ser aplicadas alternada ou cumulativamente
Mais uma vez a lei trata de valores, que não são
aplicáveis hoje. Hoje tem sido aplicada a regra
Multa de cem a cinco mil cruzeiros
de cálculo de multas do Código Penal, utilizando-
se os dias-multa para determinar o montante.
Detenção por 10 dias a 6 meses Não há pena de reclusão prevista na lei.

Perda do cargo e a inabilitação para 01406544108

o exercício de qualquer outra função


pública por prazo até 3 anos
Quando o abuso for cometido por
agente de autoridade policial,
civil ou militar, de qualquer
Esta é uma pena específica, aplicável somente
categoria, poderá ser cominada a
quando o abuso de autoridade for cometido por
pena autônoma ou acessória, de não
policial c ivil ou militar.
poder o acusado exercer funções de
natureza policial ou militar no
município da culpa, por prazo de um

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a cinco anos.

A seguir estão questões de concursos anteriores que tratam


dos assuntos que estudamos hoje. Ao final, incluí a lista das questões
sem os comentários. Estou disponível no fórum e no e-mail, ok? 

Grande abraço!

Paulo Guimarães
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4. QUESTÕES COMENTADAS

1. DEPEN – Agente Penitenciário – 2015 – Cespe. SITUAÇÃO


HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade
carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de
excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar
medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa
situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura.

COMENTÁRIOS: Neste caso não podemos dizer que houve tortura, pois
não houve dolo e nem sofrimento. Na realidade o caso trazido pela
questão é de crime de maus tratos, tipificado no art. 136 do Código Penal.

GABARITO: E

2. DPU – Defensor Público Federal – 2015 – Cespe. Caracteriza uma


das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego
de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial,
causando-lhe sofrimento mental.

COMENTÁRIOS: Corretíssimo! Essa modalidade é a tortura-racismo.

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GABARITO: C

3. SEAP-DF – Agente de Atividades Penitenciárias – 2015 –


Universa. A condenação por crime de tortura acarretará a perda do
cargo, da função ou do emprego público e a interdição, para seu
exercício, pelo triplo do prazo da pena aplicada.

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COMENTÁRIOS: Opa! Olha a pegadinha!!! Na realidade a interdição
deve perdurar pelo dobro do prazo da pena, e não pelo triplo!

GABARITO: E

4. PC-CE – Escrivão de Polícia – 2015 – VUNESP. O crime de tortura


(Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for
praticado

a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.


b) em concurso de pessoas
c) por motivos políticos.
d) contra mulher
e) por agente público.

COMENTÁRIOS: Aumenta-se a pena de um sexto até um terço nas


seguintes circunstâncias:
I - se o crime é cometido por agente público;
II - se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de
deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) anos;
III - se o crime é cometido mediante sequestro.

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GABARITO: E

5. DPE-RS – Defensor Público – 2014 – FCC. Sobre a Lei nº 9.455/97


(Crimes de Tortura), é correto afirmar que

a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada


para incidência do tipo penal específico de tortura previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA).

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b) há previsão legal de crime por omissão.
c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das
modalidades típicas previstas na lei.
d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o
condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado.
e) há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os
condenados por tortura.

COMENTÁRIOS: A alternativa A está incorreta porque o tipo penal do


ECA que tratava de tortura contra criança ou adolescente foi revogado
pela Lei de Tortura. Hoje a tortura praticada contra criança, gestante,
portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos s ujeita o
infrator a aumento de pena de um sexto até um terço. A alternativa B
está correta, pois a lei traz a previsão da tortura por omissão em seu art.
1o, §2o. As alternativas C e E estão incorretas porque na tortura por
omissão cabe a suspensão condicional do processo, uma vez que a pena
deste delito é de 1 a 4 anos de detenção. A alternativa D está incorreta
porque o STF já afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado.

GABARITO: B

6. DPE-PB – Defensor Público – 2014 – FCC. Com relação à tortura,


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cabe afirmar:

a) Genericamente trata-se de crime próprio.


b) Não está tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade
puramente discriminatória.
c) Na versão especificamente omissiva, trata-se de crime comum.
d) Trata-se de crime insuscetível de graça, porém não de anistia.
e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no
estrangeiro.

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COMENTÁRIOS: A alternativa A está incorreta porque, apesar de o crime
ser considerado comum na maior parte das suas modalidades, o art. 1o, II
traz uma modalidade própria do crime de tortura, assim como a tortura
por omissão. Isso também torna a alternativa C incorreta. A alternativa B
está incorreta por causa da previsão da tortura racismo (art. 1 o, I, “c”). A
alternativa D está incorreta porque a tortura é crime inafiançável e
insuscetível de graça e anistia, nos termos da Constituição Federal.

GABARITO: E

7. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Joaquim, agente


penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos
da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo
prazo de seis anos.

COMENTÁRIOS: A condenação por crime de tortura acarreta a perda do


cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada, nos termos do art. 1 o, §5o da Lei no
9.455/1997.

GABARITO: C 01406544108

8. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Um agente


penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia,
permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber
água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia
cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse
agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de
violência ou grave ameaça contra José.

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COMENTÁRIOS: Para responder corretamente a questão você precisa
conhecer o conteúdo do §1o do art. 1o da Lei de Tortura: “Na mesma pena
incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal”.

GABARITO: C

9. PRF – Agente – 2013 – Cespe. Para que um cidadão seja


processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que esse crime
deixe vestígios de ordem física.

COMENTÁRIOS: A palavra “prescindível” significa “dispensável”. A


assertiva, portanto, está dizendo que não é necessário que o crime de
tortura deixe vestígios de ordem física. Nada impede que a prova do
crime seja produzida de outras maneiras.

GABARITO: C

10. PC-BA – Delegado de Polícia – 2013 – Cespe. Determinado


policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à
01406544108

delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a


prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no
seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de
cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele nã o
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na
sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior,

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Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso
sofrimento físico e mental.

Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei


Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes.
Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é
imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as
agressões sofridas por Luciano.

COMENTÁRIOS: A Lei da Tortura não menciona em nenhum de seus


dispositivos a necessidade de exame de corpo de delito para que se
comprove que houve o crime. No exemplo dado na questão houve
inclusive tortura de natureza mental/emocional.

GABARITO: E

11. MPU – Técnico – 2010 – Cespe. O crime de tortura é inafiançável e


insuscetível de graça ou anistia.

COMENTÁRIOS: Esta é a letra da Constituição Federal, em seu art. 5º,


XLIII. O STF já decidiu que o indulto também não é aplicável no caso de
crime de tortura. Lembre-se também de que o crime de tortura não é
01406544108

imprescritível!

GABARITO: C

12. MPU – Técnico – 2010 – Cespe. É considerado crime de tortura


submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.

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COMENTÁRIOS: Esta é a Tortura-Castigo. Lembre-se de que esta
modalidade é crime próprio, pois somente pode ser praticado por quem
tenha o dever de guarda ou exerça poder ou autoridade sobre a vítima.
Ao mesmo tempo exige-se também uma condição especial do sujeito
passivo, que precisa estar sob a autoridade do torturador.

GABARITO: C

13. TJ-RO – Analista Judiciário – 2012 – Cespe (adaptada). A perda


da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da
condenação decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei
especial são de imposição facultativa do julgador, tratando-se de efeito
genérico da condenação.

COMENTÁRIOS: A perda da função pública e a interdição de seu


exercício são imediatas e obrigatórias, nos termos do §5° do art. 1° da
Lei n° 9.455/1997.

GABARITO: E

14. TJ-AC – Técnico Judiciário – 2012 – Cespe. Suponha que João,


01406544108

penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com


emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-
lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá
responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena
em regime inicial fechado.

COMENTÁRIOS: O crime de tortura exige um elemento subjetivo


específico: “obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de
terceira pessoa”; “provocar ação ou omissão de natureza criminosa”; “por

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motivo de discriminação racial ou religiosa”. O agente que inflige
sofrimento em outra pessoa por sadismo não comete crime de tortura,
mas sim de lesão corporal ou, a depender do caso, de homicídio tentado.

GABARITO: E

15. DPF – Agende da Polícia Federal – 2012 – Cespe. O policial


condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências
do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática
do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.

COMENTÁRIOS: A perda do cargo, emprego ou função pública é efeito


extrapenal administrativo da condenação, e não precisa ser declarado
pelo juiz.

GABARITO: C

16. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. Não se estende ao crime


de tortura a admissibilidade de progressão no regime de execução da
pena aplicada aos demais crimes hediondos.
01406544108

COMENTÁRIOS: Para responder as questões de prova com precisão, é


importante conhecer, ao menos em parte, o conteúdo da Lei n°
8.072/1990, que trata dos crimes hediondos e equiparados, entre eles a
tortura. Essa lei estabelecia o cumprimento das penas relativas aos
crimes hediondos e equiparados em regime integralmente fechado.
Quando a Lei de Tortura foi promulgada, considerou-se que houve
derrogação parcial do dispositivo da Lei dos Crimes Hediondos. Em 2007 a
Lei dos Crimes Hediondos foi alterada, e hoje todos os crimes hediondos e

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equiparados devem ter suas penas cumpridas inicialmente em regime
fechado, mas é possível a progressão de regime.

GABARITO: E

17. PC-RN – Escrivão de Polícia Civil – 2009 – Cespe (adaptada).


Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do
distrito onde é chefe está sendo fisicamente torturado pelos colegas de
cela, permanecendo indiferente ao fato, não será responsabilizado
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.º 9.455/1997 não podem
ser praticados por omissão.

COMENTÁRIOS: O crime de tortura conta com uma modalidade


omissiva, prevista no §2° do art. 1°. Entretanto, apenas é criminalizada a
omissão daquele que tinha o dever de agir para evitar ou apurar a
ocorrência de atos de tortura.

§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o


dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a
quatro anos.

GABARITO: E 01406544108

18. PC-RN – Escrivão de Polícia Civil – 2009 – Cespe (adaptada).


Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte,
integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma
temporada de trabalho no Haiti — país que não pune o crime de tortura —
e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n.º 9.455/1997.

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COMENTÁRIOS: O art. 2° da Lei da Tortura determina que ela se aplica
ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional,
sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob
jurisdição brasileira.

GABARITO: E

19. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. Excetuando-se o


caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos
crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, iniciará
o agente condenado pela prática do crime de tortura o cumprimento da
pena em regime fechado.

COMENTÁRIOS: Já deu para perceber quais são os assuntos preferidos


do Cespe no que se refere à Lei de Tortura, não é mesmo? A assertiva
está correta em função do teor do §7° do art. 1°. Lembre-se da exceção!

GABARITO: C

20. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. No crime de tortura


em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a
01406544108

sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto


em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu
aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando,
portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta
descrita no tipo objetivo.

COMENTÁRIOS: A conduta do §1° do art. 1° é a única que não exige


dolo específico por parte do agente do crime de tortura.

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§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita
a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da
prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal.

GABARITO: C

21. PC-ES – Delegado de Polícia – 2011 – Cespe. Considere a


seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência
e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil,
utilizando para isso as instalações do quartel de sua corporação. A
intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um
suposto caso extraconjugal havido com sua esposa.

Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua


condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o
crime de tortura na forma tipificada em lei específica.

COMENTÁRIOS: Aqui estamos diante da Tortura-Prova ou Tortura


Persecutória: a tortura foi infligida com a finalidade de obter informação,
declaração ou confissão da vítima.

GABARITO: C 01406544108

22. MPE-RR – Promotor de Justiça – 2008 – Cespe. Daniel, delegado


de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes
de polícia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia
sido detida, sob a acusação de porte de arma e de entorpecentes. O
delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de
lavrar o auto de prisão em flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os

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agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes de terminavam ao
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietário da droga.
Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que
havia guardado a droga para um conhecido traficante da região. O
delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer
em relação aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes
policiais. Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma
que, sendo proferida sentença condenatória, ocorrerá, automaticamente,
a perda do cargo.

COMENTÁRIOS: Nesta hipótese foi praticada a tortura em sua


modalidade omissiva. Lembre-se de que este crime apenas pode ser
praticado por aquele que tinha o dever de evitar ou apurar o ato de
tortura e não o fez.

GABARITO: C

23. STJ – Analista Judiciário – 2008 – Cespe. O condenado pela


prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em
crimes dessa natureza. 01406544108

COMENTÁRIOS: Esta questão não diz respeito à Lei da Tortura, mas


achei interessante coloca-la aqui. O livramento condicional não pode ser
concedido nesse caso em função do art. 83 do Código Penal:

Art. 83 - O juiz poderá conceder livramento condicional ao


condenado a pena privativa de liberdade igual ou superior a 2 (dois) anos,
desde que
[...]

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V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação
por crime hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e
drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza.

GABARITO: C

24. DPF – Delegado de Polícia Federal – 2009 – Cespe. A prática do


crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em
assuntos religiosos dos cidadãos.

COMENTÁRIOS: Esta modalidade é chamada de Tortura Discriminatória


ou Tortura-Racismo, e é praticada em razão de discriminação religiosa ou
racial.

GABARITO: E

25. DEPEN – Agente Penitenciário – 2015 – Cespe. SITUAÇÃO


HIPOTÉTICA: Em seu local de trabalho, um servidor público federal,
agente de segurança, se desentendeu com um cidadão e desferiu um
01406544108

soco na direção do rosto deste, mas, por circunstâncias alheias à sua


vontade, foi bloqueado por outro colega de trabalho que segurou-lhe o
braço. ASSERTIVA: Nessa situação, o agente de segurança deverá
responder pelo delito de tentativa de abuso de autoridade.

COMENTÁRIOS: Neste caso podemos dizer que o agente público


incorreu na conduta prevista no art. 3o, “i”: atentado à incolumidade
física do indivíduo. Perceba que a conduta típica é o próprio atentado, e

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por isso não podemos falar em tentativa, mas sim em crime consumado
mesmo, pois a “tentativa” já é a conduta típica.

GABARITO: E

26. TCE-RN – Auditor – 2015 – Cespe. Conforme o entendimento do


STJ, ao acusado de crime de abuso de autoridade pode ser feita
proposta de transação penal.

COMENTÁRIOS: É verdade. O STJ já entendeu que é possível propor


a transação penal no crime de abuso de autoridade, pois a Lei n.
10.259/2001 não exclui da competência do Juizado Especial Criminal os
crimes que possuam rito especial.

GABARITO: C

27. AGU – Advogado – 2015 – Cespe. O crime de abuso de


autoridade, em todas as suas modalidades, é infração de menor
potencial ofensivo, sujeitando-se seu autor às medidas
despenalizadoras previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais
cíveis e criminais, desde que preenchidos os demais requisitos legais.
01406544108

COMENTÁRIOS: O abuso de autoridade sujeita o seu autor a sanções


civis, penais e administrativas. Dentre as sanções penais cominadas
consta a detenção de 10 dias a 6 meses. Por isso podemos dizer que se
trata de uma infração penal de menor potencial ofensivo, pois sua pena
máxima cominada não é superior a 2 anos, e, portanto, podem ser
aplicadas as medidas despenalizadoras previstas na Lei n o 9.099/1995.

GABARITO: C

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28. AGU – Advogado – 2015 – Cespe. Constitui abuso de
autoridade impedir que o advogado tenha acesso a processo
administrativo ao qual a lei garanta publicidade.

COMENTÁRIOS: Esta é uma das condutas previstas na lei, e consta no


art. 3o, “j”.

GABARITO: C

29. TJDFT – Juiz de Direito – 2014 – Cespe (adaptada). Entre as


sanções penais previstas na lei que dispõe sobre abuso de autoridade,
incluem-se a perda do cargo público e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo de até três anos.

COMENTÁRIOS: Exato! Perceba que a perda do cargo aí é sanção de


natureza penal, mesmo, e não administrativa. Cuidado para não se
confundir hein!?

GABARITO: C

30. TJ-AP – Analista Judiciário – 2014 – FCC. Com relação às sanções


01406544108

do abuso de autoridade previstas na Lei n o 4.898/1965, considere o


parágrafo 5o do artigo 6o da Lei de Abuso de Autoridade.

Art. 6o (...)

§ 5o Quando o ...... for cometido por agente de autoridade ...... , ...... ou


...... , de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena ...... ou ...... ,
de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no

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município da culpa, por prazo de um a cinco anos.
Completa correta e, respectivamente, a disposição:

a) crime - policial - civil - militar - alternativa - final


b) abuso - federal - estadual - municipal - principal - autônoma

c) crime - federal - portuária - rodoviária - autônoma - acessória

d) abuso - federal - estadual - municipal - alternativa - de reclusão

e) abuso - policial - civil - militar - autônoma - acessória

COMENTÁRIOS: Vamos relembrar a redação do § 5o?

§ 5º Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial,


civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena
autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de
natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco
anos.

GABARITO: E

31. MPE-SC – Promotor de Justiça – 2014 – MPE-SC. A Lei n.


4.898/65, que prevê os crimes de abuso de autoridade, é aplicável
inclusive aos que exercem cargo, emprego ou função pública de natureza
01406544108

civil, ainda que transitoriamente e sem remuneração.

COMENTÁRIOS: Perfeito! A aplicação da lei do abuso de autoridade não


depende de o vínculo ser efetivo e nem de que o agente público receba
remuneração.

GABARITO: C

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32. Câmara dos Deputados – Técnico Legislativo – 2014 – Cespe. A
sanção penal, em abstrato, prevista para o crime de abuso de autoridade
consiste em multa, detenção ou perda de cargo e inabilitação para o
exercício de função pública.

COMENTÁRIOS: O Cespe costuma considerar certas as assertivas


incompletas, como é o caso desta. As três sanções penais previstas na lei
são multa de cem a cinco mil cruzeiros; detenção por dez dias a seis
meses; e perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer
outra função pública por prazo até três anos. Essas penas podem ser
aplicadas isolada ou cumulativamente.

GABARITO: C

33. TJ-SE – Juiz – 2008 – Cespe. Acerca da Lei de Abuso de


Autoridade, Lei n.º 4.898/1965, assinale a opção correta.

a) A lei em questão contém crimes próprios e impróprios e admite as


modalidades dolosa e culposa.
b) Considera-se autoridade quem exerce, de forma remunerada, cargo,
emprego ou função pública ou particular, de natureza civil ou militar,
ainda que transitoriamente. 01406544108

c) No caso de concurso de agentes, o particular que é coautor ou partícipe


responde por outro crime, uma vez que a qualidade de autoridade é
elementar do tipo dos crimes de abuso.
d) Caso cumpra ordem manifestamente ilegal, o subordinado deverá
responder pelo crime de abuso de autoridade.
e) A competência para processar e julgar o crime de abuso de autoridade
praticado por policial militar em serviço é da justiça militar estadual.

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COMENTÁRIOS:
O erro da alternativa A está em afirmar que existem crimes culposos na
Lei do Abuso de Autoridade.
A alternativa B está incorreta porque afirma que autoridade é quem
exerce a função pública de forma remunerada. Na realidade, esse
exercício não precisa ser remunerado para que a figura da autoridade
esteja configurada.
A alternativa C está errada, pois a circunstância de o autor ser autoridade
é elementar do crime e, portanto, pode ser transmitida ao coautor ou
partícipe.
A alternativa D está correta, mas na época gerou muita polêmica, pois a
Lei do Abuso de Autoridade não trata diretamente da ordem
manifestamente ilegal. De toda forma, a banca não alterou o gabarito.
Quanto à alternativa E, o crime de abuso de autoridade não é delito
militar e, portanto, é de competência da Justiça comum. Este
posicionamento já foi corroborado pela Jurisprudência do STJ.

GABARITO: D

34. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. Os crimes de abuso


de autoridade serão analisados perante o Juizado Especial Criminal da
circunscrição onde os delitos ocorreram, salvo nos casos em que tiverem
01406544108

sido praticados por policiais militares.

COMENTÁRIOS: O STJ já confirmou que o crime de abuso de autoridade


não tem natureza militar e, portanto, é de competência da Justiça
comum. Como a maior pena prevista é a detenção pelo período de 6
meses, a competência para o processamento dos crimes é, como regra
geral, dos Juizados Especiais Criminais.

GABARITO: E

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35. TRE-MA – Analista Judiciário – 2009 – Cespe (adaptada).
Constitui abuso de autoridade qualquer atentado ao sigilo de
correspondência, ao livre exercício de culto religioso e à liberdade de
associação.

COMENTÁRIOS: A expressão “qualquer atentado” pode nos deixar na


dúvida, mas vamos relembrar o teor do art. 3° da Lei n° 4.898/1965:

Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:


a) à liberdade de locomoção;
b) à inviolabilidade do domicílio;
c) ao sigilo da correspondência;
d) à liberdade de consciência e de crença;
e) ao livre exercício do culto religioso;
f) à liberdade de associação;
g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto;
h) ao direito de reunião;
i) à incolumidade física do indivíduo;
j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
profissional.

GABARITO: C
01406544108

36. TRE-MA – Analista Judiciário – 2009 – Cespe (adaptada).


Compete à justiça militar processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, quando praticado em serviço.

COMENTÁRIOS: Já deu pra perceber que o Cespe gosta muito desse


assunto, não é mesmo? Pois bem, lembre-se de que, de acordo com a
Jurisprudência do STJ, o crime de abuso de autoridade não tem natureza
militar, e, portanto, deve ser processado pela Justiça comum.

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GABARITO: E

37. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Marcelo, agente


penitenciário federal, não ordenou o relaxamento da prisão de Bernardo,
o qual se encontra preso sob sua custódia. Bernardo foi preso
ilegalmente, fato esse que é de conhecimento de Marcelo. Nessa situação,
é correto afirmar que Marcelo cometeu crime de abuso de autoridade.

COMENTÁRIOS: Se você já estudou Processo Penal, esta questão ficou


fácil, não é mesmo? Agente Penitenciário não relaxa prisão de ninguém. A
conduta prevista no art. 4o, “d” da Lei no 4.898/1965 é seguinte: “deixar
o juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja
comunicada”.

GABARITO: E

01406544108

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5. QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS

1. DEPEN – Agente Penitenciário – 2015 – Cespe. SITUAÇÃO


HIPOTÉTICA: Um servidor público federal, no exercício de atividade
carcerária, colocou em perigo a saúde física de preso em virtude de
excesso na imposição da disciplina, com a mera intenção de aplicar
medida educativa, sem lhe causar sofrimento. ASSERTIVA: Nessa
situação, o referido agente responderá pelo crime de tortura.

2. DPU – Defensor Público Federal – 2015 – Cespe. Caracteriza uma


das espécies do crime de tortura a conduta consistente em, com emprego
de grave ameaça, constranger outrem em razão de discriminação racial,
causando-lhe sofrimento mental.

3. SEAP-DF – Agente de Atividades Penitenciárias – 2015 –


Universa. A condenação por crime de tortura acarretará a perda do
cargo, da função ou do emprego público e a interdição, para seu
exercício, pelo triplo do prazo da pena aplicada.

4. PC-CE – Escrivão de Polícia – 2015 – VUNESP. O crime de tortura


(Lei no 9.455/97) tem pena aumentada de um sexto até um terço se for
praticado

01406544108

a) ininterruptamente, por período superior a 24 h.


b) em concurso de pessoas
c) por motivos políticos.
d) contra mulher
e) por agente público.

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5. DPE-RS – Defensor Público – 2014 – FCC. Sobre a Lei nº 9.455/97
(Crimes de Tortura), é correto afirmar que

a) se a vítima da tortura for criança, a Lei nº 9.455/97 deve ser afastada


para incidência do tipo penal específico de tortura previsto no Estatuto da
Criança e do Adolescente (art. 233 do ECA).
b) há previsão legal de crime por omissão.
c) é inviável a suspensão condicional do processo para qualquer das
modalidades típicas previstas na lei.
d) o regramento impõe, para todos os tipos penais que prevê, que o
condenado inicie o cumprimento da pena em regime fechado.
e) há vedação expressa, no corpo da lei, de aplicação do sursis para os
condenados por tortura.

6. DPE-PB – Defensor Público – 2014 – FCC. Com relação à tortura,


cabe afirmar:

a) Genericamente trata-se de crime próprio.


b) Não está tipificada distintamente a conduta cometida com finalidade
puramente discriminatória.
c) Na versão especificamente omissiva, trata-se de crime comum.
d) Trata-se de crime insuscetível de graça, porém não de anistia.
e) Pode ser aplicada a lei brasileira ao crime praticado por brasileiro no
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estrangeiro.

7. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Joaquim, agente


penitenciário federal, foi condenado, definitivamente, a uma pena de três
anos de reclusão, por crime disposto na Lei n.º 9.455/1997. Nos termos
da referida lei, Joaquim ficará impedido de exercer a referida função pelo
prazo de seis anos.

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8. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Um agente
penitenciário federal determinou que José, preso sob sua custódia,
permanecesse de pé por dez horas ininterruptas, sem que pudesse beber
água ou alimentar-se, como forma de castigo, já que José havia
cometido, comprovadamente, grave falta disciplinar. Nessa situação, esse
agente cometeu crime de tortura, ainda que não tenha utilizado de
violência ou grave ameaça contra José.

9. PRF – Agente – 2013 – Cespe. Para que um cidadão seja


processado e julgado por crime de tortura, é prescindível que e sse crime
deixe vestígios de ordem física.

10. PC-BA – Delegado de Polícia – 2013 – Cespe. Determinado


policial militar efetuou a prisão em flagrante de Luciano e o conduziu à
delegacia de polícia. Lá, com o objetivo de fazer Luciano confessar a
prática dos atos que ensejaram sua prisão, o policial responsável por seu
interrogatório cobriu sua cabeça com um saco plástico e amarrou-o no
seu pescoço, asfixiando-o. Como Luciano não confessou, o policial deixou-
o trancado na sala de interrogatório durante várias horas, pendurado de
cabeça para baixo, no escuro, período em que lhe dizia que, se ele nã o
confessasse, seria morto. O delegado de polícia, ciente do que ocorria na
sala de interrogatório, manteve-se inerte. Em depoimento posterior,
Luciano afirmou que a conduta do policial lhe provocara intenso
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sofrimento físico e mental.

Considerando a situação hipotética acima e o disposto na Lei


Federal n.º 9.455/1997, julgue os itens subsequentes.
Para a comprovação da materialidade da conduta do policial, é
imprescindível a realização de exame de corpo de delito que confirme as
agressões sofridas por Luciano.

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11. MPU – Técnico – 2010 – Cespe. O crime de tortura é inafiançável e
insuscetível de graça ou anistia.

12. MPU – Técnico – 2010 – Cespe. É considerado crime de tortura


submeter alguém, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou
medida de caráter preventivo.

13. TJ-RO – Analista Judiciário – 2012 – Cespe (adaptada). A perda


da função pública e a interdição de seu exercício pelo dobro do prazo da
condenação decorrente da prática de crime de tortura previsto em lei
especial são de imposição facultativa do julgador, tratando-se de efeito
genérico da condenação.

14. TJ-AC – Técnico Judiciário – 2012 – Cespe. Suponha que João,


penalmente capaz, movido por sadismo, submeta Sebastião, com
emprego de violência, a contínuo e intenso sofrimento físico, provocando-
lhe lesão corporal de natureza gravíssima. Nessa situação, João deverá
responder pelo crime de tortura e, se condenado, deverá cumprir a pena
em regime inicial fechado.

15. DPF – Agende da Polícia Federal – 2012 – Cespe. O policial


condenado por induzir, por meio de tortura praticada nas dependências
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do distrito policial, um acusado de tráfico de drogas a confessar a prática


do crime perderá automaticamente o seu cargo, sendo desnecessário,
nessa situação, que o juiz sentenciante motive a perda do cargo.

16. DPU – Defensor Público – 2007 – Cespe. Não se estende ao crime


de tortura a admissibilidade de progressão no regime de execução da
pena aplicada aos demais crimes hediondos.

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17. PC-RN – Escrivão de Polícia Civil – 2009 – Cespe (adaptada).
Um delegado da polícia civil que perceba que um dos custodiados do
distrito onde é chefe está sendo fisicamente torturado pelos colegas de
cela, permanecendo indiferente ao fato, não será responsabilizado
criminalmente, pois os delitos previstos na Lei n.º 9.455/1997 não podem
ser praticados por omissão.

18. PC-RN – Escrivão de Polícia Civil – 2009 – Cespe (adaptada).


Se um membro da Defensoria Pública do Estado do Rio Grande do Norte,
integrante da Comissão Nacional de Direitos Humanos, for passar uma
temporada de trabalho no Haiti — país que não pune o crime de tortura —
e lá for vítima de tortura, não haverá como aplicar a Lei n.º 9.455/1997.

19. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. Excetuando-se o


caso em que o agente se omite diante das condutas configuradoras dos
crimes de tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, iniciará
o agente condenado pela prática do crime de tortura o cumprimento da
pena em regime fechado.

20. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. No crime de tortura


em que a pessoa presa ou sujeita a medida de segurança é submetida a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto
em lei ou não resultante de medida legal, não é exigido, para seu
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aperfeiçoamento, especial fim de agir por parte do agente, bastando,


portanto, para a configuração do crime, o dolo de praticar a conduta
descrita no tipo objetivo.

21. PC-ES – Delegado de Polícia – 2011 – Cespe. Considere a


seguinte situação hipotética. Rui, que é policial militar, mediante violência
e grave ameaça, infligiu intenso sofrimento físico e mental a um civil,
utilizando para isso as instalações do quartel de sua corporação. A

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intenção do policial era obter a confissão da vítima em relação a um
suposto caso extraconjugal havido com sua esposa.

Nessa situação hipotética, a conduta de Rui, independentemente de sua


condição de militar e de o fato ter ocorrido em área militar, caracteriza o
crime de tortura na forma tipificada em lei específica.

22. MPE-RR – Promotor de Justiça – 2008 – Cespe. Daniel, delegado


de polícia, estava em sua sala, quando percebeu a chegada dos agentes
de polícia Irineu e Osvaldo, acompanhados por uma pessoa que havia
sido detida, sob a acusação de porte de arma e de entorpecentes. O
delegado permaneceu em sua sala, elaborando um relatório, antes de
lavrar o auto de prisão em flagrante. Durante esse período, ouviu ruídos
de tapas, bem como de gritos, vindos da sala onde se encontravam os
agentes e a pessoa detida, percebendo que os agentes determinavam ao
detido que ele confessasse quem era o verdadeiro proprietário da droga.
Quando foi lavrar a prisão em flagrante, o delegado notou que o detido
apresentava equimoses avermelhadas no rosto, tendo declinado que
havia guardado a droga para um conhecido traficante da região. O
delegado, contudo, mesmo constatando as lesões, resolveu nada fazer
em relação aos seus agentes, uma vez que os considerava excelentes
policiais. Nessa situação, o delegado praticou o crime de tortura, de forma
que, sendo proferida sentença condenatória, ocorrerá, automaticamente,
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a perda do cargo.

23. STJ – Analista Judiciário – 2008 – Cespe. O condenado pela


prática de crime de tortura, por expressa previsão legal, não poderá ser
beneficiado por livramento condicional, se for reincidente específico em
crimes dessa natureza.

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24. DPF – Delegado de Polícia Federal – 2009 – Cespe. A prática do
crime de tortura torna-se atípica se ocorrer em razão de discriminação
religiosa, pois, sendo laico o Estado, este não pode se imiscuir em
assuntos religiosos dos cidadãos.

25. DEPEN – Agente Penitenciário – 2015 – Cespe. SITUAÇÃO


HIPOTÉTICA: Em seu local de trabalho, um servidor público federal,
agente de segurança, se desentendeu com um cidadão e desferiu um
soco na direção do rosto deste, mas, por circunstâncias alheias à sua
vontade, foi bloqueado por outro colega de trabalho que segurou-lhe o
braço. ASSERTIVA: Nessa situação, o agente de segurança deverá
responder pelo delito de tentativa de abuso de autoridade.

26. TCE-RN – Auditor – 2015 – Cespe. Conforme o entendimento do


STJ, ao acusado de crime de abuso de autoridade pode ser feita
proposta de transação penal.

27. AGU – Advogado – 2015 – Cespe. O crime de abuso de


autoridade, em todas as suas modalidades, é infração de menor
potencial ofensivo, sujeitando-se seu autor às medidas
despenalizadoras previstas na lei que dispõe sobre os juizados especiais
cíveis e criminais, desde que preenchidos os demais requisitos legais.

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28. AGU – Advogado – 2015 – Cespe. Constitui abuso de


autoridade impedir que o advogado tenha acesso a processo
administrativo ao qual a lei garanta publicidade.

29. TJDFT – Juiz de Direito – 2014 – Cespe (adaptada). Entre as


sanções penais previstas na lei que dispõe sobre abuso de autoridade,
incluem-se a perda do cargo público e a inabilitação para o exercício de
qualquer outra função pública por prazo de até três anos.

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30. TJ-AP – Analista Judiciário – 2014 – FCC. Com relação às sanções
do abuso de autoridade previstas na Lei n o 4.898/1965, considere o
parágrafo 5o do artigo 6o da Lei de Abuso de Autoridade.

Art. 6o (...)

§ 5o Quando o ...... for cometido por agente de autoridade ...... , ...... ou


...... , de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena ...... ou ...... ,
de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no
município da culpa, por prazo de um a cinco anos.

Completa correta e, respectivamente, a disposição:

a) crime - policial - civil - militar - alternativa - final


b) abuso - federal - estadual - municipal - principal - autônoma

c) crime - federal - portuária - rodoviária - autônoma - acessória

d) abuso - federal - estadual - municipal - alternativa - de reclusão

e) abuso - policial - civil - militar - autônoma - acessória

31. MPE-SC – Promotor de Justiça – 2014 – MPE-SC. A Lei n.


4.898/65, que prevê os crimes de abuso de autoridade, é aplicável
inclusive aos que exercem cargo, emprego ou função pública de natureza
civil, ainda que transitoriamente e sem remuneração.
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32. Câmara dos Deputados – Técnico Legislativo – 2014 – Cespe. A


sanção penal, em abstrato, prevista para o crime de abuso de autoridade
consiste em multa, detenção ou perda de cargo e inabilitação para o
exercício de função pública.

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33. TJ-SE – Juiz – 2008 – Cespe. Acerca da Lei de Abuso de
Autoridade, Lei n.º 4.898/1965, assinale a opção correta.

a) A lei em questão contém crimes próprios e impróprios e admite as


modalidades dolosa e culposa.
b) Considera-se autoridade quem exerce, de forma remunerada, cargo,
emprego ou função pública ou particular, de natureza civil ou militar,
ainda que transitoriamente.
c) No caso de concurso de agentes, o particular que é coautor ou partícipe
responde por outro crime, uma vez que a qualidade de autoridade é
elementar do tipo dos crimes de abuso.
d) Caso cumpra ordem manifestamente ilegal, o subordinado deverá
responder pelo crime de abuso de autoridade.
e) A competência para processar e julgar o crime de abuso de autoridade
praticado por policial militar em serviço é da justiça militar estadual.

34. PC-ES – Escrivão de Polícia – 2011 – Cespe. Os crimes de abuso


de autoridade serão analisados perante o Juizado Especial Criminal da
circunscrição onde os delitos ocorreram, salvo nos casos em que tiverem
sido praticados por policiais militares.

35. TRE-MA – Analista Judiciário – 2009 – Cespe (adaptada).


Constitui abuso de autoridade
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qualquer atentado ao sigilo de
correspondência, ao livre exercício de culto religioso e à liberdade de
associação.

36. TRE-MA – Analista Judiciário – 2009 – Cespe (adaptada).


Compete à justiça militar processar e julgar militar por crime de abuso de
autoridade, quando praticado em serviço.

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37. DEPEN – Agente Penitenciário – 2013 – Cespe. Marcelo, agente
penitenciário federal, não ordenou o relaxamento da prisão de Bernardo,
o qual se encontra preso sob sua custódia. Bernardo foi preso
ilegalmente, fato esse que é de conhecimento de Marcelo. Nessa situação,
é correto afirmar que Marcelo cometeu crime de abuso de autoridade.

GABARITO
1. E 20. C
2. C 21. C
3. E 22. C
4. E 23. C
5. B 24. E
6. E 25. E
7. C 26. C
8. C 27. C
9. C 28. C
10. E 29. C
11. C 30. E
12. C 31. C
13. E 01406544108

32. C
14. E 33. D
15. C 34. E
16. E 35. C
17. E 36. E
18. E 37. E
19. C

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