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Estabelece a Constituição Federal, em seu artigo 173, §1º, que a lei estabelecerá o
regime jurídico das empresas estatais, conceito que envolve, dentre outras, as
empresas
públicas e as sociedades de economia mista.
Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de
atividade
econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da
segurança
nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei.
§ 1º A lei estabelecerá o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia
mista e de suas subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou
comercialização
de bens ou de prestação de serviços, dispondo sobre:
I – sua função social e formas de fiscalização pelo Estado e pela sociedade;
II – a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas privadas, inclusive quanto aos
direitos e
obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tributários;
III – licitação e contratação de obras, serviços, compras e alienações, observados os
princípios
da administração pública;
IV – a constituição e o funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com a
participação
de acionistas minoritários;
V – os mandatos, a avaliação de desempenho e a responsabilidade dos
administradores
A contratação direta, por sua vez, ocorre nas situações em que há inviabilidade de
competição, de forma que a realização de licitação encontra-se seriamente
prejudicada.
As hipóteses de contratação direta expressas na Lei 13.303/2016 em muito se
assemelham
com o instituto da inexigibilidade de licitação.
"Seria o caso da Caixa Econômica Federal (empresa pública) necessitar de uma
máquina que só
seja fabricada por uma determinada empresa. Neste caso, não há a menor
possibilidade de
ocorrer a licitação, uma vez que apenas uma empresa dispõe de objeto para
ofertar à entidade.
Assim, a administração negocia diretamente com tal empresa, uma vez que há
inviolabilidade
de competição."
Por fim, temos as situações de vedação à realização da licitação, que, de acordo
com
a lei das estatais, são situações em que a realização da licitação não pode ocorrer.
"Podemos citar a situação em que uma sociedade de economia mista
exploradora de atividade
econômica (o Banco do Brasil, por exemplo), tem o interesse em comercializar a
abertura de
novas contas correntes.
Como a abertura de contas correntes é considerada uma atividade-fim do
Banco do Brasil,
não faz nenhum sentido que seja realizado o procedimento licitatório"
1.2. ABRANGÊNCIA
De fundamental importância é sabermos quais as entidades que estão abrangidas
pelas disposições da Lei das Estatais. Inicialmente, vejamos o teor do artigo 1º da
norma
em análise:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de
economia
mista e de suas subsidiárias, abrangendo toda e qualquer empresa pública e
sociedade de
economia mista da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que
explore atividade
econômica de produção ou comercialização de bens ou de prestação de serviços,
ainda que a
atividade econômica esteja sujeita ao regime de monopólio da União ou seja de
prestação de
serviços públicos.
Importante salientar que a Lei das Estatais trata-se de uma norma que possui caráter
nacional. As leis nacionais, ao contrário do que ocorre com as normas de um
determinado
ente federativo (como as leis federais), possuem regras e mandamentos que devem
ser
observados por todos os entes federativos (União, Estados, Distrito Federal e
Municípios).
Ainda que a Lei 13.303/2016 seja uma lei nacional, podem os demais entes
federativos
editar, de acordo com as suas peculiaridades, leis e regulamentos relacionados com
a
licitação das empresas estatais. Em todas as hipóteses, no entanto, as legislações
locais
devem obedecer às regras gerais traçadas pela Lei das Estatais.
Estão compreendidas pelas disposições da Lei 13.303/2016 as seguintes entidades
estatais:
a) Empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem a atividade
econômica de produção e comercialização de bens;
b) Empresas públicas e sociedades de economia mista que explorem a atividade
econômica de prestação de serviços, ainda que em caráter de monopólio;
c) Empresas públicas e sociedades de economia mista que participem de consórcio
na condição de operadora;
d) Sociedade, inclusive a de propósito específico, que seja controlada por empresa
pública ou por sociedade de economia mista;
e) Subsidiárias das empresas públicas e das sociedades de economia mista;
f) Empresas que sejam controladas pelas empresas públicas ou pelas sociedades
de economia mista;
Em outras palavras, temos que todas as empresas estatais, seja ela prestadora
de
serviços públicos ou exploradora de atividade econômica, possui personalidade
jurídica
de direito privado.
A diferença entre elas é quanto à atividade que exercem: se ela for prestadora
de
serviço público, a atividade desempenhada, como não poderia deixar de ser, é
regida pelo
direito público.
Se ela for exploradora de atividade econômica, e como forma de evitar assim
que
o princípio da livre concorrência seja prejudicado, tais atividades serão
reguladas pelo
direito privado.