Você está na página 1de 47

A Administração Pública

Conceito
Trata-se de um conjunto de atividades cuja satisfação é assumida como tarefa fundamental
para toda a coletividade, através de serviços por esta organizados e mantidos. Cumpre
referir que toda a atividade dos tribunais pertence ao poder judicial E neste sentido
encontra-se fora da esfera da administração pública.
Podemos assim falar em administração pública em 2 sentidos. Primeiramente em sentido
orgânico que se traduz no facto de ela ser constituída num conjunto de órgãos e serviços e
agentes do estado e outras entidades públicas que asseguram em nome da coletividade a
satisfação regular e disciplinada das necessidades coletivas de segurança e bem-estar.
Podemos também falar então num outro sentido de administração pública que é o sentido
material ou funcional e aqui ela pode ser definida como a atividade típica dos serviços e
agentes administrativos num interesse geral da comunidade com vista a satisfação regular
das necessidades coletivas.

Distinção entre Administração pública e privada e quanto ao objeto, fim e meios


destas modalidades.
Quanto ao objeto a Administração Pública versa sobre as necessidades coletivas
assumidas como tarefas e responsabilidades próprias da coletividade. Ao passo que a
administração privada incide sobre necessidades individuais ou pelo menos não atingem
toda esta coletividade.
Quanto ao fim a Administração Pública tem necessariamente de proceder o
interesse público ao passo da Administração Privada. Tem em vista naturalmente os fins
particulares.
Quanto aos meios ou recursos utilizados na administração privada os meios são
particulares e nesse sentido não se podem impor uns aos outros, enquanto que na
Administração Pública e por que se traduz na satisfação de necessidades coletivas o
interesse público definido por lei não pode utilizar face aos particulares os mesmos meios
que estes em pregam uns com os outros. Podemos ainda dizer que a administração pública
envolve o uso de poderes de autoridade face aos particulares início sentido a administração
pública também se encontra limitada nas suas possibilidades de atuação por encargos e
restrições por natureza jurídica e financeira.

Administração pública e funções do estado


1. Função Política: a política enquanto atividade pública dos estados têm como fim
específico definir o interesse geral da coletividade por sua vez a administração pública
exige para prosseguir outro objetivo que é a satisfação de todas as necessidades
coletivas enquanto que o objeto da política é o de traçar rumos para o destino coletivo
do país o da administração pública é satisfação regular e contínua das necessidades
de cultura, segurança e bem-estar de todos. Por sua vez, a política reveste um carácter
livre ao passo da administração Pública tem caráter condicionado e por isso encontra-
se subordinada às orientações políticas e da própria Constituição.
2. Função legislativa: encontra-se no mesmo patamar que a função política.
A principal diferença entre a legislação e administração pública é que a administração
pública é uma atividade totalmente subordinada à lei. Contudo exigem pontos de
contacto ou cruzamento entre a função legislativa e administração pública.
3. Função judicial: estas duas atividades têm importantes traços comuns. A justiça visa
ampliar o direito nos casos concretos. A administração pública visa prosseguir
interesses gerais da coletividade. Por sua vez a justiça é imparcial no sentido que é
desinteressada, enquanto que a administração pública defende e procede os
interesses coletivos e assim podemos dizer que é no seu exercício interessada.
Conclusão
A Administração Pública em sentido material ou funcional pode ser definida como a
atividade típica dos organismos e entidades que sob a direção e fiscalização do poder
politico desempenham em nome da coletividade a tarefa de promover a satisfação regular
e continua das necessidades coletivas nos termos estabelecidos em legislação aplicável e
sob o controle dos tribunais administrativos. Assim, a função administrativa é aquela que
no respeito pelo quadro local e sob a direção dos representantes da coletividade desenvolve
as atividades necessárias á satisfação das necessidades coletivas.

Sistemas Administrativos

Conceito de Sistema Administrativo


Como um modo jurídico de organização funcionamento e controlo da Administração
Pública. Existem fundamentalmente 3 tipos ou modalidades de sistemas administrativos.
São eles:
 Sistema Administrativo Tradicional;
 Sistema Administrativo Britânico;
 Sistema Administrativo Francês.

Sistema Administrativo Tradicional


O sistema tradicional apresenta as características seguintes:
1. Existe uma indiferenciação das funções administrativa e jurisdicional e,
consequentemente uma inexistência de uma separação entre os órgãos do poder
executivo e do poder judicial.
2. Há uma não subordinação da Administração pública ao princípio da legalidade e,
consequentemente existe uma insuficiência das garantias jurídicas dos particulares
face à administração.

Com a revolução francesa houve uma alteração deste paradigma, a Administração Pública
passou a estar vinculada a normas obrigatórias subordinadas ao direito. Foi uma
consequência da separação de poderes. Como resultado desta alteração toda a atividade
administrativa pública passou a revestir caracter juridico, estando assim submetida a
controlo judicial assumindo os cidadãos a titularidade de direitos face á administração.

Sistema Administrativo Britânico


Apresenta algumas características, tais como:
1. Separação de poderes, isto é, a monarquia fica impedida de resolver por si conflitos
de natureza contenciosa, não podendo também dar ordens aos juízes, nomeá-los ou
demiti-los;
2. Estado de Direito, devido á carta magna os direitos de liberdades e garantias dos
cidadãos foram consagrados, motivo pelo qual a monarquia ficou então subordinada
ao direito principalmente ao direito resultante dos costumes.
3. Descentralização, em Inglaterra desde de cedo se praticou uma distinção entre a
administração central e a administração local, contudo, as autarquias locais gozavam
amplamente de autonomia face a uma intervenção central e minuta.
4. Sujeição da Administração aos tribunais comuns, o que significa que a administração
pública se encontra submetida ao controlo jurisdicional dos tribunais comuns.
5. Sujeição da Administração ao direito comum, pelo que, apesar de haver monarquia
todos são iguais perante a lei.
6. Existe uma execução judicial das administrações administrativas o que significa que
de todas as decisões em Inglaterra a administração pública não pode por si executar
essas mesmas decisões por autoridade própria (tem de ser os tribunais a faze-lo).
Sistema Administrativo Francês
Apresenta as seguintes caraterísticas:
1. Separação de poderes, com a revolução francesa foi proclamada a separação de
poderes e assim a administração ficou separada da justiça;
2. Estado de direito, enunciaram-se os direitos subjetivos públicos invocáveis pelo
cidadão contra o Estado;
3. Centralização, com a revolução francesa uma nova classe social chegou ao poder,
centralizando assim alguns poderes para si;
4. Sujeição da administração pública aos tribunais administrativos, surgiu uma
interpretação do principio dos poderes completamente distinta da que permanecia
em Inglaterra. Assim, se o poder executivo não podia imiscuir-se nos assuntos da
competência dos tribunais, o poder judicial também não podia interferir o
funcionamento da administração publica.
5. Subordinação da administração ao direito administrativo, surgiu aqui uma força,
ineficácia e uma capacidade de intervenção da administração publica que se pretendia
obter e concretizar.
6. Consagração de privilégios de execução prévia, o direito administrativo confere á
administração pública um conjunto de poderes sobre os cidadãos, em comparação
com os poderes normais reconhecidos pelo direito civil aos particulares nas suas
relações entre si. Dentro desses poderes no sistema francês o mais relevante foi o
privilegio de execução prévia que permitia á administração executar as suas decisões
por autoridade própria.
7. Garantias jurídicas dos administrados, o sistema francês por assentar num estado de
direito oferece aos particulares um conjunto de garantias jurídicas contra os abusos e
ilegalidades da administração pública.

Estas características do sistema administrativo tipo francês também se poderá designar por
sistema de administração executiva atendendo á autonomia reconhecida ao poder
executivo relativamente aos tribunais.

Comparação entre os sistemas tipo britânico e francês


 Quanto á organização administrativa em que um sistema é descentralizado e outro
centralizado, quanto ao controlo jurisdicional da administração em que o sistema
inglês entrega esse controlo aos tribunais comuns e o frances aos tribunais
administrativos. Enquanto, que em Inglaterra existe unidade de jurisdição, em França
existe dualidade de jurisdições.
 Quanto ao direito regulador da administração o sistema britânico é o direito comum
que basicamente assenta no direito privado, enquanto no sistema de tipo frances é o
direito administrativo que é o direito público.
 Quanto á execução das decisões administrativas, o sistema de administração
judiciária, o inglês, fala depender da sentença do tribunal ao passo do sistema de
administração executiva (frances) atribui autoridade própria a essas decisões,
dispensando a intervenção prévia de qualquer tribunal.
 Quanto ás garantias jurídicas dos administrados, Inglaterra confere aos tribunais
comuns amplos poderes face a administração, enquanto que na frança apenas permite
aos tribunais administrativos que anulem as decisões ilegais das autoridades ou as
condenem ao pagamento de indeminizações ficando a administração independente
do poder judicial.

O Direito Administrativo como ramo de direito

Subordinação da Administração Pública ao direito


A Administração Pública está subordinada ao Direito. Está sujeita a normas juridicas
obrigatórias e publicas que tem como destinatários tanto que os próprios órgãos e agentes
da administração como os particulares e os cidadãos em general. Temos assim um regime
de legalidade democrática.
Este regime por um lado é um corolário do principio da separação de poderes e por outro
lado, é a expressão da lei como vontade geral de onde decorre que a lei tem de estar
subordinada á administração pública. O artigo 266 da CRP consagra alguns princípios
administrativos. Resulta assim de toda a atividade administrativa se encontra subordinada
á lei. Por outro lado, resulta desse principio que a atividade administrativa em si mesma
assume um caracter juridico e ainda cabe ressalvar que a ordem juridica deve atribuir aos
cidadãos garantias e meios de defesa que lhes assegurem o cumprimento da lei pela
administração pública. No que se refere ao direito administrativo sua existência
fundamenta-se na necessidade de permitir à Administração que faça prosseguir o interesse
público, o qual deve por si ter sempre primazia sobre os interesses particulares. Essa
primazia exige que a Administração disponha de poderes de autoridade para impor aos
particulares as soluções de interesse público que sejam indispensáveis. Essa salvaguarda do
interesse público implica também o respeito por diversos limites e as restrições e o
cumprimento de grande número de deveres a cargo da Administração. Pelo que por vezes
terão de se encontrar as soluções de Direito Administrativo e não de Direito Civil, ou
comercial. A atividade típica da Administração Pública é naturalmente distinta da atividade
privada. Em alguns sistemas de administração executiva nem todas as relações
estabelecidas entre a administração e os particulares são da competência dos tribunais
administrativos. Pelo que algumas questões relativas ao Estado e á capacidade das pessoas
bem como questões de propriedade ou posse são tambem das potencias atribuições dos
tribunais comuns, pelo que alguns direitos emergentes dos contactos civis ou comerciais
celebrados pela administração estão igualmente incluídos na esfera da jurisdição ordinária.
Mesmo nos sistemas de tipo executivo a fiscalização dos atos e atividades que a
administração pratica desenvolvem-se por vezes no campo do direito privado não sendo
assim entregue aos tribunais administrativos.

Noção de Direito Administrativo - conceito


O Direito Administrativo é o ramo de Direito Público constituído pelo sistema de normas
jurídicas que regulam a organização, o funcionamento e o controle da Administração
Pública e as relações que esta, no exercício da atividade administrativa de gestão pública,
estabelece com outros sujeitos de Direito. A característica mais peculiar do Direito
Administrativo é a procura de permanente harmonização entre as exigências da ação
administrativa e as exigências de garantia dos particulares.

O Direito Administrativo como Direito Público


É um ramo de Direito Público, qualquer que seja o critério adotado para distinguir o Direito
Público de Direito Privado. Se considerarmos se o critério do interesse, o Direito
Administrativo é Direito Público, porque as suas normas de Direito Administrativo são
estabelecidas tendo em vista a prossecução do interesse coletivo, e destinam-se justamente
a permitir que esse interesse coletivo seja realizado.
Se adotarmos o critério dos sujeitos, o Direito Administrativo é Direito Público, porque
todos sujeitos de Direito que compõem a administração são todos eles, sujeitos de Direito
Público, entidades públicas ou como também pessoas coletivas públicas. Se, entretanto,
adotarmos o critério dos poderes de autoridade, o Direito Administrativo é o Direito
Público porque a atuação da administração surge investida de poderes de autoridade.

Tipos de normas administrativas


O Direito Administrativo sendo conjunto de normas jurídicas é um conjunto organizado,
estruturado, que obedece a princípios comuns e é dotado de um espírito próprio, isto é,
corresponde a um sistema. Há a considerar diversas modalidades de normas
administrativas:
A. Normas orgânicas: são normas que estabelecem as entidades públicas que fazem
parte da Administração, e que determinam a sua estrutura e os seus órgãos; em suma,
que fazem a sua organização. As normas orgânicas têm relevância jurídica externa,
não interessando apenas à estruturação interior da Administração, mas também, e
muito particularmente, aos cidadãos. Encontram se consagradas no artigo. 267º CRP.
B. Normas funcionais: são as que regulam o modo de agir específico da Administração
Pública, estabelecendo processos de funcionamento, métodos de trabalho, tramitação
a seguir, formalidades a cumprir, etc. (art.267º/4 CRP). Dentro destas normas
destacam-se as normas processuais.
C. Normas relacionais: são as que regulam as relações entre a administração e os outros
sujeitos de Direito no desempenho da atividade administrativa. São as mais
importantes, estas normas relacionais, na medida que representam a maior parte do
Direito Administrativo material. As normas relacionais regulam diversos tipos de
relações juridicas nomeadamente as relações entre a administração e os particulares,
as relações entre duas ou mais pessoas coletivas públicas e ainda certas relações entre
2 ou mais particulares. São caracteristicamente administrativas as seguintes normas
relacionais:
o Normas que conferem poderes de autoridade à Administração Pública;
o Normas que submetem a Administração a deveres, sujeições ou limitações
especiais, impostas por motivos de interesse público;
o Normas que atribuem direitos subjetivos ou reconhecem interesses legítimos
face à administração.

Atividade de gestão pública e de gestão privada


São atos de gestão privada, os que se compreendem numa atividade em que a pessoa
coletiva, despida do poder político, se encontra e atua numa posição de paridade com os
particulares a que os atos respeitem o mesmo regime em que poderia proceder um
particular, com submissão às normas de Direito Privado. São atos de gestão pública, os que
se compreendem no exercício de um poder público, integrando eles mesmo a realização de
uma função pública da pessoa coletiva. O Direito Administrativo apenas regula e abrange a
atividade de gestão pública da administração. A toda atividade de gestão privada aplicar-se
o Direito Privado.

Natureza do Direito Administrativo


A. O Direito Administrativo como Direito excecional: um conjunto de exceções ao Direito
Privado;
B. O Direito Administrativo como Direito comum da Administração Pública: o direito
administrativo é um direito estatutário porque estabelece a regulamentação juridica
de uma categoria singular de sujeitos que pertencem á administração pública;
C. O Direito Administrativo como Direito comum da Função Administrativa: não é por
ser estatutário que o Direito Administrativo é Direito Público. Existem normas de
Direito Privado que são específicas da Administração Pública.
Por outro lado, Direito Administrativo não é o único ramo de Direito aplicável à
Administração Pública. Existem três ramos de Direito que regulam a Administração
Pública. Cumpre tambem referir que direito administrativo também se define em
função do objeto sendo assim um direito comum a função administrativa.

Função do Direito Administrativo


Existem aqui várias posições, podemos referir que a função do Direito Administrativo é de
conferir poderes de autenticidade à Administração Pública, de modo a que ela faça sempre
sobrepor o interesse coletivo aos interesses privados. Há quem defenda que a função do
direito administrativo é reconhecer direitos e estabelecer garantias em favor dos
particulares face ao Estado de modo a limitar juridicamente eventuais abusos de poder e a
proteger os cidadãos contra os excessos da autoridade do Estado.
O Direito Administrativo desempenha uma função mista, ou uma dupla função, será a de
legitimar a intervenção da autoridade pública e proteger a esfera jurídica dos particulares
bem como permitir a realização do interesse coletivo e impedir o esmagamento dos
interesses individuais.
Em suma, organizar a autoridade do poder e defender a liberdade dos cidadãos.

Caraterização genérica do Direito Administrativo


O Direito Administrativo surge quando o poder aceita submeter-se ao Direito, ou seja, ele é
um garante de uma ação administrativa eficaz. Por outras palavras é um meio de afirmação
da vontade do poder e um meio de proteção do cidadão contra o Estado. Como já foi referido
o que carateriza genericamente o direito administrativo é a procura permanente de
harmonização das exigências da ação administrativa na prossecução dos direitos interesses
gerais com as exigências das garantias dos particulares na defesa dos seus direitos e
interesses legítimos.

Traços específicos do Direito Administrativo


A. A juventude, isto é, o direito administrativo tal como hoje o conhecemos é um direito
recente surgiu com a revolução francesa e foi inclusivamente produto do que
naturalmente foi consagrado a seguir a esse período.
B. Influencia jurisprudencial: a jurisprudência dos tribunais tem maior influência e
assim tambem acontece em Portugal, isto porque primeiramente é conveniente ter
presente que nenhuma regra legislativa vale por si própria, isto é, as normas jurídicas
e as leis tem um sentido que os tribunais lhe atribuem através da interpretação que
delas fizeram. Acontece frequentemente existirem casos omissos. E por vezes quem
tem de preencher as lacunas são os Tribunais Administrativos, aplicando a esses casos
normas em função do caso concreto.
C. Autonomia: O Direito Administrativo é um ramo autónomo de Direito diferente dos
outros pelo seu objeto e pelo seu método, pelo espírito que domina as suas normas,
pelos princípios gerais que as enforcam. Assim sendo o Direito Administrativo um
ramo de Direito autónomo ele é constituído por normas e princípios próprios e não
apenas por exceções ao Direito Privado, isto é, quando existem lacunas elas não
podem ser resolvidas no âmbito do direito privado atendendo á autonomia do direito
administrativo. Não ocorrendo lacunas á que aplicar os princípios gerais do direito
administrativo ao caso concreto, pelo que se deverá decorrer á analogia.
D. Codificação Parcial: O Código Administrativo apenas abarca uma parcela limitada,
embora importante, do nosso Direito Administrativo. Contudo, atendendo ao próprio
código de procedimento administrativo podemos afirmar estar na presença de
normas codificadas.

Fronteiras do Direito Administrativo


A. Direito Administrativo e Direito Privado, são dois ramos de Direito absolutamente
distintos. Contudo existem naturalmente relações entre ambos. No plano dos
principio o direito administrativo foi considerado como uma espécie de zona anexa ao
direito civil. Atualmente, o direito administrativo assume uma parte da doutrina, de
normas e de principios que tem a sua autonomia própria e constitui um sistema, em
igualdade de condições com o direito civil.
B. O Direito Administrativo e o Direito Constitucional: considerando que Direito
Constitucional é o fundamento do Direito Público de um país, o Direito Administrativo
é, em variados aspetos, o desenvolvimento e a execução do Direito Constitucional em
si na medida em que algumas normas do Direito Administrativo são normas do Direito
Constitucional. Pelo que, o direito administrativo contribui assim para dar sentido ao
direito constitucional, bem como para o completar e integrar.
C. Direito Administrativo e Direito Penal: o Direito Penal é em si um Direito repressivo,
isto é, tem fundamentalmente em vista estabelecer as sanções penais que devem ser
aplicadas aos autores dos crimes. Por sua vez, o Direito Administrativo é, em matéria
de segurança, essencialmente preventivo. As normas de Direito Administrativo não
visam cominar sanções para quem ofender os valores essenciais da sociedade, mas
sim, estabelecer uma rede de prevenções, de forma a evitar a prática de crimes ou
ofensa dos valores essenciais a preservar.

A Ciência do Direito Administrativo


A Ciência do Direito Administrativo tem por objeto o estudo do ordenamento jurídico-
administrativo. O método que utiliza é o método jurídico.

Ciências Auxiliares
A Ciência do Direito Administrativo, que tem por objeto as normas jurídicas administrativas,
e utiliza como método, o método próprio da ciência do Direito. Assim,
usa algumas disciplinas auxiliares como métodos diferentes do método jurídico. Existem
dois tipos de grupos de ciências auxiliares: primeiro o grupo das disciplinas não jurídicas: e
aí, temos a ciência da Administração, a Ciência Política, a Ciência das Finanças e a História
da Administração Pública.
Quanto às ciências auxiliares de natureza jurídica, temos o Direito Constitucional, o Direito
Financeiro, a História do Direito Administrativo, e o Direito Administrativo Comparado.

A ciência da Administração
A Ciência do Direito Administrativo, não se confunde com a ciência da administração, que
não é uma ciência jurídica, mas sim uma ciência social que tem por objeto o estudo dos
problemas específicos das organizações públicas que resultam da dependência destas tanto
quanto à sua existência, como quanto à sua capacidade de decisão.

Conceitos Fundamentais: o Poder Administrativo

O Princípio da Separação dos Poderes


Este princípio consiste numa dupla distinção: a distinção intelectual das funções do Estado,
e a política dos órgãos que devem desempenhar tais funções entendendo-se que para cada
função deve existir um órgão próprio, diferente dos restantes, ou ainda um conjunto de
órgãos próprios. No campo do Direito Administrativo este princípio da separação de
poderes visou retirar aos Tribunais a função administrativa, na medida que até aí, havia
confusão entre as duas funções e os respetivos órgãos. Deu-se a separação entre a
Administração e a Justiça. Podemos identificar 3 corolários do principio da Separação dos
Poderes:
1. A separação dos órgãos administrativos e judiciais, isto significa que têm de existir
órgãos administrativos dedicados ao exercício da função administrativa, e órgãos
dedicados ao exercício da função jurisdicional. A separação das funções tem de
traduzir-se numa separação de órgãos.
2. A incompatibilidade das magistraturas, isto é não basta, porém, que existam órgãos
diferentes é necessário estabelecer que nenhuma pessoa possa em
simultaneamente desempenhar funções em órgãos administrativos e judiciais.
3. A independência recíproca da Administração e da Justiça, isto é, a autoridade
administrativa é independente da judiciária, ou seja, existe uma independência da
Justiça perante a Administração, e que a autoridade administrativa não pode dar
ordens à autoridade judiciária, nem pode invadir a sua esfera de jurisdição pelo que
a Administração Pública não pode assim dar ordens aos Tribunais, nem pode decidir
questões de competência dos Tribunais. Para assegurar este princípio, existem dois
mecanismos jurídicos: o sistema de garantias da independência da magistratura, e
a regra legal de que todos os atos praticados pela Administração em matéria da
competência dos Tribunais, são atos nulos não produzindo nenhum efeito, por
estarem viciados de usurpação de poder. Esta independência da Administração
perante a Justiça, significa também que o poder judicial não pode dar ordens ao
poder administrativo, salvo num caso excecional, prevista no artigo 31º CRP.

O Poder Administrativo
A Administração Pública é um poder, fazendo parte daquilo a que se costuma chamar os
poderes públicos. A Administração Pública do Estado corresponde ao poder executivo, isto
é, o poder legislativo e o poder judicial não coincidem com a Administração Pública. Este
poder administrativo compreende por um lado o poder executivo do Estado e por outro
lado as entidades públicas administrativas não estaduais. Na verdade, a Administração
Pública é, efetivamente, uma autoridade, um poder público que corresponde ao Poder
Administrativo.

Manifestações do Poder Administrativo


As principais manifestações do poder administrativo são quatro:
A. O Poder Regulamentar em que a Administração Pública, tem o poder de fazer
regulamentos, a que chamamos “o poder regulamentar”. Estes regulamentos que a
Administração Pública tem o Direito de elaborar são considerados como uma fonte de
Direito autónoma. A Administração Pública goza de um poder regulamentar, e com tal
tem o direito de definir genericamente em que sentido vai aplicar a lei, isto é, a
Administração Pública tem de respeitar as leis, tem de as executar, por isso ao poder
administrativo do Estado se chama poder executivo, mas porque é poder, tem a
faculdade de definir previamente, em termos genéricos e abstratos, em que sentido é
que vai aplicar as leis em vigor e isso, fá-lo justamente elaborando regulamentos.
B. O Poder de Decisão Unilateral, isto é, enquanto que no regulamento a Administração
Pública surge a elaborar normas gerais e abstratas, aqui a Administração Pública
aparece-nos a resolver casos concretos. Este poder é unilateral, significa que, a
Administração Pública pode exercê-lo por exclusiva autoridade e sem necessidade de
obter acordo prévio do interessado. Significa assim que perante um caso concreto a
Administração pode exercer este poder e aplicar unilateralmente o Direito. A
Administração declara assim o direito no caso concreto e esta declaração tem valor
juridico, sendo obrigatória não só para os serviços públicos, funcionários subalternos
como também para os particulares. A lei pode exigir que os interessados sejam
ouvidos pela Administração antes desta tomar a sua decisão final e pode também a lei
facultar aos particulares a possibilidade de apresentarem reclamações ou recursos,
designadamente recursos hierárquicos, contra as decisões da Administração. A regra
é que a Administração decida e só depois é que o particular pode recorrer da decisão.
Deverá ser o Tribunal para impugnar, caso assim o entenda a decisão seja de forma
graciosa, seja posteriormente de forma contenciosa.
C. O Privilégio da Execução Prévia: consiste na faculdade que a lei dá à Administração
Pública de impor coativamente aos particulares as decisões unilaterais que tiver
tomado. O recurso contencioso de anulação não tem em regra efeito suspensivo, isto
significa que enquanto for decorrendo o processo contencioso em que se discute se o
ato administrativo é legal ou ilegal, o particular tem de cumprir o ato, se não o cumprir,
a Administração Pública pode impor coativamente o seu acatamento. Isto quer dizer,
que a Administração dispõe de dois privilégios:
- Na fase declaratória, o privilégio de definir unilateralmente o Direito no caso
concreto, sem necessidade duma declaração judicial;
- Na fase executória, o privilégio de executar o Direito por via administrativa, sem
qualquer intervenção do Tribunal. Trata-se do poder administrativo na sua maior
plenitude.
D. Regime Especial dos Contractos Administrativos: um contracto administrativo, é um
acordo de vontades em que a Administração Pública fica sujeita a um regime jurídico
especial, diferente daquele que existe no Direito Civil. E de novo, nesta matéria, como
é próprio do Direito Administrativo, esse regime é diferente para mais, e para menos.
Para mais, porque a Administração Pública fica a dispor de privilégios de que as partes
nos contractos civis não dispõem e para menos, no sentido de que a Administração
Pública também fica sujeita a restrições e deveres especiais, que não existem em regra
nos contractos civis.

Corolários do Poder Administrativo


A. Independência da Administração perante a Justiça: em primeiro lugar, os Tribunais
Comuns porque são incompetentes para se pronunciarem sobre questões
administrativas. Em segundo lugar, o regime dos conflitos de jurisdição permite
retirar a um Tribunal Judicial, uma questão administrativa que erradamente nele
esteja a decorrer. Em terceiro lugar, existe uma garantia administrativa, que consiste
no privilégio conferido por lei às autoridades administrativas de não poderem ser
demandadas criminalmente nos Tribunais Judiciais, sem prévia autorização do
Governo.
B. Foro Administrativo, ou seja, tem que ocorrer a entrega da competência contenciosa
para julgar os litígios administrativos não já aos Tribunais Judiciais, mas sim aos
Tribunais Administrativos.
C. O Tribunal de Conflitos é um Tribunal Superior, de existência intermitente só existe
quando surge um conflito e que tem uma composição mista, normalmente paritária
entre os juízes dos Tribunais Judiciais e os juízes de Tribunais Administrativos, e que
se destina a decidir em última instância os conflitos de jurisdição entre as autoridades
administrativas e o poder judicial.

Princípios Constitucionais sobre o Poder Administrativo


 Princípio da Prossecução do Interesse Público: O interesse público é o interesse
coletivo, é o interesse geral de uma determinada comunidade que visa o bem-
comum. Está plasmado no artigo 2 do CPA. A noção interesse público traduz uma
exigência de satisfação das necessidades coletivas. Pode-se distinguir o interesse
público primário dos interesses públicos secundários: O interesse público primário,
é aquela cuja definição corresponde e compete aos órgãos governativos do Estado,
no desempenho das funções política e legislativa, por sua vez, os interesses públicos
secundários, são aquela cuja definição é feita pelo legislador, mas cuja a satisfação
cabe à Administração Pública no desempenho da função administrativa. Este
princípio tem várias consequências práticas, das quais podemos referir as mais
revelantes:
1. Só a lei pode definir os interesses públicos a cargo da Administração, isto é,
não pode ser a própria a defini-los.
2. Em segundo lugar, em todos os casos em que a lei não define de forma clara
e exaustiva aquilo que é o interesse público, compete à Administração
interpretá-lo, dentro dos limites em que o tenha definido.
3. A noção de interesse público é uma noção de conteúdo variável, isto é, não é
possível definir o interesse público de uma forma rígida e inflexível.
4. Em quarto lugar, sendo definido o interesse público pela lei, a sua
prossecução é obrigatória pela Administração é obrigatória em geral.
5. O interesse público delimita a capacidade jurídica das pessoas, bem como, a
competência dos respetivos órgãos, é o chamado princípio da especialidade.
6. Só o interesse público definido por lei pode constituir motivo determinado
de qualquer ato administrativo, isto significa que se um órgão da
administração praticar um ato administrativo que não tenha por motivo o
interesse público. Esse ato estará viciado por desvio de poder, e por isso será
ilegal, podendo ser anulável.
7. A prossecução dos interesses públicos distintamente da prossecução dos de
interesse privado constitui um apanágio do direito administrativo sendo
que a prossecução dos direitos privados, por órgãos públicos poderá
constituir corrupção e nesse sentido ter como consequência um
determinado conjunto de sanções (administrativas ou penais).
8. A obrigação de prosseguir o interesse público exige da Administração
Pública uma necessidade de adaptar a cada caso concreto as melhores
soluções possíveis, é o chamado dever de boa administração.
 Dever de boa Administração: está plasmado no artigo 5 do CPA. O principio
anteriormente referido implica também a exigência de um dever de boa
administração. O principio da boa administração é em si imperfeito, isto porque:
- Há vários deveres e aspetos associados a este dever principal que assume uma em
que certa expressão jurídica existindo recursos graciosos, que se traduzem em
garantias dos particulares. Essas garantias dos particulares podem ter como
fundamento vícios do ato administrativo.
- Praticando por outro lado a violação, por qualquer funcionário público, dos
chamados deveres de zelo constitui uma infração disciplinar levando à imposição de
sanções disciplinares a esse funcionário.
-Existe uma responsabilidade civil da Administração, no caso de um órgão ou agente
administrativo praticar um ato ilícito e culposo de que resultem prejuízos para
terceiros.
 Principio da Legalidade: trata-se de um principio fundamental do Direito
Administrativo consagrado no artigo 3 do CPA e também a ele faz referência o artigo
266/2 do CRP. Os órgãos e agentes da Administração só podem agir no exercício das
suas funções com fundamento na lei e dentro dos limites por ela impostos. Este
princípio da legalidade aparece sempre definido de uma forma positiva, ele diz o que
a Administração pode ou não fazer, e não só o que está proibida de fazer. Este abarca
todos os aspetos da atividade administrativa, e não apenas aqueles que possam
consistir na lesão de interesses ou deveres particulares. Assim, a lei não é apenas um
limite à atuação da Administração, ela é o próprio fundamento de toda a ação
administrativa. A regra geral é o princípio da competência, segundo o qual se pode
apenas aquilo que a lei permite.
 Principio da Igualdade: plasmado no artigo 6 do CPA, no artigo 13 e 266/2 CRP. Este
obriga a Administração Pública em geral a tratar igualmente os cidadãos que se
encontram em situações objetivamente idênticas e desigualmente os cidadãos cuja
situação é objetivamente diversa.
 Principio da Boa-fé: plasmado no artigo 10 do CPA, e este artigo diz-nos que não
apresenta grande especificidade na sua aplicação à Administração Pública. Em geral,
contudo, sobressaem, dois aspetos:
- Por um lado, a Administração Pública não deve atraiçoar a confiança que os
particulares interessados colocaram num certo comportamento seu.
- Por outro lado, a Administração não deve iniciar o procedimento legalmente
previsto para alcançar um certo objetivo com o propósito de atingir um objetivo
diferente.
 Principio da proporcionalidade (artigo 7 do CPA);
 Principio da razoabilidade e da justiça.

Principio da legalidade- conteúdo, modalidade, objeto e efeitos


Na atualidade e no Direito português, podemos identificar como duas as funções princípio:
Por um lado, ele tem a função de assegurar o primado do poder legislativo sobre o
poder administrativo.
Por outro lado, desempenha também a função de garantir os direitos e interesses
legítimos dos particulares.
No que se refere ao conteúdo, o princípio da legalidade abrange não apenas o
respeito da lei, em sentido formal ou material, mas a subordinação de Administração
Pública a tudo.
Quanto ao objeto, este principio fundamental refere-se a todos os tipos do
comportamento da Administração, nomeadamente o ato, o regulamento e o contrato
administrativo.
Quanto às modalidades, este comporta duas modalidades:
- uma aparência de lei, consiste em que nenhum ato de categoria inferior à lei pode
contrariar a lei, sob pena de ilegalidade;
- Reserva de lei, consiste em que nenhum ato de categoria inferior à lei
pode ser praticado sem fundamento na lei.
Quanto aos efeitos, cabe aqui uma distinção, efeitos negativos, em que nenhum
órgão da Administração, mesmo que tenha sido autor da norma jurídica aplicável, pode
deixar de respeitar e aplicar normas em vigor e que qualquer ato da administração que num
caso concreto viole a legalidade vigente é um ato ilegal, e, portanto, inválido podendo ser
nulo ou anulável, conforme os casos. Quanto aos efeitos positivos se presume todo o ato
jurídico praticado por um órgão da administração é conforme à lei até que se venha a ser
considerado ilegal, contudo só quando o Tribunal Administrativo declarar o ato ilegal e o
anular é que se considera efetivamente ilegal.

Exceções ao Principio da Legalidade


Este principio comporta algumas exceções:
 Concretiza-se na Teoria do Estado de Necessidade que confere em circunstâncias
Excecionais numa verdadeira situação de necessidade pública, a Administração
dispensada de seguir o processo legal para circunstâncias normais e pode agir sem
forma de processo, ainda que implique o sacrifício/interesse dos particulares.
 Quanto à Teoria dos Atos Políticos, os atos de conteúdo essencialmente político, e
os chamados atos políticos não são em si suscetíveis recurso contencioso perante os
Tribunais Administrativos.
 O Poder Discricionário da Administração, constitui um lado especial de configuração
da legalidade administrativa com efeito os poderes discricionários só podendo ser
conjugados como tal pela lei e nesses poderes temos que atender a competência e
ao fim a que se destinam. O artigo 8 traduz que a administração deve tratar de forma
justa e razoável todos e deve rejeitar situações que não seja, razoáveis ou
incompatíveis com a ideia de direito.

Principio do Respeito pelos Direitos e Interesses Legítimos dos Particulares


No que a esta matéria diz respeito estão em causa direitos subjetivos e interesses legítimos.
Diz-nos o artigo 266º/1 da Constituição que a Administração visa a prossecução do
interesse público, no respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos dos
cidadãos pela Constituição. Isto significa fundamentalmente, que a prossecução do interesse
público não é o único critério de toda a ação administrativa, mas tem um valor e um alcance
Ilimitados, pelo que, há que prosseguir o interesse público, mas no restrito respeito pelos
direitos dos cidadãos.
Embora o princípio da legalidade imponha limites aa toda ação administrativa conclui-se
que não basta o escrupuloso cumprimento da lei por parte da Administração Pública para
que se verifique o respeito integral pelos direitos subjetivos e interesses dos particulares.
Existem assim outras formas de proteger os particulares além do principio da legalidade de
que se destaca:
 Estabelecimento da possibilidade de suspensão jurisdicional da eficácia do ato
administrativo isto corresponde à possibilidade de paralisação de execução prévia;
 Extensão do âmbito da responsabilidade da Administração por atos ilícitos
culposos, incluindo também situações em que o dano resulte de factos materiais que
violem por si as regras de ordem técnica e de prudência que deviam ser tomadas em
consideração pela Administração;
 Concessão aos particulares de direitos e participação ativa bem como de
informação, no processo administrativo gracioso, antes de ser tomada a decisão
final. Todos particulares têm o direito de ser informados pela Administração,
sempre que solicitem qualquer esclarecimento e desde de que sejam diretamente
interessados;
 Imposição do dever de fundamentação em relação aos atos administrativos que
afetem interesses legítimos dos particulares.

Distinção entre direitos subjetivos e interesses legítimos


Existem interesses próprios dos particulares, na medida que esses interesses são
protegidos diretamente pela lei como interesses próprios, isto é, individuais e nesse sentido
a lei confere aos respetivos titulares o poder de exigir da Administração o comportamento
que lhe é devido, impondo à Administração Pública a obrigação de ter esse comportamento
a favor dos particulares em causa, o que significa que se a Administração não, os particulares
dispõem de meios, designadamente de meios jurisdicionais, que se destinam à realização
efetiva dos seu direitos.
Um interesse legitimo vai se traduzir num interesse próprio de um sujeito de direito, por
outro lado, a lei deve proteger também o interesse público. O titular do interesse privado
não pode sentir que os seus interesses legítimos são de alguma forma prejudicados. Por
outro lado, a lei, não pode impor à Administração que satisfaça o interesse particular
proibindo-a de realizar o interesse público.
Em consequência disto, a lei deve conferir ao particular o poder de anulação dos atos pelos
quais a Administração tenha prejudicado ilegalmente o interesse privado. Há interesse
legitimo na medida que a obrigação de respeitar a legalidade que recai sobre a
administração pode ser invocada pelos particulares a seu favor, nomeadamente para
remover quaisquer ilegalidades que os prejudiquem e ainda tentar de novo a oportunidade
de satisfação do seu interesse na certeza que ao tenta lo na pior das hipóteses se esse
interesse acabar por ser insatisfeito essa insatisfação ou prejuízo terão sido impostos
legalmente, e não já ilegalmente, como da primeira vez.
Tanto no Direito Subjetivo como na figura do interesse público do legítimo, existe sempre
um interesse privado reconhecido e protegido pela lei. Contudo, a diferença se é que no
Direito Subjetivo essa proteção é direta e imediata, de tal modo que o particular tem a
faculdade de exigir à Administração Pública um comportamento que satisfaça o seu
interesse privado. Ao passo que no interesse legítimo e porque essa proteção legal é
indireta, o particular tem apenas a faculdade de exigir à Administração um comportamento
que respeite a legalidade. Em suma, no Direito Subjetivo, o que existe verdadeiramente é
um direito à satisfação de um interesse próprio. No interesse legítimo, o que existe é apenas
um direito à legalidade das decisões que versem sobre um interesse próprio.

O Poder Discricionário da Administração


A regulamentação legal de toda a atividade administrativa por vezes é precisa e por vezes é
imprecisa, isto é, umas vezes diz que a lei se encontra totalmente vinculada à Administração
sendo que a Administração parece não ter aqui qualquer margem dentro da qual possa ter
uma liberdade de decisão. O ato administrativo é um ato vinculado. Por outras vezes, a lei
nada diz, é omissa, o que deixa uma grande margem de liberdade de decisão à
Administração Pública. E nestes casos é a Administração Pública que tem de proceder, ela
própria, segundo os critérios que em cada caso considere mais adequados. Tem-se,
portanto, num caso atos vinculados e também noutros casos atos discricionários. Pelo que,
a vinculação e discricionariedade são, as duas formas típicas pelas quais a lei pode modelar
toda a atividade da Administração Pública.
Quase todos os atos administrativos são em si simultaneamente vinculados e
discricionários, isto é vinculado em relação a certos aspetos, e discricionários em relação a
outros.
Nos atos discricionários há um outro aspeto que é sempre vinculativo, que é o fim do ato
administrativo, isto é a discricionariedade não é total, ela deve respeitar a liberdade de
escolher a melhor decisão para realizar o fim visado pela norma. Contudo, a norma que
confere o poder discricionário confere-o para um certo fim. Se o ato pelo qual se exerce esse
poder for praticado com a intenção de prosseguir o fim que a norma visou, este ato é legal;
se por sua vez for praticado com um fim diverso daquele que a lei conferiu o poder
discricionário, o ato é ilegal, na medida em que o fim tem de estar em harmonia com o poder
discricionário. A decisão a tomar no exercício do poder discricionário é livre em vários
aspetos, mas não o é nunca quanto à competência, nem quanto ao fim a prosseguir. Em rigor,
não há atos totalmente discricionários. Todos os atos administrativos são em parte
vinculados.

Natureza Jurídica do Poder Discricionário


O Poder Discricionário, como todo o poder administrativo é um poder derivado da lei, isto
é, ele existe na medida e nos termos em que a lei confere. O poder discricionário é
controlável jurisdicionalmente, ou seja, há meios jurisdicionais para controlar o exercício
desse poder.
Existem três teses relativamente à natureza do poder discricionário:
 A tese da discricionariedade como liberdade da Administração na interpretação de
conceitos vagos e indeterminados usados pela lei;
 A tese da discricionariedade como vinculação da Administração a normas
extrajurídicas, para as quais a lei remete;
 A tese da discricionariedade como liberdade de decisão da Administração no quadro
das limitações fixadas por lei – segundo esta conceção, a discricionariedade é uma
liberdade de decisão que a lei confere à Administração com a finalidade que esta,
dentro dos limites legalmente estabelecidos, escolha de entre de várias soluções
aquela que lhe parecer mais adequada ao interesse público. Esta é conceção que
perfilhamos, na generalidade da doutrina portuguesa. Ressalve-se que para que
exista um poder discricionário, é indispensável:
- Que ele seja conferido por lei, a qual deve indicar pelo menos o órgão a quem
atribui o fim do interesse público que visa prosseguir;
- Que por interpretação da lei, estejam já delimitadas todas as vinculações legais a
respeitar pela Administração no exercício do poder discricionário;
- Que o sentido atribuição da norma legal que institui o poder discricionário seja
claramente o de conferir à Administração o direito de escolher livremente, uma das
soluções possíveis, segundo os critérios que ela entender seguir.

Os aspetos mais importantes de discricionariedade são os seguintes:


 O momento da prática do ato, em que a Administração terá, nesses casos, a
liberdade de praticar o ato no momento ou mais tarde, conforme melhor entender;
 A decisão sobre praticar ou não um certo ato administrativo;
 A decisão sobre a existência dos pressupostos de facto de que depende o exercício
da competência;
 A forma a adotar, para o ato administrativo;
 As formalidades a observar na receção ou na prática de certo ato administrativo;
 A fundamentação, ou não da decisão;
 A concessão ou a recusa, daquilo a que o particular requerer à Administração;
 A possibilidade de determinar o conteúdo concreto da decisão a tomar pode
também ser em si discricionária;
 A liberdade ou não num certo ato administrativo certos encargos ou cláusulas
acessórias.
Existem, contudo, limites ao poder discricionário, e ele pode ser limitado através de duas
formas distintas, ou através do estabelecimento de limites legais, isto é, limites que resultam
da própria lei, no âmbito da discricionariedade que a lei conferiu à Administração, ela pode
exercer os seus poderes de maneiras diversas:
 Pode exercê-los caso a caso;
 Pode elaborar formas genéricas em que enuncia os critérios a que ela própria
obedecerá.
Auto- vinculação: se a Administração elabora normas genéricas em que não tinha a
obrigação de as fazer, então ela deve obediência a essas normas, sendo que se as violar
comete uma ilegalidade.

Controlos do Poder Discricionário


A. Os controlos de legalidade, são aqueles que visam determinar se a administração
respeitou a lei ou a violou;
B. Os controles de mérito, que se destinam a avaliar o bem fundado das decisões da
Administração;
C. Os controles jurisdicionais, são aqueles ocorrem através dos Tribunais;
D. Os controles administrativos, são aqueles que são realizados por órgãos da
Administração, mas em última analise pode vir a competir aos tribunais.
No mérito do ato administrativo compreendem se duas ideias: a ideia de justiça e a ideia de
conveniência.
A Justiça traduz-se na adequação desse ato à necessária harmonia entre o interesse público
específico que ele deve prosseguir, e os direitos e os interesses legítimos dos particulares
que eventualmente afetados pelo ato.
Quanto à Conveniência ela traduz-se na adequação ao interesse público específico que
justifica a sua prática ou necessária harmonia entre esse e os demais interesses públicos
eventualmente afetados pelo ato.
O uso de poderes vinculados que tenham sido exercidos contra a lei devem ser objeto dos
controles da legalidade, por sua vez o uso de poderes discricionários que tenham sido
exercidos de modo inconveniente são objeto dos controlos de mérito.
A Legalidade de um ato administrativo pode ser sempre controlada pelos Tribunais
Administrativos, podendo sê-lo também pela própria administração. O Mérito de um ato
administrativo só deverá ser controlado pela própria administração e não pelos Tribunais.
Quaisquer atos discricionários, podem ser atacados contenciosamente com fundamento em
qualquer dos vícios do ato administrativo. Assim:
 Podem ser impugnados com fundamento em incompetência;
 Podem ser impugnados com fundamento em vício de forma;
 Podem ser impugnados com fundamento em violação da lei;
 E podem ainda ser impugnados com fundamento em quaisquer defeitos da vontade,
nomeadamente erro de facto.
O desvio de poder não é, como normalmente se diz, a única ilegalidade possível no exercício
dos poderes discricionários.

Casos de Discricionariedade Imprópria


Consideram se existir alguns casos nesta categoria:
A. A “liberdade probatória”;
B. A “discricionariedade técnica”;
C. A “justiça administrativa”.
No que se refere á “liberdade probatória”, podemos dizer que ocorre quando a lei dá à
Administração a liberdade, em relação a factos que possam servir de base para a aplicação
de Direito e determinar da forma que melhor entender interpretando e avaliando as provas
obtidas de harmonia com a sua própria convicção. Nestes casos não há discricionariedade,
porque na verdade não há liberdade de escolha entre as várias soluções possíveis, o que
existe si é uma maior margem de livre apreciação das provas com obrigação de apurar a
única solução correta.
Na “discricionariedade técnica Casos existem decisões da Administração que só
podem ser tomadas perante estudos prévios de natureza técnica seguindo os critérios que
resultam do dever de boa administração.
Cabe aqui distinguir, que a discricionariedade técnica, não se confunde com a liberdade
probatória, isto que, embora ambas se reconduzam a uma discricionariedade imprópria, a
verdade é que são distintas, isto porque enquanto a discricionariedade técnica reporta-se à
decisão administrativa, a liberdade probatória tem a ver com a apreciação e a valoração de
todas as provas relativas aos factos em que vai incidir a decisão. Contudo, podemos dizer
que há um caso excecional, em que, a nossa jurisprudência admite a anulação jurisdicional
de uma decisão técnica da Administração é aquela hipótese em que aquela decisão
administrativa foi tomada com base em erro manifesto ou segundo um critério inadmissível,
aí o Tribunal Administrativo pode anular a decisão tomada pela Administração. Contudo,
não tem poder em a substituir por uma solução mais adequada.
Na “Justiça Administrativa”, a Administração Pública, no desempenho da função
administrativa, é chamada a proferir decisões essencialmente baseadas em critérios de
justiça material, isto é, a Administração Pública não pode escolher como quiser entre as
várias soluções igualmente possíveis, isto é, só deve haver uma solução correta, justa. Esta
justiça administrativa não é na verdade uma mistura entre liberdade probatória e
discricionariedade técnica, pelo que, há um outro elemento neste tipo de decisões da
Administração, que caracterizam esta terceira figura, que é o dever de aplicar critérios de
justiça absoluta, e de justiça relativa.

Observação
Com efeito, os critérios das decisões administrativas podem ser políticos, jurídicos, técnicos,
morais, financeiros, etc, isto é, nem todo o critério que não seja jurídico é necessariamente
um critério político, pelo que se conclui, que o campo da discricionariedade propriamente
dita, embora cada vez mais reduzido, nos dias de hoje, não se confina, todavia, aos casos em
que o critério da decisão administrativa seja um critério político, e muito menos àqueles em
que não seja um critério jurídico. Entende-se assim o essencial do poder discricionário da
Administração consiste na liberdade de escolha do poder entre as várias soluções possíveis
à face da lei.

Os princípios da Justiça e da Imparcialidade


Estes principio veem na verdade impor limites ao poder discricionário, encontram-se
consagrados nos artigos 8 e 9 do CPA e 266 da CRP.
Assim, o Principio da Justiça, significa que na sua atuação a Administração Pública deve
harmonizar o interesse público específico que lhe cabe prosseguir com os direitos e
interesses legítimos dos particulares, tal como está consagrado na Constituição, comporta,
vários elementos:
A) Princípio da justiça “strictu senso”: segundo este princípio, todo o ato
administrativo que seja praticado com base em manifesta injustiça é
contrário à Constituição sendo, portanto, ilegal, pelo que pode ser anulado
em recurso contencioso pelo Tribunal Administrativo competente.
B) Princípio da proporcionalidade: vem consagrado no artigo 18/2 da CRP e
ainda no artigo 7 do CPA, isto é, a lei ordinária só pode restringir liberdades
e garantias nos casos expressamente previstos na Constituição. E estas
restrições devem limitar-se ao necessário para salvaguardar outros direitos
ou interesses constitucionalmente protegidos. Nos termos do CPA, o
princípio da proporcionalidade impede e proíbe sacrifícios excessivos dos
direitos e interesses dos particulares. Se as medidas forem desproporcionais
iram constituir um excesso de poder e, sendo contrarias ao principio da
justiça violam a constituição e são ilegais.
C) Garantias da Imparcialidade da Administração Pública: o Princípio da
Imparcialidade está consagrado no artigo 266º da CRP e artigo 9 do CPA.
Significa, que a Administração deve atuar sempre com isenção e numa
atitude de equidistância perante todos os particulares, que com ela se
encontrem em relação. Não podendo privilegiando ninguém, nem
discriminar ninguém. Este princípio da imparcialidade assenta por um lado
na proibição de favoritismo ou perseguições relativamente aos particulares
e ainda na proibição dos órgãos da Administração tomarem decisões sobre
assuntos em que estejam pessoalmente interessados até à decisão do
incidente. Existe, assim, casos de escusa ou suspeição que são situações em
que não existe proibição absoluta de intervenção, mas em que esta deve ser
excluída, ou do cidadão interessado, suspeição, artigo 75 do CPA. Referir
ainda e dentro das garantias da imparcialidade que os casos de impedimento
estão previstos no artigo 65 do CPA. Por fim, cabe referir que caso o órgão
ou entidade que seja ativo de uma escusa, suspeição ou impedimento fica
sujeito às sanções do artigo 76 do CPA.

Teoria Geral da Organização Administrativa

As pessoas coletivas públicas


Estamos face a uma organização quando estamos perante um grupo humano estruturado
constituído pelos representantes de uma comunidade com vista à satisfação das
necessidades coletivas. O conceito de organização implica vários elementos:
 Grupo humano;
 Uma estrutura, isto é, um modo particular de relacionamento entre os elementos;
 O papel determinante dos representantes da coletividade, no modo como se
estrutura a organização;
 Uma finalidade, que é a satisfação das necessidades coletivas pré-determinadas.

Nota: as expressões pessoa coletiva ou pessoa coletiva de direito público são equivalentes,
cabe sublinhar a enorme importância das pessoas coletivas públicas e da sua análise em
direito administrativo. Ao fazer-se a distinção entre pessoas coletivas públicas e pessoas
coletivas privadas na relação juridico- administrativas, um dos sujeitos é em regra uma
pessoa coletiva, assim, não se pode dizer que as pessoas coletivas atuam sempre sob o
primado do Direito Público e as de Direito Privado atuam sobre o primado do direito
privado.

Espécies de pessoas coletivas públicas


As categorias de pessoas coletivas públicas no Direito português atual, são:
A. O Estado;
B. Os institutos públicos;
C. As empresas públicas;
D. As associações públicas;
E. As autarquias locais;
F. As regiões autónomas.
Estes tipos de pessoas coletivas se reconduzem a três categorias:
A. Pessoas coletivas de população e território, ou de tipo territorial onde se incluem o
Estado, as regiões autónomas e as autarquias locais;
B. As pessoas coletivas de tipo institucional a que correspondem as diversas espécies
de institutos públicos, bem como as empresas públicas;
C. As pessoas de tipo associativo a que correspondem necessariamente as associações
públicas.

Regime Juridico
O regime jurídico das pessoas coletivas públicas não é um regime uniforme, ou seja, não é
igual para todas elas pois vai depender da legislação aplicável, isto é, no caso das autarquias
locais, todas as espécies deste género têm o mesmo regime, que se encontra definido
basicamente na Constituição, na Lei das Autarquias Locais e na Legislação própria. Mas já
quanto aos institutos públicos e associações públicas, o regime varia muitas de entidade
para entidade, conforme a respetiva lei orgânica.
Considerando assim diversos diplomas que regulam as pessoas coletivas públicas, podemos
concluir que os aspetos predominantes do seu regime são os seguintes:
A. Criação e extinção são criadas por ato do poder central, contudo, há casos de criação
por iniciativa pública local. Porém, elas não se podem extinguir a si próprias,
contrariamente ao que acontece com as pessoas coletivas privadas, uma pessoa
coletiva pública não pode ser extinta por iniciativa dos respetivos credores só por
uma decisão pública;
B. Capacidade jurídica de Direito Privado e património próprio, todas as pessoas
coletivas públicas possuem estas características, cuja a importância se salienta no
desenvolvimento de atividade de gestão privada.
C. Capacidade de Direito Público, as pessoas coletivas públicas são titulares de poderes
e deveres públicos sendo que alguns deles, assumem especial relevância os poderes
de autoridade, e aqueles que denotam supremacia das pessoas coletivas públicas
sobre os particulares, nomeadamente, isto traduz-se no direito que essas pessoas
têm de definir a sua própria conduta alheia em termos obrigatórios para terceiros,
independentemente da vontade destes, o que não acontece com as pessoas coletivas
privadas.
D. Autonomia administrativa e financeira, as pessoas coletivas públicas dispõem de
autonomia administrativa e financeira.
E. Isenções fiscais todas as pessoas coletivas públicas dispõem de isenções fiscais.
F. Direito de celebrar contratos administrativos em regra as pessoas coletivas de
direito privado não possuem, o direito de celebrar contratos administrativos com
particulares.
G. Bens do domínio público, as pessoas coletivas podem ser titulares do domínio
público na precursão do direito público e não apenas de bens domínio privado.
H. Funcionários públicos, os funcionários públicos estão submetidos em regra ao
regime da função pública, e não ao do contracto individual de trabalho. Por sua vez,
algumas empresas públicas constituem exceção a este princípio.
I. Sujeição a um regime administrativo de responsabilidade civil, isto é, pelos
prejuízos que podem causar a outrem, pelo que as pessoas coletivas públicas
respondem nos termos da legislação própria do Direito Administrativo, e não nos
termos da responsabilidade regulada pelo Código Civil.
J. Sujeição à fiscalização do Tribunal de Contas, as contas das pessoas coletivas
públicas estão sempre sujeitas à fiscalização do Tribunal de Contas.
K. Foro administrativo, todas as questões do litigio que surjam da atividade destas
pessoas coletivas pertencem aos Tribunais administrativo, e não aos Judiciais.
Classificação dos órgãos
 Órgãos singulares e colegiais: são órgãos singulares aqueles que tem apenas um
titular e são órgãos colegiais os órgãos compostos de dois ou mais titulares.
Atualmente, qualquer órgão colegial deve ser composto no mínimo por três titulares
e deve em regra ser composto por número impar de membros.
 Órgãos centrais e locais: são órgãos “centrais” aqueles que têm competência sobre
todo o território nacional, assim são órgãos “locais” os que têm a sua competência
limitada a uma parcela do território nacional.
 Órgãos primários, secundários e vicários: órgãos “primários” são aqueles que
dispõem de uma competência própria para dizer as matérias que lhes estão
confiadas; órgãos “secundários” são os que apenas dispõem de uma competência
delegada e órgãos “vicários” são aqueles que só exercem competência por
substituição de outros órgãos.
 Órgãos representativos e não representativos: órgãos representativos são aqueles
cujos titulares são livremente designados por eleição. Os restantes são órgãos não
representativos.
 Órgãos ativos, consultivos e de controle: órgãos “ativos” são aqueles a quem
compete tomar decisões ou executá-las. Órgãos “consultivos” são aquela cuja função
é esclarecer os órgãos ativos antes de estes tomarem uma decisão, nomeadamente
através da emissão de pareceres. Órgãos “de controle” são aqueles que têm por
missão fiscalizar a regularidade do funcionamento de outros órgãos.
 Órgãos decisórios e executivo: os órgãos ativos, podem ainda subdividir-se em
órgãos decisórios e executivos. São órgãos “decisórios” aqueles a quem compete
tomar decisões. Os órgãos “executivos” são aqueles a quem compete por natureza
tomar essas decisões, isto é, pô-las em prática. Dentro dos órgãos decisórios,
costuma-se dar a designação de órgãos “deliberativos” aos que tenham carácter
geral.
 Órgãos permanentes e temporários: são órgãos “permanentes” aqueles que segundo
a lei têm duração indefinida e são órgãos “temporários” os que são criados apenas
para atuar um certo período.
 Órgãos simples e órgãos complexos: os órgãos “simples” são aqueles cuja a estrutura
é unitária, os órgãos singulares e os órgãos colegiais estão aqui incluídos sempre
que os seus titulares atuem nessa competência. Os órgãos “complexos” são aquela
cuja estrutura é diferenciada, isto é, são constituídos por titulares que exercem
também competências próprias a título individual e são em regra auxiliados por
adjuntos, delegados e substitutos.
As atribuições e competências
Os fins das pessoas coletivas públicas designam-se por “atribuições”. As atribuições são
assim, os fins e os interesses que a lei incumbe a essas pessoas coletivas públicas.
“Competências” são um conjunto de poderes funcionais que a lei confere para a prossecução
das atribuições das pessoas coletivas públicas. Qualquer órgão da Administração, ao agir,
deparasse com uma dupla limitação: por um lado, está limitado pela sua própria
competência não podendo, nomeadamente, invadir a esfera de competência dos outros
órgãos da mesma pessoa coletiva e, por outro lado, está limitado pelas atribuições da pessoa
coletiva em cujo o nome atua não podendo, designadamente, praticar quaisquer atos sobre
matérias estranhas às atribuições da pessoa coletiva a que pertence.
Todos os atos praticados fora das atribuições são atos nulos, praticados apenas fora da
competência do órgão que os pratica são atos anuláveis.

Da competência em especial
O primeiro princípio que cumpre sublinhar desde já é o de que a competência só pode ser
conferida, delimitada ou retirada pela lei, isto é, é sempre a lei que fixa a competência dos
órgãos da Administração Pública. É também o princípio da legalidade da competência,
expresso, pela ideia de que a competência é de ordem pública (artigo 36 e 37 do CPA).
Neste princípio decorrem alguns elementos relevantes:
 A competência não se presume na medida em que só há competência quando a lei a
confere a um determinado órgão.
 A competência é imodificável, ou seja, nem a Administração nem os particulares
podem alterar o conteúdo ou a repartição das competências estabelecidas por lei.
 A competência é irrenunciável e inalienável: os órgãos administrativos não podem
em caso algum praticar atos pelos quais renunciem os seus poderes ou os
transmitam para outros órgãos da Administração ou para entidades privadas. Esta
regra impede que possa haver hipóteses de transferência do exercício das
competências designadamente, situações de delegação de poderes.

Critérios de Delimitação da Competência


A distribuição de competências pelos vários órgãos pode ser feita em função de quatro
critérios:
 Em razão da matéria;
 Em razão da hierarquia, isto é quando, numa hierarquia, a lei efetua uma repartição
vertical de poderes, conferindo alguns ao superior e outros ao subalterno, estamos
assim perante uma delimitação da competência em razão da hierarquia;
 Em razão do território: a repartição de poderes entre órgãos centrais e órgãos locais,
ou a distribuição de poderes por órgãos locais diferentes em função das respetivas
áreas territoriais consiste numa delimitação de competência em função do
território;
 Em razão do tempo: só há competência administrativa em relação ao presente, pelo
que a competência não pode ser exercida em relação ao passado, nem ao futuro.
Um ato administrativo praticado por certo órgão da Administração contra as regras que
delimitam a competência diz-se está ferido de incompetência. Estes quatro critérios da
limitação da competência são cumuláveis e têm de atuar em simultâneo.

Espécies de competência
 Quanto ao modo de atribuição da competência: segundo este critério a competência
pode ser explicita ou implícita. Diz-se que a competência é explicita quando a lei a
confere de forma clara e inequívoca, diz se que a competência é implícita quando é
deduzida apenas de outras determinações legais ou de certos principios gerais de
direito;
 Quanto as formas de exercício da competência: a competência pode ser
condicionada ou livre conforme o seu exercício esteja ou não dependente de
limitações especificas impostas por lei ou ao abrigo de alguma norma legal;
 Quanto aos termos de exercício da competência e assim fala-se de competência
dispositiva e em competência revogatória. A competência dispositiva é o poder de
emanar um determinado ato administrativo sobre uma determinada matéria.
Enquanto que a competência revogatória consiste no poder de revogar esse
primeiro ato com ou sem possibilidade de o substituir por outro ato.
 Quanto à titularidade dos poderes exercidos: se os poderes exercidos por um órgão
da administração são poderes cujo a titularidade pertence a esse mesmo órgão
estaremos face a uma competência própria, se por outro lado esse órgão exerce nos
termos da lei parte da competência de outro órgão cujo exercício lhe foi transmitido
por delegação de poderes, podemos dizer que estamos face a uma competência
delegada ou consequência conseguida;
 Quanto ao número de órgãos a que a competência pertence e assim se a competência
pertencer a um único órgão estaremos face a uma competência singular, por sua vez
a competência conjunta é aquela que é exercida por dois ou mais órgãos distintos;
 Quanto à inserção da competência nas relações inter-orgânicas: a competência pode
ser dependente ou independente e isto em conformidade se o órgão titular estiver
ou não integrado numa hierarquia e por consequência se acha ou não sujeito a um
poder de direção de outro órgão e ao correspondente dever de obediência. Ainda
dentro da competência dependente podemos dividi-la nos casos em que existe
competência comum e competência própria e assim existirá competência comum
quando tanto o superior hierárquico como o subalterne podem tomar decisões
sobre um mesmo assunto. Diz se que há competência própria quando um poder de
praticar um certo ato administrativo é atribuído diretamente por lei ao órgão
subalterne, portanto vai adquirir uma competência própria.
 Por fim, existe também nos órgãos da administração publica a competência objetiva
e subjetiva e assim ela consiste num conjunto de poderes funcionais para decidir
sobre certas matérias e quando se fala em competência subjetiva queremos dizer
que é sempre dada a indicação de um determinado órgão sobre a forma como irá
exercer essa competência (artigo 112/8 da CRP).

Relações inter-orgânicas e relações intersubjetivas


Entre os diversos órgãos que compõe a administração pública poderão resultar relações que
se consideram relações inter-orgânicas e relações intersubjetivas.
Podemos definir relações inter-orgânicas como aquelas que se estabelecem no âmbito de
uma pessoa coletiva publica, isto é, entre órgãos da mesma pessoa coletiva pública.
Podemos definir relações Intersubjetivas como aquelas que ligam ou podem ligar órgãos de
duas pessoas coletivas públicas.

Regras legais sobre a competência


A competência de todos os órgãos da administração pública fixa-se no momento em que se
inicia o procedimento sendo irrelevante as modificações de direito que ocorram
posteriormente. Se a decisão final do procedimento administrativo depender de uma
questão que seja da competência de outro órgão administrativo, ou dos tribunais, deve o
órgão competente suspender a sua atuação até que aqueles se pronunciem, salvo se isso
trouxer prejuízos graves e considerando ainda …. Depois cabe dizer ainda que antes de
qualquer decisão deve o órgão administrativo certificar se que é competente para conhecer
da questão que vai decidir que é o que designa por autocontrole da competência.

Conflitos de atribuições e competências


Surgem da disputa entre os órgãos da administração acerca das atribuições ou
competências que lhes cabe prosseguir ou exercer e que podem ser positivos ou negativos.
Então assim, diz-se que há um conflito positivo sempre que dois ou mais órgãos da
administração reclamam para si a prossecução da mesma competência. E diz-se que há um
conflito negativo quando dois ou mais órgãos consideram em simultâneo que lhes faltam as
atribuições ou competência para decidir um determinado caso concreto.
Entendemos por conflito de competência aquele que se traduz numa disputa acerca do
exercício de um determinado poder funcional. E por conflito de atribuições versa sobre a
existência ou precursão de um determinado interesse público. Pode-se também falar em
conflito de jurisdição quando o litigio opõe órgãos administrativos de órgãos judiciais.

Serviços Públicos
Os serviços públicos constituem as células que compõe internamente as pessoas coletivas
públicas. A pessoa coletiva pública é um sujeito de Direito que estabelece relações juridicas
com outros sujeitos de direito. Por fim, podemos definir o serviço público como uma
organização que se encontra situada no interior da pessoa coletiva pública e dirigida pelos
respetivos órgãos, desenvolve atividades de que ela carece para prosseguir os seus fins.

Conceitos
São organizações humanas no seio de cada pessoa coletiva pública cujo fim é desempenhar
as atribuições destas.
 Os serviços públicos são estruturas administrativas acionadas por indivíduos que
trabalham ao serviço de uma certa entidade pública;
 Os serviços públicos existem no seio de cada pessoa coletiva pública, portanto não
estão fora dela, mas são as células que as integram;
 Os serviços públicos são criados para desempenhar as funções de uma determinada
pessoa coletiva, por sua vez os serviços públicos estão sob a direção dos órgãos das
pessoas coletivas.
 Os serviços públicos desenvolvem no seu âmbito de atuação quer numa fase
preparatório quer na fase que segue à manifestação da vontade, cumprem e fazem
cumprir aquilo que tiver sido determinado pelo que os serviços públicos são
organizações que levam a cabo as tarefas de preparação e execução dos órgãos das
pessoas coletivas e isto a par do desempenho das tarefas por inerência que lhes são
próprias, com vista à prossecução das atividades das atribuições das pessoas
coletivas a que lhes pertencem.

Espécies de serviços públicos


Os serviços públicos podem ser classificados segundo duas perspetivas diferentes: a
perspetiva funcional e estrutural.
 Os serviços públicos como unidades funcionais: à luz de uma consideração funcional
os serviços públicos distinguem-se de acordo com os seus fins;
 Os serviços públicos como unidades de trabalho em que se distinguem já não
segundo os fins, mas antes segundo o tipo de atividades que desenvolvem.
Em cada departamento tendem a existir unidades de trabalho diferenciadas, predominando
em cada uma aquela cuja a atividade cuja se relaciona mais diretamente com o objeto
especifico do serviço.

Regime Juridico
Existem alguns principios fundamentais que caracterizam o regime juridico dos serviços
públicos:
a) O serviço releva sempre de uma pessoa coletiva pública. Qualquer serviço publico
está sempre na dependência de um órgão da Administração, que sobre ele exerce o
poder de direção e a cujas ordens e instruções o serviço público deve obediência.
b) O serviço público está sempre vinculado à prossecução do interesse público.
c) Compete à lei criar ou extinguir serviços públicos: qualquer serviço público, seja
ministério, direção geral ou outro, só por lei pode ser criado ou extinto;
d) A organização interna dos serviços públicos tem de obedecer sempre a uma matéria
regulamentar;
e) O regime de organização e funcionamento de qualquer serviço público é
modificável;
f) A continuidade dos serviços públicos deve ser mantida, pelo que deve ser
assegurado o funcionamento dos serviços públicos ainda que para tanto seja
necessário empregar outros meios civis;
g) Os servos públicos devem tratar e servir todos os particulares em pé de igualdade;
h) A utilização dos serviços públicos pelos particulares em principio pelo direito
administrativo onerosa. Os utentes deverão pagar uma caixa como contrapartida do
serviço que têm, contudo existem serviços que a lei declara gratuito, na medida que
os serviços públicos não devem ter fins lucrativos;
i) Os serviços públicos podem gozar de exclusividade ou atuar em concorrência tudo
depende do que resultar da lei (artigo 87/3 da CRP);
j) Os serviços públicos podem atuar de acordo com o Direito Público ou com o Direito
Privado. A regra geral, em Portuga, é que os serviços públicos atuam
predominantemente segundo o direito público, exceto quando se encontrem
integrados em empresas públicas em que poderão agir simultaneamente em acordo
com o direito privado;
k) Os utentes dos serviços públicos ficam sujeitos a regras que os colocam numa
situação juridica especial. Os utentes dos serviços públicos encontram se
submetidos a uma forma particular de subordinação aos órgãos e agentes
administrativos que tem em vista criar e manter as melhores condições de
organização e funcionamento dos serviços e que se traduz no dever de obediência
relativamente a vários poderes de autoridade.

Organização dos serviços públicos


Os serviços públicos podem ser organizados segundo três critérios: organização horizontal,
territorial e vertical.
A organização horizontal dos serviços públicos, atende por um lado à distribuição dos
serviços pelas pessoas coletivas públicas, e dentro destas, à especialização dos serviços
segundo as atividades a desempenhar. É assim através da organização horizontal que se
chega à consideração das diferentes unidades funcionais e dentro delas das diferentes
unidades de trabalho.
Temos também um critério de organização territorial que nos remete para a distinção entre
serviços centrais e serviços periféricos.
Por fim, a organização vertical ou hierárquica e que genericamente se traduz na
estruturação dos serviços por diversos graus ou escalões em função de relações de
supremacia e subordinação.

Conceito de hierarquia administrativa


A hierarquia é um modelo de organização administrativa vertical, constituída por dois ou
mais órgãos e agentes com atribuições comuns, ligados por um vinculo juridico que confere
ao superior o poder de direção e impõe ao subalterne o dever de obediência. Este modelo
hierárquico apresenta algumas características:
 Existência de um vinculo juridico entre dois ou mais órgãos ou agentes
administrativos, o que equivale dizer que para haver hierarquia é necessário que os
dois existam;
 Comunidade de atribuições entre os elementos da hierarquia, o que significa que em
qualquer hierarquia é indispensável que tanto o subalterne como o superior
hierárquico atuem com vista à prossecução de atribuições comuns;
 Existe um vinculo juridico constituído pelo poder de direção (superior hierárquico)
e pelo dever de obediência (subalterne) designada por relação hierárquica.

Espécies de hierarquias
A principal distinção de modalidades da hierarquia é a que distingue entre a hierarquia
interna da hierarquia externa.
A hierarquia interna corresponde a um modelo de organização que tem por âmbito natural
o serviço público. Esta hierarquia consiste num modelo em que se considera a estrutura
vertical como diretriz, de forma a estabelecer a organização das atividades em que cujo o
serviço se traduz. A hierarquia interna corresponde por norma a uma hierarquia de agentes,
ou seja, não está em causa necessariamente o exercício da competência de uma pessoa
coletiva pública, mas antes o desempenho regular das tarefas de um serviço público na
prossecução de atividades e não tanto na pratica de atos jurídicos. A hierarquia interna é
um modelo vertical da organização que assenta na diferenciação entre superiores
hierárquicos e subalternos.
Por sua vez, a hierarquia externa vem estabelecer o ordenamento dos poderes jurídicos em
que a competência consiste, trata-se de uma hierarquia de órgãos pelo que os vínculos de
superioridade e subordinação se estabelecem entre os órgãos da administração o que se
encontra em causa é a repartição das competências entre aqueles a quem está confiado o
poder de tomar a decisão e que age em nome da pessoa coletiva.

Os poderes do superior hierárquico


Consistem genericamente no poder de direção, no poder de supervisão e no poder
disciplinar.
 O poder de direção consiste na faculdade do superior de dar ordens e instruções em
matéria de serviço ao subalterne. As ordens traduzem-se em comandos individuais
e concretos que o superior impõe aos subalternos e que se traduzem na adoção de
uma determinada conduta especifica. As ordens podem ser dadas verbalmente ou
por escrito. Por sua vez, as instruções traduzem-se em comandos gerais e abstratos
e através delas o superior impõe aos subalternos certas condutas. Cabe aqui
salientar que o poder de direção não carece da consagração legal escrita tratando-
se de um poder inerente as funções de chefia;
 O poder de supervisão consiste na faculdade do superior revogar ou suspender os
atos administrativos praticados pelo subalterno. Este poder em concreto pode ser
exercido por duas maneiras: por iniciativa do superior que terá de invocar a
resolução de um determinado caso, ou em consequência de recurso hierárquico
perante ele interposto pelo interessado;
 O poder disciplinar que consiste na faculdade do superior punir o subalterne
mediante a aplicação de sanções previstas na lei em consequência das infrações
cometidas.
Outros poderes existem integrados na competência dos superiores hierárquicos, ou que se
discute são:
a) Poder de inspeção que se traduz na faculdade do superior hierárquico fiscalizar o
comportamento dos subalternos e o funcionamento dos serviços, a fim de
providenciar como melhor entender e de, eventualmente, mandar abrir inquérito
ou processo disciplinar.
b) O poder de decidir recursos que consiste na faculdade do superior reapreciar os
casos definidos pelos subalternos podendo confirmar ou revogar os atos
impugnados. E a este meio de impugnação dos atos do subalterne chama-se recurso
hierárquico;
c) O poder de decidir conflitos de competência que consiste na faculdade de o superior
declarar em casos de conflito positivo ou negativo entre subalterne seus a qual deles
pertence realmente a competência conferida por lei;
d) O poder de substituição que se traduz na faculdade do superior exercer
legitimamente competências conferidas por lei ou delegações de poder ao
subalterne.

O dever de obediência
O dever de obediência consiste na obrigação de o subalterno cumprir as ordens e instruções
dos seus legítimos superiores hierárquicos, dadas em razão do serviço e sob a forma legal.
Resultam alguns requisitos deste dever:
a) Que a ordem ou as instruções provenham de legítimo superior hierárquico do subalterno
em causa;
b) Que essas ordens ou as instruções sejam dadas em matéria de serviços;
c) Que ordem ou as instruções revistam a forma legalmente prescrita.
Não existe dever de obediência quando, por qualquer comando seja dado por quem não seja
por quem não legítimo superior hierárquico do subalterno hierárquico por não ser órgão
da Administração, ou por não pertencer à cadeia hierárquica em que o subalterno está
inserido. Sempre que uma ordem diga respeito a um assunto da vida particular do superior
ou do subalterno ou quando por sua vez tenha sido dado verbalmente sendo que a lei previa
a forma escrita. Para a linha hierárquica, e existe sempre o dever de obediência, não
assistindo ao subalterno o dever de questionar ou por em casa essa ordem ou instrução.
Contudo, cabe ressalvar que parte da doutrina defende que não existe dever de obediência
relativamente a ordens consideradas ilegais.
Casos em que não há dever de obediência:
Assim sendo, não há dever de obediência senão em relação as ordens ou instruções
emanadas do legitimo superior hierárquico em relação dos serviços que sejam dadas sob a
forma legal (artigo 271/2 da CRP).
Por outro lado, não há dever de obediência sempre que o cumprimento de ordens ou
instruções impliquem pratica de qualquer crime como resulta o artigo 271/3 da CRP, ou
ainda quando sejam provenientes de um ato nulo.
Casos em que há dever de obediência:
Todas as restantes ordens ou instruções, isto é, dadas por um superior hierárquico legitimo
que não impliquem a pratica de um crime ou proceda de um ato nulo, devem ser cumpridas
pelo subalterno.
Contudo, se forem dadas ordens ou instruções ilegais, o funcionário ou agente que lhes der
cumprimento só ficará excluído da responsabilidade pelas consequências da execução dessa
ordem ou instrução previamente delas tiver reclamado ou tiver exigido a confirmação delas
por escrito, devendo fazer expressa menção de que considera ilegais ou ilegítimas, por sua
vez a execução da ordem pode ser demorada sem prejuízo do interesse público, neste caso
o funcionário ou agente pode legitimamente retardar a execução até receber a resposta do
superior sem que por esse motivo incorra em desobediência. Por outro lado, a demora na
execução da ordem pode causar prejuízo ao interesse público e neste caso ou funcionário
ou agente subalterno deve comunicar logo por escrito ao seu imediato superior hierárquico
os termos exatos da ordem recebida e do pedido formulado, bem como a não satisfação
deste, e logo a seguir poderá executar a ordem, sem que por esse motivo possa ser
responsabilizado.
As leis ordinárias que imponham o dever de obediência a ordens ilegais só serão legitimas
se, e na medida em que, puderem ser consideradas conformes à Constituição (266/2 da
CRP) em que se exige a exigência da subordinação dos órgãos e agentes administrativos à
lei – principio da legalidade existindo um preceito constitucional que expressamente
legitima o dever de obediência a ordens ilegais desde que não impliquem a pratica de um
crime (272/3 CRP). O dever de obediência a ordens ou instruções ilegais é de facto uma
exceção ao principio da legalidade sendo uma exceção que é legitimada pela própria
constituição, o que não significa, que exista uma especial legalidade interna na medida em
que uma ordem ilegal é sempre uma ordem ilegal que poderá responsabilizar o seu autor e
eventualmente também a própria administração.

Sistemas de Organização Administrativa


Concentração e desconcentração
Tanto o sistema concentração como o sistema de desconcentração referem à organização
administrativa de uma determinada pessoa coletiva pública. Contudo, o problema maior ou
menor da concentração existente nada tem a ver com as relações entre o Estado e as
restantes pessoas coletivas, sendo uma questão que se coloca apenas dentro do Estado, ou
apenas dentro de uma entidade pública. A concentração ou desconcentração tem como
referencia a organização vertical dos serviços públicos consistindo basicamente na ausência
ou existência da distribuição.
?
Vantagens e Inconvenientes
A principal razão pela qual se desconcentram competências consiste em procurar aumentar
a eficiência dos serviços públicos. Porem, há quem contraponha ao que parece ser uma
vantagem da desconcentração alguns inconvenientes e assim podemos dizer que a
multiplicidade dos centros decisórios pode inviabilizar uma atuação harmoniosa. Coerente
e consultada da administração. Atualmente nos diversos ordenamentos jurídicos a
tendência é para favorecer e desenvolver fortemente a desconcentração.

Espécies ou modalidades de desconcentração


Essas espécies podem apurar-se em função de alguns critérios fundamentais:
 Quanto aos níveis de desconcentração, há que distinguir desconcentração a nível
central e a nível local, consoante ela se inscreva no âmbito dos serviços da
administração central ou no âmbito dos serviços da administração local;
 Quanto aos graus de desconcentração, ela pode ser absoluta ou relativa. No caso de
ser absoluta a desconcentração é tao intensa e é levada tão longe que os órgãos por
ela atingidos se transforam de órgãos subalternos de órgãos quase independentes.
No caso de ser relativa, a desconcentração é menos intensa e, embora atribuía certas
competências próprias a órgãos subalternos mantem-se sempre a subordinação
destes ao poder do superior hierárquico (regra no direito português);
 Por fim, quanto às formas de desconcentração, temos de um lado a desconcentração
originaria e por outra derivada. A originária é aquela que decorre imediatamente da
lei e que desde logo reparte a competência entre o superior e os subalternos. A
derivada carecendo embora de permissão legal expressa só se efetiva mediante um
ato especifico praticado para o efeito pelo superior. A desconcentração derivada
traduz-se assim na delegação de poderes.

Delegação de poderes
Por vezes sucede, que a lei atribuindo a um órgão a competência normal para a prática de
determinados atos, permite, no entanto, que esse órgão delegue noutro parte dessa
competência (artigo 44 do CPA). A delegação de poderes é um instrumento de difusão do
poder de decisão de uma organização pública que repousa na iniciativa dos órgãos
superiores desta. Do ponto de vista do direito administrativo a delegação de poderes é o ato
pelo qual um órgão da administração normalmente competente para decidir determinada
matéria permite de acordo com a lei que outro órgão ou agente pratiquem sobre atos
administrativos sobre a mesma matéria. São três os requisitos para que exista delegação de
poderes:
 É necessário que uma lei preveja expressamente a faculdade de um órgão delegar
poderes noutro, é chamada lei de habilitação, isto porque, a competência é
irrenunciável e inalienável, o que só pode haver delegação de poderes com base na
lei (artigo 111/2 da CRP);
 É necessário a existência de dois órgãos, ou de um órgão e um agente, da mesma
pessoa coletiva pública, ou ainda de dois órgãos normalmente competentes, o
delegante e o delegado;
 É necessária a prática do ato de delegação propriamente dito, isto é, o ato pelo qual
o delegante concretiza a delegação dos seus poderes no delegado, permitindo-lhe a
pratica de certos atos na matéria sobre a qual é normalmente competente.

Figuras afins da delegação de poderes


 Transferência legal de competências, esta quando ocorre consubstancia uma forma
de desconcentração originária, que acontece por lei, enquanto que a delegação de
poderes configura uma desconcentração derivada. Por outro lado, a transferência
legal de competências é em si definitiva, enquanto que a delegação de poderes é
precária, pois é livremente revogável pelo delegante;
 Concessão: esta concessão em direito administrativo tem de semelhante com a
delegação de poderes o de ser um ato translativo, e de duração em regra limitada. O
destinatário em regra, é uma entidade privada ao passo que na delegação de poderes
o destinatário é um órgão ou agente da administração. Além disso a concessão
destina se a entregar a empresas o exercício de uma atividade económica lucrativa
que será gerida por conta e risco do confessionário, enquanto que na delegação de
poderes, o delegado passa a exercer uma atividade puramente administrativa.
 Delegação de serviços públicos, e tambem esta figura tem em vista transferir para
entidades particulares, embora aqui sem fins lucrativos a gestão global de um
serviço público de caracter social ou cultural sendo que ai se extingue da delegação
de poderes;
 A representação em que os atos que o representante pratica são em nome do
representado sendo que os efeitos jurídicos deste vão se refletir na esfera do
representado;
 A substituição: em direito público ocorre a substituição quando a lei permite que
uma determinada entidade exerça poderes ou pratique atos que pertencem à esfera
juridica de uma entidade extinta. De tal forma, que as consequências juridicas do ato
praticado vão recair na esfera juridica do substituído. A substituição ocorre quando
o substituído não quer cumprir os seus deveres funcionais, o que não acontece na
delegação de poderes;
 A suplência: ela ocorre quando um titular do órgão administrativo não pode exercer
o seu cargo por ausência, falta ou impedimento e aí a lei determina que as respetivas
funções sejam asseguradas por um suplente. Na suplência há um órgão, que passa a
ter um novo titular ainda que provisório;
 Delegação de assinatura: aqui por vezes a lei permite que certos órgãos da
administração incubam um determinado funcionário subalterno de assinar a
correspondência expedida em nome daqueles, com a finalidade de os aliviar, de um
eventual excesso de trabalho que de outra maneira os sobrecarregaria;
 Delegação tácita: por vezes a lei, antes de definir a competência de um certo órgão
determina que essa competência ou parte dela se considerará delgada noutro órgão,
se e enquanto o primeiro nada disser em contrário.

As espécies de habilitação para a delegação de poderes


 Quanto à habilitação ela pode ser genérica ou especifica. No caso de ser genérica, a
lei permite que certos órgãos deleguem, sempre que quiserem, alguns dos seus
poderes em outros órgãos, de tal modo que uma só lei de habilitação serve de
fundamento a todo e qualquer ato de delegação de poderes entre esses tipos de
órgãos.
Em todas as situações a lei impõe uma limitação relevante. Neste tipo de delegações
só podem ser delegados poderes para a pratica de atos de administração ordinária
por oposição aos atos de administração extraordinária que serão indelegáveis, salvo
a exigência de lei de habilitação especifica. Entende-se que são atos de
administração ordinária todos os atos não definitivos bem como aqueles atos
definitivos que estejam vinculados à discricionariedade em si. Pelo que, não será
relevante definir orientações para normas gerais e novas, ou alterar as existentes,
pois aí estaremos perante uma administração extraordinária;
 Quanto às espécies de delegação principais, temos as seguintes:
- Sobre o prisma da sua extensão, a delegação de poderes pode ser ampla ou restrita,
conforme o delegante resolva delegar grande parte dos seus poderes ou apenas uma
pequena parcela deles. No que respeita ao objeto de delegação, esta pode ser
especifica ou genérica, isto é, pode abranger a pratica de um ato isolado ou por sua
vez permitir a pratica de uma pluralidade de atos. Sendo especifica, a partir do
momento em que é praticado o ato pelo delegado a delegação caduca. Sendo
genérica o delgado continua indefinidamente a dispor de competências que
exercera sempre que se torne necessário;
- Cumpre aqui referir que há casos de delegação hierárquica, isto é, delegação de
poderes de um superior num subalterno e casos de delegação não hierárquica, ou
seja, a delegação de poderes de um órgão administrativo noutro órgão que não
dependa hierarquicamente do delegante;
- Delegação propriamente dita ou de 1º grau, e a subdelegação de poderes que pode
ser de 2º ou 3º grau, conforme o número de subdelegações que forem praticadas. A
subdelegação é uma espécie de género de delegação porque é uma delegação de
poderes delegados.

Regime Juridico (artigo 44 a 52)


 Requisitos do ato de delegação: para que o ato de delegação seja valido e eficaz, a lei
estabelece requisitos gerais, para todos os atos genericamente previstos o artigo 47
do CPA. Nomeadamente ao conteúdo é sempre através da especificação dos poderes
delegados que se fica a saber se a delegação é ampla ou restrita, genérica ou
especifica. Quanto à publicação a ela se refere o artigo 159 do CPA. Cumpre referir
que a falta de algum requisito exigido por lei tem as seguintes consequências:
- Quanto ao conteúdo são requisitos de validade pelo que a falta de algum deles
torna o ato de delegação invalido;
- Quanto à publicação são designados como requisitos de eficácia de onde resulta
que a falta de qualquer um deles torna o ato de delegação ineficaz.
 Poderes do delegante: uma vez conferida a delegação de poderes do delegante ao
advogado artigo 49 do CPA, este adquire a possibilidade de exercer esses poderes
para a precursão do interesse público. O que o delegante tem é a faculdade de
avocação de casos concretos compreendidos no âmbito da delegação conferida
(artigo 49/2) e apenas quando o fizer o delegado deixa de poder resolver esses casos
que passam de novo para a competência do delegante. Além do poder de avocação,
o delegante tem ainda o poder de dar ordens ou instruções ao delegado sobre o
modo como devem ser exercidos os poderes delegados (artigo 49/1). Por sua vez, o
delegante pode revogar qualquer ato praticado pelo delegado ao abrigo da
delegação quer por o considerar ilegal quer por o considerar inconveniente.
 Natureza dos atos do delegado: colocam se duas questões:
- Os atos do delegado serão definitivos? Entre nós, a regra geral é que os atos do
delegado são definitivos e executórios, nos mesmos termos em que seriam se
tivessem sido praticados pelo delegante.
- Se há lugar ao recurso hierárquico dos atos do delegado para o delegante. Se se
tratar de uma delegação hierárquica dos atos praticados pelo subalterno delegado
cabe sempre recurso hierárquico para o superior delegante. Se por sua vez, os atos
do delegado forem definitivos será facultativo. Tratando se de uma delegação não
hierárquica e na medida que não há hierarquia não pode haver recurso hierárquico,
podendo, contudo, a lei admitir um recurso hierárquico impróprio. Se, porém, a lei
for omissa entendemos que nos casos que o delegante puder revogar os atos do
delegado, o particular pode interpor recurso hierárquico impróprio.
 Extinção de delegação (artigo 50): resulta que se a delegação for conferida apenas
para a pratica de um único ato ou apenas para ser usada de um determinado período
a delegação caduca. Existindo dois motivos de extinção que merecem referencia: por
um lado a delegação de poderes pode ser extinta por revogação, o delegante pode
em qualquer momento e sem necessidade de fundamentação por termo à delegação,
na medida em que a delegação de poderes é um ato precário, nos termos do artigo
50 alínea a). Por outro lado, a delegação pode extinguir se por caducidade sempre
que mudar a pessoa do delegante ou do delegado nos termos do artigo 50 alínea b).

Natureza juridica da delegação de poderes (artigos 36, 37, 39, 40, 42, 43 do CPA)
Existem várias teses referentes à natureza da delegação:
 Tese da alienação: considera-se a tese mais antiga sendo que de acordo com esta
tese a delegação de poderes é um ato de transmissão ou alienação de competências
do delegante para o delegado e assim a titularidade de poderes que pertencia ao
delegante antes da delegação passa por força desta e com fundamento na lei da
habitação para a esfera da competência do delegado. A razão pela qual podemos
considerar que esta tese não é satisfatória reside na sua incapacidade de explicar
adequadamente o regime juridico estabelecido na lei para a delegação de poderes.
Na verdade, se esta tese correspondesse a uma autentica alienação significaria que
os poderes delegados deixariam de pertencer ao delegante sendo que a titularidade
de tais poderes passaria na integra para o delegado e o delegante ficaria
inteiramente desligado de toda e qualquer responsabilidade quanto aos poderes
delegados o que não poderá recorrer ao abrigo do artigo 45 do CPA;
 A tese da autorização em que a competência do delegante não é alienada nem
transmitida total ou parcialmente para o delegado o que acontece é que a lei da
habilitação confere desde logo uma competência condicional ao delegado sobre as
matérias em que permite a delegação. Assim, o ato de delegação visa facultar ao
delegado o exercício de uma permissão do delegante. A doutrina entende que
também não é de aceitar esta tese, na medida em que ela parece contraria à letra da
lei. Assim, as leis que permitem a delegação de poderes exprimem-se nos termos
seguintes “o órgão A pode delegar os poderes tais ao órgão B”. Ao referir-se aos seus
poderes a lei inequivocamente esta a referir-se à competência do delegante. Cabe
ressalvar que se fosse verdadeira a tese de autorização o delegado uma vez recebida
essa mesma delegação praticaria os atos administrativos compreendidos no objeto
da delegação ou exercício de uma competência própria. A tese da autorização
tambem não é compatível com o poder de revogar a delegação e tambem não é
compatível com outra solução que é o poder que o delegante tem de revogar os atos
práticos pelo delegado no exercício da revogação.
 Uma terceira, e ultima tese, a transferência de exercício. A delegação de poderes não
é uma alienação na medida em que o delegante não fica alheio à competência que
decide delegar, nem é em si uma autorização na medida em que nem é uma
autorização porque antes do delegante praticar o ato de delegação o delegado não é
competente e por sua vez a competência advém do ato de delegação e não de
habilitação. Por sua vez, a competência exercida pelo delgado com base na delegação
de poderes não é uma competência própria, mas podemos dizer que é mais uma
competência alheia, logo a delegação de poderes constitui uma transferência do
delegante para o delegado, não é em si uma transferência da titularidade de poderes,
mas uma transferência do exercício dos poderes. Resulta daqui que a tese que
melhor explana a delegação de poderes é de facto esta, na medida que vê na
delegação de poderes um ato que transfere para o delegado o exercício de uma
competência própria do delegante, ou seja, a competência do delegado só existe por
força do ato de delegação sendo que o exercício por força dos poderes delegados é
em si o exercício de uma competência alheia e não própria. O delegado quando
exerce os poderes em si delegados está na verdade em exercer uma competência do
delegante e não a exercer uma competência própria.
Em resume, nesta tese a titularidade dos poderes permanece nos delegantes e o seu
exercício é confiado ao delegado. O delegante contrariamente do que se poderia
entender à primeira vista não transfere para o advogado o exercício de toda a sua
competência mesmo nas matérias que delegou, ele conserva poderes de exercício e
adquire do próprio mecanismo da delegação poderes que antes não tinha e isto quer
dizer que nem o delegado passa a deter todo o exercício de competência do
delegante nem este fica reduzido a uma mera titularidade nua ou de raiz, pois
adquire em contrapartida um complexo de poderes de superintendência e controle
que poderá exercer enquanto durar a delegação. A delegação de poderes é um ato
que transfere com limitações e condicionamentos uma parte do exercício da
competência do delegante é tambem uma transferência de exercício. Esta conceção
tem consequências praticas que convém referir:
- O potencial delegado não pode requerer ao delegante a sua competência, isto é,
não tem legitimidade para fundamentar a pretensão de requerer uma delegação de
poderes em seu favor, tem de aguardar que o delegante lhe confira ou não conforme
melhor entender;
- Por outro lado, se o potencial delegado praticar atos a descoberto, compreendidos
na matéria delegável, mas que ainda não foram objeto de uma delegação, tais atos
estarão viciados de incompetência e não de simples vicio de forma.
-No caso do potencial delegado não ser um órgão da administração, mas um simples
agente se ele praticar um ato compreendido no âmbito da matéria delegável, mas
sem que tenha ocorrido delegação podemos dizer que estamos perante um caso de
inexistência juridica considerando que todos os atos administrativos terão de ser
provenientes sempre de órgãos da administração.

Sistemas de Organização Administrativa


Concentração e Desconcentração
Conceito
A concentração e a desconcentração são figuras que se reportam à organização interna de cada
pessoa coletiva pública ao passe que a centralização e a descentralização poem em causa várias
pessoas coletivas publicas ao mesmo tempo. No plano juridico diz se centralizado o sistema em
que todas as atribuições administrativas são por lei conferidas ao estado, não existindo,
portanto, quaisquer outras pessoas coletivas publicas incumbidas do exercício da função
administrativa.
Diz-se que o sistema é descentralizado sempre que a função administrativa não esteja apenas
confiada ao estado, mas tambem a outras pessoas coletivas territoriais. Dir-se-á que à
descentralização sobre o ponto de vista politico administrativo quando os órgãos das autarquias
locais sejam livremente nomeados ou admitidos pelos órgãos do estado. E ainda quando devem
obediência ao governo ou quando se encontrem sujeitos a formas particularmente intensas de
tutela administrativa, nomeadamente tutela de mérito. Pelo contrario, diz se que há
descentralização em sentido político-administrativo quando os órgãos das autarquias locais são
livremente eleitos pelas respetivas populações ou quando a lei os considera independentes no
que se refere as suas atribuições e competências e sempre que estejam sujeitos a formas
atenuadas de tutela administrativa. Em regra, restritas ao controlo da legalidade.

Vantagens e inconvenientes
A centralização apresenta teoricamente algumas vantagens na medida que assegura a unidade
do estado. Garante ainda a homogeneidade da ação politica e administrativa do país e permite
uma melhor coordenação do exercício da função administrativa. Porem, apresenta alguns
inconvenientes, gera aquilo que se designa por gigantismo do poder central podendo ser fonte
de ineficácia da ação administrativa na medida em que confiar tudo ao estado é naturalmente
causa de elevados custos financeiros no que se refere ao exercício da ação administrativa. Por
outro lado, pode abafar a vida local iluminando ou reduzindo a muito pouco a própria atividade
das comunidades tradicionais, não respeita as liberdades locais e faz depender todo o sistema
administrativo da possível insensibilidade do poder central ou dos seus delegados. No que se
refere as desvantagens da descentralização, esta garante as liberdades locais servindo de base
a um sistema pluralista da administração pública que é por sua vez uma forma de limitação ao
poder politico. Em segundo lugar, a descentralização proporciona a participação dos cidadãos
na tomada das decisões publicas em matérias que se relacionem com os seus próprios
interesses. E esta participação é um dos grandes objetivos do estado moderno (artigo 2 da CRP).
A descentralização permite ainda aproveitar para a realização do bem comum a sensibilidade
das populações locais relativamente aos seus problemas e facilita a mobilização das iniciativas
e das energias locais para as tarefas da administração publica. A descentralização tem ainda a
vantagem de proporcionar em principio soluções mais vantajosas do que a centralização em
termos de custo-eficácia. Contudo, a descentralização apresenta tambem alguns
inconvenientes: o primeiro é o de poder gerar alguma descoordenação no exercício da função
administrativa, e o segundo é o de poder ocasionar um mau uso dos poderes discricionários da
administração por parte de pessoas que nem sempre estão preparadas para o exercer.
No nosso ordenamento juridico o artigo 6 da CRP, estabelece que o estado é unitário e que
respeita na sua organização os principios da autonomia das autarquias locais e da
descentralização democrática da administração publica. No mesmo sentido refere-se o artigo
267 da constituição. Pelo que constitucionalmente o sistema administrativo português tem de
ser um sistema descentralizado, a questão que se coloca é de saber qual o grau maior ou menos
da descentralização que se deve adotar.

Espécies de descentralização
Aqui cabe distinguir as formas e os graus de descentralização. Quanto ás formas a
descentralização pode ser territorial, institucional e associativa.
A descentralização territorial é a que dá origem á existência de autarquias locais. A institucional
dá origem aos institutos públicos e a associativa dá origem as associações publicas. No que se
refere aos graus existem diversos graus:
a. Simples atribuições de personalidade juridica de direito privado;
b. Atribuição de personalidade juridica de direito publico;
c. Atribuição de autonomia administrativa;
d. Atribuição de autonomia financeira;
e. Atribuição de faculdades regulamentares;
f. Atribuição de poderes legislativos próprios.

Limites da descentralização
Existem limites à descentralização. Podem ser limites a todos os poderes da administração e,
portanto, tambem ao poder das entidades descentralizadas. Poderão ser limites à quantidade
de poderes transferidos para as entidades descentralizadas e poderão ser limites ao exercício
dos poderes que são transferidos (artigo 267/2 da CRP).

A Tutela Administrativa
A tutela administrativa consiste num conjunto dos poderes de intervenção de uma pessoa
coletiva publica na gestão de outra pessoa coletiva, a fim de assegurar a legalidade ou o mérito
da sua atuação. Resultam as seguintes características:
 A tutela administrativa pressupõe sempre a existência de duas pessoas coletivas
distintas, sito é a pessoa coletiva tutelas e a pessoa coletiva tutelada
 Destas duas pessoas coletivas uma é necessariamente uma pessoa coletiva pública, a
segunda, por sua vez a entidade tutelada será igualmente na maior parte dos casos, uma
pessoa coletiva pública.
 Os poderes da tutela administrativa são poderes de intervenção na gestão de uma
pessoa coletiva.
 O fim da tutela administrativa é o de assegurar em nome da entidade tutelar que a
entidade tutelada cumpra as leis em vigor e garantir que sejam adotadas soluções
oportunas para a prossecução do interesse público

Figuras afins
Em primeiro lugar a tutela não se poderá confundir com a hierarquia na medida que este é um
modo de organização situado no interior de cada pessoa coletiva publica ao passe da tutela
administrativa assenta numa relação juridica entre duas pessoas distintas.
Em segundo lugar, não se pode confundir a tutela administrativa com os poderes dos órgãos de
controlo jurisdicional da administração publica. Na medida em que a tutela administrativa é
exercida por órgãos da administração e, portanto, não por tribunais. Sendo que o seu
desempenho traduz uma forma de exercício da função administrativa e não da função
jurisdicional.
Em terceiro lugar, não se confunde a tutela administrativa com certos controlos internos da
administração, tais como a sujeição a autorização ou a aprovação por órgãos da mesma pessoa
coletiva publica.

Espécies
Poe um lado ade que saber distinguir a tutela quanto ao fim e ao seu conteúdo. Quanto ao fim
a tutela poderá ser de legalidade oi de mérito e assim a tutela de legalidade é a que visa controlar
a legalidade das decisões da entidade tutelada. A tutela de mérito é aquela que visa controlar o
mérito das decisões administrativas da entidade tutelada. Quando averiguamos a legalidade de
uma decisão estamos efetivamente a apurar se essa decisão esta em conformidade com a lei.
Por sua vez quando averiguamos do mérito de uma decisão estamos a indagar se essa decisão
independentemente de ser legal ou não, é uma decisão conveniente ou inconveniente.
Modalidades de tutela:
a. Tutela integrativa: sendo aquela que consiste no poder de autorizar ou aprovar os atos
da entidade tutelada. Corresponde assim aquela espécie que consiste em autorizar a
pratica de atos à posteriori, isto é, consiste em aprovar os atos praticados pela entidade
tutelada. Tanto a aprovação como a autorização tutelar podem ser expressas ou tácitas
e ainda totais ou parciais e podem ser condicionais ou a termo, o que nunca podem é
modificar o ato sujeito à apreciação pela entidade tutelar. Pelo que qualquer titular
lesado por uma eventual ilegalidade de uma qualquer decisão que o afete deverá
impugnar o ato da entidade tutelada e não a autorização ou aprovação tutelar, salvo se
estas padecerem de quaisquer vícios que possam fundamentar a sua impugnação
autónoma.
b. Tutela inspetiva: consiste no poder de fiscalização dos órgãos, serviços, documentos e
contas da entidade tutelada ou resumidamente consiste na fiscalização da organização
e funcionamento da entidade tutelada.
c. Tutela sancionatória: consiste na faculdade de aplicar sanções por irregularidades que
tenham sido detetadas na entidade tutelada.
d. Tutela revogatória: consiste na faculdade de revogar os atos administrativos praticados
pela entidade tutelada.
e. Tutela substitutiva: consiste no poder da entidade tutelar suprir as omissões da
entidade tutelada, pelo que ira praticar em substituição daquela os atos que forem
legalmente previstos.
A tutela administrativa não se presume, pelo que só existe quando a lei expressamente a prevê.
A tutela administrativa sobre as autarquias locais é hoje uma tutela de legalidade na medida em
que não há tutela de mérito em relação as autarquias locais (artigo 242/1 da CRP).

Natureza juridica da tutela administrativa


Existem várias orientações quanto ao modo de interpretar a natureza juridica da tutela
administrativa:
a. A tese da analogia com a tutela civil: a tutela administrativa seria no fundo uma figura
bastante semelhante à tutela civil. Tal como no direito civil a tutela visa providenciar o
suprimento das diversas incapacidades, assim tambem no direito administrativo o
legislador terá sentido a necessidade de criar um mecanismo a prevenir ou a remediar
as deficiências que ocorrem na atuação das entidades públicas menores ou
subordinadas. Assim, a tutela administrativa tal como a tutela civil visaria, portanto,
suprir as deficiências organizas ou funcionais das entidades tuteladas.
b. A tese da hierarquia enfraquecida: segunda esta, a tutela administrativa é uma espécie
de hierarquia enfraquecida, ou melhor os poderes titulares são no fundo poderes
hierárquicos enfraquecidos.
c. A tese do poder de controle: é aquela que no direito administrativo se afigura como
sendo a mais adequada. A tutela administrativa não tem analogia relevante com a tutela
civil nem com a hierarquia enfraquecida. Ela constitui uma figura parecida com o direito
em si num conjunto dos conceitos e categorias do mundo juridico correspondendo na
verdade à ideia que o poder de controle exercido por um órgão da administração por
certas pessoas coletivas sujeitas à sua intervenção com a finalidade de assegurar o
respeito por determinados valores considerados essenciais.
Atendendo a que os poderes de tutela administrativa não se presumem e por isso só existem
quando a lei explicitamente o estabelece ao contrario dos poderes hierárquicos que se presume
existirem pelo que a lei não surge para limitar poderes, mas sim para conferir poderes que sem
ela não existiriam. Resulta que os poderes tutelares não são poderes hierárquicos enfraquecidos
ou quebrados pela autonomia.

Integração e devolução de poderes


Conceito
Os interesses públicos a cargo do Estado, ou de quaisquer outras pessoas coletivas podem ser
mantidos pela lei no que se refere ao elenco das atribuições da entidade a que pertencem, ou
podem diferentemente ser transferidos para uma pessoa coletiva pública de fins singulares, que
fique especialmente incumbida de assegurar a sua prossecução. Entende se por integração o
sistema em que todos os interesses públicos a prosseguir pelo Estado ou por pessoas coletivas
publicas são postos por lei a cargo das próprias pessoas coletivas a que pertencem. E
consideramos como devolução de poderes, o sistema em que alguns interesses públicos do
estado ou de pessoas coletivas são postos por lei a cargo de pessoas coletivas publicas pelo que
há a tal devolução de poderes.

Vantagens e Inconvenientes
A principal vantagem de poderes é a de permitir maior comodidade e eficiência na gestão, de
modo a que a administração publica no seu todo funcione de forma mais eficiente, na medida
em que descongestionou a gestão da pessoa coletiva principal. Poderá aqui haver alguns
inconvenientes que consistem na proliferação de centros de decisão autónomos de patrimónios
separados que poderão escapar ao controle global do Estado. A devolução de poderes ocorre
sempre por lei, os poderes transferidos são exercidos em nome próprio pela pessoa coletiva
publica criada para o efeito. Contudo, deverão ser exercidos no interesse da pessoa coletiva que
o transferiu e sob orientação dos respetivos órgãos. Pelo que, as pessoas coletivas publicas que
recebem a devolução de poderes são entidades auxiliares ou instrumentais ao serviço da pessoa
coletiva que os criou.

Sujeição à Tutela Administrativa e à superintendência


Todas as entidades que exercem administração indireta por devolução de poderes estão sujeitas
além da tutela administrativa a uma outra figura que se consubstancia de um poder ou conjunto
de poderes do Estado, que se designa por superintendência.
A superintendência, é o poder conferido ao Estado, ou a outra pessoa coletiva de fins públicos
de definir os objetivos de forma a orientar a atuação das pessoas coletivas publicas colocadas
por lei na sua dependência. Trata-se assim de um poder mais amplo, do que a tutela
administrativa. Na medida que esta tem por fim controlar a atuação das pessoas a ela sujeitas,
ao passo que a superintendência se destina a orientar a ação das entidades a ela submetidas.
Existem três realidades destintas:
 A administração direta do Estado: em que o governo está relativamente a ela na posição
de superior hierárquico, dispondo nomeadamente do poder de direção;
 A administração indireta do Estado: ao governo cabe sobre ela a responsabilidade da
superintendência dispondo nomeadamente do poder de direção;
 A administração autónoma: pertence ao governo desempenhar quanto a ela a
função de tutela administrativa, competindo-lhe exercer um conjunto de poderes
de controle.
Podemos dizer que a superintendência é um poder mais forte que a tutela administrativa, na
medida que trata de um poder de definir a orientação conduta alheia, enquanto que a tutela
administrativa é o poder de controlar a regularidade ou a adequação e funcionamento de certa
entidade. Em resume, a tutela controla enquanto que a superintendência orienta. A
superintendência em si difere tambem do poder de direção que é típico na hierarquia e isto
porque é menos forte que ele, na medida que o poder de direção do superior hierárquico
consiste na faculdade de dar ordens ou instruções, a que corresponde o dever de obediência a
uma e a outras. Enquanto que a superintendência se traduz apenas numa faculdade de emitir
diretivas ou recomendações. A doutrina faz aqui uma distinção entre diretivas, ordens e
recomendações:
 As ordens correspondem a comandos concretos, específicos e determinados que impõe
a necessidade de adotar imediata e completamente uma certa conduta;
 As diretivas são orientações genéricas, que definem imperativamente os objetivos a
cumprir pelos seus destinatários, mas que lhes deixam liberdade no que se refere à
decisão nos meios a utilizar e às formas a adotar com vista a atingir esses objetivos.
 Por sua vez, as recomendações são conselhos emitidos sem a força de qualquer sanção
para a hipótese do não cumprimento.

Natureza Juridica da Superintendência


Existem três orientações especificas:
 Entendem a superintendência como uma tutela reforçada: esta tese é a conceção mais
generalizada entre os juristas. Corresponde á ideia de que sobre os institutos públicos e
as empresas públicas os poderes da autoridade responsável são poderes de tutela. Só
que, como comportam mais uma faculdade do que as que já estão compreendidas na
tutela, isto é, o poder de orientação entende se que a superintendência é uma tutela
mais forte, ou melhor dizendo é a modalidade mais forte da tutela administrativa;
 A superintendência como a hierarquia enfraquecida e esta é a conceção que mais
influencia na pratica a nossa administração. Considera nomeadamente que o poder de
orientação, isto é, que a faculdade de emitir diretivas e recomendações, não é senão
mais de que um certo enfraquecimento do que o poder de direção;
 A superintendência como um poder de orientação: sendo esta a conceção que
defendemos. Consiste fundamentalmente em considerar que a superintendência não é
uma espécie de tutela, nem uma espécie de hierarquia, mas sim um género ou
hierarquia autónoma situada entre uma e outra, mas com natureza própria.
A superintendência tambem não se presume, os poderes em que ela se consubstancia são
em cada caso aqueles que a lei conferir e mais nenhum. A administração publica não poderá
ultrapassar, com eventuais excessos democráticos os limites legais, ou seja, a
superintendência tem a natureza de um poder de orientação, isto é, não é um poder de
direção e não é um poder de controle.

Os Principios Constitucionais sobre a Organização Administrativa


Este tema da administração publica consagrado na constituição consagrado no artigo 267
da CRP. Resultam daqui vários principios constitucionais sobre a organização administrativa:
 Principio da desburocratização: significa que a administração publica deve ser
organizada e funcional em termos de eficiência e de facilitação dos particulares.
Quando falamos de eficiência é a forma de prosseguir o interesse publico de todos
os cidadãos e quando se fala na facilitação da vida dos particulares é quando a
administração esteja à altura de dar aos cidadãos tudo o que eles precisam.
 Principio dos serviços às populações: a administração deve ser estruturada de tal
forma que os seus serviços se localizem o mais possível perto ou junto das
populações que visam servir;
 Principio da participação dos interesses na gestão da administração pública: e este
significa que os cidadãos não devem intervir através da eleição dos respetivos
órgãos ficando depois alheios a todo o funcionamento do aparelho administrativo
pelo que devem participar no quotidiano da administração pública e
nomeadamente devem poder participar na tomada de decisões administrativas.
Aqui cabe referir dois aspetos: num ponto de vista estrutural a administração deve
ser organizada de tal forma que nela existam órgãos em que os particulares
participem para poderem ser consultados à acerca das orientações a decidir ou para
tomar parte das decisões a adotar.
De um ponto de vista funcional o que decorre do principio da … é a necessidade da
colaboração da administração com os particulares e a garantia dos vários direitos
de participação dos particulares na atividade administrativa (artigos 11, 12, 13 do
CPA);
 Principio da descentralização: refere-nos a constituição que a administração deve
ser descentralizada que significa que a própria lei fundamental toma a orientação
de que esta opção descentralizada venha a ser executada no sentido da prossecução
do interesse publico;
 Principio da desconcentração: que impõe que a administração publica venha a ser
cada vez mais descentralizada. Pelo que recomenda que cada pessoa coletiva
publica as competências necessárias à prossecução das respetivas atribuições de
forma a que não sejam todas confiadas aos órgãos de topo da hierarquia (artigo 4 e
5 do CPA).

Limites
Nos termos dos artigos 267/2 da CRP, a descentralização e a desconcentração devem ser sempre
entendidas sem prejuízo da necessária eficácia e unidade de ação e dos poderes de direção e
superintendência do governo. Quer dizer que ninguém poderá invocar os principios
constitucionais da descentralização e desconcentração contra quaisquer diplomas legais que
adotem soluções que visem garantir, por um lado, a eficácia e a unidade da ação administrativa
e, por outro, organizar ou disciplinar os poderes de direção e superintendência do governo.
Garantias dos Particulares
Conceito
Com efeito atribui se aos particulares determinados poderes jurídicos que visam funcionar como
proteção contra os abusos e ilegalidades da Administração, pelo que se designa Garantia dos
Particulares.
As Garantias são assim, os meios criados pela ordem juridica com a finalidade de evitar ou
sancionar quer as violações do direito objetivo quer as ofensas dos direitos subjetivos e bem
como dos interesses legítimos dos particulares pela Administração pública. As garantias são
preventivas ou repressivas, conforme se destinem a evitar violações por parte da Administração
Pública ou a sanciona las, isto é, a aplicar sanções em consequência das violações cometidas.
Por sua vez, as garantias são garantias de legalidade ou dos particulares, consoante tenham por
objetivo principal defender a legalidade objetiva contra atos ilegais da administração, ou
defender os direitos legítimos dos particulares contra as atuações da Administração Pública que
as violem. A lei organiza a garantia dos particulares através de uma garantia de legalidade. O
recurso contencioso contra os atos ilegais funcionando na pratica como a mais importante
garantia e interesses legítimos dos particulares. Por sua vez, estas garantias dos particulares
desdobram se em garantias politicas, graciosas e contenciosas.
No que se refere as garantias politicas, podemos ressalvar ou destacar o direito de petição
(artigo 52 da CRP) quando é exercido perante qualquer órgão de soberania, e o chamado direito
de resistência (artigo 21 da CRP).

Garantias Graciosas
Conceito
São garantias graciosas as que se efetivam através da própria atuação dos órgãos da
administração ativa. A ideia principal é esta, existindo certos controles para a defesa da
legalidade e da boa administração, colocam-se esses controles em simultâneo ao serviço do
respeito pelos direitos e entregues dos particulares. As garantias graciosas são na verdade
importantes e eficazes do ponto de vista da proteção juridica dos particulares mais até que as
garantias politicas. Contudo, estas garantias graciosas não são em si inteiramente satisfatórias:
por um lado porque por vezes os órgãos da administração publica também se movem por
preocupações politicas e por outro lado, porque por vezes os órgãos da administração publica
movem se mais por critérios de eficiência por prossecução do interesse publico do que pelo
desejo rigoroso de respeitar a legalidade e os direitos subjetivos e interesses legítimos dos
particulares.

Espécies
Existem varias espécies de garantias graciosas, temos então as garantias petitórias, que não
envolvem nenhum ato administrativo.

As Garantias Petitórias
O direito de petição consiste aqui na faculdade de dirigir pedidos á administração publica para
que tome determinadas decisões ou providencias que fazem falta. Pressupõe se que falta uma
determinada decisão que é necessária, mas que ainda não foi tomada, pelo que o direito de
petição visa justamente obter da administração publica a decisão cuja falha se faz sentir.
Existe igualmente o direito de representação em que se pressupõe a existência de uma decisão
anterior e nessa medida se distingue do direito de petição. Pelo que, no direito de representação
os funcionários podem exercer perante ordens ilegítimas dos seus superiores hierárquicos com
vista a obter uma confirmação por escrito a qual se for obtida ou confirmada exclui a
responsabilidade do subalterne que vai executar uma determinada ordem.
O direito de queixa que consiste na faculdade de providenciar a abertura de um processo que
culminara na aplicação de uma sanção a um agente administrativo, isto é, uma particular queixa
se do comportamento de um funcionário ou agente, não se queixa do ato que ele praticou, na
medida em que não há queixa de atos administrativos, há queixa de pessoas. Com vista à
aplicação dessas pessoas de sanções adequadas.
O direito de denuncia, é o ato pelo qual o particular leva ao conhecimento de certa autoridade
a ocorrência de um determinado facto ou a existência determinada situação sobre a qual essa
autoridade tenha, obrigação de investir.
A oposição administrativa, em que se pode considerar que em certos processos administrativos
graciosos os contra-interessados têm o direito de apresentar para combater quer os pedidos
formulados à administração quer os projetos divulgados pela própria administração.
Em todos estes casos equivalem a garantias petitórias que assentam num pedido dirigido à
administração publica para que considere as razões dos particulares em causa.

A Queixa para o Provedor de Justiça


Existe o estatuto do provedor de justiça. Características:
 A Administração Pública, o setor empresarial do estado e ainda as entidades de natureza
juridica que exerçam poderes especiais suscetíveis de colidir com os direitos, garantias
e liberdades dos cidadãos poderão apresentar queixa;
 Âmbito material de atuação: esta queixa para o provador de justiça poderá ser por ações
ou omissões (artigo 23/1 da CRP);
 Falta do poder decisório, isto é, o provador de justiça não poderá revogar nem modificar
atos administrativos (artigo 23 da CRP);
 Instrumentos de atuação que são eles as inspeções, as recomendações, o recurso aos
meios de comunicação social;
 Principio de atuação: resume se por um lado o informalismo e por outro lado o
contraditório.

As Garantias Impugnatórias
São as que perante um ato administrativo já praticado, os particulares podem impugnar por lei
esse ato. As garantias impugnatórias, podem se definir como meios de impugnação de atos
administrativos perante autoridades da própria administração pública. As principais espécies de
garantias impugnatórias são:
 A reclamação, se a impugnação for feita perante o autor do ato impugnado, temos a
reclamação;
 Se a reclamação for dirigida ao superior hierárquico do autor do ato impugnado temos
o recurso hierárquico;
 Recurso Hierárquico impróprio, se a impugnação for feita perante autoridades que não
são superiores hierárquicos do autor do ato impugnado, mas que são órgãos da mesma
pessoa coletiva e que exercem sobre o autor do ato impugnado poderes de supervisão,
é nisto que se traduz o recurso hierárquico;
 Se a impugnação for feita perante uma entidade tutelar, isto é, perante um órgão de
outra pessoa colética diferente daquela cujo o órgão praticou o ato impugnado e que
exerce sobre esta poderes titulares, então estaremos perante um recuso tutelar.
A reclamação
Trata se de um meio de impugnação de um ato administrativo perante o seu próprio autor e
apresenta um carater facultativo. Fundamenta-se esta garantia na circunstancia de os atos
administrativos poderem em geral, ser revogados pelos órgãos que o tenham praticado. Assim,
sendo parte se do principio de quem praticou um ato administrativo não se recusará
obstinadamente a revogar ou substituir um ato por si anteriormente praticado. O seu
fundamento é a ilegalidade ou o demérito (artigo 184 do CPA). Quanto aos efeitos a reclamação
somente suspende os prazos de recurso hierárquico se este for necessário ou recorrer. Por outro
lado, a eventual suspensão depende essencialmente de não haver lugar a recurso contencioso
do ato do qual se reclama (artigo 191 do CPA). A garantia de natureza facultativa não impede
que os particulares não venham a recorrer contenciosamente dos atos que considerem ilegais.

O Recurso Hierárquico
É um meio de impugnação de um ato administrativo praticado por um órgão subalterne, perante
o respetivo superior hierárquico, a fim de obter a revogação ou a substituição do ato recorrido.
O recurso hierárquico tem sempre uma estrutura definida e assim encontra se previsto no artigo
193 do CPA:
 O recorrente, que é o particular que interpõe o recurso;
 O recorrido, que é o órgão subalterno de cuja decisão se recorre;
 A autoridade de recurso que é o órgão superior para quem se recorre.
São pressupostos para que exista recurso hierárquico para que exista uma hierarquia que tenha
sido praticado por um ato administrativo por um subalterno e que esse subalterno não goze por
lei de competência exclusiva. Fora destes pressupostos não há lugar a recurso hierárquico.
(leitura do artigo 194, 195, 196, 197 e 198 do CPA)

Espécies de Recursos Hierárquicos


Atendendo aos fundamentos em que se pode recorrer para o superior hierárquico do ato
recorrido, o recurso hierárquico pode ser de legalidade, de mérito, ou misto.
Os recursos hierárquicos de legalidade são aqueles em que o particular pode alegar, como
fundamento do recurso, a ilegalidade do ato administrativo praticado.
Os recursos de mérito, são aqueles em que o particular pode alegar como fundamento, a
inconveniência do ato impugnado.
Os recursos mistos, em que o particular pode alegar, simultaneamente, a ilegalidade e a
inconveniência do ato impugnado.
No nosso direito administrativo, a regra geral, é que os recursos hierárquicos têm normalmente
carater misto. Por um lado, são recursos em que a lei permite que os particulares invoquem,
quer motivos de legalidade que motivos de mérito ou uns e outros simultaneamente. Contudo,
existem exceções a esta regra, que são nomeadamente os casos em que a lei estabelece que só
é possível alegar no recurso hierárquico fundamentos de mérito e não fundamentos de
legalidade.
Uma outra classificação dos recursos hierárquicos é aquela que os separa em recursos
necessários e recursos hierárquicos facultativos. Há atos administrativos que são verticalmente
praticados por autoridades de cujo o ato se pode recorrer diretamente para os tribunais
competentes. E há atos que não verticalmente definitivos, na medida que são praticados por
autoridades de cujos atos não se pode recorrer diretamente para os tribunais.
O recurso hierárquico necessário é aquele que é indispensável utilizar para se atingir um ato
administrativo definitivo do qual se possa recorrer contenciosamente.
Já o recurso hierárquico facultativo é aquele que se refere a um ato verticalmente definitivo do
qual já cabe recurso contencioso, hipótese esta em que o recurso hierárquico é apenas uma
tentativa de resolver o caso fora dos tribunais.
A regra do nosso direito administrativo é que os atos dos subalternos não são verticalmente
definitivos, por conseguinte dos atos práticos pelos subalternos é indispensável interpor recurso
hierárquico necessário. E nessa situação temos duas alternativas: ou o superior hierárquico dá
razão ao subalterne confirmando o ato recorrido e desta decisão cabe recurso contencioso para
o Tribunal competente, ou o superior hierárquico dá razão ao particular e neste caso e no âmbito
dos seus poderes revoga ou substitui o ato recorrido dando razão ao particular.
Regime Juridico do Recurso Hierárquico
Em regra, o recurso hierárquico necessário tem efeito devolutivo enquanto que o recurso
facultativo normalmente não o tem. Enquanto aos tipos de decisão que resultam do recurso:
 Rejeição do recurso que ocorre quando o recurso não poder ser recebido por questões
de forma, falta de legitimidade etc (artigo 196);
 Negação de provimento ocorre quando o julgamento do recurso que versa sobre a
questão de fundo é desfavorável no ponto de vista do recorrente. Equivale à
manutenção do ato recorrido;
 Concessão do provimento, ocorre quando a questão de fundo é julgada favoravelmente
ao pedido do recorrente o que pode originar revogação ou a substituição do ato
recorrido.

Natureza Juridica do Recurso Hierárquico


A estrutura do recurso hierárquico é um recurso tipo reexame ou por outras palavras o tipo de
revisão. Podemos sublinhar desde de já, que esta tipologia não é privativa dos recursos
hierárquicos nem sequer é exclusiva do direito administrativo.
Diz-se que um recurso é do tipo reexame quando se trata de um recurso amplo em que um
órgão se substitui ao outro e exercendo a competência deste ou a competência idêntica vai
reapreciar a questão subjacente ao ato recorrido, podendo tomar sobre ela uma nova decisão
de fundo distintamente o recurso de revisão é mais restrito limitando se a apreciar se a decisão
recorrida foi ou não legal ou conveniente sem poder tomar uma nova decisão de fundo sobre a
decisão em si. A tendência geral no nosso direito administrativo é que o recurso hierárquico
necessário não é um recurso de tipo reexame ao passo que o recurso facultativo é um recurso
de tipo revisão. Fundamenta se isto no seguinte: no recurso hierárquico necessário a
competência do superior hierárquico é mais ampla, do que no recurso hierárquico facultativo.
Por sua vez, o recurso hierárquico é predominantemente objetivo ou subjetivo o que significa
indagar se o recurso hierárquico é um instrumento juridico que visa predominantemente
defender os interesses gerais da administração publica, ou se pelo contrario visa
predominantemente defender os direitos subjetivos e os interesses legítimos dos particulares.
O recurso hierárquico é sempre simultaneamente uma garantia objetiva, mas considerando que
representa um instrumento de serviço dos interesses gerais da administração e dos direitos e
interesses dos particulares o que a doutrina questiona é qual deles prevalece. O recurso
hierárquico é predominantemente um recurso com função objetiva. No nosso direito
administrativo entende se que quem se entrepuser recurso hierárquico sabe que se arrisca a
que a decisão da qual vai recorrer possa ser alterada para pior. A função essencial do recurso
hierárquico é mais a da garantia da legalidade e dos interesses gerais da administração do que
propriamente a garantia dos direitos e interesses legítimos dos particulares. O recurso
hierárquico constitui em si uma manifestação do exercício da função administrativa ou da
função jurisdicional o que se a figura preferível é considerar que se trata do exercício da função
administrativa na modalidade de justiça administrativa. Como vimos o prazo de decisão de um
recurso hierárquico é de 30 dias, dos termos do artigo 198 do CPA, e no âmbito da decisão o
superior hierárquico pode sempre com fundamento nos poderes hierárquicos confirmar ou
revogar o ato recorrido, ou ainda declarar respetiva nulidade, a menos que a competência do
ator do ato não seja exclusiva e aí o superior hierárquico pode tambem modificar ou substituir
aquele ato.

Recursos hierárquicos impróprios


Podemos definir recursos hierárquicos impróprios como recursos administrativos especiais
mediante os quais se impugna um ato praticado por um órgão de uma certa pessoa coletiva
publica perante outro órgão da mesma pessoa coletiva, que não sendo superior do primeiro,
exerça sobre ele poderes de supervisão. Trata se assim de recursos administrativos que não são
recursos hierárquicos propriamente ditos, mas que tambem não são recursos tutelares. Sempre
que estejamos, perante um recurso a interpor de um órgão de ima pessoa coletiva sem que
entre elas haja uma relação hierárquica temos a figura do recurso hierárquico improprio. O
recurso hierárquico improprio só existe por natureza quando a lei expressamente o prevê,
fazendo sempre relativamente a ele aplicação subsidiaria de todas as regras relativas ao recuso
hierárquico.

Recurso Tutelar
É assim o recurso administrativo mediante o qual se impugna um ato da pessoa coletiva
autónoma, perante um órgão de outra pessoa coletiva publica que sobre ela exerça poderes
tutelares ou ainda de superintendência. É o que ocorre quando o governo decorrendo da lei
sujeita a recurso certas deliberações das camaras municipais ou por outras palavras quando a
lei determina que seja o governo de facto a decidir o recurso de certas camaras municipais.
Podemos afirmar que é um recurso com natureza facultativa e apresenta também uma natureza
excecional, o que significa que só existe quando a lei expressamente o previr. A sua aplicação é
subsidiária relativamente as regras relativas ao recurso hierárquico.

Garantias Contenciosas ou Jurisdicionais


As garantias jurisdicionais ou contenciosas são as que se efetivam através da intervenção dos
Tribunais administrativos. As garantias contenciosas representam assim a forma mais elevada e
mais eficaz de defesa dos direitos subjetivos e dos interesses legítimos dos particulares. Por isso,
efetivam-se através dos tribunais. A nossa lei usa muitas vezes a expressão “contencioso
administrativo”. E usa-a em sentidos muito distintos:
 Primeiro num sentido orgânico em que um contencioso administrativo aparece como
sinonimo do conjunto dos tribunais administrativos. Os tribunais são órgãos a quem
esta confiado o contencioso administrativo;
 Depois num sentido funcional, como sinonimo da atividade desenvolvida pelos
tribunais administrativos. A atividade desenvolvida pelos tribunais administrativos não
é o contencioso administrativo é sim uma atividade jurisdicional a que corresponde
uma função jurisdicional.
 Num sentido instrumental, em que o contencioso administrativo aparece como
sinonimo de meios processuais que os particulares podem utilizar contra a
administração publica. E os meios a utilizar pelos particulares são os meios
contenciosos;
 Sentido normativo, como sinonimo do conjunto de normas juridicas reguladoras da
intervenção dos tribunais administrativos ao serviço da garantia dos particulares.
 Temos um sentido material, que representa toda a matéria que é da competência dos
tribunais administrativos. Em que aqui o contencioso administrativo significa, em bom
rigor a matéria da competência destes tribunais, ou seja, o conjunto dos litígios entre a
administração publica e os particulares que hajam de ser solucionados pelos tribunais
administrativos e por aplicação do direito administrativo.

Espécies contencioso administrativo


Temos por um lado o contencioso administrativo por natureza que é o essencial, que é aquele
que corresponde á essência do direito administrativo e traduz se na resposta que o direito
administrativo dá à necessidade de organizar uma garantia solida e eficaz contra o ato
administrativo ilegal e contra o regulamento ilegal. Por outras palavras, contra o exercício ilegal
do poder administrativo.
Por outro lado, temos o contencioso por atribuição, este é acidental não se considera essencial
o que significa que pode ou não existir, no sentido em que pode ser entregue aos tribunais
administrativos ou entregue aos tribunais comuns.

Os meios contenciosos
A estas duas modalidades de contencioso administrativo, isto é, o contencioso por natureza e
contencioso por atribuição correspondem dois meios contenciosos típicos: o recurso e a ação.
Ao contencioso administrativo por natureza corresponde a figura do recurso, ao contencioso
administrativo por atribuição corresponde a figura da ação.
O recurso contencioso em si é o meio de garantia que consiste na impugnação, feita perante o
tribunal administrativo competente de um ato ou regulamento administrativo ilegal, a fim de
obter a respetiva anulação, isto é, visa resolver o litigio sobre o qual a administração já tomou
posição e fê-lo através de um ato de autoridade pelo que a AP atuando como poder definiu
unilateralmente o direito. Por sua vez, o particular não se conformando vai impugnar, isto é, vai
contestar a definição que foi feita pela AP. Por sua vez, a ação, é o meio de garantia que consiste
no pedido feito ao tribunal administrativo competente de uma primeira definição do direito
aplicável a um litigio entre o particular e a AP. Isto é, visa resolver um litigio sobre o qual a
administração publica não se pronunciou mediante um ato administrativo definitivo. E não se
pronunciou, ou porque não pode legalmente fazer naquele tipo de assunto, ou porque se
pronunciou através de um simples ato opinativo, o qual não é um ato definitivo e executório,
não constituindo um ato de autoridade.

Função das Garantias Contenciosas


A jurisdição administrativa resulta de uma determinação constitucional e ao contrário do que
acontecia com a redação original da lei fundamental, o artigo 209/b da CRP, impõe hoje a
existência de uma categoria diferenciada de tribunais administrativos e fiscais.
Não obstante os tribunais administrativos constituírem a jurisdição comum com competência
em matéria de litígios emergentes de relações juridico administrativas não constituem uma
jurisdição exclusiva no que respeita aos conflitos emergentes de tais relações. A lei atribui aos
tribunais judiciais tambem a resolução de diversos tipos de litígios decorrentes de relações
juridicas.
O recurso contencioso de anulação, quando interposto por particulares que sejam titulares de
interesse direto, pessoal e legitimo, tem uma função predominantemente subjetiva. Por sua vez,
este mesmo recurso contencioso de anulação quando é interposto pelo MP ou pelos titulares
do direito de ação popular tem uma função predominantemente objetiva. Cumpre ainda referir
que as ações administrativas no âmbito do contencioso administrativo por atribuição têm uma
função essencial subjetiva. Nos termos do artigo 268/4 da CRP, o contencioso administrativo
desempenha hoje uma função predominantemente subjetiva.

Sistemas de Organização do Contencioso Administrativo


Existem diversos sistemas em matéria de órgãos competentes para conhecer das questões
litigiosas entre a AP:
 O sistema do administrador-juiz;
 O sistema dos tribunais administrativos;
 O sistema dos tribunais judiciais.

Os Tribunais Administrativos em Portugal


Em Portugal vigorou durante o sec. XIX, e o principio do séc. XX o sistema do administrador-juiz,
com algumas intermitências dos tribunais judiciais. Nos anos 30, foi adotado o sistema dos
Tribunais Administrativos que vigora até hoje. De acordo com o ETAF, a organização dos
tribunais administrativos é a seguinte:
 Supremo tribunal administrativo;
 O tribunal central administrativo;
 Os tribunais administrativos de círculo (Lisboa, Porto e Coimbra).

Âmbito da jurisdição administrativa


De acordo com o ETAF os principios fundamentais do contencioso administrativo são:
 As relações jurídico-administrativas, no que se refere as relações reguladas pelo direito
administrativo;
 A tutela da legalidade;
 A defesa de direitos e interesses legítimos dos cidadãos;
Estão excluídos da jurisdição administrativa e fiscal todos os recursos e ações que tenham por
objeto:
 Atos praticados no exercício da função politica bem como a responsabilidade pelos
danos decorrentes desse exercício;
 Normas legislativas bem como a responsabilidade pelos danos decorrentes do exercício
da função legislativa;
 Atos em matéria administrativa que venham a ser julgados pelos tribunais judiciais;
 Todos os atos relativos ao inquérito e instrução criminal bem como o exercício à ação
penal;
 Qualificação de bem como pertencentes ao domínio publico e atos como limitação
destes como bem de outra natureza;
 Todas as questões de direito privado ainda que alguma das partes seja de direito
público;
 Atos cuja apreciação pertença por lei à competência de outros tribunais.

O recurso Contencioso de anulação


O recurso contencioso de anulação nasceu da necessidade de conciliar o principio da separação
de poderes com o controlo da atividade administrativa. Podemos dizer que esta conciliação
indispensável que se fez em torno de três conceitos fundamentais:
 O conceito de ato administrativo, como uma espécie de criação juridica de um alvo em
direção ao qual se vai orientar a garantia contenciosa;
 O conceito de tribunal administrativo como órgão especializado da administração;
 E o conceito de recurso contencioso como meio de apreciação da conformidade legal
de um ato administrativo.
O recurso contencioso é em si um meio de impugnação de um ato administrativo, interposto
perante o tribunal administrativo competente a fim de obter a anulação ou a declaração de
nulidade ou inexistência desse ato. Com efeito, trata se de um recurso na medida que é um meio
de impugnação de atos unilaterais de uma autoridade pública, isto é, um recurso e não uma
ação. É um recurso contencioso, pois é, uma garantia que se efetiva através dos tribunais. E é
um recurso contencioso de anulação, isto é, é o que com ele se pretende e se visa eliminar da
ordem juridica um ato administrativo invalido, obtendo para o efeito uma sentença que
reconheça essa invalidade e que em consequência disso o destrua juridicamente.
A atual regulamentação do recurso contencioso revela por um lado, uma confluência de
natureza objetivista e subjetivista por outro lado a existência de dois modelos principais de
tramitação, sendo que um é mias subjetivista que o outro. Podemos assim identificar como
principais como natureza subjetivista, os seguintes:
 O recurso interpõe-se contra o órgão autor do ato e não contra a pessoa coletiva
pública;
 A resposta ao recurso somente pode ser dada e assinada pelo autor do ato e não por
advogado;
 O órgão recorrido é obrigado a remeter todos os elementos ao tribunal constantes do
processo administrativo, incluindo aqueles que eventualmente lhe forem desfavoráveis;
Alguns elementos de índole objetivista:
 Os poderes processuais do órgão recorrido;
 A garantia contra a lesão de direitos subjetivos e interesses legítimos através do recurso
contencioso, como resulta do artigo 268/4 da CRP.

Elementos do Recurso Contencioso


 Os sujeitos: o recorrente, é a pessoa que interpõe o recurso contencioso impugnando o
ato administrativo; os recorridos que são aqueles que tem interesse na manutenção do
ato recorrido;
 O objeto: o objeto do recurso um ato administrativo. Aquilo que se vai apurar no recurso
é se o ato administrativo é valido ou invalido. Tal apuramento faz se em função da lei
vigente no momento a pratica do ato, e não em função da lei que esteja a vigorar no
momento;
 O pedido: o pedido do recurso é sempre a anulação ou a declaração de nulidade ou
inexistência do ato recorrido;
 A causa de pedir: a invalidade do ato recorrido, que na maior parte das vezes resulta da
sua ilegalidade. Os tribunais administrativos não podem substituir se á administração
ativa no exercício da sua função administrativa pelo que só podem exercer a função
jurisdicional. Nesse sentido, não podem modificar os atos administrativos nem praticas
outros atos administrativos em substituição daqueles que se afigurem como ilegais
como tambem não podem condenar a administração a praticar este ou aquele ato
administrativo.

O direito ao Recurso contencioso


Os particulares têm direito ao recurso contencioso. É um direito subjetivo público que nenhum
estado de direito pode negar aos cidadãos (artigo 268/4). Abrange:
 A proibição da lei ordinária declarar irrecorríveis certas categorias de atos definitos e
executórios;
 A proibição da lei ordinária reduzir a impugnabilidade de determinados atos a certos
vícios;
 A proibição de em lei retroativa de excluir ou afastar por qualquer forma o direito ao
recurso.
A jurisprudência constitucional considera que o direito ao recurso contencioso é um
direito fundamental por ter natureza análoga à dos direitos liberdades e garantias
consagrados na CRP, aplicando se, portanto o regime destes (artigo 17 da CRP).

Pressupostos Processuais
Os pressupostos processuais são as condições de interposição do recurso, isto é, as exigências
que a lei faz para que o recurso possa ser admitido. Importa não confundir condições de
interposição, ou pressupostos processuais com condições de provimento: as condições de
interposição, traduzem-se nos requisitos que se tem de verificar para que o tribunal possa
conhecer do mérito da causa. Por sua vez, as condições de provimento são aquelas que se tem
de verificar para que o tribunal conhecendo do objeto do litigio, possa dar razão ao recorrente.

Competência do tribunal
O principal fator da competência dos tribunais administrativos no âmbito dos recursos
contenciosos é a categoria do ator do ato recorrido. A natureza da questão objeto do litigio
passou a constituir fundamento, passando a existir um tribunal centrar administrativo que no
âmbito do recurso contencioso, possui competências especializada em função da matéria em
todas as questões que se refiram ao funcionalismo público na sua generalidade.
No que se refere à determinação da competência territorial o tribunal administrativo de círculo
territorialmente competente é sempre o da residência habitual ou aa sede do recorrente.
Por sua vez, e relativamente à incompetência do tribunal cabe referir, a circunstância do pedido
em causa ser dirigido a um tribunal administrativo incompetente, na medida em que se a
incompetência, for apenas em razão do território, o processo é oficiosamente remetido ao
tribunal competente.

Recorribilidade do ato
Relativamente á possibilidade de recorrer podemos referir que para o tribunal possa receber o
recurso contencioso de anulação é necessário que o ato impugnado seja um ato recorrível. E
para que um ato seja recorrível é indispensável, que se trate de um ato administrativo externo,
definitivo e executório.

Atos irrecorríveis
Existem porem atos irrecorríveis, segundo o ETAF, estão excluídos da jurisdição administrativa
e fiscal todos os recursos e ações que tenham por objeto:
 Atos praticados no exercício da função politica bem como a responsabilidade pelos
danos decorrentes desse exercício;
 Normas legislativas e responsabilidade pelos danos recorrentes do exercício da função
legislativa;
 Atos em matéria administrativa que devem ser julgados apenas pelos tribunais judiciais;
 Atos referentes ao inquérito de instrução criminal bem como o exercício da ação penal;
 Qualificação de bens como pertencentes ao domínio público e atos de delimitação
destes como bens de outra natureza;
 Questões de direito privado;
 Atos cuja a apreciação pertença por lei à competência de outros tribunais.
Existe aqui um princípio basilar, há recurso contencioso de todos os atos administrativos, e não
há recurso contencioso de atos que não sejam administrativos a menos que a lei assim o preveja.

Impugnação de atos administrativos praticados sob a forma regulamentar e legislativa


Cabe recurso contencioso sobre qualquer ato administrativo definitivo e executório, mesmo que
formalmente incluído numa lei, num decreto de lei ou num diploma regulamentar.

O Problema dos Atos Políticos ou de Governo


Os atos políticos ou de governo são uma categoria de atos irrecorríveis. O que significa que os
tribunais administrativos se destinam a apreciar o contencioso administrativo, o que abrange os
litígios emergentes do exercício da função administrativa e não os que decorram do exercício da
função politica.
São atos políticos os atos praticados no desempenho da função política, tal como, são atos
legislativos os desempenhados no exercício da função legislativa. Pelo que, são atos
administrativos os que decorrem do desempenho da função administrativa e ainda são atos
jurisdicionais os praticados no desempenho da função jurisdicional.
Os problemas dos atos políticos consistem em saber como se define a função politica e em que
ela se distingue, nomeadamente da função administrativa. A titulo de exemplo de atos políticos
temos:
 Atos diplomáticos;
 Atos de defesa nacional;
 Atos de segurança do estado;
 Atos de clemencia.
Todos estes são características da função politica, e nesse sentido merecendo a qualificação de
atos políticos são insuscetíveis de recurso contencioso de anulação. Contudo, os atos
administrativos podem ter consequências politicas, mas nem por esse motivo se transformam
em atos políticos, pelo que só são atos políticos os que correspondem ao puro exercício da
função politica.
Este critério, consagrado tambem no ETAF, refere que o critério é um critério objetivo e material,
isto é, se o ato corresponde à função politica é um ato politico, se corresponde à função
administrativa é um ato administrativo.

Artigo 130 do CPA - Impugnação de Ato Tácito


Se o particular, dirigir um requerimento a um certo órgão da administração, que se encontra
privado do exercício da sua competência porque a delegou, o deferimento ou indeferimento
tácito é imputado, para efeitos de recurso contencioso, ao delegado, ainda que este não tenha
inicialmente remetido o requerimento, isto significa que o eventual erro de escolha da entidade
a quem se envia um requerimento, não obsta à formação do ato tácito.
O ato expresso confirmativo de um ato tácito é contenciosamente impugnável, desde que o
recorrente, que impugnou o ato tácito requeira no prazo legal a contar da notificação do ato
expresso, que este seja acrescentado ao ato tácito.

Legitimidade das partes


É também o pressuposto processual através do qual a lei seleciona os sujeitos de direito
admitidos a participar em cada processo levado a Tribunal. A legitimidade processual traduz
uma posição das partes relativamente ao objeto do processo, posição que se justifica para que
essas partes possam ocupar o objeto do processo. No recurso contencioso de anulação existem
3 espécies de legitimidade processual: a legitimidade dos recorrentes, a legitimidade dos
recorridos e a legitimidade dos assistentes. No que se refere aos recorrentes, podemos
identificar varias espécies com legitimidade para interpor o recurso contencioso de anulação,
são eles os interessados, o ministério público e os titulares da ação popular.

A legitimidade dos recorrentes: os Interessados


Aos interessados são o particular que recorre de um ato administrativo invalido que o prejudica.
Para ter legitimidade processual o particular que queira recorrer de um ato administrativo tem
que demonstrar, por um lado, que é titular de um interesse da anulação desse ato, e por outro,
que esse interesse reúne algumas características: tem de ser assim um interesse direto, pessoal
e legitimo. Pelo que qualquer particular pode considerar se interessado quando espera obter da
anulação desse ato um beneficio e se encontra na possibilidade de o receber, pelo que,
interessado é todo aquele que espera e pode obter um beneficio da anulação do ato
administrativo.
Por sua vez, o interesse diz se direto quando o beneficio resultante da anulação do ato recorrido
tiver repercussão imediata no interessado. Ficam, assim, excluídas da legitimidade processual
aqueles que da anulação do ato recorrido viessem apenas a retirar um beneficio eventual ou
meramente possível.
O interesse diz-se pessoal quando a repercussão da anulação do ato recorrido se projetar na
própria esfera juridica do interessado.
O interesse diz se legitimo quando é protegido pela ordem juridica como interesse do
recorrente.
Cabe ressalvar aqui que, quem aceitar o ato administrativo não tem legitimidade para recorrer
dele porque equivale à perda de interesse no recurso.
Poderá ocorrer uma coligação de recorrentes, o que significa, que podem coligar-se no mesmo
recurso vários recorrentes sempre que todos impugnem, com os mesmos fundamentos atos
cometidos num único despacho ou em outra forma de decisão.

A Ação Pública
Além dos interessados, isto é, de todos que sejam titulares do interesse direto, pessoal e
legitimo, podem tambem interpor recurso contencioso o MP.
Ao direito que ao MP assiste de recorrer de um ato administrativo chama-se Ação Popular,
motivo pelo qual, o MP, é titular do direito de ação popular. Um dos critérios para que o MP
pode exercer como e quando entender, quer tenha conhecimento dos seus próprios meios da
existência de um ato administrativo invalido, por si mesmo ou nos casos em que esse
conhecimento lhe tenha sido trazido por qualquer outra pessoa. Para além desta possibilidade
de que goza o MP, assiste ainda a faculdade de prosseguir com o recurso contencioso se este
tendo sido interposto por um particular interessado, tiver ameaçado de extinção pelo facto de
o recorrente particular desistir do recurso e ai o MP assume a posição de recorrente.

A Ação Popular
O recurso contencioso de anulação pode ser interposto pelos titulares do direito de ação
popular. A nossa constituição também a ela se refere no artigo 52/3. A ação popular significa a
possibilidade de qualquer cidadão, residente numa certa circunscrição administrativa impugnar
contenciosamente atos administrativos definititos e executórios das autarquias locais ou de
outras entidades. Há, no entanto, uma prevenção a fazer, não se devera confundir uma ação
popular corretiva que visa corrigir os efeitos de um ato ilegal da administração com a chamada
ação popular supletiva.
Na ação popular corretiva, um órgão da administração pratica um ato administrativo invalido, e
o particular vai recorrer contenciosamente desse ato administrativo com a finalidade de obter,
através do recurso a reintegração da ordem juridica violada.
Distintamente na ação popular supletiva e a titulo de exemplo uma autarquia local, é titular de
certos direitos civis, designadamente direitos de propriedade ou poses sobre bens, e por
exemplo um terceiro vem violar esses direitos apoderando se dos bens que são património
autárquico, isto é, há um cidadão residente no território que alerta os órgãos autárquicos para
essa situação, mas porque estes nada fazem o particular assumindo a posição de defensor dos
interesses da autarquia vem propor uma ação civil fazendo valer os direitos dela contra o
terceiro que os violou.
Neste caso, estamos fora do contencioso administrativo, só a primeira figura da ação popular,
isto é, a ação popular corretiva, é uma figura própria do contencioso administrativo.

A Legitimidade dos Recorridos


A lei terá sempre de definir quem são e ainda se tem a legitimidade para estarem na situação
de recorridos, e normalmente, tem legitimidade, a esse titulo o órgão administrativo que tiver
praticado o ato da qual pretende recorrer.

A legitimidade dos assistentes


Cabe referir que uma vez tomada a iniciativa de interpor recurso contencioso por quem tenha
interesse direto pessoal e legitimo, podem outras pessoas surgir em auxilio do recorrendo ou
dos recorridos para auxiliar a posição processual destes. O único requisito de legitimidade é,
neste caso, o de que o assistente tenha um interesse legitimo no triunfo da parte que quer
coadjuvar esse interesse devera ser idêntico ao da parte assistida.

Prazos
Trata se de um pressuposto processual exclusivo dos atos anuláveis, na medida que os atos nulos
podem ser impugnados a qualquer tempo. A regra geral no nosso direito administrativo é a de
que o recurso contencioso de anulação tem de ser interposto num certo prazo, se esse não for
cumprido o recurso será rejeito por extemporâneo ou inoportuno.
A titulo excecional, existem casos em que o recurso contencioso pode ser interposto a todo o
tempo, isto é, sem competência de prazo. Esses casos são aqueles em que o recurso tenha por
objeto atos administrativos nulos ou inexistentes, precisamente porque a nulidade e a
inexistência podem ser declaradas a todo o tempo.

A sentença e a sua execução


A sentença no recurso contencioso de anulação
A sentença é o ato final do processo. O recurso contencioso é um verdadeiro processo de
natureza jurisdicional através do qual o tribunal exerce a função jurisdicional que termina com
a sentença.
Se o tribunal conclui que o recorrente não tem razão, nega o provimento ao recurso. Se o
tribunal contrariamente recorrer que tem razão concede provimento ao recurso e aqui colocam
se duas situações: ou o ato recorrido é anulável, e o tribunal anula o, ou o ato recorrido é nulo
ou inexistente e o tribunal declara a sua nulidade ou inexistência.
A sentença anulatória tem a natureza juridica de uma sentença constitutiva, enquanto que a
sentença que declarar a nulidade ou a inexistência tem a natureza juridica de uma sentença
meramente declarativa.

Os efeitos da sentença: efeitos processuais, o caso julgado


O constitui caso julgado é sempre a decisão e não os motivos ou fundamentos da mesma, na
medida em que a sentença constitui caso julgado nos precisos limites e termos em que julga.
Por outro lado, verifica se tambem a imutabilidade da decisão que abrange apenas a causa de
pedir invocada e conhecida pelo tribunal. Estamos aqui perante uma eficácia subjetiva do caso
julgado.
O caso julgado só tem eficácia em relação as pessoas que participaram no processo como partes.

Efeitos substantivos
Relativamente aos efeitos substantivos, variam conforme o tipo de sentença que for dada. Se a
sentença negar provimento ao recurso, o seu efeito é o de confirmar a validade do ato
administrativo recorrido. É o que se chama o efeito confirmativo.
Se a sentença conceder provimento ao recurso pode ocorrer uma das seguintes situações:
 Ou declara a nulidade do ato e estamos perante o efeito declarativo;
 Ou anula o ato e produz o chamado efeito anulatório;
 Juntamento com o efeito declarativo ou anulatório poderá produzir se um efeito de
maior importância, que é o efeito executório da sentença e que nos termos da lei resulta
o dever de extrair todas as consequências juridicas da anulação ou declaração de
nulidade ou inexistência decretada pelo tribunal ou, por outras palavras, o dever juridico
de executar a sentença no tribunal administrativo.

Você também pode gostar