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Resumos Providências Cautelares

Capítulo V – Âmbito, Requisitos e Efeitos

ÂMBITO
A necessidade de tutela urgente de um direito implica que, em determinadas
circunstâncias, sejam decretadas medidas cautelares que se revelem adequadas para
proteger ou assegurar a efetividade do direito.

Artigo 362º/1

Sempre que alguém mostre fundado receio de que outrem cause lesão grave ou
dificilmente reparável ao seu direito, pode requerer a providência conservatória
ou antecipatória concretamente adequada a assegurar a efetividade do direito
ameaçado

Esta tutela reveste uma natureza comum, na medida em que se aplica a todas as
situações em que se pretenda acautelar o risco de uma lesão e para as quais a lei não
preveja um procedimento cautelar específico.

O nº2 do artigo refere que o interesse do requerente pode fundar-se num direito já
existente ou num direito emergente de uma decisão a ser proferida em ação
constitutiva, já proposta ou a propor.

REQUISITOS
A concessão de uma providência depende da probabilidade séria da existência do direito
e de se mostrar suficientemente fundado o receio da sua lesão – art. 368º/1

O tribunal decreta a medida se, depois de efetuada uma apreciação sumária e liminar
do direito invocado pelo requerente e da prova por ele produzida, considerar, de forma
fundamentada, que se verifica a séria probabilidade de existência desse direito e de
um perigo que ameace, de forma grave e irreparável ou de difícil reparação, a sua
satisfação.

Para além disso, a medida só pode ser concedida se o requerente não tiver ao seu
alcance um outro meio processual menos gravoso que lhe permita proteger, de forma
igual, o direito que pretende acautelar.

Assim, o decretamento de uma providência cautelar comum só é admissível quando se


verifique o preenchimento cumulativo dos seguintes pressupostos:

– Fumus boni iuris (probabilidade séria da existência de um direito que careça de


tutela urgente)
– Periculum in mora
– Interesse processual
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– Proporcionalidade da providência

❖ Fumus boni iuris


O recurso à tutela cautelar implica, desde logo, que o requerente se arrogue titular de
um direito, direito esse que se encontre em risco de sofrer uma lesão grave e irreparável
ou de difícil reparação.
➔ Só é admissível o decretamento de uma providência se for provável a existência
de um direito que careça de tutela urgente
A demonstração da titularidade do direito não pode ser feita através de uma prova plena
e cumprindo todas as garantias próprias do processo equitativo → não é compatível
com a urgência das PC nem com o seu processo sumário
Assim, tendo em conta os limites decorrentes da sumariedade da cognição cautelar, é
suficiente um juízo de mera aparência do direito, ou seja, basta que se encontre
indiciariamente provado que o direito do requerente existe e que está em risco de ser
violado, sendo por isso provável que venha a obter êxito na ação principal.
 Apenas se exige um direito aparente – um fumus boni iuris
O juiz, com base nos factos sumariamente alegados, deve fazer um juízo de prognose,
apoiado em simples critérios próprios do homem prudente, em presunções naturais ou
de experiência, quanto à probabilidade de o direito de que o requerente se arroga titular
vir a ser tutelado na ação principal.
O requerente da providência deve apresentar e provar o seu direito, não em termos de
certeza, mas sim verosimilhança.
 Verosimilhança constitui o meio termo entre a certeza (que apenas será
estabelecida na ação principal), e a incerteza que se encontra na base do
processo.
O requisito da aparência do direito não se encontra preenchido se, na ação principal, já
tiver sido indeferida, ainda que por decisão não transitada em julgado, a pretensão do
requerente, uma vez que, se assim fosse, este poderia obter por via cautelar aquilo que
não logrou conseguir com o processo principal, de que a providência depende.

Poderes de cognição do tribunal


A necessidade de proteção urgente de um direito, associada à tutela cautelar, exige a
adoção de mecanismos que permitam o julgador apreciar, de forma célere e sumária,
os requisitos para o decretamento da PC.
O juiz deve exercer um controlo jurisdicional sumário tendente à verificação dos
requisitos para o decretamento da PC → basta analisar sumariamente os factos
alegados e as provas sumariamente produzidas pelo requerente, assentando a sua
decisão num juízo de verosimilhança.
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o O caráter urgente dos procedimentos cautelares, associado ao periculum in


mora na tutela de um determinado direito, não se compadece com uma
atividade probatória tendencialmente aprofundada e exaustiva.
Grau de apreciação do fumus boni iuris → formulação de um juízo de probabilidade
séria, de mera aparência ou “mera justificação”, quanto à verdade dos factos alegados
e à existência do direito invocado pelo requerente, bem como quanto à probabilidade
de o mesmo vir a ser reconhecido na ação principal de que a PC depende.
Artigo 368º/1
A PC é decretada desde que o juiz conclua pela “probabilidade séria da existência
do direito”
Para apreciação do direito invocado, basta uma prova tendencialmente sumária,
superficial e provisória dos factos – os quais serão posteriormente submetidos a uma
apreciação mais aprofundada na ação principal.
Não se exige, por isso, um estado de certeza absoluta quanto à existência do direito
invocado, apenas uma probabilidade séria.
O grau de probabilidade ou verosimilhança em relação à existência do direito invocado
pelo requerente é diretamente proporcional ao nível de ingerência na esfera jurídica do
requerido em resultado do acolhimento de uma determinada pretensão cautelar →
quanto maior a ingerência maior o cuidado que o juiz deve ter, procurando encontrar
um maior grau de probabilidade e certeza.
Se a providência for requerida na pendência do processo principal, o juiz poderá fazer
uso dos elementos factuais e probatórios constantes desse processo e que se revelem
adequados a formar a sua convicção quanto ao grau de probabilidade de existência do
direito invocado pelo requerente.
► Caso a matéria de facto alegada pelo requerente, apesar de conter factos essenciais
constituintes da causa de pedir da sua pretensão, apresentar, no entanto,
insuficiências ou imprecisões, carecendo de concretização, pode o juiz convidar o
requerente a esclarecer, completar ou concretizar a matéria de facto alegada? Ou
deve indeferir liminarmente a providência, atendendo ao seu carater urgente?
Nos termos do art. 590º/4 CPC, o juiz deve convidar as partes a suprir as
insuficiências ou imprecisões na exposição da matéria de facto alegada, fixando
prazo para a presentação de articulado a completar ou corrigir o inicialmente
produzido → juiz está vinculado a um verdadeiro dever de convidar o
requerente a suprir as insuficiências e imprecisões da exposição da matéria de
facto.
Diferente é o caso em que o requerimento inicial da PC não contiver os factos essenciais
em que se baseia a pretensão do requerente, ou se a causa de pedir for ininteligível, ou
formulada de forma manifestamente improcedente → nestes casos o juiz deve indeferir
liminarmente a PC requerida, não se justificando o convite ao aperfeiçoamento do
articulado.
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Meios de prova – pode ser usado qualquer meio de prova legalmente admissível, com
particular destaque para a prova documental e testemunhal (apesar do legislador não o
referir expressamente).

A summaria cognitio e a tutela do requerido


A natureza sumária da cognição do direito invocado em sede cautelar (summaria
cognitio) suscita graves problemas de segurança jurídica, seja pelo facto de a prova
produzida ser superficial, seja pela força da influência que essa prova pode ter na
composição definitiva do litígio.
→ O julgador deve ser cauteloso na avaliação das consequências danosas que poderão
advir para o requerido em consequência do decretamento da PC, nomeadamente
daquelas em que é possível produzirem um prejuízo grave, irreparável ou
irreversível.
Não havendo contraditório prévio do requerido, o tribunal fica limitado aos factos
alegados pelo próprio requerente, bem como as provas por si produzidas, não tendo
oportunidade de conhecer a contrapretensão do requerido.
Por via disso, o tribunal antes de decretar uma PC deve averiguar se existe na pretensão
do requerente uma serious question to be tried.
Quanto maior for a gravidade decorrente da concessão da PC, maior deverá ser o rigor
do julgador em relação à apreciação do requisito do fumus boni iuris.
– Um dos principais desafios que se colocam consiste em encontrar um ponto de
equilíbrio entre a necessidade de se garantir a efetividade do direito do requerente
e a de se proteger o requerido contra a utilização abusiva desse meio processual.

• O legislador procurou então minimizar os efeitos sempre nefastos


decorrentes da apreciação sumária do direito invocado, impondo, em regra,
ao requerente o ónus de intentar, num curto prazo a ação principal de que a
PC depende, na qual o direito litigioso será submetido a uma análise mais
ponderada e aprofundada
• Para além disso, é cabe também ao requerente o ónus de demonstrar a
existência de uma probabilidade séria da existência do seu direito.

❖ Periculum in mora
A excessiva lentidão dos tribunais e a consequente demora na obtenção de uma decisão
definitiva pode levar à produção de danos graves e irreparáveis ou de difícil reparação.
Nestas situações, a impossibilidade de recurso, em tempo útil, a uma providência
cautelar, destinada garantir a satisfação do direito, implicaria, na prática, que a sentença
que viesse a ser proferida na ação principal se tornasse inútil.
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➔ um dos principais fundamentos do recurso à tutela cautelar resido no justo


receio de que outrem cause uma lesão grave e irreparável ou de difícil reparação
num determinado direito, devido à demora na tutela definitiva desse direito.

➔ A tutela cautelar surge associada a uma tutela preventiva e urgente, já que a


providência não pode ser decretada se não existir qualquer perigo e/ou
ameaça grave e irreparável quanto à proteção um direito

O periculum in mora é a causa e fundamento que autoriza a adoção de qualquer medida


cautelar.
Periculum in mora – requisito processual de natureza constitutiva da providência
concretamente requerida: a falta deste requisito obsta ao decretamento efetivo da
providência
ARTIGO 362º/1 - Periculum in mora
Fundado receio de lesão grave e dificilmente reparável de um direito de que o
requerente é titular, quer pelos danos que possam advir da conduta do
requerido, quer pela demora na tutela definitiva desse direito
➢ Corresponde ao perigo no retardamento da tutela jurisdicional, procurando-se
evitar que, por causa do tempo necessário para o julgamento definitivo do mérito
da causa, o direito que se pretende fazer valer acabe por ficar irremediavelmente
comprometido
Cabe ao requerente provar que não pode aguardar a decisão do processo principal sem
sofrer qualquer prejuízo de consequências graves e irreparáveis.
É constituído por dois elementos essenciais:
• Demora: a providência cautelar visa proteger o justo receio de alguém se ver
prejudicado por uma conduta de terceiro, possibilidade que é agravada de
forma efetiva com a demora dos processos judicias
• Dano: PC só pode ser decretada caso o dano seja grave e irreparável ou de
difícil reparação.
o Dano grave e irreparável ou de difícil reparação
o Dano atual
o Imputabilidade do dano ao requerido

Dano grave e irreparável ou de difícil reparação


A providência só pode ser decretada quando esteja em causa um dano grave e
irreparável ou de difícil reparação – quando não seja viável a reintegração do direito de
forma específica ou por equivalente
Uma vez que as PC podem ser decretadas sem audiência do requerido, apenas uma
lesão suficientemente forte e grave é passível de justificar a agressão da esfera jurídica
do requerido, sem que este tenha sequer um conhecimento prévio sobre isso → não
pode ser qualquer lesão a justificar a ingerência na esfera jurídica do demandado.
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Os requisitos da gravidade e da dificuldade de reparação são cumulativos.


➢ Estão excluídos danos facilmente reparáveis – quer através de reconstituição
natural, quer mediante indemnização substantiva.
O facto de o dano ser de difícil ou impossível reparação, não significa que não seja
ressarcível – a irreparabilidade não significa irresarcibilidade. → Mas quem requer
tutela cautelar não pretende, em primeira instância, uma indemnização, mas sim que o
direito tutelado permaneça íntegro.
Jurisprudência tem vindo a considerar que o conceito de “lesão grave e irreparável ou
de difícil reparação” deve ser interpretado de acordo com dois critérios:
o Critério Subjetivo – atende às possibilidades concretas do requerido para
suportar economicamente uma eventual reparação do direito do requerente

o Critério objetivo – deve ser aferido em função do tipo de lesão que a situação
de perigo pode vir a provocar na esfera jurídica do requerente, o que significa
que dependerá da natureza do direito alvo da lesão e da sanção jurídica
imposta para a reparação do dano decorrente da lesão. Vai ser admissível o
recurso à tutela cautelar sempre que a reparação da lesão possa implicar a
uma reintegração por sucedâneo.
Exemplo: um dano consubstanciado num prejuízo de natureza financeira não será, por
via de regra, grave e irreparável ou de difícil reparação. Salvo se o mesmo for insuscetível
de integral compensação caso a ação principal seja julgada procedente – isto pode
acontecer devido à situação económica do requerido.
NOTA:
Critérios para apreciar o requisito da irreparabilidade do dano – três posições doutrinárias:

i) Só os direitos absolutos são suscetíveis de sofrer, em caso de violação ou ameaça


de violação, um dano irreparável
ii) Estamos na presença de um prejuízo irreparável quando, face à demora na tutela
do seu direito, o requerente não possa servir-se de remédio suficientemente eficaz
contra a situação de inferioridade que para ele resulta do dano.
iii) O dano irreparável é aquele que não é suscetível de reintegração em forma
específica, nem seja ressarsível.

Dano atual
O periculum in mora tem de ser atual e iminente.
Situações em que é admissível o decretamento:
→ Evento danoso já se verificou, mas os seus efeitos prolongam-se no tempo,
agravando a lesão do direito do requerente;
→ O evento danoso ainda não se verificou, mas é previsível que se venha a verificar
mediante um conjunto de indícios que demonstram a iminência da lesão
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As providências cautelares visam evitar a lesão de um direito → não podem ser


decretadas se a lesão já se tiver consumado, salvo se essa lesão fundamentar o receio
de ocorrência de outras lesões idênticas e futuras, a produção de lesões de natureza
continuada ou repetida ou o agravamento do dano. Nos casos em que o dano já ocorreu
e terminou então não há fundamento para decretar a PC.
Debate sobre as lesões já consumadas, mas contínuas. Quanto a isto, há jurisprudência que diz
que a lesão já foi consumada e, portanto, não há direito a tutela cautelar. Em contraponto, usa-
se o argumento da continuação do dano: está consumado, mas continua a produzir danos.

Dano imputável ao requerido


A PC só será justificada quando o dano que se receia for imputável a uma atuação ou
omissão do requerido.
PC não deve ser decretada quando o dano que se pretende evitar respeita a facto
imputável ao próprio requerente, quando este tenha contribuído para a produção do
dano, ou quando se deva a fenómenos exteriores ao requerido.

Critérios de ponderação do periculum in mora


A doutrina e jurisprudência têm vindo a entender que, na apreciação deste requisito,
não basta a existência de simples conjeturas ou receios subjetivos, assentes numa
apreciação ligeira e descuidada da realidade.
► Enquanto a aparência do direito (fumus boni iuris) se basta com um juízo de
verosimilhança ou de probabilidade, o fundando receio de lesão grave e irreparável
exige um juízo de certeza, que se revele suficientemente forte para convencer o juiz
acerca da necessidade de decretamento da PC.

▪ PC será injustificada se o periculum in mora se fundar num juízo


hipotético, genérico, abstrato, futuro ou incerto, sustentado em
meras conjeturas.
Periculum in mora deve assentarem factos concretos e consistentes que permitam
afirmar, com rigor, objetividade e distanciamento, a seriedade e a atualidade da
ameaça, bem como a necessidade de serem adotadas medidas urgentes, que permitam
evitar o prejuízo.
 Exige-se um juízo de probabilidade forte e convincente, a ser valorado pelo
julgador segundo um critério objetivo.
O requerente deve trazer ao tribunal factos reais, certos e concretos, que mostrem ser
fundado o receio que invoca e não uma mesa possibilidade remota de vir a sofrer danos.
O requerente tem o ónus de alegar os factos reveladores do direito de que se arroga a
par de outros de onde se possa inferir a existência de um periculum in mora.
Para apreciação do requisito, o juiz deve fazer um juízo de prognose, colocando-se na
situação futura de uma hipotética sentença favorável, para concluir se há ou não razões
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para recear que tal sentença venha a ser inútil, por já se ter consumado uma situação
de facto incompatível com ela, ou por se terem produzido prejuízos de difícil reparação
para quem dela deveria beneficiar.
Todavia, atendendo à natureza célere e urgente dos PC, a apreciação do requisito não
deve ser reconduzida a uma certeza inequívoca sobre a verificação da situação de perigo
invocada, sendo antes suficiente que se mostre razoavelmente fundado e preenchido o
pressuposto.
Pode-se concluir que, na apreciação do requisito, o juiz deve efetuar um juízo de
prognose em relação aos seguintes pressupostos:
i) Se as circunstâncias do caso em concreto indicam, com segurança, a
existência de um motivo sério para recear o facto danoso;
ii) Se o facto receado carece de tutela urgente e se é necessário acautelar a sua
proteção pela via provisória
iii) Qual a melhor forma de providenciar a sua proteção, uma vez ponderados os
interesses do requerente e do requerido

❖ Interesse processual
O recurso à tutela cautelar só é admissível quando a ordem jurídica não coloque à
disposição do requerente um outro meio processual menos gravoso que lhe permita
proteger, de modo igualmente eficaz, o direito ameaçado.
Este requisito do interesse processual permite impedir um recurso abuso à tutela
cautelar.
► A proteção cautelar só deve ser concedida nos casos em que esta se revele
imprescindível para salvaguardar um risco de lesão grave e iminente do direito do
requerente.
O deferimento da PC implique que o requerente demonstre um fundado receio de que
outrem cause uma lesão grave e irreparável – ora, só há interesse processual se “houver
fundado receio de que o réu possa obstar, através da sua conduta, à utilidade prática de
uma sentença favorável ao autor. Se esse interesse faltar, a PC não é decretada.”
 Em sede cautelar, só haverá interesse processual, se o requerente alegar e
provar, pelo menos de forma indiciária, que é titular de um direito e que esse
direito foi ou está na iminência de ser violado, havendo uma necessidade de
proteção e reintegração do mesmo, ainda que de forma provisória.

 Só vai haver necessidade de proteção cautelar se não existir no OJ um meio


menos gravoso que permita uma tutela igualmente eficaz do direito ameaçado.

❖ Proporcionalidade
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Artigo 368º/2
Para que a PC possa ser decretada, o prejuízo que dela resultará para o requerido
não pode exceder consideravelmente o dano que, com ela, o requerente
pretende evitar.
Trata-te de uma manifestação do princípio da proporcionalidade.
A ponderação da proporcionalidade entre as medidas judiciais a adotar e os interesses
que se pretendem proteger assume particular relevância no domínio das PC,
designadamente pelo facto de não existir um contraditório prévio do requerido e devido
ao exercício da atividade jurisdicional se basear em critérios de mera probabilidade.
A decisão de decretamento ou de indeferimento de uma providência cautelar depende da
formulação de um juízo de proporcionalidade quanto aos efeitos dessa providência,
devendo o julgador procurar a justa medida que permita alcançar a melhor composição
possível dos interesses conflituantes.
A aplicação do principio da proporcionalidade à tutela cautelar implica que, mesmo que se
encontrem preenchidos os requisitos legais de que a lei faz depender o decretamento da
providência, esta não deve ser decretada (pelo menos nos moldes requeridos) quando
conduza a resultados injustos ou irreversíveis, considerando a gravidade dos seus efeitos
na esfera jurídica do requerido, bem como quando o prejuízo poderá advir para o
requerido em consequência do seu decretamento exceda consideravelmente o dano que
o requerente pretende evitar.
O princípio da proporcionalidade permite que o tribunal possa ordenar o levantamento de
uma providência cautelar anteriormente decretada se, ponderada a situação que se
verificava à data em que foi requerido o decretamento da providência e a que se regista no
momento da apreciação da oposição, ou por força de algum facto superveniente, o prejuízo
resultante do seu decretamento tiver, entretanto, excedido consideravelmente o dano
que o requerente pretendia acautelar.
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