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AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5477155.73.2018.8.09.

0000

COMARCA GOIÂNIA

AGRAVANTE UNIMED GOIÂNIA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

AGRAVADOS LUIZ ALBERTO RODRIGUES DA PAIXÃO

RELATORA Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis

VOTO

De início, cumpre esclarecer que o agravo de instrumento deve se limitar ao exame do acerto ou desacerto do que foi decidido
pelo juízo a quo, não podendo extrapolar o seu âmbito para matéria estranha ao ato judicial vergastado.

A propósito:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. […] 1. O agravo de instrumento é um recurso


secundum eventum litis, razão pela qual, em sua análise, o órgão ad quem está
limitado a analisar as questões que foram objeto da decisão recorrida, evitando-
se, assim, a supressão de um grau de jurisdição. […] AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIDO E DESPROVIDO.

(TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 212611-19.2016.8.09.0000, Rel. DES.


FRANCISCO VILDON JOSE VALENTE, 5A CAMARA CIVEL, julgado em 26/01/2017,
DJe 2203 de 03/02/2017. Negritei)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE MANDADO DE SEGURANÇA. RECURSO


SECUNDUM EVENTUM LITIS. […] 1. Sendo o agravo de instrumento um recurso
secundum eventum litis, a matéria objeto de apreciação nesta via recursal
específica deve cingir-se ao conteúdo da decisão agravada, a fim de evitar a
vedada supressão de um grau de jurisdição. […] AGRAVO PROVIDO.

(TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 170063-76.2016.8.09.0000, Rel. DES. CARLOS


ESCHER, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 15/12/2016, DJe 2197 de 26/01/2017.
Negritei)

Desta forma, por se tratar de um recurso secundum eventum litis, que não pode extrapolar o seu âmbito para matéria estranha
ao ato judicial vergastado, no julgamento deste agravo de instrumento não será conhecida a matéria apresentada que impugna
decisão superveniente ao decisum fustigado.

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Presentes os pressupostos recursais, conheço do Agravo de Instrumento interposto.

No caso vertente, a matéria recursal cinge-se ao deferimento da tutela de urgência pleiteada pelo autor, ora agravado, nos autos
de origem, que pleiteou a manutenção do contrato do plano de saúde gerido pela agravada, uma vez que a rescisão unilateral
ocorreu sem a devida intimação prévia e pessoal do titular do plano.

O agravante sustenta, em suma, que não se encontram presentes os requisitos necessários à concessão da tutela de urgência
pleiteada e deferida pelo juízo de origem.

Estabelecidas as premissas fáticas faz-se mister a análise acerca da presença dos requisitos da tutela de urgência pleiteada nos
autos de origem.

Neste diapasão, sua concessão fica condicionada ao preenchimento, concomitante, dos elementos mencionados no artigo 300, do
Código de Processo Civil, ipsis litteris:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir


caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a
sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente
não puder oferecê-la.

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após justificação prévia.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver


perigo de irreversibilidade dos efeitos da decisão.” (negritei)

Acerca do tema, cumpre trazer à colação os ensinamentos de Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de
Oliveira, verbo ad verbum:

A tutela provisória de urgência pode ser cautelar ou satisfativa (antecipada).

Em ambos os casos, a sua concessão pressupõe, genericamente, a demonstração da


probabilidade do direito (tradicionalmente conhecida como “fumus boni iuris”) e, junto a
isso, a demonstração do perigo de dano ou de ilícito, ou ainda do comprometimento da
utilidade do resultado final que a demora no processo representa (tradicionalmente

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conhecido como “periculum in mora”) (art. 300, CPC). (…) A probabilidade do direito a
ser provisoriamente satisfeito/realizado ou acautelado é a plausibilidade de existência
desse mesmo direito. O bem conhecido fumus boni iuris (ou fumaça do bom direito). O
magistrado precisa avaliar se há “elementos que evidenciem” a probabilidade de ter
acontecido o que foi narrado e quais as chances de êxito do demandante (art. 300,
CPC). Inicialmente é necessária a verossimilhança fática, com a constatação de que há
um considerável grau de plausibilidade em torno da narrativa dos fatos trazida pelo
autor. É preciso que se visualize, nesta narrativa, uma verdade provável sobre os fatos,
independentemente da prova. Junto a isso, deve haver a plausibilidade jurídica, com a
verificação de que é provável a subsunção dos fatos à norma invocada, conduzindo aos
efeitos pretendidos. (…) O perigo da demora é definido pelo legislador como o perigo
que a demora processual representa de “dano ou o risco ao resultado útil do processo”
(art. 300, CPC). Importante é registrar que o que justifica a tutela provisória de urgência
é aquele perigo de dano: i) concreto (certo), e não, hipotético ou eventual, decorrente
de mero temor subjetivo da parte; ii) atual, que está na iminência de ocorrer, ou esteja
acontecendo; e, enfim, iii) grave, que seja de grande ou média intensidade e tenha
aptidão para prejudicar ou impedir a fruição do direito. Além de tudo, o dano deve ser
irreparável ou de difícil reparação. Dano irreparável é aquele cujas consequências são
irreversíveis. Dano de difícil reparação é aquele que provavelmente não será
ressarcido, seja porque as condições financeiras do réu autorizam supor que não será
compensado ou restabelecido, seja porque, por sua própria natureza, é complexa sua
individualização ou quantificação precisa – ex. Dano decorrente de desvio de clientela.

(in Curso de Direito Processual Civil, V. 2, Salvador: Juspodivm, 2016, p. 594/598)

Portanto, na sistemática atual adotada pelo Código de Processo Civil, o deferimento da medida somente ocorrerá quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. É necessário,
assim, que exista forte probabilidade de que os fatos aduzidos sejam provados, após o exercício de cognição exauriente, devendo
haver nos autos provas indicativas nesse sentido.

É incontroverso que tais requisitos dependem da livre apreciação do juiz, que emitirá um juízo de valor próprio, sem, no entanto,
diferir do mandamento legal.

In casu,

Inicialmente, vale destacar que entre os litigantes há relação contratual estabelecida com base na prestação do serviço de plano
de saúde pela agravante aos agravados. O aludido contrato tem natureza de plano privado de assistência à saúde, com
regramento específico em nosso ordenamento jurídico, e a possibilidade de rescisão unilateral por inadimplemento do consumidor
é regulamentada pelo disposto no art. 13, parágrafo único, da Lei nº 9.656/1998, in verbis:

Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
têm renovação automática a partir do vencimento do prazo inicial de vigência, não
cabendo a cobrança de taxas ou qualquer outro valor no ato da renovação.

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Parágrafo único. Os produtos de que trata o caput, contratados individualmente, terão
vigência mínima de um ano, sendo vedadas:

(…)

II – a suspensão ou a rescisão unilateral do contrato, salvo por fraude ou não-


pagamento da mensalidade por período superior a sessenta dias, consecutivos ou
não, nos últimos doze meses de vigência do contrato, desde que o consumidor seja
comprovadamente notificado até o quinquagésimo dia de inadimplência; e (…)

(Negritei)

Conforme se extrai do texto legal, para a rescisão contratual unilateral faz-se mister a comprovação de notificação prévia do
consumidor até o quinquagésimo dia de inadimplência.

In casu, os documentos colacionados aos autos na movimentação nº 1 demonstraram que as notificações enviadas para LUIZ
ALBERTO RODRIGUES DA PAIXÃO foram recebidas por Cláudia Beatriz (fls. 10 da movimentação nº 1) e Vinícius de Souza
Oliveira (fls. 11 da movimentação nº 1), pessoas que não figuram na titularidade da relação contratual estabelecida entre
UNIMED GOIÂNIA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO como prestadora de serviço e LUIZ ALBERTO RODRIGUES DA
PAIXÃO como titular do plano.

A notificação, ainda que no endereço contratual, não supre a necessidade da notificação pessoal do titular do plano, conforme
disposto no art. 13, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 9.656/1998, entendimento já consolidado na jurisprudência desta egrégia
Corte de Justiça Estadual, ad litteram:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER COM PEDIDO DE


ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONTRATO DE SEGURO SAÚDE. RESCISÃO
UNILATERAL POR ATRASO DE PAGAMENTO. NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO
PESSOAL DO SEGURADO. PRÉVIA NOTIFICAÇÃO EM ENDEREÇO CONSTANTE
NO CONTRATO. VALIDADE. 1. Nos termos do artigo 13, parágrafo único, II, da Lei
9.656/98, para a rescisão unilateral do contrato de plano de saúde por falta de
pagamento, é imprescindível a notificação prévia, pessoal e inequívoca do
consumidor, sob pena de invalidação do distrato. 2. Sendo válido o prévio aviso do
consumidor acerca da existência do débito, afigura-se legítimo o cancelamento do
contrato, não havendo se falar em qualquer ilegalidade ou abusividade na resolução
operada, tampouco em restabelecimento do vínculo contratual ou em dever de
indenizar moralmente, diante da inexistência de qualquer ato ilícito. 3. Os honorários
advocatícios merecem ser arbitrados em estreita deferência à razoabilidade
constitucional e aos parâmetros constantes da legislação processual civil, sob pena de
redução ou majoração, a depender da hipótese, nos termos do art. 20, §§ 3º e 4º, do
CPC e do art. 5º, inciso LIV, da CF/88. 4. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA.

(TJGO, Apelação (CPC) 5118587-18.2017.8.09.0051, Rel. NELMA BRANCO


FERREIRA PERILO, 4ª Câmara Cível, julgado em 26/09/2018, DJe de 26/09/2018)

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EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO. OBSCURIDADE
INEXISTENTE. AÇÃO DECLARATÓRIA DE MANUTENÇÃO DE VÍNCULO
CONTRATUAL C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
TUTELA ANTECIPADA DE URGÊNCIA. REQUISITOS PREENCHIDOS.
RESTABELECIMENTO DO CONTRATO DEFERIDO NO 1º GRAU. AUSÊNCIA DE
NOTIFICAÇÃO PRÉVIA, PESSOAL E INEQUÍVOCA DA USUÁRIA DO PLANO DE
SAÚDE. DECISÃO MANTIDA. 1. Nos termos do art. 300, do novo CPC, para que a
tutela antecipada de urgência seja concedida é necessária a presença concomitante de
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco de
resultado útil do processo. 2. É possível a rescisão unilateral do contrato de plano de
saúde, se a consumidora foi notificada da dívida superior a 60 (sessenta) dias com
antecedência de pelo menos 10 (dez) dias e não a quitou. Inteligência do art. 13,
parágrafo único, inciso II, da Lei nº 9.656/98. 3. In casu, não demonstrada pela
operadora do plano de saúde que referida notificação foi recebida de forma
pessoal pela usuária de seus préstimos, mas sim por terceira pessoa estranha a
relação contratual, o restabelecimento liminar do mencionado vínculo negocial é
medida que se impõe, pois inválido tal ato comunicatório. 4. Ademais,
considerando que as prestações cobradas pela cooperativa médica foram adimplidas
pela contratante atempadamente, assim que ela tomou ciência, por meio de outra
notificação posterior que pessoalmente recebeu e assinou, não há motivo subsistente
para manter a ruptura do contrato de plano de saúde. 5. Inexistente quaisquer dos
vícios constantes do art. 1.022 do novo CPC, devem ser rejeitados os aclaratórios,
mormente quando visam rediscutir a matéria analisada. EMBARGOS DE
DECLARAÇÃO REJEITADOS.

(TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 201214-60.2016.8.09.0000, Rel. DES. SANDRA


REGINA TEODORO REIS, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 21/02/2017, DJe 2229 de
15/03/2017. Negritei)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C INDENIZAÇÃO POR


DANOS MORAIS. PLANO DE SAÚDE. RESCISÃO UNILATERAL. LEGISLAÇÃO DE
REGÊNCIA. INOBSERVÂNCIA. NOTIFICAÇÃO PRÉVIA. INVALIDADE.
RESTABELECIMENTO. SENTENÇA MANTIDA NESTA PARTE. DANO MORAL.
INOCORRÊNCIA. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. 1- A Lei n° 9.656/98 (que dispõe
sobre os planos de assistência à saúde) veda a rescisão unilateral do contrato de
natureza individual, ou familiar, salvo por fraude, ou não pagamento da mensalidade por
período superior a sessenta dias, consecutivos, ou não, nos últimos doze meses de
vigência do contrato, desde que o consumidor seja comprovadamente notificado até o
quinquagésimo dia de inadimplência. 2- No caso, mostra-se correto o entendimento
de considerar inválido o ato de notificação, quando não recebida pela Autora/ora
Apelada, mas, sim, por terceiro estranho à relação processual, o que não satisfaz
a exigência de notificação do artigo 13, parágrafo único, inciso II, da referida Lei
9.656/98. 3- Não comprovada, nos autos, a efetivação da notificação prévia, o
restabelecimento do contrato entabulado entre as partes é medida que se impõe,
igualmente aos termos decididos na sentença. 4- O mero inadimplemento contratual,

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bem como, os dissabores, desconfortos, ou aborrecimentos não caracterizam dano
moral, já que são circunstâncias que decorrem das relações sociais e não
necessariamente provocam lesão à personalidade, sendo a reforma da sentença, no
que tange ao ponto ora objurgado, medida imperativa. 5- Se cada litigante for, em parte,
vencedor e vencido, serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados
os honorários advocatícios e as despesas, nos termos do artigo 21 do Código de
Processo Civil/1973, o qual estava vigente à época da prolação da sentença. Recurso
de apelação cível conhecido e PARCIALMENTE PROVIDO.

(TJGO, APELACAO CIVEL 257918-07.2015.8.09.0137, Rel. DES. FRANCISCO


VILDON JOSE VALENTE, 5A CAMARA CIVEL, julgado em 16/02/2017, DJe 2218 de
24/02/2017. Negritei)

APELAÇÃO CÍVEL. MEDIDA CAUTELAR INOMINADA C/C PEDIDO DE REATIVAÇÃO


DE PLANO DE SAÚDE C/C LIMINAR. CONTRATO DE SEGURO SAÚDE. RESCISÃO
UNILATERAL POR ATRASO DE PAGAMENTO. NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO
PESSOAL DO SEGURADO. IRREGULARIDADE EVIDENCIADA. RECEBIMENTO
EXTEMPORÂNEO DO VALOR EM ATRASO. EMISSÃO DE FATURAS
SUBSEQUENTES. ATO INCOMPATÍVEL COM O CANCELAMENTO CONTRATUAL.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL. RESTABELECIMENTO DO CONTRATO.
INVERSÃO DOS ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA. 1. De acordo com o artigo 13,
parágrafo único, inciso II, da Lei nº 9.656/98 e cláusula da avença pactuada, são
necessários, além do decurso do prazo de sessenta dias, consecutivos ou não, a
prévia notificação pessoal do consumidor para a rescisão unilateral do contrato
de plano de saúde por inadimplemento. 2. Inexiste notificação extrajudicial válida
quando recebida por pessoa estranha a relação processual, embora remetida para o
endereço do contrato. 3. A conduta do plano de saúde de receber as mensalidades em
aberto, após o 60º dia de atraso, bem como de enviar novos boletos, é incompatível
com a rescisão unilateral do contrato, porquanto viola a doutrina dos próprios atos. 4.
Com a reforma da sentença e a procedência do pedido inicial, restam invertidos os ônus
da sucumbência. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA. CONTRATO
RESTABELECIDO. SENTENÇA REFORMADA.

(TJGO, APELACAO CIVEL 481221-67.2014.8.09.0051, Rel. DES. GERSON SANTANA


CINTRA, 3A CAMARA CIVEL, julgado em 08/11/2016, DJe 2155 de 24/11/2016.
Negritei)

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS.


CANCELAMENTO UNILATERAL DO PLANO DE SAÚDE. NOTIFICAÇÃO.
ADIMPLEMENTO DA PARCELAS. NOTIFICAÇÃO ENTREGUE À PESSOA
ESTRANHA À LIDE. INÓCUA. DANO MORAL. INOCORRÊNCIA. I - A Lei nº 9.656/98
que dispõe sobre os planos de saúde veda a rescisão unilateral do contrato, a não ser
por fraude ou não pagamento da mensalidade por um período superior a 60 (sessenta)
dias, desde que não seja comprovadamente notificado. II - Notificada a consumidora
efetivou os pagamentos atrasados. III - Notificações posteriores de atrasos foram

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recebidas por pessoas estranha à lide e para a rescisão unilateral do contrato de
plano de saúde por falta de pagamento, nos moldes do artigo 13, parágrafo único,
II, da Lei 9.656/98, imprescindível a notificação prévia, pessoal e inequívoca do
consumidor, conforme entendimento jurisprudencial. O recebimento da
notificação por terceira pessoa, estranha à relação contratual, acarreta invalidade
de tal ato e, por consequência, impossibilita a rescisão unilateral do contrato de
plano de saúde, devendo, destarte, ser restabelecido. III - Mostra-se indevida a
condenação em danos morais quando os fatos ocorridos constituem meros
aborrecimentos que não atingiram a honra da vítima, mormente quando o plano de
saúde foi restabelecido. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E PROVIDA
PARCIALMENTE.

(TJGO, APELACAO CIVEL 236582-11.2015.8.09.0051, Rel. DES. NORIVAL


SANTOME, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 06/09/2016, DJe 2115 de 21/09/2016.
Negritei)

EMBARGOS INFRINGENTES. ACÓRDÃO NÃO UNÂNIME EM APELAÇÃO CÍVEL.


AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA POR DANOS MORAIS. CONTRATO
DE SEGURO SAÚDE. RESCISÃO UNILATERAL POR ATRASO DE PAGAMENTO.
NECESSIDADE DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO SEGURADO. IRREGULARIDADE.
RESTABELECIMENTO DO CONTRATO. Para a rescisão unilateral do contrato de
plano de saúde por falta de pagamento, nos moldes do artigo 13, parágrafo único,
II, da Lei 9.656/98, imprescindível a notificação prévia, pessoal e inequívoca do
consumidor, conforme entendimento jurisprudencial, motivo pelo qual o
recebimento da notificação por terceira pessoa, estranha à relação contratual,
acarreta na invalidade de tal ato e, por consequência, impossibilita a rescisão
unilateral do contrato plano de saúde. EMBARGOS INFRINGENTES ACOLHIDOS.

(TJGO, EMBARGOS INFRINGENTES 217472-82.2015.8.09.0000, Rel. DES. AMARAL


WILSON DE OLIVEIRA, 1A SECAO CIVEL, julgado em 07/10/2015, DJe 1893 de
20/10/2015. Negritei)

Desta forma, diante do recebimento da notificação prévia por terceira pessoa, estranha à titularidade contratual, a rescisão
unilateral não pode ser permitida, porquanto ausente requisito legal para sua concretização.

Presentes os requisitos legais, imperioso o deferimento da liminar pleiteada na origem, conforme jurisprudência deste egrégio
Sodalício em caso análogo ao caso vertente, senão vejamos:

(…) 2- Para o deferimento de tutela provisória, cautelar ou satisfativa, em caráter


antecedente ou incidental, faz-se necessária a presença concomitante dos
requisitos da probabilidade do direito da parte postulante e do perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo, conforme normatiza o art. 300 do CPC.

(TJGO, Agravo de Instrumento ( CPC ) 5428295-75.2017.8.09.0000, Rel. DELINTRO

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BELO DE ALMEIDA FILHO, 4ª Câmara Cível, julgado em 10/04/2018, DJe de
10/04/2018. Negritei)

Desta feita, considerando que se encontram presentes concomitantemente os requisitos ensejadores da concessão da
antecipação dos efeitos da tutela de urgência pleiteada pela parte agravada, o desprovimento do presente recurso é medida que
se impõe.

Ao teor do exposto, CONHEÇO do Agravo de Instrumento, e NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter incólume a decisão
objurgada, por estes e seus próprios fundamentos jurídicos.

É o voto.

Goiânia, 11 de dezembro de 2018.

Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis

Relatora

AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5477155.73.2018.8.09.0000

COMARCA GOIÂNIA

AGRAVANTE UNIMED GOIÂNIA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

AGRAVADOS LUIZ ALBERTO RODRIGUES DA PAIXÃO

RELATORA Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA DE MANUTENÇÃO DE


VÍNCULO CONTRATUAL C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER. PROVA EMPRESTADA.
RESCISÃO CONTRATUAL POR INADIMPLÊNCIA. NOTIFICAÇÃO PESSOAL DO CLIENTE
DEVEDOR. NÃO DEMONSTRADA. CONTRATO DE PLANO DE SAÚDE
REESTABELECIDO. DECISÃO LIMINAR MANTIDA. PRESENÇA DOS REQUISITOS DO
ART. 300 DO CPC.

1. O agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis, e deve se limitar à análise


do ato judicial objurgado, sem possibilidade de extrapolar seu alcance, mesmo em face de
decisão superveniente.

2. Nos termos do art. 300, do Código de Processo Civil, para que a tutela provisória de
urgência seja concedida é necessária a presença concomitante de elementos que evidenciem

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3. A rescisão contratual de forma unilateral, por inadimplência financeira, carece de notificação


prévia pessoal do titular do plano, conforme disposto no art. 13, parágrafo único, inciso II, da
Lei nº 9.656/1998, entendimento já consolidado na jurisprudência desta egrégia Corte de
Justiça Estadual. A notificação recebida por terceira pessoa, estranha à relação contratual, não
supre a necessidade da notificação pessoa da cliente, sendo nula para fins de rescisão
unilateral do contrato.

RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 5477155.73.2018.8.09.0000 da Comarca


de Goiânia, em que figura como agravante UNIMED GOIÂNIA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO e como agravados
LUIZ ALBERTO RODRIGUES DA PAIXÃO.

ACORDAM os integrantes da Quarta Turma Julgadora da 6ª Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer e desprover
o Agravo de Instrumento, nos termos do voto da Relatora.

A sessão foi presidida pela Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis.

Votaram com a Relatora, o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes e o Desembargador Fausto Moreira Diniz.

Presente a ilustre Procuradora de Justiça Doutora Eliane Ferreira Fávaro.

Goiânia, 11 de dezembro de 2018.

Desembargadora Sandra Regina Teodoro Reis

Relatora

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