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COMARCA GOIÂNIA
VOTO
De início, cumpre esclarecer que o agravo de instrumento deve se limitar ao exame do acerto ou desacerto do que foi decidido
pelo juízo a quo, não podendo extrapolar o seu âmbito para matéria estranha ao ato judicial vergastado.
A propósito:
Desta forma, por se tratar de um recurso secundum eventum litis, que não pode extrapolar o seu âmbito para matéria estranha
ao ato judicial vergastado, no julgamento deste agravo de instrumento não será conhecida a matéria apresentada que impugna
decisão superveniente ao decisum fustigado.
No caso vertente, a matéria recursal cinge-se ao deferimento da tutela de urgência pleiteada pelo autor, ora agravado, nos autos
de origem, que pleiteou a manutenção do contrato do plano de saúde gerido pela agravada, uma vez que a rescisão unilateral
ocorreu sem a devida intimação prévia e pessoal do titular do plano.
O agravante sustenta, em suma, que não se encontram presentes os requisitos necessários à concessão da tutela de urgência
pleiteada e deferida pelo juízo de origem.
Estabelecidas as premissas fáticas faz-se mister a análise acerca da presença dos requisitos da tutela de urgência pleiteada nos
autos de origem.
Neste diapasão, sua concessão fica condicionada ao preenchimento, concomitante, dos elementos mencionados no artigo 300, do
Código de Processo Civil, ipsis litteris:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem
a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.
Acerca do tema, cumpre trazer à colação os ensinamentos de Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de
Oliveira, verbo ad verbum:
Portanto, na sistemática atual adotada pelo Código de Processo Civil, o deferimento da medida somente ocorrerá quando houver
elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. É necessário,
assim, que exista forte probabilidade de que os fatos aduzidos sejam provados, após o exercício de cognição exauriente, devendo
haver nos autos provas indicativas nesse sentido.
É incontroverso que tais requisitos dependem da livre apreciação do juiz, que emitirá um juízo de valor próprio, sem, no entanto,
diferir do mandamento legal.
In casu,
Inicialmente, vale destacar que entre os litigantes há relação contratual estabelecida com base na prestação do serviço de plano
de saúde pela agravante aos agravados. O aludido contrato tem natureza de plano privado de assistência à saúde, com
regramento específico em nosso ordenamento jurídico, e a possibilidade de rescisão unilateral por inadimplemento do consumidor
é regulamentada pelo disposto no art. 13, parágrafo único, da Lei nº 9.656/1998, in verbis:
Art. 13. Os contratos de produtos de que tratam o inciso I e o § 1o do art. 1o desta Lei
têm renovação automática a partir do vencimento do prazo inicial de vigência, não
cabendo a cobrança de taxas ou qualquer outro valor no ato da renovação.
(…)
(Negritei)
Conforme se extrai do texto legal, para a rescisão contratual unilateral faz-se mister a comprovação de notificação prévia do
consumidor até o quinquagésimo dia de inadimplência.
In casu, os documentos colacionados aos autos na movimentação nº 1 demonstraram que as notificações enviadas para LUIZ
ALBERTO RODRIGUES DA PAIXÃO foram recebidas por Cláudia Beatriz (fls. 10 da movimentação nº 1) e Vinícius de Souza
Oliveira (fls. 11 da movimentação nº 1), pessoas que não figuram na titularidade da relação contratual estabelecida entre
UNIMED GOIÂNIA COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO como prestadora de serviço e LUIZ ALBERTO RODRIGUES DA
PAIXÃO como titular do plano.
A notificação, ainda que no endereço contratual, não supre a necessidade da notificação pessoal do titular do plano, conforme
disposto no art. 13, parágrafo único, inciso II, da Lei nº 9.656/1998, entendimento já consolidado na jurisprudência desta egrégia
Corte de Justiça Estadual, ad litteram:
Desta forma, diante do recebimento da notificação prévia por terceira pessoa, estranha à titularidade contratual, a rescisão
unilateral não pode ser permitida, porquanto ausente requisito legal para sua concretização.
Presentes os requisitos legais, imperioso o deferimento da liminar pleiteada na origem, conforme jurisprudência deste egrégio
Sodalício em caso análogo ao caso vertente, senão vejamos:
Desta feita, considerando que se encontram presentes concomitantemente os requisitos ensejadores da concessão da
antecipação dos efeitos da tutela de urgência pleiteada pela parte agravada, o desprovimento do presente recurso é medida que
se impõe.
Ao teor do exposto, CONHEÇO do Agravo de Instrumento, e NEGO-LHE PROVIMENTO, para manter incólume a decisão
objurgada, por estes e seus próprios fundamentos jurídicos.
É o voto.
Relatora
COMARCA GOIÂNIA
2. Nos termos do art. 300, do Código de Processo Civil, para que a tutela provisória de
urgência seja concedida é necessária a presença concomitante de elementos que evidenciem
ACÓRDÃO
ACORDAM os integrantes da Quarta Turma Julgadora da 6ª Câmara Cível, à unanimidade de votos, em conhecer e desprover
o Agravo de Instrumento, nos termos do voto da Relatora.
Votaram com a Relatora, o Desembargador Jeová Sardinha de Moraes e o Desembargador Fausto Moreira Diniz.
Relatora