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Mariana Rodrigues
Subturma 7 – Turma A
2020.2021
Aula 25.02.2022
O objeto do processo:
Todos os processos possuem um objeto, sendo este que determina o âmbito do caso
julgado (Artigo 619.º, CPC). Assim sendo, torna-se relevante analisar o Direito
Substantivo, visto que é este que é a base de análise para compreender o objeto do
processo.
Se o objeto do processo de desviar da matriz, encontramos pressuposto processuais
relativos ao objeto do processo para verificar a sua admissibilidade. A lei pretende
defender a admissibilidade dos objetos.
Os objetos processuais têm complexidades diferentes de caso para caso, sendo que quanto
maior for a complexidade do objeto que o Tribunal tem de julgar, mais tempo isso
demorará: há mais prova a produzir, há mais atos processuais a praticar, uma maior
complexidade dos atos, etc.
As relações entre objetos processuais serão de tal modo fortes que a sua complexidade não
é refutável: os objetos não são totalmente dispares, existe antes uma ligação entre objetos.
Caso exemplificativo: o credor A instaura uma ação contra B, devedor. Na petição inicial
A alega que B criou, voluntariamente, uma impossibilidade de cumprir com a obrigação a
que se tinha vinculado.
O Direito material, perante este alegado incumprimento, que é provocado pelo devedor,
nos termos dos artigos 801.º e ss, CCivil, diz-nos que: tem o credor o direito de resolver o
contrato, para além do direito de ser indemnizados pelos prejuízos causados pelo
incumprimento do contrato.
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Pedido = tutela que o autor pede ao Tribunal, em específico, isto é, aquilo que se requer ao
Tribunal que decrete.
A cumulação processual - Que tipo de relações se podem estabelecer entre objetos
processuais?
Ver: pedidos subsidiários (Artigo 554.º, CPC: regula a cumulação subsidiária própria) +
Cumulação de Pedidos (Artigo 555.º, CPC: regula todos os tipos de cumulação).
O autor pode dizer: <eu quero isto, e se me derem isto, também quero aquilo=, ou seja, se o
Tribunal declarar, no caso exemplificativo do incumprimento contratual imputável a B
(=devedor), o autor diria: <Se o Tribunal declarar que há uma impossibilidade imputável
ao devedor, satisfazendo o meu pedido de condenação por incumprimento contratual, para
além da resolução também quero ver apreciado um pedido de indemnização pelos danos
decorrentes do incumprimento contratual declarado.=
Quando o faz, o autor faz depender da apreciação do Tribunal o pedido secundário, só
sendo apreciado caso o primeiro proceda.
Há, por estratégia processual, um pedido de retaguarda.
Esquematizando os exemplos e explicações acima dados – há três tipos de cumulação
processual (=junção de vários objetos processuais):
I. Cumulação simples
A cumulação simples possui um regime próprio visto que o autor pede a procedência
de todas as pretensões, sendo ambas independentes entre si, inexistindo uma
hierarquia.
Caso exemplificativo: o autor crê que há uma impossibilidade no cumprimento da
obrigação imputável ao devedor e, como tal, quer que ele seja condenado no
pagamento de uma indemnização, e quer também a resolução do contrato, juntando as
duas pretensões numa só ação.
Neste caso, se o Tribunal não considerar que há uma impossibilidade imputável ao
devedor, mas só a mora do devedor, atendendo a que ainda há possibilidade do devedor
cumprir, não tem o autor direito à resolução, mas tem ainda direito a ser indemnizado
pela situação da mora.
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processo comum (Artigo 548.º, CPC). No entanto, podem haver pedidos que sejam
tramitados através de processos especiais (Artigo 878.º e ss, CPC).
Solução:
Quando se verifica este tipo de inadmissibilidade ou o Tribunal consegue construir
uma tramitação que lhe permita julgar conjuntamente todos os pedidos estando
limitado às tramitações de todos os objetos, ou o Tribunal não consegue construir essa
fórmula que permite eliminar as indissiocracias e o Tribunal pergunta ao autor da ação
que escolha qual dos pedidos quer que o Tribunal conheça (=julgue).
Com isto falamos de duas coisas muito importantes:
a) Damos corpo ao princípio da adequação processual: visto que o Tribunal ou
constrói uma tramitação que lhe permita julgar aquela causa, ou não podendo fazê-
lo, pede ao autor que escolha, para saber que tramitação deve seguir.
Contrariamente ao que acontece com a falta do pressuposto de competência
absoluta, devido ao princípio do dispositivo, em que se absolve o réu da instância,
aqui opta por se aproveitar o negócio jurídico processual ao máximo, tentando
salvá-lo.
b) A incompatibilidade substantiva diz-nos que não podemos permitir coisas que o
processo não admite que sucedam ao mesmo tempo.
A lei tratou o problema da incompatibilidade substantiva como uma nulidade da
petição inicial (=nulidade de todo o processo, visto que a nulidade da petição inicial
gera a inexistência de uma ação), nos casos de cumulação simples (I) e cumulação
subsidiária própria (III).
É uma exceção dilatória de conhecimento oficioso, nos termos do Artigo 578.º, CPC.
Análise de preceitos legais relevantes:
Artigo 555.º, CPC – <Cumulação de pedidos=:
<1 - Pode o autor deduzir cumulativamente contra o mesmo réu, num só processo,
vários pedidos que sejam compatíveis, se não se verificarem as circunstâncias que
impedem a coligação.=
A compatibilidade de que se fala no artigo 555.º, n.º 1, CPC, é que resulta da ausência de
incompatibilidade entre pedidos e causas de pedir (=objetos processuais) e pode encontrar-
se, apesar da sua localização sistemática ser, de acordo com PAULA COSTA E SILVA,
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meio esdrúxula, no artigo 186.º, CPC (=ineptidão da petição inicial) que determina a
nulidade de todo o processo por via de uma exceção dilatória.
Art. 577.º, al. b) + Art. 555.º + Art. 37.º + Art. 186.º, CPC: CABULAR.
!! Atenção !!: A lei não diz que, para que haja compatibilidade, se têm de verificar as
circunstâncias que impedem a coligação (Art. 36.º, CPC), diz sim: desde que se verifiquem
os requisitos de admissibilidade da coligação (Art.37.º)! (Este é um erro muito comum nas
provas escritas).
O artigo 36.º, CPC já fala da coligação, e fala ainda de requisitos que lhe são próprios
devido à sua elevada complexidade, porque verificamos que na coligação existe uma
pluralidade de partes (vários autores contra vários réus, vários réus contra um autor, um
autor contra vários réus). Há, na coligação, uma complexidade objetiva à qual se acresce
uma complexidade subjetiva.
Não se aplica, neste caso, o artigo 36.º, CPC, porque este tem requisitos próprios para a
realização!!! O Artigo 555.º, CPC não diz que há, como obstáculo à cumulação subsidiária
própria (III), que pede vários efeitos em simultâneo, a existência entre conexão de objetos
processuais, mas se olharmos para o artigo 36.º, que mais uma vez: não se aplica!!, este
vem permitir a coligação quando há certas relações entre os objetos processuais: é
permitida de autores contra vários réus, por pedidos diferentes (=há litisconsórcio, e não
coligação), quando a causa de pedir seja a mesma (=causa de pedir única), porque os factos
essenciais – artigo 5.º, CPC – são basicamente os mesmos; ou quando os pedidos, entre si,
numa relação de reciprocidade ou dependência. O Artigo 555.º, CPC, não fala disto, por
isso ter cuidado com a aplicação dos artigos, e não confundir a ligação com o Artigo 37.º,
CPC, com o Artigo 36.º
Pode o autor juntar tudo isto? – A doutrina diverge:
1. PCS: Pode, porque os requisitos de admissibilidade vedam o exercício do direito de
ação, são aqueles que permitem que existam; o artigo 20.º, CRP obriga a passar
pelo crivo do artigo 18.º Ainda que assegurados os pressupostos processuais, se o
Tribunal entender que há um enorme retardamento (=inconveniência no julgamento
conjunto da ação), pode mandar o autor escolher que pedido quer ver julgado, mas
isto é uma exceção, e numa uma regra! Portanto, é o regime do artigo 37.º que dita
os seus limites, porque é necessário que o Tribunal fundamente a impossibilidade
de decidir, ao abrigo do princípio do dispositivo.
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O artigo 555.º, CPC não impõe a conexão entre objetos processuais, mais isto não
significa congelar as outras regras do sistema!
2. MTS: Tem de haver uma conexão de sentido que se constrói, tendo uma posição
distinta para cada. A lei determina, ao abrigo do princípio do dispositivo, que é o
autor que diz ao Tribunal que interesse quer ver tutelado, e de que forma quer essa
tutela.
A incompatibilidade substantiva (=entre pedidos) não impede que os pedidos sejam
deduzidos porque o autor não quer tudo ao mesmo tempo: o autor faz um pedido e,
caso este improceda, tem um pedido de retaguarda. Por isso, nos casos de
cumulação subsidiária própria não são aplicáveis os artigos 586.º e 587.º, CPC.
<2 - Nos processos de divórcio ou de separação sem consentimento do outro cônjuge
é admissível a dedução de pedido tendente à fixação do direito a alimentos.=
Aula 04.03.2022
Perguntas iniciais:
1. Quando há uma coligação com vários autores, e não existe conexão entre os
objetos, e se pede aos autores que escolham há necessidade de haver consenso
sobre o objeto escolhido?
Sim! A escolha tem de ser feita por consenso, sob pena de violação do princípio do
dispositivo em relação a um, ou vários, autores.
Nova forma de cumulação objetiva:
Esta forma de cumulação é agora provocada pelo réu, e não pelo autor o que significa que
há subjacente uma cumulação objetiva sucessiva com pressupostos processuais
específicos.
O primeiro problema que esta cumulação suscita é, de acordo com o que vimos no 1.º
semestre, com o princípio da estabilidade da instância:
Este aspeto é crucial porque marca o tipo de sistema que o Direito Processual Civil
português tem quanto à rigidez ou flexibilidade objetiva.
O princípio da estabilidade da instância diz-nos que, depois da citação do réu (Artigo
563.º, CPC), qualquer alteração que o autor faça provoca uma obrigação de contraditório,
devendo a instância deve manter-se a mesma, quer quanto às partes, quer quanto ao objeto.
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Existem dois (2) tipos de alterações subjetivas admitidas por lei como exceções ao
princípio da estabilidade da instância:
a) Habilitação ou transmissão da coisa ou direito em litígio - era possível que o
transmissário de habilitasse, o que provoca uma alteração das partes na ação.
b) Sanação da ilegitimidade por litisconsórcio necessário.
Se conseguir suprir a falta de um pressuposto, não tenho imediatamente uma
solução formal (=absolvição da instância), permitindo que ainda que não
verificados os pressupostos, se possível, sejam possíveis decisões de mérito,
admitindo a sanação. Podemos concluir que está aqui uma concretização do
princípio da prevalência da substância em detrimento da forma, assim como do
aproveitamento dos atos jurídicos.
Na habilitação, aquele que surge na ação depois do início da mesma admite tudo o
que o outro litisconsorte (que já estava na ação) praticou, não permitindo que o que
se juntou destrua os efeitos já produzidos.
Estas modificações subjetivas supra eram admissíveis porquanto não implicavam uma
inutilização de atos processuais: A parte que se habilitava tinha de continuar o processo no
ponto em que se encontrava, não se inutiliza tudo o que foi praticada até então no processo
até por aplicação do princípio do aproveitamento máximo dos negócios/atos
processuais/jurídicos: se consigo suprir o problema sem perturbar o processo, vou fazê-lo,
porque assim também evito a inutilização do mesmo, e o proferimento de uma decisão
meramente formal.
Reconvenção (=Pedido Reconvencional):
Traduz um pedido autónomo, desta vez formulado pelo réu, e contra o autor (da PI) - o
réu não se limita a dizer que quer ser absolvido (instância ou pedido), diz mais, p.e, diz que
se for condenado a entregar a casa, quer que o autor seja condenado a pagar todas as
benfeitorias realizadas na casa que deve entregar. Além da eventual defesa do pedido que
tenha quanto à entrega da casa, então pede a condenação do autor em x se o réu for
condenado.
Deduz um pedido autónomo, o que resulta obviamente um objeto autónomo, porque os
pedidos do reu não se confundem com os do autor. Tipicamente, mas não
obrigatoriamente, tenho também novos factos para instruir, e é racional que assim seja
porque se o reu deduz um pedido contra o autor, que é diferente do que o autor deduziu,
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então as causas de pedir deverão ser logicamente distinta, os factos essenciais que tem de
ser demonstrados são diferentes.
Tipicamente a complexidade é muito grande porque para alem de um novo pedido, existe
uma nova causa de pedir.
Quando vimos a matéria das exceções, e a professora explicou porque é que a exceção não
é tratada, pelo sistema, como objeto autónomo, que requeira condições de admissibilidade
(=pressupostos). A exceção também tem causa de pedir (Art. 5/1, CPC), então porque é
que a lei não trata a exceção como objeto de autónomo? Porque o reu tinha de o fazer na
contestação, se não o fizesse precludia.
Se impuser requisitos de admissibilidade à exceção violarei o direito de defesa do reu
porque não pode deduzir a exceção por falta de pressupostos, mas se a situação material
resulta daquela exceção nunca poderá ser invocada.
Não é porque a exceção seja mais ou menos complexa que a reconvenção, não tem a ver,
mas é o princípio da preclusão que justifica a possibilidade de interpor requisitos de
admissibilidade à exceção, o que não acontece com a reconvenção.
o PEDIDO autónomo que o reu deduz contra o autor não fica prejudicado se não for
formulado naquela concreta ação. A situação de Direito material, que é sempre o nosso
ponto de referência, de que o reu se pode prevalecer contra o autor, não caduca e, por isso,
já posso impor requisitos de admissibilidade à reconvenção.
Há casos de reconvenção obrigatória, MAS SAO ABSOLUTAMENTE EXCECIONAIS.
Quais serão os requisitos de admissibilidade da reconvenção? Aqueles que encontramos
nas diferentes modalidades da cumulação (enquanto cumulação objetiva; mas, para além
disso, tem de cumprir os requisitos de admissibilidade que se impõe ao autor (tem de ser
determinado e não pode recair sobre obrigações inexigíveis)
Porque o réu junta um objeto ao configurado previamente pelo autor, há
pressupostos processuais específicos para a cumulação objetiva sucessiva:
1. Conexão entre os objetos;
2. Competência interna e absoluta do Tribunal;
3. Compatibilidade subjetiva (das formas do processo);
Dentro da competência interna não são tangíveis nem a competência em razão da matéria,
nem a hierárquica, nem tão pouco a competência internacional. O pressuposto da
competência é intuitivo, como sucede na cumulação originária: o tribunal tem de ser
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São factos quer da causa de pedir do réu, quer do autor, e são factos constitutivos. Quem
tem então de os provar? Lá chegaremos. Caso: se for condenado a entregar, quero que o
autor seja condenado a pagar as benfeitorias.
Distribuição de risco e caso julgado para garantir que não há contaminações porque o juiz
é um só; se tiver as pretensões dispersas por vários processos posso diminuir o impacto das
decisões uniformemente contra mim. E qual é o risco contrário? Incongruência entre casos
julgado que não consigo superar!
Caso de pensão de alimentos, em que posteriormente alguém recusa a paternidade. Estas
duas decisões podem ser incongruentes, mas na primeira não é decidido por força do caso
julgado que não é pai, mas é um pressuposto da obrigação imposta de prestar alimentos.
Esse pressuposto que depois não é alcançado por força do caso julgado acaba por ser
destruído posteriormente (há uma tese de agregação de um prof italiano sobre isto).
Que incongruências é que depois não quero ultrapassar? Isto também de ser avaliado
quando se escolhe juntar, ou separar, as ações por diversos processos.
Há uma regra relativamente às decisões como esta dos alimentos, que diz que as decisões
são sempre instáveis, nomeadamente do ponto de vista económico-financeiro. Mas a causa
de instabilidade não tem a ver com ser ou não ser parente/progenitor, é por causa das
condições económicas que, flutuando, implicam que tenha de prestar, ou que não tenha que
prestar.
Ele não tinha a obrigação de o alegar no primeiro processo? Não estará a litigar contra os
parâmetros da boa-fé? Tese de Passo Cabral que fala de círculos de estabilidade que são
estabelecidos não só dentro de um processo, mas de forma irradiante entre formas de
processo. Nesse caso, quando o pai ao alega e vem depois alegar, viola o princípio da boa-
fé processual que está nos Códigos, e este regime é diferente no Direito brasileiro. Para as
situações jurídicas processuais da parte podemos aplicar todas as situações de má-fé,
incluindo a suppressio.
PCS: é uma solução que nos leva longe de mais, o nosso sistema não permite tal
ponderação. Considerando a saída possível não a boa-fé, que é a defendida por Marco
Ogrario (?), sendo que não era impedida a decisão do segundo processo, porque no
primeiro processo poderia ter discutido esse problema, e podia tê-lo discutido conseguindo
que o tribunal proferisse uma decisão com força de caso julgado sobre essa matéria, mas
não o fez; a primeira decisão não prejudica o conhecimento dessa matéria.
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A maior dificuldade é dizermos que vamos destruir a primeira decisão: analogia entre as
razoes que permite ma revogação por ausência dos pressupostos de necessidade de prestar
os alimentos e dizer que o pressuposto base é ser pai, e agora temos uma decisão com força
de caso julgado, que ditam que não está preenchido.
Art. 266.º, CPC: pressuposto processual da conexão objetiva
<PEDIDOS= = o pedido formulado pelo réu contra o autor não tem de ser um, pode fazer
até cumulação, nesses casos temos ainda de ver os requisitos de admissibilidade da
cumulação feita pelo próprio réu.
Quando é que há conexão? Quando há um mesmo facto jurídico que sirva de fundamento
(eficácia máxima no sentido de não perturbação do julgamento da causa); os factos a
instruir são os mesmos. E quem tem o ónus da prova desses factos?
"Compensação" (Art. 236.º, CC) = há uma causa de extinção para alem do cumprimento,
posso aplicar que regras do cumprimento? Admite-se uma pluralidade de deveres de
prestação.
Ver: Regime da Compensação.
Aula 07.03.2022
Homenagem ao professor Oliveira Ascensão, por ocasião do seu falecimento.
Duas obras de Direitos reais - prof Oliveira Ascensão (são muito bons: algo do género
Situações jurídicas reais e ...)
Bioética, inteligência artificial e direito dos valores mobiliários.
Aula 11.03.02202
A compensação:
Nos termos do CCivil a compensação é uma forma de extinção das obrigações para além
do cumprimento, o que significa que é um efeito distintivo do direito material, por isso
apresenta-se como extinção perentória extintiva porque ele resulta o direito de que o autor
se arroga contra o réu.
A compensação tem uma particularidade: o direito substantivo não impede que o crédito
que se visa compensar seja superior ao crédito que foi primariamente exercido, o que
significa que possa acontecer que haja um excesso do pedido condenatório face o réu.
Deve a compensação ser distinguida quanto à eficácia processual sendo numas vezes (?)
extintiva, e noutras reconvencional (quanto ao excesso) - questão muito debatida na
doutrina portuguesa
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Tudo depende das relações entre objetos processuais; a conexão objetiva não significa
procedência simultânea necessária do pedido do autor e do reu, o que significa que a
reconvenção só é atingida na sua procedibilidade se, porventura, não for autónoma, porque
se for relativamente ao pedido do autor, então a circunstância desse não pode ser julgado,
porque não coincide que com a que o réu quer que seja conhecida e julgada.
Impõe-se uma interpretação casuística destas questões: há que avaliar, no caso concreto, a
relação de sentidos entre os pedidos; e, com isso, ditar a sorte da reconvenção.
Relativamente à Reconvenção há que ter em conta:
1. Não há requisitos de admissibilidade para a dedução de exceções pelo reu, mas
aos pedidos reconvencionais sim.
i) E entre esses requisitos de admissibilidade chegamos à competência absoluta.
Artigo 93.º, CPC - (n. º1) os três fatores de competência são fatores de
competência absoluta, desde que o tribunal o tenha passamos à frente da
relativa; passamos ao tribunal competente para conhecer do pedido
reconvencional.
Há um pequeno detalhe relativamente à matéria das exceções - art. 91.º, CPC -
que abre a extensão de competência, o que significa que estas regras,
nomeadamente do ar. 93, CPC, são regras de extensão de competência do
tribunal da ação para conhecer de outras coisas para alem daquelas que
originariamente estavam configuradas como sendo absorvidas na sua
competência.
Na reconvenção o Tribunal da ação estende a sua competência no que respeita
aos fatores de competência relativa.
Nas exceções, e por causa do princípio da preclusão, o Tribunal da ação estende
a competência a toda a matéria da exceção quer fosse ou não originariamente
competente para conhecer da exceção deduzida pelo reu (princípio da
preclusão), mas o Artigo 91.º, CPC tem aqui uma barreira muito relevante,
Quando dissermos, aqui, na penúltima e ultima aulas, que a reconvenção
implicava a dedução de um pedido autónomo do reu contra o autor, significa
que o reu não se limita a requerer a absolvição da instancia ou do pedido, mas
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pede que contra ao autor seja proferida uma decisão com um comando
qualquer, o que pode depois significar absolvição do pedido, mas isso não
significa que se limite a pedir isso, tem de pedir mais que isso.
Quando pede a sua absolvição do pedido, com fundamento numa exceção
perentória, a única coisa sobre a qual se forma caso julgado relativamente à
decisão proferida pelo tribunal é aquilo sobre o qual o autor pediu; o efeito de
caso julgado só se projeta sobre um pedaço da decisão, sobre o dispositivo da
decisão.
O que significa que se o reu tiver deduzido uma reconvenção contra o autor, o
tribunal terá de o conhecer e proferir uma decisão, deduzindo uma exceção
perentória limita-se a pedir que o Tribunal o absolva do pedido, mas
suponhamos que ele diz: quero que o tribunal me absolva do pedido porque o
contrato é inválido; o tribunal vai ter de conhecer da exceção, por isso vai ter de
julgar se o contrato e ou não valido. mas como a exceção não constitui um
objeto autónomo, a decisão que o Tribunal profira, ou conhecimento que faça
da validade e/ou invalidade do contrato, não fica coberta pelo caso julgado,
podendo ser reapreciada noutro processo qualquer, podendo de novo ser
submetida ao tribunal porque este último só fica impedido quando sobre essa
foi proferida decisão com força de caso julgado.
Como a exceção que o reu configura não é objeto autónomo, a contrapartida de
não ter razões de admissibilidade (conexão objetiva, competência absoluta para
julgar do pedido ...) tem como contrapartida a inexistência de força de caso
julgado.
2. O autor com base nos factos que deduziu é que não pode pedir outra coisa, houve
uma eficácia radiante porque determinou a absolvição ou condenação no pedido, e
com base nos factos e pedido que o autor deduziu não podem ser reapreciados
(devido ao caso julgado).
MARCO OGRARIO (Impugnação da paternidade e alimentos): como é que o Direito
português permitia que não houvesse a colisão entre decisões na ordem jurídica, permita
através da dedução, pelo réu, de um pedido de conhecimento da matéria de exceção, com
força de caso julgado.
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3. O reu pede ao tribunal que não se limite a apreciar a exceção, pede mais que isso!
diz: quero ser absolvido do pedido com fundamento na invalidade do contrato, mas
quero mais, quero que o tribunal declare o contrato como inválido, na sua decisão.
A decisão terá dois trechos do dispositivos: 1) o reu vai ser absolvido; 2) o contrato
é invalido.
A questão da validade do contrato atingiria um estatuto de imutabilidade.
Qual é a contrapartida? Artigo 91.º, CPC, se estendo a competência do Tribunal
para o conhecimento das exceções tanto absolutas como relativas, não posso
estendê-la para o proferimento de uma decisão para o qual é absolutamente
incompetente, logo o reu só tem sucesso no seu pedido de declaração incidental, ao
abrigo do Artigo 91.º, CPC, se Tribunal for competente para proferir aquela
decisão, em termos absolutos.
Muitas das inconsistências que se podem criar entre decisões, resolvem-se no nosso
sistema jurídico através do regime previsto no artigo 91.º, CPC: declaração
incidental sobre a matéria do reu sobre a sua própria defesa. Neste caso, a decisão é
imutável!!!!! Foi configurado num objeto autónomo da decisão.
O objeto de apreciação do Tribunal é o mesmo, mas a posição da contraparte não é
a mesma; se o autor sabe que eventualmente pode rediscutir a validade do contrato
não intensifica o contraditório como intensificará se souber que nunca mais poderá
discutir tal matéria, porque ela transitará em julgado.
O Artigo 91.º, CPC traz uma tutela do autor no que respeita à eficácia preclusiva do
caso julgado: sabe que não pode defenderes palidamente da exceção invocada pelo
reu, a matéria fica petreamente indiscutível a partir do momento em que se fundou
o caso julgado.
O caso julgado é feito de decisões, não é a exceção que é atingida pelo caso
julgado, é a decisão que se pronuncia sobre a exceção!!!!!!
São raríssimos os casos em que há declaração incidental sobre o artigo 91.º, CPC!:
1. Tem de pelo menos perguntar-se, se tendo em conta os factos articulados, se
devia ou não ter pedido a decisão incidental.
Pode haver incongruência por não requerimento da declaração incidental.
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Também são sempre admissíveis as alterações provocadas pelo autor sobre o objeto
do processo se resultarem do que o réu disse ou do que tinha originalmente dito.
Era algo que podia já estar configurado antes e que não provoca disrupção com o que foi
configurado. Exemplo: sansão pecuniária compulsória, o autor não provoca disrupção no
objeto configurado, mas sim tira uma consequência do que pediu inicialmente e do que foi
a atitude ou intervenção do próprio reu, provocando um desenvolvimento face o seu
pedido originário.
O que faz é uma ampliação daquilo que fora a sua posição originária ou constrói um
novo objeto processual?
Desempata-se esta questão interpretando a PI e requalificando tudo aquilo que lá estava e
que agora está através de uma apreciação casuística (caso a caso, norma a norma).
O autor tem o ónus de alegação e de prova de que aquilo que é um desenvolvimento dos
factos que alegou na petição inicial.
Agora a pergunta é: este objeto, tenha ele a configuração que tiver, como é que vai
ser conhecido?
Aqui a professora regressou ao artigo 91.º, CPC, analisado na aula anterior: já vimos que
os efeitos de uma decisão estão umbilicalmente implicados na dimensão do contraditório,
logo numa das primeiras aulas no primeiro semestre foi-nos dito que aceitamos que uma
decisão nunca mais se discuta, quando chegamos à conclusão de que há uma melhor
solução, mudamos a lei, e porque aceitamos a estabilidade absoluta das decisões? há uma
válvula de escape na estabilidade absoluta, mas a maioria dos casos constituem a "injustiça
intolerável"
Nos casos em que se admite, é porque o Tribunal exerce uma função secundaria, não
queria o caso, mas ele foi-lhe imposto e isso implica o enunciar de uma situação para
factos pretéritos, todos os elementos relevantes para a solução do caso já ocorreram
quando o Tribunal se pronuncia;
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Para que assim se faça, é necessário tempo. Há uma política muito comum que diz
que a justiça é muito lenta. Sempre que acontece alguma coisa, o tempo seria hoje,
mas isto não é possível porque o processo é um ato complexo, em que é necessário
dar o contraditório, dar direito à prova, etc. o processo é sempre tempo, e nunca um
ato que se esgota num momento só.
Contraditório exauriente e a estabilidade que deste decorre.
Como conheço os objetos em situação de urgência?
Só há uma forma: comprimir o tempo do procedimento. O que só se consegue de
uma maneira comprimindo o contraditório, quer na possibilidade de praticar atos de
postulação, quer na possibilidade de produzir provas.
Caso exemplificativo: Nos casos muito céleres, as fotografias vão ser divulgadas
amanhã no jornal, se tiver de percorrer todas as etapas típicas do processo, as
fotografias estariam publicadas até chegarmos a uma eventual decisão, o que
significa que tenho de encontrar modelos de resposta que não se compadecem com
os tempos normas de um processo demorado para que haja salvaguarda, na mesma,
do contraditório.
Há algumas variações, mas, no nosso sistema, a tutela da urgência é qualificada de
"tutela cautelar" as in procedimentos cautelares.
O Procedimento Cautelar – Providências Cautelares e a tutela urgente:
O que faço través da tutela cautelar? Antecipo resultados da decisão final? O que vou
discutir com a revista no processo? Se é ilícita ou licita a publicação das imagens.
A tutela cautelar visa antecipar os efeitos da decisão que deverá ser proferida no
processo com o contraditório exauriente. A tutela cautelar ainda tem uma outra
finalidade:
Quando o devedor não cumpre, e ainda dentro da matéria de cumprimento, o credor
tem uma tutela máxima que é a ação de reivindicação; mas o devedor pode não se
conformar à decisão de cumprimento, o réu pode não se conformar.
O que é que o autor potencial, credor, quererá fazer? A garantia geral das obrigações
é o património do devedor (Art. 601.º, CC), se destratar sobre todo o seu património,
bem podem condenar, mas não há garantia patrimonial que satisfaça o interesse do
credor. O credor pode requerer uma providência que torne inoponíveis, no seu
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confronto, atos de alienação que o devedor pratique sobre o seu património. Caso
BERARDO, p.e.
A tutela cautelar serve para segregar bens dentro do património do devedor que
permitam a ulterior satisfação dos créditos do credor.
Nestes casos, a tutela cautelar tem uma função de garantia, é evidente que se discutiu
alguma coisa relativamente ao crédito do processo cautelar, mas a sua finalidade é
apreender coisas garantindo a eficácia de uma futura sentença e de um futura
decisão.
A tutela cautelar é atípica, para dizer desde já, o direito de ação é um polvo, não há
tipicidade das configurações, as pessoas pedem o que quiserem. A tutela cautelar é
polimórfica, tendo de se adaptar.
A suspensão de eficácia de atos é também muito importante na tutela cautelar: há
um órgão colegial que delibera num determinado sentido, e há um membro do
colégio que entende que a decisão é absolutamente ilegal, vai pretender que a
deliberação não possa ser executada, perdendo a suspensão de eficácia desta decisão.
Depois há uma figura/um poder que apenas o Estado tem, na tutela do interesse
público, só podendo atuar para promoção total do mesmo, e pode impedir a
suspensão de eficácia demonstrando que o interesse publico não e compatibilidade
com a suspensão de eficácia dos atos. E depois ainda há uma outra função muito
importante: determinação do estado dos lugares (?) imaginem que no contencioso de
uma farmácia aparece, de quem são as quotas de quem explora uma farmácia, e em
que proporção? Se parar a farmácia à espera que se resolva, quando terminarmos a
farmácia já faliu, mas é preciso estabilizar a situação no momento do intentar da ação
e por isso faço um levantamento de todos os bens que integram a farmácia, isto é,
através de uma providencia estabilizo e apuro o estado naquele mesmo momento.
Exemplo: uma conta bancária com dois titulares, um deles morre, até ser comunicado
o outro titular tem legitimidade para usar a conta, a partir da certidão do óbito pode
pedir-se a fatura da conta, e por isso se o outro titular fez destrato da conta pode até
ser criminalmente responsável.
Posso pedir apreensão dos documentos, etc. Depende da concreta situação de
urgência.
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A tutela cautelar tem assento constitucional no artigo 20.º, n.º 5, CRP: Tem que
haver formas de reagir em situação de violação iminente, ou que pode ainda retirar-
se, impeditivas dessa mesma violação.
Tipicamente a tutela cautelar precede o próprio ilícito.
Esta tutela cautelar, para poder ser útil, não permite o contraditório exauriente, não
há tempo para ele, e se não há tempo, há imediatamente uma consequência: o erro da
decisão é um fator que temos de integrar como mais provável do que consideramos
em decisões com contraditório exauriente.
Isto traduz-se na possibilidade de revogação da providencia cautelar através do juízo
feito com o contraditório exauriente porque o juiz que julga este contraditório tem
muito mais elementos do que o que julga com urgência. mas isto não quer dizer que
a decisão cautelar é ilegal, mas sim que no momento havia menos elementos do que
desejável, e por isso tem inerente o erro.
Tudo isto se compensa através de duas grandes clausulas gerais:
1. Uma que respeita ao decretamento (?) - as providencias cautelares requerem-se
para que o juiz decrete a providencia cautelar, tem de haver probabilidade séria
quanto ao Direito em que o requerente a providencia funda a procedibilidade da
própria providência, tem de haver periculum in mora e funus bónus iuris.
Como é que estão se distingue do juízo da tutela cautelar, e o juízo feito nas
decisões principais (=judiciais)?
1. A probabilidade séria é contraposta à certeza, não há um barómetro na cabeça do
juiz, por isso este conceito tem de ser concretizado e aqui sim, quando
analisamos a providencia decretada, antes disso o juiz pergunta-se: a história que
me contar, e a que fizeram prova, é muito mais provável do que qualquer outra?
(probabilidade séria)
Nas ações principais: perante os factos que tenho, esta é a única história possível.
(Juízo de certeza)
Isto na prática é, às vezes, caótico, mas não podemos aligeirar esta distinção entre
probabilidade séria e certeza.
O juiz só decreta uma providência cautelar quando da sua ponderação resultar
uma probabilidade séria.
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chegar mais longe, o juiz profere uma decisão que ai sim atinge o patamar da
estabilidade.
A matéria da inversão do contencioso está relacionada com as providências
cautelares e a sua possibilidade de (inst)estabibilidade.
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Pensem que se a lei fala, a propósito destes casos, numa inversão do contencioso o
que significa que há casos em que esta inversão não acontece, os casos gerais são
aqueles em que a inversão Não acontece.
Que configuração têm então esses casos gerais? A configuração normal no que
respeita à interação entre a providencia cautelar e uma ação principal em que na ação
principal se vai conhecer do tal direito acautelado em termos exaurientes.
Esta ligação típica entre providencia resultado provisório e uma ulterior ação
principal é o que e conhecido como instrumentalidade da providência cautelar.
A providencia cautelar é instrumental, tendo sido essa relação de instrumentalidade
sido estabelecida com a ação principal; visa o proferimento da decisão que é
proferida num contexto de urgência, num procedimento o que é, por natureza,
sumário, mas porque o é e porque tipicamente esse procedimento leva a q o juiz
decrete a medida mal haja probabilidade seria da existência do direito, a providencia
é provisoria e só manterá os seus efeitos quando na ação principal se discutir essa
probabilidade em termos exaurientes.
Nesta estrutura de instrumentalidade o requerimento da providencia coincide com
toda a ação principal. Foi aquele que requereu a providência que tem de instaurar a
subsequente ação principal sob pena de a providencia não produzir os seus efeitos.
O que é que ocorre nos casos de inversão do contencioso?
O requerente da providencia requere-a como providencia cautelar, sempre num
contexto de urgência.
O juiz profere uma decisão que não é provisório, mas antes uma decisão estável
Uma decisão cautelar passa a ser estável porque vai ter de reagir sobre a decisão
d3cretada sobre a providencia cautelar, requerendo-se uma providencia cautelar. a
ação subsequente não vai servir para confirmar a providência, mas antes destruir a
decisão proferida na providencia cautelar.
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Para alem de que o argumento esquece um outro problema: a inversão não visa
apenas ir ao encontro de interesses do requerente da providencia, é um meio potente
para aliviar a pressão sobre o sistema de justiça porque o tribunal não se vê
confrontado com um procedimento e um processo para o caso das antecipatórias
chegar ao mm resultado, sendo um instável e outro definitivo.
Há interesses na própria administração da Justiça que fundam a racionalidade desta
decisão: o que nos permite tomar posição critica relativamente ao trecho inicial da
regra (="mediante requerimento"). Esta visão alem de forma é deste mesmo instituto
que ignora um vetor muito importante: a administração da justiça e racional
aplicação dos meios de justiça.
O que deveria ter feito? PCS: permitido que houvesse requerimento da parte, mas
não excluir que o juiz oficiosamente princípio do contraditório o permitisse. será o
juiz, neste caso, q vai identificar a possibilidade de criar uma decisão que é instável.
Deve haver impulso do Tribunal para que haja uma decisão estável!
As providencias cautelares são instrumentais de uma ação principal, o que significa
que, não sendo instaurada a ação principal, as providencias decretadas caducam!
Nos termos do art. 371.º, CPC há um prazo que tem de ser respeitado para que seja
proposta a ação principal, exceto nos casos de inversão do contencioso em que não
há ação principal.
Princípio da instrumentalidade é outra consequência se ação principal demonstrar
que o direito acautelado afinal não foi julgado da forma correta, sendo proferida uma
decisão definitiva distinta.
Dois efeitos: caducidade se não proposta ação final; caducidade se o direito não for
exercido.
A instrumentalidade da providência ainda se traduz numa outra coisa: nós falamos, e
vamos depois ver isto aprofundadamente quando ao valor extraprocessual da prova,
mas este é um problema geral: a instrumentalidade da providencia, já viram que
determina que ela seja julgada através de um procedimento sumário.
Qual é a pergunta que se pode colocar: que resultados provisório obtidos na
providência e o julgamento da própria providência podem ter influência no
julgamento da ação principal? a resposta é negativa, não posso retirar efeitos de uma
para as decisões proferidas na ação principal, ainda que, objetivamente, do ponto de
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vista do objeto que se discute se discutam as mesmas coisas não posso retirar
consequências de umas ações para outras. Não posso retirar efeitos de decisões
obtidos num procedimento c menos garantias para um que tem mais, mas posso faze
lo ao contrário.
A instrumentalidade da providencia também se traduz neste não retirar de
consequências do julgamento da providencia para o julgamento da ação principal.
Art. 364.º, CPC
Há um aspeto muito importante relacionado com o contraditório do requerido
Por vezes faz-se uma leitura apressada do artigo 3.º, n.º 1, CPC e faz decorrer que
nas providências cautelares pode não haver contraditório.
Como é evidente isto NUNCA poderia ser porque a providência cautelar está
prevista no artigo 20.º, n.º 5, CRP e logo o 20.º, n.º 4 fala sobre os princípios do
processo equitativo onde se enquadra o contraditório.
A providencia não pode ser ma estrutura autónoma que não acautela as garantias
processuais.
Porque é que se diz então que pode não haver contraditório? Porque há casos que são
a exceção e não a regra em que a providencia pode e deve ser decretada antes de
ouvido o requerido, o que quer dizer que não há contraditório prévio, sendo que
ponto fixo para o prévio é o decretamento da providencia.
Estão situações são a exceção; a regra no âmbito da tutela cautelar é que o
contraditório seja possível depois de decretada a providência.
E que casos são esses? Duas grandes categorias:
1. Aqueles em que a urgência da providência é tao extrema que não haja tempo para
ouvir o requerido antes do seu decretamento; e
2. Aqueles em que a audição do requerido antes do proferimento da decisão a
colocaria em causa.
Exemplo da revista e da publicação das fotografias, a decisão não sairia a tempo se
fossem cumpridas todas as garantias.
Se já tenho um procedimento urgente, integro um risco maior de erro na decisão,
nestes casos de dispensa de contraditório prévio, porque o juiz só ouviu uma das
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partes o que significa que procedibilidade da decisão é maior do que nos casos de
providencia cautelar em referência à ação principal.
Aceitamos que seja tipicamente estável devido ao contraditório exauriente,
chegando a providencia cautelar, os prazos são mais curtos, por isso a possibilidade
de errar ainda e maior porque não houve lugar ao contraditório exercido pelo
tribunal.
Abaixo a bitola de culpa do requerimento da providencia caso esta venha a ser
revogada ou venha a caducar.
Negligencia comum e responsabilidade civil extracontratual + litigância de má-fé
(??)
O contrapeso do requerido aumenta correlativamente do parte do requerente que
não pode desconhecer que o meio que usa é um meio particularmente perigoso, cria
um risco incrementado para as esferas jurídicas alheias.
Que deveres pré processuais e como foram eles cumpridos por parte do requerente
da providência de modo a evitar uma situação de prejuízo para a sua contraparte no
que respeita ao contraditório?
A nossa lei, como é comum, tem providencias típicas, tem um conjunto de
providências que, no fundo, foram aquelas que foram sendo consolidadas com o
passar dos séculos, e por isso são típicas; e que, devem ser percorridas no sentido
procedimental sempre que a situação concreta se lhe reconduza a responsabilidade
do requerente (Artigo 364.º, CPC) e a bitola da culpa tem de ser confrontada com a
regra da litigância de má-fé com dolo ou negligência grave.
O catálogo de providências cautelares típicas consta no Artigo 377.º e ss, CPC.
Uma regra importantíssima neste âmbito, que agora vamos fazer a ligação com a
inversão do contencioso, é a do Artigo 376.º, n.º 3, CPC.
E o que norteia esta situação de inversão do contencioso? A absoluta urgência
em que se encontra o requerente da providencia: o tribunal identificando essa
urgência e a existência provável de um direito, não vai indeferir a providencia e
nada fazer porque isso significaria a ruína do direito acautelado. o tribunal decreta a
providencia que perante o caso concreto melhor se adeque à tutela dos interesses do
requerente e esta regra é absolutamente excecional no nosso sistema.
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Artigo 376.º, n.º 3, CPCA: poder essencial/forte do tribunal que vai ao ponto de
suprir a incapacidade técnica da parte de requerer a melhor providencia para tutelar a
situação da parte.
Como é que surge o objeto do processo quando o reu não comparece? Quando o reu
nada faz?
Aula 17.03.2022
Revelia do réu:
Artigo 817.º, CC.
Melhor forma de projeção no dia a dia do que o direito está a tutelar.
Se não vai de encontro com a estrutura de interesses primários, não há aqui nenhum
dever (?) a ação seria completamente deslocada das finalidades e do interesse da
contraparte, assim como da justiça.
Para o Tribunal não é importante que o reu seja obrigado a contestar, que haja uma
ação de cumprimento para chegar a uma decisão. Nada justificaria que a situação
jurídica em que o réu se encontra fosse colocada como dever.
O que acontece quando o réu não contesta?
O ordenamento jurídico português diz que o réu não contesta se considera
confessados os factos alegados pelo autor (=consequência negativa para a conduta
omissiva do reu). Não tem o dever, mas tem o ónus do réu de contestar.
No recurso, p.e, a estrutura já não é esta; mas a situação jurídica do recorrido ("réu")
não é de modos, aí a ausência de contestação é inconsequente, tem direito a contra-
alegar, mas não tem o ónus de contra-alegar. Depois terá outras consequências, como
veremos.
O que caracteriza a situação de revelia? Não basta que o reu não tenha contestado,
para que esteja verificada a situação de revelia é preciso que não conteste, não tendo
sido citado; o reu tem de tomar conhecimento da propositura da ação contra ele para
que a sua conduta omissiva possa desencadear consequências.
1. Revelia Absoluta = Se o réu nada faz, nem contesta, nem p.e, constitui
mandatário, eu não tenho a certeza de que o réu tenha sido regularmente citado.
Agora vejam: falamos de alguma coisa que, não estando verificada, ataca uma
decisão mesmo depois do transito em julgado dessa decisão: A ausência de citação
atinge a decisão mesmo depois desse momento, o que significa que se o réu nada faz,
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muito inteligente, basta que aquilo que o autor alegou seja insuficiente para aquilo
que o autor pede. O réu nada precisa de fazer porque é o tribunal que tem de
controlar a (in)consistência daquilo que é alegado; também pode acontecer que os
factos articulados pelo autor permitam uma qualquer consequência, mas não a que o
autor extraiu, e o réu não é necessariamente condenado porque há insuficiência na
causa para justificar.
Por essa razão, no nosso sistema, a confissão tem efeito cominatório porque faz
corresponder à revelia a aquisição probatória dos factos acautelados pelo autor, o
efeito cominatório, é semipleno, ou pleno (=ausência de contestação leva à
condenação do pedido).
Quais são as consequências da revelia?
Para além da confissão dos factos, há uma que é imediatamente apreensiva: se todos
os factos se consideram provados, não tenho mais instrução que é a fase processual
que se destina a levar ao processo, e produzir, as provas para as quais o tribunal
ainda Não tem devidas certezas. O que significa que comprimo essa fase processual.
Antes da própria decisão, uma intervenção que deve ser conferida às partes que é a
possibilidade de demonstrar, uma e outra, que as respetivas posições têm ou não têm
sentido. Portanto, eu abrevio aquilo que são as fases instrução e produção de prova,
mas não abrevio o resto. Tenho direito a produzir as alegações (=último momento em
que os advogados se dirigem ao júri/tribunal, fazendo uma síntese da matéria de
facto e de direito).
Depois passa-se à fase da sentença.
Mas, nem sempre é assim: o que vimos até agora é o curso normal/mais simples dos
acontecimentos; a prof acabou de dizer que tem uma tarefa aliviada porque Não tem
de avaliar individualmente cada prova; o juiz não está demitido de fazer qualquer
juízo e há factos que não podem ser confessados pelo réu, ou seja, a prova que pode
recair não é a confissão.
O réu só pode confessar atos pessoais e não de terceiros. Sempre que assim é, o
efeito não pode ser a revelia, porque os factos não são deste. O que ocorre nestes
casos? Suponham que o nosso réu não contestou, o autor noa produziu mais
nenhuma prova sobre os fatos que tinha articulado na PI, o que é que o juiz tem de
dizer? Estes factos não se podem considerar confessados.
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Onde está tudo isto (Revelia, efeitos cominatórios, ...: Artigo 566.º, 567.º; 568.º, CPC
(exceções).
O abreviado processual surge também no Artigo 567.º, CPC (consequências da
revelia sobre o procedimento) mas há depois, nos casos em que é necessário fazer
prova, há ainda apesar da revelia consequências sobre o procedimento. Essas
consequências vamos poder encontrar no artigo 592.º, CPC.
Depois dos articulados o juiz vai, numa fase, ver o que interessa e o que não
interessa, oque falta, etc. E há uma fase relevantíssima nesta fase intercalar onde o
Tribunal dá indicação às partes sobre o que já considera provado, e aquilo que ainda
o tem de ser. Esta fase intermedia não existe em todas as formas do procedimento,
mas é essencial para que concentrem os seus esforços no que respeita ao
contraditório nos factos ainda por provar. Não vale a pena haver esforço probatório
para aquilo que o Tribunal não soube, mas sim dirigi-los para o que o tribunal ainda
quer saber, e sobre o qual o tribunal pergunta às partes determinando temas de prova:
Houve, ou não, incumprimento do contrato? O incumprimento foi, ou não, culposo?
O juiz pede-me a resposta a problemas jurídicos.
Esta distinção depois é muito relevante para a produção da prova que não recai sobre
temas, mas sim sobre factos; ao longo da instrução é preciso compreender uma tarefa
complexa, compreendendo que factos têm de ser provados, e através de que meios?
Outra coisa muito importante que o juiz faz é dizer os objetos em que pode já
decidir, e os que ainda não pode decidir (=que ainda estão em discussão). Todas as
decisões que poderão proferir, então o tribunal decidirá nesta fase.
Exemplo de escola: A instaura uma ação de indemnização contra B. B diz que não
está em causa que tenha tido a conduta, mas está em causa a existência de danos. Na
fase intermedia do processo o tribunal vai dizer que já não tem dúvidas, que há um
conjunto de pressupostos da responsabilidade civil que estão demonstrados, e que a
instrução irá recair na existência do dano. O juiz profere decisões intercalares, cada
vez mais comuns nos tribunais judiciários e arbitrais. Concentração do contraditório:
porque é que se vai discutir quando o Código diz que é essa e que a conduta é
contrária ao direito? A discussão já não é decisória.
Os efeitos da revelia são uma discussão das mais acesas no direito constitucional, e
tem-se considerado que os efeitos cominatórios plenos são inconstitucionais porque
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Prefere-se que haja sentenças e não acordos (em audiência previa) entre as partes,
porque o que importa são as estatísticas, e é mais fácil emitir sentenças do que fazer
audiências justas e completas que levam muito tempo.
AULA 25.03.2022
A INSTRUÇÃO E A PROVA
Impacto nas teorias do conhecimento.
A discussão vai travar-se, a partir de uma certa altura, nomeadamente na fase de
instrução e julgamento em torno da prova.
Esta matéria tem a sua relevância porque de nada importa a afirmação da existência
de um direito se não conseguirmos demonstrar os factos do qual resulta o seu direito.
Qual é a maior das enormes contingências que toda a matéria da prova comporta? O
processo desenrola-se em torno de uma história, mas a história não está dentro do
processo, é relatada a um juiz; os factos não estao no processo, são relatados e
consequentemente tudo se desenvolve em cima de uma história e o juiz tem de
decidir se a história contada é ou não boa. Mas é evidente que o juiz não vai poder
decidir com base nas suas convicções pessoais, antes consoante as provas que são
apresentadas no processo.
As provas apresentadas não são apenas aquelas que as partes submetem ao tribunal,
mas aquelas que o próprio tribunal manda que sejam produzidas.
A prova visa persuadir o decisor, mas o decisor não pode fundar a sua decisão nas
suas meras compreensões pessoais, vai ter de justificar racionalmente a razão pela
qual entende que um facto está, ou não, provado, consoante as provas que lhe foram
apresentadas.
No final diz por que razão entende que depois da prova x facto está provado, e y
facto não. Isto é uma tarefa de enorme complexidade porque o processo se justifica
pela existência e um conflito e se uma ação não é patológica encontramos
necessariamente versões e visões diferenciadas para uma mesma realidade, o que
significa que o decisor tem de verificar a prova, analisando-a, sendo alheio a se foi o
autor ou o réu a demonstrá-la é uma análise de conteúdo, e não pessoal.
O réu desmonta a prova produzida pelo autor, e por isso o juiz faz o exercício de,
perante a pluralidade de provas que lhe são submetidas, terá de justificar porque é
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que umas são melhores que outras, p.e, porque é que uma testemunha é melhor que
outra quando ambas disseram coisas antitéticas.
O problema subjacente é o facto de o juiz não se poder abstrair de decidir. Não pode
chegar ao fim alegando que tem uma dúvida inultrapassável. O juiz tem de proferir
uma decisão.
Tipicamente, e por muito racional que seja o juízo probatório que nos é dado por um
juiz, que nos diz qual foi a sua livre convicção, que é o que se lhe exige, aquilo que
se lhe pede é que responda quando tem a certeza. Era o tal patamar de prova que PCS
contrapunha às providencias cautelares, o facto de o juiz ter de atingir um grau de
certeza relativamente à verificação daquele facto.
O juiz não vivenciou a realidade, a realidade apresenta-se de acordo com a descrição
e não de acordo com aquilo que é ontologicamente. E depois temos toda a
falibilidade epistémica com que todos nós nos confrontamos. Pensem numa coisa:
qual foi o castigo dado a Adão e Eva porque comeram da arvore o paraíso? A
finitude: deixaram de ser imortais. Vejam como independentemente de qualquer
crença, o relato tem uma coisa muito interessante; a violação do comando leva à
finitude e a finitude traz-nos a incapacidade ontológica de lermos todos os livros da
biblioteca da faculdade de direito, p.e, e estes são uma pequena parte de todo o
conhecimento.
Os nossos limites de adquirir os conhecimentos são inerentes à nossa circunstância
humana e, consequentemente, quando profere estas decisões, temos de ter uma nossa
que é uma certeza SEMPRE condicionada pelos nossos limites porque não temos
uma infinitude que nos permita saber tudo sem qualquer limite.
Isto atrai-nos para o problema do processo e da verdade não serem compatíveis, não
têm nada a ver um com o outro; o processo não é uma instância da verdade. Quanto
muito podemos dizer que os relatos feitos no processo são relatos verdadeiros, as
historias contadas são historias que tal como contadas são verdadeiras, e aqui entra a
prova: porque se aceitarmos a teoria da verdade correspondência será verdadeiro o
relato sempre a prova demonstrar ma coincidência entre o relato e realidade
demonstrada, mas este juízo é um juízo condicionado, e condicionado desde logo à
discussão travada entre as partes e as provas que foram produzidas.
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Provavelmente, e temos sempre de admitir esta hipótese, que num outro processo
onde se discutam os mesmos factos, com outras provas produzidas, o mesmo juiz
teria chegado a um resultado diferente; e com as mesmas provas e factos, outro juiz
teria chegado provavelmente a um resultado diferente.
A apreensão da realidade é estruturante, porque como não estamos presentes só
existe essa ligação com a realidade.
Relevância de se ter uma noção muito musculada do que são as regras sobre a prova,
sobre a sua produção e sobre a sua valoração: esta parte do programa é
absolutamente fundamental/determinante!!!!
Nunca pode acontecer na emissão de um juízo probatório: o arbítrio, a ausência de
fundamentação. Sendo a sentença nula se não houver fundamentação da matéria de
facto; a lei não a deixa valer ou deixa-a valer de forma precária e por isso exige que
haja uma apreciação critica por parte do juiz quando emite juízos sobre a matéria de
facto, no nosso sistema jurídico, mas nem todos os sistemas funcionam assim.
Há casos em que a possibilidade do arbítrio em matéria de facto é absolutamente
determinante. É um sistema com fragilidades na construção do sistema probatório,
que é proferido por um júri.
VER 12 ANGRY MEN (1957): reflexão da matéria da prova.
O julgamento por júri implica que o juízo de culpado ou inocente se adquire por
métodos pouco racionais para uma sociedade democrática e evoluída como a que
vivemos. É um juízo irracional de tal forma ostensivo que e chega a um resultado
sem qualquer racionalidade possível.
Mas, em benefício do júri, e para que também não partam do pré-conceito na analise
do filme supra, tem um júri de 12 homens, e não é por acaso, são 12 as tribos (?) de
Israel (relacionado com o antigo testamento). São 12 pessoas devido a um astro
histórico na cultura ocidental que fundamenta isto.
Não teriam de fundamentar, estes 12 homens, a sua decisão. Poderiam chegar a uma
decisão unanime, mas não o fizeram.
Em benefício destes sistemas, apesar da critica de DAMASCA (????), temos de
pensar que, se 12 pessoas, que entre si não falam, chegam ao mesmo resultado,
provavelmente este será um bom resultado. É o único argumento positivo associado
a este sistema.
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Aula 28.03.2022
Instrução e prova:
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probatório que ainda que errado, seja definitivo, que é o que acontece quando não
posso recorrer no assento probatório, como continua a ser no juízo probatório.
Quando convocamos o problema na instância corrente resolvemo-lo através dos
instrumentos que temos ao nosso dispor. Há uma coisa diferente a dizer do que dizer
que não consta na decisão a realidade processual
Porque utilizamos este conceito uma vez que é metodologicamente está mal
utilizado (verdade processual)?
Porque o ser humano precisa de segurança, mas é difícil aceitar que uma coisa sendo
errada sendo definitiva, mas a vida é isso, aceitarmos o que acontece de bem e mal.
Mas a segurança e certeza antropológica leva-nos a querer alcançar soluções que nos
tranquilizem.
Caso do filme: se não estivesse alguém entre os 12 que dissesse que era inocente,
percebemos que o juízo probatório seria absolutamente errado, e sendo-o, não
obstante de ser um juízo probatório onde as provas foram refutadas, era evidente que
não se justificava a aplicação de pena de morte, mas ela teria sido aplicada porque
era "mandatory", não haveria outra hipótese no plano alternativo.
Quando fazemos algo errado a primeira tentativa é justificar a conduta ("mas, mas,
mas"). Estes fatores nunca se podem desintegrar de um sistema de justiça, da
necessidade de nos sentirmos seguros e confortáveis aos resultados que chegamos
leva-nos muitas vezes a manipular os conceitos; o que se pede a um jurista é que por
muto angustiante que seja a realidade, tenho de viver com a angústia e não com uma
falta certeza, e não devo permitir a manipulação dos conceitos.
O resultado a que chegamos é sempre precário, e temos de ter a humildade de aceitar
que o fizemos pode ser precário, não é possível fazer uma justiça eterna. As pessoas
têm de se reorganizar acima do conflito, e depois dele.
A contrapartida é a impossibilidade de vivermos com a angústia existencial, mas a
necessidade de continuarmos a viver sem nos agarrarmos a uma situação
problemática.
Uma coisa essencial: ouvir, ouvir, ouvir. Deixar fazer a catástase empaticamente,
mas antes de aconselhar a partida para o conflito, aconselhar a saída para a paz. É
mais fácil ver adiante quando há pacificação, do que com um conflito anterior.
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Mariana Rodrigues
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Há que acomodar o mal, sair com uma solução negociada, e não partir para a guerra,
pois isso é um péssimo princípio: nunca aconselhar a guerra, ouvir 20x e só depois
então tomar ponderadamente uma decisão
Por baixo de um litígio há sempre um conflito, e o tribunal só resolve o litígio, mas o
importante é pacificar o conflito. E o advogado tem de ponderar isto, porque o poder
do tribunal é muito limitado.
Se olharmos para o sistema jurídico encontramos a matéria da prova dispersa entre o
CC e o CPC: vamos encontrar um conjunto de regras estruturantes dentro do CC, e
depois um conjunto de regra relativas à produção da prova (=modos de produção) no
CPC. O que é que esta distinção é tão relevante?
Temos falado várias vezes da necessidade de distinguir dois planos (vimos isso
quando estudamos a competência internacional) uma coisa é eu perguntar:
1. Quais são as regras, qual o direito aplicável, à determinação da competência de um
Tribunal;
2. Completamente diferente é perguntar qual é o direito pelo qual um tribunal vai
resolver a causa?
Distinção entre:
1. Regras de conflito que regulam a competência.
2. Regras de materiais que regulam o litígio
Enquanto as regras que estão no CPC são regras às quais se aplica a lei do Tribunal,
o Tribunal aplica no julgamento da causa as suas próprias regras, as suas próprias
leis.
E outra pergunta é saber quais as regras materiais de direito probatório que são
relevantes na causa: são as do CC.
O que significa que o juiz pode, num processo que decorre em Portugal, aplicar
simultaneamente direito processual do seu CPC no que respeita à produção de
provas, mas direito material no que respeita às provas materialmente admissíveis
num concreto processo. Esta distinção formal é altamente consequente. As regras de
conflito que vou mobilizar para determinar que regras processuais e materiais se
aplicam, são completamente distintas.
GRANDE ALERTA: PRIMEIRO PROBLEMA DA MATÉRIA DA PROVA É A
SENSIBILIDADE, PRINCIPALMENTE QUANDO HÁ VÁRIAS ORDENS
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A Teoria da norma aplica-se na mesma sobre o facto não provado, até porque o juiz
não se pode abster de decidir, mas a prova produzida pode ser tao equivoca que o
juízo tem duvida quanto a chegar a um juízo de prova, ou de não prova. os casos de
ónus subjetivo, não tem dúvida e proferem uma decisão de não provado; mas pode
existir duvida sobre considerar provado ou não provado, oque significa que há de
haver uma regra que intervém nestes casos em que o juiz tem dúvida: regra do ónus
objetivo da prova.
O juiz assistiu a produção de toda a prova e emitiu um juízo de não provado o que
significa q é no momento da sentença que intervém as regras sobre o ónus da prova.
Elas não têm nenhuma relevância anterior? Têm porque as partes vão organizar-se de
acordo com o juízo final caso não consigam provar, mas o momento em que
intervém a regra do ónus subjetivo é o momento da sentença. Porque quando o juiz
faz a analise critica de toda a prova, o juiz tem de considerar que toda a prova que foi
produzida, independentemente de quem produziu a prova, e independentemente de
quem é beneficiado pela produção dessa prova. O autor pode ter apresentado
testemunhas cujo depoimento é absolutamente favorável à posição do reu, e isto é
mais recorrente do que podemos imaginar.
Quando o juiz qualifica como provado ou não provado não pode distinguir por partes
as provas. A mesma coisa quando há uma exceção deduzida pelo reu, não observa a
prova produzida por factos constitutivos, extintivos, impeditivos ou modificados
alegados pelo reu, como também pelo autor.
O ónus da prova subjetiva é uma espécie de concito que se aplica em todo o
processo, dizem alguns. PCS: não é verdade, se o juiz ao abrigo da regra pode
considerar provados factos que o deviam ser pelo autor, e são pelo réu, pode fazê-lo
na mesma, porque considerou provados pela parte que não aproveita do facto
relevante.
Art. 342.º, CPC: é muito comum dizer-se que quem alega um facto tem de o provar;
mas é mentira, quem alega o direito tem de provar os factos constitutivos, mas vamos
imaginar que está em causa o artigo 483.º, CC, o que significa que se invocar o
direito à indemnização, recorro ao art. 483.º, n.º 1, CPC + 562.º e ss. O que implica
que tenha de demonstrar todos os pressupostos da constituição desse direito, se falhar
a prova de outros factos a ação é julgada como procedente.
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Mas o Artigo 342.º, CPC aplica-se quando o juízo é dado como não provado!!! Mas
esse artigo não funciona sozinho no sistema, porque o artigo 413.º, CPC, que fala da
intervenção do direito processual, que diz que o juiz tem de anteriormente à resposta
da matéria de facto, tem de atender a TODAS as provas produzidas,
independentemente de quem as produziu, o que quer dizer que pode ter sido o réu a
trazer uma prova determinante para o processo, da qual resulta, p.e, o ilícito da sua
atuação. Quem fez a demonstração de um dos pressupostos do artigo 483.º não foi o
autor, mas o reu, mas o artigo 342.º, CC só intervém quando o juízo é um juízo de
não provado. Como o juiz tem de atender a todas as provas, se o reu trouxe uma
prova relevante, o juízo não é não provado, e se o juízo é um juízo de provado o
artigo 362.º já não intervém, só se o resultado probatório for não provado é que
pergunto à norma quem tinha de provar aquele facto.
O ónus de prova é muito mitigado no artigo 342.º, CC.
A segunda mitigação tem a ver com o dever do tribunal de provar a produção de
todas as provas que permitam chegar a um juízo de "verdade" (=necessidade de
conforto antropológico) que nos diz que cabe ao juiz realizar ou ordenar todas as
diligencias necessárias ao apuramento da verdade e à justa composição do litígio.
Isto significa que a parte pode não ter produzido as provas, mas o juiz tem de
provocar a produção oficiosa destas mesmas provas: art. 413.º + 411.º (CPC) como
regras que mitigam o 403.º (???)
Recordar o artigo 5.º, CPC: às partes compete alegar os fundamentos essenciais. Se a
parte não alegou factos essenciais, se apesar se o exortado não tiver alegado o
fundamento do processo, o juiz não pode mandar produzir prova sobre factos
essenciais não alegados.
PCS: Há aqui uma batalha. Isto também tem uma certa ideia de segurança e de
justiça, evitando até práticas corruptas (utilizando-se de normas que mandam
reorganizar e produzir prova, esta é vedada aos factos essenciais, é uma limitação ao
inquisitório).
Ónus subjetivo = momento da sentença = juízo de não provado.
Outra disposição fundamental: art. 417.º, CPC.
O que é que determina este preceito? O artigo determina duas coisas fundamentais:
1. Todos estamos submetidos ao dever de colaborar com a justiça.
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p.e, se presenciar um acidente, não posso dizer que não sou testemunha, sou-o
porque vi o acidente, e não posso recusar-me a ir a tribunal falar sobre o que vi, sofro
consequências se o fizer, inclusive ser transportada por forças policiais para a levar
ao tribunal para depor. Nenhum de nós se pode recusar a colaborar com a justiça,
AINDA QUE SEJA PARTE.
Quando é que o dever de colaborar tem sentido?
Quando o seu destinatário não é a parte que é beneficiada pela própria parte, porque
essa espontaneamente produz a prova, não tem que lhe ser imposta uma colaboração
para que provoque a colaboração da prova, o que significa que peço a parte contraria
que produza a prova que, em princípio, a prejudica, e que beneficia a prova que teria
(E tem) o ónus da prova.
Isto revela-nos um traço muito importante do nosso sistema: significa que o correto
acertamento da verdade é um valor protegido pelo DPC português; quando vimos o
artigo 7.º (justa composição do litígio), bimos que o juiz tinha de concorrer para a
justa composição do litígio, e um dos deveres que integram essa posição do juiz é o
dever de provocar a produção de provas, ainda que estejam do lado que não é
beneficiado pela sua produção.
E se a parte nada fizer? Exortada, aglomerada. Primeira consequência imposta à
parte (nunca aos terceiros que cooperam com o tribunal): a sua conduta omissiva
(=novo grau de prova: o indício probatórios)
Indício = princípio de prova que por si só insuficiente para demonstrar um facto, mas
que conjugado com outros indícios permite construir uma história coerente e dar o
facto como provado. É o que tipicamente faz a polícia judiciaria: não há prova direta,
procura-se uma prova indiciaria (onde esteve, comprou uma arma, tem uma arma
sem numeração). Só um indício não é suficiente, mas a conjugação de uma serie de
indícios permitem obter uma história suficiente para considerarmos factos como
provados.
Posso chegar a um resultado muito critico: porque é o da inversão do ónus da prova.
A inversão do ónus da prova não está explicitamente no CPC (apesar do 417/2,
CPC), as a regra que procuramos é o artigo 344.º, CC.
Voltamos a ter de distinguir formalmente: quando inverto o ónus da prova não onero
uma prova do concreto facto diferente da parte que estava onerada com essa prova,
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onero a parte contraria com a destruição da prova do facto que devia ser provado.
P.e: responsabilidade médica tem um desvio face o art. 483.º, CC, que impõe que a
ação seja ilícita, típica, culposa, e que haja um nexo de causalidade suficiente. No
entanto, na responsabilidade médica, o paciente demonstra o dano, a causalidade
(antes e após) e depois é o médico que tem de afastar a presunção de que não agiu de
acordo com as legis artis (=leis da arte). É o médico que a tem de derrotar porque é
quem detém conhecimentos científico-técnicos suficientes para demonstrar o
(in)cumprimento destas leis ônticas a que está submetido. Atribui-se à parte o ónus
de destruir, dispensando-se alguém de provar uns dos pressupostos do art. 483.º, CC.
O artigo 417.º, CPC leva-nos a inversão do ónus da prova (344.º, CPC) inversão que
não significa provar o facto por outra pessoa, mas sim provar o facto contrário do
que se presume.
Aula
Artigo 342.º, CPC: aquele q alega um direito (que é distintos de alegar factos).
Ponto de referência para a distribuição do ónus da prova é o direito alegado no processo.
Um autor quer a condenação do reu nas consequências do incumprimento do contrato.
Quem vai ter de alegar é o reu para paralisar o efeito do incumprimento, mas o autor e tem
de provar a existência do incumprimento
Tem de alegar os factos constitutivos do direito alegado - art 5.º, CPC.
Q natureza tem o facto? Constitutivo, modificativo, extintivo.
Art 343.º, n.º 3, CPC: parece uma exceção, mas é uma situação atípica.
É possível celebrar convecções probatórias nos termos do art 345, CC redistribuindo o
ónus da prova em termos diversos do que a regra supletiva do Artigo 342.º, CC. Mas há
um limite à sua validade, não podem tornar excessivamente difícil ou impossível para a
parte que não tinha o ónus da prova, mas agora tem.
Casos da prova diabólica = a prova é praticamente impossível
Quando numa ação concreta se verifica que o ónus destituído de acordo com o Artigo
342.º, CC faz impender a prova do facto sob uma parte q se confrontada c uma extrema
dificuldade da produção dessa prova, pode o juiz provocar a inversão? Não, o caso de
alteração só tem dois fundamentos a lei ou o contrato. O juiz não tem qualquer poder na
alegação de factos constitutivos, impeditivos ou extintivos,
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Vimos na última aula a propósito da posse um exemplo que nos diz que a posse é uma
forma de dar possibilidade a uma situação jurídica real que só pode ser provada quanto a
sua existência da titularidade se conseguir chegar em termos límpidos a uma situação de
aquisição originaria.
O que se faz para provar uma situação jurídica real é recorrer ao registo que é uma
representação da realidade, o que significa que pode estar incorreto ou inadequado. A lei
determina que posso substituir a apresentação de prova por uma certidão do registo predial
que demonstre o trato sucessivo.
Este tipo de intervenção sobre a realidade só me faz presumir com força probatória plena
que a dimensão é boa, substitui uma prova praticamente diabólica porque teria de
demonstrar a vontade de todas as aquisições p demonstrar z minha titularidade do direito
real. O próprio direito criou um regime de simplificação.
Prova diabólica = é tao difícil de realizar que é quase impossível z sua realização. como e
q nos casso identificados como prova diabólica de pode reagir? Se o for só puma das
pessoas, posso pedir q seja só uma das partes,
Técnica do desnivelamento da convicção para a partir de indícios probatórios ter como
verificado o fato relevante.
Casos de prova da causalidade na responsabilidade civil. Impor ao lesado implicava
impedir o direito a indemnização porque a causalidade escapa, e difícil de estabelecer.
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AULA 08.04.202
MEIOS DE PROVA:
1. Por presunção:
Normalmente a presunção está ligada com os factos instrumentais - art. 5/2, al. a), CPC-
são as presunções que, em princípio, concretizam os factos instrumentais.
Presunções = art. 349.º, CC
Caso típico = presunção de culpa na responsabilidade contratual (art. 799.º, CC) basta
demonstrar o incumprimento do contrato para desencadear a presunção legal
Presunção = estado de culpa ilidível; o reu pode afastá-lo através de prova em contrário
nos termos do art. 347.º, CC
São muito difíceis de provar ou demonstrar em Tribunal por isso o legislador decidiu
incorporar presunções legais.
Presunção judicial = ocorrem no momento do julgamento, ou seja, o juiz por via das
regras da experiência, e demonstração e prova dos factos, pode conseguir tirar ilações
através das regras da experiências. Imaginem um juiz formatado para um determinado tipo
de litígios porque já está habituado a essas matérias, encontrando padrões que permitem
inferir determinados factos.
Só conseguimos avaliá-las casuisticamente.
As provas por presunção podem ser legais (CC, CSC, CIRE) ou judiciais (identificadas
casuisticamente ou por via da jurisprudencia).
É muito mais fácil destruir o nexo logico das presunções legais, do que as judiciais.
BIBLIOGRFIA: Tese de Paula Trindade (prova dos (...) no DPC português), tese de
doutoramento de João marques Martins (presunções na responsabilidade civil aquiliana)
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casos isto não acontece. Quando o autor ou réu estão a contar a sua narrativa normalmente
não confessam factos.
Os objetivos e meios de prova são distintos - esta distinção também é típica na ordem e no
CEJ.
3. Extrajudicial:
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4. Prova Documental:
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Força probatória: art. 500.º e ss, CPC. É feito nos articulados tal como a junção de prova
documental. (Art. 552.º, n.º 2)
O máximo de testemunhas que posso arrolar são 10, normalmente.
AULA 11.04.2022
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Mas há quem se deixe contaminar, ainda assim, a uma postura anterior ao do CPC de
1995/1996, até LEMO JORGE, que tem palavras descontextualizadas na sua doutrina e
utilizadas pela jurisprudencia de forma diversa (no ponto do dispositivo e inquisitório).
Todos nós sabemos que na petição inicial, com os articulados, tem a parte representativa o
ónus de indicar os meios de prova (a palavra ónus, aqui, é algo problemática; a lei diz
deve, mas não é uma obrigação jurídica, mas constitui uma posição processual que noa é
de mera faculdade, depois com limites como o do nr das testemunhas). Parece que esta
desenhado um sistema instrutório baseado no dispositivo (sistema anterior de 1995) mas
depois temos o art. 411.º, CPC que diz, no fundo, q incumbe ao juiz ordenar, mesmo
oficiosamente, todas as diligencias necessárias ao apuramento da verdade e a justa
composição do litígio, quanto aos factos que lhe é lícito conhecer.
O problema aqui é: vamos imaginar q falamos de instrutório face factos alegados pelas
partes (=conhecimento lícito), ou facto oficiosos, ou factos instrumentais, e ainda
complementares e concretizadores se alegados pela parte e exercido o contraditório.
Imagine que as partes cumpriram o ónus de indicação dos meios de prova nos seus
articulados, cumprindo formalmente, colocando um nr de testemunhas e dos seus dados.
Mas, começando elas a prestar depoimento em julgamento as pares começam a verificar
que o que elas têm para dizer não é muito relevante. Mas, elas próprias referem-se a
alguém que nao foi arrolado nem pelo autor nem pelo reu e essa é a pessoa que afinal sabe
algo sobre isto. Ou até, ninguém invoca outra pessoa, mas demonstram que pouco sabem,
mas a parte descobre que afinal havia uma pessoa com conhecimento e se soubesse disso
na altura tê-lo-ia arrolado. Isto pode ser por falta de interesse ou procura da parte, há falta
de diligencia. o advogado da parte, verificando isto, e para contornar o problema, vem
sugerir ao juiz que ouça essa outra pessoa, fazendo um requerimento (=a sugestão é um
requerimento) para o juiz não vir dizer que os poderes instrutórios do tribunal nao servem
para suprir as deficiências dos trabalhos probatórios, decidindo pela não-audição das
pessoas.
Pode acontecer que, afinal, a testemunha ó se torna necessária em virtude de algo que
sucedeu no julgamento. Há aqui uma falta de assimilação completa da reforma de 1995/96,
na opinião da prof ELIZABETE, e nao se pode situar isto nos juízes novos e nos juízes
velhos, é algo transversal.
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daquele facto ,o juiz deve MANDAR ouvi-lo por requerimento ou outra qualquer forma., e
não deve estar preocupado com a circunstancia de a testemunha nao ter sido arrolada pela
parte, aliás, é precisamente por nao ter sido arrolada, independentemente da diligencia, o
que interessa é que o juiz quer resolver o litigio de forma justa.
Se o juiz nao ouvir a testemunha, pode ficar na dúvida, e se ficar na dúvida decide contra
aquilo e cria o ónus da prova objetivo cuja função é criar um critério de decisão.
O que é que é mais justo para compor o litígio? Aplicar um critério formal relativamente a
uma controvérsia de decisão (=porque magicamente tinhas o ónus de provar e nao provou);
ou uma decisão baseada no convencimento do juiz?
O juiz pode exercer o inquisitório e continuar na dúvida, mas isso obriga a que vamos ao
ónus da prova e ver quem devia ter provado e não provou - ÚLTIMA RATIO!!
Os acórdãos são um pouco paradoxais, parecem ser feitas por várias pessoas e várias
posições, dão uma no cravo, e outra na ferradura
É uma questão ideológica e transversal a todas as idades tendo a ver com a rapidez da
decisão quando não se tem de ouvir a testemunha que não foi arrolada, em aplicação do
critério objetivo (=devias ter provado, e não provaste).
O principal problema que vai na cabeça dos juízes é que se possa pôr em causa a sua
imparcialidade: se aceita a sugestão da parte A, o B vai dizer que estou a ajudar A que não
cumpriu o seu ónus. Não estou a ser equidistante, estou a pender para um dos lados. Os
tribunais vivem muito do que parece (nao basta sermos neutros, temos de parecer neutros).
Um juiz quando toma a decisão de ouvir alguém, nestas condições, não sabe qual é o
resultado probatório que vai sair da inquirição do Joaquim. nao sabe para que parte vai ser
favorável, ou se será sequer favorável. Logo, não se pode dizer, só porque ouve uma
testemunha que nao foi arrolada, que está a falhar na sua imparcialidade.
Porque o juiz tem de mudar o chip, estamos num processo de partes onde se discutem fins
privados, mas nao tem só fins privados, por isso é que se impõe uma justa composição do
litígio. O legislador quis uma decisão que fosse o melhor possivel porque deriva de tudo o
que podia ser feito no processo para haver aproximação à materialidade do facto, embora
se possa gastar mais tempo, será uma decisão melhor fundamentada e, consequentemente,
mais justa.
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Mariana Rodrigues
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Nao podemos dizer que temos duas interceções e dizer que o inquisitório para quado
alguém nao cumpriu o dispositivo de forma diligente. É isto que a maior parte da doutrina
diz e assim aniquilamos o princípio do inquisitório.
Mas então, quando é que o inquisitório funciona?
Inquirição oficiosa das testemunhas (Art. 526.º, CPC): quando, no decurso da ação,
portanto nao diz se é início, meio ou fim do julgamento; haja razoes para presumir, nao diz
quem presume; que determinada pessoa tem conhecimentos de facto determinantes para a
boa resolução da causa.
Comentário ao artigo supra: Não se diz aqui que para que esta testemunha seja aceite é
necessário que a sua necessidade tenha surgido naquele preciso momento, pode já ser
importante no momento em que surgiu a petição inicial! Falamos de alguém que não
cumpriu o seu ónus, mas o juiz tb convida ao aperfeiçoamento dos factos, que tb é uma
falta de diligência da parte. Mais, há um conjunto de factos q nao foram alegados e entram
pela prova, o momento de adjudicação mudou porque se depender tudo das partes a
decisão pode ser acidentalmente justa, mas o legislador nao deseja que seja uma
arbitrariedade, antes visa que a decisão seja sempre o mais justa possível. A justiça não é
um jogo, e o juiz tem de ter sempre uma posição de algum controlo.
O CPC de 2013 nao tem nada de novo!!!!!! - só se muda a numeração.
PCS questiona: se o juiz tem dever de mandar produzir uma prova, e nao manda, e depois
diz que o facto nao foi provado, mas há indícios no processo que a prova deva ser
ordenada e não foi, há invalidade do processo. os juízes não querem admitir
ostensivamente q tem o dever de instruir, porque submetem o «s processos a invalidades
processuais. A doutrina ainda nao foi assertiva o suficiente para dizer que os juízes estao
na toca porque nao têm medo das invalidades processuais e, por isso nao resolve isto. A
imparcialidade nao é isto, é tratar de forma igual aqueles que se encontrem na mesma
circunstância.
Outro aspeto: o princípio da cooperação vincula o juiz (art. 6.º, CPC)!! O artigo impõe ao
tribunal que concorra com as partes e mandatário para a justa composição do litígio, o que
significa que nao são so as partes que têm de chegar a um resultado justo ou criar
condições para tal, o tribunal também tem aqui um papel predominante.
A doutrina tem dado cobertura a esta postura dos tribunais, que é completamente contra
cíclica (PCS), este paradigma ainda não foi alterado apesar do CPC 1995/96)!
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Mariana Rodrigues
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Enquanto assim for, nao podemos ler as regras de acordo com ideologias já superadas.
PROF ELIZABETE: é uma forma diruptiva de ver o sistema, é querer
2. Falta de entendimento do que a lei pretende: a reforma de 2013 criou formalmente (=em
bom rigor ja existiam) o meio de prova do art. 466.º, CPC que diz que as partes podem
auto-propôr-se a declarar num processo sobre factos pessoas que tiveram conhecimento
direto (independentemente se foram favoráveis ou desfavoráveis) para esclarecer o que
aconteceu.
O que aconteceu com este meio de prova? Tem sido muito utilizado e, muitas vezes, onde
nao havia prova, apareceu prova. NO fundo temos aqui uma parte que é testemunha (mas a
parte não pode ser testemunha). É depoimento de parte, não é testemunhal (JCL)!
O problema é que a jurisprudencia, sobretudo os tribunais da primeira instância,
É o único meio de prova que se pode requerer até as alegações sob a logica e que se a
pessoa fizer um depoimento desfavorável, pode haver confissão; e depois tomar a decisão
se há no juízo uma dúvida passível de ser esclarecida, ou nao, não queremos estragar a
convicção que o juiz tem. O momento é para a parte esta é que decide em que momento
decide fazer depoimento de parte.
Temos advogados que requerem isto logo no articulado ou na audiência do julgamento,
mas isto estrategicamente é mau porque fazendo isto no início, e uma vez que pode haver
uma confissão, pode formular logo um juízo desfavorável.
Este é um problema estratégico do exercício da advocacia.
Discutem-se, agora, duas questões:
2.1. Só se pode requer decisões de parte se o cliente estiver presente no tribunal (orientação
jurisprudencial), à semelhança das testemunhas aditadas, por isso não se vai ouvir,
2.2. A pessoa esteve no julgamento, porque é um direito da parte, e requer na última
sessão, querendo cumprir com a exigência de ter de estar presente.
Resposta do Tribunal: não pode, porque ouviu toda a prova testemunhal não podendo
requerer as declarações de parte porque naquele momento não é possível.
Isto é não saber qual é o sistema de prova que temos (que é livre). Cabe ao juiz sabe
quanto vale uma testemunha, à qual equivale a parte neste caso.
A parte sabe tudo sobre aquilo porque testemunhou os factos; mesmo que não estando lá,
sabe de tudo porque o mandatário lhe contou porque é uma obrigação do patrocínio; e
também pode saber tudo porque ouviu as gravações.
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Mariana Rodrigues
Subturma 7 – Turma A
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Pedem-se as gravações para perceber se ficaram boas e para informar da melhor forma a
parte do que sucedeu.
A jurisprudência vem dizer que, como a parte esteve sempre presente,
Já desde a revolução francesa, em que a prova deixou de estar tarifada, e passou a ser livre,
os juízes têm o papel de ler a prova e tirar a sua convicção, e percebemos isto pela sua
fundamentação.
Há um juiz que escreve muito sobre processo q tem uma solução espetacular sobre isto: se
a pessoa la esteve e o advogado requer que a pessoa quer ser ouvida, o juiz deve advertir o
advogado e a parte q a sua credibilidade será apreciada "por baixo" porque esteva na sala.
A credibilidade está tarifada casuisticamente (há um pré-conceito sobre a prova). A ideia é
de que a parte só diz a verdade quando confessa um facto desfavorável, quando diz algo q
lhe é favorável, à partida mente.
A psicologia forense procurou explicar, já desde o séc. XIX, que isto não é assim, não é tão
linear quanto isso.
Muito importante do ponto de vista do justo processo, até porque pode haver situações que
não há outra prova que não esta. Nomeadamente a decisao sobre a verdade do facto ou
não.
Uns entendem que a prova é autossuficiente, outros entendem que é complementa. Desde
que o juiz a fundamente racionalmente, a PROF ELIZABETE considera que é
autossuficiente.
Não há no nosso ordenamento, uma regra como existia nas ordenações afonsinas que
exigia que o facto fosse repetido para x pessoas para ser credível. Um juiz tem de saber
fazer as perguntas e saber psicologia forense.
Forma de preenchimento de lacunas do conhecimento: exemplo dos ténis da prof PCS.
3. PCS propôs uma ação em que o reu fez um contrato de CV da empresa, e o devedor não
acabou de pagar o preço. O reu admite que não pagou o preço (art. 1.º a 3.º estao certos),
mas explicou q a contraparte lhe devia dinheiro, que a coisa não tinha todas as coisas que
estavam prometidas, q se violou as leis da concorrência. E deduz-se uma reconvenção: é
verdade q te devo 15, mas tu deves-me 115.
Na audiência previa, temas de prova: nenhum tema de prova dá ação. Todos os factos que
se alegaram estavam assentes, não vão ser submetidos a prova. Temas de prova, tudo na
reconvenção: cada parte leva várias testemunhas (núcleo bastante grande porque a ré levou
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20, e a professora leva 15) mas todas elas vão falar sobre os aspetos da reconvenção, a
professora antecipou essa defesa.
O não pagamento é visível.
Foram notificadas todas as pessoas, para o mesmo dia e hora, mas a professora não sabe
dizer ao juiz que isto não se faz.
Qual é a ordem de produção da prova? O que é que não é ilidível?
Aqui faz sentido? Faz se o autor for reconvinte porque na reconvenção não é reconvinte.
Isto faz sentido, mas não é o que vai suceder no caso da professora e antecipa um
indeferimento.
A professora sabe que as contrapartes vão opor-se, e fica por aí.
Deve ser feita contraprova antes da prova?
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Aula 22.04.2022
Sentença = ato terminal da cadeia de atos que compõe o processo e que esgota a jurisdição
na 1a instância
Esgota a jurisdição na 1a instância = proferida uma sentença o juiz nao a pode alterar;
esgota-se o poder jurisdicional. Ainda que o juiz se arrependa do conteúdo da decisao
proferida, ele nada pode fazer. Isto significa que fatalmente a sentença não pode ser
modificada?
Pode, através de duas vias:
1) reabertura do poder jurisdicional e o poder jurisdicional reabre-se com a interposição de
um recurso;
2) situações muito particulares e previstas na lei em que o próprio decisor pode intervir
sobre a sentença que proferiu.
Teremos de ver casuisticamente quais são as intervenções
Aproximação da admissibilidade de intervenção do próprio decisor na decisao, aos erros de
escrita e calculo (=erro na declaração).
Aquilo que o juiz sentenciou relativamente ao mérito não pode ser alterado.
Qual era a estrutura mínima do processo? PI - Citação - Sentença
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Valoração critica, por parte do juiz, de toda a prova - princípio da aquisição (?) processual:
valora tudo o que é produzido independentemente de quem produziu, e só depois de dar
como não provado é que pergunta a natureza do facto de acordo com o art. 342., CCivil.
Vejam depois: art. 607/5, CPC
O juiz aprecia a prova de acordo com a sua livre convicção que não equivale ao arbítrio,
mas sim uma convicção motivada que transparece na fundamentação.
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dá, mas há coisa alternativa. o nosso sistema apesar da sua grande modernidade não foi tao
longe, remodelou de algum modo o que respeitava ao acervo de factos em que o juiz podia
fundamentar a decisão (art. 5.º, CPC) do que aqueles que tinham sido alegados, mas não
foi ao ponto de exortar a parte para modificar o alegado, por isso impede que o juiz faça
um aliud ainda que com contraditório prévio (art. 609.º), e proíbe ainda que não decida
sobre questões que não foram submetidas pelas partes à sua jurisdição.
Ainda que o juiz entenda que há outras questões ou que podia atribuir mais, este está
limitado pelo objeto configurado pelas partes estruturantes da decisão.
A refração da violação dos limites do art. 608.º e 609.º, está no art. 615/1, al. d) e e), CPC:
nulidade da sentença.
Nulidade da sentença = ao invés do que acontece com as nulidades de direito substantivo,
quando o ato processual é nulo não podemos dizer que não pode desencadear os seus
efeitos típicos (=característica da nulidade substantiva). Apesar da nulidade produzem mos
atos processuais, passado um tempo, os seus efeitos típicos, o que significa que a sentença
provoca os seus efeitos típicos. Quando olhamos para esta nulidade temos de nos
desconectar as consequências típicas da nulidade civil.
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Quando a professora disse que a sentença nula produz os efeitos típicos significa que a
sentença nula que não mais pode ser impugnada conduz caso julgado material.
As decisões sobre os pressupostos não se projetam para outras instâncias: se a parte foi
absolvida por incompetência absoluta do tribunal o autor pode instaurar nova ação junto do
tribunal competente porque nestes caos não há risco de contradição. Isto visa impedir que
os tribunais sejam colocados na situação de se poderem contradizer. Há também
evidentemente uma justificação com base na adequação de recursos.
Art. 978.º, CPC: "estrangeiro" =o regime do art. 607 e ss, CPC aplicável à sentença e
depois mais adiante no código encontramos um outro regime aplicável às sentenças
proferidas por tribunais estrangeiros.
Uma decisão proferida no estrangeiro não vale em território nacional até ser confirmada
por um tribunal nacional.
A sentença é uma manifestação/afirmação de soberania e por isso há que haver cautela
para não criar competências esdruxulas.
O Estado português só reconhece como sentença um ato de decisão praticado por um
tribunal estrangeiro depois de revisto e confirmado pelos tribunais portugueses. Este é um
exercício de soberania.
A professora relacionou esta matéria com o BREXIT: enquanto estavam na UE aplicava-se
o Regulamento 1215/2012 aplica-se este, mas agora estando fora há um complexo
procedimento que é o aplicável a um tribunal estrageiro. Perderam uma competitividade
enorme dos tribunais.
Para vermos a diversidade de tratamento da sentença que decide o conflito entre privados,
chamar à atenção para o facto do artigo 619.º, CPC dizer "transitada em julgado"
antigamente, agora já não diz nada, mas também não poderia dizer porque quem vai definir
se a sentença é definitiva ou não é a ordem jurídica ao abrigo da qual ela é proferida.
Não por acaso a pendencia simultânea de processos perante tribunais de diferentes
jurisdições não leva à suspensão de nenhum deles, resolvendo-se pelo caso julgado =
ganha a mais célere q atribui maior pactos de jurisdição que lhe atribuem competência do
ponto de vista dos economistas e dos investidores. As decisões dos tribunais ingleses agora
levam dois anos a serem confirmadas
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O que é que agora quer dizer a sentença ter o efeito de caso julgado material dentro e
fora do processo?
A decisao recai sobre a relação material controvertida, o que significa que se instaurar uma
ação entre as mesmas partes, com o mesmo pedido e causa de pedir nos termos dos artigo
580.º e 581.º, CPC, se verifica a EXCEÇÃO DE CASO JULGADO (Art. 577.º, al. i),
CPC: exceção dilatória de conhecimento oficioso).
O que justifica o conhecimento oficioso é a existência de um interesse que transcende as
partes, neste caso é a preservação e manutenção do sistema de justiça. As exceções de caso
julgado são de conhecimento oficioso, o que significa que a segunda ação tem um fim
necessário = absolvição do reu da instância, não cabendo o artigo 278.º, n.º 3, CP porque
está em causa mais do que o interesse das partes. Com este efeito decorrente de caso
julgado material, exceção dilatória, não pode ser concluído o efeito da autoridade de caso
julgado!
Autoridade de caso julgado = sempre que um processo subsequente a decisao
preteritamente proferida e sobre a qual se formou caso julgado, funciona como pressuposto
da segunda decisão. O que significa que há uma relação entre os objetos das ações: o
objeto da segunda ação instaurada entre as mesmas partes depende da apreciação que foi
feita sobre o objeto configurado na primeira ação, mas o objeto da segunda ação não é
igual! pressupõe-no, mas não é o mesmo!!!
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pedir o que nos permite pelo menos dizer que a decisão em si, seguramente, forma caso
julgado material (=pedido do Artigo 619.º, n. º1, CPC).
Nos limites = segundo PCS + Castro Mendes: relativamente aos fundamentos, ainda que
não haja caso julgado autónomo sobre esses fundamentos, há uma indiscutibilidade
relativa desses fundamentos que se traduz em não poder voltar a discutir aqueles
fundamentos em relação aquele pedido e aquela decisão.
Há aqui uma relatividade: Artigo 619.º, n. º1 + Artigo 581.º, CPC.
O reforço desta disposição encontra-se no artigo 91.º, CPC: se eu quiser que um dos
fundamentos, ou a decisão sobre um dos fundamentos, forme caso julgado autonomamente
tenho de requerer a declaração incidental. Vou buscar o fundamento e autonomizo-o: sobre
este fundamento quero que recaia uma decisão especifica que forma caso julgado.
Esta é a limitação objetiva do caso julgado.
O que não temos no nosso sistema (Artigo 619.º + 581.º + 91.º) não temos casos julgados
implícitos com efeitos preclusivos, temos preclusão dos fundamentos deduzidos pelo réu,
mas isso é um efeito da preclusão que ocorre sobre a defesa e não do caso julgado outro
efeito típico é formado quando a sentença condenatória (???) agressão do património do
devedor para cumprimento coercivo da decisão
Forma-se caso julgado quando já não é possível recurso!
A sentença é proferida na audiência final.
Contradicta (Artigo 421.º, CPC) = o advogado que não arrolou a testemunha pode
descredibilizá-la (=momento muito tenso em tribunal).
Artigo 607.º, CPC: o juiz encerra definitivamente a audiência, ficando o processo concluso
ao juiz, e tudo o que forem meios de prova e conclusões vão ser repetidas pelo juiz. Tudo o
que foi dito, vai ser revisto pelo juiz para que este possa apreciar da melhor forma possível
a ação. Tudo o que se passar no lapso temporal que deviam ser 30 dias, mas na prática são
mais, são irrelevantes; se as partes quiserem que sejam apreciados, têm de intentar nova
ação.
A partir do momento em que é proferida a sentença – duas opções:
1. Nada fazem e a sentença ganha caráter de imutabilidade passados 30 dias (=forma-
se trânsito em julgado).
2. Recorre-se a um tribunal superior (=recurso) da decisão, não ganhando esta caráter
de imutabilidade.
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Aula 29.04.2022
Reconhecimento de sentenças estrangeiras – Caso Julgado:
Processo especial previsto no artigo 978.º, CPC.
O proferimento de sentenças judiciais é um ato de soberania, decorrente dos ius imperia de
cada Estado.
O proferimento de sentenças é o momento mais solene do Processo Civil, porque passados
30 dias, se não houver impugnação ou recurso, ganha força de caso julgado (=ganha
caráter de imutabilidade), e tudo isto é manifestação dos ius imperia. Só os tribunais
judicias têm capacidade/competência para executar as sentenças judiciais.
Valor probatória da sentença estrangeira que não é reconhecida porque não passa no crivo
do artigo 980.º, CPC: Não pode produzir efeitos, não podendo ser executada. Ou seja, a
pessoa ganha a ação e quer condenar ou executar a sentença em Portugal, mas se esta não
for reconhecida, não pode a parte a que esta beneficiaria aproveitar dela.
PCS: Há algum valor probatório se juntar esta sentença num processo em Portugal? Isto é a
tese de MARIA CAMPELO: Autoridade do Caso Julgado e a Prova.
A sentença pode funcionar como prova documental em processos seguintes?
PCS disse que o facto de o proferimento da sentença ocorrer, no tribunal português, e
depois o transito em julgado da decisão passados 30 dias do proferimento da sentença, é
claramente um ato de soberania.
O problema em relação a sentenças estrangeiras é que, se estivermos a falar de um conflito
plurilocalizado dentro da EU não aplicamos o procedimento especial porque nos termos do
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artigo 8.º, n.º 4, CRP (=primado do DUE) temos o regulamento europeu n.º 1215/2012 que
regula também o proferimento de sentenças.
Há um espaço de livre circulação de decisões judiciais, nos termos do artigo 36.º, R.
1215/2012: as decisões proferidas num Estado-membro são reconhecidas nos restantes sem
qualquer formalidade, não havendo qualquer tipo de processo especial para este
procedimento. Há, por isso, uma liberdade no reconhecimento e viagem destas decisões
nos países da União Europeia.
Antes do Reino Unido sair da EU, há uma Convenção Internacional que regula as relações
judiciais entre os países da EU, a Suíça, a Noruega e a Islândia.
Com o facto de o Reino Unido sair da EU vão ter de utilizar a Convenção de Lugano para
utilizar em matéria civil e comercial o reconhecimento de decisões.
Há toda uma panóplia de outros regulamentos que regulam matérias como divórcios, etc.
O Reino Unido fez um acordo de saída com a EU que previa um período transitório que
correspondeu com o período de COVID-19 (31.12.2020).
Se as ações que forem propostas (=PI) até ao fim do prazo, o regulamento ainda se aplica
havendo livre circulação das decisões judiciais
As ações propostas depois de 01.01.2021, se tivermos de reconhecer uma sentença em
matéria de família ou sucessões que provenha de Tribunais britânicos temos de aplicar o
procedimento especial do artigo 978.º e ss, CPC, o que é um pouco burocrático: ação de
reconhecimento no Tribunal da Relação (tribunal de 2ª instância); discussão e julgamento.
Só o reconhecimento de sentença estrangeira, por aplicação do procedimento especial,
pode levar de 6 meses a 1 ano.
Passamos de um cenário em que o pacto de jurisdição era favorável, para ser pouco
atrativo para as partes no que diz respeito à jurisdição britânica. O Reino Unido juntou-se
ao clube de jurisdições que se pretende evitar no que diz respeito aos litígios em tribunais
judiciais.
Como isto é um processo especial, quer aqui, quer no regime italiano ou espanhol, todos os
regimes têm um procedimento especial de reconhecimento de sentença estrangeiras, não se
aplicam as regras gerais do CPC, mas aplica-se exclusivamente o regime específico do
artigo 978.º e ss, CPC.
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Aula 02.05.2022
Ver o que está no moodle por isso são elementos de avaliação.
O juiz esteve 1 hora a emitir instruções ao júri por isso o júri quando entre na sala não vai
ser saber o que te considerado como provado ou não provado para os tipos penais serem
considerados.
A parte das instruções do juiz ao júri é uma das partes mais relevantes desses sistemas;
estas indicações são muito intensas no sistema norte americano, e menos intensas nos
tribunais britânicos.
O tribunal controla se o júri seguiu as instruções, e os advogados pode questionar isso. E
isto pode levar à anulação do julgamento.
Das promessas ou negócios unilaterais.
Caso Julgado
Primeiro ponto de referência = artigo 615.º, CPC: tem um princípio fundamental em
matéria de jurisdição ao qual já se fez referência. Este artigo é aplicável às sentenças e,
também aos despachos, na medida do possível. Diz que proferida a sentença fica esgotado
o poder jurisdicional do juiz quanto à matéria da causa. O juiz decide e a decisão sai da
esfera de controle, não podendo este intervir mais sobre a matéria que proferiu, mesmo que
se aperceba que decidiu mal.
O juiz é uma pessoa o que coloca na pessoa a angústia da decisão, e por isso a sua decisão
é fatal se não houver recurso.
Outro princípio – artigo 627.º, CPC: diz-nos o preceito quais são as formas de reabertura
do poder jurisdicional:
1. Através da interposição de recurso (ordinário)
No nosso sistema prevê-se a interposição de recursos ordinários.
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com o caso julgado, tendo de se justificar que o artigo 619.º, n.º 2, CPC só pode
ser aplicado quando ainda não haja transitado em julgado.
As circunstâncias não se alteraram com base no momento em que foi celebrado
o contrato, ou proferida a decisão, mas posteriormente, neste caso.
Reclamação = impugnação dirigida e conhecida pelo autor do ato o que
significa, desde logo, que o autor do ato tende a não se retratar no ato que
praticou.
Princípio fundamental: só há reclamação, quando não há recurso. Sendo
possível apresentar recurso, deve sê-lo por essa via.
Só deve haver reclamação quando está em causa a retificação de erros
materiais: o juiz enganou-se a identificar as partes, o lugar do cumprimento do
contrato, ….
Há dois casos que têm de ser particularmente explicados:
1. Artigo 615.º, n.º 1, CPC: proferida a sentença esgota-se o poder
jurisdicional quanto ao mérito da causa. É que há casos em que o autor do
ato pode voltar a pronunciar-se sobre o mérito da causa.
Há essa dupla via quando estou a impugnar/contestar o mérito, mas a dupla
via é um concurso aparente porque se houver recurso, não há reclamação.
A reclamação não cabe sempre para rever o mérito, não é sempre
admissível sob pena de esvaziamento de substância (?)
2. A evolução histórica do nosso Código impõe que as (?) seja atualmente
deduzida em recurso
Se o recurso é o meio de controlo da legalidade da decisão proferida como
posso ir por causas de invalidade dentro de um meio que só verifica a
validade? Porque curiosamente, e apesar de haver um só ato processual,
pode haver vários decisores dessa decisão (decisor e o tribunal superior).
Do sentido exato do artigo 613.º, CPC depende a separação física de um
hotel da baixa pombalina. São dois edifícios, ou um edifício só? Tem um ou
dois proprietários?
Aula 06.05.2022
Recurso
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uma outra decisão, o lapso do juiz está no modo como verificou ou deixou de verificar os
meios de prova e decidiu.
O que temos aqui é outra vez um pedido de reponderação da decisão, pede-se ao juiz que
reforme a decisão proferida sobre o mérito da causa por que os meios de prova que foram
produzidos no processo determinavam, por si só uma decisão diferente da proferida. Não
assistimos ao esgotamento do poder jurisdicional pelo proferimento da decisão, mas por
uma circunstância em que o próprio autor do ato pode alterar a decisão. No fundo são
situações de erro ostensivo de julgamento e por isso se permite, na ausência de recurso,
que a parte peça ao autor do ato que proceda à reforma da decisão.
Não é possível fazer mais instrução, é a que já está feita!!!!
Para além dos casos em que a reclamação servia para o pedido de reforma, e que só cabe
quando não há recurso, há outras situações em que a parte pode pedir ao juiz uma
intervenção sobre a decisão proferida. Os menos críticos talvez sejam os do artigo 614.º,
CPC.
PCS: O que está em causa no artigo 614.º são casos similares aos que vimos e estudamos
como os erros de escrita ou manifestos na própria declaração, são os que resultam do
próprio contexto, não precisaríamos, no fundo, de uma nova decisão para chegar ao sentido
juridicamente relevante, mas para chegar mais fácil e claramente a decisão pedimos que a
parte antecipe os problemas e que provoque a retificação da decisão.
Outros casos: nulidade da sentença (artigo 615.º) – são nulidades DO ATO
PROCESSUAL EM CONCRETO, e não das nulidades secundarias que advém da prática
de um ato que a lei proíbe, ou diversamente impõe; são invalidades de cadeia ou influencia
que tendo influência decisiva sobre o mérito da causa que impõe a reconstituição de toda a
cadeia a partir daí (são problemas procedimentais).
Falamos de problemas específicos da sentença.
Problema no artigo 615.º, al. c) = faz lembrar a ininteligibilidade do pedido que não
permitia ao reu contestar o pedido. Se for a sentença ininteligível não vou perceber o
conteúdo da decisão, o que aconteceu no processo, o que me impede de executar e
impugnar. Se não compreendo, como exerço contraditório relativo à legalidade da sentença
se nem a sentença consigo compreender.
Subterrâneo está um grande problema relacionado com este artigo que vimos a propósito
do ato das partes mas não do juiz: quais são as regras que aplico à determinação do sentido
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O recurso vai para um tribunal de 2.º instância (tribunal a que está hierarquicamente sujeito
o tribunal A).
O juiz do tribunal a quo dizia se estava verificada ou não a nulidade e corrigia ou não
corrigia, consolidada a decisão, vendo se havia contradição nos fundamentos e decisão;
depois superada a contradição, podemos recorrer (=recurso) da decisão. Mas a lei reverteu
isto, caindo a reclamação e começo a ter um meio híbrido no qual vou deduzir diferentes
fundamentos de impugnação: as invalidades e as ilegalidades. Em princípio o recurso é
julgado pelo tribunal para onde eu vou, o que pareceria significar que o autor do ato tinha
perdido o poder para intervir sobre o próprio ato.
PCS: É muito mais fácil, apesar de raro, que seja o autor do ato a verificar a bondade da
decisão, o que aconteceria na reclamação, do que um tribunal superior, que é o que
acontece no recurso. É mais fácil ao juiz da causa identificar os problemas, do que alguém
que nunca viu a causa. Para além de que o tribunal ad quer não vai julgar a causa, vai sim
verificar a legalidade da decisão.
O ponto de referência do recurso é a decisão, não é a causa! Pelo menos no nosso sistema!
A lei reconheceu a bondade e a maior operatividade desta distribuição de competências: O
recurso não é interposto no Tribunal adquire, mas sim no tribunal a quo. Apesar de dirigir
o pedido de controlo da decisão ao tribunal superior, interponho recurso no tribunal
inferior. A razão não é ser difícil saber a decisão superior, mas sim a difícil ponderação
dos poderes do ato (reforma da sentença) e de supressão das invalidades antes da subida do
recurso.
O tribunal hierarquicamente inferior está sujeito ao superior. Se interpusermos recurso da
decisão do tribunal inferior, o primeiro tribunal a tomar conhecimento é esse mesmo
tribunal que, antes de o remessar para o tribunal superior verifica se as causas de
invalidade ou ilegalidade se verificam ou não, possibilitando uma maior consagração do
julgamento em primeira instância, com menor sobrecarga dos tribunais superiores.
A interposição do recurso no tribunal a quo tem esta finalidade. Mas para o tribunal a quo
possa saber quais as razoes invocadas pela parte quando alega uma causa de invalidade ou
ilegalidade, para que possa verificar e confrontar a decisão com tudo isto, é necessário que
o contraditório seja exercido no tribunal a quo, caso contrário só sabe este tribunal que
impugnaram o ato, mas não com que fundamentos!
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Não se pode só ouvir, assim, uma das partes, a parte que perdeu que é quem tem interesse e
legitimidade de recorrer da decisão, tem também de ouvir a contraparte, o que significa
que também o contraditório sobre o recurso vai ter de ser também ouvido pelo tribunal a
quo (=1ª instância).
Na instância de recurso vão ter o nome de recorrente e recorrido, ou exequente e
executado, dependendo do trecho da decisão ou ato processual que está em causa.
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Aula 09.05.2022
Recurso:
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Artigo 617.º, CPC - se tivessem sido invocadas as invalidades estas eram deduzidas em
recurso e o recurso era todo ele instruído no tribunal ad quo e só subiria ao tribunal ad
quere quando o outro tribunal já tivesse avaliado a invalidade.
Vamos agora ver brevemente que tribunal ad quere é este e que recursos cabem?
1. O recurso que cabe ao tribunal da 1ª instância ao tribunal a que está
hierarquicamente sujeito – recurso de apelação: artigo 644.º e ss, CPC.
Temos de ter em consideração os pressupostos específicos da recorribilidade da
decisão: a primeira coisa é se a decisão, em si, admite recurso; a regra central é o
artigo 629.º, CPC, onde nos diz que a causa tenha de ter valor superior à alçada do
tribunal onde ocorre (…)
Quando vimos o conceito de alçada, logo no primeiro semestre, dissemos que era o
valor até ao qual o tribunal conhece sem que seja possível a interposição de recurso
das suas decisões, o que resulta do artigo 619/1, CPC. Se a decisão ainda continuar
na alçada do tribunal a que estamos a decorrer é, em princípio, irrecorrível; mas há
exceções, como quando a parte entende que o tribunal é incompetente, havendo
sempre recurso tendo-se recusado o tribunal a decidir por incompetência.
2. Não basta a proporção entre o valor da decisão (=valor submetido à apreciação do
tribunal) e a alçada do tribunal; mas é também necessário um valor de
sucumbência, em valor que excede, como diz o artigo 629.º, n. º2, CPC: tem de se
desfavorável ao recorrente em valor superior a metade do tribunal.
Superada a alçada – pergunta-se o valor da sucumbência: se for de metade, não é
recorrível; só é recorrível se for superior a metade da alçada do tribunal de que se
recorre.
3. Legitimidade da parte para decorrer (Artigo 631.º, CPC – regra geral): quem, sendo
principal da causa, tenha ficado vencida; o recurso é interposto por aquele que
sucumbiu em certo valor, e sucumbiu porque perdeu.
Há depois uma exceção, não há uma grande exceção, que está no artigo 631.º, n.º 2,
CPC que nos diz que também as pessoas direta e efetivamente prejudicadas pela
decisão podem ainda recorrer dela, ainda que sejam partes acessórias: é necessário
verificar se a ação, em concreto, colide com um interesse de terceiro para que a
essa parte se possa atribuir legitimidade para o recurso.
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O que interessa para ligar a um recurso que já não é ordinário, mas sim
extraordinário – Revista (Artigo 672/1, al. c) + recurso de uniformização de
jurisprudencia: Artigo 688.º e ss, CPC):
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