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Joana Costa Lopes


Assistente Convidada

§ Esquema – Direito Processual Civil II


A Prova Processual

Enquadramento Direito Probatório

A prova em processo: serve para demonstrar a


verdade dos factos alegados pelas partes em
juízo. O termo prova pode ser usado em 4
aceções diferentes: Material – Código Civil Formal – Código de Processo
Artigo 341.º a 396.º do CC Civil
Prova como atividade: que se destina a Artigo 410.º a 526.º do CPC
demonstrar a verdade dos factos alegados em Noção: o direito probatório material-
juízo e a convencer o tribunal dessa verdade. quando respeita à admissibilidade e à Noção: o direito probatório formal
valoração da prova (Castro Mendes). regula a atividade probatória que, e
Meio de Prova: usa-se este termo para na medida em que, se desenrola no
investigar a verdade ou falsidade de facto Valores: o direito probatório material processo e responde às perguntas
alegados em juízo – é este o sentido de prova que deve orientar-se pela idoneidade dos seguintes (a título de exemplo):
está no art. 341.º do CC. meios de prova admissíveis e pela
racionalidade da valoração da prova. Modo de inquirir as testemunhas; +
Medida de Prova: surge para formar a Processamento da perícia; + Modus operandi
convicção do juiz sobre a verdade de um facto. da inspeção judicial;

Prova como resultado: “está provado o facto Valores: O direito probatório


x”. Resultado final da atividade probatória. formal deve assegurar a relevância e
a fiabilidade da produção da prova.

Objeto da Prova Valores Probatórios


Artigo 410.º do CPC

O objeto da prova são os factos! E não o Relevância Admissibilidade


direito (excepto o direito consuetudinário
Artigo 411/in fine do CPC:
estrangeiro – artigo 348.º do CC). MTS: Trata-se de saber se a prova
possibilita a prova do facto probando. A regra é a de que toda a prova relevante
MTS: factos são proposições que descrevem um é admissível. No entanto, há exceções.
estado de coisas. Exceção: há casos em que os A prova relevante é aquela que possibilita nem toda a prova relevante pode ser
factos são o próprio estado de coisas (e não a sua a formação da convicção sobre um facto admissível.
descrição): o caso é aquele em que o juiz toma contacto directo probando, ou seja, aquela que é pertinente
com a realidade a provar. Isso é o que sucede quando o juiz para obter o conhecimento desse facto. Por exemplo: não são admitidas nem as provas
ilícitas (como são, designadamente, aquelas
procede à inspecção judicial (art. 490.º, n.º 1 do CPC) e, por que implicam uma intromissão não justificada
exemplo, desloca-se ao local do acidente para se aperceber da A relevância da prova é um conceito
relacional: a prova é relevante ou na vida privada), nem as provas proibidas, ou
distância a que uma passadeira para peões se torna visível. seja, as provas que a lei exclui para a prova de
irrelevante em relação a um certo facto um facto.
probando.
Factos Objeto de Prova são os:
Quanto chegamos à conclusão sobre a
I. Factos Controvertidos (os que são inadmissibilidade de uma prova, é porque
impugnados pela contraparte – e ficam fizemos uma ponderação de valores. É
necessitados de prova.). com base nesta ponderação que, por
exemplo, é justificada a exclusão da prova que foi
II. Factos Necessitados de Prova (os obtida através de uma intromissão abusiva na
que mesmo não tendo sindo vida privada da contraparte (art. 32.º, n.º 8,
impugnados, ficam necessitados de CRP – que o Professor Miguel Teixeira de
prova porque a admissão por acordo Sousa aplica por analogia ao Processo
não é admissível nos termos do Civil.
574/2/ultima parte do CPC).

Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


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Objeto da Prova
Artigo 410.º, 591./1/f), 596.º do CPC

Factos Principais + Factos Destes factos principais ou complementares quais


são os necessitados de prova que podem integrar o Factos que não carecem de
Complementares prova = não vão para os
objeto de prova?
temas de prova – 596.º
O juiz, num processo regido pelo
Ou seja, quais são os factos que podem ir para o
princípio dispositivo, só pode despacho de temas de prova (art. 596.º do CPC)? I ) Os factos admitidos por
servir-se, para decidir o pleito, dos
acordo por falta de impugnação
factos articulados pelas partes (art. i) Factos Controvertidos: os factos que são (art. 574.º, n.º 2);
5.º, n.º 1) e dos factos alegados por uma das partes e
complementares ou concretizadores impugnados pela outra (art. 574.º, n.º2 do
adquiridos durante a instrução (art. CPC) II) Os que tenham sido
5.º, n.º 2, al. b.). confessados por uma das partes
ii) Os factos que, ainda que não
impugnados, não possam ser Delimitação negativa:
confessados ou que só possam ser
provados por documento escrito (art.
574.º, n.º 2). Não se provam regras jurídicas.
Excepto o preceituado no artigo
Factos objeto iii) Os factos não impugnados pelo 348.º do CC.
de prova = são Ministério Público ou por advogado
os factos que oficioso que represente incapazes,
constituem os ausentes e incertos (art. 574/4.º do CPC);
temas de prova.
iv) Os factos que não foram impugnados
numa situação de revelia inoperante (art.
567.º, n.º 1, e 568.º, al. b) a d) do CPC.

Modalidades de Prova Graus de Prova


Pré-Constituída/Constituenda: Graus de Prova referem-se ao objeto da
convicção que o juiz tem ou pode ter perante um
A prova pré-constituída é aquela que é constituída fora e, normalmente, antes do determinado facto.
processo; é o caso, por exemplo, da prova documental:
A hipótese, verosimilhança e verdade são as
Procedimento: i) Indicação ou junção do meio de prova pelas partes (art. 423.º, n.º 1, 552.º, n.º 2, 572.º, al. d), referências possíveis dos graus de prova.
588.º, n.º 5, e 598.º, n.º 1 e 2 do CPC) à Aceitação ou rejeição pelo tribunal do meio de prova junto pela parte
(art. 442.º, n.º 1, e 443.º, n.º 1 do CPC) à pronúncia da contraparte sobre o meio prova indicado ou junto (art.
415.º, n.º 1 e 2 2.ª parte; art. 416.º do CPC), à Avaliação da prova; a prova documental, que constitui o principal A prova stricto sensu – fundamenta a convicção da
exemplo de prova pré-constituída, é, em regra, uma prova legal (art. 371.º, n.º 1, 374.º, n.º 1, 376.º, n.º 1, e 377.º verdade. Na prova stricto sensu o tribunal só tem a opção
CC). de considerar o facto verdadeiro ou não verdadeiro.

A prova constituenda é aquela que se constitui no processo pendente; é a hipótese, por Mera Justificação - A mera justificação basta-se com a
exemplo, da prova testemunhal. Procedimento igual excepto: –Avaliação da prova; a prova constituenda demonstração de que o facto é verosímil. Ela só exige
é livremente apreciada pelo tribunal (art. 607.º, n.º 5 do CPC art. 389.º, 391.º e 396.º CC). que o tribunal forme uma convicção sobre a aparência
de verdade do facto.
Simples e complexa: Nota (MTS): O que distingue a prova stricto sensu da mera
justificação é a sua referência: A prova stricto sensu toma como
A prova pode incidir sobre o facto probando ou sobre um facto probatório do qual se retira referência a verdade do facto; ela pode servir-se de uma
probabilidade para estabelecer essa verdade, mas exige-se que o
o facto probando. Este é o critério de distinção entre prova simples e complexa.
tribunal forme a convicção sobre a verdade do facto. Assim a
verosimilhança não deve ser confundida com a probabilidade.
Simples: Se o meio de prova se refere ao próprio facto probando, há apenas uma relação entre o
meio de prova e o facto probando: nesta hipótese, a prova é simples. Ex: documento escrito para provar A mera justificação, porque é um grau de prova menos
a celebração do contrato de arrendamento; exigente do que a prova stricto sensu, só é suficiente nas
situações previstas na lei. É o que acontece, atendendo à
Complexa: Se o meio de prova respeita a um facto probatório, há uma relação entre o meio de celeridade exigida para o seu decretamento e ao seu
prova e o facto probatório e uma carácter provisório, nas providências cautelares, que
– outra
. relação entre o facto probatório e o facto probando. Ex:
exigem apenas uma verosimilhança da existência do
Presunções Legais. Estrutura das Presunções Legais: i) facto que serve de base à presunção (pode
ser um meio de prova qualquer, por ex. um documento) + nexo lógico que se estabelece pelo direito.
legislador = facto presumido (facto probando).
Princípio de Prova – hipótese. O princípio de prova é
Provas por Presunção: base legal – artigo 349.º do CC: o menor grau de prova: ele vale apenas como factor
corroborante para a prova de um facto. Esta convicção
Presunções Legais: 350.º do CC não é relevante enquanto não for confirmada por outras
- Ilidível faz prova plena, logo só por ser afastada com prova em contrário (347.º do CC). Atenção! Aqui o provas, ou seja, o princípio de prova não tem nenhum
que se “afasta” é o facto probando/facto presumido. Porque o facto base da presunção (que é obtido através valor probatório próprio.
de um meio de prova qualquer) esse pode ser afastado ou com contraprova – 346.º do CC, (se por exemplo o
meio de prova fizer prova bastante), ou se o facto base for através de documento particular autenticado e fizer
prova plena, então aí o facto probatório/facto base só pode ser afastado com prova em contrário (317.º do
CC).
- Inilidível – o facto probando/presumido faz prova pleníssima, portanto não admite a prova em contrário.
(art. 350/2.º parte final). No entanto o facto base por ser “afastado”, mais uma vez depende do meio de prova
que estiver por base do facto probatório/facto base.

Presunções Judiciais: 351.º do CC Descarregado por Pinto Pereira (pintopereira1993@gmail.com)


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A Força Probatória da Prova Legal Ónus da Prova – Art. 342.º do CC


Depois do juiz fixar os temas da prova (artigo 596.º do CPC)
Partindo da força probatória distingue-se entre a prova bastante, prova plena e a prova é que nos surge o problema do ónus da prova.
pleníssima. A distinção refere se a provas no sentido de meios de prova e, apenas à prova
legal (prova cujo valor de convencimento é imposto pela lei ao juiz). Assim a classificação não se Objecto do ónus da prova: incide apenas sobre os factos
aplica: controvertidos, isto é, sobre os factos alegados por uma parte
e impugnados pela outra.
i) À prova legal negativa (ilícita), isto é, à prova que a lei proíbe que convença
o juiz (por exemplo, art. 32.º, n.º 8, CRP; Os factos não impugnados consideram-se admitidos por
acordo (regra geral) - (art. 574.º, n.º 2), o que significa que não
ii) À prova livre ou não legalmente regulada no seu valor ( art. 607.º, n.º 5 do só não necessitam de prova, como não admitem prova do
CPC). contrário.

Distribuição do ónus da prova:


i) Prova Bastante – cede perante contraprova (dúvida)
O art. 342.º CC podem ser retiradas as seguintes regras:
A prova bastante é aquela em que, na ausência de qualquer dúvida em contrário, a lei
permite como fundamento da convicção do juiz, mas que cede perante contraprova. I ) Àquele que invocar um direito cabe fazer a prova dos
factos constitutivos do direito alegado (art. 342.º, n.º 1,
Chama se contraprova à actividade, que têm como eficácia lançar no espírito do CC); portanto, quem invoca um direito tem o ónus de provar os respectivos
julgador uma dúvida séria acerca da verdade dos factos que foram objecto deste tipo factos constitutivos; correspondentemente, aquele que invoca, numa acção
de prova (cf. art. 346.º CC) de apreciação negativa, a inexistência de um direito tem o ónus de provar
os factos que fundamentam essa inexistência;

ii) Prova Plena – cede perante prova em contrário II ) A prova dos factos impeditivos, modificativos ou
extintivos do direito invocado (ou seja, a prova das
excepções peremptórias) compete àquele contra quem a
A prova plena é aquela que só cede perante a prova do contrário, que consiste na invocação do direito é feita (art. 342.º, n.º 2, CC), isto é, ao réu
prova do facto contrário do facto provado e, por isso, na negação interna de um (normalmente), por isso é que se costuma dizer que o réu quando alega
enunciado (artigo 347.º do CC). exceções perentórias é autor, porque é ele que as tem de provar.

Exceção: embora o art. 342.º, n.º 2, CC imponha ao réu a prova do


facto modificativo, tem de fazer se uma distinção: os factos
iii) Prova Pleníssima; modificativos favoráveis ao autor (como, por exemplo, a verificação
da condição suspensiva: art. 343.º, n.º 3, CC) são de provar por este,
os favoráveis ao réu (como, por exemplo, a excepção de não
A prova pleníssima é aquela que, por lei, não admite sequer prova do contrário, cumprimento: art. 428.º, n.º 1, CC), pelo mesmo réu.
ou seja, nem sequer aceita a prova do contrário do facto provado (art. 350/2.º
do CC). Ex. Presunção inilidível (presunções da insolvência culposa – 186.º do Em caso de Dúvida? O artigo 342/3.º do CC resolve.
CIRE).
Artigo 343.º do CC:

Como nas acções de simples apreciação negativa a alegação dos factos


constitutivos da situação negada pelo autor compete à parte passiva,
é o réu a parte onerada com a demonstração desses factos
constitutivos (art. 343.º, n.º 1, CC), cabendo ao autor, nos termos
gerais (por aplicação do art. 342.º, n.º 1, CC), a prova dos factos
impeditivos, modificativos ou extintivos da situação jurídica para a
qual é requerida a apreciação negativa (cf. art. 584.º, n.º 2).
Inversão do Ónus da Prova
Art. 344.º do CC
A inversão do ónus da prova pode suceder por força da lei (344.º do CC) ou por vontade das partes Quando o juiz tem Dúvidas sobre os
(art. 345.º do CC).
factos? – Funcionamento do ónus
Dá se a inversão legal do ónus da prova quando existe presunção legal, dispensa ou liberação do
ónus da prova (art. 344.º, n.º 1, CC) ou quando a parte contrária tiver culposamente tornado
impossível a prova do onerado (art. 344.º, n.º 2, CC.) O art. 414.º do CPC -Princípio a observar em caso de
dúvida, estabelece que o jogo de regras do ónus da prova
i) Quanto haja presunção legal – p.ex. art. 799.º do CC resolve o problema da dúvida irredutível: a dúvida sobre a
realidade de um facto e sobre a repartição do ónus da prova
ii) Liberação/dispensa do ónus da prova - se alguém, por simples declaração resolve se contra a parte a quem o facto aproveita (art. 346.º
unilateral, prometer uma prestação ou reconhecer uma dívida, sem a indicação da in fine CC).
respectiva causa, o credor fica dispensado de provar a relação fundamental até à
prova da inexistência desta relação (art. 458.º, n.º 1, CC); Exemplo: numa acção de condenação, a dúvida sobre a existência
do mútuo (facto constitutivo, favorável ao autor) resolve-se contra o autor (que
iii) Quando a prova tenha sido culposamente impossibilitada pela contraparte tem o ónus da prova) pela absolvição do réu.
(art. 344.º, n.º 2, CC) - Ex. Um médico, demandado numa acção de
responsabilidade civil, destruir a ficha clínica de que o autor se poderia
O art. 414.º resolve esta dúvida considerando que o facto não
servir para fazer prova da inadequação do tratamento, é àquele demandado
é verdadeiro. O art. 414.º não se destina a resolver dúvidas
que incumbe a prova da sua adequação à situação clínica do demandante.
sobre provas, mas antes dúvidas sobre factos.
iv) Contratos Probatórios – Inversão Convencional – artigo 345.º do CC

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Meios de Prova

Noção: Os meios de prova são as fontes de convicção do tribunal sobre a veracidade (ou a verosimilhança) de um facto controvertido.

O enunciado dos meios de prova encontra-se nos art. 341.º a 396.º CC: esta localização decorre da circunstância de a enumeração dos meios de prova
admissíveis integrar o direito probatório material.

Meios de Prova Nominados

Presunções – Prova por confissão Prova documental Prova pericial Prova por Prova testemunhal
artigo 349.º a das partes – artigo (art. 362.º a 387.º (art. 388.º e inspecção (art. 392.º a 396.º
352.º a 361.º do CC (art. 390.º e 391.º
351.º do CC CC) 389.º CC) CC)
CC)
A este propósito, da
confissão prova, que é A perícia pode ser As testemunhas são
Presunções Procedimento: em
requerida pelas
Artigo 490.º do
uma figura diferente da relação ao tribunal CPC. designadas pelas partes,
Legais – artigo confissão do pedido, partes (art. 467.º, n.º
436.º do CPC numa peça chamada rol de
350.º do CC prevista no art. 277.º, al. 1 do CPC)
testemunhas,. O rol deve
O resultado da
d), e regulada nos art. ser apresentado com os
Em relação às partes Ou pode ser inspecção é livremente
287.º a 291.º como forma
Presunções de extinção da instância. 423.º do CPC +552/2.º determinada pelo apreciado pelo articulados (art. 552.º, n.º
tribunal (art. 391.º CC; 2, 572.º, al. d), e 588.º, n.º
Judiciais – artigo juiz (art. 467.º, n.º 1,
art. 607.º, n.º 5 do
351.º do CC Art. 355..º do CC: 477.º e 487º, n.º 2 do CPC.)
5) e pode ser alterado ou
Confissão Judicial – a que CPC. aditado até 20 dias antes da
é feita em juízo (355/2.º data da realização da
do CC). A força probatória da audiência final (art. 598.º,
Confissão Extrajudicial: perícia é apreciada
livremente (art. 389.º
n.º 2 do CPC
355/4.º do CC
CC; art. 489.º CPC-

Prova Documental

A principal classificação dos documentos (escritos) é a que os distingue:

i) Autênticos (oficiais, e extra oficiais ou notariais);

• Documentos exarados, com as formalidades legais, pelas autoridades públicas nos limites da sua competência; são os documentos autênticos oficiais;

• Documentos exarados, com as formalidades legais, dentro do círculo de actividade que lhe é atribuído, pelo notário ou outro oficial público provido
de fé pública; são os documentos autênticos extra-oficiais ou notariais.

Força Probatória: Os documentos autênticos fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim
como dos factos que neles são atestados com base nas percepções da entidade documentadora (art. 371.º, n.º 1 1.ª parte, CC).

Ex: Se A declara numa escritura pública que pagou € 10.000 a B e este que os recebeu, a escritura pública só faz prova plena da declaração (a qual pode ser uma confissão de B e fazer
prova plena como tal), a não ser que o pagamento haja sido efectuado ante o no-tário; nessa altura, o próprio facto do pagamento é autenticamente atestado.

ii) Particulares (autenticados, com reconhecimento notarial presencial ou por semelhança e simples) (art. 363.º, n.º 1, CC).

• Documentos autenticados, que são os documentos confirmados pelas partes, perante notário, nos termos prescritos nas leis notariais (art. 363.º, n.º 3,
CC), ou seja, são os documentos objecto de autenticação (art. 150.º, n.º 1, CNot)

Força Probatória: Os documentos particulares autenticados nos termos da lei notarial têm a força probatória dos documentos autênticos (art. 377.º CC). Isto
significa que fazem prova plena dos factos que referem como praticados pela autoridade ou oficial público respectivo, assim como dos factos que neles são
atestados com base nas percepções da entidade documentadora (art. 371.º, n.º 1 1.ª parte, CC).

• Documentos com reconhecimento notarial, que são os documentos particulares cuja letra e assinatura, ou cuja assinatura, se mostrem reconhecidas
por notário (art. 51.º, n.º 4, CNot);

• Documentos simples, que são os documentos escritos ou assinados por qualquer pessoa, sem intervenção alguma de funcionário público ou notário.

Força Probatória:

Documentos não assinados pelo seu autor; estes documentos são livremente apreciados pelo julgador, com excepção dos registos e outros escritos onde
habitualmente alguém tome nota dos pagamentos que lhe são efectuados (art. 380.º, n.º 1, CC), da nota escrita pelo credor, ou por outrem segundo instruções
dele, em seguimento, à margem ou no verso do documento que ficou em poder do credor (art. 381.º, n.º 1, CC) e dos livros de escrituração comercial (art. 44.º
CCom);

Documentos assinados pelo seu autor; estes documentos, quando genuínos, fazem prova plena quanto às declarações atribuídas ao seu autor (art. 374.º, n.º
1, e 376.º, n.º 1, CC).
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Prova por Confissão

Noção: O art. 352.º CC define confissão como o reconhecimento que a parte faz da realidade de um facto que lhe é desfavorável
e favorece a parte contrária.

Confissão Judicial vs. Extrajudicial.

Confissão Judicial - pode ser espontânea ou provocada:

a) A confissão judicial espontânea é, nos termos do art. 356.º, n.º 1, CC, a que é feita no processo por iniciativa do próprio
confitente (art. 356.º, n.º 1, CC).

b) A confissão judicial é provocada é, segundo o disposto no art. 356.º, n.º 2, CC, aquela que é feita em depoimento de parte,
requerido pela contraparte ou ordenado (art. 452.º, n.º 1 do CPC), ou na sequência da prestação de informações ou de
esclarecimentos ao tribunal nos termos do art. 7.º, n.º 2.

Nota: O Depoimento de Parte é diferente do pedido de esclarecimento de informações (7.º/2 do CPC). O pedido de esclarecimento de
informações só vale como depoimento de parte se levar à confissão, mas não é esse o intuito principal do regime do artigo 7/2.º do CPC.
– MTS)

Confissão Simples, Qualificada e Complexa

a) Confissão simples é aquela em que o facto desfavorável é reconhecido sem qualquer reserva ou condição ou sem a
invocação de qualquer facto susceptível de afectar o seu efeito.

b) Confissão qualificada é aquela em que o facto é reconhecido com outra qualificação ou eficácia jurídica (por exemplo: a
parte reconhece que recebeu a quantia pretendida pelo autor, mas como doação, e não como mútuo).

c) Confissão complexa é aquela em que, conjuntamente com o reconhecimento do facto desfavorável, a parte alega um
outro que destrói o efeito da confissão.

Admissibilidade:

A confissão não é admissível nas seguintes situações:

a) Quando seja declarada insuficiente por lei ou recaia sobre facto cujo reconhecimento ou investigação a lei proíba (art.
354.º, al. a), CC), como sucede, por exemplo, quando a lei exija, como forma da declaração negocial, documento autêntico,
autenticado ou particular (art. 364.º, n.º 1, CC);
b) Quando recaia sobre factos relativos a direitos indisponíveis (art. 354.º, al. b), CC), como são, por exemplo, aqueles que
se referem ao estado das pessoas.
c) Quando incida sobre factos impossíveis ou notoriamente inexistentes (art. 354.º, al. c), CC).

Força Probatória:

Distinção entre confissão escrita e a confissão não escrita:

a) Confissão Escrita faz prova plena (art. 358.º, n.º 1, CC);


b) Confissão não Escrita – designadamente a feita em depoimento de parte, prestado oralmente perante o tribunal – é livremente
apreciada pelo tribunal (art. 358.º, n.º 4, CC).

A confissão extrajudicial segue a regra segundo a qual a confissão tem o valor probatório do meio pelo qual é comunicada ao
tribunal. Assim, se for comunicada ao tribunal por documento autêntico ou autenticado, faz prova plena contra o confitente (art.
371.º, n.º 1, CC); se por testemunhas, por exemplo, não faz prova plena (art. 358.º, n.º 2, CC).

Fazer sempre a distinção entre Depoimento de Parte vs. Declarações de Parte: As partes podem requerer, até ao início das
alegações orais em 1.ª instância, a prestação de declarações sobre factos em que tenham intervindo pessoalmente ou de que tenham
conhecimento directo (art. 466.º, n.º 1 do CPC).

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Prova Testemunhal

Noção: A prova testemunhal é a que resulta da transmissão ao tribunal, por certa pessoa, de informações de facto que interessam
à decisão da causa, e que foram pela mesma pessoa adquiridas sem que para isso tenha sido encarregada pelo tribunal.

Admissibilidade:

A prova testemunhal é admissível em todos os casos em que não seja directa ou indirectamente afastada (art. 392.º CC).

A prova testemunhal está excluída nas seguintes situações:

a) Contra ou em substituição do conteúdo de documento autêntico ou particular, isto é, para prova de convenções
contrárias ou adicionais ao conteúdo desses documentos (art. 394.º, n.º 1, CC); exceptua-se a hipótese de haver um
documento que constitua um princípio de prova e a prova testemunhal se destinar a completar este começo de prova
ou de a prova ser realizada por terceiros (art. 394.º, n.º 3, CC);

b) Contra meio de prova com força probatória plena, isto é, para prova do contrário de facto plenamente provado por
documento ou por outro meio de prova (art. 393.º, n.º 2, CC). A prova testemunhal não é admissível para provar uma declaração
contrária àquela que está coberta pela força probatória plena decorrente do reconhecimento ou não impugnação da letra ou da assinatura pela
parte contra quem o documento é apresentado (art. 376.º, n.º 1, CC)

c) Contra documento exigido pela lei ad probationem ou ad substantiam (art. 393.º, n.º 1, CC; art. 364.º CC), excepto
se a prova testemunhal for utilizada quanto à interpretação do documento (art. 393.º, n.º 3, CC);

d) Para prova dos contratos extintivos da relação obrigacional – como a novação (cf. art. 857.º CC) e a remissão (art.
863.º, n.º 1, CC) – e dos factos extintivos da obrigação –como o cumprimento (cf. art. 762.º, n.º 1, CC) e a compensação
(cf. art. 847.º, n.º 1, CC), se a declaração negocial houver de ser ou estiver reduzida a escrito ou se o facto estiver
plenamente provado por documento (art. 395.º CC).

Força Probatória:

A força probatória dos depoimentos das testemunhas é apreciada livremente pelo tribunal (art. 396.º CC). A livre apreciação
da prova testemunhal é uma consequência das patologias que podem afectar o valor do depoimento da testemunha (MTS).

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