Você está na página 1de 4

ATIVIDADE PRÁTICA

ALUNO: MARCOS ANDRÉ OMENA PAULINO

Após o fim do relacionamento, o ex-namorado da jovem compartilhou,


pelo Whatsapp, fotos íntimas dela, quando assim agiu o “cidadão” detinha 17
anos e 11 meses. Após três meses da inserção, a ex-namorada constatou que
fazia parte de algumas páginas eróticas, logo sua exposição causara danos
psicológicos inimagináveis.

Neste caso, a ex-namorada interpõe demanda reparatória por danos


morais, contra o ex-namorado, determinando a participação apenas da mãe do
mesmo, visto ser a mesma detentora da guarde desse... “cidadão”. Embora o
réu tenha seu genitor, este é criado pelo padrasto. Analisando o caso em
apreço, foi julgada improcedente, com base na conduta exteriorizada, isto é
levando em consideração o tempo da ciência da autora do ato ilícito criado pelo
ex-namorado, logo, nessa fase, o mesmo já era maior de idade, portanto o
mesmo deveria responder pessoalmente, devendo os pais serem excluídos.

Deve-se produzir uma demanda reparatória por danos morais. Levando


em consideração a condição da parte passiva você intentará a demanda em
face do filho ou dos pais?

Nessa senda, tente justificar os motivos que ensejam postular os danos


morais

Neste caso a responsabilidade de figurar em ação indenizatória em


sede de 1º grau é da genitora, pois detém a guarda unilateral do até então
menor.
Devemos considerar o momento ocorrido em que se deram os fatos,
mesmo que posteriormente tenha sido feito o ajuizamento da ação. Desse
modo, deverá a parte autora incluir a genitora do “cidadão” no pólo passivo da
ação, fato posto o “cidadão” era menor à época do fato.
Conforme disposto no art. 928 do Código Civil:

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as


pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá
ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas
que dele dependem.

Demonstrada a prática de ato ilícito cometido por menor, deve ele ser
responsabilizado pelo prejuízo causado, arcando solidariamente com a
reparação os seus genitores, estando o infante sob a sua autoridade “e
companhia” (art. 932 , I , CC ). Grifo nosso.

Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas
mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos,
no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se
albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes,
moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a
concorrente quantia.

Dessa forma, deverá a genitora compor o pólo passivo da ação. Uma


vez que o filho era menor à época dos fatos e; embora sendo solidária a
participação dos pais, o pai detinha poder familiar mas não convivia com o filho.

Segundo a jurisprudência dominante, a responsabilidade dos pais


resulta antes da guarda do que do poder familiar. Em caso de guarda unilateral,
responde somente o genitor que a tem, embora ambos sejam detentores do
poder familiar.

Na doutrina mais recente, Tartuce (2012) disserta sobre a controvérsia


da questão e posiciona-se no sentido de dar interpretação literal ao enunciado
do inciso I do artigo 932 do Código Civil, concluindo que o pai que não tem a
guarda não será responsável pelos danos causados pelo filho menor, assim
entendido também por Cavalieri Filho (2012, p. 208-209), ao dispor que “no
caso de pais separados, […] a responsabilidade será daquele (pai ou mãe) que
tem o filho sob sua posse e guarda”.
Enaltecendo a importância deste estudo e a polêmica gerada por seus
duplos entendimentos, o Superior Tribunal de Justiça, recentemente, editou
informativo contendo o seguinte julgado:

“DIREITO CIVIL. HIPÓTESE DE INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE


CIVIL DA MÃE DE MENOR DE IDADE CAUSADOR DE ACIDENTE. A mãe que, à
época de acidente provocado por seu filho menor de idade, residia
permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor – sobre
quem apenas o pai exercia autoridade de fato – não pode ser responsabilizada
pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando que ela não
deixou de deter o poder familiar sobre o filho. A partir do advento do CC/2002, a
responsabilidade dos pais por filho menor (responsabilidade por ato ou fato de
terceiro) passou a embasar-se na teoria do risco, para efeitos de indenização. Dessa
forma, as pessoas elencadas no art. 932 do CC/2002 respondem objetivamente
(independentemente de culpa), devendo-se, para tanto, comprovar apenas a culpa na
prática do ato ilícito daquele pelo qual os pais são legalmente responsáveis. Contudo,
nos termos do inciso I do art. 932, são responsáveis pela reparação civil "os pais,
pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia". A
melhor interpretação da norma se dá nos termos em que foi enunciada, caso contrário,
bastaria ao legislador registrar que os pais são responsáveis pelos filhos menores no
tocante à reparação civil, não havendo razão para acrescentar a expressão "que
estiverem sob sua autoridade e em sua companhia". Frise-se que "autoridade" não é
sinônimo de "poder familiar". Esse poder é um instrumento para que se desenvolva, no
seio familiar, a educação dos filhos, podendo os pais, titulares desse poder, tomar
decisões às quais se submetem os filhos nesse desiderato. "Autoridade" é expressão
mais restrita que "poder familiar" e pressupõe uma ordenação. Assim, pressupondo
que aquele que é titular do poder familiar tem autoridade, do inverso não se cogita,
visto que a autoridade também pode ser exercida por terceiros, tal como a escola. No
momento em que o menor está na escola, os danos que vier a causar a outrem serão
de responsabilidade dela, e não dos pais. Portanto, o legislador, ao traçar que a
responsabilidade dos pais é objetiva, restringiu a obrigação de indenizar àqueles que
efetivamente exercem autoridade e tenham o menor em sua companhia. Nessa
medida, conclui-se que a mãe que não exerce autoridade de fato sobre o filho, embora
ainda detenha o poder familiar, não deve responder pelos danos que ele
causar. REsp 1.232.011-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em
17/12/2015, DJe 4/2/2016.”

Você também pode gostar