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1.

Responsabilidade civil no Direito brasileiro: pressupostos e


espécies

O objetivo da Responsabilidade civil é reparar o dano causado que tenha


levado a diminuição do bem jurídico da vítima, sendo que sem dano não há
reparação, só podendo existir a obrigação de indenização quando existir dano,
que pode ser de ordem material ou imaterial.

 
 Por Vanderlei Ramos
DIREITO CIVIL | 02/NOV/2014
  
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A responsabilidade civil parte do posicionamento que todo aquele que violar um
dever jurídico através de um ato lícito ou ilícito, tem o dever de reparar, pois
todos temos um dever jurídico originário o de não causar danos a outrem e ao
violar este dever jurídico originário, passamos a ter um dever jurídico
sucessivo, o de reparar o dano que foi causado. O ato jurídico é espécie de
fato jurídico (Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, Ed.
Atlas, 2008, p.2).

Fato jurídico é todo acontecimento da vida que o Direito considera relevante,


são os fatos que o Direito pode ou deve interferir. Podem ser naturais,
acontecidos pela força da natureza, como entre outros, o nascimento, morte,
tempestade, ou voluntários quando são causados por condutas humanas que
podem ser atos lícitos ou ilícitos. Os lícitos são os que estão de acordo com a
lei produzindo efeitos em conformidade com o ordenamento jurídico. Os ilícitos
são os que estão em desacordo com o ordenamento jurídico logo produzem
efeitos, que de acordo com as normas legais causam um dano ou um prejuízo
a alguém, com isso criam uma obrigação de reparar o dano que foi causado,
conforme visto no art. 186 e art. 927 do Código Civil onde estão as seguintes
previsões "Aquele que por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente
moral comete ato ilícito" e "Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo". (Gonçalves, Carlos Roberto, Direito
Civil brasileiro, Ed. Saraiva, 2007, p.13,14).

Contudo, é necessário entender o significado da palavra "Responsabilidade"


que tem origem no verbo do Latin "Respondere", significando então que
quando alguém diante uma ação ou omissão causa um dano tem a obrigação
de responder, assumindo as consequências que este dano tenha causado.
Trazendo assim uma ordem jurídica na sociedade (Gagliano, Pablo Stolze,
Novo Curso de Direito Civil. Resp. Civil. Ed. Saraiva, 2011, p. 43, 44). Para
Carlos Alberto Bittar a reparação do dano traria na verdade um equilíbrio, o
qual a parte lesada voltaria ao seu estado anterior como se nada tivesse
acontecido (Gagliano, Pablo Stolze, Novo Curso de Direito Civil. Resp. Civil.
Ed. Saraiva, 2011, p.47).

Ainda, nas palavras de San Tiago Dantas o principal objetivo da ordem jurídica
é "proteger o lícito e reprimir o ilícito. Vale dizer: ao mesmo tempo em que ela
se empenha em tutelar a atividade do homem que se comporta de acordo com
o Direito, e reprimi a conduta daquele que contraria". (Programa de Direito Civil,
V. I/ 341, Ed. Rio).

1.1. Pressupostos da responsabilidade civil

1.1.1 Ação, Omissão e imputabilidade

As condutas humanas que venham a causar um dano são na maioria da vezes


cometidas por uma ação que se originam de um fazer, ou seja, um movimento
corpóreo comissivo, uma ação voluntária que causa um prejuízo, dano ou lesão
a alguém. Diferente da omissão onde temos um não fazer, uma pessoa que
não age quando poderia e com isso permite que alguém diante um risco ou
uma situação de perigo venha a sofrer um dano ao patrimônio ou uma lesão a
si própria.

Porém a Responsabilidade Civil não pode ser atribuída a todos é necessário


verificarmos se o agente causador do dano é imputável, se a pessoa ao
cometer um ato lesivo possuía condições psíquicas ou condições de responder
por este ato, pois ao atribuir responsabilidade estamos atribuindo o dever de
responder, e uma pessoa pode ser inimputável por seus atos devido as suas
condições mentais ou devido a sua menoridade, na opinião de Savatier "quem
diz culpa diz imputação. E que um dano previsível e evitável para uma pessoa
pode não ser para outra, sendo iníquo considerar de maneira idêntica a
culpabilidade do menino e a do adulto, do leigo e do especialista..."(Gonçalves,
Carlos Roberto, Direito Civil brasileiro, Ed. Saraiva, 2007, p.18).

1.1.2 Danos materiais e imateriais

Como já visto o objetivo da Responsabilidade civil é reparar o dano causado


que tenha levado a diminuição do bem jurídico da vítima, sendo que sem dano
não há reparação só podendo existir a obrigação de indenização quando existir
dano, este pode ser material, causado diretamente a vítima ou seu patrimônio,
ou ainda imaterial, causado a personalidade, honra, imagem, liberdade e etc.
Mais uma vez vale a pena lembrar que quando há dano a obrigação de reparar
e para isso não importa a natureza do dano sendo ele material ou imaterial.

O dano material é todo dano causado ao bem jurídico de valor econômico,


pode ser uma agressão diretamente a vítima e com isso causar despesas
médicas ou uma avalia a um bem que faz parte do seu patrimônio, que por sua
vez pode ser reparado de forma "in natura", ou seja, pode ser trocado por outro
semelhante, ou em pecúnia, em dinheiro, a reparação pode ser pelo valor do
conserto ou valor do bem, logo entende-se como exemplo o veículo é um bem
material que tem valor econômico para o dono e aquele que causar dano terá
que reparar com outro semelhante ao primeiro, ou indenizar no valor do
conserto ou no valor do bem.

Sendo uma das espécies de dano material os danos emergentes, é nada mais
do que o valor direto da reparação, trazendo para a vítima a situação em que
ela se encontrava antes do dano, o exemplo mais comum é no caso de um
acidente de trânsito com perda total do veículo, o dano emergente é o valor do
mesmo antes do acidente ou com perda parcial o dano emergente seria o valor
do conserto, ou seja quando alguém comete um dano está obrigado a reparar e
a reparação se dá quando o agente causador indeniza a título de danos
emergentes (Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, Ed.
Atlas, 2008 p.72).

Como também temos outra espécie de dano material, são os lucros cessantes,
o propósito de indenizar com base em lucros cessantes está na possibilidade
da pessoa ter um dano e com isso deixar de lucrar, como no exemplo acima se
o veículo fosse um táxi, o valor do conserto é o dano emergente como já visto,
mas o tempo em que o táxi ficaria na oficina para o conserto é o tempo que o
taxista deixou de trabalhar, logo teria um lucro que ele deixaria de receber.
Este lucro deve ser calculado conforme o lucro que ele teve em outros dias em
que trabalhou ou com base em outros taxistas do mesmo ponto, multiplicando
pelo número de dias em que ficou sem o táxi, como exemplo se o táxi ficar
cinco dias no conserto e cada dia o taxista teria um lucro de R$: 50,00, basta
multiplicar 5 dias pelos R$: 50,00, logo o valor dos lucros cessantes ficariam
em R$: 250,00.

Sendo possível um valor integral de indenização e podendo ser cumulado com


danos emergentes, visto art. 403 Código Civil, a expressa determinação em
que as perdas e danos incluem tanto os prejuízos efetivos como os lucros
cessantes.

E ainda, indenização por perda de uma chance como vimos para existir
indenização precisa existir dano, podendo ser material ou moral, efetivo ou
lucros que poderiam ser recebidos futuramente, em regra precisa mostrar a
culpa do agente causador, porém há situações onde a responsabilidade existe
independente de culpa, mas uma coisa é certa precisa existir o dano de forma
certa e imediata com base no art. 403 Código Civil, não sendo possível
indenizações de danos imaginários ou de meras hipóteses, sendo necessário
de mostrar nexo causal entre o dano e o fato que o gerou.

Já no consiste o dano imaterial não está ligado ao patrimônio da vítima, mas


sim a todos os direito de personalidade como a honra, a imagem, a liberdade,
conforme disposto no art. 5º, V e X, da Constituição Federal (Gonçalves, Carlos
Roberto, Direito Civil brasileiro, Ed. Saraiva, 2007, p.357). Trata-se de um dano
ou lesão cujo conteúdo não é pecuniário, pois não está relacionado ao
patrimônio da vítima, mas sim a sua imagem e reputação, como ela é vista na
sociedade e o que as pessoas pensam sobre ela (Gagliano, Pablo Stolze, Novo
curso de Direito Civil, Ed. Saraiva, 2011, p. 86).

Conforme disposto no art. 186 do Código Civil de 2002, aquele que causar


dano a outrem, ainda que exclusivamente moral comete ato ilícito, não sendo
apenas indenizados os danos materiais como também possível a sua
cumulação, pois o fato de indenizar um dano material não exclui a ofensa
sofrida de forma moral, mas apesar de não ter sido exposto no código de 1916,
ao longo dos anos se observa que os julgados já reconheciam danos a moral, o
que mostra que mesmo sem ter sido disposto na legislação não havia
impedimentos para indenizações de ofensa moral, ou seja ao ânimo psíquico,
moral, intelectual da vítima, contudo o Código de 2002 trouxe expressa esta
possibilidade de reparação, aos danos morais, por questões culturais uma vez
que no direito positivo se leva muito em conta a norma escrita, porém deve-se
levar em conta que não é qualquer dano vindo de um dissabor da vida,
qualquer aborrecimento comum do dia a dia que vai levar ao tal chamado dano
moral, o que levará sempre o magistrado levar em conta o caso em si e as
repercussões, tanto para reconhecer o dano como também para medir o valor
da reparação (Venosa, Sílvio de Salvo, Direito Civil, 10ª Edição, Ed. Atlas,
2010, p.49).

Segundo Cavalieri "Como se vê hoje o dano moral não mais se restringe a dor,
tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens personalíssimos
- os complexos de ordem ética -, razão pela qual revela-se mais apropriado
chamá-lo de dano imaterial ou não patrimonial, como ocorre no Direito
Português. Em razão dessa natureza imaterial é insusceptível de avaliação
pecuniária, podendo apenas ser compensado com a obrigação pecuniária
imposta ao causador do dano, sendo mais uma satisfação do que uma
indenização".

1.1.3 Nexo causal e suas excludentes de responsabilidades

Para atribuir a responsabilidade a alguém é preciso verificar se há nexo causal,


ou seja, se a conduta praticada pelo agente infrator está relacionada com o
dano que a vítima sofreu, se a resposta for sim, logo o agente causador
responde pelo dano que causou a vítima, tendo que indenizar a vítima
reparando seu erro, seja o dano de ordem material ou imaterial.

Porém não é tarefa fácil, em muitas situações, analisar quais as causas que
geraram o dano e se existem concausas que contribuíram para que o evento
danoso acontecesse, para auxiliar nesta tarefa existem três teorias que são
utilizadas como base para entender se houve nexo de causalidade e se esta
deu causa ao dano, são elas: a teoria da equivalência das condições, a teoria
de causalidade adequada e a teoria direta ou imediata.

Criada pelo jurista alemão Von Buri, na metade do século XIX, a teoria da
equivalência das condições apresenta que todos os fatores que contribuíram
para que o prejuízo acontecesse, são consideradas causas, bastando estar
presente qualquer fato que direta ou indiretamente tenha servido para que o
resultado fosse o dano, estaria este fato concorrendo com outras concausas,
visão bastante ampla que sofre sérias críticas, pois poderia dizer então que
uma pessoa que dispara com uma arma de fogo contra outra causando a morte
desta, responderia neste caso não apenas o autor do disparo, mas também
quem fabricou a arma, quem vendeu ou até mesmo quem inventou a pólvora.

Em relação a tudo isso boa parte dos jurista na área penal entendem que
responde apenas quem está diretamente ligado ao evento que causou o dano,
não respondendo aqueles que de forma indireta teriam participação e seriam
apenas concausas, logo no exemplo mencionado responderia apenas o autor
do disparo e as concausas diretamente ligadas ao evento danoso.

Teoria da causalidade adequada, criada pelo filósofo alemão Von Kries, trás
como causa do resultado danoso tudo que contribuiu de forma adequada ou
seja segundo um juízo de probabilidades, sendo que nem todas as concausas
estariam concorrendo com o evento que gerou o dano, como no exemplo
mencionado pelo Desembargador . Do Tribunal de justiça do Rio de Janeiro,
Antunes Varela "se alguém retém ilicitamente uma pessoa que se apresentava
para tomar certo avião, e teve, afinal, de pegar um outro, que caiu e provocou a
morte de todos os passageiros, enquanto o primeiro chegou sem incidentes ao
aeroporto de destino, não se poderá considerar a retenção ilícita do individuo
como causa do dano ocorrido, porque, em abstrato, não era adequada a
produzir tal efeito, embora se possa asserverar que este (nas condições em
que se verificou) não se teria dado se não fora ilícito. A ideia fundamental da
doutrina é a de que só há uma relação de causalidade adequada entre o fato e
o dano quando o ato ilícito praticado pelo agente seja de molde a provocar o
dano sofrido pela vítima, segundo o curso normal das coisas e a experiência
comum da vida" (Gagliano, Pablo Stolze, Novo curso de Direito Civil, Ed.
Saraiva, 2011, p.130).

Da mesma forma a teoria da causalidade adequada também sofre críticas, pois


se na teoria da equivalência tudo que contribuiu ao resultado daria causa ao
dano, na teoria da causalidade adequada apenas as concausas diretas seriam
as responsáveis pelo resultado danoso, como não há previsão legal do que
seria uma concausa direta a teoria da causalidade adequada deixa ao julgador
decidir quais concausas são ou não diretas.

Por último, a teoria da causalidade direta ou imediata, que foi desenvolvida no


Brasil pelo professor Agostinho Alvim, diz que causa é o que gerou o dano de
forma direta e imediata, como no seguinte exemplo, se Caio é ferido por Tício,
após uma discussão, Caio é socorrido por Pedro, que ao levar seu amigo para
o hospital dirige em alta velocidade. No trajeto o veículo capota, Caio falece.
Ora Tício responde apenas pelo ferimento que causou antes do veículo
capotar, porque seu comportamento não está relacionado ao acidente, no
entanto apenas quem comete as causas diretas e imediatas deve responder
pelo dano.

Porém, nem todo ato danoso será ilícito, como também nem todo ilícito será
danoso. Vamos ter situações onde haverá a excludência de responsabilidade,
situações previstas em lei, que afastam qualquer dever de reparar um dano
caso este tem sido cometido nas situações elencadas no art. 188 do Código
Civil, onde diz que "Não constituem atos ilícitos: os praticados em legítima
defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente". Não tendo natureza indenizatória estes atos mesmo que ao praticar
venham a causar dano, pois mesmo que causem dano são ações permitidas
pela lei, e por isso tidas com lícitas.

Como é o caso da legitima defesa, não é permitido a ninguém fazer justiça com
as próprias mãos, essa é a regra básica, porém em certos casos não há como
esperar pela justiça do estado, ao se encontrar sobre injusta agressão, atual e
iminente de direito seu ou outrem, usando de meios necessários, o que
significa dizer sem excessos, pode a vítima evitar que venha sofrer esta injusta
agressão mesmo que para isso venha a causar danos ou lesões ao seu
agressor, sem ter a obrigação de reparar os danos causados ao agressor.

Ou ainda, no exercício regular de um direito, não havendo abusos ou excessos,


uma vez que a pessoa está exercendo algo que foi conferida como de direito,
não há de se falar em ilicitude é o caso da cobrança de uma dívida, aquele que
é credor está no direito de cobrar do devedor através da via judicial, e aquele
que deve não tem razão de reclamar caso venha responder um processo de
execuções, tanto por que sabia que tinha uma obrigação com seu credor e este
não tendo sua dívida satisfeita buscou os meios necessários para receber o
que é devido.

Como também nos casos de estado de necessidade quando para salvar a vida
de um terceiro que corre perigo é permitido que alguém destrua ou deteriore
coisa alheia para remover o perigo e com isso garanta a aquele terceiro que
não venha a sofrer algo mais grave, o ato será legítimo se houver
circunstâncias que o tornem absolutamente necessário para que a coisa alheia
seja destruída ou deteriorada. Logo o que se está em jogo é um bem maior a
vida de quem corre perigo e não o bem que foi destruído ou deteriorado. Ainda
conforme art. 929 do código civil, o dono da coisa será indenizado se não for
responsável por ter dado causa ao perigo. Logo podemos concluir conforme
mencionado acima que nem todo ato danoso é ilícito, como também nem todo
ilícito é danoso.

1.2 Espécies de Resp. Civil

1.2.1 Resp. Extracontratual e contratual


Visto que todo mal causado deve ser reparado e a Resp. Civil trata da
obrigação de indenizar a vítima que teve um bem lesado diante uma ação ou
omissão causada por um ato ilícito, a partir disso podemos analisar que as
obrigações podem vir de uma Responsabilidade extracontratual ou contratual,
vamos analisar primeiro ás que derivam de contratos na qual existe uma
relação jurídica entre as partes onde ambos assumiram um compromisso entre
elas e com o inadimplemento da obrigação firmada em contrato causaria um
dano, como em um contrato de compra e venda, existe um acordo onde A quer
vender e B quer comprar, se B paga e não recebe temos um inadimplemento
da parte de A, que não entregou o objeto da compra e venda, com isso traz o
dever a aquele que não cumpriu sua parte, de reparar aquele que não teve sua
pretensão atendida, situação que permite uma maior facilidade em reconhecer
o ilícito ou o dano, pois tendo diante um contrato uma obrigação que não foi
respeitada por uma parte, deixando a outra parte sem receber aquilo que era
de direito, não sendo necessário apurar muito sobre provas.

Como também, pode ser extracontratual na qual não existe relação contratual
entre as partes, porém ao violar um direito causando um dano, com base no
art. 186Código Civil, haverá uma obrigação que não estava prevista em
contrato, mas prevista na lei. Exemplo: em um acidente de trânsito aquele que
bate em outro veículo causando um prejuízo para o dono fica obrigado a pagar
o conserto, com o propósito de reparar o dano causado, sendo que não havia
contrato firmado entre os dois motoristas que previni-se esta situação, mas sim
por ser uma previsão legal, que quando o agente causador mesmo que diante
uma ação ou omissões danifica o bem de outro está obrigado a indenizar,
também cabe observa outra previsão legal que a indenização deve ser na
medida e na proporção do dano.

Diante isso nota-se que há uma tendência entre as pessoas em realizar seus
negócios através de contratos pois ficaria mais óbvio provar a culpa daquele
que não cumpriu sua parte, como também mais fácil de estabelecer a pena
aplicada no caso de não cumprimento de uma clausula, uma vez que o Direito
tem por base reprimir quem não cumpri um ordenamento jurídico.
1.2.2 - Resp. Subjetiva e Resp. Objetiva – O regramento da matéria no
CCB e no CDC

De acordo com a teoria clássica a culpa deve ser sempre apurada, sendo este
o entendimento aplicado na maioria das ações, é o entendimento utilizado de
forma geral, dispensado apenas nos casos onde temos atividade de risco ou
nas relações de consumo, conforme previsto no Código de defesa do
consumidor, para todas as outras só pode existir a obrigação de indenizar
quando ficar provado que o agente causador ao cometer o dano fez com culpa,
sendo com isso dever da vítima o ônus probatório contra o agressor para então
apurar seus direitos de indenização ao dano sofrido, sendo neste caso aplicada
a Resp. Civil subjetiva, onde se faz necessário comprovar a culpa sendo esta
indispensável para propor as ações que visam reparar o dano.

Porém, com o desenvolvimento das indústrias, crescimento da população e o


aumento cada vez maior das relações de consumo, seria difícil em muitas
situações, para a vítima provar a culpa do agente causador do dano ou muitas
vezes não teria meios suficientes, ou ainda, em muitos casos o agente
causador é quem detêm as provas necessárias do ato que o incriminaria,
sendo assim a vítima ficaria sem qualquer meio de ver seu Direito vigorar, após
muitos anos de estudos iniciados na Itália que deram origem a Resp. Civil
objetiva e por último sendo adotados pelo Brasil, chegou-se à teoria do risco, a
qual trouxe a obrigação em indenizar uma vez que a atividade seja de risco, um
exemplo comum é no caso das CIA's de energia elétrica, se eu tenho um
aparelho eletroeletrônico que é danificado após uma queda de energia a Cia
fica obrigada a reparar, pois esta exerce uma atividade de risco e somente ela
teria meios de evitar esta queda de energia, logo a possibilidade de indenizar
sem provar a culpa, sendo no entanto, apenas necessário provar que existe
entre o dano algum nexo causal, ou seja, que o dano aconteceu por causa de
uma ação ou omissão do agente.

No que diz respeito as relações de consumo, cada vez mais em alta, o Código
de defesa do consumidor surgiu com o propósito de tornar mais seguro as
relações entre consumidor e fornecedor criando novas espécies de
responsabilidades e novas excludentes, afin de proteger o consumidor sendo
este vulnerável na maioria das situações. Logo utilizando a responsabilidade
objetivo, sendo do fornecedor o ônus de provar sua excludência.

A responsabilidade por fato do produto ou do serviço está relacionada quando


este não atende a sua finalidade e causa um dano ao consumidor ou a sua
família, aqui entendidos como consumidores por equiparação, como no caso a
televisão que ao ligar não funciona e explode causando danos ao patrimônio ou
a saúde do consumidor.

Primeiramente o responsável principal é o fabricante, produtor, construtor ou


importador do serviço, o comerciante apenas responde de forma subsidiária
quando os principais não forem identificados, ou caso o comerciante tenha
contribuído não conservando o produto de forma correta, tendo ainda o direito
de regresso sobre os demais na proporção de sua culpa (Gonçalves, Carlos
Roberto, Direito Civil brasileiro, Ed. Saraiva, 2007, p.262).

Temos ainda, a responsabilidade por vício do produto ou serviço, aqui teremos


o produto ou serviço que não atendeu a sua finalidade porém não causou
danos ao consumidor ou outra pessoa, no mesmo exemplo a televisão que ao
ligar simplesmente não funciona ou apresenta qualquer outro vício que diminua
sua valor podendo ser o vício relacionado a qualidade ou a quantidade.

O art. 18 do CDC, nestes casos estabelece a responsabilidade de forma


solidária, podendo o consumidor ajuizar a ação contra quem quiser ou for mais
acessível, pode ser contra o fabricante, produtor, importador comerciante ou
prestador de serviço, sendo possível ao comerciante exercer direito de
regresso contra os demais caso tenha que responder por dano que não
causou.

CONTEÚDO EXTRA
2. Responsabilidade Civil: Resumo
Doutrinário e principais
apontamentos
Resumo doutrinário sobre as responsabilidades civil, com
sua origem e aplicação em nosso ordenamento jurídico.
Responsabilidade Civil nas relações de consumo e a Ação
Civil Ex Delicto.
58
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Publicado por Marcus Vinicius Mariot Pereira


há 5 anos
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Atualizado e Revisado em 2 7/01/202 2

Conceito:
A responsabilidade civil consiste no dever de indenizar o dano
suportado por outrem. Assim, a obrigação de indenizar, nasce da
prática de um ato ilícito.
O titular de um direito se relacionará juridicamente com a toda a
coletividade. A lei imporá a essa coletividade um dever jurídico de
abstenção, ou seja, ninguém poderá praticar atos que venham a causar
lesões a direitos (patrimoniais ou extra patrimoniais) desse titular.

A esse dever de abstenção (imposto por lei) deu-se o nome


de Nemimnem Laeder. Ou seja, a ninguém é dado o direito de
causar prejuízo a outrem.
A Responsabilidade Civil possui duas grandes vertentes sobre
sua origem (fonte): A Responsabilidade Civil Contratual, aonde é
necessário a existência de um contrato entre as partes e a
Responsabilidade Civil Extracontratual (Aquiliana) aonde o infrator
infringi a lei vigente. Também é de importante ressalva que quando
alguém não cumpre a "obrigação originária" gera uma "obrigação
sucessiva", que é a obrigação de indenizar.
O artigo 187, CC dispõe que:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Assim, a doutrina especializada separou a ilicitude do artigo 187 em


duas: A ilicitude subjetiva (dolo ou culpa) e a
ilicitude objetiva (aquela em que apenas ocorre o prejuízo, sem
analisar se a conduta foi intencional ou não)
Desta forma, a responsabilidade Subjetiva, é composta por:
Conduta humana = é ação em sentido amplo, ou seja, a ação
propriamente dita, ou a omissão relevante.
Nexo-causal = a ligação entre a conduta praticada e o resultado
danoso.
Dano = pode ser material, moral ou estético.
Culpa = em sentido amplo, inclui tanto o dolo como a culpa em
sentido estrito, que é a quebra do dever de cuidado.
Por sua vez, a responsabilização objetiva tem os mesmos pressupostos,
exceto a culpabilidade. Vejamos:

Conduta humana
Nexo-causal
Dano
Risco = reconhece-se no agente um dever prévio de cuidado, é
responsável, a priori, porque não observou aquele dever de cuidado
que lhe era intrínseco
A partir de tais pressupostos podemos definir como ato ilícito em
sentido amplo aquele contrário à lei ou ao direito (causar dano injusto
a outra pessoa);

O dano é o prejuízo (moral ou material – coletivo ou individual,


estético ou a perda de uma chance) experimentado pela vítima;

O nexo de causalidade é o vínculo lógico entre determinada conduta


antijurídica do agente e o dano experimentado pela vítima;

E por fim, a culpabilidade é um juízo de censura à conduta do agente,


de reprovabilidade pelo direito, decorrente de dolo, negligência,
imprudência ou Imperícia.

No presente resumo, tais informações serão esmiuçadas e explicadas,


apontando o fundamento legal de cada uma. Vejamos:
· Evolução histórica da Responsabilidade
Civil
Nos primórdios, o ofendido reagia ao dano de maneira imediata e
brutal, movido por puro instinto (vingança privada) nesta, observamos
a primeira fase da responsabilidade civil, aonde a Responsabilidade
civil é exclusivamente objetiva;
Quando o castigo era posterior, foi criada a Lei de Talião. Esta, por sua
vez, era pautada no olho por olho, dente por dente, além de ser uma
forma de limitar a vingança privada, balizada nas penas corporais,
castigos físicos. A Responsabilidade civil é objetiva;
Após esse período, surge a composição voluntária, o ofendido passou a
ter a faculdade de substituir a retaliação ao agente por uma
compensação de ordem econômica. Esta, classificada como a segunda
fase da responsabilidade civil, notada a importante evolução; Nesta, as
vítimas poderiam optar por sofrer danos físicos ou pagar para não
sofrer as consequências. A Responsabilidade civil é objetiva;
Com o Estado estruturado, a vingança privada foi banida e a vítima
não podia fazer justiça com as próprias mãos. A composição passa a
ser obrigatória.
Os romanos começaram a diferenciar pena de reparação,
estabelecendo os delitos públicos e os delitos privados nessa fase,
verifica-se o aparecimento da responsabilidade contratual.
Observamos também a divisão entre responsabilidade penal e
responsabilidade civil, a observância dos delitos públicos, que são os
que repercutem de forma mais intensa na sociedade (matar, roubar e
etc), que a responsabilidade contratual, nesta, observa-se a que a
responsabilidade civil é subjetiva;
A Lei Aquília aponta princípio geral do dano, sendo desta época a ideia
de culpa. Desta forma, é nesta fase que a responsabilidade subjetiva
(culpa) começa a fazer parte da responsabilidade civil;

O direito francês influenciou vários países, pois após a Revolução


Francesa, na idade contemporânea, surge o Código de Napoleão aonde
a Responsabilidade civil é subjetiva;
O Código Civil de 1916  do Direito brasileiro, no artigo 159 estabeleceu
que aquele que, por omissão ou ação voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica
obrigado a reparar o dano. (Responsabilidade civil é subjetiva)
Em linhas gerais, temos que a Responsabilidade Civil consiste no
dever de indenizar o dano suportado por outrem.
Código Civil de 2002 mesclou o código de 1916 com o Código de
Defesa do Consumidor (responsabilidade objetiva), trazendo em seu
bojo as duas possibilidades.
O Artigo 186 do CC define o que é ato ilícito:
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Por sua vez, temos no artigo 927 CC, o requisito da culpa:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Em seu parágrafo único, observamos a responsabilidade


civil objetiva (exceção)
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

· Responsabilidade civil objetiva
É aquela em que a lei dispensa a produção de prova a respeito da
culpa (ainda necessário se provar a Conduta humana ,Nexo-causal e
o Dano). Porém, na origem é normal que se tenha um ato culposo,
sendo que a lei apenas estabelecerá não ser necessária a produção de
prova acerca dessa culpa. Desta forma, é errado dizer que
responsabilidade objetiva é aquela em que não há culpa, já que pode
até haver culpa ou dolo, mas mesmo se não houver, há a
responsabilidade, do mesmo modo.
O fundamento teórico da responsabilidade objetiva não é, portanto, a
culpa, em sentido amplo. Na objetiva, reconhece-se no agente
um dever prévio de cuidado, que impõe que a danificação lhe seja
imputada, a despeito de qualquer cogitação de sua culpa: é
responsável, a priori, porque não observou aquele dever de cuidado
que lhe era imanente.
Bom exemplo é a responsabilidade do Estado. O Estado é “pago” (por
intermédio dos impostos) pelos cidadãos para garantir a boa prestação
de serviços públicos, e o dever de bem prestar se considera
inobservado quando, dos serviços estatais, venha algum dano. É a
teoria do risco administrativo. O mesmo se dá com os fornecedores,
na seara consumerista. São responsáveis objetivamente pelos danos
que os consumidores padecerem, porque, além de o consumidor ser
vulnerável, aquele que se coloca no mercado para auferir bônus
precisa suportar os ônus do que essa atividade acarreta.
Na prática, a responsabilidade objetiva é aquela em que não há
necessidade de discussão do elemento culpa.
Vale dizer, que as excludentes da responsabilidade objetiva incidem
somente sobre o nexo de causalidade: quando presentes, rompem o
nexo de uma determinada conduta que é apontada como causa de um
dano. São essas a força maior, o caso fortuito (externo), o fato
exclusivo da vítima e o fato exclusivo de terceiro, esmiuçados em
momento oportuno neste texto.

São exemplos de responsabilidade objetiva:

 A responsabilidade civil nas relações de consumo é, em regra,


objetiva, a única exceção é aquela dos profissionais liberais
(art. 14, § 4º, CDC);
 A responsabilidade civil decorrente de abuso de direito
(art. 187 do CC) independe de culpa e fundamenta-se somente no
critério objetivo finalístico (Enunciado 37 da Jornada de Direito
Civil e entendimento prevalente da doutrina);
 Responsabilidade por fato de terceiro (art. 933 do CC);
 Responsabilidade pelo fato do animal (art. 936 do CC);
 Responsabilidade pela ruína de edifício ou construção
(art. 937 do CC);
 Responsabilidade da pessoa que agiu em estado de necessidade
(artigos 929 e 930 - independentemente da excludente de
ilicitude, o dano causado em estado de necessidade pode gerar o
dever de indenizar)
 Quando tratar-se de risco integral, por vezes nem o caso fortuito e
a força maior são capazes de afastar a resp. Civil, como nos casos
de danos ao meio ambiente e do seguro obrigatório de veículos
automotores)

Responsabilidade civil subjetiva (regra
geral)
É o tipo mais comum, e residual. Utiliza-se da culpa do agente para
mensurar a responsabilidade, compreende o dolo e a culpa em sentido
estrito (imprudência, negligência e imperícia).

O conceito de culpa está, de modo objetivo, trazido na legislação pelo


já trazido art. 186 do CC, mas sua aplicação é ampliada por
entendimentos doutrinários e jurisprudenciais.
Assim, em breve síntese:
Responsabilidade objetiva: se funda no risco, com origem em
determinação legal, independente de culpa do agente.
Responsabilidade subjetiva: depende de demonstração de culpa do
agente – art. 186.

· Elementos ou requisitos da
Responsabilidade Civil
Como vimos, são eles:
Conduta humana, Nexo causal, Dano e Culpa
(subjetiva) ou Risco (objetiva)

Vale apontar de maneira pormenorizada cada um desses


institutos:

· Conduta humana
A conduta que gera responsabilidade civil é a conduta voluntária,
livre e consciente, bastando um grau moderado de consciência na
atuação humana, podendo ser omissiva ou comissiva.
1. Comissiva: é aquela conduta que envolverá um agir, uma
ação do sujeito. Porém, essa ação acaba por violar um dever
jurídico imposto pela lei ou pelo contrato, gerando danos
que devem ser indenizados.
2. Omissiva: para que possa haver a imputação de
responsabilidade a um sujeito pela sua omissão, é
fundamental que antes exista um dever de agir imposto pela
norma. Sem dever de agir não há que se falar em conduta
omissiva. Esse dever de agir pode ser oriundo:
 da lei: por exemplo, policial diante de um crime no qual tenha a
possibilidade de agir; bombeiro em uma situação de perigo; pai
em relação aos filhos etc.;
 do contrato: o guia da montanha é obrigado a agir em razão de
sua custódia; instrutor de mergulho; babá etc.;
 dever de ingerência: quando uma conduta anterior expõe a
perigo bens de outrem (bem patrimonial ou da personalidade).
Por exemplo, jogar amigo na piscina: quem jogou tem o dever de
agir no sentido de salvar o amigo do afogamento.
Deve haver um grau de consciência no que se faz para que se
enquadre como conduta humana. Estado de sonambulismo, por
não ser voluntária as condutas praticadas, não gera resp. Civil.
A responsabilidade civil normalmente é gerada por conduta ilícita,
mas, por exceção, também pode decorrer de ato lícito (previsto em
lei).
Exemplos de ato lícito que geram resp. Civil:
 Desapropriação (poder público tem o direito de requerer o seu
imóvel para instalar uma atividade que ele queria)
 Passagem forçada (um imóvel fica "encravado" para a saída para
as ruas e avenidas)

· Nexo de Causalidade
Trata-se do liame que une o AGENTE ao RESULTADO
Para Gonçalves, a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão
do agente e o dano verificado e para Venosa, o conceito de nexo
causal ou relação de causalidade deriva de leis naturais
Existem 3 (três) teorias que explicam o nexo causal:
A) teoria da equivalência de condições Conditio sine qua
non: para esta teoria todo e qualquer antecedente fático que concorra
para o resultado é causa.
A crítica dessa teoria é que haveria uma série de pessoas que seriam
responsabilizadas por uma ação de um único agente, levando até
conclusões absurdas, haja vista que todas as condições são
necessárias ao resultado, assim sendo, chegaríamos a resultados
completamente desarrazoados, ao ponto de Santos Dumont ter culpa
em um acidente aéreo que ocorresse hoje, por exemplo.
B) teoria da causalidade adequada: Causa é apenas o
antecedente fático abstratamente adequado à consumação do
resultado.
Essa teoria parte de um juízo de probabilidade porque, para ela, causa
é apenas o antecedente apropriado, em tese, abstratamente apto a
produzir aquele resultado.

Demonstrou-se que para se aferir a responsabilidade civil pelo dano,


o juiz deveria retroceder até o momento da ação ou omissão, com o
intuito de estabelecer se esta era ou não idônea para produzir o
resultado. Portanto, o questionamento que se deve fazer é, se a ação
ou omissão do presumivelmente responsável era, por si só, capaz de
produzir o dano?
Na prática, a teoria foi usada no seguinte julgado: Julgado - apelação
cível - 0162535-07.2016.8.12.7000  - José Carlos Lopes X Bando
Santander, Banco Atlântico - cessionário do crédito de José Carlos
Lopes;
C) teoria da causalidade direito e imediata – REGRA
GERAL: Causa é apenas o antecedente que determina o resultado
como consequência sua, direta e imediata.
Para essa teoria é preciso que exista um vínculo entre aquele
antecedente que se considera causa e o resultado.

Acolhida pelo STF num acórdão paradigmático de 1992 sobre a


responsabilidade civil do Estado por crime praticado por fugitivo ( RE
130.764), sua principal formulação teórica no Brasil é atribuída a
Agostinho Alvim, que escreveu sobre o tema na vigência do Código
Civil de 1916.
Vejamos o art. 403 do CC:
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes
por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei
processual.

Ou seja, é adotado pelo CC a TEORIA DA CAUSALIDADE


DIRETA E IMEDIATA, em regra geral.
Excepcionalmente, a responsabilização ambiental INDEPENDE da
existência de nexo de causalidade entre a conduta do proprietário de
um imóvel e os danos ambientais causados nele pelo proprietário
anterior.

· Dano ou Prejuízo
O dano ou prejuízo traduz a lesão a interesse jurídico tutelado,
material ou moral, ou estético.

Para ser indenizável o dano precisa de três requisitos:


1. Violação de um interesse jurídico material ou
moral
2. A subsistência do dano
3. A certeza do dano (não se indeniza dano hipotético)
O Dano, nada mais é que o prejuízo experimento pela vítima e tutelado
pelo direito.
Inicialmente dividia-se apenas em materiais
(patrimoniais) e danos morais (extrapatrimoniais).
O direito brasileiro admite uma terceira categoria, a dos danos
denominados estéticos.
Por fim e mais recentemente, a admissão da reparabilidade dos danos
pela teoria da perda de uma chance. Vejamos:
a) Danos MATERIAIS ou PATRIMONIAIS
b) Danos MORAIS
c) Danos ESTÉTICOS
d) Perda de uma chance

Por sua vez, os danos materiais apresentam uma subdivisão entre


danos positivos e negativos

· Lucros Cessantes (danos patrimoniais


negativos)
O dano causado ao patrimônio do sujeito poderá acarretar
consequências futuras, por exemplo, um impedimento à percepção de
ganhos, de lucros. Porém, somente se fala em lucros cessantes quando
houver uma quase certeza da obtenção efetiva dos ganhos. Não se trata
de mera possibilidade de ganho. O exemplo é o da colisão com veículo
de um taxista; este ficará vários dias sem trabalhar, aguardando o
conserto do automóvel, razão pela qual faria jus ao recebimento dos
lucros que deixou de auferir.

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as


perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Vejamos um exemplo de danos reflexos e lucros cessantes:


integrante de uma banda de música é atropelado, e com isso perde
show para o qual tinha sido contratado. Seus danos diretos são óbvios,
mas também há danos reflexos a serem indenizados: os dos demais
membros da banda, que tiveram lucros cessantes diretamente
causados pelo atropelador, com o cancelamento do show.

· Danos emergentes (danos patrimoniais


positivos)
Consiste na diminuição do valor patrimonial que precisa ser reposto
pelo agente causador do dano para que se volte ao "Status quo ante"
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas
e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele
efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.
Dica: Não é possível pedir lucros cessantes de atividade ilícita, como
a atividade de camelô. Mas caso a barraca em que o ambulante
trabalhava tenha sido destruída, ele poderá pedir dano emergente.

· Danos extrapatrimoniais

Dano moral
O dano moral apresenta uma dupla função:

 Função Punitiva: O ofensor deve sofrer uma repressão para que


se abstenha de praticar novamente a conduta que ensejou o dano
moral (deve aprender a lição);
 Função Compensatória: A vítima deve ter uma sensação de
alívio no seu sofrimento, obtendo uma indenização que possa lhe
ofertar lazer para esquecer do dano sofrido, com realizar um
sonho ("consolo").
A indenização não pode exceder ao dano, pois segundo nosso
ordenamento jurídico a indenização não deve servir como pena civil,
podendo até mesmo ser considerado um enriquecimento sem causa se
for desporporcional;

O dano moral apresenta 2 teorias:


1. Negativista (não indenizável) - não reconhece a
reparação do dano extrapatrimonial. Segundo Saviagny
os bens como vida, honra, liberdade são insuscetíveis de
restauração pela via indenizatórios, portanto não
estariam proteção jurídica da Ordem Privada. Outro
argumento - perigo de arbítrio judicial. A honra não se
vende e a dor não tem preço. (não utilizada pelo nosso
ordenamento jurídico)
2. Positivista - a reparabilidade do dano moral recebeu
status constitucional, através da dignidade da pessoa
humana. O mero inadimplemento contratual mora
prejuízo econômico não configuram, de per si, dano
extrapatrimonial, pois não agridem a dignidade
humana. Pautada nos art 1o, III,
CF/88 art 5o, V e X, CF/88
Os danos morais ocorrem pela violação de direitos da personalidade,
agredindo todos as ofensas à pessoa.

Enunciado 444 da V Jornada de Direito Civil - o dano moral


indenizável não pressupõe necessariamente a verificação de
sentimentos humanos desagradáveis como dor ou sofrimento.

Dica: Quando tratar-se de dano moral, deve-se utilizar especialmente


a expressão compensação, pois ele servirá como derivativo ou
sucedâneo e não como ressarcimento
Em regra o dano moral deverá ser pago em parcela única, mas há
exceções, que serão pagas mensalmente:

1. lesão que impossibilite total ou parcialmente o trabalho da vítima;


2. homicídio, culposo ou doloso - a indenização deverá abranger as
despesas ordinárias de funeral, tratamento, remédios, despesas
hospitalares e também alimentos civis para as pessoas que
dependiam da vítima, até que se complete a idade média aproximada
da vítima (idade média que a pessoa morreria, expectativa de vida)

É possível cumular dano moral com dano patrimonial por um só fato


(súmula 37 STJ). Segundo o art. 186 CC, é possível pedir,
exclusivamente, dano moral. É denominado dano moral puro ou
autônomo. Excepcionalmente, poderá ser cumulado dano moral,
patrimonial com o dano estético (a regra é a não cumulação do dano
estético com o moral).

Dano moral presumido (in re ipsa): Em algumas situações, a


jurisprudência consolidada dos tribunais superiores considera que não
há necessidade de prova do dano moral, que ele decorre da gravidade
do evento danoso.
São os casos de lesão física grave, colocar nome do devedor no SPC
ou SERASA, não estando inadimplente – dano moral.
Sobre o tema, vale apontar algumas súmulas

Súmula 385 - Da anotação irregular em cadastro de proteção ao


crédito, não cabe indenização por dano moral, quando preexistente
legítima inscrição, ressalvado o direito ao cancelamento.
Súmula 388 - A simples devolução indevida de cheque caracteriza
dano mora
Súmula 403 - Independe de prova do prejuízo a indenização pela
publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos
ou Comerciais
(Para quem possa interessar, no exame XIII da OAB, perguntou-se
sobre a súmula 403. Aproveitando o ensejo, cabe apontar que a 2ª
fase dos exames XX e XXII também trouxeram questões sobre
Responsabilidade Civil.)
Critérios para a fixação do dano moral (mensuração dos
danos):
a. compensação pela dor sofrida
b. condição financeira do ofensor
c. condição financeira da vítima
d. comportamento do ofensor após a prática do ilícito (Prestou
socorro, arcou com as pagamentos do hospital...)

De modo geral, a reparação, portanto, deve alcançar todos os prejuízos


experimentados pela vítima. No caso da responsabilidade contratual,
veja-se que o art. 404 do CC estabelece que as perdas e danos
correspondem ao principal, lucros cessantes, honorários, juros e
correção.
Porém, é possível verificar a previsão legal em situações específicas,
como no caso do homicídio, em que há previsão de pagamento das
despesas de funeral, médicas, luto e alimentos à dependente da vítima;
também no caso de lesão corporal (com parcelas semelhantes –
art. 949 CC); ou de ofensa da liberdade individual – art. 954 CC.

Grande destaque é a reparação civil decorrente de ofensa à honra, que


caracteriza o dano moral. Quanto à mensuração dos danos, ter-se-á
por regra (verificar exceção do parágrafo único) a aplicação do
art. 944 do CC: a indenização mede-se pela extensão dos danos.
Sujeitos do dano moral: Qualquer pessoa natural. O nascituro
poder ser vítima do dano moral, nos casos compatíveis com a sua
natureza, as pessoas falecidas, e as pessoas jurídicas;
O STJ entendeu, conforme consta no Informativo 475, que o direito
de pleitear dano moral se transmite aos sucessores da vítima
falecida''· Isto porque, o direito da personalidade é ser
Intransmissível mas o direito à reparação (efeito patrimonial)
transmite-se (art. 943 do CC).

Pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde que haja um ferimento
de sua honra objetiva (imagem, conceito, boa fama), de forma a abalar
sua credibilidade, com repercussão econômica.

Súmula 227 STJ – a pessoa jurídica pode sofrer dano moral.


Não é possível presumir a existência de dano moral pelo simples corte
de energia elétrica por parte da concessionaria de serviço público,
sendo necessária a comprovação da empresa afetada de prejuízo à sua
honra objetiva.

Em relação ao público atingido (vítimas) o dano pode ser individual


(experimentado pela pessoa, tanto quanto moral como material); ou
coletivo, que atinge uma coletividade de pessoas (como aquele causado
ao meio ambiente, a direitos sociais, às relações de consumo, etc.).

Dano moral coletivo: Conforme o CDC, art. 6º, VI e Lei de Ação


Civil Pública, art. 1º. O dano moral difuso aqui tutelado pela previsão
legal somente pode ser caracterizado como uma lesão ao direito de
toda e qualquer pessoa (e não de um direito específico de
personalidade.
Assim, admite-se dano moral coletivo quando houver uma violação
coletiva da personalidade. Nesse caso, a tutela processual deve se dar
obrigatoriamente através de ação civil pública, cujos legitimados estão
no art. 5º da Lei de Ação Civil Pública  (MP, Defensoria, Poder Público
e Associações). Exemplo: Dano ambiental; dano moral ao meio
ambiente do trabalho
Dano moral por abandono afetivo: em uma visão objetiva, é
possível considerar o dano afetivo como a violação ao dever de
assistência que causa um dano indenizável (ex.: pai que não cuida de
filho e nunca presta assistência moral e material);
Prescrição do Dano Moral: A pretensão reparatória de
responsabilidade civil, prescreve em 03 ou 05 anos, na forma do CC ou
do CDC, respectivamente.
CC Art. 206 § 3º Em três anos: V - a pretensão de reparação
civil;
CDC Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação
pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na
Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do
conhecimento do dano e de sua autoria.

· Dano Estético
Surgiu do desdobramento do dano puramente psicológico, neste dano
ocorrem deformidades físicas que provocam aleijão e repugnância,
abarcando os casos de marcas e outros defeitos físicos que causem à
vítima desgosto ou complexo de inferioridade (tanto externo, quanto
interno, quando função morfológica dos órgãos)
STJ - Súmula 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano
estético e dano moral.

Dano estético X Dano à imagem: não devem ser confundidos os


institutos, visto que a imagem é a representação exterior, a visão
sensível da pessoa perante os outros (ex.: charge publicada em
revista). A violação da imagem sem autorização causa dano in re
ipsa nos casos de fim econômico ou Comercial.

Projeção post mortem dos bens da


personalidade:
O dano moral e o dano estético são exemplos de bens da
personalidade. A morte extingue a personalidade, segundo o
art. 6 CC/02, mas não extingue a proteção aos direitos da
personalidade.

Assim, segundo o STJ, deve ser reconhecida a legitimidade dos


herdeiros do morto a formularem pretensão indenizatória em razão da
ofensa à imagem do falecido seja em razão de prejuízo moral ou
material;

· Dano indireto ou Dano reflexo


No dano indireto, uma a mesma vitima sofre um dano direto e esse
dano se alastra causando consequências nos demais fatos jurídicos.
Por sua vez, o dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta,
uma vítima indireta. Há pluralidade de vítimas.

O dano em ricochete pode ser tanto material quanto imaterial, moral,


e sua caracterização, como dito, depende intimamente da proximidade
jurídica do lesado com a vítima reflexa. Aplica-se a teoria da
causalidade adequada, como em qualquer tipo de dano, pois o dano
reflexo também deve ser causado direta e imediatamente pelo evento
danoso.

O dano em ricochete encontra-se firmado ex lege apenas em um caso,


o do artigo 948 do CC. Em qualquer outra hipótese, a identificação
precisa do nexo, pela proximidade da vítima do evento danoso, deve
ser explícita. Veja o dispositivo:
“Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir
outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento
da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de
alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a
duração provável da vida da vítima.”

O dano material reflexo, mesmo fora dessa hipótese legal supra, é de


simples constatação quando existente ao caso em contreto.,

pai de família é assaltado na rua, sofre um tiro, vai para o hospital,


ele é a vítima direta, porém o filho dele é vítima indireta pelo pai não
poder ir trabalhar, por ficar fisicamente inutilizado, o filho sofre o
dano reflexo ou em ricochete.

· Perda de uma chance


Caracteriza-se a responsabilidade pela perda de uma chance quando o
agressor faz desaparecer a probabilidade de a vítima auferir algum
benefício.

Deve haver uma chance séria e real, precisa-se verificar se é razoável


ou não esperar o benefício. Hipóteses remotas de a chance se
concretizar não merecem ser indenizadas
A perda de uma chance permite a indenização não pelo resultado não
obtido, mas por ter perdido a chance de obtê-la, de modo que, quanto
maior provável a chance, mais deve ser o valor indenizatório arbitrado
pelo juiz. (pode ser cumulado com dano moral, estético e patrimonial)

Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas


e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar.

Quando o profissional da saúde faz um tratamento errado, é possível a


aplicação da teoria da perda de uma chance. No entanto, deve-se ter
em mente se a chance perdida era razoavelmente considerada.

O fundamento legal apontado para a perda de uma chance seriam os


arts. 186, 927, 948 e 949, CC. Há vários julgados do STJ que aceitam a
perda de uma chance, por exemplo, o famoso caso do “Show do
Milhão” (programa de TV do apresentador Silvio Santos), quando uma
participante foi indenizada por pergunta sem resposta  (clique para ler
a matéria), ou no caso do paciente que veio a falecer sem que o médico
lhe ofertasse a possibilidade de se tratar de outra forma.
Também em relação ao tema inadimplemento contratual, com base na
perda de uma chance, empresa de sistemas de bloqueio de veículos à
distância foi condenada a indenizar cliente que teve veículo furtado
( TJ/SP – Ap. 0179842-53.2008.8.26.0100 – Rel. Des. Hamid Bdine,
j. 23.04.2014 e Ap. 0045311-76.2012.8.26.0007 , Rel Des. Ana Catarina
Strauch,j. 17.10.2014). Ainda que se trate de uma obrigação de meio a
da empresa contratada. Entendeu-se que, ao deixar de realizar o
bloqueio do veículo quando avisada sobre o furto, configurou-se
situação na qual houve a perda da chance do contratante do serviço
recuperá-lo.
Perda de uma chance e perda do prazo pelo advogado: O
simples fato de um advogado ter perdido o prazo para a contestação ou
para a interposição de um recurso não enseja indenização pela
aplicação desta teoria.
É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade -
que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. (STJ. 4ª
Turma, REsp 1190180/RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
16/11/2010)
Em linha de conclusão, para completo atendimento ao princípio da
reparação integral, deve-se indenizar o dano emergente, o lucro
cessante, o dano moral, o dano estético e a perda de uma chance.

· Excludentes de Nexo de Causalidade


São quatro: Caso fortuito e força maior, Culpa Exclusiva da Vítima,
Fato de terceiro e Cláusula de não indenizar (contratos).
A conduta do agente até pode causar um dano, mas o nexo de
causalidade dessa conduta com o resultado será afastado diante da
ocorrência de uma excludente.

A ausência de dano não é excludente do nexo causal, apesar de


acarretar a mesma consequência prática – isenção do dever de
indenizar

Caso fortuito e força maior


O melhor entendimento é o de que essas expressões são equivalentes,
independentemente do fato de derivarem de eventos naturais ou do
homem. O art. 393, CC, ao que parece, realmente equipara essas duas
expressões sob uma denominação maior que seria a “inevitabilidade
do evento”. Ocorrendo esse evento inevitável, a conclusão é a de que o
nexo estaria rompido, não havendo falar em responsabilidade civil.
Por exemplo, enchentes, furacões, greves, dentre outros.
Todavia, O Código Civil, não faz distinção entre caso fortuito e
força maior.
Art. 393. (...) Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior
verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não eram possíveis evitar
ou impedir.

É o fato externo à conduta do agente de natureza inevitável, ou seja,


independe da previsibilidade.

Fortuito interno - é o fato imprevisível e inevitável, mas que está


inserido nos riscos de uma atividade empresarial exercida pelo agente,
ou seja, um risco a ela inerente.
O caso fortuito interno não exclui o nexo de causalidade.
Súmula 479 do STJ - As instituições financeiras respondem
objetivamente pelos danos gerados por fortuito interno a fraudes e
delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

Culpa Exclusiva da Vítima


Fala-se em culpa exclusiva da vítima quando a sua conduta se erige em
causa direito e determinante do evento, de modo a não ser possível
apontar qualquer defeito no produto ou no serviço como fato
ensejador da sua ocorrência.

 Exemplo: Pessoa que é atropelada fora do local adequado


para travessia, sendo que o motorista dirigia obedecendo
todas as regras de trânsito e com atenção necessária: A
conduta que gerou o dano decorre da própria vítima, leia-
se, Culpa Exclusiva da Vítima!
 Exemplo: A vítima, querendo se suicidar, atira-se na
frente de um veículo em avenida movimentada. O
motorista que a atropela não será responsabilizado, uma
vez que o fato se deu exclusivamente em virtude do
comportamento da própria pessoa vitimada.
 Exemplo: ligar aparelho 220v o qual tem um adesivo
grande avisando que a voltagem é 110v, e ele vir a queimar.
Ao pleitear ressarcimento, a empresa pode alegar a culpa
exclusiva da vítima.
Observação sobre culpa: Vale registrar que, excepcionalmente, o
grau de culpa poderá ter importância na fixação do valor da
indenização em duas situações (não exclui, mas pode mitigar)
A) desproporção excessiva entre o grau de culpa e a
extensão do dano:

Se houver uma culpa levíssima e um dano extenso, o


art. 944, parágrafo único, CC concede ao juiz o poder de reduzir
equitativamente o valor da indenização.
Art. 944 CC. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo
único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e
o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Exemplo: ao sair com o carro lentamente de sua garagem, um
indivíduo se distrai com a música que esta tocando e acaba e
esbarrando com seu veículo em uma senhora que passa pela calçada,
ela se desequilibra, cai, bate a cabeça no chão e vem a falecer - Culpa
levíssima e dano extenso - a indenização será reduzida
equitativamente.
B) desproporção excessiva entre o grau de culpa e a
extensão do dano:

Nestes casos a verificação do grau de culpa será importante para a


fixação do quantum indenizatório (a indenização será reduzida). A
culpa de ambas as partes não é causa de exclusão do dever de
indenizar, mas sim de redução do quantum.
Art. 945 CC. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade
de sua culpa em confronto com a do autor do dano.

Em resumo, ocorre quando o infrator causa o evento danoso, mas as


consequências do evento são agravadas pela conduta da vítima. Não
exclui a responsabilidade civil. Se a vítima tiver concorrido
culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada
tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do
autor do dano.

Fato de terceiro
É parecido com o fortuito externo. Fato de terceiro se refere a um
comportamento voluntário de um terceiro, que rompendo o nexo de
causalidade, exclui a responsabilidade do infrator.
Súmula 187, STF - veda a aplicação do fato de terceiro em favor de
transportador, em caso de acidente com passageiro. (é a exceção)

Teoria do corpo neutro: Trata-se de uma aplicação do fato de


terceiro na hipótese em que o agente físico do dano, atingido, é
involuntariamente lançado contra a vítima.
Ex: acidente de carro em engarrafamento.

Cláusula de não indenizar (contratos)


É aquela pela qual uma das partes contratantes declara que não será
responsável por danos emergentes do contrato, em inadimplemento
total ou parcial. Trata-se de exoneração convencional do dever de
reparar o dano. Requisitos específicos:

1. Consentimento deve ser bilateral;


2. Não colidir com preceito cogente de lei, com a ordem pública e com
os bons costumes;
3. Não deve eximir o dolo ou a falta grave do estipulante;

Ainda nos casos em que é possível, tem limites:


1. ordem pública: princípios e regras de intensa repercussão social,
onde estão em jogo valores sociais e culturais;
2. dolo e culpa grave: do contrário, seria “assegurar a impunidade às
ações danosas de maior gravidade”; e,
3. não pode ser ajustada para afastar ou transferir obrigações
essenciais do contratante. Elementos essenciais do contrato.Por
exemplo: aluguel de cofre bancário, e o banco tenta excluir sua
responsabilidade no caso de sumiço do valor, ou fogo…

Em três hipóteses não é admitida Contratos consumo, Contrato de


adesão e Obrigações de resultado.

· Excludentes de ilicitude

Estado de necessidade
Esse instituto exclui a ilicitude do ato, como regra. Entretanto, o
estado de necessidade gera a obrigação de indenizar, quando o bem
jurídico é de terceiro. Nesse caso, o agressor paga o prejuízo
experimentado pela vítima, mas tem ação regressiva contra o dono do
bem salvaguardado.

Exemplo: Criança corre para pegar bola na rua, o motorista desvia


da criança, jogando seu carro em cima de um carro estacionado
regularmente; o motorista deve pagar o conserto do carro que estava
estacionado, e depois entra com ação regressiva contra os pais da
criança para ser ressarcido o valor gasto com o terceiro e o reparo
do seu próprio carro;
Se o motorista do carro, bate no carro do pai da criança, não há
responsabilidade civil, cabendo ainda receber dos pais a reparação
do seu próprio carro;

(Neste exemplo exposto, processualmente falando, não cabe


chamamento ao processo por não haver solidariedade entre as
partes)
Cuidado: independentemente da excludente de ilicitude, o dano
causado em estado de necessidade pode gerar o dever de indenizar
(artigos 929 e 930 do CC)

Legítima defesa
Agir contra agressão injusta, atual ou iminente, que excluída a ilicitude
não há, em tese, o dever de indenizar.

Entretanto, caso seja atingido direito de terceiro inocente, este poderá


demandar o agente que terá uma ação regressiva contra o verdadeiro
culpado.

Estrito cumprimento do dever legal e


exercício regular de direito
O estrito cumprimento do dever legal, civilmente, está implícito no
exercício regular de um direito. Desde que não haja excesso, não há
responsabilidade civil.
O STJ ( AgRg no Ag. 1.030.872/RJ ) assentou o entendimento segundo
qual, o mero ajuizamento de ação não gera dano moral, por traduzir
exercício regular de direito. Diferente se a parte ajuizou ação
querendo conspurcar, constranger a outra parte, sabendo que não
tinha o direito, aí geraria indenização por dano moral.

Outros exemplos de situações de exercício regular de direito, em que


não havendo abuso ou excesso, não haverá responsabilidade civil:
Guarda-volumes de estabelecimento comercial. -Porta giratória em
banco, não havendo excesso nem abuso
 dever legal = lei exige a conduta do agente
 regular de direito = lei permite que qualquer cidadão, estando
na situação jurídica protegida, pode agir para manter o seu
direito;

· Legitimidade para reparação civil


Legitimidade ativa: Quanto à legitimidade ativa para a reparação
civil, temos que a vítima é a titular do direito. Também poderão
pleitear a reparação os sucessores, nos termos do artigo 943 do CC
(deve-se analisar conjuntamente com os artigos 12 e 20 do CC).
Tanta pessoa física como pessoa jurídica podem pleitear dano moral
e/ou dano material, eis que consolidado entendimento de que a pessoa
jurídica também tem exposição moral, como já dito.

Importa ressaltar que muitas vezes os familiares próximos sofrem


danos em decorrência de ato antijurídico praticado diretamente a
outra pessoa.

Ex: os casos dos dependentes (a quem o morto prestava alimentos)


que ficarão privados da verba de subsistência com a morte da vítima,
assim como sofrerão danos de natureza extrapatrimonial. São os
chamados danos reflexos ou por ricochete (explicados neste texto).

Mais recentemente a jurisprudência passou a admitir o dano reflexo


também em casos em que a vítima direta permanece viva
(litisconsórcio ativo). Trata-se de direito próprio pedido em nome
próprio e não de direito alheio pedido em nome próprio.
· Legitimidade passiva: São responsáveis pela reparação civil o
agente causador do dano, bem como os responsáveis solidários ou
subsidiários.
Também segundo o artigo 943 o dever de reparar transmite-se com a
herança (observar artigo 1.792)

Há também a responsabilidade pela reparação decorrente de contrato,


como ocorre no caso de seguro.

· Responsabilidade dos pais


É responsabilidade Civil por ato de terceiro ou responsabilidade civil
indireta.

Pais respondem pelos danos causados pelos filhos em regra geral.

Os pais que têm filho sobre sua proteção, que causam dano a terceiros
não podem alegar que criaram bem o filho (culpa in vigilando), tendo
em vista que a responsabilidade dos pais é objetiva. (independe de
culpa)
Ocorre a teoria da Substituição: os pais substituem os filhos, o
tutor substitui o tutelado e o curador, o curatelado.
A responsabilidade civil encontra limite no patrimônio mínimo. É um
limite humanitário da responsabilidade civil. Se os pais não tiverem
patrimônio suficiente para reparar o dano, mas o incapaz tem, este
responderá, civilmente, por equidade (art. 928 do CC). Haverá um
litisconsórcio sucessivo. O Código Civil pretende reparar o dano
causado pelo incapaz. A reparação será subsidiária e mitigada.
 Subsidiária: o incapaz só responderá se os pais não tiverem
condições de pagar em favor da vítima.
 Mitigada: o juiz utiliza da equidade e poderá diminuir o valor a
ser pago pelo menor (prestigiando o princípio da
proporcionalidade), com fulcro nos art. 928 do CC, En. 39 CJF.
Observe, contudo, que a aplicação da teoria finalista de forma
mitigada é uma exceção. Julgados mais recentes do STJ têm
restringido bastante a sua utilização.

Segundo os art. 928 c/c 932, I, CC, se um dos genitores não tiver a


guarda não terá a obrigação de reparar o dano. Mas, por outro lado, o
poder de família é do casal, tendo os pais responsabilidade solidária
(posição minoritária).
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização
prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais,
pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua
companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que
se acharem nas mesmas condições; [...]

Quando ocorrer emancipação voluntária, o emancipado não


responderá por ato ilícito. Os pais ainda responderão pelo ato ilícito
praticado pelo então emancipado, uma vez que este ainda é
dependente econômico daqueles. Neste caso, poderá haver
litisconsórcio passivo facultativo,

Cabe trazer o enunciado 41 CJF:

41 – Art. 928: a única hipótese em que poderá haver


responsabilidade solidária do menor de 18 anos com seus pais é ter
sido emancipado nos termos do art. 5º, parágrafo único, inc. I,
do novo Código Civil.

Há casos em que o incapaz responderá diretamente. Quando o menor


é condenado por ato infracional, art. 116 do ECA, ele responderá com
seu próprio patrimônio.
En 40 CJF: 40 – Art. 928: o incapaz responde pelos prejuízos que
causar de maneira subsidiária ou excepcionalmente como devedor
principal, na hipótese do ressarcimento devido pelos adolescentes que
praticarem atos infracionais nos termos do art. 116 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, no âmbito das medidas sócio-educativas ali
previstas.

· Abuso de direito
Para a caracterização do abuso de direito, lembra-nos Daniel Boulos,
que basta a ilicitude objetiva, ou seja, não se exige a prova da intenção
de prejudicar. O art. 187 do CC usou apenas um critério finalístico (fim
econômico ou social, boa fé objetiva e bons costumes). Se ficar
caracterizado que houve um desvirtuamento do direito, houver abuso.
Como desdobramento do princípio venire contra factum proprium,
em respeito à boa fé objetiva, o direito adquirido e exercido em virtude
de surrectio, não pode ser atacado como abusivo pela parte que sofre
a supressio.
 Supressio - perda de um direito em face do seu não exercício.
 Surrectio - aquisição de um direito pela não reclamação da parte
contrária.
Enunciado 37 CJF:

37 – Art. 187: a responsabilidade civil decorrente do abuso do direito


independe de culpa e fundamenta-se somente no critério objetivo-
finalístico.

· Responsabilidade civil Contratual


O dever violado tem berço na prévia manifestação de vontade que cria
um liame específico e particular entre as partes.

Responsabilidade contratual é aquela decorrente de inexecução ou


infração em contrato firmado pelas partes. Prevista no Código
Civil como perdas e danos.
As partes, por força do regramento por ela estabelecido, cria uma série
de expectativas de condutas recíprocas, traduzidas no dever de
adimplir. (o mero inadimplemento contratual, não gera dano moral
automaticamente)
São pressupostos de resp. Civil contratual:

1. o contrato válido; 2. a inexecução do contrato (ou parte dele) 3.


Dano e 4. o nexo causal;

A quebra do contrato por si só não enseja prejuízo moral. Nos casos


em que a quebra do contrato também ofender bens da personalidade
devem ser indenizados os danos causados;

Só ocorre dano moral reparável quando ficar provado o caráter


excessivo, além do razoável, acima do que se podia esperar como efeito
natural e previsível da quebra do dever jurídico preestabelecido entre
as partes.

· Responsabilidade Civil Direta e Indireta


Responsabilidade direta é aquela de quando o fato é imputado ao
agente por conduta própria; responsabilidade por ato próprio.

A Responsabilidade indireta ou complexa incide sobre o agente por ato


de terceiro (responsabilidade objetiva – art. 932 CC. A
Responsabilidade Indireta é quando um terceiro cobre o prejuízo de
quem causou o dano.

EXEMPLO: pai arca com despesa do filho


EXEMPLO: Um motorista particular atropela e fere um pedestre,
agindo com culpa. No evento, surge dupla responsabilidade: a do
condutor do veículo e a de seu proprietário, que responde por culpa
indireta. Ambos estarão obrigados pela totalidade da indenização. A
responsabilidade do motorista funda-se em sua culpa; a
responsabilidade do dono do automóvel resulta exatamente de sua
condição de proprietário, independentemente da perquirição de
culpa.
EXEMPLO: Suponhamos um caso de incêndio de uma propriedade
segurada, causada por culpa de um terceiro. Tanto a seguradora
como o autor do incêndio devem à vítima a indenização pelo
prejuízo; a seguradora no limite do contrato, e o agente, pela
totalidade. A vítima pode reclamar a indenização de qualquer um
deles, indistintamente, e o pagamento efetuado por um libera o outro
devedor. Contudo, não existe solidariedade entre os devedores
porque não existe uma causa comum, uma origem comum na
obrigação. A responsabilidade da companhia seguradora tem como
fonte um contrato, enquanto a responsabilidade do incendiário
decorre dos princípios do art. 186 do Código Civil: o ato ilícito.

· Ação de regresso
Nos casos de responsabilidade civil indireta, em que a lei imputa a
alguém diverso do causador do dano o dever de indenizar, admite-se a
ação de regresso contra o agente que tinha causado o dano, salvo se o
causador for descendente seu, menor de idade.

· Responsabilidade Civil por Fato de


Terceiro
Está disposta nos Art. 932 e 933, CC A responsabilidade dos donos de
hotéis, estabelecimentos de ensino e similares por danos causados por
hóspedes ou educandos (internato), onde há o pagamento.
Aquele que exerce atividade com a finalidade econômica, visando
obter vantagem, no momento em que as pessoas estão sob a
autoridade dos danos dos estabelecimentos há a obrigação de
vigilância e guarda.

Há a responsabilidade objetiva dos donos dos hotéis, estabelecimentos


que albergue por dinheiro no risco/proveito.

- Responsabilidade civil dos que tinham participado gratuitamente do


produto do crime:

Não se confunde com a coautoria - art 942, CC - Se a ofensa tiver mais


de um autor todos responderão solidariamente pela reparação.
A participação não se refere ao cometimento do fato, mas apenas no
resultado.

Observar sempre o tratamento diferenciado atribuído pelo artigo 928


à responsabilidade dos incapazes. Os incapazes respondem
equitativamente e subsidiariamente, ou seja, apenas se as pessoas por
eles responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem
de meios suficientes. Ou seja, aqui há uma exceção à regra da
responsabilidade solidária do artigo 942, parágrafo único.

· Responsabilidade Civil Pelo fato da


coisa
Coisa pode ser um bem móvel ou imóvel ou ainda semovente (animal)

O guardião somente se eximirá se provar quebra do nexo causal em


decorrência da culpa exclusiva da vítima ou evento de força maior, não
importando a investigação de culpa. (teoria do risco)

O fato da coisa decorre da violação de um dever de guarda da coisa,


que se imputa a quem tenha relação de fato e poder sobre ela.
O reconhecimento do dever de guarda é de quem tem a coisa consigo,
pode ser o possuidor ou o proprietário.

Guardião é, atualmente, tratar-se de imputar à pessoa qualificada


como tal uma esfera de risco pelo qual terão que responder.

· Responsabilidade Pelo fato do animal


Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este
causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.

A responsabilidade pelo fato de animais é objetiva, sendo que


o Código Civil só afasta a responsabilidade se provado fato exclusivo
da vítima ou força maior (art. 936, CC). Portanto, caso fortuito e fato
de terceiro não excluem a responsabilidade do dono/detentor do
animal.

Animal na pista. Pode-se responsabilizar o Estado? - Já


tratado neste texto.

· Responsabilidade pela Ruína (Edifícios


ou Construções)
Refere-se à ruína de prédio. Haverá responsabilidade objetiva do
proprietário. A construtora responderá solidariamente.

Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que


resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja
necessidade fosse manifesta.

Ruína não se refere ao desabamento total, pode ser uma ruína parcial.
Desabamento de uma Marquise, por exemplo.

Como excludentes da obrigação de indenizar admite-se, o caso fortuito


ou força maior e a culpa exclusiva da vítima. Assim, por exemplo, age
com culpa a vítima que transitar por local onde podem cair materiais
de construção, onde há avisos e proteções materiais suficientes para
dar ciência do perigo a se correr ao passar naquele local.

Acerca dos acidentes em rodovias, há que se enfrentar a discussão


sobre qual a responsabilidade atribuível quando não se identifica o
dono ou possuidor do animal. O entendimento majoritário é de que a
responsabilidade de uma eventual concessionária exploradora e
mantenedora daquela via é subsidiária em relação à do dono do
animal, e por isso não se o descobrindo, poder-se-á imputar a
concessionária por sua omissão em evitar a invasão da pista por
animais. Embora seja extracontratual, essa responsabilidade da
concessionária pode assumir feição contratual, na forma do
artigo 17 do CDC, sendo o prejudicado consumidor por equiparação,
pelo fato do serviço. É caso de responsabilidade objetiva.
Não havendo concessionária, sendo a estrada administrada pelo
Estado diretamente, a responsabilidade do Estado segue o mesmo
raciocínio: é subsidiária em relação ao dono ou possuidor do animal,
que responde quando identificado, e é objetiva, na forma do
artigo 37, § 6º, da CF – sendo necessária a omissão específica do
Estado para configurar tal responsabilização, como se sabe, o que se
percebe na identificação da quebra específica do dever de agir do
Estado naquele fato.

· Responsabilidade por Objetos


Lançados/Caídos (de Edifícios ou
Construções)
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo
dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em
lugar indevido.

Responsabilidade pela queda de coisas: Se o imóvel for alugado


quem responde é o inquilino, já que o referido artigo fala em “quem
habitar”.
Se não souber de onde partiu o projétil, a vítima não pode
ficar irressarcida. A doutrina é firme, com base na Teoria da
Causalidade Alternativa, no sentido de admitir a responsabilidade de
todo condomínio caso não se possa identificar de onde partiu o
projétil. Excluem-se, todavia, dessa responsabilidade, os moradores
dos blocos ou fachadas de onde seria fisicamente impossível o
arremesso.
Ação judicial que a vítima de um objeto lançado ou caído ajuíza tem o
nome de “Actio de effusis et dejectis”. O prazo prescricional para
reparação civil, nos termos do art. 206, § 3º, V é de três anos.

· Responsabilidade Civil do Estado


A responsabilidade civil do Estado tem princípios próprios e
compatíveis com a sua posição jurídica, por isso é mais extensa que a
aplicável às pessoas privadas.

Em regra, aplicamos a teoria do risco administrativo nas relações


estatais.
Como fundamento para a responsabilidade objetiva surgiu a teoria
do risco administrativo, a qual informa que deve ser atribuída ao
Estado a responsabilidade pelo risco criado por sua (é possível
que o Estado afaste sua responsabilidade em casos de exclusão do
nexo causal) atividade administrativa.
E, se essa atividade é exercida em favor de todos, o ônus deve ser
assim suportado.

Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos


Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (...) § 6º As pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Deve ser comprovado o nexo causal entre o dano e a conduta do


agente público.

· Responsabilidade Civil nas relações de


consumo
O CDC só é aplicável nas relações de consumo. Para caracterizar a
relação de consumo é necessário a presença, impreterivelmente:
 De no mínimo um Consumidor,
 De no mínimo um Fornecedor,
 De no mínimo um Produto ou de um Serviço.

· Consumidor
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.

Consumidor é a parte vulnerável da relação de consumo e deve por


este motivo ser protegido quando contratar.
O conceito básico de consumidor é definido no art. 2º, caput, e
complementado pelo seu parágrafo único e pelos artigos 17 e 29.

Art. 2º do CDC - Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que


adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de
pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações
de consumo
Art. 17 do CDC - pessoas são equiparadas ao consumidor no caso de
acidente de consumo.
Art. 29 do CDC - tutela os direitos das pessoas que por meio de oferta,
publicidade, práticas abusivas, cobrança de dívidas, cláusulas
abusivas e contrato de adesão sofrerem qualquer tipo de violação ou
abuso de direito.
Dessa forma, sobre o conceito de consumidor, pode-se concluir que:

 Não é definido apenas sob a ótica individual, mas também


enquanto categoria (direito transindividual);
 Não é apenas o contratante, mas a vítima de acidentes (onde não
há contrato entre as partes) e de práticas abusivas (realizadas
antes da contratação);
 Não é apenas o que adquire, mas o que utiliza os produtos ou
serviços;
 Pode ser pessoa física ou jurídica;
Fornecedor
Conforme Art. 3º do CDC, é toda pessoa física ou jurídica, pública ou
privada, nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados
que desenvolvem atividades de produção montagem, criação
transformação, importação, exportação, distribuição ou
comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Exercem a atividade de forma habitual, visando lucro, com
caráter de profissionalidade.

Produto
É qualquer bem, móvel ou imóvel, de valor econômico que desperte
interesse no homem. (amostra grátis é produto!)
CDC Art. 3º (...) § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
material ou imaterial.

Serviço
É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.

Art. 3º (...) § 2º Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado


de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza
bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes
das relações de caráter trabalhista.

Responsabilidade pelo Fato do Produto


Fato = defeito (quando coloca em risco a saúde e a segurança
do consumidor)
Defeito pressupõe o vício.
O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro e o
importador respondem, independentemente de culpa pelos danos
causados aos consumidores por defeitos no produto.

Nesse ponto, em vez de simplesmente imputar a responsabilidade aos


fornecedores, quis o CDC restringir os personagens. Então, de acordo
com seu art. 12, são responsáveis pelo fato do produto e do serviço: o
fabricante - aquele que fabrica e coloca no mercado de consumo
produtos industrializados; o produtor - aquele que fabrica e coloca no
mercado de consumo produtos não industrializados; o construtor,
nacional ou estrangeiro - aquele que introduz produtos imobiliários no
mercado de consumo, através de fornecimento de bens ou serviços; o
importador - aquele que faz circular produto estrangeiro dentro do
país.
O produto é defeituoso quando não oferece segurança que dele se
espera (funcionar conforme o esperado), levando-se em conta:
 sua apresentação;
 o uso e os riscos que razoavelmente que dele se esperam; (de
uma faca, por exemplo, é esperada que ela corte)
 na época em que foi colocado em circulação; (um celular não é
defeituoso por não conseguir instalar determinado aplicativo
por estar com o sistema ultrapassado, por exemplo)
O produto não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor
qualidade ter sido colocado no mercado.

O defeito vai além do produto ou do serviço para atingir o consumidor


em seu patrimônio jurídico, seja moral e/ou material. Por isso,
somente se fala propriamente em acidente, e, no caso, acidente de
consumo, na hipótese de defeito, pois é aí que o consumidor é
atingido.

Responsabilidade pelo vício do produto


Vício = inadequação do produto (não funciona conforme
esperado)
O vício do produto o torna impróprio ao consumo, produz a desvalia, a
diminuição do valor e frustra a expectativa do consumidor, mas sem
colocá-lo em risco.
Os vícios normalmente são os de qualidade ou quantidade que tornam
os produtos ou serviços impróprios ou inadequados ao consumo a que
se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles
decorrentes da disparidade, como as indicações constantes do
recipiente, da embalagem ou mensagem publicitária.

Também independem de culpa, como na responsabilidade pelo


defeito;

São espécies de vícios:


 Vício de Qualidade = algum recurso ou característica que não
funciona; ( televisão cujo som não funciona, carro com
problemas de aquecimento, ferro de passar roupa que esquenta
pouco, roupa descosturada, serviço de limpeza mal executado,
prazo de validade vencido etc.)
 Vício de Quantidade = quando o peso está errado ou veio
faltando; (frango congelado cuja quantidade de água eleva o
peso real do produto; vidro de mostarda de 200ml que só tem
150ml; caderno de 100 páginas com apenas 80; serviço de tevê
por assinatura que retira canais de sua programação sem o
prévio aviso ao consumidor etc)
 A Publicidade enganosa = não cumpre o que promete;
 A Publicidade abusiva = discriminatória contra criança e
idosos, aproveitando-se da ingenuidade do consumidor;
Os vícios podem ser aparentes ou ocultos.

· O prazo para reclamação do vício


(decadencial)
· GARANTIA LEGAL

Produtos não duráveis = 30 dias para reclamar

Produtos ou serviços não duráveis são aqueles que se esgotam ao


primeiro uso ou em pouco tempo após a aquisição, ou seja, aqueles são
naturalmente destruídos na sua utilização.
Produtos duráveis = 90 dias para reclamar

Os produtos ou serviços duráveis não são necessariamente


destruídos pelo consumo. O que pode ocorrer é o desgaste natural com
a sua utilização, portanto, caracterizam-se por ter vida útil não
passageira.
O parágrafo 2º do art. 26 do CDC determina que “obsta a decadência”
a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o
fornecedor de produtos e serviços até a resposta negativa
correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca.
Prepondera na doutrina a interpretação doutrinária de que a
expressão “obstar” se trata de interrupção (ao menos no que diz
respeito a contagem do prazo), assim, após a resposta negativa do
fornecedor, o prazo previsto no artigo recomeça. Recomeça, segundo
entendimento de nossos tribunais, para o ajuizamento de uma ação
por vício.
GARANTIA CONTRATUAL

O fabricante divulga o prazo garantia maior que a legal. Quando o


prazo contratual acabar, então começará a garantia legal;

CDC Art. 50. A garantia contratual é complementar à legal e será


conferida mediante termo escrito.

Por exemplo, a Motorola anuncia que seu celular (bem durável) tem
uma garantia de dois anos.

Na realidade, a garantia é de 2 anos e 3 meses - 2 anos


(contratual) + 90 dias (legal)

Prazo para solucionar vício:


Prazo do fornecedor sanar qualquer vicio é de 30 dias;
Art. 18. (...) § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo
de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua
escolha:
Opções do consumidor após o prazo de 30 dias, com o vicio não
corrigido:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em
perfeitas condições de uso; II - a restituição imediata da quantia
paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas
e danos; (pegar o dinheiro de volta) III - o abatimento proporcional
do preço. (ficar com o mesmo produto sem concertar com o desconto
decorrente do problema)

Exemplos da distinção entre vício e


defeito:
 Ventilador novo que não liga, temos um VÍCIO DE PRODUTO.
 Ventilador novo que solta a pá ao ser ligado, atingindo o
consumidor, nesse caso temos a presença de um DEFEITO DE
PRODUTO.
 Pedreiro que faz uma calçada ondulada, temos um VÍCIO DE
SERVIÇO.
 Pedreiro que faz uma parede torta, e essa desmorona. Nesse caso
temos a presença de um DEFEITO DE SERVIÇO
Nota-se, a disparidade entre a gravidade dos casos!
Em síntese: Como diferenciar “fato” de “vício”? No vício, o
problema encontrado no produto ou no serviço frustra o consumidor
tão somente pelo erro encontrado neles próprios, acarretando o mau
ou impossível funcionamento. No fato do produto ou do serviço, por
outro lado, este “erro” é externalizado, saindo do domínio do produto
ou serviço para atingir a esfera particular do consumidor, causando-
lhe um dano material, físico ou moral.

Exclusão de responsabilidade
Nesses casos, ocorre a inversão do ônus da prova, quem tem que
provar é o fabricante, construtor, produtor ou importador que o
defeito inexiste. Isso ocorre porque para o legislador, eles têm
condições de enfrentar uma demanda, questionando a existência ou
não do defeito nos produtos
O fabricante, construtor, produtor ou importador excluem sua
responsabilidade se provarem que:
1. A empresa não colocou o produto no
mercado produtos falsificados em circulação ou quando o
fornecedor foi vítima de furto ou roubo de produto ainda
incompleto para ser colocado no mercado
2. o defeito inexiste o consumidor usou errado, ou a pessoa
que pensa ter passado mal por causa da ingestão de um
queijo, quando percebe que este se encontra mofado. Eis
que o fornecedor demonstra que o bolor encontrado nesse
queijo não só é tolerado como desejado, que é uma
característica intrínseca daquele tipo de queijo e que o
passar mal do consumidor, portanto, não teve qualquer
ligação com um defeito naquele laticínio, sendo tal defeito,
assim, inexistente.
3. culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro quando a despeito de aviso claro no
medicamento sobre a posologia, o indivíduo toma o dobro
da dose recomendada. Ou seja, não há defeito no
medicamento e sim culpa exclusiva daquele que tomou
dose superior à que se indicou.
O prazo prescricional é de 5 anos para reclamar
Responsabilidade do Comerciante
Por sua vez, o comerciante só é igualmente responsável, quando:
1. o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não
puderem ser identificados;
2. o produto for fornecido sem identificação clara do seu
fabricante, produtor, construtor ou importador;
3. não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
O comerciante poderá, dependendo do caso em concreto, entrar
com ação de regresso em face do fabricante.

· Responsabilidade Civil dos profissionais


liberais
O profissional deve atuar com lealdade em relação ao seu cliente, isto
implica numa série de deveres, desde a própria execução do contrato
até os deveres de informação e aconselhamento.

Responsabilidade Civil do Médico


Em regra, a obrigação médica constitui-se de obrigação de meio, não
havendo comprometimento do médico com a obtenção do interesse
específico do paciente.

O objetivo da relação obrigacional médico-paciente se caracteriza


como uma obrigação de fazer visando à preservação da vida, a cura ou
prevenção da doença ou moléstia, assim como a melhora das suas
condições pessoais, vinculando-se diretamente à vida e à integridade
física ou moral da pessoa.

A obrigação médica gera a responsabilidade civil subjetiva, sendo


necessário a demonstração de uma falta do profissional em relação aos
deveres decorrentes da obrigação da prestação de serviços médicos.

O fundamento jurídico é o já referido art. 186 /CC e o art. 927, caput,


do CC/2002.
Quando houver relação de consumo, pois existe a remuneração do
serviço prestado diretamente ao paciente, qualificando-o como
consumidor, a responsabilidade pessoal do médico será apurada
mediante a verificação de culpa, com fundamento no Art. 14, §
4 do Código de Defesa do Consumidor  - Lei 8078/90
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da
existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição
e riscos. § 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais
liberais será apurada mediante a verificação de culpa.

· Deveres do médico: O profissional está em situação superior ao


seu paciente. Dessa forma, deve ele, médico, informar de forma clara e
suficientemente o leigo/consumidor, pessoalmente sobre os riscos
típicos e aspectos principais do serviço médico naquele caso específico.
O conteúdo do dever de informar do médico deve ser suficiente para o
paciente tomar sua decisão de submeter-se ao procedimento, assim
como sobre seus riscos e as respectivas consequências do tratamento
ou procedimento a ser realizado.

Privilégio terapêutico - previsto no art. 34 do Código de ética


médica, que, ao estabelecer a vedação de deixar de informar,
estabelece também que a comunicação deve feita ao representante
legal, quando possa lhe provocar dano se feita a comunicação direta ao
paciente.
Art. 34. Deixar de informar ao paciente o diagnóstico, o prognóstico,
os riscos e os objetivos do tratamento, salvo quando a comunicação
direta possa lhe provocar dano, devendo, nesse caso, fazer a
comunicação a seu representante legal.

· Cirurgia plástica embelezadora Por tratar-se de obrigação de


resultado, a culpa do médico por eventual erro é presumida, ou seja,
cabe a ele demonstrar a quebra do nexo causal a fim de se eximir da
responsabilidade ( REsp. 236.708/MG).
· Anestesiologista: dano em razão da anestesia A natureza
reserva segredos que ainda se conservam fora do alcance da medicina,
a exemplo de uma reação alérgica, de maneira que a obrigação deste
profissional é de MEIO e não de resultado.
· Transfusão de sangue e testemunhas de jeová Uma primeira
corrente defendida por autores como Gustavo Tepedino invoca a
dignidade da pessoa humana e a liberdade de crença para sustentar a
recusa da transfusão contra a vontade do paciente. Uma segunda
corrente, defendida por autores como Fredie Didier, com base na
relevância do direito à vida, matriz de todos os direitos, e nos termos
dos art. 46 a 56 do Código de Ética Médica e Res. 1.021/80 do CFM,
autoriza a intervenção judicial para salvar a vida do paciente,
possibilitando a transfusão mesmo contra a sua vontade.
· Infecção hospitalar: O hospital responde objetivamente pela
infecção, quando esta decorre do seu próprio serviço e não da
atividade médica ( REsp. 629.212/RJ).
·Resp. Civil do plano de saúde: Há entendimento no STJ
admitindo a responsabilidade do plano de saúde por erro médico
( REsp. 328.309/RJ). Seguindo a linha do STJ, deveria ser subjetiva
também

· Responsabilidade civil do transportador


Responsabilidade civil do transportador em relação a
terceiros A responsabilidade aí é extracontratual, pois não há vínculo
jurídico entre eles. Nesse caso têm se as seguintes possibilidades:
 se o transporte é realizado por prestadora de serviço público,
por se tratar de dano a terceiro, aplica-se o art. 37 § 6º da CF;
 se não for prestadora de serviço público, aplica-se o
art. 14 do CDC, combinado com o artigo 17: consumidor por
equiparação, pois é vítima do evento. Nesse caso, não precisa mais
invocar a responsabilidade por fato de terceiro porque o
transportador não responde por fato do preposto, mas por fato
próprio (defeito do serviço).
Em ambos os casos, a responsabilidade é objetiva, mas tem
fundamentos legais diferentes.
· Responsabilidade civil do transportador em relação aos
passageiros: A responsabilidade é contratual. A responsabilidade é
objetiva, aplicando-se o CDC, artigo 14.
· Exclusão da responsabilidade do transportador: Pode ser
excluída por: Fato exclusivo do passageiro; fortuito externo; fato
exclusivo de terceiro
· Transporte por simples cortesia (CARONA): Súmula 1455,
STJ: só responde se incorrer em dolo ou culpa grave.
 Súmula: 145 No transporte desinteressado, de simples cortesia, o
transportador só será civilmente responsável por danos causados ao
transportado quando incorrer em dolo ou culpa grave.

· Responsabilidade civil no acidente de


trabalho
A responsabilidade é objetiva, baseada na teoria do risco INTEGRAL
(ou seja, nem caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima ou
fato de terceiro eximem o direito à indenização). No entanto, essa
indenização é paga pelo INSS. Trata-se de um seguro coletivo. Basta
comprovar a relação de emprego, o dano e que o mesmo ocorreu por
ocasião do trabalho. Nesse caso, a indenização é tarifada, isto é, sujeita
aos limites previstos em lei.
Responsabilidade do empregador: há possibilidade de cumular a
indenização paga pelo INSS com a indenização cobrada perante o
empregador, pois são autônomas e cumuláveis

· Relação entre a responsabilidade civil e


a criminal
O art. 935 do Código Civil estabelece a relação entre a
responsabilidade civil e a responsabilidade criminal. Dispõe que:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se
podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem
seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo
criminal
O enunciado 45 da I Jornada de Direito Civil colaborou com a
interpretação do artigo ao inserir a expressão “categoricamente”, ou
seja, se a existência do fato e a autoria se acharem “categoricamente”
decididas no juízo criminal, essa definição não será alterada no juízo
cível. Embora os ilícitos civis sejam diferentes dos ilícitos criminais,
uma vez decididos fato e autoria, independentemente das outras
circunstâncias, não se poderá decidir de forma diferente no juízo cível.

Por isso, muito cuidado: embora o artigo afirme a


independência, trata, na verdade, de uma independência
relativa
Assim, somente a decisão criminal que tenha categoricamente
afirmado a inexistência do fato impede a discussão da
responsabilidade civil.
A absolvição no juízo criminal não exclui automaticamente a
possibilidade de condenação no juízo cível, conforme está disposto no
art. 64 do CPP. Os critérios de apreciação da prova são diferentes: o
Direito Penal exige integração de condições mais rigorosas e taxativas,
uma vez que está adstrito ao princípio da presunção de inocência; já o
Direito Civil é menos rigoroso, parte de pressupostos diversos, pois a
culpa, mesmo levíssima, induz à responsabilidade e ao dever de
indenizar. Assim, pode haver ato ilícito gerador do dever de indenizar
civilmente, sem que penalmente o agente tenha sido responsabilizado
pelo fato.
· Ação Civil Ex Delicto
Possui a finalidade de buscar uma indenização pelo dano sofrido, cuja
causa de pedir é o ilícito criminal.

Após o trânsito em julgado da questão penal, com a sentença


condenatória, esta faz coisa julgada no direito civil.

Quando for intentada uma ação civil e outra penal simultaneamente, a


ação civil poderá ficar suspensa até o resultado da ação penal.

O delito traz uma pretensão de natureza indenizatória, conforme o


disposto no art 186 do CC.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Não obstante a sentença absolutória no juízo criminal, a ação civil


poderá ser proposta.

1. quando não tiver sido reconhecida a inexistência material


do fato
2. quando houver o despacho de arquivamento do inquérito
ou das peças de informação
3. em face de decisão que julgar extinta a punibilidade
4. quando a sentença absolutória decidir que o fato imputado
não constitui crime
· E xecução da sentença condenatória penal na esfera cível: A
sentença condenatória transitou em julgado constitui título executivo
judicial.
Quando o condenado é absolvido na revisão criminal, ficam
prejudicados os efeitos na sentença condenatória, em função da
desconstituição do título.

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