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Por Vanderlei Ramos
DIREITO CIVIL | 02/NOV/2014
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A responsabilidade civil parte do posicionamento que todo aquele que violar um
dever jurídico através de um ato lícito ou ilícito, tem o dever de reparar, pois
todos temos um dever jurídico originário o de não causar danos a outrem e ao
violar este dever jurídico originário, passamos a ter um dever jurídico
sucessivo, o de reparar o dano que foi causado. O ato jurídico é espécie de
fato jurídico (Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, Ed.
Atlas, 2008, p.2).
Ainda, nas palavras de San Tiago Dantas o principal objetivo da ordem jurídica
é "proteger o lícito e reprimir o ilícito. Vale dizer: ao mesmo tempo em que ela
se empenha em tutelar a atividade do homem que se comporta de acordo com
o Direito, e reprimi a conduta daquele que contraria". (Programa de Direito Civil,
V. I/ 341, Ed. Rio).
Sendo uma das espécies de dano material os danos emergentes, é nada mais
do que o valor direto da reparação, trazendo para a vítima a situação em que
ela se encontrava antes do dano, o exemplo mais comum é no caso de um
acidente de trânsito com perda total do veículo, o dano emergente é o valor do
mesmo antes do acidente ou com perda parcial o dano emergente seria o valor
do conserto, ou seja quando alguém comete um dano está obrigado a reparar e
a reparação se dá quando o agente causador indeniza a título de danos
emergentes (Cavalieri Filho, Sergio, Programa de Responsabilidade Civil, Ed.
Atlas, 2008 p.72).
Como também temos outra espécie de dano material, são os lucros cessantes,
o propósito de indenizar com base em lucros cessantes está na possibilidade
da pessoa ter um dano e com isso deixar de lucrar, como no exemplo acima se
o veículo fosse um táxi, o valor do conserto é o dano emergente como já visto,
mas o tempo em que o táxi ficaria na oficina para o conserto é o tempo que o
taxista deixou de trabalhar, logo teria um lucro que ele deixaria de receber.
Este lucro deve ser calculado conforme o lucro que ele teve em outros dias em
que trabalhou ou com base em outros taxistas do mesmo ponto, multiplicando
pelo número de dias em que ficou sem o táxi, como exemplo se o táxi ficar
cinco dias no conserto e cada dia o taxista teria um lucro de R$: 50,00, basta
multiplicar 5 dias pelos R$: 50,00, logo o valor dos lucros cessantes ficariam
em R$: 250,00.
E ainda, indenização por perda de uma chance como vimos para existir
indenização precisa existir dano, podendo ser material ou moral, efetivo ou
lucros que poderiam ser recebidos futuramente, em regra precisa mostrar a
culpa do agente causador, porém há situações onde a responsabilidade existe
independente de culpa, mas uma coisa é certa precisa existir o dano de forma
certa e imediata com base no art. 403 Código Civil, não sendo possível
indenizações de danos imaginários ou de meras hipóteses, sendo necessário
de mostrar nexo causal entre o dano e o fato que o gerou.
Segundo Cavalieri "Como se vê hoje o dano moral não mais se restringe a dor,
tristeza e sofrimento, estendendo a sua tutela a todos os bens personalíssimos
- os complexos de ordem ética -, razão pela qual revela-se mais apropriado
chamá-lo de dano imaterial ou não patrimonial, como ocorre no Direito
Português. Em razão dessa natureza imaterial é insusceptível de avaliação
pecuniária, podendo apenas ser compensado com a obrigação pecuniária
imposta ao causador do dano, sendo mais uma satisfação do que uma
indenização".
Porém não é tarefa fácil, em muitas situações, analisar quais as causas que
geraram o dano e se existem concausas que contribuíram para que o evento
danoso acontecesse, para auxiliar nesta tarefa existem três teorias que são
utilizadas como base para entender se houve nexo de causalidade e se esta
deu causa ao dano, são elas: a teoria da equivalência das condições, a teoria
de causalidade adequada e a teoria direta ou imediata.
Criada pelo jurista alemão Von Buri, na metade do século XIX, a teoria da
equivalência das condições apresenta que todos os fatores que contribuíram
para que o prejuízo acontecesse, são consideradas causas, bastando estar
presente qualquer fato que direta ou indiretamente tenha servido para que o
resultado fosse o dano, estaria este fato concorrendo com outras concausas,
visão bastante ampla que sofre sérias críticas, pois poderia dizer então que
uma pessoa que dispara com uma arma de fogo contra outra causando a morte
desta, responderia neste caso não apenas o autor do disparo, mas também
quem fabricou a arma, quem vendeu ou até mesmo quem inventou a pólvora.
Em relação a tudo isso boa parte dos jurista na área penal entendem que
responde apenas quem está diretamente ligado ao evento que causou o dano,
não respondendo aqueles que de forma indireta teriam participação e seriam
apenas concausas, logo no exemplo mencionado responderia apenas o autor
do disparo e as concausas diretamente ligadas ao evento danoso.
Teoria da causalidade adequada, criada pelo filósofo alemão Von Kries, trás
como causa do resultado danoso tudo que contribuiu de forma adequada ou
seja segundo um juízo de probabilidades, sendo que nem todas as concausas
estariam concorrendo com o evento que gerou o dano, como no exemplo
mencionado pelo Desembargador . Do Tribunal de justiça do Rio de Janeiro,
Antunes Varela "se alguém retém ilicitamente uma pessoa que se apresentava
para tomar certo avião, e teve, afinal, de pegar um outro, que caiu e provocou a
morte de todos os passageiros, enquanto o primeiro chegou sem incidentes ao
aeroporto de destino, não se poderá considerar a retenção ilícita do individuo
como causa do dano ocorrido, porque, em abstrato, não era adequada a
produzir tal efeito, embora se possa asserverar que este (nas condições em
que se verificou) não se teria dado se não fora ilícito. A ideia fundamental da
doutrina é a de que só há uma relação de causalidade adequada entre o fato e
o dano quando o ato ilícito praticado pelo agente seja de molde a provocar o
dano sofrido pela vítima, segundo o curso normal das coisas e a experiência
comum da vida" (Gagliano, Pablo Stolze, Novo curso de Direito Civil, Ed.
Saraiva, 2011, p.130).
Porém, nem todo ato danoso será ilícito, como também nem todo ilícito será
danoso. Vamos ter situações onde haverá a excludência de responsabilidade,
situações previstas em lei, que afastam qualquer dever de reparar um dano
caso este tem sido cometido nas situações elencadas no art. 188 do Código
Civil, onde diz que "Não constituem atos ilícitos: os praticados em legítima
defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido, a deterioração ou
destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo
iminente". Não tendo natureza indenizatória estes atos mesmo que ao praticar
venham a causar dano, pois mesmo que causem dano são ações permitidas
pela lei, e por isso tidas com lícitas.
Como é o caso da legitima defesa, não é permitido a ninguém fazer justiça com
as próprias mãos, essa é a regra básica, porém em certos casos não há como
esperar pela justiça do estado, ao se encontrar sobre injusta agressão, atual e
iminente de direito seu ou outrem, usando de meios necessários, o que
significa dizer sem excessos, pode a vítima evitar que venha sofrer esta injusta
agressão mesmo que para isso venha a causar danos ou lesões ao seu
agressor, sem ter a obrigação de reparar os danos causados ao agressor.
Como também nos casos de estado de necessidade quando para salvar a vida
de um terceiro que corre perigo é permitido que alguém destrua ou deteriore
coisa alheia para remover o perigo e com isso garanta a aquele terceiro que
não venha a sofrer algo mais grave, o ato será legítimo se houver
circunstâncias que o tornem absolutamente necessário para que a coisa alheia
seja destruída ou deteriorada. Logo o que se está em jogo é um bem maior a
vida de quem corre perigo e não o bem que foi destruído ou deteriorado. Ainda
conforme art. 929 do código civil, o dono da coisa será indenizado se não for
responsável por ter dado causa ao perigo. Logo podemos concluir conforme
mencionado acima que nem todo ato danoso é ilícito, como também nem todo
ilícito é danoso.
Como também, pode ser extracontratual na qual não existe relação contratual
entre as partes, porém ao violar um direito causando um dano, com base no
art. 186Código Civil, haverá uma obrigação que não estava prevista em
contrato, mas prevista na lei. Exemplo: em um acidente de trânsito aquele que
bate em outro veículo causando um prejuízo para o dono fica obrigado a pagar
o conserto, com o propósito de reparar o dano causado, sendo que não havia
contrato firmado entre os dois motoristas que previni-se esta situação, mas sim
por ser uma previsão legal, que quando o agente causador mesmo que diante
uma ação ou omissões danifica o bem de outro está obrigado a indenizar,
também cabe observa outra previsão legal que a indenização deve ser na
medida e na proporção do dano.
Diante isso nota-se que há uma tendência entre as pessoas em realizar seus
negócios através de contratos pois ficaria mais óbvio provar a culpa daquele
que não cumpriu sua parte, como também mais fácil de estabelecer a pena
aplicada no caso de não cumprimento de uma clausula, uma vez que o Direito
tem por base reprimir quem não cumpri um ordenamento jurídico.
1.2.2 - Resp. Subjetiva e Resp. Objetiva – O regramento da matéria no
CCB e no CDC
De acordo com a teoria clássica a culpa deve ser sempre apurada, sendo este
o entendimento aplicado na maioria das ações, é o entendimento utilizado de
forma geral, dispensado apenas nos casos onde temos atividade de risco ou
nas relações de consumo, conforme previsto no Código de defesa do
consumidor, para todas as outras só pode existir a obrigação de indenizar
quando ficar provado que o agente causador ao cometer o dano fez com culpa,
sendo com isso dever da vítima o ônus probatório contra o agressor para então
apurar seus direitos de indenização ao dano sofrido, sendo neste caso aplicada
a Resp. Civil subjetiva, onde se faz necessário comprovar a culpa sendo esta
indispensável para propor as ações que visam reparar o dano.
No que diz respeito as relações de consumo, cada vez mais em alta, o Código
de defesa do consumidor surgiu com o propósito de tornar mais seguro as
relações entre consumidor e fornecedor criando novas espécies de
responsabilidades e novas excludentes, afin de proteger o consumidor sendo
este vulnerável na maioria das situações. Logo utilizando a responsabilidade
objetivo, sendo do fornecedor o ônus de provar sua excludência.
CONTEÚDO EXTRA
2. Responsabilidade Civil: Resumo
Doutrinário e principais
apontamentos
Resumo doutrinário sobre as responsabilidades civil, com
sua origem e aplicação em nosso ordenamento jurídico.
Responsabilidade Civil nas relações de consumo e a Ação
Civil Ex Delicto.
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COMENTAR16
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Conceito:
A responsabilidade civil consiste no dever de indenizar o dano
suportado por outrem. Assim, a obrigação de indenizar, nasce da
prática de um ato ilícito.
O titular de um direito se relacionará juridicamente com a toda a
coletividade. A lei imporá a essa coletividade um dever jurídico de
abstenção, ou seja, ninguém poderá praticar atos que venham a causar
lesões a direitos (patrimoniais ou extra patrimoniais) desse titular.
Conduta humana
Nexo-causal
Dano
Risco = reconhece-se no agente um dever prévio de cuidado, é
responsável, a priori, porque não observou aquele dever de cuidado
que lhe era intrínseco
A partir de tais pressupostos podemos definir como ato ilícito em
sentido amplo aquele contrário à lei ou ao direito (causar dano injusto
a outra pessoa);
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito ( arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
· Responsabilidade civil objetiva
É aquela em que a lei dispensa a produção de prova a respeito da
culpa (ainda necessário se provar a Conduta humana ,Nexo-causal e
o Dano). Porém, na origem é normal que se tenha um ato culposo,
sendo que a lei apenas estabelecerá não ser necessária a produção de
prova acerca dessa culpa. Desta forma, é errado dizer que
responsabilidade objetiva é aquela em que não há culpa, já que pode
até haver culpa ou dolo, mas mesmo se não houver, há a
responsabilidade, do mesmo modo.
O fundamento teórico da responsabilidade objetiva não é, portanto, a
culpa, em sentido amplo. Na objetiva, reconhece-se no agente
um dever prévio de cuidado, que impõe que a danificação lhe seja
imputada, a despeito de qualquer cogitação de sua culpa: é
responsável, a priori, porque não observou aquele dever de cuidado
que lhe era imanente.
Bom exemplo é a responsabilidade do Estado. O Estado é “pago” (por
intermédio dos impostos) pelos cidadãos para garantir a boa prestação
de serviços públicos, e o dever de bem prestar se considera
inobservado quando, dos serviços estatais, venha algum dano. É a
teoria do risco administrativo. O mesmo se dá com os fornecedores,
na seara consumerista. São responsáveis objetivamente pelos danos
que os consumidores padecerem, porque, além de o consumidor ser
vulnerável, aquele que se coloca no mercado para auferir bônus
precisa suportar os ônus do que essa atividade acarreta.
Na prática, a responsabilidade objetiva é aquela em que não há
necessidade de discussão do elemento culpa.
Vale dizer, que as excludentes da responsabilidade objetiva incidem
somente sobre o nexo de causalidade: quando presentes, rompem o
nexo de uma determinada conduta que é apontada como causa de um
dano. São essas a força maior, o caso fortuito (externo), o fato
exclusivo da vítima e o fato exclusivo de terceiro, esmiuçados em
momento oportuno neste texto.
Responsabilidade civil subjetiva (regra
geral)
É o tipo mais comum, e residual. Utiliza-se da culpa do agente para
mensurar a responsabilidade, compreende o dolo e a culpa em sentido
estrito (imprudência, negligência e imperícia).
· Elementos ou requisitos da
Responsabilidade Civil
Como vimos, são eles:
Conduta humana, Nexo causal, Dano e Culpa
(subjetiva) ou Risco (objetiva)
· Conduta humana
A conduta que gera responsabilidade civil é a conduta voluntária,
livre e consciente, bastando um grau moderado de consciência na
atuação humana, podendo ser omissiva ou comissiva.
1. Comissiva: é aquela conduta que envolverá um agir, uma
ação do sujeito. Porém, essa ação acaba por violar um dever
jurídico imposto pela lei ou pelo contrato, gerando danos
que devem ser indenizados.
2. Omissiva: para que possa haver a imputação de
responsabilidade a um sujeito pela sua omissão, é
fundamental que antes exista um dever de agir imposto pela
norma. Sem dever de agir não há que se falar em conduta
omissiva. Esse dever de agir pode ser oriundo:
da lei: por exemplo, policial diante de um crime no qual tenha a
possibilidade de agir; bombeiro em uma situação de perigo; pai
em relação aos filhos etc.;
do contrato: o guia da montanha é obrigado a agir em razão de
sua custódia; instrutor de mergulho; babá etc.;
dever de ingerência: quando uma conduta anterior expõe a
perigo bens de outrem (bem patrimonial ou da personalidade).
Por exemplo, jogar amigo na piscina: quem jogou tem o dever de
agir no sentido de salvar o amigo do afogamento.
Deve haver um grau de consciência no que se faz para que se
enquadre como conduta humana. Estado de sonambulismo, por
não ser voluntária as condutas praticadas, não gera resp. Civil.
A responsabilidade civil normalmente é gerada por conduta ilícita,
mas, por exceção, também pode decorrer de ato lícito (previsto em
lei).
Exemplos de ato lícito que geram resp. Civil:
Desapropriação (poder público tem o direito de requerer o seu
imóvel para instalar uma atividade que ele queria)
Passagem forçada (um imóvel fica "encravado" para a saída para
as ruas e avenidas)
· Nexo de Causalidade
Trata-se do liame que une o AGENTE ao RESULTADO
Para Gonçalves, a relação de causa e efeito entre a ação ou omissão
do agente e o dano verificado e para Venosa, o conceito de nexo
causal ou relação de causalidade deriva de leis naturais
Existem 3 (três) teorias que explicam o nexo causal:
A) teoria da equivalência de condições Conditio sine qua
non: para esta teoria todo e qualquer antecedente fático que concorra
para o resultado é causa.
A crítica dessa teoria é que haveria uma série de pessoas que seriam
responsabilizadas por uma ação de um único agente, levando até
conclusões absurdas, haja vista que todas as condições são
necessárias ao resultado, assim sendo, chegaríamos a resultados
completamente desarrazoados, ao ponto de Santos Dumont ter culpa
em um acidente aéreo que ocorresse hoje, por exemplo.
B) teoria da causalidade adequada: Causa é apenas o
antecedente fático abstratamente adequado à consumação do
resultado.
Essa teoria parte de um juízo de probabilidade porque, para ela, causa
é apenas o antecedente apropriado, em tese, abstratamente apto a
produzir aquele resultado.
· Dano ou Prejuízo
O dano ou prejuízo traduz a lesão a interesse jurídico tutelado,
material ou moral, ou estético.
· Danos extrapatrimoniais
Dano moral
O dano moral apresenta uma dupla função:
Pessoa jurídica pode sofrer dano moral desde que haja um ferimento
de sua honra objetiva (imagem, conceito, boa fama), de forma a abalar
sua credibilidade, com repercussão econômica.
· Dano Estético
Surgiu do desdobramento do dano puramente psicológico, neste dano
ocorrem deformidades físicas que provocam aleijão e repugnância,
abarcando os casos de marcas e outros defeitos físicos que causem à
vítima desgosto ou complexo de inferioridade (tanto externo, quanto
interno, quando função morfológica dos órgãos)
STJ - Súmula 387 - É lícita a cumulação das indenizações de dano
estético e dano moral.
Fato de terceiro
É parecido com o fortuito externo. Fato de terceiro se refere a um
comportamento voluntário de um terceiro, que rompendo o nexo de
causalidade, exclui a responsabilidade do infrator.
Súmula 187, STF - veda a aplicação do fato de terceiro em favor de
transportador, em caso de acidente com passageiro. (é a exceção)
· Excludentes de ilicitude
Estado de necessidade
Esse instituto exclui a ilicitude do ato, como regra. Entretanto, o
estado de necessidade gera a obrigação de indenizar, quando o bem
jurídico é de terceiro. Nesse caso, o agressor paga o prejuízo
experimentado pela vítima, mas tem ação regressiva contra o dono do
bem salvaguardado.
Legítima defesa
Agir contra agressão injusta, atual ou iminente, que excluída a ilicitude
não há, em tese, o dever de indenizar.
Os pais que têm filho sobre sua proteção, que causam dano a terceiros
não podem alegar que criaram bem o filho (culpa in vigilando), tendo
em vista que a responsabilidade dos pais é objetiva. (independe de
culpa)
Ocorre a teoria da Substituição: os pais substituem os filhos, o
tutor substitui o tutelado e o curador, o curatelado.
A responsabilidade civil encontra limite no patrimônio mínimo. É um
limite humanitário da responsabilidade civil. Se os pais não tiverem
patrimônio suficiente para reparar o dano, mas o incapaz tem, este
responderá, civilmente, por equidade (art. 928 do CC). Haverá um
litisconsórcio sucessivo. O Código Civil pretende reparar o dano
causado pelo incapaz. A reparação será subsidiária e mitigada.
Subsidiária: o incapaz só responderá se os pais não tiverem
condições de pagar em favor da vítima.
Mitigada: o juiz utiliza da equidade e poderá diminuir o valor a
ser pago pelo menor (prestigiando o princípio da
proporcionalidade), com fulcro nos art. 928 do CC, En. 39 CJF.
Observe, contudo, que a aplicação da teoria finalista de forma
mitigada é uma exceção. Julgados mais recentes do STJ têm
restringido bastante a sua utilização.
· Abuso de direito
Para a caracterização do abuso de direito, lembra-nos Daniel Boulos,
que basta a ilicitude objetiva, ou seja, não se exige a prova da intenção
de prejudicar. O art. 187 do CC usou apenas um critério finalístico (fim
econômico ou social, boa fé objetiva e bons costumes). Se ficar
caracterizado que houve um desvirtuamento do direito, houver abuso.
Como desdobramento do princípio venire contra factum proprium,
em respeito à boa fé objetiva, o direito adquirido e exercido em virtude
de surrectio, não pode ser atacado como abusivo pela parte que sofre
a supressio.
Supressio - perda de um direito em face do seu não exercício.
Surrectio - aquisição de um direito pela não reclamação da parte
contrária.
Enunciado 37 CJF:
· Ação de regresso
Nos casos de responsabilidade civil indireta, em que a lei imputa a
alguém diverso do causador do dano o dever de indenizar, admite-se a
ação de regresso contra o agente que tinha causado o dano, salvo se o
causador for descendente seu, menor de idade.
Ruína não se refere ao desabamento total, pode ser uma ruína parcial.
Desabamento de uma Marquise, por exemplo.
· Consumidor
Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
Produto
É qualquer bem, móvel ou imóvel, de valor econômico que desperte
interesse no homem. (amostra grátis é produto!)
CDC Art. 3º (...) § 1º Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel,
material ou imaterial.
Serviço
É qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante
remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira e
securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
Por exemplo, a Motorola anuncia que seu celular (bem durável) tem
uma garantia de dois anos.
Exclusão de responsabilidade
Nesses casos, ocorre a inversão do ônus da prova, quem tem que
provar é o fabricante, construtor, produtor ou importador que o
defeito inexiste. Isso ocorre porque para o legislador, eles têm
condições de enfrentar uma demanda, questionando a existência ou
não do defeito nos produtos
O fabricante, construtor, produtor ou importador excluem sua
responsabilidade se provarem que:
1. A empresa não colocou o produto no
mercado produtos falsificados em circulação ou quando o
fornecedor foi vítima de furto ou roubo de produto ainda
incompleto para ser colocado no mercado
2. o defeito inexiste o consumidor usou errado, ou a pessoa
que pensa ter passado mal por causa da ingestão de um
queijo, quando percebe que este se encontra mofado. Eis
que o fornecedor demonstra que o bolor encontrado nesse
queijo não só é tolerado como desejado, que é uma
característica intrínseca daquele tipo de queijo e que o
passar mal do consumidor, portanto, não teve qualquer
ligação com um defeito naquele laticínio, sendo tal defeito,
assim, inexistente.
3. culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro quando a despeito de aviso claro no
medicamento sobre a posologia, o indivíduo toma o dobro
da dose recomendada. Ou seja, não há defeito no
medicamento e sim culpa exclusiva daquele que tomou
dose superior à que se indicou.
O prazo prescricional é de 5 anos para reclamar
Responsabilidade do Comerciante
Por sua vez, o comerciante só é igualmente responsável, quando:
1. o fabricante, o construtor, o produtor ou o importador não
puderem ser identificados;
2. o produto for fornecido sem identificação clara do seu
fabricante, produtor, construtor ou importador;
3. não conservar adequadamente os produtos perecíveis.
O comerciante poderá, dependendo do caso em concreto, entrar
com ação de regresso em face do fabricante.