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Magistratura e MPT – Turma Completa

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DIREITO INDIVIDUAL DO TRABALHO – MATERIAL DE AULA 01
PROFESSORA ALINE LEPORACI – JUÍZA DO TRABALHO

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MATERIAL EXCLUSIVO PARA ALUNOS - PROIBIDO DIVULGAÇÃO PARA TERCEIROS

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DIREITO DO TRABALHO: Conceito, características, divisão, natureza, funções e autonomia, fundamentos e

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formação histórica. Princípios do direito do trabalho. Princípios constitucionais do direito do trabalho.

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Distinção entre princípio e regra

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I – CONCEITO

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Introdução

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O Direito do Trabalho é ramo autônomo em relação aos demais do direito. Portanto, há um arcabouço

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normativo em torno dele, o ordenamento jurídico trabalhista.

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Com base nisso, Godinho faz uma importante ilação antes de adentrar no conceito de fontes.

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Para ele é importante compreender-se o conceito de ordenamento jurídico para então entender-se a

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importância das fontes dentro do Direito do Trabalho.
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Segundo ele, o ordenamento jurídico é o complexo de princípios, regras e institutos regulatórios da
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vida social em determinado Estado ou ente supranacional.


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Para Maria Helena Diniz, ordenamento jurídico é o conjunto de normas estabelecidas pelo Poder
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Político competente, que se impõem e regulam a vida social de um dado povo em uma determinada época.
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Por conseguinte, o Direito do Trabalho conceitua-se, conforme ensinamento de Pedro Manus, como
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“o conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis às relações individuais e coletivas que nascem entre os
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empregadores privados – ou equiparados – e os que trabalham sob sua direção e de ambos com o Estado,
por ocasião do trabalho ou, eventualmente, fora dele.
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Há diversas formas de conceituar o direito do trabalho:


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Definições Subjetivas: Enfatizam as figuras de empregado e empregador enquanto atores da relação


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jurídica básica estudada, a relação de emprego. Assim, o Direito do Trabalho seria o Direito dos
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Trabalhadores.
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Definições Objetivas: Enfatizam a relação jurídica que serve de substrato à matéria. Assim, o Direito
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do Trabalho seria conjunto de princípios e normas que ordenam a prestação do trabalho subordinado.
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Definições Mistas: Buscam equilibrar as duas definições acima. Portanto, o Direito do Trabalho seria
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conjunto de princípios, normas e instituições, aplicáveis à relação de trabalho e situações equiparadas,


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buscando a melhoria da condição social do trabalhador.


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II – CARACTERÍSTICAS DO DIREITO DO TRABALHO


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- É um direito em constante formação e evolução – relações dinâmicas e em constante mudança,


sofrendo influência dos fatos econômicos, sociais e políticos;
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- É um direito especial – atinge determinados tipos de pessoas;


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- É intervencionista – pelo seu desenvolvimento histórico há uma maior intervenção do Estado nas
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relações entre empregadores e trabalhadores, visando a diminuição de sua desigualdade;


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- Seus principais institutos são de ordem coletiva e socializante - há atuação coletiva através das
organizações de associações ou grupos de proteção de interesses – cunho social e coletivo;

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- É direito de transição e de transação - “é inegável que, em um Estado social ou democrático de

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direito, a principal tarefa da ciência do Direito é a obtenção da paz social, pelo advento de uma sociedade
menos injusta socialmente. O Direito do Trabalho é o ramo do Direito que melhor reflete esse ideal de

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justiça social”.

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Tendência a constante transformação em decorrência das alterações da sociedade.

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III – DIVISÃO

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O Direito do Trabalho divide-se em:

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- Direito Individual do Trabalho: Tutela as relações individuais de emprego, chancelando e

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direcionando a relação entre empregado e empregador. Considera-se, assim, cada trabalhador

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individualmente e sua respectiva relação jurídica com o empregador.

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- Direito Coletivo do Trabalho: Tutela as relações coletivas entre empregados, empregadores e

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respectivas entidades sindicais.

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Antigamente chama-se Direito Industrial, Direito Operário e até Direito Corporativo.
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Atualmente deve-se chamar Direito Coletivo ou Direito Sindical, a depender do enfoque dado pelo
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doutrinador. Quem chama de Direito Coletivo - enfoque objetivo (Amauri Mascaro / Sergio Pinto Martins);
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Já quem chama de Direito Sindical - enfoque subjetivo (Cesarino Junior).


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Direito Coletivo: é ciência autônoma ou apenas ramo do Direito do Trabalho?


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- Direito Internacional do Trabalho: subdivisão em Público (aplicação e análise das Convenções da OIT
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e tratados internacionais); Privado (objetivo de buscar solução de conflitos de normas de direito material no
espaço); Comunitário (Direito do Trabalho da União Europeia).
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- Direito Ambiental do Trabalho: estudo das regras sobre o meio ambiente do trabalho, cumprindo
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relevante papel junto ao Direito previdenciário e acidentário do trabalho. Maior importância a partir da
CR/88, quando se tornou possível a responsabilização do empregador / tomador de serviços pelos danos
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morais e danos materiais (e até estéticos) decorrentes de acidentes e/ou doenças ocorridas em seu
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estabelecimentos.
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IV – NATUREZA JURÍDICA
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O entendimento majoritário é que o Direito do Trabalho é ramo do Direito Privado, pois se funda
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especialmente na teoria contratualista moderna da relação de emprego, que leva em consideração a


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natureza essencialmente privada tanto dos sujeitos pactuantes como dos interesses envolvidos.
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Além disso, tem como substrato o contrato que é acordo livre de vontades, contrato consensual, que
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depende tão somente do ajuste feito entre as partes.


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Mas existem outras teorias para explicar a natureza jurídica como de: DIREITO PÚBLICO (tendo em
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vista a natureza imperativa das normas trabalhistas, e as normas administrativas de fiscalização.); DIREITO
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SOCIAL (pelo interesse da sociedade em regular as relações de trabalho, especialmente na proteção dos
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hipossuficientes); DIREITO MISTO (na verdade o Direito do Trabalho é composto de normas públicas e
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privadas), e DIREITO UNITÁRIO (Direito do Trabalho é uma fusão entre público e privado).
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V – FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO

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Segundo Maurício Godinho Delgado, o Direito do Trabalho tem como principal função a

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desmercantilização da força de trabalho no sistema socioeconômico capitalista, restringindo o livre império

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das forças de mercado na regência da oferta e da administração do labor humano.

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Desta forma, a função central do Direito do Trabalho consiste na melhoria das condições de pactuação
da força de trabalho na ordem socioeconômica.

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Uma segunda função do Direito do Trabalho é seu caráter modernizante e progressista, do ponto de

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vista econômico e social. Assim, tem como objetivo modernizar as relações entre empregado e empregador

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dentro de um contexto social, valorizando o labor humano e fortalecendo a economia.

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Godinho também destaca a função política conservadora, na medida que esse ramo jurídico

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especializado confere legitimidade política e cultural à relação de produção básica da sociedade

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contemporânea.

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Por último temos a função civilizatória e democrática, sendo o Direito do Trabalho um dos principais

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mecanismos de controle e atenuação das distorções socioeconômicas inevitáveis do mercado e sistema

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capitalistas.

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VI – AUTONOMIA DO DIREITO DO TRABALHO
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“Autonomia (do grego auto, próprio, e nomé, regra), no Direito, traduz a qualidade atingida por
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determinado ramo jurídico de ter enfoques, princípios, regras, teorias e condutas metodológicas próprias de
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estruturação e dinâmica” – Maurício Godinho Delgado.


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Para ser autônomo um ramo do Direito precisa de 4 requisitos: campo temático vasto e específico
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(antes da elaboração e criação do Direito do Trabalho a relação de emprego nunca foi objeto de teorias ou
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normas); elaboração de teorias próprias ao ramo jurídico investigado (temos, por exemplo, a teoria das
nulidades, que é específica e dissociada da teoria geral das nulidades no direito civil); observância de
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metodologia própria de construção e reprodução da estrutura e dinâmica desse ramo jurídico enfocado
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(temos como exemplo as normas coletivas, mecanismo próprio de criação de regras no Direito do Trabalho),
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e a existência de perspectivas e questionamentos específicos e próprios (situação da hipossuficiência do


trabalhador na relação de emprego, dissociada de uma possível perspectiva favorável ao devedor da relação
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obrigacional civil).
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VII – FUNDAMENTOS E FORMAÇÃO HISTÓRICA


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Para falar do surgimento do Direito do Trabalho precisamos pensar em trabalho livre. Assim, no
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período de escravidão ou de servidão não há qualquer sinal de direito ou relações de trabalho, até por conta
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da “coisificação” do ser humano.


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Com o trabalho livre começa a surgir a ideia de Direito do Trabalho.


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O Direito do Trabalho surge da combinação de um conjunto de fatores, os quais podem ser


classificados em três grupos específicos: fatores econômicos, fatores sociais, fatores políticos.
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Do ponto de vista econômico, são fatores que propiciaram as condições favoráveis ao surgimento do
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novo ramo jurídico especializado: de um lado, a utilização da força de trabalho livre, mas subordinada, por
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meio da relação de emprego.


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Do ponto de vista social, são fatores que propiciaram as condições favoráveis ao surgimento do Direito
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do Trabalho: a concentração proletária na sociedade europeia e norte-americana em torno das grandes


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cidades industriais; o surgimento de uma inovadora identificação profissional entre as grandes massas
obreiras, a partir de um mesmo universo de exercício de sua força de trabalho.

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Finalmente, do ponto de vista político, são fatores que conduziram ao surgimento do Direito do

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Trabalho as ações gestadas e desenvolvidas no plano da sociedade civil e do Estado.

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O Direito do Trabalho passou por diversas fases durante seu processo de formação, sendo alguns de
seus marcos o “Manifesto Comunista” de Marx e Engles, de 1848, a Encíclica Católica Rerum Novarum, de

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1891 (notável influência no tocante à questão social, e postura incisiva da necessidade de regulação das
relações trabalhistas), e a Primeira Guerra Mundial (e desdobramentos como formação da OIT). Aqui

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também inicia-se a consolidação do Direito do Trabalho em diversos países europeus, inclusive no tocante

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ao direito à livre associação dos trabalhadores.

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Essa fase teve o ápice após a Segunda Guerra Mundial, com a promulgação de Constituições

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Democráticas como a da França, Itália e Alemanha, países seguidos por Portugal e Espanha. Essas deram as

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diretrizes gerais da valorização do trabalho e do ser humano que trabalha nos moldes empregatícios.

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Na próxima fase, no final do século XX e início do século XXI, tivemos uma mistura de fatores que

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influenciaram negativamente nas relações de emprego, tendo em vista a crise do petróleo, abalo dos

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sistemas econômicos com crescimento da inflação e aumento da taxa de desocupação do mercado de
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trabalho, seguido da profunda renovação tecnológica com surgimento / aumento do home office e
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teletrabalho, figuras inicialmente estranhas ao controle empregatício tradicional advindo do empregador.
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Mesmo com todas as crises o Direito do Trabalho vem se mostrando forte, e, principalmente,
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essencial e primordial a qualquer sociedade, que não consegue viver sem trabalho humano.
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No Brasil tivemos a seguinte evolução constitucional do Direito do Trabalho:


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1934: pluralismo sindical (superado pelas Constituições posteriores).


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1937: Corporativismo. Unicidade sindical. Sindicatos como entidades paraestatais (incluindo atividade
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com funções públicas). Proibição da greve.


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1946: Justiça do Trabalho passou a fazer parte do Poder Judiciário.


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1967: Regime do FGTS, ainda adotado de forma facultativa.


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1988: Valorização do Direito Coletivo do Trabalho, especialmente quanto à autonomia sindical.


Mantido, no entanto, o regime de unicidade sindical (Art. 8º)n Direitos fundamentais dos trabalhadores
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como patamar mínimo civilizatório (Art. 7º). Constitucionalização do meio ambiente do trabalho (art. 200,
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VIII).
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Evolução da legislação infra constitucional trabalhista no Brasil


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1891: DECRETO Nº 1.313, DE 17 DE JANEIRO DE 1891 - Estabelece providencias para regularizar o


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trabalho dos menores empregados nas fabricas da Capital Federal.


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“Art. 4º. Os menores do sexo feminino de 12 a 15 anos e os do sexo masculino de 12 a 14 só poderão


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trabalhar no máximo sete horas por dia, não consecutivas, de modo que nunca exceda de quatro horas
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o trabalho continuo, e os do sexo masculino de 14 a 15 anos até nove horas, nas mesmas condições.
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Dos admitidos ao aprendizado nas fabricas de tecidos só poderão ocupar-se durante três horas os de 8
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a 10 anos de idade, e durante quatro horas os de 10 a 12 anos, devendo para ambas as classes ser o
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tempo de trabalho interrompido por meia hora no primeiro caso e por uma hora no segundo.”
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1903/1907: criação das organizações sindicais rurais/urbanas.


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1925: Primeira legislação dispondo sobre férias ( Decreto nº 4.982, concedendo 15 dias de férias
anuais “a empregados e operários de estabelecimentos comerciais, industriais e bancários e de instituições

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de caridade e beneficentes”).

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1930: Criação do Ministério do Trabalho.

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1943: promulgação da CLT. Primeira lei geral trabalhista do Brasil dispondo sobre contrato
(modalidades e formas), extinção contratual e verbas decorrentes, jornada de trabalho, profissões

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regulamentadas, férias, dentre outras.

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L. 6019/74: Trabalho Temporário (depois alterada pela Lei 13.429/2017).

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2017: Lei 13.467/17. Reforma Trabalhista.

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2020: Legislação “Covid19” (MP e Leis)

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VIII – PRINCÍPIOS

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Princípio, segundo Godinho, traduz, de maneira geral, a noção de proposições fundamentais que se

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formam na consciência das pessoas e grupos sociais, a partir de certa realidade, e que, após formadas,

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direcionam-se à compreensão, reprodução ou recriação dessa realidade.
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Num possível conflito entre princípios não há exclusão de qualquer deles do ordenamento jurídico,
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mas sim a sobreposição do que prevalece sobre o outro no caso concreto.


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Já as regras são normas cujos conflitos se resolvem com a exclusão de uma em detrimento de outra
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(antinomias jurídicas – como norma anterior substituída pela norma posterior que trata do mesmo assunto).
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1 – FUNÇÕES DOS PRINCÍPIOS


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a) interpretativa – direcionam à interpretação de regras de direito; há que também aponte a função


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informativa que corresponderia à inspiração do legislador para criação da norma jurídica;


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b) Supletiva – papel destacado no processo de integração jurídica (utilização no caso de lacuna na lei);
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c) Normativa – atuam com natureza de regra jurídica em face de casos concretos não regidos por
regras jurídicas propriamente ditas (quando os princípios são descritos em normas jurídicas).
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Os princípios de Direito do Trabalho em sua grande maioria são específicos, sendo o supedâneo de
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toda a construção doutrinária e normativa para a sua essência, os seus principais fundamentos.
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Mas há princípios constitucionais que se destinam ao Direito do Trabalho e outros que são gerais e
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que se destinam a todas as áreas ou algumas do direito.


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2 – PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS TRABALHISTAS


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a) Dignidade da pessoa humana;


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b) Valores sociais do trabalho;


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c) Art. 193 da CF; ordem social


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d) Princípios gerais da atividade econômica pela valorização do trabalho humano, justiça social, função
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social da propriedade e a busca do pleno emprego (art. 170, e 5º XXIII e VIII, CF);
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e) Princípio da isonomia (art. 5º, I da CF);


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f) Inviolabilidade da intimidade e da vida privada (art. 5º, X, CF);


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g) a liberdade de trabalho (art. 5º, XIII, CF);

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h) liberdade de associação (art. 5º, XVII a XX, CF);

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i) a não discriminação (art. 5º, XLI e XLII, CF c/c art. 7º da CF que proíbe a diferença de salários, de

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exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil (inciso XXX),

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proíbe qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do trabalhador portador de
deficiência (inciso XXXI) e proíbe a distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os

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profissionais respectivos (inciso XXXII).

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3 – PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DO DIRETO DO TRABALHO

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A – Proteção ao trabalhador ou protetor ou princípio tutelar

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Visa atenuar a desigualdade entre os atores da relação de emprego; a relação de emprego é desigual e

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o princípio tem como mote corrigir as desigualdades.

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Pela formação historia do Direito do Trabalho, em que há prevalência do direito privado e a liberdade

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contratual assegurada aos seus partícipes, não poderia prevalecer uma desigualdade econômica, já que se

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traduziria na exploração do mais fraco pelo mais forte. A relação de emprego é naturalmente desigual. Assim,

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para compensar essa desigualdade econômica, que já é francamente desfavorável ao trabalhador, é que há a
sua proteção, pois parte hipossuficiente na relação trabalhista. UL
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O princípio tutelar se estende nos seguintes princípios:


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a) in dubio pro operário ou in dubio pro misero - regra de interpretação e não de julgamento - em
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havendo dúvida aplica-se a interpretação mais favorável ao empregado.


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Não há aplicação na área processual, o que será resolvido com a distribuição do ônus da prova.
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Como assinala Luiz de Pinho Pedreira da Silva, “tem como pressuposto uma única norma, suscetível de
interpretações diversas, suscitando dúvida, que deve ser dirimida em benefício do empregado”.
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b) norma mais favorável - havendo aplicação de mais de uma norma ao mesmo tempo ao empregado
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aplica-se a mais favorável - não aplicação da pirâmide hierárquica das leis na sua forma tradicional.
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c) condição mais benéfica – Segundo Américo Plá Rodriguez, “A regra da condição mais benéfica
pressupõe a existência de uma situação concreta, anteriormente reconhecida, e determina que ela deve ser
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respeitada, na medida em que seja mais favorável ao trabalhador que a nova norma aplicável”
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Exs: Súmulas 51, I, e 288 do TST; situações fáticas concedidas espontaneamente pelo empregador ao
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empregado no curso do contrato de trabalho.


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B – Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas


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O Direito do Trabalho é cercado de normas cogentes, imperativas, justamente visando dar equilíbrio à
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relação de emprego.
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Através dele haveria restrição da autonomia das partes em alterar as cláusulas contratuais ajustadas.
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Através de sua aplicação ficariam garantidos os direitos fundamentais do trabalhador.


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Temos, assim, o domínio de regras jurídicas imediatamente obrigatórias, em detrimento de regras


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apenas dispositivas. Prevalece, portanto, a restrição à autonomia da vontade no contrato trabalhista, em


contraponto à diretriz civil de soberania das partes no ajuste das condições contratuais.
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C – Princípio da Irrenunciabilidade ou Indisponibilidade

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“Constitui-se no reconhecimento da não validade do ato voluntário praticado pelo trabalhador no

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sentido de abrir mão de direito reconhecido em seu favor”. Romar, Carla Teresa Martins; Lenza, Pedro.

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Direito Do Trabalho Esquematizado - 7ª Edição 2021.

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Traduz-se numa das principais bases do Direito do Trabalho. Não se pode dispor dos direitos
trabalhistas mínimos (direitos de ordem pública - interesse público); respeito ao “patamar civilizatório

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mínimo (art. 7º, CRFB/88); não pode haver renúncia ou transação de forma prejudicial.

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Renúncia – ato unilateral pelo qual o titular de um direito se despoja da sua condição jurídica de

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vantagem em favor de outrem;

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Transação - ato bilateral, onde as partes fazem concessões recíprocas a fim de prevenir ou extinguir

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litígios – existência de res dúbia.

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D – PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SETORIAL NEGOCIADA

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Comparando- se as normas deve-se procurar o ambiente mais favorável ao empregado através da

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adequação da lei ao caso concreto; deve-se também observar as normas de indisponibilidade absoluta (as

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normas do patamar civilizatório mínimo) – exceções – CR/ 88, Art. 7º,VI, XIII e XIV.
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O princípio diz que se pode negociar e transacionar regras e normas através de acordos coletivos e
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convenções coletivas, exceto as normas do patamar civilizatório mínimo, aquelas normas advindas de
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tratados e convenções internacionais, e aquelas que digam respeito a saúde, segurança e higiene do
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trabalhador.
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Existem, assim, duas categorias de normas no Direito do Trabalho: de indisponibilidade absoluta E de


disponibilidade relativa.
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(OBSERVAR MUDANÇA EM VIRTUDE DA REFORMA TRABALHISTA – ART. 611-A, III, XII – MP – XIII; 611-
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B e parágrafo único).
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E – PRINCÍPIO INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA - CLT 468


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Conceito: permissão de alteração contratual benéfica ao trabalhador – deve haver mútuo


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consentimento e desde que não haja prejuízo direto ou indireto ao empregado.


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Alterações relevantes e irrelevantes:


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- Mudança do Art. 468, §1º e §2º (cancelamento Súmula 372, I, CLT - ?);
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- “ius variandi“ do empregador X direito de resistência do empregado;


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- Não esquecer que: a) se expressa no estatutário civilista originário, pelo conhecido aforismo pacta
sunt servanda, com adaptações próprias do Direito do Trabalho; b) o Direito do Trabalho incentiva as
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alterações contratuais favoráveis ao empregado, naturalmente permitidas (art. 468, CLT); c) a noção de
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inalterabilidade torna-se rigorosa, caso contraposta a alterações desfavoráveis ao trabalhador (que tendem
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a ser vedadas pela legislação trabalhista – Arts. 444 e 468, CLT); d) a atenuante rebus sic stantibus tende a
ser rejeitada pelo Direito do Trabalho, que coloca sob ônus do empregador os riscos do empreendimento
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(art. 2° da CLT), independentemente do insucesso que possa se abater sobre este.


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Não é absoluta, entretanto, a vedação às alterações lesivas do contrato de trabalho. Afora as situações
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inerentes ao chamado jus variandi ordinário empresarial (o qual, segundo a doutrina, englobaria mudanças
de menor importância, não chegando a atingir efetivas cláusulas do pacto entre as partes), haveria certo
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leque de modificações lesivas autorizadas implícita ou explicitamente por lei (como a reversão: parágrafo
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único do art. 468 da CLT) ou franqueadas pela ordem jurídica à própria norma coletiva negociada (art. 7°, VI,
CR/88).

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F – PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALARIAL

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Estabelece que esta parcela justrabalhista merece garantias diversificadas da ordem jurídica, de modo

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a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em benefício do empregado.

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Este merecimento deriva do fato de o salário ter caráter alimentar, atendendo, pois, a necessidades

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essenciais do ser humano. Ata-se ao princípio maior da dignidade da pessoa humana, segundo o qual o

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trabalho é importante meio de realização e afirmação do ser humano, sendo o salário a contrapartida

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econômica dessa afirmação e realização. Projeta-se em distintas direções: garantia do valor do salário,
garantias contra mudanças contratuais e normativas que provoquem a redução do salário, garantias contra

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práticas que prejudiquem seu efetivo montante – trata-se dos problemas jurídicos envolventes aos

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descontos no salário do empregado (o princípio aqui também tende a se particularizar em uma

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denominação diferente: o princípio da integralidade salarial); e finalmente, garantias contra interesses

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contrapostos de credores diversos, sejam do empregador, sejam do próprio empregado.

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O princípio, contudo, não é absoluto: a proteção relativa ao valor do salário ainda não o preserva de

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perdas decorrentes da corrosão monetária; a vedação a mudanças contratuais e normativas provocadoras
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da redução de salários pode ser flexibilizada mediante negociação coletiva (art. 7°, VI, CR/88); a garantia de
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integralidade salarial, com controle de descontos em seu montante, é excepcionada pela própria norma
jurídica que a instituiu (art. 462, CLT); a proteção contra constrições externas, como a penhora, embora
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ampla, encontra exceção na pensão alimentícia (art. 649, CPC).


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G – PRINCÍPIO PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA


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Conceito: deve-se pesquisar a prática concreta efetivada ao longo da prestação de serviços,


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independentemente do que ajustado no contrato de trabalho (o uso altera o CT pactuado, gerando novos
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direitos e obrigações às partes contratantes).


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Assim, havendo divergência entre o que está regularmente ajustado e o que realmente ocorre na
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prática, deve prevalecer a realidade fática, inclusive por ser o empregador detentor dos documentos da
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relação de emprego.
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Ex. contrato de prestação de serviços X contrato de trabalho.


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H – PRINCÍPIO CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO


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O trabalho é a principal fonte de sustento do trabalhador. Logo, o ideal é que o contrato de trabalho
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dure de forma indeterminada.


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A relação de emprego é de trato sucessivo, onde há prestações e contraprestações equivalentes que


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se sucedem no tempo, daí a presunção de que a relação de emprego é contínua.


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- Primazia do contrato de trabalho por prazo indeterminado - afirmação social do indivíduo e


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permanência do vínculo de emprego (integração do trabalhador na estrutura da empresa);


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- presunção favorável ao trabalhador no caso de extinção do CT – Súmula 212 do TST.


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