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DIREITO CIVIL

 DA PESSOA NATURAL (art. 1º - 232)

*capacidade de direito = personalidade jurídica > é iniciada a partir do


nascimento com vida > teoria natalista (todo mundo tem)

*a lei também resguarda o nascituro (aquele que está na barriga da mãe), mas
ele não possui personalidade jurídica

*capacidade de fato = capacidade de exercício > ocorre quando a pessoa


atinge 18 anos ou com a emancipação (não são todos que tem)

*absolutamente incapazes: menores de 16 anos (critério etário) >


representadas pelos pais ou tutor, na falta do anterior

*relativamente incapazes: pessoas entre 16 e 18 anos, pródigo, ébrio habitual,


pessoa que por causa transitória ou permanente não consegue expressar sua
vontade, viciado em tóxicos (critério do discernimento) > assistidos
pelos pais ou tutor ou curador

Obs.: Os incapazes não podem contratar/atuar na vida civil sozinhos >


precisam estar representadas ou assistidas

- Emancipação:

*antecipa a capacidade de fato/de exercício > ela não se torna uma pessoa


maior de idade

*emancipação voluntária: pela concessão dos pais (independe de homologação


judicial) ou emancipação judicial: pelo tutor (quando não tem pais - ouvido o
juiz e se o menor tiver 16 anos completos)

*emancipação legal (automática): pelo casamento, exercício de emprego


público efetivo, colação de grau em ensino superior, estabelecimento
civil/comercial ou pela relação de emprego desde que o menor com 16 anos
completos tenha economia própria

*uma vez emancipado, via de regra, a pessoa não irá se "desemancipar" > ex:
casou com 16 e divorciou depois de 16 anos > não volta a ser incapaz

*emancipações serão registradas no Registro Público, exceto a legal

*o fim da pessoa natural se dá com a morte

*morte real: quando há o corpo da pessoa


*morte presumida sem decretação de ausência: não há o corpo > quando
for extremamente provável a morte da pessoa que estava em perigo de vida ou
se a pessoa não for encontrada até 2 anos depois do término da guerra > a
declaração da morte presumida somente pode ser requerida após esgotadas
as buscas e devendo a sentença fixar a data provável do
falecimento (possui efeito ex tunc) > 

*morte presumida com decretação de ausência: processo com 3 fases, até a


abertura judicial da sucessão definitiva, quando então o ausente se torna
legalmente morto (extinção da pessoa natural)

*comoriência: morte de duas ou mais pessoas não sendo possível precisar qual


foi a primeira morte, presumindo-se, portanto, que morreram ao mesmo
tempo > não é necessário que as mortes tenham ocorrido no mesmo
local (critério temporal)

 DO DOMICÍLIO (art. 70-78)


- art. 70 a 74: trata do domicílio da pessoa natural

*o domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência


com ânimo definitivo. > essa é a regra

*muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta


de o mudar. > A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às
municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tais
declarações não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a
acompanharem.

*se a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva,


considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. > exemplo: mora 3 dias em jf e
4 dias em bicas

*ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual,


o lugar onde for encontrada. > CC entende que todas as pessoas naturais
possuem domicilio > exemplo: andarilhos, viajantes, artista de circo, sem teto,
morador de rua, etc. 

*é também (pois já tem o domicílio do art. 70) domicílio da pessoa natural,


quanto às relações concernentes à profissão (tem que haver relação com a
profissão, se não tiver, vale apenas o domicílio do art. 70), o lugar onde esta é
exercida. > se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles
constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

- art. 75: trata do domicílio da pessoa jurídica

*da União é o DF; dos Estados, as respectivas capitais; do Município, onde


funcione a administração municipal (prefeitura)
*das demais pj: o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações ou quando houverem mais de um estabelecimento (ex: sede e
filial em outra cidade), será elegido domicílio especial no seu estatuto ou atos
constitutivos

*tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada


um deles será considerado domicílio para os atos nele praticados. (ex: se
fulano precisar notificar empresa X que possui sede em SP e filiais em MG e
RJ > fulano pode enviar notificação para o estado da sede (SP) ou para o
estado em que praticou atos (MG ou RJ)

- art. 76: trata do domicílio necessário ou legal > Têm domicílio necessário o


incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

* O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor


público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar,
onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que
se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver
matriculado/registrado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

*O domicílio necessário não exclui o domicílio voluntário, pois ambos podem


ser cumulados

- art. 77: trata do domicílio do agente diplomático > O agente diplomático do


Brasil, que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar
onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal
ou no último ponto do território brasileiro onde o teve. > por ser ag. diplomático,
submete-se às leis do brasil e não do país onde estiver trabalhando (por conta
da extraterritorialidade)

*O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,


alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu domicílio,
poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território
brasileiro onde o teve.

- art. 78: trata do domicílio convencional, pois foi estabelecido através de uma


contratação (contrato) >  Nos contratos escritos, poderão os contratantes
especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações
deles resultantes.

*Necessidade de contrato escrito (não dá para ser verbal) e ocorre quando as


partes estipulam livremente o lugar de cumprimento de um contrato.

 FATOS JURÍDICOS - DO NEGÓCIO JURÍDICO

*validade = elementos essenciais do nj > se não possuir esses elementos não


será válido: agente capaz (os absolutamente incapazes serão representados e
os relativamente incapazes assistidos, tendo assim suas capacidades
supridas); objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma prescrita
ou não defesa (proibida) em lei.
*A regra disciplinada no CC é a de que a forma de contratação é livre: art.
107, CC. Exceção: para determinados negócios jurídicos, a lei exige forma
solene, como é o caso do artigo 108 do CC, que fala que para a transmissão,
oneração etc., de direitos reais sobre bens imóveis (de valor superior a 30
salários mínimos) é necessária a escritura pública, exigindo, portanto,
solenidade.

*nas declarações de vontade (o que está escrito no contrato) se atenderá mais


à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. >
princípio da ultraliteralidade. Os negócios jurídicos devem ser interpretados
conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração (como acontece
naquele lugar). Juiz deve observar: o comportamento das partes posterior à
celebração do negócio; se corresponde aos usos/costumes/práticas do
mercado relativas ao tipo do negócio; se corresponde à boa-fé; for mais
benéfico à parte que não redigiu o dispositivo; se corresponde a qual seria a
razoável negociação das partes sobre a questão discutida.

*as partes poderão livremente pactuar regras de interpretação, de


preenchimento de lacunas e de integração dos negócios jurídicos diversas
daquelas previstas em lei.

*os negócios jurídicos benéficos (chamados também de gratuitos) e a renúncia


(perda voluntária de direitos) interpretam-se estritamente.

*regra: silêncio não importa anuência > exceção: quando as circunstâncias


ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade
expressa 

- Da representação (e assistência):

*os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo interessado 

*a manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus poderes,


produz efeitos em relação ao representado.

*salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que


o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo
mesmo (exemplo: A é representado por B e quer vender seu carro, B se
interessa a comprar e, portanto, assinará como comprador e também como
vendedor, visto que é representante de A)

- Elementos acidentais do negócio jurídico:

*atuam no âmbito da eficácia do NJ e não da validade.

*não é uma cláusula necessária no contrato, mas se for colocada, precisa ser


cumprida para que tenha eficácia.

1) Condição: pode ser suspensiva ou resolutiva (=terminar) > essa


cláusula condiciona a eficácia do contrato a evento futuro, porém incerto
*suspensiva: Suspende a aquisição do direito até a implementação da cláusula.

*resolutiva: a parte possui o direito até que o evento futuro e incerto ocorra. No
momento de sua ocorrência, teremos o desfazimento do negócio (resolução).

*as condições são lícitas se não contrariarem a lei, a ordem pública ou aos
bons costumes, entre as condições proibidas estão aquelas que privarem de
todo efeito o NJ, ou o sujeitarem ao puro capricho de uma das
partes. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:  as
condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas; as
condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita; as condições incompreensíveis ou
contraditórias.

*subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva,


enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa >
mera expectativa (exemplo: quando você passar no concurso, te darei uma
casa na praia)

*se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio


jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele
estabelecido (exemplo: até você passar em um concurso, pode morar em
minha casa de praia)

*o titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva,


é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.

2) Termo (significa dia): vincula a eficácia de um negócio a um evento futuro,


porém certo. O termo é muito utilizado em negociações quando se
estabelecem datas para início e final de contrato.

*termo inicial: É a data de início em que o negócio jurídico vai surtir efeito.

*termo final: É a data final em que o contrato irá terminar. 

*ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à


condição suspensiva e resolutiva.

3) Encargo: não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando


expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição
suspensiva (exemplo: doação com encargo > João doa casa na praia para
Maria (já está morando nela), e Maria possui o encargo de construir uma
estátua em homenagem a João. > caso ela não cumpra, João pode entrar com
ação de revogação por descumprimento de encargo)

*considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível (tira a cláusula e


mantém o contrato, princ. da conservação do contrato), salvo se constituir
o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio
jurídico (todo o contrato).
- Defeitos do Negócio Jurídico:

*é igual a "vícios do consentimento"

*intenção ≠ consequência

*todos são passíveis de anulação, no prazo de 4 anos 

1) erro ou ignorância

*erro é a falsa percepção da realidade, já a ignorância já é a ausência de


percepção > no erro/ignorância não existe outras pessoas envolvidas, é uma
única pessoa que se engana sozinha

*quando o erro leva a anulação do contrato? quando o erro


for substancial (erro de grande monta) e escusável (aceitável, um erro que
não pode ser grosseiro) se entende que pode levar para a anulação de um
negócio jurídico > uma pessoa de diligência normal (medianas) também erraria

*o erro é substancial quando: I - interessa à natureza do negócio, ao objeto


principal ou qualidades (erro acidental: não anula mas recebe indenização) a
ele essenciais; II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da
pessoa; III - sendo de direito 

*erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade > erros


materiais não geram anulação

2) dolo: no dolo a pessoa é enganada

*dolo essencial/substancial: é enganada por alguém (queria x mas comprou y)

*dolo acidental: pessoa compra exatamente o que ela queria, mas pagou a
mais por algo que não recebeu > neste tipo de dolo não se solicita a anulação
do contrato, mas somente a fixação de perdas e danos

*dolo de omissão: silêncio intencional de uma das partes a respeito de


fato/qualidade > constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio
não teria se celebrado

*dolo de terceiro: é importante que seja observada a boa ou a má-fé da parte


que aproveita o negócio jurídico > se a parte estiver de boa-fé, como regra o
contrato se mantém e se estiver de má-fé, teremos a anulação do contrato

*dolo bilateral: se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode


alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização
3) coação: ocorre no âmbito psicológico da pessoa > pessoa que sofre a
coação é chamada de “paciente” > é uma ameaça psicológica para: o paciente,
a família do paciente e os bens do paciente

*coação é verificada de forma individual > no apreciar a coação, ter-se-ão em


conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e
todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela

*não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito


("ameaçar" que vai abrir uma ação contra a pessoa), nem o simples temor
reverencial

*vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou


devesse ter conhecimento a parte a que aproveite (má fé), e esta
responderá solidariamente com aquele por perdas e dano

*subsistirá (manterá) o negócio jurídico, se a coação decorrer de terceiro, sem


que a parte a que aproveite dela tivesse ou devesse ter conhecimento (boa-fé);
mas o autor da coação responderá por todas as perdas e danos que houver
causado

4) estado de perigo: configura-se o estado de perigo quando alguém, premido


da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave
dano conhecido pela outra parte (vilania- sabe e se aproveita da situação),
assume obrigação excessivamente onerosa

*se não for pessoa da família, juiz analisa o caso concreto

*É possível anulação ou revisão

5) lesão: ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade ou


por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao
valor da prestação oposta (ex: vender algo que vale 100 mil por 10 mil, por
estar em desespero)

*não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento


suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito

6) fraude contra credores: a intenção do devedor é igual a consequência que


ele almejava, qual seja: fraudar credores > a ação para o desfazimento dos
negócios fraudulentos também é uma ação anulatória, mas aqui chamada de
ação pauliana ou revocatória

*o devedor, vendo que não terá dinheiro para quitar sua dívida com o credor,
mas tendo bens em seu nome, começa a transferi-los de forma gratuita
(doação) ou de forma onerosa (venda) para terceiro > ambas cabem ação
pauliana em 4 anos

*no caso da doação, independendo de boa ou má fé, por ter recebido de graça,
o terceiro simplesmente irá devolver o bem para o devedor
*no caso de ser oneroso, se o terceiro estava de boa-fé, não será anulável > se
estiver de má fé anula

- Invalidades do Negócio Jurídico:

*são nulidades ou anulabilidades

*não há prazo para que sejam declaradas as nulidades, qualquer pessoa


interessada pode alegar, inclusive o MP e o juiz de ofício > possuem efeito ex
tunc (é como se nunca tivesse ocorrido o contrato > ações declaratórias de
nulidade > as nulidades não podem ser suprimidas/consertadas

*as anulabilidades possuem prazo > possuem efeito ex nunc, somente o


prejudicado pode se manifestar > ações desconstitutivas > não podem ser
declaradas de ofício

*nulidades não se ratificam nem se convalidam, já a anulabilidade sim

*é nulo o negócio jurídico quando: I - celebrado por pessoa absolutamente


incapaz (menor de 16 anos); II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu
objeto (drogas, pedaço do céu...); III - o motivo determinante, comum a ambas
as partes, for ilícito; IV - não revestir a forma prescrita em lei; V - for preterida
alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade; VI - tiver
por objetivo fraudar lei imperativa (simulação); VII - a lei taxativamente o
declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

*é nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se


válido for na substância e na forma > haverá simulação nos negócios jurídicos
quando: I - aparentarem conferir/transmitir direitos a pessoas diversas daquelas
às quais realmente se conferem/transmitem; II - contiverem declaração,
confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III - os instrumentos
particulares forem antedatados, ou pós-datados > ressalvam-se os direitos de
terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.

*é anulável o negócio jurídico: I - por incapacidade relativa do agente; II - por


vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra
credores (prazo de 4 anos quando tratar dos defeitos)

*quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer


prazo para pleitear-se a anulação, será este de 2 anos, a contar da data da
conclusão do ato

*dá para "consertar" as anulabilidades

*o menor, entre 16 e 18 anos (relativamente incapaz), não pode, para eximir-se


de uma obrigação, invocar a sua idade se dolosamente a ocultou quando
inquirido pela outra parte, ou se, no ato de obrigar-se, declarou-se maior

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