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MINISTÉRIO PÚBLICO
COLÉGIO DE PROCURADORES DE JUSTIÇA
(Texto Compilado)
RESOLUÇÃO CPJ Nº 017/2018
Considerando o disposto nos arts. 127, caput, e 129, I, II, VIII e IX, da Constituição da
República Federativa do Brasil, bem como o disposto no art. 26 da Lei 8.625/1993 (Lei Orgânica
Nacional do Ministério Público);
R E S O L V E:
CAPÍTULO I
DA DEFINIÇÃO E FINALIDADE
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
Art. 1º O procedimento investigatório criminal é instrumento sumário e desburocratizado de
natureza administrativa e investigatória, instaurado e presidido pelo membro do Ministério Público
com atribuição criminal, e terá como finalidade apurar a ocorrência de infrações penais de natureza
pública, servindo como preparação e embasamento para o juízo de propositura, ou não, da
respectiva ação penal.
III – encaminhar as peças para o Juizado Especial Criminal, caso a infração seja de menor
potencial ofensivo;
Art. 3º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de ofício, por membro
do Ministério Público, no âmbito de suas atribuições criminais, ao tomar conhecimento de infração
penal de iniciativa pública, por qualquer meio, ainda que informal, ou mediante provocação.
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
lhe seja encaminhada, podendo este prazo ser prorrogado, fundamentadamente, por até 90 (noventa)
dias, nos casos em que sejam necessárias diligências preliminares.
CAPÍTULO II
DAS INVESTIGAÇÕES CONJUNTAS
Art. 6º O procedimento investigatório criminal poderá ser instaurado de forma conjunta, por
meio de força tarefa ou por grupo de atuação especial composto por membros do Ministério
Público, cabendo sua presidência àquele que o ato de instauração designar.
§ 3º Nas hipóteses de investigações que se refiram a temas que abranjam atribuições de mais
de um órgão de execução do Ministério Público, os procedimentos investigatórios deverão ser
objeto de arquivamento e controle respectivo com observância das regras de atribuição de cada
órgão de execução.
CAPÍTULO III
DA INSTRUÇÃO
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
IV – notificar testemunhas e vítimas e requisitar sua condução coercitiva, nos casos de
ausência injustificada, ressalvadas as prerrogativas legais;
§ 8º As autoridades referidas nos §§ 6º e 7º poderão fixar data, hora e local em que puderem
ser ouvidas, se for o caso.
§ 9º O membro do Ministério Público será responsável pelo uso indevido das informações e
documentos que requisitar, inclusive nas hipóteses legais de sigilo e de documentos assim
classificados.
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
Art. 8º A colheita de informações e depoimentos deverá ser feita preferencialmente de forma
oral, mediante gravação audiovisual, com o fim de obter maior fidelidade das informações
prestadas.
§ 4º O funcionário público, no cumprimento das diligências de que trata este artigo, após a
oitiva da testemunha ou informante, deverá imediatamente elaborar relatório legível, sucinto e
objetivo sobre o teor do depoimento, no qual deverão ser consignados a data e hora aproximada do
crime, onde ele foi praticado, as suas circunstâncias, quem o praticou e os motivos que o levaram a
praticar, bem ainda identificadas eventuais vítimas e outras testemunhas do fato, sendo dispensável
a confecção do referido relatório quando o depoimento for colhido mediante gravação audiovisual.
§ 1º O defensor do autor do fato investigado poderá examinar, mesmo sem procuração, autos
de procedimento de investigação criminal, findos ou em andamento, ainda que conclusos ao
presidente, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital, correndo as
despesas às suas expensas.
§ 3º O órgão de execução que presidir a investigação velará para que o defensor constituído
nos autos assista o investigado durante a apuração de infrações, de forma a evitar a alegação de
nulidade do interrogatório e, subsequentemente, de todos os elementos probatórios dele decorrentes
ou derivados, nos termos da Lei no 8.906, de 4 de julho de 1994.
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
§ 4º O presidente do procedimento investigatório criminal poderá delimitar o acesso do
defensor aos elementos de prova relacionados a diligências em andamento e ainda não
documentados nos autos, quando houver risco de comprometimento da eficiência, da eficácia ou da
finalidade das diligências.
Art. 11. As inquirições que devam ser realizadas fora dos limites territoriais da unidade em
que se realizar a investigação serão feitas, sempre que possível, por meio de videoconferência,
podendo ainda ser deprecadas ao respectivo órgão do Ministério Público local.
§ 1º Nos casos referidos no caput deste artigo, o membro do Ministério Público poderá optar
por realizar diretamente a inquirição com a prévia ciência ao órgão ministerial local, que deverá
tomar as providências necessárias para viabilizar a diligência e colaborar com o cumprimento dos
atos para a sua realização.
§ 2º A deprecação e a ciência referidas neste artigo poderão ser feitas por qualquer meio
hábil de comunicação.
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
CAPÍTULO V
DA PUBLICIDADE
Art. 15. Os atos e peças do procedimento investigatório criminal são públicos, nos termos
desta Resolução, salvo disposição legal em contrário ou por razões de interesse público ou
conveniência da investigação.
Art. 16. O presidente do procedimento investigatório criminal poderá decretar o sigilo das
investigações, no todo ou em parte, por decisão fundamentada, quando a elucidação do fato ou
interesse público exigir, garantido o acesso aos autos ao investigado e ao seu defensor, desde que
munido de procuração ou de meios que comprovem atuar na defesa do investigado, cabendo a
ambos preservar o sigilo sob pena de responsabilização.
CAPÍTULO VI
DOS DIREITOS DAS VÍTIMAS
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
sofrerem ameaça ou que, de modo concreto, estejam suscetíveis a sofrer intimidação por parte de
acusados, de parentes deste ou pessoas a seu mando, podendo, inclusive, requisitar proteção policial
em seu favor.
CAPÍTULO VII
DO ACORDO DE NÃO-PERSECUÇÃO PENAL
Art. 18. Não sendo caso de arquivamento e tendo o investigado confessado formal e
circunstancialmente a prática de infração penal sem violência ou grave ameaça à pessoa e com pena
mínima inferior a 4 (quatro) anos, o Ministério Público poderá propor acordo de não persecução
penal, desde que necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime, mediante as
seguintes condições ajustadas cumulativa e alternativamente: (Redação dada pela Resolução CPJ nº
052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§1º Para aferição da pena mínima cominada ao delito a que se refere o caput deste artigo,
serão consideradas as causas de aumento e diminuição aplicáveis ao caso concreto. (Redação dada
pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§2º Não se admitirá a proposta nos casos em que: (Redação dada pela Resolução CPJ nº
052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
I – for cabível a transação penal, de competência dos juizados especiais, nos termos da lei;
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
II – se o investigado for reincidente ou se houver elementos probatórios que indiquem
conduta criminal habitual, reiterada ou profissional, exceto se insignificantes as infrações
penais pretéritas;
III – ter sido o agente beneficiado nos 05 (cinco) anos anteriores ao cometimento da
infração, em acordo de não persecução penal, transação penal ou suspensão condicional do
processo;
IV – nos crimes praticados no âmbito de violência doméstica ou familiar, ou praticados
contra a mulher por razões da condição de sexo feminino, em favor do agressor.
§3º Preenchidos os requisitos para celebração do acordo de não persecução penal, o membro
do Ministério Público, verificando a existência de dano à vítima e/ou apreensão de bens, inserirá as
condições previstas nos incisos I e II do caput, sem prejuízo da cumulação com as demais, indicadas
nos incisos III a V do caput, conforme a casuística e a infração imputada. (Redação dada pela
Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§4º As eventuais tratativas para fins de celebração de acordo de não persecução penal, assim
como o próprio oferecimento da proposta, devem ocorrer no âmbito do Ministério Público, sendo o
acordo formalizado por escrito, com a qualificação completa do investigado, as condições
estipuladas e firmado pelo membro do Ministério Público, pelo investigado e por seu defensor, na
presença imprescindível destes, em dia e horário previamente fixados, tanto na modalidade virtual
quanto presencial, importando o não comparecimento injustificado do investigado na rejeição do
acordo. (Redação dada pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§6º No caso de o membro do Ministério Público entender não ser possível a proposta de
acordo, seja baseado em ausência dos requisitos objetivos ou subjetivos, deverá justificar na
denúncia o motivo da não propositura. (Redação dada pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada
no DOE de 25.05.2022)
§7º Não proposto o acordo de não persecução penal, o investigado poderá requerer a
remessa dos autos a órgão superior, na forma do art. 28 do Código de Processo Penal. (Redação
dada pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§8º No caso de não homologação de acordo de não persecução penal, caberá interposição de
recurso em sentido estrito, em consonância com o art. 581, inciso XXV, do CPP. (Redação dada pela
Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de 25.05.2022)
§9º Recebendo o acordo de não persecução penal homologado, deverá o membro Ministério
Público providenciar a sua execução junto ao Juízo das Execuções Penais ou encaminhar ao
membro respectivo com atribuições na área. (Redação dada pela Resolução CPJ nº 052/2022,
publicada no DOE de 25.05.2022)
§10 Iniciada a execução do ANPP, nos termos do artigo 28-A, § 6°, do CPP, o membro
ministerial com atribuições no Juízo de Execução Penal velará pela fiscalização do cumprimento
das condições fixadas no acordo, formulando requerimento de extinção da punibilidade ou de
rescisão do acordo, conforme comprovação do adimplemento ou não dos compromissos assumidos
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
pelo investigado. (Redação dada pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de
25.05.2022)
§13 O descumprimento do acordo de não persecução pelo investigado poderá, também, ser
utilizado pelo membro do Ministério Público como justificativa para o eventual não oferecimento
de suspensão condicional do processo. (Redação dada pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada
no DOE de 25.05.2022)
§14 As disposições deste Capítulo não se aplicam aos delitos cometidos por militares que
afetem a hierarquia e a disciplina. (Acrescido pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE
de 25.05.2022)
§15 O acordo de não persecução penal poderá ser celebrado até o recebimento da denúncia,
inclusive para fatos ocorridos antes da vigência da Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019, salvo
situação de emendatio ou mutatio libelli, desde que necessário e suficiente para reprovação e
prevenção do crime. (Acrescido pela Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE de
25.05.2022)
CAPÍTULO VII
DA CONCLUSÃO E DO ARQUIVAMENTO
CAPÍTULO VII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
Art. 21. No procedimento investigatório criminal serão observados os direitos e as garantias
individuais consagrados na Constituição da República Federativa do Brasil, bem como as
prerrogativas funcionais do investigado, aplicando-se, no que couber, as normas do Código de
Processo Penal e a legislação especial pertinente.
Art. 22. Os órgãos do Ministério Público deverão promover a adequação dos procedimentos
de investigação em curso aos termos da presente Resolução.
Art. 23. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogada a Resolução
CPJ nº 02/2012.
Sala das Sessões do Egrégio Colégio de Procuradores de Justiça do Ministério Público, em
João Pessoa – PB, 09 de julho de 2018.
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022
ÁLVARO CRISTINO PINTO GADELHA CAMPOS
Procurador de Justiça
* texto com as alterações da Resolução CPJ nº 052/2022, publicada no DOE-MPPB, edição de 25.05.2022