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O Ministério Público do Estado do Ceará, por seu representante infra-assinado, vem,

respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos do presente Inquérito Policial, expor o
seguinte.
Consta dos inclusos autos de inquérito policial que no dia 22/09/2014, por volta das
14h:37min, MARIA DÉBORA PEREIRA SILVA fora vítima, em tese, do crime tipificado no art.
241-A do ECA.
Até o presente não foi possível identificar a autoria do fato.
Inicialmente, cumpre destacar que o fato ocorreu há quase 08 (oito) anos, sem qualquer
identificação até o presente momento da autoria delitiva.
Neste contexto, entendendo o Ministério Público que as diligências necessárias para o
esclarecimento do fato criminoso em tela não foram efetivamente empreendidas, haja vista a
constante mudança de titularidade do órgão público, o acervo considerando de investigações que
dilui a linha de raciocínio, além de outras causas como contingente funcional e, às vezes, falta de
própria expertise para esclarecimento do fato.
Com efeito, diante das circunstâncias narradas, não foi possível lograr êxito em
individualizar o sujeito ativo do crime e as testemunhas ajudaram no esclarecimento da verdade.
Nesta toada, o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Ceará
firmaram o protocolo de atuação conjunta nº 053/2021 que visa pontuar o Princípio da Contingência
nos inquéritos antigos e, infelizmente, sem perspectiva de resolutividade.
Assim, impera a cláusula 2.1.1 do protocolo:
2.1.2 Orientar od Delegados de Polícia Civil do Ceará, respeitada a independência
funcional, a confeccionar o relatório final nos inquéritos policiais sem perspectiva de
resolução, com a sugestão ao Ministério Público e ao Poder Judiciário pelo respectivo
arquivamento, nas seguintes hipóteses:
a) envolvam crimes com pretensão punitiva já prescrita;
b) envolvam crimes sem violência a pessoa, com inquéritos iniciados até o mês de
agosto de 2019, com o esgotamento das diligências investigatórias razoavelmente
exigíveis ou a inexistência de linha investigatória idônea para identificação de sua
autoria e/ou para a descoberta de prova da materialidade, cujo prosseguimento seja
considerado contraproducente à persecução penal, ante os princípios da economicidade
e eficiência, assim como princípio constitucional da duração razoável do processo;
c) envolvam crimes em que houve morte do autor;
d) envolvam crimes que tenha transcorrido o prazo decadencial sem representação do
ofendido para o início da ação pública condicionada.

Vale observar que o Inquérito foi aberto por portaria, por autoridade competente e que por
isso deve-se seguir os ditames da Lei nº. 12.830/13:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a investigação criminal conduzida pelo delegado de
polícia.

Art. 2º As funções de polícia judiciária e a apuração de infrações penais exercidas pelo


delegado de polícia são de natureza jurídica, essenciais e exclusivas de Estado.

§ 1º Ao delegado de polícia, na qualidade de autoridade policial, cabe a condução da


investigação criminal por meio de inquérito policial ou outro procedimento previsto em
lei, que tem como objetivo a apuração das circunstâncias, da materialidade e da autoria
das infrações penais.

§ 2º Durante a investigação criminal, cabe ao delegado de polícia a requisição de


perícia, informações, documentos e dados que interessem à apuração dos fatos.

§ 3º (VETADO).

§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto em lei em curso somente


poderá ser avocado ou redistribuído por superior hierárquico, mediante despacho
fundamentado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de inobservância dos
procedimentos previstos em regulamento da corporação que prejudique a eficácia da
investigação.

§ 5º A remoção do delegado de polícia dar-se-á somente por ato fundamentado.

§ 6º O indiciamento, privativo do delegado de polícia, dar-se-á por ato fundamentado,


mediante análise técnico-jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e
suas circunstâncias.

Art. 3º O cargo de delegado de polícia é privativo de bacharel em Direito, devendo-lhe


ser dispensado o mesmo tratamento protocolar que recebem os magistrados, os
membros da Defensoria Pública e do Ministério Público e os advogados.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Diante o exposto, Órgão Ministerial opina pelo retorno à autoridade policial para que
relate o Inquérito consoante o protocolo firmando entre as instituições, obviamente, respeitando sua
independência funcional do seu cargo.

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